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Luisa Cisterna

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Luisa Cisterna

Canadá

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Onde está você, menino?

Onde está você, menino, que vive dentro de mim? Saia daí e venha brincar comigo, me trazer a singela alegria de infância. Quero correr por aí na chuva, chutando as poças enlameadas da rua de chão. Não tem problema se a unha levantar, se o pé machucar, quero mesmo correr e correr, dando gargalhadas, olhando para as nuvens carregadas, com a língua para fora pegando as gotas no ar. Vem comigo, meu menino, sai daí do coração para ver os passarinhos saltar de galho em galho, cantando essas cantigas do rouxinol. Na beira do riacho, vamos jogar pedrinhas nas marolas e espirrar gotículas no ar para fazer pequenos arco-íris. Quero só ver essas cores para lembrar que nem tudo é preto e branco. Menino, corre e vem fazer um jogo-da-velha no chão. Pega aquele galho seco e faz os riscos; eu sou o círculo e você o X. Quem ganhar sobe árvore primeiro para pegar a melhor manga e se o vizinho sair atrás de nós, corremos feito loucos e pulamos na lagoa. Vem logo, vamos andar de bicicleta. Não tem problema se ela não tem freio; a gente arrasta o pé no chão. Se você cair, te dou a mão. Levanta de novo e vamos descer a ladeira com o vento secando o suor do rosto vermelho. Ô, menino, olha lá o trem passando. Vamos sentar na pedra e contar os vagões. Um, dois, tantos, tantos. Para onde o trem vai? Para algum lugar distante, encantado. Que felicidade, menino, quando estou com você! Minha vida é muito complicada e preciso da sua alegria e amizade para me animar nessa caminhada tão pesada. Sai do seu esconderijo e vem me lembrar quem eu sou.

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