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Os encontros entre aluno e professor se expandiu do ambiente escolar para a co zinha, sala ou até o quarto de casa. Com as atividades não presenciais desde o mês de março, ofertar au las síncronas, encontros ao vivo por videoconferência, tem diminuído a distância e conectado o ensino e a aprendizagem por meio das plata formas digitais. Na Escola Municipal Professora Virgínia Soares, professores se reinventam, descobrem ferramentas e superam o desafio de planejar, construir e ofertar um aula pelo virtual.

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Com encontro marcado toda quarta-feira pela manhã, os alunos dos segundos anos das professoras Adriana de Borba e Priscila Scorte gagna participam de aula temática com planejamento de atividades práticas, alinhado com o módulo da semana. Com quase uma hora e meia de encontro, as duas profes soras fazem o planejamento juntas, constroem o roteiro da aula e, mes mo cada uma em sua casa, unem as turmas no virtual para desen volver os objetos do conhecimento por meio de propostas lúdicas que unem brincadeira e interação.

“Nós percebemos que os que conseguem entrar têm uma interação melhor. Porque eles conseguem ver os colegas, tirar dúvidas e mostrar o que pro duziram para a professora. Tem uma importância mui to grande: o aluno produzir e mostrar para a professora um dia, que ele não sabe

quando, e mostrar para a professora o que conseguiu produzir na hora”, comenta Priscila. É que com as au las síncronas, a interação tem sido ainda melhor com os estudantes, que há pouco mais de três meses, além de receber os materiais pela plataforma Educa Joinville ou tam bém impressos na escola, passaram a ter mais uma forma de estudar no isolamento social com a oferta de aula por vídeo em tempo real. “Al guns que não estavam conseguindo manter em dia as atividades, a gente percebeu que melhorou essa devolu tiva após as aulas síncronas.”

Para atrair os estudan tes para as aulas transmitidas ao vivo, professoras usam a estratégia de desenvolver os conteúdos por meio de grandes temas. Para estudar com os segundos anos sobre os tipos de energia e alimentação saudável, a saída encontrada foi pro mover um piquenique virtual. Com um convite publicado na platafor ma uma semana antes da transmissão e envio da chamada nos grupos de Whatsapp das turmas, o “pique nique online: prepare sua frutinha preferida”, desafiou os estudantes a substituírem, por uma semana, o doce por uma fruta. No dia da aula, além de jogos, músicas e interações, a abordagem do encontro desenvol veu a escrita com os pequenos.

Kátia Daniella Ramos Lopes dos Santos e Susana Cercal de Nascimento

Nós percebemos que os que conseguem entrar têm uma interação melhor. Porque eles conseguem ver os colegas, tirar dúvidas e mostrar o que produziram para a professora.” Priscila Scortegagna

Com o ritmo de presença online constante dos alunos, abordar temas atrativos e que chame a atenção para a participação das turmas tem sido a estratégia para atraí-los durante as au las virtuais. “A partir do momento em que a criança estiver motivada, a família vai entrar”, diz Priscila. Para ela, engajar o aluno atrai os pais para que possam abrir o link da aula e per mitir a participação da criança. Até o momento, o plano tem dado certo. “A parceria dos pais foi essencial nesse processo. O primordial neste momento é não perder o vínculo”, conta Kátia Daniella Ramos Lopes dos Santos, diretora da unidade. “Mesmo com o retorno, o vídeo tem que existir, a plataforma tem que existir. A gente só tem que continuar e não regredir.”

Para evitar invasões hackers em links de aulas síncronas, a escola tem tomado a medida de só permitir a entrada na sala virtual de alunos que se apresentam com o nome completo. Além disso, a auxiliar de direção, Susana Cercal de Nascimento, participa das aulas e é ela quem toma todo o cuidado de monito rar as entradas e saídas. “Mesmo sendo compartilhado apenas com as famílias, isso é para não escapar das nossas mãos. Só a partir disso a aula começa”, descreve Kátia.

Dica boa é dica #compartilhada

Além de usar o Whatsapp como canal de relacionamento com as famílias neste período de aula não presencial, seja para divulgação dos links das aulas síncronas de quem não conse guiu acompanhar ou até mesmo enviar convites e conteúdos sobre os módulos, a gestão escolar da EM. Professora Virgínia Soares e professores também criaram seus grupos para com partilhar e trocar ideias de ferramentas e metodologias que podem contribuir para o desempenho do grupo. Foi nesse espaço que a professora de quinto ano, Cristina Gomes da Silva Batis ta, publicou uma ferramenta que encontrou para gravar aulas com voz e imagem. “Ela compartilhou a ideia com os colegas, cada um testou e foram atribuindo para as suas aulas”, diz a auxiliar de direção, Susana Cercal de Nascimento.

É que a produção de vídeos postados na plataforma com plementam os módulos com explicações das atividades ou até mesmo do conteúdo da semana. Além dessa produção, Cris tina oferece todas as segundas e quartas-feiras, junto com a professora Ieda Maria Vargas Santos, as aulas síncronas. Com transmissão na escola, as duas optaram em se encontrar e ofe recer os encontros presencialmente, mas com distanciamento entre as mesas, uso de máscara de proteção facial e álcool em gel para higienização do espaço. Com organização do ambiente uma hora antes da transmissão, as professoras releem o roteiro e testam as câmeras e áudios antes de a aula começar.

Com disciplinas estabelecidas como base entre português e matemática, to dos os temas abordados nas aulas se dão de forma multidisciplinar. Para traba lhar sobre o funcionamento do corpo humano e alimentação saudável na aula síncrona, a disciplina de ciências serviu para entender sobre os benefícios dos ali mentos. Com abordagem alinhada com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o currículo municipal, as propostas pe dagógicas desenvolvem os objetos do conhecimento, as habilidades manuais, a

Atentas a importância da parceria com a tecnologia em sala de aula, professoras co mentam que já faziam o uso da ferramenta, ainda que no modelo presencial, com o apoio da lousa. Para Ieda, neste modelo de ensino temporário, é preciso repensar nas formas de atrair e manter o aluno conecta do na aula. “A gente precisa o tempo todo chamar e inovar”, diz. Com abertura dos encontros estabelecidos, para começar a transmissão da aula de português só depois de uma contação de história. Matemática não fica atrás: para exercitar o cérebro, o cálculo mental anima a turma.

Com a participação ativa dos alunos que assistem a aula com câmera ligada e só criatividade e a socialização em grupo, ainda que a distância.

Da mistura da banana com a maçã e laranja, a criatividade da alimentação deu vida a um coqueiro comestível. Do pão integral com ovos, a coruja. E da uva com e laranja, a borboleta. “Cada um foi balanceando e fazendo para que refletisse sobre alimentação saudável, balanceada e os nutrientes que cada alimento compõe”, fala Cristina sobre a proposta da atividade. A prática surgiu como resultado de estudo sobre a pirâmide alimentar e análise dos nutrientes consumidos no dia a dia pelos estudantes. “Saíram pratos maravilhosos.”

Maria Eduarda Coelho contam com cinco minutos de tolerância do início do horário combinado para responder a chamada, tem sido importante o retorno positivo que recebem. “Até, inclusive, uma aluna minha comentou no Whatsapp de pois da aula. Eu estava fazendo divisões no quadro e ela disse: ‘quando eu vi a professo ra escrevendo no quadro, correu uma lágrima’”, relembrou Cristina sobre a mensagem emocionada que escreveu. Assim como ela, Ieda compartilha da felicidade que sentiu quando uma aluna a procurou para contar que havia acabado as folhas do caderno. “Eu mandei mensagem pra Susana (auxiliar de direção) e disse que estava chorando, por que eu estava com saudade disso.”

Do virtual para o impresso: facilitação de acesso aos módulos

Assim como os vídeos produzidos e as aulas síncronas têm facilitado a aprendizagem de quem tem o acesso a tec nologia, é preciso, também, pensar em como fazer com que o aluno que só recebe o material impresso receba o mesmo conteúdo, de forma clara e didática. Desde as transcrições de vídeos, músicas ou qualquer atividade passada, para além do conteúdo abordado pelos professores, os planeja mentos não só aumentaram de tamanho, como também expandiram do cuidado, zelo e atenção no processo de que um meio não privilegia mais que o outro.

“Os materiais físicos contam com enunciados muito claros, como se estabelecesse um diálogo com a criança, para que ela reconheça o professor neste processo, mesmo que ele não esteja ali presente. E que aquela explicação que seria dada em sala, seja feita ali, no roteiro, de forma mais acessível para que a criança possa entender também”, ex plica Susana. Além disso, os módulos impressos contam com códigos de QR Code que pode integrar o material físico com digital com o módulo ofertado.

Com o acompanhamento e observação ativa dos traba lhos dos professores, seja no formato presencial ou remoto, Susana diz que a dedicação e entrega tem marcado esse momento na escola. “O que eu vejo que, aqui, elas represen tam todo o grupo da comunidade escolar, todos os nossos professores. Não é exigido deles uma maior carga de tra balho, mas o que vemos é que os nossos professores têm se dedicado muito mais, pesquisando muito, para acessar a todas as nossas crianças.”

Professora Cristina Gomes da Silva Batista

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