Revista Leaf #0 - O Mundo sem Design

Page 1




quem fez

mais

equipe

participaram

de produção

dessa edição

Idealizadores Bernardo Silva Damien Levaton Elenay Oliveira Fernando Augusto Alves

Colaboradores Anderson Villela J. C. Roxo Manu Benvenutti

Editor Fernando Augusto Alves Projeto Gráfico Odde Estúdio de Design Leaf Online Bernardo Silva Elenay Oliveira

Colunistas Auresnede Stephan . Prof. Eddy Christiane Wagner Daniel Campos Débora Gigli Buonano Luciano Palma Maria Renata Morales Rafhael Fernandes Tatiana Camilo

Download Gratuito www.revistaleaf.com.br

Atendimento ao Leitor leitor@revistaleaf.com.br

Publicidade comercial@revistaleaf.com.br

Redação redacao@revistaleaf.com.br

+55 11 2254 0203 www.revistaleaf.com.br

Revisão de Texto Érica Brasil

Ilustradores Felipe Arantes Giana Lorenzini Patrícia Thiemy Regina Terumi Mizuno Yumi Shimada Ilustração de Capa Morandini

flickr.com/revistaleaf

agradecimentos

Jornalista Responsável Matheus Paiva

Alessandro Camara, Anibal Folco, Caio Salgado, Camilla Navarro, Daniele Zandoná, Eduardo Alves, Elcio Sartori, Elen Perez, Ely Tavares, Elza Oliveira, Jair Augusto, João Pedro Piragibe, Joyce Azevedo, Leila Garcia, Leiliane Garcia, Maria Goretti, Rafael Cristobal, Viviane Francisco e a todos aqueles que indiretamente contribuíram para esse projeto.

@revistaleaf facebook.com/revistaleaf

Fotografia Fábio Haag Fernando Augusto Alves Jaum Godoy Naiara Dambroso Nikolas W.B. Vinicius Yagui

Os artigos publicados não refletem a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização prévia da revista.

Leaf é marca registrada ® Todos os direitos reservados. A Revista Leaf é um projeto realizado pela


editorial É com grande prazer que apresentamos a você o projeto da Leaf. Esta publicação tem como objetivo apresentar o mundo do Design de forma clara e didática. Com a colaboração de profissionais e estudantes nós reunimos conteúdo sobre 5 assuntos principais: Design, Comportamento, Internet, Mercado e Tecnologia. Ao longo das páginas estes assuntos se desdobram em branding, tipografia, técnicas de ilustração e fotografia, história, design internacional, cinema, humor com os tweets ilustrados e muito mais. Já pensou como seria o mundo sem Design? Nós pensamos e resolvemos fazer a primeira edição baseada neste tema. Em nossa matéria principal você encontrará uma dissertação de Damien Levaton sobre pontos essenciais no Design: criatividade, identidade e funcionalidade. Para que um projeto obtenha

sucesso é preciso ter em sua execução estes três pontos, agora pense: e se um deles fosse excluído? Corra até o sumário e saiba onde encontrar a opinião do autor. Trouxemos também nesta edição a experiência de profissionais em diferentes áreas ligadas ao Design. Todos admiram uma ilustração bem produzida, mas nem todos conseguem executá-la. Morandini contou para nós um pouco de sua técnica e descobrimos que o computador vem no fim de seu processo criativo. Atualmente muitos iniciam o projeto com a página em branco de um software, aqui fica nosso convite: experimente o lápis e papel. Trazemos dicas, imagens e técnicas para você se inspirar, criar e experimentar. Proporcionar aprendizado é nossa missão diária. Agora chega de enrolação e vamos ao que interessa, boa leitura.

Equipe de Produção

Damien

Bernardo

Elenay

Fernando


sumário

comportamento

design . referências

internet

mercado

design . projeto

tecnologia

32 O que seria do mundo sem Design? Quando me pergunto o que seria do mundo sem Design, eu já paro para tentar defender a palavra. O que é Design em si? Sim, eu sei, Design é tão abstrato que nem vocês sabem explicar para os seus pais sobre a profissão de forma correta. Essa matéria não tem a intenção de trazer todas as respostas, antes de tudo ela pretende servir como um momento de reflexão. Já parou para pensar sobre isso?

inspire-se 10

14

24

26

Projeto de faculdade Lápis e papel na mão Descubra como é o processo criativo do ilustrador Morandini, que deu vida à capa desta edição.

Um desafio para os designers Doce brincadeira

O Branding pelo Prof. Eddy.

Neste espaço você conhecerá os projetos que se destacaram na conclusão da graduação. O projeto desta edição foi desenvolvido para crianças disléxicas.

experimente 39

Impressões de um tipógrafo Fábio Haag, designer brasileiro de tipos fala sobre o desenvolvimento de famílias tipográficas.

20

30

Entrevista: Anibal Folco

Expectativas do design em Paris

Leaf fala com o coordenador dos cursos de design gráfico e produto na Belas Artes.

Quais são as implicações políticas, sociais e econômicas do design?

42

Evolução nas Mídias Sociais A maior dádiva que a Internet nos traz é a transparência.


8

31

fórum

58

fica ligado!

tweet ilustrado

38 Na trilha dos designers O mercado de design atual agrega inúmeras linguagens e produtos. Existem designers de móveis, gráficos, de games, etc. Vamos conhecer alguns desses profissionais nessa matéria.

crie 46

Uma espiadinha na Janela Indiscreta Nada acontece por acaso nos longas de Hitchcock.

44

Ipad 2, mais um?

52

54

A construção de uma identidade

O que te inspira?

Conheça um pouco da metodologia de trabalho da Odde em um projeto de identidade visual.

Professor e aluno descrevem como funcionam seu processo de criação nos projetos de design.

48

Existia design antes da revolução industrial?

50

16

Projetando o projeto

53

Briefing: A gestão do projeto de design O livro enfatiza os aspectos estratégicos do briefing.

A vida de um blogueiro


fórum revistaleaf.com.br

8

Fórum

experimente

Olá leitores da Revista Leaf!

Você na revista! Este é o nosso fórum e este espaço será utilizado para divulgar novidades para as futuras edições da Leaf e também para mostrar um pouco do que se passou até a publicação.

Um dos objetivos da Leaf é mostrar o jovem estudante de design para o mercado, por isso nossas publicações estão abertas para você! Acompanhe a Revista Leaf pela internet para saber sobre as oportunidades que surgirem.

Dúvidas? Todo designer no início da faculdade possui muitas dúvidas e incertezas, por isso temos um canal aberto através das nossas redes sociais e também por email. Mande suas dúvidas, críticas ou sugestões para nossa equipe. Todas serão respondidas, e as mais relevantes serão publicadas.

Quais são elas? A cada edição iremos trazer matérias, referências, ilustrações e fotografias, além de uma seção para projetos acadêmicos! Se você fez um grande projeto na faculdade, aqui você encontra a chance de exibir como foi o desenvolvimento e a solução final.


Temos como desafio trazer grandes profissionais para dividir suas experiências e principalmente seu conhecimento, então não perca a oportunidade de mostrar seu talento para o mercado.

Seja um colaborador

leitor@revistaleaf.com.br facebook.com/revistaleaf @revistaleaf feeds.feedburner.com/revistaleaf issuu.com/revistaleaf

Quer dividir o seu conhecimento com todos? Entre em contato e colabore com a produção de textos, matérias, fotografias e ilustrações. Então não esqueça! Acompanhe via internet para saber sobre as oportunidades que traremos.

leaf

9


inspire-se técnicas: cor e contorno revistaleaf.com.br

10

Lápis e

papel na mão

Morandini é acima de tudo um criador de imagens. Foi artista convidado em duas edições da Cow Parade, o maior evento de arte pública do mundo. Foi vencedor do Postage Stamp Design

Contest, promovido pelo Ministério da Cultura da Coréia e vencedor da fase de votação popular do Medal Design Contest, promovido pelo COI - Comitê Olímpico Internacional (Suíça).

Ilustração editorial para a revista Carroussel - São Paulo - SP.


Mural para loja da Swatch - Belo Horizonte - MG.

rizado. Em seguida as cores são aplicadas digitalmente e o arquivo final é gerado de acordo com o objetivo e destino específicos do material. Há casos em que todo o processo é feito fora do ambiente digital. Algumas ilustrações ou trabalhos de maior porte, por exemplo, são totalmente produzidos pelos métodos ‘tradicionais’ (tintas acrílicas, lápis de cor etc). No caso de um logotipo, eventualmente a finalização é feita diretamente em softwares gráficos, pulando a etapa dos desenhos à traço. Quando elejo esta forma de trabalho, digitalizo o esboço final e vetorizo o desenho em cima desses traços que servem como referência e base.

11 leaf

ideias vão fluindo (ou não!) e a mão vai registrando no papel um pouco daquilo que a cabeça produziu. Como meu estúdio é multidisciplinar, atuando nas áreas do design e das artes, meu processo de criação costuma ser tão diverso quanto os trabalhos que desenvolvo (marcas gráficas, ilustrações, produtos e arte corporativa). Existem, entretanto, certas rotinas que são mais ou menos comuns em todos eles. Seja criando imagens ou desenhando um logotipo , normalmente meu processo de trabalho tem início no papel. Após analisar o briefing, faço dezenas de esboços a fim de encontrar o melhor conceito para aquela tarefa. Uma vez escolhido o conceito, outros esboços são feitos para definir a melhor distribuição dos elementos, escolha das fontes (se for o caso) e ajustes do desenho. Evito o computador nessa fase para concentrar toda a atenção na construção do layout. Há profissionais que trabalham diretamente no meio digital. Meu processo criativo, porém, funciona melhor na prancheta, usando lapiseira e papel. Uma vez concluída essa etapa, a próxima fase é finalizar o desenho. Para isso uso marcadores pretos de ponta de feltro ou caneta nanquim sobre papel Schoeller. O desenho final é digitalizado e, dependendo do tipo de trabalho, veto-

Divulgação

Impossível para mim pensar sem lápis e papel na mão. Vício antigo, as


Loja de roupas infantis - São Paulo - SP.

inspire-se

Empresa especializada em vidros para arquitetura - São Paulo - SP.

Padaria e café - Minneapolis - USA.

técnicas: cor e contorno

Forneria - Vitória - ES.

Marca de preservativos fabricados na China.

Gelateria - São Paulo - SP.

revistaleaf.com.br

12

Madeira - Congresso da indústria madeireira - Belo Horizonte - MG.

Blog de culinária - WEB.


Imagem para a Procissão do Círio de Nazaré, a maior festa religiosa do mundo - Belém - PA.

leaf

13


revi re vist stal alea e f.fcom. m.br .br

14

tĂŠcnicas: luz e sombra

inspire-se

Doce brincadeira


Fernando Augusto é designer gráfico formado no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, técnico em artes gráficas pelo Senai e fotógrafo e músico nas horas vagas. Sócio e fundador da Odde Estúdio de Design. Na Leaf é responsável pela edição, diagramação e fotografia.

15 leaf le eaf a

Os doces geralmente não permanecem perto do olhar tempo o suficiente para serem percebidos em detalhes. Partindo dessa observação, veio a ideia de produzir um ensaio fotográfico para mostrar como eles podem criar belas composições, unindo cores vivas e formas quase orgânicas. Não é sem motivo que doces fazem tanto sucesso em qualquer idade. Confira o resultado do trabalho nas páginas da Leaf.


Projetando o crie

projeto

gestalt revistaleaf.com.br

16

Maria Renata é pós-graduada em design gráfico, é diretora de arte na Soulbiz Endomarketing. Também é editora do DesignFlakes. designflakes.com.br www.about.me/ mariarenata

der o que você estuda. Vamos direto ao ponto: design é projeto. Antes de me aprofundar em questões mais específicas, começo com seis dicas primordiais. Aqui vão elas:

1 - Pesquise. Veja o que já foi feito a respeito do tema que você precisa layoutar. Não significa que você vai copiar o que foi feito. Pesquisa serve para você juntar referências para trabalhar e contar uma história que já foi dita n vezes, mas que agora será do seu jeito.

2 - Crie seu banco de referências. Viu aquela arte lindíssima no The Cool Hunter e ficou se rasgando de inveja, se perguntando por que não teve aquela mesma ideia antes? Salve-a numa pasta no seu computador, destinada a guardar somente peças que você goste. Ter seu banco de referências colabora com a ampliação do seu repertório.

3 - Siga-os! Se você encontrar um port-folio ou um site recheado de trabalhos que te agradem, não deixe de favoritá-lo ou assinar seu feed, assim você pode retornar e conferir novidades.

4 - Vá a palestras, exposições, leia livros. Estar em contato com gente experiente colabora com o seu crescimento

Yumi Shimada

Vinicius Yagui

O que é design? Dessa vez você não precisa ficar explicando em minúcias, como faz para a sua avó enten-

Rascunhar é mais que importante. profissional. Todo dia é dia para se aprender algo novo.

5 - Não se apaixone pela primeira ideia. Elas parecem geniais, mas você sempre pode ir além. Escreva, converse, rabisque. Pesquise mais. Rascunhar é mais que importante. Você pode não saber desenhar, mas se conseguir se expressar visualmente, ótimo.

6 - Imagem é tudo. A todo instante somos bombardeados por informação visual. Tire proveito disso: vale reparar da placa em frente ao ponto de ônibus até o panfleto que você recebeu na rua. É um dos melhores momentos para descobrir o que fazer e o que não fazer. Muitos contratam serviços em design sem ao menos contar com um profissional qualificado, que nem sequer faz ideia do que é projeto gráfico. E você, estudante, é o contrário disso, certo? Nos vemos na próxima edição para continuar a conversa. Até lá!


l aaff le

17

tĂŠcnicas: luz e sombra


Impressões de crie

um tipógrafo

Divulgação

A compra e pirataria de fontes são dois assuntos pouco abordados nas faculdades. Professores e livros ensinam

quick fox

Daniel Campos estudou na Universidade Paulista de Campinas, é designer gráfico, apaixonado por marcas, typefreak, apreciador de hamburguer e editor-chefe do site LOGOBR.

revistaleaf.com.br

18

logobr.wordpress.com @DanielCampos15

Fábio Haag

Provas da fonte Aktiv Grotesk.

como usar a tipografia, sua história e importância no design gráfico. Mas ninguém responde algumas perguntas como: onde consigo fontes? Onde consigo fontes de qualidade? Por que não usar o daFont? Por que não ter oito mil fontes no computador? Por que comprar fontes, se posso baixá-las? Fontes brotam do chão como água? Pensando nisso, convidei Fábio Haag, designer brasileiro de tipos que trabalha na fundidora tipográfica londrina DaltonMaag para um bate-papo sobre esse assunto, com o objetivo de tentar trazer essa discussão para sua sala, seu grupo, seu curso. Muitos desconhecem, então nos diga: quais os processos para a criação de uma fonte? Fábio Haag: As etapas presentes no processo de design tipográfico não são

diferentes daquelas de qualquer outro projeto de design: briefing, estudos iniciais, desenvolvimento, produção/arte-final. A maior diferença está dentro destas etapas e no tempo necessário para executá-las. No briefing, definimos os parâmetros básicos da fonte: qual seu objetivo (impressionar com expressividade; proporcionar uma leitura confortável?), qual a aplicação principal (títulos, textos longos, textos fragmentados, sinalização, web?), qual o tom de voz da fonte, suas qualidades conceituais (séria, informal, quente, fria, clássica, moderna?), qual o mapa de caracteres (a fonte precisa falar em quantos idiomas? É preciso suporte ao alfabeto grego, cirílico, arábico, hebreu?) e, em casos de projetos exclusivos, encomendados sob medida, qual a técnica de impressão e tipo de papel que será utilizado (a simples alteração de um papel couché para um sem cobertura altera o contraste e o peso da fonte). Em relação ao tempo, uma família de fontes com 4 estilos básicos requer em média 3 meses de atenção em tempo integral. Por que comprar fontes? Fábio Haag: Porque precisamos delas para o nosso trabalho e pirateá-las é feio. Vamos falar sério: fontes são ferramentas do designer. Assim como a trilha sonora em um filme, a tipografia pode desempenhar vários papéis em uma peça de design – pode comunicar a mensagem com serenidade; pode reforçar a mensagem;


Provas da fonte Aktiv Grotesk.

19 leaf

reinventar. Estamos tentando, e queremos sugestões. O problema para essa reinvenção é que a pirataria de fontes é, na realidade, mínima entre as empresas sérias de design pelo mundo. Uma fonte não é cara, para a grande maioria das empresas. Geralmente o custo mensal de um estúdio com toner para impressão é maior do que com fontes. O respeito à compra de fontes vem com o amadurecimento profissional – eu entendo que o estudante recorra a pirataria, eu já o fiz, sejamos todos francos aqui. No início de sua carreira, o estudante associa quantidade de fontes com qualidade. Quanto mais, melhor. Eu já li em fóruns, ‘Eu tenho a biblioteca de todos, não vejo o que você poderia me enviar’ como se dissesse ‘O meu é maior que o seu’. O cara entope seu sistema com milhares de fontes e perde horas pra escolher a certa a cada novo layout. Com conhecimento, amadurecimento e experiência, ele começa a filtrar, selecionar, e logo ao início de um trabalho ele já sabe, devido ao conceito do projeto, qual fonte tem as características adequadas para resolver aquele determinado problema.

Fábio Haag

Afinal, qual é o problema em piratear uma fonte? Fábio Haag: Existem várias posturas contra a pirataria. A mais radical: porque pirataria é roubo. É verdade, simples assim. Mas, em vez de construir presídios, devemos construir escolas, educar. É preciso conscientizar o designer que as fontes são um projeto de design, resultado de meses de trabalho e de um conhecimento muito particular, realizados por seus colegas de profissão – ok, somos um pouco diferentes, sentimos emoções diferentes ao analisarmos uma serifa e temos impressões positivas em relação a Comic Sans, mas sim, somos seus colegas de profissão. Outro aspecto: se os designers de fonte não puderem mais viver com o seu trabalho, quem o fará? É justamente a compra de fontes que sustenta o nosso mercado e nos possibilita repensar e evoluir a tipografia constantemente. Eu entendo que os designers de tipos podem estar sendo taxados de retrógrados – vivemos uma revolução e a internet está transformando mercados, como houve com o da música. Confesso que estamos sempre pensando em um novo modelo de negócios viável para comercialização de fontes mas ainda não conseguimos nos

O custo mensal de um estúdio com toner é maior do que com fontes. – Fábio Haag

Roughs iniciais do projeto tipográfico.

Fábio Haag

pode ainda contrariar a mensagem principal criando uma dinâmica interessante. A tipografia, por meio das fontes digitais, é munição no arsenal do designer. Novas fontes surgem a cada mês, resolvendo os mesmos problemas de sempre, porém com soluções diferentes, melhores, às vezes surpreendentes. Tudo evolui. A maioria dos designers investe uma grana para atualizar seus softwares a cada ano; poderia investir muito menos e atualizar a biblioteca de fontes – ferramentas muito mais importantes para o seu trabalho.


experimente

O aluno precisa ter um bom repertório em todos os níveis e sentidos, desde a novela das oito até um livro de filosofia mais complexo.

entrevista: anibal folco

Foi bem louca essa experiência de chegar na sala de aula Não dá para falar que o estudo do design é primoroso.

Fernando Augusto

revistaleaf.com.br

20


Uma filha. Graduado em design gráfico (DG) e pós-graduado em DG na Belas Artes (BA). Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC. Trabalho com a coordenação dos cursos de design gráfico e produto na Belas Artes, onde dou aulas também. Tanto nessas disciplinas e profissionalmente, também faço design de identidade visual e desenvolvo alguns desenhos de letras para projetos específicos. Estou um pouco afastado do mercado por conta do tempo que as universidades têm solicitado, mas costumo trabalhar bastante.

Como surgiu o seu interesse pela tipografia? Acho que foi naturalmente. Na época, no curso de DG da BA, acabei vendo um pouco da tipografia, mas minha formação foi mais voltada para o estudo de pictograma. E de um para outro, foi um pulo. A minha especialização foi justamente essa relação entre tipografia e pictogramas. Isso me despertou bastante interesse. Em todos os meus projetos, que desenvolvia para o mercado, eu tentava integrar a tipografia de alguma maneira e faço assim até hoje. Qualquer coisa que tenha que desenvolver um logotipo, vai ser com letras que vou desenhar.

Você começou a dar aulas em 2001. Como surgiu essa oportunidade? Tinha 21 anos. Comecei a dar aulas um semestre após a conclusão de meu curso. Foi bem louca essa experiência de chegar à sala de aula. Mas não é muito diferente

do que é hoje. Ainda me confundem com um aluno. Faz mais de dez anos e todo semestre eu já vou preparado para o embate. A segunda pergunta sempre é: “Quantos anos você tem?”. Na época, foi meio que uma oportunidade. Eu estava na Itália buscando um curso para continuar meus estudos. Tinha parado a minha faculdade no meio do ano, ia passar um mês lá. Fui fazer um curso e estava investigando outras instituições para estudar e ficar um tempo lá. No meio da viagem, a minha ex-orientadora me mandou um e-mail sobre uma vaga para professor e perguntava se eu tinha vontade de entrar como professor assistente. É claro que eu tive. Minha grande vontade era estar no meio acadêmico. Tive que abrir mão de uns sonhos: ou dava aula, ou estudava fora do país. Escolhi por ficar aqui. Considerei ser um plano de carreira garantido. Entrei na aula, teoricamente como professor assistente. Na verdade, das cinco aulas que eu dava, duas já foram assumindo uma turma mesmo. O primeiro semestre foi um pouco mais difícil, e na verdade até hoje, parece que eu aprendi muito mais a cada semestre.

Fora a acadêmica, conte sobre sua experiência de mercado? Desde o primeiro ano de faculdade, eu trabalhava. Trabalhei um ano como estagiário, num escritório de embalagem. Tinha feito outro estágio num escritório que não tinha nada a ver com design. Era uma área de serviço, mas era com a parte de comunicação. Depois trabalhei numa agência de publicidade, onde fiquei dois anos. Deu

21 leaf

Anibal Folco Telles de Oliveira. Casado.

Entrevista

Anibal Folco


Entrevista

experimente entrevista: anibal folco revistaleaf.com.br

22

para fazer bastante coisa até, talvez não o tanto quanto eu gostaria. Quando comecei a dar aula, montei um escritório junto com essa professora que me chamou, que daí começou a ser minha colega de trabalho, minha amiga. Ela já trabalhava e eu fazia para ela alguns freelas. O escritório deu super certo, inclusive. A gente tinha clientes e trabalhos bons. Chegamos a atender empresas grandes. Naquela época, tinha a Melka, a Tabacco, grupos importantes com trabalhos de peso. Até os que não eram grandes, tinham trabalhos expressivos de embalagem e de identidade visual. Talvez tenha perdido um pouco da experiência de vivenciar outros ambientes, de entender outras metodologias, de entender como outros designers pensam. Na faculdade, esse contato acabou sendo meio que natural. Um pouco mais demorado, um pouco mais sutil, até trocando ideias com aluno, entendendo como é que é a sua vivência e o seu trabalho.

Você percebe uma evolução dentro dos novos profissionais que entram no mercado? Não acho que essa pergunta seja determinada por uma lógica. Acho que tem levas e levas. Tem umas mais tímidas, umas mais expressivas, umas mais tecnicistas. Acho que hoje em dia, nós temos um mercado cada vez mais saturado de gente criativa. Não basta mais ser criativo, não basta mais saber mexer no Photoshop. Isso é obrigação. O aluno precisa ter um bom repertório em todos os níveis e sentidos, desde a novela das oito até um livro de filosofia mais complexo; entender todo o processo de gerenciamento de um projeto de design; e saber falar, escrever e se expressar num bom português. Isso vai destacar esse profissional, porque hoje em dia, a situação está feia.

Uma das áreas que provoca cada vez mais interesse dentro do design é a tipografia. Como você se sente em relação a isso? Vejo isso com certa cautela, pois do que percebo, os maiores erros que acontecem dentro do gerenciamento dos projetos de design estão na tipografia. As pessoas não sabem escolher, as pessoas não sabem pesquisar, as pessoas não possuem repertório em tipografia. Uma das primeiras aulas que eu dou de história da letra é chatice para meio mundo. E aí, temos problemas sérios em tipografia por culpa disso. Isso me surpreende nesse sentido. O que percebo é que as pessoas se prendem ao desenho de letra muito mais do que à tipografia. O mundo da tipografia é muito amplo quando você trata só dele. Quando falo de tipografia, estou pensando em composição, métricas, alinhamentos, é muito mais complexo que um simples desenho. As pessoas não sabem e não conhecem. Existe um equívoco grande em tipografia por conta disso.

O que você acha da afirmação a seguir: “É muito mais fácil criar um pictograma original do que criar uma tipografia original”. Não, não é. Até concordo com o que está sendo falado, mas por conta de uma incapacidade dos caras. E eu posso estar me incluindo nessa história. Mas pega, por exemplo, um Alejandro Paul. Por mais que você bata o olho e diga: “Poxa, isso é do Alejandro Paul”, não tem nenhuma tipografia que seja igual à outra. O cara não para de produzir. E cada uma é mais maravilhosa que a outra. Então de novo, quem tem repertório para isso, se dedica e vai atrás.


leaff

23

tĂŠcnicas: luz e sombra


Um desafio para inspire-se

os designers

branding

Divulgação

Em inglês, a palavra “marca” (brand) provém do norueguês arcaico de raiz germânica que significa “queimar”.

revistaleaf.com.br

24

Auresnede Stephan Prof. Eddy Bacharel em Desenho Industrial pela FAAP. Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universiade Presbiteriana Mackenzie. Professor na FAAP, ESPM, Santa Marcelina e IED. Membro do Conselho do Museu da Casa Brasileira.

Utilizamos literalmente este significado quando falamos de classificar um animal; por exemplo, para indicar o seu proprietário, como bem conhecemos nas fazendas de grandes rebanhos bovinos, onde os mesmos são marcados a fogo. Referimo-nos figurativamente a ela quando falamos de todos os atributos de um produto que deixam uma impressão na memória do cliente. No desenvolvimento de um projeto de criação de uma marca, será necessário que a empresa estabeleça com clareza o conjunto de associações que ela ambiciona atingir. Por outro lado, é de fundamental importância entender como os clientes e demais pessoas percebem e avaliam a marca. Na prática do branding, devemos considerar cinco componentes básicos: Posicionamento Um item de fundamental importância, que na sua essência se caracteriza por “definir na mente de um cliente o que representa uma marca e de que modo se compara com as marcas concorrentes”. História O aspecto histórico nos leva a participar da trajetória de uma empresa, das suas conquistas e nos leva também ao conceito de tradição da marca.

Design Refere-se a todos os fatores de como um determinado produto foi desenvolvido e não apenas ao seu aspecto visual externo. Preço Um fator vital, mas que depende da filosofia da empresa, pois nem sempre o preço mais barato assumirá uma posição de destaque no mercado. Atendimento ao cliente Precisamos entender que a razão da empresa é o consumidor, usuário ou cliente e sua satisfação é fator para gerar um novo cliente. Na verdade, “uma marca é uma promessa de satisfação de um desejo ou necessidade do consumidor ou usuário”. Quando pretendemos efetivamente promover por meio do branding o sucesso de um produto, um serviço entre outros, necessitamos: 1. Reforçar sua boa reputação 2. Estimular a lealdade 3. Garantir qualidade 4. Garantir ao consumidor ou usuário uma sensação de afirmação e de entrada numa confraria imaginária de valores partilhados. Para tanto, será necessário seguir alguns passos, a fim de evitar possíveis enganos, que levam ao fracasso muitos sonhos.


Segundo passo Implica em sintetizar todas as ideias e pesquisas, definindo neste ponto o grau de inovação necessário para preencher o vazio existente. Terceiro passo Nesta etapa, cabe ao gestor a capacidade de combinar a criatividade com as estratégias necessárias no sentido de obter o resultado esperado. Quarto passo Aqui, será necessária a avaliação do processo implantado e a partir dos resultados obtidos descobrir novas estratégias, pois como sabemos, o mercado é dinâmico e exige uma constante e redobrada atenção nas suas tendências. Na essência, o branding sempre existiu, mas frente a forte concorrência hoje estabelecida entre as empresas e o comércio em geral, ele assumiu uma nova dimensão, exigindo por parte dos profissionais um alto grau de especialização. E exatamente esta especialização exige hoje do designer um trabalho em

Uma marca é uma promessa de satisfação de um desejo ou necessidade do consumidor ou usuário. equipe, envolvendo profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, seja no âmbito da antropologia, da pesquisa de mercado, dos analistas de comportamento e outros. A complexidade neste segmento não poderá mais ser resolvida com os “achismos” de um desenho “bonito e elegante”, produzido em “alguns segundos” pela última versão do software digital. A função do designer neste processo é a do intérprete ou mediador dos conceitos definidos no briefing, para que algo se materialize visualmente e seja eficaz nos meios de comunicação. Entendemos também que estes meios hoje se diversificaram principalmente pelo alargamento dos suportes de informação, sejam eles os pontos de venda, as redes sociais e a vasta gama de mídias, sejam impressas ou digitais. Sim... Sem dúvida, a responsabilidade cresceu para a empresa e para o profissional de design.

25 leaf

Primeiro passo A necessidade de uma pesquisa a fim de descobrir o que faz falta ao cliente.


inspire-se projeto de faculdade

Projeto de

faculdade Trabalho de Conclusão do Curso de Design Gráfico do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo dos alunos Anselmo Fadel, Luis Fernando, Murilo Bertini, Nathália Furlan e Natalia Lemos.

revistaleaf.com.br

26

Facilitar o aprendizado de crianças disléxicas em fase de alfabetização através de ferramentas interativas que estimulem o processo do aprendizado.


Construção da Identidade

nesse espaço os melhores trabalhos de conclusão de curso das áreas de design gráfico e produto. Esperamos com isso fomentar nos alunos a busca sempre pelas melhores soluções nos projetos de faculdade.

Queremos mostrar que projetos de alunos podem ser tão profissionais, quanto os realizados por pessoas já inseridas no mercado de trabalho (em vários casos, até melhores). Quer ter o seu projeto publicado? Entre em contato com a redação da revista, toda edição um novo projeto.

Helvetica

Cookies

ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVXYZ abcdefghijklm nopqrstuvxyz 1234567890

ABCDEFGHIJKLMNOP QRSTUVXYZ abcdefghijklmnopqrs tuvxyz 1234567890

ITC Avant Garde

ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVXYZ abcdefghijklmn opqrstuvxyz 1234567890

Infantil

Educativo

Tecnológico

Criança Arredondadas Quentes Chamativa

Simplificadas Quentes Fácil Leitura

Geométricas Frias Sem Serifa

Algumas crianças e adultos com dislexia descobrem que a sua dificuldade de leitura pode ser superada através do uso da cor. Muitas vezes, olhando através da cor azul ou turquesa fará a leitura mais fácil.

Paleta de Cores

27 leaf

A revista Leaf inicia a sua seção de projetos de alunos. Vamos mostrar


DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA ESCRITA E SOLETRAÇÃO

A criança disléxica não consegue fazer a transposição dos símbolos impressos (letras) para os respectivos estímulos sonoros. Com a tecnologia, ela pode não só ver como se escrever uma letra, como também passar o dedo sobre a mesma, desenhando e memorizando com maior facilidade.

ÁUDIO

A dislexia - interatividade

inspire-se projeto de faculdade revistaleaf.com.br

28

A dificuldade de recordar melhora usando a interatividade, todo o conteúdo ou animação podem ser vistos e revistos inúmeras vezes , pois a informação está a apenas um simples toque em um botão ou em uma tela.

Podemos adicionar sons e imagens à toda esta experiência, o que torna mais atrativo e interativo.


WEBSITE

29 leaf

Aplicativos

Website contendo informações sobre os jogos,processos e dicas para ajudar os pais na educação.


Expectativas do experimente

design em Paris

Nikolas W.B.

Quais são as implicações políticas, sociais e econômicas do design? O

intercâmbio

Christiane Wagner é autora do livro In Art: invenção e artifício, em comunicação e design, publicado pela editora Blucher e professora do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

revistaleaf.com.br

30

Ryad Zagdoud

Carregador fotovoltaico para portas USB, apresentado no evento em Paris.

design é de fato uma atividade que poderia transformar o indivíduo e a sociedade? O design em Paris é empregado em sentido amplo, a todos os aspectos da nossa existência, segundo pensadores e profissionais que contribuem com pesquisas ao “Centre Pompidou – Institut de recherche et d’innovation”, sob direção de Bernard Stiegler. As pesquisas tem como objetivo analisar as tendências de transformação características de nossa sociedade industrial. Os primeiros resultados ganharam uma publicação com o título “O design de nossas existências em época de inovação ascendente”. O design da nova existência é a relação com a concepção industrial e as práticas cotidianas contemporâneas na configuração e estética para inovar. Sobretudo, ainda, considerando o estímulo ao consumo como lógica da sociedade de massa, exigindo ao design inovações com a expectativa de transformar o indivíduo e a socie-

Estímulo ao consumo é a lógica da sociedade. dade. Se por um lado, o design atende às necessidades e desejos de um determinado público, de outro, cria-se a necessidade por meio da imagem com técnicas de persuasão para despertar o desejo. É verdade que as novas necessidades surgem à medida em que se transformam as condições sociais e que o progresso técnico possa permitir que elas sejam satisfeitas. Veja-se como exemplo o evento em Paris, “Observeur du design 11, Cité des sciences et de l’industrie”, uma exposição para melhor compreender o design, seus campos de aplicação e analisar o seu papel em face das exigências da sociedade, apresentando com grande importância soluções para o desenvolvimento sustentável. Enfim, resiste ainda a estratificação da sociedade de consumo, a qual implica a forma, o estilo, a estética, os materiais e, evidentemente, o valor de mercado diante de aspectos políticos, sociais e econômicos. Em face da exigência de produtos novos, por eventuais inovações tecnológicas, a inovação no design ou, simplesmente, por uma modificação superficial apenas para transformá-lo em “novo”, coloca mais uma vez em questão o que é de fato importante para o desenvolvimento de nossa existência para as transformações e desenvolvimento da sociedade.


Pannawish

guimos explicar e transmitir aquilo que sentimos. Não adianta só ouvir falar ou pesquisar no oráculo virtual. Os nerds que me perdoem, mas é preciso sentir. E viajar é um dos modos mais gostosos de evoluir através de experiências culturais, históricas e pessoais. “...ser Designer ou Artista não é só conhecer técnicas, ou estudar sobre outros artistas, mas ter a capacidade de ensinar e aprender com todos os momentos que a vida te dá. E viajar é sempre ter uma grande oportunidade histórica de conhecimentos e ensino.” – assim escreve meu querido mestre Mauricio Maruo, com toda sua experiência, no post “Tudo que eu quero é VIAJAR”, do Clube do Designer. Às vezes, tudo que precisamos é esvaziar a mente a fim de dar espaço para algo inovador. Quem nunca passou pela situação de ter que pensar num projeto, ter uma ideia genial e não conseguir porque simplesmente estava obcecado naquilo? Viajar, muitas vezes, pode ser a solução. E é nessas horas que percebemos o quanto ainda somos pequenos diante das coisas que o mundo pode nos oferecer, acredite.

Tatiana Camilo tem 21 anos e 2 tatuagens. Apaixonada por arte e desafios. Admiradora das coisas simples e criativas. Formada em Design Gráfico desde 2010. Entre tantas outras coisas, trabalho com criação e continuo escrevendo em todas horas extras possíveis. @tatianacamilo

fica ligado!

net passou a ser um complemento essencial em nossas vidas, mas hoje eu venho sugerir que você navegue de outra forma. No sentido mais divertido da palavra: VIAJE! Isso mesmo. Fuja dos briefings, layouts e diagramações mesmo que seja por apenas um dia. Ou, pelo menos, tente, porque para um designer essa é uma tarefa mais difícil do que parece. Há quem diga que os designers possuem um estilo próprio de viajar. Eu acredito. Não conseguimos visitar um lugar sem prestar atenção na composição visual, sejam linhas, cores, formas e objetos. E não queremos um registro fotográfico qualquer. Queremos o melhor ângulo da melhor paisagem. Queremos saber se aquilo está passando realmente a mensagem que deveria. Queremos tudo que possamos associar a algum projeto. (Mentira minha?). Adicionamos tamanha inspiração na caixa Swatches da nossa mente e assim temos um diferencial. Pois só conse-

viajar

31 leaf

A expressão “Navegar na rede” ficou bastante conhecida depois que a inter-

É preciso

Divulgação

Ás vezes, tudo que precisamos é esvaziar a mente a fim de dar espaço para algo inovador.


crie revistaleaf.com.br

32

O que seria do mundo sem

Design? texto Damien Levaton

Não! Me recuso a entrar numa conversa existencialista sobre a importância da profissão. Isso, deixo por conta da criatividade de vocês, nas depressões clichês, em posição fetal, trancado no quarto. Meu papo é outro. Quero ser

curioso e quero incentivar a busca por conhecimento. Quando me pergunto o que seria do mundo sem Design, eu já paro para tentar defender a palavra. O que é Design em si? Sim, eu sei, Design é tão abstrato que nem vocês sabem explicar para os seus pais sobre a profissão de forma correta.


leaf

33


o que seria do mundo sem design?

crie

D

revistaleaf.com.br

34

esign é antes de tudo uma representação pictórica. De modo

a não complicar a cabeça de ninguém, vamos simplificar: Design é imagem e Designer é o cara das referências visuais. Mas deixar a definição da palavra por isso mesmo seria ser extremamente simplista, com tudo que o Design representa hoje. Afinal, representação pictórica pode ser Arte, pode ser uma estampa na camisa, pode ser tudo que o olho percebe e vê. Lá no fundo, não podemos negar que o Design agregou no decorrer do tempo todas essas definições e continua agregando outras. É uma imagem evolutiva, é um entrelaçamento de diversos conceitos. É necessidade, identificação, confiança, relacionamento, funcionalidade, diferenciação, exclusividade, questionamento, curiosidade, criatividade. Afinal, perguntar a si mesmo “o que seria do mundo sem Design?”, é também ter que se perguntar “o que seria do mundo sem esses conceitos todos?”. O humano seria uma latinha Campbell sem personalidade, igual a todos os outros. Para evitar escrever uma matéria de 20 páginas, na tentativa de descrever cegamente o que seria do mundo sem cada um dos conceitos que envolvem o mundo do Designer, resolvi limitar a questão para 3 dos conceitos acima: criatividade, identidade, funcionalidade.

O que seria do mundo sem criatividade?

Sem criatividade não haveria princípio e nem fim. Ninguém entenderia a religião e seu conceito principal de Deus ter criado o Homem com base na sua própria imagem, o mito da caverna de Platão não faria absolutamente nenhum sentido, não seria mais divertido ser criança e só usaríamos o lado esquerdo do cérebro. A história da arte não existiria. Entendemos a criação como um processo que consiste na projeção de uma ideia abstrata em algo inteligível, seja numa matéria-prima na hora de esculpir uma forma, seja na hora de escrever um livro, seja na hora de desenhar ou mesmo na hora de desenvolver uma identidade visual. Em todos esses exemplos, estamos transformando um imaginário de nossa cabeça em algo que possa ser entendido pelas pessoas. A criação é um processo que segue um roteiro bem definido, como


O que seria do mundo sem identidade? O Branding que envolve a criação de novas marcas ou o re-design de marcas

já conhecidas é um mercado que gera milhões de dólares a cada ano. Afinal, mexer com a identidade das empresas é mexer diretamente com suas economias. O patrimônio das grandes corporações se deve em parte à imagem fixada na cabeça de seu respectivo consumidor. É a identidade da marca que definiu sua cultura de consumo. Responder à pergunta o que seria do mundo sem identidade é também outra forma de responder à questão milenar “quem sou?” ou “o que sou?”. Sem identidade, não seriamos capazes de definir nossos sexos, nossas idades, nossas culturas e tradições, nossos modos de pensar. Sem identidade não haveria o pertencer, já que a definição de nosso ser seria tão incerta. Se sou incapaz de definir o que sou, como posso definir o que me pertence? Sem identidade, por fim, não seríamos capazes de nos relacionarmos. A sociologia, que estuda o comportamento do homem em sociedade, define a relação, a sociabilidade, como o resultado da imitação de

cerveja

leite

vinho

suco

refri

35 leaf

sugere o autor Paul E. Pikey em seu livro “Creativity, Innovation and Quality”. Pikey diz que o processo criativo é dividido em 3 etapas fundamentais: atenção, fuga e movimento. De forma simples, identificamos um problema ou uma necessidade, fugimos dos nossos modelos de pensamento racionais e combinamos nossas ideias com os materiais com os quais queremos trabalhar. Necessidade. Sim! A criação começa a partir de uma necessidade, nem que seja em arte como a interpretação de um lazer; e ainda assim, há a necessidade de divertir as pessoas. Necessidade é inerente ao ser humano, derivada do livre-arbítrio que o define como animal racional, diferente dos animais que são comandados pelo instinto selvagem. Por necessidade, o Homem criou o fogo, a roda, navegou pelos mares, inventou a eletricidade, o papel, criou alfabetos para a comunicação, os números desenvolveram os primeiros indícios de comércios existentes. Por necessidade, criamos o dinheiro, a economia, os sistemas políticos, o capitalismo, a concorrência, o valor das marcas.


crie o que seria do mundo sem design? revistaleaf.com.br

36

uns pelos outros. Émile Durkheim mesmo, sociólogo francês, acreditava na questão de justaposição de personalidades, comprovando que o Homem só se comunicava com os que achava serem iguais a ele, em conformidade com o que vemos nas tribos indígenas, nos rituais religiosos, nas gangues etc. Agora, não estranho o fato de que Designer só entende Designer. O engraçado disso tudo é perceber que sem identidade poderia haver uma troca de informação com outros sem identidades, mas uma única comunicação feita já daria a ambas as pessoas a identidade do que elas não são. Esse é um ponto para se viajar muito. A questão é que, desde que o Homem é homem, houve a necessidade de saber quem ele era e o que o diferenciava dos outros seres vivos, nem que essa distinção fosse manifestada nas representações rupestres das cavernas há mais de 30 mil anos. Lembrem-se de que encontrávamos nas pedras, em algumas ocasiões, a representação pictórica do caçador e de seu alvo. Naquela época, os homens se definiam de forma muito coerente como caçadores e seus pertences eram as armas que eles mesmos produziam. Ainda que os caçadores produzissem suas armas, o artesão desenhava sua marca atrás dos pratos de cerâmica na antiga Mesopotâmia. A marca serviria para não só identificar o seu trabalho, mas, também, para comunicar às

pessoas que o manuseariam a identidade de seu autor. Poucas pessoas sabem, mas Branding vem do inglês “to brand” que significa queimar, do mesmo modo que os peões queimavam o gado para identificar cada um deles como pertencente a uma ou outra fazenda. Não são poucas as necessidades de identificação na história da humanidade, tanto que hoje os arqueólogos são capazes, num simples olhar, de definir as origens das peças antigas, com alguns poucos anos a mais ou a menos de diferença. Em poucas palavras, somos responsáveis por nossas criações e elas também são uma forma, como qualquer outra, de nos identificarmos. Deve ser por isso que existe o portfolio.

O que seria do mundo sem a funcionalidade?

Para cada coisa existente na face da Terra e até mesmo fora dela, há uma função. A Lua, por exemplo, além de servir de plano de fundo para muitos casais apaixonados, também produz efeito sobre as marés,


Na prática A humanidade, do jeito que a conhecemos, simplesmente não conseguiria sobreviver sem ter esses três conceitos bem resolvidos. Somos donos de uma identidade criadora e exigimos que a nossa criação sirva para algo. Na evolução de nossa história, ocorreram grandes momentos, que são alvo de estudos para muitos especialistas. Um especialista para cada momento dessa história. E o momento-chave para os designers acaba sendo a pós-modernidade. O modelo econômico atual criou uma estrutura hierárquica bem definida, num jogo constante entre consumo e desejo. O que existe antes da pós-modernidade é na verdade o prólogo do que viria a ser o Design, pois a função do Design não é só criar, identificar e fazer com que funcione, mas, sim, que isso tudo permita o fortalecimento dos conceitos consumo e desejo. De forma simples, o Designer não cria porque é bonito, ele cria estrategicamente para que o consumidor deseje e compre. Em outros termos, a função do Designer é vender com imagens, enquanto o vendedor vende com palavras. A resposta à primeira pergunta acaba sendo óbvia: o mundo sem Design na verdade seria muito menos imagético, mas será que nesse contexto o design se tornaria inevitável?

37 leaf

num jogo gravitacional entre a Terra e ela. Chamem isso de leis geofísicas, eu pessoalmente chamo isso de função. Para toda necessidade que criamos, geramos uma função. O fogo serve para esquentar e iluminar as noites frias e as pessoas que em volta dele se reúnem. Os barcos para navegar. O transporte público para levar mais de uma pessoa de maneira confortável até as suas respectivas destinações. A eletricidade, para controlar a energia. A tinta para escrever sobre o papel, ou até mesmo imprimir formas. Mesmo que essas funções sejam materiais ou imateriais, ainda assim, são funções. Os objetos que deixam de ser funcionais são jogados fora ou, quando o seu valor é muito alto, expostos em museus ou vendidos em leilões para colecionadores. Há gente que coleciona de tudo nessa vida, com ou sem função. Existem até pessoas que criam novas funções para aquelas coisas que já não serviam para nada. Por exemplo, as latinhas de refrigerante, que depois de usadas podem ser recortadas e delas novos objetos ou até mesmo ferramentas são criados. Mas e se os produtos que inventássemos não fossem funcionais? Se criássemos por criar, o que seria do mundo? Ele se tornaria muito rapidamente obsoleto e sem graça. Então não, a função está para a evolução do mundo do mesmo jeito que a necessidade está para a criação.


experimente

Na trilha

dos designers texto J. C. Roxo ilustrações Felipe Arantes

A Revolução Industrial impulsionou o design moderno. A Bauhaus,

revistaleaf.com.br

38

apesar de ter seu fim decretado em 1933, ainda hoje inspira alunos de design e arte no mundo todo. No Brasil, as teorias estudadas pela escola alemã resultaram na criação do IAC, Instituto de Arte Contemporânea fundado por Lina Bo Bardi e seu marido, Pietro Maria Bardi no começo da década de 50. A escola não durou mais do que 5 anos e formou uma única turma com nomes que ainda hoje são lembrados e estudados. Se pensarmos em um simples copo como um produto de design, então podemos pensar que desde as primeiras civilizações o mercado de design existe. Podemos presumir que no momento em que o homem sentiu a necessidade de transformar a matéria em forma, houve os primeiros indícios de design. O mercado de design atual agrega inúmeras linguagens e produtos. Existem designers de móveis, gráficos, de games etc. Hoje é muito comum consumirmos produtos em qualquer lugar e o desejo de consumo desses produtos cresce a cada dia. A criação de logotipos, marcas, embalagens, móveis, interiores, moda e tecnologia são alguns dos exemplos desenvolvidos por esses profissionais.

Nesta primeira matéria, quis levantar algumas orientações básicas de profissionais com o que diz respeito a duas linguagens da área do Design: Gráfico e Games. O mercado de games, apesar de embrionário, vem crescendo no Brasil. Esse segmento surgiu em 1962 com a primeira escola de design no nosso país. Segundo Daniel Mafra, um dos entrevistados desta matéria, “para você ter uma ideia, no exterior, esse mercado agrega valores na casa de milhões de dólares, sendo superior ao arrecadamento das bilheterias de cinema”. Uma das vantagens do design de games no Brasil é poder trabalhar diferentes linguagens. Já o segmento do mercado de design gráfico começa a ter um crescimento expressivo a partir da década de 90, com a popularização das ferramentas e fácil acesso a informações com o advento da internet. De lá para cá, o mercado cresceu e a exigência de profissionalismo aumentou. Para você, que quer seguir carreira em alguma dessas duas áreas, anote as recomendações de alguns profissionais. O designer digital Jairo Herrera, 30 anos, começou primeiro em agências de publicidade e tem seu próprio escritório


que o cliente hoje preza o respaldo, a consultoria e a parceria. Daniel Mafra, 26 anos, designer gráfico pelo Senai e Marketing pela ESPMRJ, atuando como Diretor Criativo e Game Designer pela Quantix Games na indústria de jogos nacionais, conta que, primeiro, o jovem deve ter persistência. Trabalhar o portfólio também está entre as prioridades. Em segundo lugar, mas não menos importante, está o network.

39 leaf

de design gráfico, Lupa Design. Segundo ele, a migração do mercado de agência para a vida de freelancer foi automática. Trabalhando como freela, superou o ganho de agências e fincou o pé com firmeza no mercado de design gráfico. Para Jairo, saber se abastecer de informação e referências é de extrema importância, além de estar antenado e ser muito criativo. Outro ponto é buscar muito mais os resultados que valores em si. Jairo destaca


experimente na trilha dos designers revistaleaf.com.br

40

O conhecimento do mercado e o seu determinado público-alvo. Para o jovem que pretende se transformar em um empreendedor, Daniel Mafra dá outras dicas. Pesquisa de mercado é imprescindível. Fazer um estudo sobre oferta e demanda. “O jovem deve ao dar importância em projetos pequenos, buscar soluções originais que não dependam ou busquem se guiar pela superação de tecnologia, mas que esta lhe seja ferramenta para executar sua produção e desenvolver seus processos criativos, que por fim, irão fazer toda a diferença entre um jogo bem-sucedido e um jogo mediano de pouco sucesso”, diz Mafra. Segundo ele, montar seu próprio negócio é fácil, mas exige muito planejamento. Afinal, o mercado de design de games exige extrema disciplina para se manter e crescer na área. Já para Marco Sampaio, 43 anos, da Cayman Consultoria de marketing, o port-fólio é o cartão de visita do jovem designer. Ter cultura, ler bastante e buscar referências visuais é importantíssimo. Marco conta que prefere contratar designers autônomos a agências de publicidade. Ele diz que o “refinamento” do trabalho é maior. Portanto, jovens designers, estejam atentos a isso. Ele ainda dá a dica para quem quer iniciar carreira de se inscrever em sites internacionais de criação. Silvana Beltran, designer de games pela PUC, 27 anos, recém chegada da China onde trabalhou como game designer e também foi responsável pelo contato

com a Publisher (para você entender a linguagem do mercado, Publisher quer dizer a empresa que cuida do MKT do game). Silvana conta que em dois meses de trabalho na China adquiriu experiência maior ao conhecer uma empresa desenvolvedora de games. Ela aponta que no Brasil o respaldo maior para desenvolvimento de games é custeado por projetos sociais. Mas isso deve mudar com a exigência do mercado. Como Mafra, ela diz que o crescimento da área vai ser gradativo e que para o profissional que quer seguir carreira, a criatividade é o mais importante. O designer gráfico Marcelo Guerreiro, 37 anos, na profissão há 14 anos, conta que o mercado de design gráfico no Brasil surgiu com um pequeno grupo na década de 80. Em meados dos anos 90, com a tecnologia mais avançada, a área de design cresceu e o que antes se criava em “rough”, de forma quase “artesanal”, passou a ser desenvolvido em mídias digitais. A dica de Marcelo para quem planeja entrar de cabeça na carreira é dominar os softwares e ferramentas de criação. Ele também aponta que está muito mais fácil ingressar na carreira. O network, conforme todos os entrevistados disseram, é um dos pontos mais importantes. É muito interessante a constatação final que podemos ter com base nesses depoimentos. O que percebemos no fundo, é que independente da escolha que fazemos, aquilo que irá nos definir são as iniciativas que tomamos em certos momentos para fazermos a diferença. Assim, caro leitor, o mercado de design é igual a qualquer outro mercado profissional. Para iniciar a carreira, é necessário muito estudo, planejamento e persistência. A busca pela excelência no trabalho final é muito importante. O portfólio tem que estar sempre atualizado. Lembre-se: ele é o seu cartão de visitas, ele é a representação


mercado e analisar as exigências de cada cliente. A área de Design tanto para games quanto para o gráfico tendem a evoluir nos próximos anos. A visão a qual o Designer defende ainda confronta-se com um hábito de consumo impregnado na mente das instituições privadas. Muitos ainda só enxergam a ponta do iceberg e é com uma instrução gradativa do mercado que o Design firmará seu lugar. Uma formação acadêmica sólida conta muito, mas o desenvolvimento dentro de escritórios de criação e agências de publicidade deve ser levado em conta como alicerce na formação pessoal e profissional. Sites que divulgam trabalhos de jovens criativos também são ferramentas a ser exploradas, assim como a criação de blog e site pessoais. Muito da profissão é definido pela segurança que você tem nela. Todos os caminhos aqui apresentados foram percorridos, certamente, pelos bons profissionais da área. No entanto, é sempre importante lembrar que o mundo tecnológico está aberto para novas experiências. Acredito que ser criativo é o ponto chave. Essa condição vai definir a forma na qual você se posiciona perante o mercado. Então, jovem designer, não se esqueça que o desenvolvimento pessoal é o diferencial para você se dar bem no mercado. E lembre-se: a criatividade é a chave para abrir essa porta!

41 leaf

física de sua dedicação com a área de sua preferência. Se o currículo é a teoria, o portfólio é a prática. E a prática é evolutiva no sentido em que a cada minuto seu olhar deve mudar. Não esquecendo da informação primordial de que portfólio também é objetivo. Não adianta atirar para todos os lados, é preciso valorizar um aspecto de si mesmo. Se o interesse é design de games, então o ponto forte do portfólio deve estar voltado para essa área. Se o interesse é design gráfico e dentro do design gráfico, uma determinada especialidade, então o portfólio deve valorizá-la. Estar antenado com as novas ferramentas de criação e ter cultura e conhecimento sobre a área também são pontos a favor. Porém, é necessário você não depender deles. Sejam autônomos no sentindo de que aqueles que estão no controle são vocês e não a tecnologia ou o conhecimento adquirido. É de suma importância dominar para ter melhor visão sobre o projeto. Para quem quer ser empreendedor no mercado de design, a organização, a pesquisa de mercado e novamente a persistência contam muito. A organização para definir a linguagem de trabalho, o público-alvo, a linha a ser seguida; a pesquisa para poder conhecer a demanda do


Evolução nas experimente

Mídias Sociais

Divulgação

Esta é minha primeira participação nesta coluna da Leaf, portanto não

hashtag

Luciano Palma Consultor Estratégico de Mídias Sociais. Palestrante do Social Media Week, Social Media Brasil, Web Expo Fórum, KM Brasil. Professor de pós-graduação no Senac. Engenheiro Eletrônico pela E.E.Mauá, concluindo MBA (FGV).

revistaleaf.com.br

42

Lpalma.com

poderia começar sem agradecer à equipe da revista por tão honroso convite, e também a você, pela confiança no trabalho que pretendemos realizar. Aproveito também para me apresentar: sou @lucianopalma, Engenheiro Eletrônico, trabalhei com TI durante 22 anos (8,5 na Microsoft do Brasil). Desenvolvi software, implantei infraestruturas de TI, ministrei treinamentos, gerenciei projetos, prestei consultorias técnicas e estratégicas... Nesta jornada, um dos maiores patrimônios que acumulei foi ter transitado em inúmeros ambientes corporativos, desde pequenas empresas até grandes corporações e instituições governamentais. Acumulei alguma experiência em um ambiente onde Pessoas, Processos e Tecnologias precisam estar sempre em

Evento fotografado por @oandresilva e @sakaebr

Mashable Meetup 27 jul 2010 com palestrantes: @lucianopalma @formagio @interney @marcogomes

sintonia, orquestrando o andamento produtivo do mercado. Em toda caminhada, nos deparamos com momentos marcantes, e comigo não foi diferente. Os dois momentos que considero mais importantes nessa andança profissional aconteceram em 1994 e em 2008. Em 1994, minha conta na CompuServe passou a permitir troca de e-mails com qualquer pessoa do mundo através da Internet! Pouco depois, obtive também o acesso total à Rede. Não é novidade que isso mudou muito mais do que minha vida, pois o mundo não é o mesmo depois da Internet. Durante 2008, algumas novas ferramentas começaram a me chamar a atenção. Resolvi um problema elétrico em meu carro que 3 oficinas não tinham conseguido diagnosticar e reparar. E foi trocando informações numa comunidade do Orkut, acredite! Em 2009, um sistema simples, porém muito ousado, foi talvez a segunda coisa mais discutida no mundo (não dava para competir com a crise econômica dos EUA). O Twitter criou gírias, verbos e hábitos. Hoje é difícil identificar alguém sem conta no sistema. Não porque todos tenham, mas porque ele se tornou tão popular, que aqueles que não têm procuram omitir o fato. E Facebook, e LinkedIn, e Foursquare, e tudo aquilo que ainda virá. O mundo mudou de novo. Eu tive que mudar junto. Hoje atuo exclusivamente em Mídias Sociais, au-


A maior dádiva que a Internet nos traz é a transparência.

Divulgação do Social Media Week / São Paulo - 9 fev 2011

-postar” no Youtube. A empresa vai ficar com cara de Cicarelli, tentando conter uma goteira quando há um rio passando às suas costas. Só há uma maneira das empresas conquistarem uma boa reputação nas Redes Sociais: conquistando uma boa reputação. Soa ridículo porque é simples: para conquistar reputação, a palavra-chave é respeito. Ao tratar o consumidor com respeito, as empresas já estarão dando um passo gigante para terem uma boa imagem junto a cada um que compõe esta grande Rede, que ficou conhecida por conectar computadores, mas que finalmente descobriu o seu poder quando entendeu que ela conecta Pessoas, e é por isso que é chamada de Rede Social.

Isolamento Digital x Inclusão Social?

43

Reprodução

leaf

meucarrofalha.com.br feito por Daniely.

Vídeo de @oboreli sobre a Brastemp.

Vídeo de Daniely sobre a Renault.

Reprodução

Reprodução Repr p oduçção

xiliando empresas a definir estratégias e executá-las com sucesso, além de ministrar treinamentos e palestras. Além de preparo, uma mudança desta exige muita reflexão. Você precisa definir a sua própria estratégia. E rever sua missão. Foi isso que fiz, e isso foi tão importante que decidi torná-la pública (tinyurl.com/minhamissao). Minha declaração de missão é: “Acredito que o relacionamento empresa-consumidor esteja desbalanceado no Brasil. Amplio este conceito aos relacionamentos governo-cidadão, empresa-trabalhador e chefe-funcionário. Acredito que posso fazer parte de um processo de mudança para recuperar este equilíbrio, mesmo sabendo que não conseguirei fazer isto sozinho. Pretendo difundir o uso de mídias sociais para que a comunicação empresa-consumidor seja mais transparente, de forma a re-equilibrar o sistema e recompensar com o sucesso as empresas que respeitam o consumidor.”. Fico feliz em ver isso começando a acontecer. Quando um @oboreli coloca sua geladeira na rua e grava um vídeo, quando uma Daniely cria um blog para mostrar ao mundo o quanto vem sendo desrespeitada durante 4 anos, gigantes como Brastemp e Renault caem aos pés destes criativos, corajosos e destemidos “Davis”. Porque a maior dádiva que a Internet nos traz é a transparência. Ainda que uma empresa possa usar seu poderio econômico para anular um consumidor que busca seus direitos, hoje isso não fica mais sob o tapete. A verdade flui na rede. Quando uma Renault consegue uma liminar para coibir o direito de expressão de uma consumidora, ela não repara que até isso acontecer, dezenas de pessoas irão copiar o vídeo e “re-


descomplica

experiemente

Ipad 2

revistaleaf.com.br

44

mais um? Para os fãs de teorias da conspiração e adeptos dos números, são três vezes 11. 11 meses depois da saída do primeiro iPad no mercado, Steve Jobs, atual CEO da Apple, anunciava em uma palestra o lançamento do seu mais novo brinquedo, o iPad 2, previsto para o dia 11 de março de 2011 nos Estados Unidos. Já até imagino as 11 horas de espera na frente da Apple Store. Chamem isso de ousadia do Stevie, de cara inovadora da empresa, eu pessoalmente chamo isso de estratégia comercial para afastar cada vez mais a concorrência. Ela precisa entender que não é nenhum desses 11 motivos que leva a desejar mais um iPad e sim, a satisfação que conseguimos com cada produto da marca Apple. O iPad 2 vem antes de tudo com um objetivo bem claro: firmar na cabeça do consumidor de que os únicos reais tablets existentes são os da Apple. O resto é tudo cópia.

Essa estratégia é evidenciada quando paramos para analisar as mudanças de um modelo para outro. Algumas coisas que chamam a atenção:

- Mais fino e mais leve: “O iPad 2 é mais fino do que o iPhone”, afirma Jobs. O aparelho terá 8,8 milímetros de espessura e pesará 580 gramas. - Processador A5 e iOS 4.3: Já que é para inovar, então vamos fazer direito. O A5 traz dois processadores internos para aumentar em até 2x a performance das tradicionais CPU e em até 9x a capacidade gráfica. E o aparelho ainda conta com o iOS 4.3, o mais novo sistema operacional da Apple criado para atender a sua linha de tablets e aparelhos portáteis. Sem contar que o sistema operacional deve facilitar o uso entre as redes dos diversos equipamentos da empresa: do iPhone ao iPad. - Capa protetora inteligente: Fixada na tela frontal do iPad 2 por meio de imãs auto-alinháveis. A parte “inteligente” permite ao usuário dobrar e desdobrar, criando novas formas úteis. - Giroscópio de 3 eixos: O que deve trazer melhor sensibilidade para mais gestos e movimentos, detectar a aceleração, velocidade angular e de rotação dos usuários, segundo a Apple. O uso dos aplicativos nunca será mais o mesmo. Lançado no Brasil, com os preços de R$ 1.649,00 (Wi-Fi com 16 gb) até R$ 2.599,00 (Wi-Fi + 3G com 64 gb).


leeaaff leaf

45

tĂŠcnicas: luz e sombra


inspire-se

Uma espiadinha na

Janela Indiscreta

hasta la vista

Jaum Godoy

Assisti por acaso na televisão ao filme “Paranóia” (2007) e aos poucos fui

revistaleaf.com.br

46

Raphael Fernandes é formado em história pela USP, trabalha como editor da revista de humor MAD e analista de mídias sociais. Escreve sobre cultura pop para vários blogs incluindo seu pessoal. contraversao.com @raphafernandes

Imagem do filme “Janela Indiscreta” de 1957.

percebendo que se tratava de uma versão atualizada do clássico “Janela Indiscreta” (1954) de Alfred Hitchcock. A versão de Jesper Troelstrup atualiza a narrativa e inclui celular e internet, mas perde toda a magia do suspense original. “Janela Indiscreta” conta a história do fotógrafo jornalístico L. B. Jeffries, interpretado por James Stewart, que, por quebrar a perna, fica preso em seu quarto. No entanto, sua curiosidade e faro para notícias o fazem passar o dia inteiro observando os vizinhos. Até que por acaso, Jeff acaba desconfiando que o morador do apartamento em frente ao seu assassinou a própria esposa. Hitchcock é um dos maiores diretores da história do cinema, pois seus filmes fazem os espectadores ficarem na pontinha do sofá até hoje. O set de filmagens foi o maior já construído até então pela

Nada acontece por acaso nos longas de Hitchcock. Paramount Pictures, e ocupava um quarteirão de Greenwich Village, Nova Iorque. A condução do diretor é rigorosa e ao mesmo tempo precisa, fazendo com que sejamos levados a acreditar piamente que aquele cenário realmente existe. Outra diferença marcante é que o longa de 2007 é estrelado pelo adolescente Shia LaBeouf (Kale Brecht), que, por ser um garoto problemático, está em prisão domiciliar. Caso ele saia do perímetro de sua casa, um rastreador preso em sua perna envia um sinal para a polícia. Todas as ações ocorridas em outros cenários são praticadas por sua namorada e por seu melhor amigo. O excesso de uso de tecnologia também esfria a dramaticidade do thriller. Em “Janela”, cada um dos vizinhos tem um sub-enredo que é contado através de uma narrativa visual brilhante por Hitchcock, que dirigiu tudo do apartamento de Jeff. O que significa que todos os atores que aparecem foram conduzidos à distância por meio de fones. Interessante ressaltar que quase todas as cenas foram feitas do ponto de vista do apartamento de Jeff. Já “Paranóia” tem diálogos ruins e um grupo de atores que não convence ninguém, até mesmo o carismático Shia LaBeouf não consegue salvar o longa da frigidez. Não é fácil para o jovem ator


é tão complexa que mais parece uma orquestra cinematográfica. Vale a pena assistir e perceber que deve prestar atenção a todos os detalhes, não para entender a história, mas para viajar naquele mundo que só existe na imaginação. Outra versão de “Janela Indiscreta” foi filmada em 1998, com o mesmo nome, estrelada por Christopher Reeve e Daryl Hannah, mas não teve a mesma qualidade. A indústria cinematográfica norte-americana deve aprender que o caminho para realizar grandes filmes não está na refilmagem de grandes clássicos, mas na coragem de apostar em novos talentos. A moda dos remakes está engessando Hollywood e fazendo com que jovens diretores sejam obrigados a se envolver em projetos de gosto duvidoso para que tenham uma chance de mostrar seu trabalho. Vale ressaltar que nem todo o remake apresenta um resultado ruim e podemos provar isso com o faroeste “Bravura Indômita” dos Irmãos Cohen, mas é a exceção que comprova a regra. “Janela Indiscreta” de 1957 é considerado um dos maiores clássicos de Alfred Hitchcock.

Cartaz do filme de 1957.

47 leaf

competir com um estandarte do american way chamado James Stewart. Outra que rouba a cena é a exuberante Grace Kelly (no auge de sua beleza), que interpreta Lisa, a namorada de Jeff. A socialite faz de tudo para convencer que é uma garota independente e que merece ser a companheira do fotógrafo. Ela se esforça tanto que acaba se enfiando onde não devia e protagoniza uma das mais eletrizantes cenas do longa. Nesta versão mais recente, a figura feminina é transformada em objeto e perde toda a graça. Outro pecado capital de “Paranóia” é o exagero na hora de apresentar o vilão da história, pois colocá-lo como um assassino serial afasta a narrativa da realidade de quem assiste. É muito mais fácil presenciar um marido que mata sua esposa do que descobrir que seu vizinho é um psicopata obcecado por dissecar mulheres. As grandes histórias de mistérios e suspense operam sobre crimes que poderiam ser cometidos por qualquer pessoa. Nada acontece por acaso nos longas de Hitchcock, o diretor possuía pleno domínio do que era filmado. A narrativa das pequenas histórias daquela vizinhança


Ainda hoje, em pleno século XXI, a palavra design não é muito clara para muitas pessoas. Etimologicamente, a

fundamentos

Divulgação

experimente

Existia design antes da revolução industrial?

revistaleaf.com.br

48

Débora Gigli Buonano é Mestre em Educação, Artes e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professora de História do Design no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Universidade São Judas Tadeu e conservadora do muBA - Museu Belas Artes de São Paulo.

palavra design procede do italiano disegno, que significa desenho. Entretanto, a partir do século XVI, a palavra design passa a ser usada na Inglaterra como planejamento de algo a ser produzido. A partir da revolução industrial e ainda hoje usamos o termo design como projeto para produtos industrializados. Portanto, fica muito difícil pensar na expressão artística produzida pelo homem da pré-história como design. A arte dos homens das cavernas jamais poderia ser pensada como design. O homem pré-histórico descobriu em seu mundo que alguns materiais possuíam formas que eram mais convenientes para determinados trabalhos do que outras. De alguma maneira havia uma preocupação com a forma e função; porém, as descobertas de uso se davam mais pela classificação das formas do que de um projeto para a elaboração das mesmas. O aperfeiçoamento das formas aconteceu por pura necessidade de uso, as formas eram alteradas no desenvolvimento das funções. Certamente não havia a possibilidade de pensar em projeto para que as formas atingissem o grau necessário de sua função. O valor estético dos objetos ocorria pelo aperfeiçoamento de suas estruturas. Na pintura das cavernas, a produção da imagem pode considerar o trabalho como um ritual mágico, ou mesmo para

o propósito de assegurar uma caça bem sucedida. É certo que o domínio técnico é surpreendente nestes artífices tribais, embora esteja muito longe de ser considerado design, mas sim, pura e simplesmente a expressão artística de uma época. É impossível aqui pensar que sua produção artística servisse para outro propósito, a não ser um meio para obter alimentos, com função totalmente pragmática: o desenho era então o desejo e a realização do desejo. Desse modo, a ação do homem da caverna não coaduna com a ação do designer. Estes homens primitivos improdutivos e parasitários, que viviam num estágio de total individualismo, cuja produção, a representação pictórica, não tratava em momento algum de funções simbólicas, mas era apenas o registro de uma ação deliberada. Consequentemente, em hipótese alguma podemos pensar em design produzido pelos homens primitivos. Outrossim, lembramos que o design gráfico que inclui várias áreas de comunicação, como páginas diagramadas de um livro ou uma revista, a configuração visual de uma embalagem, logotipos de empresas e instituições, fontes tipográficas e outros trabalhos, deve hoje abraçar diferentes aptidões como criatividade, ter o espírito de síntese, competência técnica e percepção do universo produzido, gerando uma linguagem simbólica de alcance da sociedade. Logo, o projeto de um designer gráfico apresenta conceitualização, tendências,


A arte dos homens das cavernas jamais poderia ser pensada como design. Diferentemente do homem primitivo, o designer gráfico é aquele que, desde William Morris até o mais jovem designer, tem fortes ideias e o melhor caminho possível para a qualidade de seu trabalho. É pelas razões acima que não podemos considerar design na pré-história: porque a atividade do designer gráfico é fruto da revolução industrial; é a partir deste momento, com o desenvolvimento e a complexidade da sociedade industrial, que se faz necessária a participação do designer, como o educador do bom gosto para as massas, por meio de toda a criação gráfica.

leaf

49

Felipe Arantes

estética, aspectos sociais e culturais, funcionalidade e ergonomia. Podemos então citar aqui alguns momentos dos primórdios do design gráfico como Lucian Bernhard, que no início do século XX criou o design gráfico das embalagens de cigarro Manoli e cartaz para a Pelikan. Inicia-se então o design gráfico, o que certamente vem acompanhado dos avanços dos processos gráficos, que no século XX já eram acompanhados do processo de offset. Os movimentos como o Arts and Crafts, o Art Nouveau ou mesmo a revolução das vanguardas, eram acompanhados de projetos gráficos. O modernismo triunfante com a estilização, a simplificação, a nova abordagem tipográfica e as imposições das regras, apontavam para o progresso do design gráfico, cada vez mais criterioso.


prateleira

experimente

Briefing:

revistaleaf.com.br

50

A gestão do projeto de design Peter L. Phillips Editora: Editora Edgar Blücher Tradução: Itiro Iida Ano de Publicação: 2007 Páginas: 208 Formato: 17x24 cm ISBN: 978.85.212.0438.1 Sobre o autor É designer com trinta anos de experiência como professor, projetista, gerente de design e consultor de grandes empresas. Participa das atividades do Design Management Institute (DMI), apresentando seminários e cursos, além de ter escrito muitos artigos. Ganhou reconhecimento internacional pela divulgação do processo de elaboração de briefings e de seu uso como ferramenta estratégica na gestão de empresas. Sobre o livro “O conteúdo deste livro é tão importante que deveria ser leitura obrigatória em todos os cursos de design” (William J. Hannon, Professor de Design, Massachusetts College of Arts) O processo de Briefing é muito parecido com o modo de preparo de uma receita, pois o mesmo, como declara o autor, deve servir não somente para identificar cada etapa do trabalho, mas, também, demonstrar de forma clara e estruturada de onde partir e onde chegar. Em outros termos, o Briefing deve ser considerado uma parte integral do processo de criação das peças. Quando sabemos o que queremos preparar, somos capazes de

identificar os ingredientes necessários para obter o resultado desejado. O autor levanta que existem no mercado atual dois grandes empecilhos na construção dos atuais briefings: o primeiro é que o cliente geralmente percebe o briefing como uma perda de tempo para o trabalho. O segundo é que, por falta de orientação, a maioria dos designers não sabem fazê-los, e, quando trabalham em grandes agências, é geralmente a área de marketing que cuida disso, o que por certas vezes, acaba não evidenciando o projeto de design como um todo. O livro enfatiza os aspectos estratégicos do briefing, fazendo a intermediação planejada entre a demanda e a ação. Insiste na necessidade em chegar a um documento escrito, expondo seus conteúdos básicos e a maneira de conduzir o projeto. De forma clara e concisa, o livro auxilia profissionais a entenderem a importância do briefing e como produzi-lo de maneira eficaz. Para os estudantes, o livro é uma forma de familiarizá-los com o briefing, para que eles entrem no mercado de trabalho conscientes da importância desde planejamento prévio que, muitas vezes, é negligenciado nas escolas.


leaf le af

51

tĂŠcnicas: luz e sombra


inspire-se

A construção de

uma identidade

projeto

o briefing Eva Marca e Mídia é um evento que tem como objetivo mostrar a importância do Branding para pequenas e médias empresas. A primeira edição foi planejada para mostrar aos empresários a importância de fortalecer suas marcas através das mídias sociais, promovendo ações nas redes de relacionamento e outros meios da internet, tornando-as cada vez mais próximas de seus clientes e parceiros.

revistaleaf.com.br

52

de onde veio o nome eva? Do hebraico, o nome Eva significa Vida. Consideramos que a marca é a vida de uma empresa e como todo ser vivente, também necessita ser adaptada para habitar nos diversos ambientes em que é inserida. Como base para a criação o triskele foi escolhido para representar a continuidade, movimento e equilíbrio. Como sinônimo de Vida a árvore foi essencial no decorrer do projeto, dela retiramos a folha e estilizamos, da forma obtida foi desenhado o lettering que compõe a marca e os elementos que formam a identidade.

O componente fundamental de uma Marca são as cores. Elas devem ser utilizadas de forma a tornar o reconhecimento visual mais rápido e eficaz. A Marca Eva possui 2 cores essenciais (verde e cinza) e 3 cores de apoio (bordô, azul e roxo), além de suas variações.

Para completar a identidade, personalizar os materiais e caracterizar a marca foram desenvolvidos grafismos e símbolos com a forma concebida através do logotipo. Respectivamente representam: vida, mídia, marca e relacionamento.


Harmonia Adaptação, coerência e conforto entre os elementos. Dinâmico Força, movimento, pró-atividade em utilizar diversos meios para atingir um objetivo. Casual A linguagem do evento, assim como na internet, deve ser de fácil compreensão. Principal - Qlassik Medium e Bold ABCDEFGHIJKLMNopqrstuvwxyz1234567890

Dentre os materiais criados foi desenvolvido um encarte para explicar o conceito do evento. Para controle interno da produção, as cores dos convites e crachás determinam a categoria em que o participante está inserido.

53 leaf

As fontes utilizadas no projeto foram:


inspire-se

Professor Alessandro Câmara Sou designer. Sou formado em design de produto (DP), pós-graduado em gestão empresarial na FAAP, pós-gra-

o que te inspira?

duado em ciência da computação e mestrado no Mackenzie em Arte, Educação e História da Cultura. Trabalho com produto, gráfico e embalagem. Dou aulas na Belas Artes (BA), e no Instituto Europeu de Design (IED). Tenho hoje um escritório em parceria com um cara da área gráfica, Vitor Fernandez, a Complexo Design, que atua em design de produto, gráfico e embalagem.

revistaleaf.com.br

54

Por conta da relação imagética, crio minhas referências. O que te inspira?

Música no processo de criação?

Boa pergunta. Posso falar do que não me inspira. Essa coisa de apreciar a produção do designer, do artista, isso não funciona comigo. A questão da inspiração vinculada diretamente com o momento da criação, são as imagens que eu adquiri nesse processo. O que me inspira é o prazer de ver o resultado, a solução. A satisfação de quem vai ter a relação com o que eu estou fazendo, esse é um fator de grande satisfação. Fico feliz porque meu cliente implementou um bom trabalho, uma solução que ele conseguiu levar para a pessoa. Com DP, adoro esse monte de “efeitinhos” especiais, desses que aparecem nos antigos, como “Minority Report”. Todos esses elementos visuais, sejam equipamentos, seja uma nave, um carro, um relógio, uma interface etc. Por conta da relação imagética, crio minhas referências. Cinema, música, games, artes plásticas. Tudo está envolvido, tudo está construindo a informação plástica no seu teor estético.

Iria ser tudo louco, só escuto punk rock, metal. Ia ser tudo doideira que eu iria desenhar. Não iria ter sensibilidade nenhuma. Mas, sempre que eu estou produzindo, está rolando um som, isso sempre.

Você já chegou a se inspirar em algum profissional? Sim. Tem alguns profissionais que eu tenho grande admiração. Não são conhecidos. São os que eu tive contato. A minha admiração sempre foi pela referência, então desde um Cláudio Pricho, Sidney Rufe, Sandro Ferraz, Emerson Fernandini, caras que eu tive como referência, os que trabalhei junto, ou fui aluno, ou os dois, no caso do Sidney e do Sandro. Todos esses são DP. De DG, o Aníbal Folco e o Vitor Fernandez, são excepcionais. São dois grandes que eu tenho grande admiração pela produção gráfica, por dois motivos, por conta do que eu já vi e por conta de ter feito trabalhos com eles.


Aluno Luiz Antonelli Luiz Antonelli. 21 anos. Sou de São Bernardo, onde passei minha infância até o momento de escolher um curso superior. Sempre gostei de mexer nas coisas, montar, quebrar, consertar. Conheci a Belas Artes, fiz o vestibular e passei no curso de Design de produto. Atualmente, procuro me especializar na área automotiva. Fiz cursos de extensão com o Fernando Morita de modelagem e clay e sketches. Desde 2009, participo de concursos.

Sempre gostei de mexer nas coisas, montar, consertar. um terço deles. Desses, alguns viram modelos em escala real (1:1).

No trabalho, o cliente entra em contato com a empresa, manda o briefing, a verba disponível, aspectos físicos do produto (material, dimensão, peso). São feitos alguns estudos que apresentamos para o cliente. Aprovado, segue para a área de produção. E o design fica no final do processo, na hora de criar uma arte específica. O prazo é curto. Já nos meus projetos, costumo trabalhar nessa ordem. Recebo o briefing do cliente. Com as informações, eu começo a rabiscar algumas ideias. Os sketches manuais precedem os sketches digitais com color & trim, com shape externo e interno. Depois de resolver a parte 2D, passo para a parte 3D com a modelagem. São definidos os packages. É preciso seguir os traços da marca, é preciso entrar nos moldes de carros funcionais definidos pela engenharia. Fabricam as peças do carro em clay (1:3). São feitos vários modelos dos quais podem ser aprovados

Onde você busca suas referências durante o seu processo de criação? De profissionais, de professores, de produtos, atuais e antigos, soluções interessantes, da música, da TV, do dia a dia. No momento da criação, gosto de ficar vendo algumas imagens, lembrando de coisas que já foram ditas. Penso na função do produto, monto meu briefing mental. Às vezes, é uma solução simples, só que o simples é difícil de ser feito. Acho que observar, entender como as coisas funcionam e transmitir de algum jeito para o papel, e do papel para a realidade.

O que te inspira? Minha namorada me inspira, seu apoio nos meus momentos difíceis. Os carros que vejo na rua, com todos seus detalhes.

55 leaf

Qual o seu processo de criação no seu trabalho, nos seus projetos pessoais?


A vida de um blogueiro

experimente blog off revistaleaf.com.br

56

Emanuele Benvenutti @manubenvenutti chocoladesign.com

Meu nome é Emanuele, mas tenho tantos apelidos que vocês vão poder escolher. Sou leonina, com ascendente em gêmeos. Não vejo meu horóscopo todo dia, mas acredito em astrologia hermética. Meu gosto é um tanto quanto excêntrico, fora do comum: não convencional me atrai. Acredito em universos paralelos, teorias da conspiração, discos voadores e sou fã de Fringe. Nasci nos anos 80; então, minhas referências tanto de moda, música, filmes e coisas que gosto muito vem dessa década. Adoro dançar, adoro inverno, queria conhecer a Suécia e a Islândia. Assisto muitos filmes, sou apaixonada por cinema. Tanto que tive épocas de ver um filme por dia, trabalhando e estudando ao mesmo tempo. Filmes “cult” são minha preferência, por eu ser um pouco exigente com roteiros e gostar de exercitar meu cérebro pensando nas teorias dos filmes. Meu trabalho é uma paixão. A maioria dos designers define um estilo próprio. Eu ainda não consegui definir o meu, tenho os meus preferidos, mas acredito que

Projeto experimental: “All the Lovers” Fotografia: Naiara Dambroso Produção de moda: Jéli Lopes Tratamento de imagem: Emanuele Benvenutti A intenção era dar um aspecto de fotografia antiga, estilo anos 70, com intervenção digital.

eu nunca vá definir um estilo, pois cada trabalho exige toda uma pesquisa diferente. Gosto muito das escolas de arte como o Construtivismo Russo, a “Art Nouveau”, “Art Déco”, Expressionismo Alemão, mas a preferida é o surrealismo. Salvador Dalí pode parecer meio clichê, mas pra mim ele é um mestre. Gosto sempre de ter como base nos meus trabalhos essa referência do passado. É onde tudo começou. Design Gráfico e Arte são coisas totalmente diferentes, mas na hora da inspiração, temos que ter bases sólidas pra desenvolver um bom projeto, e nessa hora entram as artes. A fotografia também é algo que me fascina e é impressionante como cada indivíduo tem uma leitura mental de cada fotografia que vê, conforme a sua cultura e seus conhecimentos. Como blogueira, procuro sempre estar descobrindo novos talentos, observando o que está acontecendo de novo no design gráfico, quais os novos movimentos estéticos. Nada é estático e devemos estar em uma constante transformação, absorvendo tudo que nos acrescenta. Provavelmente quem tem um gosto que vá além do que se vê na mídia todos os dias, vai gostar do que vou trazer pra cá.


em casa de bermuda e chinelo e fingimos trabalhar... Não, não é tão fácil assim como todos dizem. (Mas também não é difícil! haha) Mas, peraí... Ai, não era pra eu falar do dia a dia de um blogueiro, e sim, do meu dia a dia! Na verdade esse aqui é um DEPOIMENTO de um EX-BLOGUEIRO. Como assim, um ex-blogueiro; isso existe? Sim, na minha vida existiu, vou contar pra vocês. Era uma vez, um rapaz que acordava todos os dias às 10h da manhã, tomava o seu banho e partia para o seu trabalho. O trajeto era tão grande que ele demorava 1 minuto. Peraí, como assim, 1 minuto? Pois é, ele trabalhava dentro da sua casa e seu suposto escritório ficava na sala! A primeira coisa que ele fazia era começar o dia tomando um belo café da manhã preparado pela sua querida mamãe. Depois de toda essa enrolação, ele ia começar o seu trabalho; como sempre, bem vestido (bermuda, chinelo, camiseta regata, barbudo e com cabelo bagunçado). Sentava em sua mesa e começava sua rotina. Os primeiros passos para começar o trabalho era:

57 leaf

Todo mundo se pergunta: como é a vida de um blogueiro? É simples, ficamos

- Ligar o PC; - Acessar as Redes Sociais (Twitter, Facebook, blá blá blá); - Acessar o email e baixar os posts; - Abrir o admin do blog e postar; Tá, não era tão fácil assim, mas também nada tão diferente disso! haha Beleza, mas o propósito aqui é contar a minha vida, já que um dia fui um blogueiro, pois hoje trabalho para uma Agência, tenho responsabilidades bem diferentes e já não tenho mais tempo de blogar. Fico triste por não conseguir manter o blog no ar, sei que tinha muitos amigos que acessavam e gostavam, mas essa vida de agência não me permite ter esse tempo! Mas como dizem – UMA VEZ BLOGUEIRO, SEMPRE BLOGUEIRO – fui convidado pela Editora dessa revista para ser colunista no blog deles, ou seja, voltarei a ser um blogueiro araaaa rsrs! Espero que vocês tenham gostado do meu DEPOIMENTO, me sigam no Twitter @andersonvillela. Mas também, se não gostaram, problema é de vocês! haha Meu dia não mudou em nada e eu continuarei sendo rico e continuarei desfrutando desse delicioso coquetel de frutas vendo esse mar lindo e esse céu azul; afinal, eu sou um blogueiro!

revistaleaf.com.br/blog

Anderson Villela @andersonvillela


tweet ilustrado crie

@ocriador

Giana Lorenzini @gianalorenzini

tweet ilustrado

@acontecenoacre

revistaleaf.com.br

58

Regina Terumi Mizuno @remizu

@naoehamor

O amor não faz brotar uma nova pessoa dentro de você. O nome disso é gravidez. O amor é outra coisa.

Patrícia Thiemy @MariaThiemy


inspire-se crie experimente

Uma revista sobre

Design com o conteĂşdo que

vocĂŞ sempre quis comportamento mercado design . referĂŞncias design . projeto internet tecnologia

revistaleaf.com.br

www.


revistaleaf.com.br facebook.com/revistaleaf @revistaleaf


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.