1 minute read

Marco Antonio Rodrigues

Next Article
LiteraAmigos

LiteraAmigos

Marco Antonio Rodrigues

Niterói/RJ

Advertisement

Incessante batalha

A “madrugada” avança, silenciosa e gélida. No horizonte, as fileiras do “dia” se formam iluminadas, prontas para atacar. O céu sangra. A “noite” bate em retirada. Uma sinfonia de sabiás anuncia que o “dia” atacará com sua arma mais poderosa. Catapulta do tempo municiada, disparo feito. Gigantesca bola de fogo lançada no ar. O céu se ilumina. O frio se dissipa. A “noite” se refugia, fica entrincheira no hemisfério oposto. O “dia” reina febril a medida em que a enorme esfera incandescente cruza o céu anil. As horas seguem, um crepúsculo abóbora se forma na linha que costura céu e mar. É hora da “noite” mostrar o seu poder bélico. Trajando majestosa túnica negra ela sombreia um dos pontos cardeais. A medida em que avança, dizima impiedosamente toda e qualquer luminosidade deixada pelo “dia”, que recua. A artilharia pesada que a serve inicia massivo bombardeio com miraculosos morteiros, que lançam seus projeteis para além da estratosfera e deixa o céu salpicado, apinhado de pontinhos brilhosos. A catapulta do tempo se prepara para lança sobre o céu noturno a mítica pérola que influencia marés, que hospeda poderoso santo guerreiro, que transforma homens em feras e que seduz poetas. A rainha “noite” tem impressas em sua gigantesca túnica negra, lua obesa e estrelas sem fim. A “madrugada” segue, avista ao longínquo a “alvorada”, fiel e atenta sentinela do “dia”. Pássaros iniciam gradativa e confusa cantoria. Por detrás das distantes cordilheiras, o “dia” ergue lentamente uma de suas pálpebras…

This article is from: