Revista
5ª Edição - Fev/Mar 2015
Carlos Abranches
“Tudo que a tecnologia trouxer para beneficiar a leitura de uma obra é interessante.”
Ozires Silva
Para onde vai a humanidade?
Christina Hernandes
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
O papel dos pais na educação dos filhos
Práticas Educativas e Saúde Preguiçoso por natureza, o cérebro precisa de estímulos
Editorial Prezado leitor,
É, assim a vida é! Não podemos permitir de forma alguma que a tecnologia substitua o “olho no olho”. Tecnologia sim. A tecnologia é necessária. Sim, precisamos evoluir. Mas que possamos sempre tomar o devido cuidado, para que realmente não nos tornemos escravos de todo tipo de meio tecnológico. Não podemos permitir que os meios comuns e simples se tornem passado. É preciso manter presente a leitura em livro impresso no café da esquina ou no banco da praça, que nos presenteia com uma brisa. A literatura em meios tecnológicos é sedutora, mas a sedução se permeia no que sempre foi essencial e não pode ser perdido: os meios puros, saudáveis e simples. Eles sempre serão muito bemvindos. Desejo uma ótima leitura a todos.
Lançamos a primeira edição de 2015 com imensa alegria e com o sentimento positivo de que nosso trabalho continua atendendo ao objetivo de divulgar a literatura e receber ideias, sugestões e comentários,não só de nossos entrevistados e colunistas mas também de nossos amigos leitores. Receber elogios significa que fazemos o melhor e seguimos no melhor caminho. Receber críticas significa o desafio para que, com ajustes, sejamos melhores. E o melhor para nós é aquilo que é melhor para o nosso leitor. Sem leitor, sem sugestões, sem elogios e, principalmente, sem críticas não existiria esse meio de comunicação que veio para agregar boas novas e forças a nossas vidas. Sim! Reflito e penso: “forças a nossas vidas”, pois Patricia Borges a literatura faz parte total de nosso dia a dia, desde o despertar da manhã até o final de nosso expediente. As prosas, os contos, as histórias, as crônicas surgem de quê? Surgem de um bom-dia no elevador ou no seu Editora e jornalista responsável: Patricia Borges trabalho, de um rápido bate-papo com o porteiro MTB: 59.846-SP. Diagramação e editoração: Alexei do seu condomínio, com o encontro de uma velha Augustin Woelz. Assistente editorial: Laís Cristine de amiga, com o presenciar de uma briguinha de na- Sousa. Colunistas: Ozires Silva, Christina Hernandes. morados ou com a tempestade que está para cair. Colaboradores:Publish News.Tiragem: 5.000 exemEnfim, tudo na vida pode ser transformar numa plares. Impressão: CopCentro. Distribuidor: Omar Lanziloti. Distribuição Gratuita: São José dos Campos, crônica, história ou num conto. Jacarei, Caçapava, Taubaté, São Luiz do Paraitinga, LoTudo a nossa volta não somente pode virar histó- rena, Cruzeiro, Moreira César, Aparecida, Pindamonria como é pura história. Um segundo atrás virou hangaba e Roseira e Livrarias MaxSigma. Contato:Tel: (12) 3302-1533 / 9-8115-7506 passado, e o futuro agora é desacelerar. revistaliteraturaecia@gmail.com Como aponta o coronel Ozires Silva em sua coluna:“ “não podemos deixar de considerar o quanto um bom papo pode ajudar a todos nós a vivermos Apoio Cultural Realização: melhor e em convívio com o mundo que nos cerca.”
Expediente
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Mercado editorial Alta do dólar já impacta atividades artísticas O Globo - 08/03/2015 - André Miranda
Índice pode reduzir tamanho de exposições, limitar obras lançadas no país e levar a aumento nos preços dos ingressos
No ano passado, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) teve que enfrentar um aumento grande dos preços de infraestrutura para eventos. Neste ano, além de uma nova pressão na inflação que a alta do dólar provoca, os preços das passagens vão aumentar o custo do evento. Além do impacto na realização de eventos, o câmbio também já começa a repercutir junto a quem trabalha com filmes e livros no Brasil. A primeira dificuldade é o encarecimento na compra de direitos de obras estrangeiras. O mercado literário já vem tratando do assunto, e as discussões devem se intensificar no Salão do Livro de Paris, entre 20 e 23 de março, e na Feira do Livro de Londres, entre 14 e 16 de abril, eventos que reúnem editores e agentes para negociar títulos. “Imagina um adiantamento de US$ 50 mil pelo direito de um livro. Antes, isso equivalia a R$ 100 mil, agora equivale a R$ 150 mil”, diz Jorge Oakim, publisher da Instrínseca. “Não vamos deixar de apostar num projeto bom por causa do dólar, mas vamos tentar mostrar aos agentes que não dá para pagar o que pagávamos antes”.
Eventos
Carlos Abranches Carlos Abranches é formado em jornalismo e música. Especializou-se em Administração, e fez mestrado em Filosofia da Educação na PUC do Rio de Janeiro. Trabalhou com o jornal impresso, teve uma coluna diária no Jornal Regional de Juiz de Fora-MG, cidade qual ele nasceu e também se formou. Chegou em São José dos Campos em fevereiro de 1995 quando iniciou seu trabalho como apresentador de jornalismo noticiário. Abranches se destaca no Vale do Paraíba não somente pelo seu jornalismo diário na TV VANGUARDA, mas pelo seu carisma e sensibilidade com a artes envolvendo música, poesia e literatura. O jornalista não somente ama o que faz, mas tem paixão na literatura e cultura da região. Um escritor que busca sentido em suas escritas através de suas observações, ideias e poesias. Uma pessoa cativante que se destaca pela sua simplicidade. Um jornalista que através do Programa Vanguarda Comunidade apresenta os escritores da região levando para o seu jornalismo informação e conhecimento a população. Um jornalista que informa, mas que principalmente tem amor na escrita e muita curiosidade na vida.
Literatura & Cia – Os grandes autores do mercado editorial, incluindo principalmente os escritores imortais, tem o seu destaque na educação. Você acredita que a literatura regional pode fazer a diferença na educação ou em atividades extracurriculares como colégios, universidades particulares e o ensino público? Carlos Abranches - Sem dúvida. Para isso, é preciso que os educadores conheçam essas obras e as apresentem a seus educandos. Particularmente, tive a oportunidade de viver isso com meu último livro de poesias – “A Casa que mora em Mim”. Um grupo de professores da Escola Estadual Rui Dória, de São José dos Campos, trabalhou a temática da obra com um grupo de alunos e os instigou a escrever seus próprios poemas. O resultado foi a edição, no fim de 2014, de mais um livro – “Palavras que moram em nós”, totalmente escrito pelos estudantes com idade entre 10 e 17 anos. Os efeitos benéficos dessa prática estão sendo vividos até hoje.
L&C – Como você analisa o trabalho e o valor de um autor regional perante o poder público e a
sociedade?
Carlos Abranches - O valor é universal. Um bom escritor será reconhecido como tal na linha permanente do tempo histórico de que faz parte. As sociedades humanas são transitórias e passam, mas uma obra profunda e tocante permanece incorporada ao patrimônio comum da sabedoria humana, que é imortal.
L&C – Como filósofo, como pontua a substituição dos livros impressos pelos ebooks, enfim, todo o tipo de leitura através de equipamentos de alta tecnologia?
Carlos Abranches - Tudo que a tecnologia trouxer para beneficiar a leitura de uma obra é interessante. Mas sinto que será difícil substituir o papel, o contato físico com a mensagem direta, proposta pelo autor. Não sinto que haverá substituição, mas adaptação da tecnologia ao movimento coletivo da busca pela leitura. Um bom livro tem a força de sacudir as acomodações já perceptíveis das formas de comunicação das redes sociais. Assim como uma rede social não é forte o suficiente para fazer uma sociedade (faz, no máximo, comunidades de contato). Um livro eletrônico não tem cheiro e não substituirá jamais a necessidade do
alunos. Quando eles se sentirem efetivamente provocados a falar do que entendem da vida e de si mesmos, a combinação internet&estudante será bem melhor explorada.
toque, do chamego da mão ao passar a folha, do charme da página impressa, a provocar o leitor, mesmo guardada entre outros livros, na estante.
L&C – Como analisa o uso da internet para estudantes em formação escolar e universitários? Qual a sua observação positiva e negativa?
Carlos Abranches - Como afirmei na resposta anterior, a internet também tem limites. Ela não substitui a necessidade de negociação, quando a ferramenta principal do contato é o olhar e o “tête-à-tête”. Não dá pra substituir uma emoção por um “emoticon”. A geração do “ctrl c/ ctrl v” envelheceu usando as reflexões alheias como se fossem suas. Isso obrigou os educadores a desenvolverem ferramentas de filtragem dos plágios intelectuais, para redescobrir a real produção de seus
L&C – Nosso colunista coronel Ozires Silva, líder, engenheiro aeronáutico e Ex-presidente da Embraer” insiste e persiste” no tema: Empreendedorismo. Qual a sua análise sobre o empreendedorismo ligado à educação e a discussão ou abordagem do tema nas escolas e universidades?
Carlos Abranches - Se Ozires Silva insiste nesse tema, é porque o assunto é bom. Diria até mais, é essencial. Quem não carrega dentro de si o foco empreendedor, enfrentará dificuldades tremendas para cumprir
sua missão na vida. As escolas e universidades deveriam ter em todas as disciplinas um conjunto de reflexões que propiciassem o despertamento da criatividade e da originalidade do estudante, pilares essenciais do empreendedorismo. Ainda bem que temos um mestre como Ozires Silva para nos lembrar disso, toda vez que é questionado.
L&C – Como jornalista integrado nas informações, na sociedade e atualidade, qual a sua contribuição, conselho para os nossos leitores a buscar o entusiasmo pela leitura e a ser curioso com os livros e escritores?
Carlos Abranches - A comuni-
cação me despertou desafios permanentes. O principal deles é melhorar a cada dia minha comunicabilidade com as pessoas. Uma vida melhor é a que me desafia a aprimorar permanentemente minha capacidade de me fazer entendido. Um bom livro é aquele que passa a fazer parte de minhas reflexões. Às vezes basta uma frase, ou uma ideia, para que uma obra mude minha forma de ver e de sentir as coisas. Fica mais fácil se interessar por um bom livro se a gente for alguém interessante. E para ser interessante é legal gostar de literatura, de poesia, de música e de estar com pessoas. Gostar de gostar do que é bom, que nos empurre para o alto, para enluarar a nossa e a vida de quem nos rodeia e nos habita.
Práticas Educativas e Saúde
Preguiçoso por natureza, o cérebro precisa de estímulos
A neurociência já comprovou a capacidade que o cérebro tem de se modificar, aumentando suas capacidades de aprendizagem, memorização e raciocínio
Assim como o coração, o cérebro precisa de cuidados permanentes. Responsável por todas as atividades que desempenhamos no dia a dia, este é o órgão mais fascinante do corpo humano. Preguiçoso por natureza, o cérebro deve ser estimulado para potencializar sua capacidade de manter atenção, memória, raciocinar e até se relacionar. Por estas e outras razões, cientistas e educadores têm se dedicado tanto a estudar o assunto. Este ano, por exemplo, Estados Unidos e Europa anunciaram projetos bilionários para mapear o cérebro e entender exatamente como ele funciona. Nas últimas décadas, no entanto, inúmeras pesquisas já mostraram que exercitar o cérebro é uma forma eficaz de manter e potencializar suas habilidades. A neurociência comprovou a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade que o cérebro tem de se modificar, criando novos neurônios e restabelecendo conexões neurais através de estímulos adequados. Além disso, alguns estudos revelaram que o cérebro humano tende a iniciar a perda de suas capacidades aos 35 anos de idade, o que pode ser evitado com exercícios para o cérebro. A ginástica cerebral, como é conhecida no Brasil, traz benefícios de cur-
to prazo como ganho de performance e superação de dificuldades como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e sequelas de AVE (Acidente Vascular Encefálico), além de benefícios de longo prazo, ligados à saúde e à qualidade de vida. Ela pode prevenir o declínio mental e o desenvolvimento de doenças degenerativas do cérebro. Em alguns casos, a ginástica cerebral pode retardar em até cinco anos o surgimento de sintomas de Alzheimer. Todas as vezes que estimulamos nosso cérebro com novidades, variedade e grau de dificuldade crescente, ativamos diferentes redes neurais e a produção de neurotrofinas (dopamina, adrenalina, noradrenalina, endorfina e etc.) que aumentam a quantidade e a qualidade das sinapses (conexão entre os neurônios), melhorando sua capacidade de processamento e a reserva cognitiva do cérebro. É por isso que crianças com dificuldades na escola, adultos que querem ganhar agilidade para resolver problemas do dia a dia, e idosos que desejam se manter ativos pelo resto da vida têm procurado cada vez mais praticar ginástica cerebral, atividades que tiram o cérebro da zona de conforto. Letícia Maciel
Ozires Silva -Educação e Empreendedorismo Para onde vai a humanidade? Chegamos ao dia em que Albert Einstein, o celebrado físico alemão do século passado, temia, quando dizia: “Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então, o mundo terá uma geração de idiotas”. Referia-se ao que hoje, em quase todos os lugares aonde vamos, vemos alguém ao computador ou num celular concentrado. Poderia estar conversando com amigos ou com a família, mas não o faz. Ao contrário, está afastado, usando as tecnologias para se comunicar muito mais do que conversar pessoalmente. A interatividade entre pessoas é como o ser humano realmente aprende. Entretanto, se as tecnologias ultrapassarem a nossa interatividade é possível acontecer o que disse Einstein. Observando nosso comportamento atual e vendo sobretudo nossos jovens não simplesmente usando as tecnologias, mas se comportando como delas escravos, devemos concordar com o sábio alemão. Isso posto, como poderíamos educar nossas crianças e jovens, para que escapem desses horizontes obscuros, praticando o bom hábito de conversar, trocar ideias e não dei-
xar de se comunicar com as pessoas pessoalmente? Vivemos em tempos nos quais temos acesso à uma quantidade de informações como nunca imaginamos no passado. Não se coloca aqui a discussão de que isto não poderia ter ocorrido. Ao contrário, caberia até erigir um monumento à inteligência humana que, com muitos esforços de uma multidão de sábios e inovadores corajosos, trouxeram-nos as possibilidades que temos na atualidade de estar informado. Ou melhor, sabendo aonde buscar a ou as informações que desejamos. Mas não podemos nos esquecer da premissa básica: temos muito mais a evoluir do que regredir. A sociedade contemporânea caracteriza-se pela globalização. As informações e a velocidade com a qual elas atingem a sociedade espantam qualquer um que tenha vivido em poucas décadas de um passado recente. Em razão da tecnologia e também das facilidades que ela traz, os receptores dessas informações transformam-se e ficam cada vez mais exigentes, em todos os sentidos. Mesmo antes do fenômeno da Tecnologia da Informação, o mundo já
“
Vivemos em tempos nos quais temos acesso à uma quantidade de informações como nunca imaginamos no passado.
”
caminhava para a especialização. As profissões ganharam novos rumos e novas perspectivas. Os cursos que antes eram genéricos, como engenharia, direito e medicina, tornaram-se insuficientes e foram ganhando afluentes. Se antes os clínicos gerais da engenharia mecânica e do direito davam conta da demanda profissional, com o passar dos anos e com a evolução da sociedade, exigiu-se que os profissionais se tornassem especialistas, criando ramos e abrindo possibilidades. Hoje, especialistas, mestres e doutores são essenciais para o desenvolvimento veloz da sociedade e são exigidos em todas as partes. Apesar dos malefícios gerados, a especialização na sociedade do conhecimento traz
benefícios sensíveis. A criação de novos empregos, o aprofundamento do saber e a qualidade dos produtos e dos serviços faz com que a sociedade evolua ainda mais. Assim, apesar do ser humano, na sua individualidade, não estar ampliando o seu modo de conhecer, parece estar enfrentando um processo de, como podemos rotular, de se reduzir às especializações. Ou seja, a sociedade, como um todo, mergulha numa ampliação profunda do conhecimento, trazendo isto para o cotidiano, do mais trivial ao mais complexo. Em outras palavras, aquilo que era resolvido por uma pessoa, agora passa a exigir equipes, cada vez mais diversificadas e difíceis de serem gerenciadas. A importância de estudar o comportamento de uma sociedade–no caso, no âmbito digital–, é que dessa maneira podemos compreender e estudar sua evolução e anseios para o futuro. Há a liberdade de se discutir diversos assuntos e encontrar outros pontos de vista e informações sobre abordagens específicas. Com as facilidades para uma interligação maciça, via tecnologia, todavia não podemos deixar de considerar o quanto um bom papo pode ajudar a todos nós a vivermos melhor e em convívio com o mundo que nos cerca.
Christina Hernandes - Universo Infantil O papel dos pais na educação dos filhos Vamos conversar de uma maneira muito simples e direta, a respeito do papel dos pais na formação educacional dos filhos e na sua educação formal. Bem, os pais são os primeiros mestres dos filhos, cabe a eles ensinar os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras descobertas, as primeiras brincadeiras, o bem, o mal, o amor, a amizade, a enfrentar o medo, enfim tudo que estes irão levar para vida toda até a velhice. Os pais pertencem a um clã que chamamos de família e ela é a base da vida, o alicerce que irá permitir que o filho possa transitar entre ser uma rocha e ao mesmo tempo ser leve como a mais suave brisa. Através da família de sangue ou não, constituída pelo pai, mãe, avós, irmãos, tios, primos e tantos outros arranjos, seus ancestrais formam a linha do tempo facilmente identificada por qualquer um que tenha conhecido os parentes dos mais distantes aos mais próximos, em razão da aparência adquirida pela hereditariedade ou a convivência. Graças a esse universo geracional que o aprendizado é transmitido, acumulado e passado ao longo da existência fazendo cada um dos filhos do seu jeitinho, porém é absolutamente necessário, fundamental, o exemplo passado que será a marca da educação interiorizada, registrado, por assim dizer, no DNA. Não falar do papel dos pais bio-
lógicos ou do coração na educação dos filhos, penso que sem eles, aqueles perdem a referência, a transmissão do saber da sua história familiar, o pertencimento, ficam soltos na vida sem rumo, sem futuro, sem direção, sem saber ou sem ter o ninho para voltar, como o astronauta perdido no universo após se soltar do cordão umbilical que o prende a espaçonave. Gerar um filho, aguardá-lo por nove meses crescendo no ventre, carregando-o para todos os lados é uma dádiva, o momento do nascimento é de perfeita magia; imaginar que dentro do ventre da mulher vai nascer outro ser que ela vai amar incondicionalmente por toda a sua vida. Educar esse filho, preparar para a vida, torná-lo pessoa de bem e dar-lhe tudo que necessita para sua boa formação moral, ética, cultural, social, política e educacional é outra coisas, isto porque educar é uma das tarefas mais difíceis no seio familiar. É necessário que os pais tenham sensibilidade, grande desapego, intuição aguçada para permitir que a semente germine e se transforme em fruto maduro, responsável e sadio para o enfrentamento solitário de sua vida. No passado o papel de poucos pais privilegiados, na formação educacional dos filhos, consistia em encaminhá-los para escolas da alta elite ou iam estudar em internatos, fora de suas
cidades ou de seu país. Aqueles que ficavam tinham professores particulares que iam dar aulas em casa, das mais diversas matérias, desde o currículo de uma escola de alto padrão até musica e idiomas, normalmente iniciada quando pequenos. Essa realidade era para poucos afortunados, a grande maioria dos filhos não estudava, pois era necessário trabalhar desde muito pequenos para ajudar no sustento da casa. Hoje esse panorama mudou. É “obrigado por lei” que todos os filhos, em idade escolar, estejam matriculados em estabelecimentos de ensino públicos ou privados. Entende-se por idade escolar a idade de uma criança com seis anos de idade, porém, com o advento das mães necessitarem buscar trabalho. A grande parte dos filhos a partir do nascimento já inicia sua jornada, sendo matriculados em berçários, sob a orientação de pessoas especializadas como babás, educadores, nutricionistas e tantos outros profissionais envolvidos nesse processo para sua formação educacional, longe do olhar protetor , atento e encorajador da “Águia” mãe. Como tudo na vida tem seu lado bom e seu lado ruim, os filhos hoje, com estímulos dos mais diversos estão dia-adia desenvolvendo seu intelecto deixando rapidamente a aparência de bebês de lado e se tornando independentes num piscar de olhos. Começam a conviver com seus pais e irmãos poucas horas do dia, chegando a suas casas para o jantar, banho e ir para a cama dormir e levantar cedo no dia seguinte, para recomeçar a jornada da sua formação educacional. Assim como todos os profissionais envolvidos na tarefa de contribuir na formação educacional dos filhos, os pais, apesar do tempo cada vez mais restrito na convivência com seus filhos, são
e precisam ser os verdadeiros cuidadores e vigilantes deste aprendizado, que muitas vezes estendido por um período integral, sob a responsabilidade de profissionais que não pertencem aquele núcleo familiar e desconhecem o desenho de cada teia tecida ao longo de muitas gerações. Não podemos perder de vista, jamais, que esses milhares de compromissos dos pais não os isentam da responsabilidade primária de transmitir o legado da família desde seus ancestrais, na educação e na formação educacional do filho, isto porque são os mandatários dessa tarefa, que lhes dará mesmo inconscientemente o poder de induzir na formação e nas escolhas do filho para a vida toda. Assim sendo é necessário pensar qual o papel de cada um nesse caminhar de educar e formar os filhos. A educação formal é tarefa dos educadores, e tantas outros profissionais envolvidos nesse processo de ensino lhe apresentando uma grande variedade de “ferramentas” iniciando pela alfabetização, chegando ao conhecimento especifico de cada matéria, formadores de opiniões desde a sensibilidade para a cultura, a literatura, a política, se envolvendo na pesquisa científica, conquistando seu refinamento e aprofundamento no desenvolvimento intelectual. Concluo o que muitos já sabem, que os pais, a família serão eternamente os detentores da missão de educar seus filhos para o enfrentamento da vida, incentivando no seu progresso de ensino e se colocando ao lado desses sempre que estiverem desanimados, desmotivados para continuar mostrando desde muito jovens, que a busca por suas escolhas são solitárias e necessitam ser o mais corretas possíveis para que possam passar pelas encruzilhadas incertas e ir ao encontro da estrada que irão transitar.