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Mario Gayer do Amaral

Mario Gayer do Amaral Pelotas/RS

Albert

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Já fazia algum tempo desde que saí do Oriente Médio em busca de um norte para minha vida e mesmo com minhas 1000 peças de ouro na bagagem não consegui arranjar ainda um ofício importante.

Não tinha nenhuma vocação pra burocrata apesar do mestre Zaid Al-Rifai ter me encarregado de ser uma espécie de ministro do Tesouro.

Sempre fui um guerreiro e o campo de batalha era minha razão de viver. Felizmente meu mestre entendeu isso e me incentivou a procurar um novo caminho sempre respeitando o valor da palavra dada.

Vagando pela Europa de país a país passando por abismos e florestas, por estradas de terra e de pedra vinda de uma antiga civilização bastante avançada nesse tipo de coisa, a romana. Nas cidades que passei, conseguia algumas vezes um serviço razoável como escoltar um nobre do Sacro Império Romano-Germânico que levava um carregamento de moedas para a Igreja.

Mesmo sendo eu um muçulmano, cumpri o trabalho a contento e ganhei um bom dinheiro.

Fui ainda caçador de recompensas por um tempo antes de ser aceito na guilda de mercenários graças a minhas habilidades em combate e também em relatos de cada missão feita seja matando bandidos ou soldados.

Ali conheci um grande homem. Um guerreiro tão hábil na espada como eu e um semblante bastante alegre no rosto.

Seu nome era Albert Walker. Não sabia muito sobre seu passado e alguns diziam que vinha da Bretanha, outros que era oriundo da Escandinávia devido a sua barba e seu tamanho avantajado de viking.

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Apertamos as mãos e ele começou a contar histórias sobre seus feitos guerreiros na Europa bem como seus reveses em algumas de suas missões.

Apresentou-me Katherine, sua espada preferida. Pode-se dizer que tinha uma relação de amor e ódio com ela usando-a para acabar com seus oponentes e por vezes, tendo o azar de não conseguir tirá-la da bainha no meio de uma parede de escudos.

Mas lembro-me dele de uma noite em que celebrávamos o sucesso da nossa missão numa taberna de Sussex.

Tínhamos voltado de uma missão bem-sucedida de repelir um ataque dos dinamarqueses na cidade. O rei nos pagou aos borbotões e meu bom amigo usou parte do dinheiro pra uma boa comida e cerveja a vontade.

E é claro, dar sua costumeira cantada nas atraentes empregadas do estabelecimento.

Durante a celebração, um daqueles mercenários me encarava de forma hostil e foi a minha mesa procurar encrenca.

Pra minha surpresa, aquele mercenário era cristão e lutou contra mim numa das batalhas que travei no Oriente Médio.

Ali a raiva era contundente. Soquei-o no rosto e ele me deu um pontapé na barriga. Então o caos começou na taberna.

Fui cercado pelos seus amigos e levei uma surra daquelas. Socos de um, pontapés de outro e o terceiro me acertou com uma garrafa na nuca me deixando zonzo.

Estava perto de morrer até Albert intervir na briga. Sacou sua amada Katherine e fez jus a sua fama de guerreiro sanguinário.

Cortou a cabeça do primeiro, abriu a barriga do segundo e trespassou o peito do terceiro mercenário não sem antes cortar uma das mãos.

Dava gosto de vê-lo lutar. Seus movimentos eram tão ágeis que parecia como se estivesse dançando com uma mulher atraente.

E terminou atravessando a virilha daquele cristão que me provocou deixando-o estrebuchar até a morte.

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Assim que a luta acabou, ele ajudou-me a levantar e saímos da taberna antes que os guardas chegassem.

No entanto, a briga custou caro. Albert e eu acabamos expulsos da guilda e peregrinamos por diversos lugares tendo a sorte de fazer alguns trabalhos como matar alguns bandidos em uma cidade ali ou proteger a princesa de um pequeno reino acolá das mãos de assassinos.

Conseguíamos um bom dinheiro e como agradecimento por ter salvo minha vida, dei a Albert algumas tâmaras que trouxe do Oriente Médio.

É um bom sujeito, mas adorava uma briga como ninguém e mais do que isso, era um sedutor incorrigível que não dispensava sua cantada com qualquer mulher que cruzava nosso caminho e isso nos causava muitos problemas.

Numa dessas, uma ladra havia roubado todos os nossos pertences e não nos deixou alternativa a não ser ir atrás dela.

Depois de muito vagar, a encontramos em um vilarejo quase sendo linchada pela multidão devido a suas peripécias anteriores.

Lá fomos Albert e eu salvá-la da turba enfurecida e ela como agradecimento, entregou nossos pertences.

Se identificou como Cassandra e vi um clima pintando entre os dois. Meu amigo não tinha jeito mesmo.

Foi interrompido esse clima com a chegada de outras duas mulheres que se identificaram como a maga meia-elfa Myrymia e a sacerdotisa Corinna.

E naquele momento, nosso grupo se formou como uma autêntica família.

Mal sabíamos nós que nossa primeira missão seria uma das mais difíceis de todas, que era derrotar um monstro que aterrorizava o vilarejo.

O horror encarnado.

E a partir daí, nossos nomes seriam contados e cantados pelo povo humilde a cada feito que faríamos.

Tudo isso graças aquela noite na taberna onde fui salvo pelo meu melhor amigo.

Albert Walker.

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