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Saideira
Depois de implorar durante anos para não ter que ir à escola ou ao trabalho, eis que ninguém aguenta mais ficar em casa, né?! É uma situação curiosa, pois a gente resmungava dizendo que não queria sair, preferia ficar mais um tempinho na cama, essas coisas que todo mundo fazia. Agora, ninguém aguenta mais olhar para as mesmas paredes, ficar no mesmo ambiente e a gente toparia até maratonar au las daquela matéria que a gente não gosta só para não ter que ficar mais no nosso ex-querido lar.
Aos poucos vamos tentando achar alguns alívios cômicos nas situações dessa rotina atípica. Sabemos que a situação é delicada para muita gente, mas tentar ver algumas coisas por
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esse ponto nos ajuda a passar melhor por isso. Então o jeito é rir de nós mesmos no melhor estilo “classe média sofre”.
E tudo começa pelo melhor despertador do mundo cha mado mãe. Aquele “acooorda” que vem num tom que nos deixa em estado de alerta, quase um instinto natural. Deve ser algum resquício da nossa evolução. Aposto que há algumas centenas de milhares de anos, lá no período paleolítico, a mãe chamava e os nossos ancestrais levantavam da caverna num pinote. E, se antes a gente passava por isso só nos dias de faxi na, agora é todo dia e sem chance de colocar no modo soneca, porque o despertador vem pior depois – tentei isso algumas vezes e acordei à base do safanão.
Já que falamos em faxina, se aquele sábado que a gente usava para limpar a casa era chato, imagina fazer isso todo dia. Pois é, a primeira coisa que eu percebi é que com gente em casa, sempre tem coisa suja. E aí entro num dilema meio filosófico: a gente suja mais a casa ou a gente percebe que a casa está mais suja? Eis a questão que me surgiu enquanto eu estava lavando a louça.
Aliás, essa pia parece até chapéu de mágico, não acaba nunca e sempre sai umas coisas estranhas para lavar. Gale ra da casa inventou de aprender a cozinhar comida chique e como quem cozinha não lava, sobra para o lavador oficial. E não basta sujar três panelas, sete travessas e 31 talheres para fazer um arroz branco, a pessoa ainda tem que usar aquele processador que tava em promoção na Black Friday passada e seu pai comprou porque tava viciado em programa de culi nária. E a fabricante consegue piorar a situação fazendo lugares praticamente impossíveis de lavar, aqueles cantinhos que sempre entra comida, mas nunca passa uma esponja. Aí tem que apelar para a escova de dente velha, o que me faz perceber que minha escovação melhorou com esse treino – olha aí o lado bom das coisas de novo.
Já falei que a gente fica meio filósofo lavando a louça?! Ti nha pensado em tanta coisa para escrever e nem deu espaço. Talvez eu volte com este assunto na próxima, mas agora vou lá porque tocou o despertador do “se tu não vier almoçar ago ra, vai comer comida fria”. Parece que meu irmão fez pasta ao molho bechamel, o que não passa de um nome chique para macarrão com molho branco. E adivinha de quem é a louça?! Espero que ele não tenha usado o processador.