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Luís Amorim
Luís Amorim
Oeiras, Portugal
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O par festivo
Eles continuam em par na sua festa, bastando ler os diálogos junto às ilustrações, bebendo na vontade mais esfuziante que se possa imaginar enquanto nós, bem juntos feito príncipe e musa de inspiração até para o que se vê, observamos tudo na maior proximidade que nos é permitida. Eles bebem vinho tinto, o nosso é branco, o que nos protege de criativas em demasia observações, apesar de saber eu que aquele vistoso festim estará prestes a terminar. No entanto, ambos lamentamos que assim possa suceder, quase como estarmos na assistência de espectáculo onde noção exacta ao mau desfecho seja bem conhecida e nada se consiga fazer para mudar esse rumo dos acontecimentos. Parece que estamos de mãos atadas, quase obrigados por alguma força para além de nós, a ver sem poder intervir, quando a festa prossegue e nem pensar diferente eles estenderão no prolongar de festejos que poderiam antecipar o que bem sei, ainda que não partilhado. Os jogos continuam e com brincadeiras regadas é que não desandamos mesmo, tendo mais copos para serem cheios e saboreados ao som que só não ouvimos porque sempre tocamos nos vidros fechados. Mas como temos as ilustrações, percebemos na íntegra tudo o que acontece, lendo ainda os diálogos, quando já não sou apenas eu a deduzir pela conclusão no breve da festa, demasiado animada no tinto que até sentiria este muita estranheza se visse a nossa cor. Nada por falta, temos presentes connosco a partilhar e relembramos passado enquanto aquele par já antevê o futuro que aí virá, o tal que eu já antecipei no antes do primeiro copo. Faz-me pensar que se eles soubessem tanto como eu, teriam no certo agido por opção diferente, responsabilizando-se e muito a si próprios e entendendo o meu ponto de vista. E pela altura que dista, até me parece que sim, quando observados somos agora o par festivo, com tilintado branco vinho, na partilha também do entender tudo, quando musa já não dá atenção pelas ilustrações nem por nulos diálogos pois a festa deles acabou para dar lugar à nossa, remetendo por iniciativa oportuna, ao passado deles, o nosso maior presente.
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