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Pedro O
Pedro O Braga, Portugal
O silêncio das dúvidas
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Quero dizer-me, mas às vezes não sei. Os lembretes que me deixo espalhados pelas dobras da noite são reparos, notas e ilusões de mim para mim. São ensaios repetitivos para tentar sentir-me menos perdido por um dia. Contudo revelam-se inutilidades que morrem pela manhã, que morrem quando a geometria da luz surge entre os pedaços das memórias que varrem a ilusão e o optimismo, que morrem quando as verdades do dia entram em mim até pela respiração, e quando sem dó a dor da realidade me viola até ao âmago. Depois as circunstâncias rotineiras que me recuso ser tiram-me a voz, quero dizer-me, mas à luz do dia não sei. Nem tão pouco sei saber-me. Com sorte só saberei sobreviver-me pelo tempo de mais um dia.
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