LiteraLivre Vl. 6 - nº 34 – Jul./Ago. de 2022
Sandra Modesto Ituiutaba/MG
Angústia Gostava da calmaria antes de tudo se perder Do gesto suave às vezes sem hora marcada Sem medo Mesmo olhando o luar sobre nossas cabeças encostadas e ofegantes de amor Gostava quando o silêncio não era o fim E nessa vida repentina, choro, velas, insônias. Nem o café é doce Nem o cheiro é vivo A gente cruza o passado e o agora Entende que o coração abandona o barco Sem leme, sem poemas bonitos. O peito abafado A brutalidade dos dias O ano catando a cantoria perdida, naquela emoção de que tudo vai diminuir. Afinal, são mais de três anos tramados para o país acabar. Desde o fatídico janeiro de dois mil e dezenove. Houve momentos de desespero, choros, exaustão. Onde foi que nos perdemos e porque perdemos tanto? A angústia de cada dia A angústia virando a doença emocional nessa dança brasileira de lutar contra o tempo Nos arranjos e perrengues, lágrimas melando o rosto enrugado ainda que essa ruga não seja protagonista. Mas é uma ruga, é uma coluna em desvio no meio do cais sem rumo.
175