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José Manuel Neves
José Manuel Neves Almada/Portugal
Cantigas de portugueses
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Nos dias do tempo passado, Nasceram para ser tocadas, Por ilustres foram cantadas, Para o rei deste condado. Senhor por todos venerado. Entre damas e burgueses, O trovador de modos corteses, Canta versos sem saber, Que ali estavam a nascer, Cantigas de portugueses.
Cantigas que o mar levou Nas quilhas das caravelas.
E o vento enfunando as velas, Por todo o mundo as espalhou E a todos o seu cantar ensinou. Muitos as aprenderam a cantar, Antes de aprenderem a falar, A língua dos versos cantados. A melodia leva-os embalados, São como barcos no mar. Ao cantar essas cantigas, Ensina a quem escutar, Que o que se está a cantar, São falas muito antigas, Que encantaram fidalgas. A música fala com a letra, Mesmo sem ter orquestra. São estas as tais canções, Que nascendo nos corações, Vão de uma alma para a outra.
Cantigas que o marinheiro cantou Enquanto vigiava as marés cheias, Foram aprendidas pelas sereias. O vento, esse cantar espalhou E outros marinheiros encantou, Levando-os no seu navegar, A esquecer as Procelas do mar. O do leme, ao ouvir, se distraía E da rota do navio se esquecia, Com riscos de naufragar. Mote: “Cantigas de portugueses São como barcos no mar Vão de uma alma para a outra Com riscos de naufragar Fernando Pessoa”
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