1 minute read
Sandra Modesto
Sandra Modesto Ituiutaba/MG
Angústia
Advertisement
Gostava da calmaria antes de tudo se perder Do gesto suave às vezes sem hora marcada Sem medo Mesmo olhando o luar sobre nossas cabeças encostadas e ofegantes de amor Gostava quando o silêncio não era o fim E nessa vida repentina, choro, velas, insônias. Nem o café é doce Nem o cheiro é vivo A gente cruza o passado e o agora Entende que o coração abandona o barco Sem leme, sem poemas bonitos. O peito abafado A brutalidade dos dias O ano catando a cantoria perdida, naquela emoção de que tudo vai diminuir. Afinal, são mais de três anos tramados para o país acabar. Desde o fatídico janeiro de dois mil e dezenove. Houve momentos de desespero, choros, exaustão. Onde foi que nos perdemos e porque perdemos tanto? A angústia de cada dia A angústia virando a doença emocional nessa dança brasileira de lutar contra o tempo Nos arranjos e perrengues, lágrimas melando o rosto enrugado ainda que essa ruga não seja protagonista. Mas é uma ruga, é uma coluna em desvio no meio do cais sem rumo.
175
É uma mãe desesperada procurando comida pra dar aos filhos, osso, restos de dias sem aconchegos, abafam palavras. Quando as mudanças climáticas eram apenas diversão resenhada em abraços e sorrisos Na imensidão de tantas memórias, desenho angústias, nessas travessias transtornadas e bêbadas. Sem escapatória, alguém faz terapia. Alguém não tem o que contar para quem contar. Dói o peito, dilacera uma dança da mísera poesia. Eu reescrevo uma ilusão. Enfim, se eu não catar minha força perante o abismo existente, deixar meu péssimo gosto de realismo não vai dar. E ninguém notará o meu vestido vermelho. A esperança vem chegando, a esperteza dos abraços se abarcam e todos os espaços angustiados, serão aos poucos, batidas esperançadas. O amor vencerá. Com pegadas de abraços e beijos numa manhã qualquer.
https://www.facebook.com/sandraluciamodesto.modesto