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Luciano Leite de Castro
Luciano Leite de Castro Uberlândia/MG Eu n ão f al o ‘ ’ e u te a m o’ ’ e m b r i a ga do
Eu não falo ‘’eu te amo’’ embriagado. Não mais. Já falei. Hoje é diferente. Não que não haja beleza em dizer desse modo. Inclusive vejo beleza na embriaguez apaixonada. A questão não é essa. É que, por aqui, “eu te amo” deixou de exigir estado prévio. A coragem em dizer não me cobra mais, alguma sequer, falta de lucidez. É aí que mora o xis da questão. Um dia eu li, num relato sobre paternidade, que dizer ‘’eu te amo’’ não tem nada a ver com reciprocidade. Pelo menos não deveria. Isso porque, em seu texto, o autor relata que sempre dizia “eu te amo” para seu filho na esperança de receber de volta. Não recebia. E isso doeu mais quando seu filho, numa ligação por telefone com a mãe, disse na despedida: “também te amo, mamãe”. Aquilo doeu pro pai e até eu, que não sou, pelo texto senti. Ele diz que amar exige coragem, principalmente pelo risco do sentimento ir e não voltar. Pra ser sincero, esse foi um dos textos mais lindos que já li. Faço-o sempre que posso. Sou do time dos sensíveis, e textos assim fazem os sentidores permanecerem vivos. E então, inspirado no texto e em todo sentimento vivido, eu disse “eu te amo”. Subitamente. Alto, forte e convicto. Sem me preocupar se voltaria. Não importava. Não naquele instante. Eu já disse antes e ainda vou dizer alguns. Todos em circunstâncias diferentes. Mas acho que nunca estive tão sóbrio como naquele momento. Não sei se há mais valor, mas pra um boêmio, estar sóbrio num momento tão importante deveria ser considerado um ato revolucionário. Tomara que, pelo menos em algumas das próximas vezes, eu esteja bêbado junto com você. Mas, lembre-se, a primeira vez eu estava sóbrio.
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