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Fábio Daflon
Fábio Daflon Vitória/ES
U m a co r r i da rá pi da
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— Também gosto de conversar sobre mulher, doutor. Mas acho essas suas filosofias insensatas. Eu avalio uma mulher como se fosse um jurado de Escolas de Samba – disse o taxista. — Como assim, Jorge?! — A comissão de frente dela me diz se é boa para o sexo ou não, se vale a pena sair com ela. Então, julgo as alegorias e adereços. Por fim, a bateria. — Explique melhor. — As alegorias e adereços são o banho de loja, às vezes a mulher se desarranja no descuido. — E a bateria? — É o coração e o que vem depois. Mostra se tem balanço e ritmo. Se não tem ritmo equilibrado o que vem depois estraga tudo. — Interessante, vou aplicar isso. — Se for para sexo casual está bom, mas se for para casar tem que avaliar mais coisas. O casual não deve evoluir para casamento. Nota dez é outra conversa. — Então continua a conversa, cara. — Tem que ver se o enredo é bom, mulher que não sabe conversar existe de montão. — Verdade. — O namoro é a evolução, se a evolução for ruim é melhor cair fora. — Sem dúvida. Vou aplicar isso na minha vida. — Calma, não acabei. — Não? — A dispersão tranquila é fundamental. Se a escola dispersar mal, estraga tudo, se a gente não pode sair para trabalhar em paz, melhor nem aquecer a bateria. — Perfeito. — Chegamos. A corrida custou vinte reais. — Muito obrigado. Fique com o troco.