LiteraLivre Vl. 5 - nº 26 – Mar./Abr. de 2021
Eni Rivelino Campinas/SP
A tripulação foi recrutada e treinada A tripulação foi recrutada e treinada,
do tanque atingia , açoitava quem da
não teve escolha, obedeceu. Tripulação
tripulação tinha que sempre repor a
numerosa e treinada, arregimentada ,
água com o rodo que raspava o chão
zarpou. Os atrasados ficaram para trás
e voltava para o tanque agitado e era
perdidos
do
novamente expelida em novo tiro
tripular. Já era previsto, contudo. A
sem direção , sempre atingindo o
tripulação numerosa e treinada é uma
alvo que não se esquivava porque
garantia silente. Levou noite e dia e
com o rodo obedecia e arranhava,
outra noite. As sereias capturadas que
machucava
sobreviveram ficaram em isolamento,
sentia, rangia. Quanto tempo? lua
cada uma em um tanque tamanha fúria
cheia, lua mingua, lua nova, lua
agitava-as. A tripulação teve que se
cresce indiferente ao que ocorria com
recompor e compor novas e muitas
a tripulação e seu chão sob o mar. E
formas para se manter de pé, pois teve
não havia escolha, fique dito, mas
que
foi
havia bússola que apontava o adiante
ensurdecedor passar a noite e o dia e
e o adiante sempre promessa de se
outra noite com os guinchos e gritos e
realizar. Muitas sereias já manchavam
brados das sereias acuadas enfurecidas
a
que não se cansavam em uma ópera de
brilhava raiva. Sob o sol, essa raiva
repúdio, de revolta. A tripulação já não
ofuscava tanto, tanto que a tripulação
enxergava o céu tantos os gritos que
em
espetavam o ar, tantos tremores no
também, mas de dor e impotência
chão com as contorções das sereias que
ante a fúria que a envolvia. Mais
não paravam e machucavam enfurecidas
dança de lua e sol, mais fúria das
com suas caudas – e a cada vez, a
sereias capturadas, mais obediência
madeira do chão sentia, rangia. A água
da tripulação sem escolha que só
do
antes
sobreviver
e
e
impedidos
continuar.
E
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madeira
vão
também
com
cobria
seu
os
o
chão
sangue
olhos,
que
que
gritava