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Rosangela Maluf

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LiteraAmigos

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Rosangela Maluf

Belo Horizonte/MG

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No Aeroporto

Ao descer do avião, tudo parecia estar em silêncio naquele aeroporto tão movimentado. Ninguém falava nada. Não se ouvia nenhuma palavra. Nenhum ruído, nenhum som. Silêncio completo. Entretanto seu coração fazia barulho, batia forte. Um tum-tum-tum intenso. Respirava fundo tentando não demonstrar a imensa ansiedade que lhe consumia. Andava calmamente tentando disfarçar o tremor das pernas. Trocou de mão a pequena valise que carregava. Passou a bolsa para o outro ombro. Olhou o relógio, o voo chegara no horário. Suspiro. O caminho até a saída nunca lhe parecera tão longo. O silêncio absoluto continuava. Respiração profunda. E o frio na barriga, nas mãos, nos pés? E o coração continuava a bater, menos acelerado, mas ainda barulhento. Era o único som que ela ouvia. A porta se abriu e ansiosamente ela buscou com o olhar as pessoas que aguardavam do lado de fora. Não estava em frente à saída. Caminhou mais um pouco e pode então olhar dos dois lados. Sim, perto de uma pilastra, lá estava ele. Esperando por ela conforme o amplamente esperado. E combinado, e acertado. Havia sido um planejamento de meses. A folga no trabalho, a emenda daquele final de semana com o feriado, possível aos dois. A família de cada um. O comunicado aos filhos. Tudo precisava coincidir para que, finalmente, o encontro se desse. Afinal, era o primeiro e quem sabe o início de uma série de outros? Bem que podia ser, pensou. Ela se sentiu num filme. Andava em câmera lenta. Muito lenta. Ele a viu. Acenou. E também em câmera lenta veio em sua direção. O estranho e total silêncio continuava. Nenhum som. Estranho. Foram se aproximando. Os dois esboçaram um tímido sorriso. Tudo que viam era novidade. A altura, o cabelo, ainda mollhado, os olhos, a roupa, a boca e o sorriso que passo a passo se abria um pouco mais. Cada um sorrindo o mais feliz dos sorrisos. Ele abriu os braços e ela mergulhou naquele abraço quente. Fechou os olhos e, como se já houvesse sido

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combinado contaram: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito. Separaram-se. De novo, um abraço. Contagem até oito, já que nenhum bom abraço deve durar menos que oito segundos. Nenhum dos dois disse palavra! Aquele calor tão imaginado. Os cheiros. Os sorrisos. Os abraços tão demorados. Um beijo. Lento, bem lento. Molhado. Uma troca de sentimento até então, apenas sonhado. As mãos subindo pela nuca, também em câmera lenta. Pausa. Mais um abraço, apertado. Outros olhares. Outros beijos. Mãos que acariciavam o rosto e, com carinho retiravam mechas do cabelo que lhe cobriam o rosto. Os cheiros além dos perfumes. O respirar de cada um. O hálito adocicado. Outro abraço que não queria ter fim. Outro beijo nem tão suave. Apertos significativos. Respirações junto ao ouvido. Outros pequenos e suaves beijos. Outra pausa. Um abraço lento e demorado. Olhares que falavam por si. Ah, nenhuma palavra se fazia necessária. E assim, entrelaçados seguiram em direção ao estacionamento.

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