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Pedro Antônio Lima Pereira
Pedro Antônio Lima Pereira
Guarulhos/São Paulo/SP
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Nono dia de cor
É o nono dia e no oitavo já não estava dando tão certo, o dia se estende e o branco de suas páginas criam cores cada vez mais novas quando as passo mais devagar, como se fosse um disco de cores que girando se formara nesta, mas, consigo enxergar em você o que não existe e sabes que não existirá se não for devagar.
O livro de uma página é a cor mais fria que tem, e vários destes ocupam pessoas aqui, enquanto uns levam por debaixo dos braços e em bolsas, outros carregam nos próprios bolsos, geralmente com a cabeça para baixo e com camisas mais coloridas do que as dos outros. Sempre existirá alguém com uma camisa supercolorida sentando-se do lado de quem carrega bagagens, mostre uma página e os deixem vê-las devagar e se chorar, limpe seus rostos com a sua camisa.
Na praia houve um dia em que estávamos a cor da areia e olhos brilhavam com o reflexo da água mais salgada do mundo, nem que fosse tão difícil de você entender que eu iria chorar lá, me levou ao mar e banhou-se comigo de forma, a entender que até mesmo naquele azul e nós como pontos, ainda via seus pés como marcadores de páginas em meus livros; sentimento de alegria e gratidão pela mulher que de dia sorria e de noite me cobria e sempre por debaixo, nunca escondia uma folha se quer que eu não pudesse descrever a cor, como pecados, ilusões de ótica, como feridas, desenhos de rosas escuras mas.
Hoje sonhei com o branco atravessando uma montanha, só agradeci por serem as neblinas, prontas para salgarem um pouco mais o azul do lado da areia da praia, amanhã será o décimo dia que não fico sem ver seu branco igual ao céu, não me sinto mais marcado.
@adeia.lima