Projetos de Iluminação:
Hair Studio, Escritório, Loja Estádio, Hotel e Restaurante
A nova cultura brasileira de iluminação
ISSN 1806-0382
ANO XI - Nº 61 ABR/MAI 2013 R$ 20,00
Eventos Internacionais: Glow Festival e Experiencing Light Perfil Escritórios: Alalux
índice Capa Best Western Plus Vivá Porto de Galinhas Ipojuca / PE Projeto Luminotécnico: Regina Coeli Barros e Mohana Barros Foto: Toddy Holland
entrevista Alexandre Neves O essencial trabalho dos laboratórios de iluminação no Brasil
10 capa Hotel no Nordeste Iluminação dinâmica e aconchegante à beira-mar
case 74 Jassa Hair Studio Iluminação cria ambientes harmoniosos e valoriza novo salão
02 editorial 04 cartas 20
acontecendo
26
lançamentos 56
42 prateleira 44
Restaurante japonês Iluminação criativa destaca arquitetura do Kosushi
perfil escritórios
80 biblioteca
evento internacional
90 eventos 92
50
28
Glow Festival e
luz e design em foco
Experiencing Light Eindhoven une arte e ciência
94 holofote Nils Ericson 96
case
case 36
opinião Juliana Iwashita Kawasaki
Loja de lingerie Iluminação focada e formas sinuosas ressalta produtos
iluminação de estádios Fonte Nova Projetores em LED RGB destacam a fachada de arena em Salvador
ponto de vista Iluminação de bens históricos Os benefícios da utilização do sistema DALI
62
case 66 Holding do setor varejista Sofisticação e funcionalidade caracterizam projeto
artigo 18
luz e psicologia Apresentação da nova série de Valmir Perez
A nova cultura brasileira de iluminação A realidade dos lighting designers, sua formação e o projeto luminotécnico
82
6
editorial
Uma década esplêndida
Há exatamente 10 anos, em abril de 2003, nascia a Lume Arquitetura,
primeira publicação nacional especializada no mercado de iluminação. Entregue ao mercado durante o Simpolux, de forma tímida e séria, a revista causou surpresa e satisfação. Uma década depois, com orgulho, podemos dizer de boca cheia que contribuímos, e muito, para a evolução e fortalecimento do setor.
Vimos ao longo desses anos muitas mudanças no âmbito da iluminação,
tanto no Brasil quanto fora dele. Pudemos comprovar a massificação das lâmpadas eletrônicas compactas no mercado nacional; acompanhamos o nascimento e a evolução dos LEDs mundialmente; presenciamos a invenção dos OLEDs – e estamos observando sua evolução ano a ano; vimos a iluminação ser absorvida e elevada a um patamar superior, como instrumento de beleza, como pauta na ciência, como ferramenta na técnica e na eficiência. São tantas as transformações que não caberia citar neste editorial.
No entanto, podemos afirmar que a maior modificação de que fomos
testemunhas oculares (e providenciamos o registro merecido do que vimos) trata da profissão de lighting designer. Os profissionais que projetam luz, atualmente, são muito mais respeitados e têm mais áreas de atuação do que há 10 anos. Neste período, os clientes finais e os próprios arquitetos, engenheiros e incorporadoras começaram a entender quão importante é a luminotecnia. E, ainda que aos poucos, começaram a não mais enxergar este escopo do projeto como secundário.
Muitos cursos especializados em iluminação surgiram. Hoje, jovens
profissionais que saem da faculdade interessados em trabalhar com luminotécnica buscam uma especialização, diferentemente do que acontecia há alguns anos, quando estes profissionais acabavam entrando no mercado por terem estagiado em escritórios de iluminação ou, até mesmo, “por acaso”. Ponto para o mercado.
Temos enorme prazer e satisfação em ver que colaboramos na
Ano XI – no 61 – Abr/Mai 2013 www.lumearquitetura.com.br Editora Maria Clara de Maio MTB 19570 mariaclara@lumearquitetura.com.br Editor-assistente Erlei Gobi MTB 54344 erlei@lumearquitetura.com.br Reportagem Adriano Degra adriano@lumearquitetura.com.br Revisão Izabel Cristina Lourenço Editor de arte Eduardo Garcia Marques da Costa arte@lumearquitetura.com.br Publicidade Nelson Rodrigues nelson@lumearquitetura.com.br Rubens Campo rubens@lumearquitetura.com.br Circulação e assinaturas Katia Pereira katia@lumearquitetura.com.br Marketing Daniela Bessa de Siqueira daniela@lumearquitetura.com.br Projeto gráfico Marcelo Crelier - www.crelier.com.br Colaboram nesta edição: Betina Tschiedel Martau, Juliana Iwashita Kawasaki, Marcos Ivan, Patricia T. M. do Passo, Paulo Oliveira e Valmir Perez. Lume Arquitetura é uma publicação bimestral da De Maio Comunicação e Editora, dirigida a arquitetos, lighting designers, decoradores, engenheiros, construtoras, incorporadoras, órgãos públicos ligados à iluminação urbana e viária, fabricantes e lojistas do setor de iluminação. Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados. Proibida a reprodução parcial ou integral das matérias publicadas sem autorização da Editora.
consolidação deste mercado e desta profissão. Ao publicarmos cases de profissionais que, na época, eram apenas jovens promessas, apostávamos
@lumearquitetura
que teríamos esse imenso orgulho, de vê-los tão bem-sucedidos, titulares de escritórios que vão de vento em popa.
E assim vamos para mais uma etapa. Batendo em algumas mesmas
teclas, até que o som seja melhor. Trazendo mais dúvidas e respostas sobre
‘ Revista Lume Arquitetura
um mesmo tema, mostrando sempre que iluminação é coisa séria. Boa leitura!
2
L U M E ARQUITETURA
De Maio Comunicação e Editora Ltda. Rua Cotoxó, 611 Cj. 11 Pompéia CEP 05021-000 São Paulo SP Tels.: (11) 3801-3497, 3873-3675 e 3872-8411
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cartas mentos; gostei da análise dos fatos e do olhar dele. A Carina Tomazzoni me surpreendeu pro bem, com a síntese que fez sobre a nossa arte de fazer luz. Enfim, como sempre a Lume é uma ótima leitura! Parabéns a todos! Carmine D’Amore Lighting designer São Paulo – SP
EDIÇÃO 60 É muito gratificante iniciar o ano com a publicação do meu artigo em uma revista que é referência na minha profissão. Ficou excelente! Incentiva-me a continuar investindo na qualificação do meu trabalho. Muito obrigada pelos exemplares que recebi. Carina Tomazzoni Lighting designer Caxias do Sul – RS
A revista Lume Arquitetura está à altura de qualquer revista estrangeira. A única diferença é no porte das obras que acontecem lá fora. Tenho certeza que um dia chegaremos lá. Quanto aos profissionais da área, só temos a agradecer a atenção e oportunidade que a editora Maria Clara promove em sua revista. Helio Bottamedi Lighting designer São Carlos – SP
Amigos da Lume Arquitetura, o meu sincero agradecimento pelo espaço tão nobre que me reservaram – certamente é de muita visibilidade; adorei! Vou cruzar os dedos para a “inveja” não pegar (risos). Obrigada por me levarem até “Alfa Centauro”! Um forte abraço. Márcia Chamixaes Lighting designer Recife – PE A respeito da edição 60 da Lume Arquitetura, a matéria do amigo querido Valmir Perez é uma pequena bomba para a reflexão sobre os nossos comporta4
L U M E ARQUITETURA
Quero agradecer pela bela reportagem e pelo envio dos dois exemplares. Muito obrigada! Beth Leite Lighting designer Brasília – DF
Recebi os exemplares da revista com a matéria do Mineirão. Ficou ótima! Parabéns e obrigado!!! Boulanger Campos Assessor de comunicação Belo Horizonte – MG
DOAÇÃO Informamos que consta em nosso acervo a publicação Lume Arquitetura e gostaríamos de receber, se possível, por doação, as edições 13 a 16, 18, 21, 24, 26, 27, 29 a 32, 34 a 37, 40, os posteriores e os próximos a serem publicados. Sendo a referida publicação de grande interesse para os nossos usuários, esperamos contar com a especial atenção de V.Sa. Marcia Diniz Bibliotecária-chefe da escola de arquitetura da UFMG Belo Horizonte – MG A Lume Arquitetura doou todas as edições antigas ainda disponíveis em seu arquivo e enviará exemplares a cada nova publicação à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Regularmente, a Lume Arquitetura distribui revistas para os alunos de cursos de iluminação de todo o Brasil. Para solicitar este tipo de cortesia, envie um e-mail para daniela@ lumearquitetura.com.br.
Obrigada pelos exemplares. Recebi e já li, ficou bem bacana. Gostaria de divulgar e compartilhar no Facebook. Patricia Passo Lighting designer Curitiba – PR Parabéns pelo sucesso da Revista Lume Arquitetura, da qual minha afilhada Daniela Bessa faz parte com empenho, carinho e responsabilidade! A revista sempre apresenta novas propostas de iluminação e ainda traz excelentes artigos, como na edição 60, sobre a importância de determinadas cores na iluminação de leitos de hospitais com objetivo de contribuir para a melhora dos pacientes. Miriam Siqueira Cunha Auditora Fiscal da Fazenda Estadual de MG Uberaba – MG
CONTEÚDO EDITORIAL Gostaria de saber como é possível publicar um artigo na revista Lume Arquitetura. Fiz um artigo analisando a iluminação dos filmes de Alfred Hitchcock e tenho vontade de desenvolver outros. Carolina Valentine Arquiteta e lighting designer Recife – PE Para enviar artigos acadêmicos, cases de projetos de iluminação ou qualquer conteúdo editorial para avaliação, basta entrar em contato com a redação da revista Lume Arquitetura pelo e-mail erlei@ lumearquitetura.com.br.
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entrevista
Alexandre Neves
Por Erlei Gobi
O essencial trabalho dos laboratórios de iluminação no Brasil
Devido ao rápido desenvolvimento dos
LEDs e a entrada em massa desta tecnologia no Brasil, o setor de iluminação vem enfrentando um grande desafio para implementar programas de qualificação e desempenho, visando garantir que estes produtos atendam aos padrões internacionais e as especificidades do mercado interno. Neste contexto, os laboratórios de iluminação têm um papel fundamental, pois realizam trabalhos de pesquisa, elaboram padrões e normas técnicas embasadas em índices de desempenho.
Nesta entrevista exclusiva, Alexandre
Neves, coordenador do Departamento de Laboratórios do Fundão (DLF), fala sobre o funcionamento do laboratório de iluminação do Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) e das atividades de pesquisa e ensaios em lâmpadas e luminárias de diversas tecnologias. Aborda também assuntos como Arquivo pessoal
a qualidade dos produtos brasileiros, os desa-
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fios do setor, os investimentos em laboratórios de acreditação e os parâmetros para qualificação dos produtos que empregam LEDs.
L U M E ARQUITETURA
Lume Arquitetura: Conte-nos sobre sua
sempre o equilíbrio entre P&D, serviços
em quaisquer modelos e tipos de lâmpa-
carreira e como se tornou coordenador do
tecnológicos e ensaios laboratoriais para
das e luminárias, limitadas a um peso de
Departamento de Laboratórios do Fundão
atendimento ao setor elétrico brasileiro.
50 quilos. O princípio da goniofotometria de campo distante consiste em medir a
do Cepel. Alexandre Neves: Comecei no Cepel,
Lume Arquitetura: Quais as principais
intensidade luminosa em distâncias, em
em 1982, como técnico em eletrônica, no
atividades realizadas no laboratório de
geral, 10 vezes maior que o tamanho da
Laboratório de Equipamentos Elétricos
iluminação do Cepel?
fonte luminosa. Este método é geralmente
(LEE), situado em Adrianópolis, Nova
Alexandre Neves: Ele é o principal la-
aplicado a luminárias de maiores dimen-
Iguaçu (RJ). Nessa época, atuava na área
boratório de apoio a órgãos do governo
sões físicas, com região emissora maior
de calibração de instrumentos e já cur-
no esforço de conservação de energia
que 200mm. Nestes goniofotômetros, a
sava o bacharelado em Física. Em 1985,
e eficiência energética em componen-
fonte luminosa gira em torno de si e se
com o incentivo de meus chefes diretos,
tes e sistemas de iluminação pública,
move no eixo vertical simultaneamente
tive a oportunidade de trabalhar com um
residencial, comercial e industrial. É,
com o espelho. Já o sensor do fotômetro
projeto de pesquisa na área de materiais
na verdade, braço técnico da parceria
está posicionado em um lugar fixo, a certa
isolantes gasosos, dedicando-me ao
firmada pela Eletrobrás, Inmetro e Cepel
distância do espelho. A luz é refletida pelo
estudo dos principais modelos teóricos
para execução dos programas do selo
espelho para o sensor do fotômetro. Os
de suportabilidade elétrica aplicado a
Procel e da Etiqueta Nacional de Conser-
dados a partir das medições de campo
gases dielétricos. A ideia, na época, era
vação de Energia (Ence) relacionados à
distante podem ser utilizados para diver-
dar suporte teórico e experimental a pro-
iluminação. Participa da elaboração de
sas finalidades: uma delas é medir o fluxo
jetos de sistemas e equipamentos de alta
padrões e normas técnicas, coordenando
luminoso emitido pela fonte luminosa; outra é permitir simulações para projetos de
tensão isolados a gás, pois a tecnologia de equipamentos isolados a hexafluoreto de enxofre (SF6 - um gás isolante) estava sendo implantada em grande escala no país e não se tinha tanto conhecimento sobre o comportamento destes equipamentos em operação, tampouco sobre a interpretação de ensaios dielétricos à luz da física da descarga.
Atuando como pesquisador até 2005,
Os produtos fabricados no país, abrangidos e aprovados pelos programas de qualidade e desempenho do Procel e do Inmetro, estão no mesmo patamar dos importados.
iluminação a fim de garantir o nível de iluminação desejado, tanto para ambientes internos quanto externos. Estas medidas também são frequentemente utilizadas para verificar se a fonte luminosa atende a determinadas especificações normativas.
A Esfera Integradora, embora tenha
praticamente a mesma finalidade, não realiza o mapeamento do fluxo luminoso e tem como resultado somente o valor
fui responsável por diversos outros estudos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimen-
a adoção de índices de desempenho e
integral dele no ambiente. A esfera tem
to) na área de materiais, ensaios labora-
de metodologias de ensaio. Também
algumas limitações como, por exemplo,
toriais, técnicas de diagnóstico aplicadas
desenvolve atividades de pesquisa e
não poder realizar ensaios em luminárias
a equipamentos elétricos, automação
ensaios em lâmpadas e luminárias de
e restrição a alguns modelos e tipos
de laboratórios, sistemas digitais para
diversas tecnologias.
de lâmpadas. Ambos os sistemas são automatizados. Em relação às normas
medição em alta tensão, dentre outros. Em 2006, a convite da direção do Cepel,
Lume Arquitetura: Como são realizados
técnicas, a cada tipo de ensaio podemos
assumi a Divisão de Laboratórios do
os ensaios com lâmpadas e luminárias
seguir critérios e metodologias de normas
Fundão (DVLF), que em 2011, em função
no laboratório?
nacionais e/ou internacionais.
de uma reestruturação, foi transformada
Alexandre Neves: O laboratório de
em Departamento de Laboratório do Fun-
iluminação do Cepel tem como princi-
Lume Arquitetura: Os produtos brasilei-
dão (DLF). O grande desafio, portanto, é
pais equipamentos o goniofotômetro de
ros estão no mesmo patamar dos impor-
coordenar laboratórios de diversas espe-
campo distante com espelho rotativo e a
tados no quesito qualidade?
cialidades (multidisciplinares), tais como
Esfera Integradora ou Esfera de Ulbrich.
Alexandre Neves: Os produtos fabri-
propriedades mecânicas, química analí-
O goniofotômetro faz o mapeamento
cados no país, abrangidos e aprovados
tica, metalografia, propriedades elétricas
ângulo a ângulo da distribuição de luz no
pelos programas de qualidade e desem-
e eficiência energética (laboratórios de
ambiente, assim como a integração do
penho do Procel e do Inmetro, estão no
iluminação e refrigeração) promovendo
fluxo luminoso. Pode-se realizar ensaios
mesmo patamar dos importados ou nos
L U M E ARQUITETURA
7
patamares estabelecidos nas regulamen-
de laboratórios, principalmente nas insti-
estudos mencionados servirão também
tações brasileiras baseadas nas especifi-
tuições de ensino e no setor privado e,
de base para a definição dos índices
cidades do nosso mercado.
no caso deste último, incentivado pelos
dos regulamentos, para estabelecimento
programas de qualificação e desempe-
de parâmetros de desempenho óptico,
Lume Arquitetura: Quais os maiores de-
nho e da demanda do setor industrial e
eficiência energética e segurança elétrica
safios para o setor de iluminação brasileiro
comercial.
destes equipamentos para o Programa
do ponto de vista técnico?
Brasileiro de Etiquetagem (PBE).
Alexandre Neves: No Brasil, um dos
Lume Arquitetura: Os laboratórios de
grandes desafios, há muito tempo, é a
iluminação existentes no Brasil suportam
Lume Arquitetura: Qual o principal obs-
educação, seja na formação básica e/
a demanda do mercado interno ou é ne-
táculo que o Brasil precisa superar para
ou específica. Portanto, não poderia ser
cessária a criação de novos?
que os LEDs sejam a principal fonte de
diferente na área de iluminação, onde
Alexandre Neves: Na última década tive-
luz do país nos próximos anos?
existe escassez de cursos regulares para
mos um aumento significativo na instala-
Alexandre Neves: Como principal obs-
formação de profissionais capacitados
ção de novos laboratórios, a maioria para
táculo podemos citar o custo do LED,
para o desenvolvimento de projetos neste
atender aos programas de qualificação
que ainda é bem mais elevado quando
segmento, de acordo com o estado da
e desempenho do Procel e do Inmetro.
comparado com outras tecnologias. Ou-
arte da tecnologia e adequados ao perfil
Entretanto, para assegurar a continuidade
tro aspecto relevante para adoção desta
do mercado nacional. É preciso promover
dos programas de qualidade e desem-
tecnologia refere-se à sua vida útil. Atu-
a disseminação do conhecimento técnico
penho e o atendimento ao mercado é
almente, chega-se a falar de cerca de 50
nos cursos de nível médio e superior.
necessário continuar ampliando o parque
mil, 100 mil horas para a tecnologia LED,
Ainda sobre o aspecto educacional, não
laboratorial e, em alguns casos, investir
o que de fato não vem se comprovando
podemos esquecer que a preocupação
na modernização e ampliação dos já
na prática em muitos produtos oferecidos
com a escassez de energia vem tornando
existentes. Isto ocorre pela enorme va-
no mercado. O custo – associado à falta
a busca pelo seu uso, racional e eficiente,
riedade de novos produtos que entram
de informações técnicas confiáveis sobre
cada vez mais prioritário. Deste modo,
a cada dia no mercado, impulsionados
o produto, principalmente no que diz res-
temos que ter profissionais capacitados
por novas tecnologias.
peito a sua vida útil – ainda é obstáculo
a executar projetos de iluminação susten-
8
que impede a adoção em ampla escala
táveis, evitando desperdícios e o uso de
Lume Arquitetura: O laboratório está
equipamentos ineficientes que promovem
colaborando para as pesquisas e norma-
hábitos inadequados no uso da energia.
tização de lâmpadas e luminárias a LED?
Lume Arquitetura: Qual sua opinião
do LED.
Sob vários aspectos, no Brasil,
Alexandre Neves: Sim. Atualmente o
sobre o uso de luz branca na iluminação
observam-se ainda problemas crônicos
laboratório vem trabalhando especi-
pública e de luz colorida em monumentos
em termos de qualidade de projetos e
ficamente com dois estudos sobre a
e edifícios históricos?
produtos, tanto no setor público quanto
tecnologia LED. Um diz respeito à ava-
Alexandre Neves: Devido às caracterís-
no setor privado. Observam-se caracte-
liação elétrica e fotométrica de lâmpadas
ticas fisiológicas do olho humano, a luz
rísticas como: excesso de iluminação em
tubulares de LED existentes no merca-
branca proporciona uma resposta visual
várias edificações; uso de equipamentos
do, comparando-as com as lâmpadas
mais natural e confortável, além de exigir
de baixa qualidade; falta de manutenção
fluorescentes tubulares. Outro estudo
menores intensidades de luz para alcan-
adequada e de aproveitamento comple-
diz respeito às luminárias a LED para
çar os objetivos de visualização da via.
mentar da luz natural, dentre tantos ou-
iluminação pública, com avaliação de
tros. A implementação de programas de
desempenho, eficiência e depreciação
tos pela luz, devem ser tomados cuidados
qualificação e desempenho de produtos
luminosa dos produtos. O laboratório do
especiais no seu emprego, visto que a
e projetos para garantir que atendam aos
Cepel também tem atuado diretamente
colorização não deve comprometer a
padrões internacionais e as especificida-
junto aos órgãos governamentais e nor-
mensagem contida na obra, mas manter
des do mercado nacional é um grande
mativos, prestando apoio técnico tanto
a harmonia com o entorno: árvores, edifi-
desafio que o setor vem enfrentando.
na área laboratorial quanto no estabele-
cações e outros elementos da paisagem.
Outra questão diz respeito à infra-
cimento de metodologias e parâmetros
estrutura laboratorial disponível no país.
para qualificação dos produtos que
Faz-se necessária a ampliação do parque
empregam os LEDs. Os resultados dos
L U M E ARQUITETURA
Quanto à colorização de monumen-
Nota do editor: As respostas de Alexandre Neves contaram com a contribuição de Ricardo Ficara, responsável pelo Laboratório de Iluminação do Cepel.
capa
Hotel no Nordeste Por Erlei Gobi Fotos: Toddy Holland
10
Iluminação dinâmica e aconchegante caracteriza o Best Western Plus Vivá Porto de Galinhas
O Nordeste brasileiro é um dos locais mais visitados por
já que dos dois mil entrevistados 49% disseram que pretendem
turistas de todo o mundo devido às suas belezas naturais e seu
conhecer as maravilhas desta região até junho deste ano.
clima tropical. Segundo a pesquisa Sondagem do Consumidor –
Intenção de Viagem, realizada em janeiro de 2013 pelo Ministério
é Porto de Galinhas, localizada no município de Ipojuca, a 60
do Turismo em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV),
quilômetros de Recife, capital do estado de Pernambuco. Graças
o destino também é o ponto turístico preferido dos brasileiros,
às suas piscinas de águas claras e mornas (média de 28ºC)
L U M E ARQUITETURA
Uma das praias mais deslumbrantes do Nordeste brasileiro
formadas entre corais, estuários (ambiente aquá-
vação da vegetação local existente. Além disso,
tico de transição entre um rio e o mar), mangues,
houve grande comprometimento com questões
areia branca e coqueirais, Porto de Galinhas foi
de preservação ambiental e respeito à natureza.
eleita a melhor praia do Brasil durante dez anos
“Incorporamos ao projeto serviços e soluções
consecutivos (2001-2010) pela revista Viagem e
não poluentes, energia solar, madeira certifica-
Turismo, além de ser considerada Top of Mind do
da, dispositivos de redução de energia e outros
prêmio em 2011/2012 e 2012/2013.
equipamentos que visam o equilíbrio ambiental da
É neste paraíso tropical que em junho de 2012
região. A preocupação com o verde é visível em
foi inaugurado o Best Western Plus Vivá Porto de
todas as áreas do hotel e a arquitetura valoriza o
Galinhas, um hotel com 120 quartos e área de
uso de luz e ventilação naturais”, afirmou Renata.
50 mil metros quadrados, sendo 25 mil de área
verde. Elaborado pela arquiteta Renata Pandolfi, o
las arquitetas Regina Coeli Barros e Mohana
projeto arquitetônico traz características de resort,
Barros, titulares do escritório Archidesign,
com generosas áreas de uso comum, enorme
foi elaborado junto à equipe de arquitetura e
parque aquático com diversas piscinas e preser-
paisagismo de forma a destacar os diversos
O projeto luminotécnico, assinado pe-
L U M E A R Q U I T E T U R A 11
elementos impactantes e funcionais do
infraestrutura de lazer que conta com uma
empreendimento para que os hóspedes se
área de piscinas de 3,5 mil metros quadrados,
sintam extremamente confortáveis. “Nossa
com espaços para esportes aquáticos, bordas
intenção foi integrar o hotel à beleza da região
molhadas e quatro hidromassagens em deck
e explorar ao máximo o enorme espaço do
à beira mar. No centro do complexo da piscina
local”, explicou Regina. Segundo Artur Maroja,
foi instalado um restaurante projetado pelo
diretor de operações do hotel, o resultado ficou
arquiteto Pedro Motta, com cobertura em ma-
muito interessante e harmônico, ressaltando as
deira e vista de 360 graus de todo o empreen-
qualidades do empreendimento. “No ramo da
dimento.
hotelaria a iluminação é tudo e é através dela
que realçamos o projeto, por isso buscamos
utilizadas luminárias RGB subaquáticas de
profissionais com experiência no mercado”,
12W/15º e IP 68. “Na maioria dos comple-
enfatizou.
xos hoteleiros existentes no país, a área das
piscinas é subutilizada no período noturno pela
Outra preocupação das lighting designers
Para iluminação das piscinas foram
era fazer com que os clientes permanecessem
pouca iluminação disponível. Por esta razão,
no empreendimento durante a noite. “Notamos
optamos por este sistema de alternância de
que durante o período noturno o hotel ficava
cor que pode ser utilizado de acordo com o
vazio; os hóspedes saíam para curtir a praia e
evento ou o período anual do hotel, além de
retornavam apenas para dormir. Conversamos
ser um grande atrativo visual”, explicou Regina.
com a arquiteta para resolver esta questão e
As passarelas de madeira que “cortam” as
decidimos criar uma iluminação dinâmica na
piscinas e servem de ligação entre as diversas
piscina e no restaurante central”, completou
áreas foram destacadas de forma lúdica por
Mohana.
pequenos embutidos de LED azul de 0,5W.
Piscinas e restaurante
Luminárias de tonalidade marrom, equipa-
das com AR 111 de 75W, e instaladas no pergolado proporcionam luminosidade e desta-
O ponto de maior destaque do proje-
to arquitetônico e luminotécnico é a ampla 12
L U M E ARQUITETURA
cam o restaurante da piscina de forma discreta e elegante. A mesma solução foi aplicada nas
Um dos objetivos do projeto luminotécnico era fazer com que os clientes permanecessem no empreendimento, principalmente na área das piscinas, no período noturno.
A solução definitiva.
Compacta LED,
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colunas, porém com facho concentrado, desta-
Circulação
cando a madeira. Para a grande bancada central do buffet, optou-se por fitas de LED de 24W/m
na cor âmbar. “Como este restaurante está no
ção se dá por postes de 4,5 metros de altura,
Nos percursos externos do hotel, a ilumina-
nível da piscina, foi preciso esconder as fontes
com uma ou duas pétalas equipadas com fluo-
de luz na estrutura para não ofuscar quem estiver
rescentes compactas longas de 55W a 3000K,
nadando e não interferir na beleza dos detalhes
alternadas com balizadores de 72 centímetros de
em madeira”, contou Mohana.
altura com LEDs de 3W na mesma temperatura
Banheira do SPA recebeu LEDs RGB subaquáticos de 24W para cromoterapia. 14
L U M E ARQUITETURA
de cor. “Tentamos mesclar as soluções.
Suítes
O entorno da piscina é onde as pessoas ficam batendo papo nas espreguiçadeiras,
daí a necessidade de uma luz mais funcio-
Porto de Galinhas são decoradas com
nal e não somente estética. Nos cami-
materiais rústicos e modernos para que
nhos, instalamos postes e balizadores; os
os hóspedes se sintam acolhidos. As
postes estão mais próximos dos acessos
luminárias quadradas instaladas no teto
às edificações para dar a sensação de
foram equipadas com lâmpadas fluores-
segurança, enquanto os balizadores criam
centes compactas duplas de 26W a 2700K
espaços agradáveis”, disse Regina.
e fechamento em acrílico translúcido. As
arandelas das cabeceiras das camas e o
Alguns coqueiros também receberam
As suítes do Best Western Plus Vivá
iluminação especial por meio de proje-
pendente da mesa de apoio são de fibra
tores embutidos no piso com lâmpadas
sintética na cor verde-musgo e receberam
de vapor metálico PAR 30 de 70W, facho
lâmpadas fluorescentes compactas eletrô-
concentrado e acabamento interno antio-
nicas de 15W, com aparência estética das
fuscante. “Integramos a iluminação geral
lâmpadas incandescentes. “A ideia inicial
com o paisagismo, realizando uplight
da arquiteta era trabalhar com peças con-
em alguns dos coqueiros, afinal, a água
feccionadas por um artesão, porém, como
de coco faz parte do contexto do hotel.
aquela região sofre muito com a maresia,
Além disso, a luminária precisava ficar
precisávamos de uma solução que tivesse
embutida, caso contrário poderia queimar
fácil manutenção. Daí o motivo de esco-
o pé ou a perna dos catadores de coco”,
lher pendentes e arandelas com o mesmo
ressaltou Mohana.
acabamento”, disse Regina.
Detalhe dos pequenos embutidos de LED azul de 0,5W nos decks das piscinas.
As suítes receberam arandelas e pendentes de fibra sintética na cor verde-musgo equipados com fluorescentes compactas eletrônicas de 15W e aparência estética das lâmpadas incandescentes. L U M E A R Q U I T E T U R A 15
Nos banheiros dos apartamentos também foram utili-
zadas luminárias com lâmpadas fluorescentes compactas duplas de 26W a 3000K e fechamento em acrílico translúci-
A iluminação do Espaço Kids indoor se dá por meio de luminárias circulares no teto, em dimensões diferentes, equipadas com T5 de 14W e fechamento em acrílico translúcido.
do para iluminação difusa, permitindo melhor visualização e sensação agradável. Somente acima das bancadas há fluorescentes T5 de 25W para facilitar o uso do espelho com iluminação uniforme. Spa e Espaço Kids
No pavimento semienterrado do bloco de aparta-
mentos encontra-se o Spa e o Espaço Kids indoor. O Spa é composto por salão de beleza, piscina, banheira com hidromassagem, sauna, e ambientes para tratamento estético e corporal que contam com um ofurô. A banheira do SPA possui LEDs RGB subaquáticos de 24W para cromoterapia, enquanto a parede de pedra rústica do ambiente recebeu luminárias orientáveis com lâmpadas halógenas AR 111 de 75W. Já a sala de estética contém LEDs RGB de 25W, no teto. “Todas estas áreas foram tratadas com iluminação intimista de forma a promover o relaxamento dos usuários”, afirmou Mohana.
O Espaço Kids indoor possui uma brinquedoteca,
copa especial para as crianças, cinema infantil e banheiros projetados para os pequenos. A iluminação se dá por meio de luminárias circulares no teto, em dimensões diferentes, equipadas com lâmpadas fluorescentes T5 de 14W
Ficha técnica Projeto luminotécnico: Regina Coeli Barros e Mohana Barros / Archidesign Projeto arquitetônico: Renata Pandolfi Projeto arquitetônico do restaurante da piscina: Pedro Motta Paisagismo: Marta Souza Leão Luminárias: Lumini, Luxion, Philips e Biancamano Luce LEDs subaquáticos: OL Iluminação LEDs e fitas de LED: Samsung
e fechamento em acrílico translúcido. “O projeto é muito delicado e oferece um leque de opções para os hóspedes aproveitarem todos os espaços do hotel”, finalizou Regina. 16
L U M E ARQUITETURA
Lâmpadas e reatores: Osram e Philips
LUZ, COR, FORMA. Todos os atributos de um grande projeto.
Nova loja TIM – Curitiba Módulos suspensos com telas translúcidas Tensoflex e iluminação por lâmpadas fluorescentes e LEDs RGB Projeto: B & L Arquitetura Belo Horizonte - MG
RIO DE JANEIRO
Rua José dos Reis, 1897 - Inhaúma CEP 20760-245 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3822 1671 | 3822 2189
tensoflex.com.br comercial@tensoflex.com.br
SÃO PAULO
Rua do Bosque, 1925 - Barra Funda CEP 01136-001 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3392 5378 | 3392 1517
luz e psicologia
Apresentação da série Luz e Psicologia Por Valmir Perez
Valmir Perez é lighting designer, graduado em Artes e mestre em Multimeios. É responsável pelo Laboratório de Iluminação da Unicamp, onde desenvolve projetos de iluminação, captação de imagens e de softwares, além de ministrar cursos, workshops e palestras. Contato – valmirperez@gmail. com / www.iar.unicamp.br/lab/luz.).
A história do conhecimento ocidental desemboca
e sinaliza os primórdios dessa ainda nova ciência, tendo
num rio caudaloso, embora, por vezes, margeada por
como ápice e ponto de transição para o período moderno,
elementos contraditórios entre si, próprios das culturas
as ideias do médico Ambroise-Auguste Liebeaut6, em
onde nasceu: seus mananciais. Esse fluxo de águas,
finais do século XIX e início do século XX.
no sentido sintético e relevante às questões profundas
do funcionamento da mente humana, alarga-se imensa-
diferentes escolas e seus diferentes precursores sejam,
mente em determinado vale, originando posteriormente
em minha opinião, extremamente importantes para o
verdadeiro delta, ao mesmo tempo que encerra variadas
entendimento dos desdobramentos dessa ciência até a
formas de entendimento sobre relações e mecanismos
contemporaneidade, seria impossível tratar de assunto
internos do homem que, distribuindo essas visões ao
tão extenso e complexo através de alguns artigos, os
mundo em fluxo relativamente constante, invade muitos
quais a partir de agora pretendo trazer aos leitores de
séculos.
Lume Arquitetura. Mas penso que é possível ao menos,
Ancoradas no pensamento dos filósofos gregos,
utilizando os conceitos essenciais embutidos em alguns
eleva-se grande parte das ilhas de saber, que os povos
dos diferentes sistemas, atirarmo-nos nessa empreitada,
do ocidente e também, em alguns casos, do oriente,
nem que seja para imergir não muito além da superfície,
fundamentam a forma como vivem e pensam o mundo,
a fim de apenas despertarmos para a necessidade do
fazendo desses paradigmas as suas bases científicas,
contínuo aprimoramento dos conhecimentos relativos
éticas, de governo, justiça, etc.
aos processos de percepção e funcionamento da mente
humana.
Esse curso natural das águas do refletir sobre os
Embora o conhecimento e a compreensão sobre as
princípios do pensamento, sobre a intimidade abstrata
e lógica do homem, sobre seu cérebro, alma e funcio-
finita no tempo e no espaço de sua consistência, mas não
Logicamente essa tarefa é enorme. Provavelmente in-
nalidade coexistente e relacional com o mundo externo,
pode ser relegada por aqueles que pretendem ao menos
acabou recebendo variadas contribuições de seus
obter algum conhecimento sobre processos tão importan-
múltiplos afluentes.
tes, que podem enriquecer ou limitar suas criações, pois,
O primeiro período é denominado de “psicologia
“...sem entendermos o homem não se pode criar nada
pré-científica”. Inicia-se com Tales , passa pelo revolu-
para ele. O caminho para que um dia possamos criar a
cionário cientista Descartes2, desembocando nas ideias
verdadeira arquitetura será, além daquele do sentimento,
de Volkmann . Daí para o nascimento da psicologia
o da compreensão dos aspectos psicoperceptivos do ser
baseada no chamado “método científico”4 seria apenas
humano. O entendimento de quais elementos básicos da
um passo. O próximo passo.
percepção devem ser considerados, para que possamos
criar um espaço que corresponda às expectativas de
1
3
Esse segundo período inicia-se com Wundt5, mar-
cadamente influenciado pela psicologia experimental,
quem vai efetivamente utilizá-lo.” 7
(1) Tales de Mileto foi um filósofo da Grécia Antiga, o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. De ascendência fenícia,[carece de fontes] nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 624 ou 625 a.C. e faleceu aproximadamente em 556 ou 558 a.C. (2) René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596 – Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650[1]) foi um filósofo, físico e matemático francês.[1] Durante a Idade Moderna também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes Wikipédia A Enciclopédia Livre em 31/01/2013. 3 – Alfred Wilhelm Volkmann (01 de julho de 1801 - 21 de abril de 1877) foi um alemão fisiologista , anatomista e filósofo . Especializou-se no estudo dos sistemas nervoso e óptica. http://en.wikipedia. org/wiki/Alfred_Wilhelm_Volkmann. (4) O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo conhecimento quer seja este fruto de uma integração, correção (evolução) ou uma expansão da área de abrangência de conhecimentos preexistentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências empíricas verificáveis [Nota 1] [Ref. 1] - baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo - e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência. http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_cient%C3%ADfico Wikipédia A Enciclopédia Livre em 31/01/2013. (5) Wilhelm Maximilian Wundt (Neckarau, 16 de agosto de 1832 —Großbothen, 31 de agosto de 1920) foi um médico, filósofo e psicólogo alemão. É considerado um dos fundadores da moderna psicologiaexperimental junto com Ernst Heinrich Weber (1795-1878) e Gustav Theodor Fechner (1801-1889). (6) Ambroise-Auguste Liebeault [ 1 ] (1823, Favières, Meurthe-et-Moselle - 18 de fevereiro de 1904, Nancy ) foi um médico francês universalmente reconhecido como o fundador da famosa escola que se tornou conhecida como a “ Escola de Nancy “, ou o “ Escola de Sugestões “(a fim de distingui-lo do Charcot e Salpêtrière Hospital -centrado “ Escola de Paris “, ou” Escola Hysteria “) e ele é considerado por muitos como o pai da moderna hipnoterapia . (7) VIANNA, Nelson S. e GONÇALVES, Joana C. S, Iluminação e Arquitetura. São Paulo: Geros S/C Ltda. 2011. Pág. 39.
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L U M E ARQUITETURA
FASA Fibra Ótica A iluminação além da imaginação.
acontecendo
Estádio de Pituaçu recebe iluminação mais eficiente O Estádio de Futebol Governador Professor Roberto Santos, conhecido como Estádio Metropolitano de Pituaçu, por estar localizado no bairro de mesmo nome, em Salvador (BA), recebeu nova iluminação. A Coelba, concessionária de distribuição de energia elétrica do Estado da Bahia pertencente ao Grupo Neoenergia, através do Programa de Eficiência Energética regulado pela ANEEL, investiu mais de 893 mil reais para substituir os antigos 192 projetores por 104 novos, da Siteco, com lâmpadas de vapor metálico de 2000W, da Osram. Pituaçu, que tem capacidade para receber até 35 mil espectadores, possuía iluminância média de 553 lux na horizontal e 597 na vertical, muito abaixo dos padrões exigidos pelas emissoras de TV para uma transmissão de qualidade, de 1.100 lux. Foi observada também a falta de homogeneidade no campo, que chegou a apresentar 960 lux no centro e 280 lux nas extremidades, gerando variação de 680 lux. O novo projeto de iluminação, realizado pela empresa Ecoluz, utilizou projetores com quatro ângulos distintos de abertura em graus dispostos de forma eficiente, para melhoria do rendimento do fluxo luminoso. O resultado foi uma iluminância de 1.482 lux no plano horizontal e 1.611 lux no plano vertical, em média. Além disso, o antigo sistema de iluminação consumia 125,96 MWh/ano, enquanto o novo consome apenas 92,75MWh/ano, uma economia de 33,21 MWh/ano. No entanto, para a iluminação antiga atingir a mesma iluminância da nova, de 1.200 lux, em média, consumiria 218,54 MWh/ano. Desta forma, a Coelba projeta uma economia de 125,79 MWh/ano. Vale lembrar que o Estádio de Pituaçu é o primeiro da América Latina que gera e utiliza 100% de energia solar fotovoltaica conectada a rede da distribuidora. A potência é de 400 kWp e a geração é de 630 MWh/ano.
Fotos: Rubens Campo/Coelba
www.coelba.com.br www.ecoluz.com.br
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L U M E ARQUITETURA
acontecendo
Nova iluminação revitaliza importante avenida da capital paulista A Avenida Brigadeiro Faria Lima, uma das mais tradicionais da cidade de São Paulo, recebeu, em 2012, projeto de modernização da iluminação da via realizado pelo Departamento de Iluminação Pública – Ilume, no trecho entre a Rua dos Pinheiros e a Avenida Cidade Jardim, com extensão de aproximadamente 2,5 quilômetros. O projeto de 3,9 milhões de reais contou com a substituição das lâmpadas de vapor metálico por 330 luminárias em LED da Philips do Brasil, divididas entre a Luma 2, de 258W, e a Green Vision Flexi, de 130W e 55W, todas a 4000K. Este é o primeiro projeto no Brasil a utilizar um sistema que torna a iluminação pública capaz de responder a comandos à distância (através de um computador conectado à internet) e emitir relatórios e alarmes, conforme situações que ocorram no local. Uma das principais características da nova iluminação foi a utilização de fontes de luz com potências específicas para cada espaço da avenida, como no canteiro central (maior potência); na calçada (média potência); e na ciclovia (menor potência). “O benefício fundamental da utilização do LED na iluminação pública é a sustentabilidade atrelada ao produto, com alta eficiência energética e baixo consumo. A tecnologia proporciona uma redução de até 50% em comparação com sistemas convencionais. Além disso, outro ponto positivo é a vida-útil longa e o baixo nível de manutenção do sistema”, afirmou Flávio Guimarães, diretor da área de iluminação da Philips do Brasil. www.lighting.philips.com.br
Divulgação
Ao lado, foto da nova iluminação e detalhe da luminária utilizada.
LG apresenta portfólio de iluminação durante o Digital Experience A LG Electronics, empresa sul-coreana presente no mercado brasileiro há 15 anos, apresentou o portfólio de produtos de suas quatro unidades de negócios – Home Entertainment, Mobile Communications, Home Appliance e Air Conditioning & Energy Solutions – durante a 9ª edição do Digital Experience, 2 realizado em 6 de março, no Credicard Hall, em São Paulo. Dentre os modernos aparelhos de TV, smartphones e notebooks, também foram exibidas ao público as novidades da empresa no setor de iluminação, como o pendente Office Lighting SlimArt (1), as luminárias LG LED Street Light (2) e LG LED High-Bay, o Projetor de Plasma PLS (3) e as lâmpadas LED Bulbo. “O segmento de iluminação da LG está no Brasil há dois anos e meio. Fechamos 2012 com um crescimento de 300% na comparação com 2011 e esperamos triplicar novamente este resultado em 1 2013”, afirmou Alexandre Borin, General Manager – Energy Solution da empresa. Ainda segundo Borin, a LG é a única empresa do mercado que oferece uma solução integrada de iluminação e ar condicionado. “Trabalhamos em projetos em parcerias com lighting designers e eles têm a oportunidade de oferecer uma solução completa de iluminação e sistema de ar condicionado”, explicou. Outra novidade antecipada pelo General Manager – Energy Solution da LG é que a empresa fechou uma parceria com o Ilume (Departamento de Iluminação Pública de São Paulo) para instalar as luminárias LG LED Street Light na Rua Dr. Chucri Zaidan. www.lge.com/br
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L U M E ARQUITETURA
3
acontecendo
Photo courtesy of LIGHTFAIR® International
Lightfair traz muitas novidades na edição 2013 Em 2013, a Lightfair International – que contou com 505 empresas expositoras e um público de mais de 24 mil pessoas na edição de 2012 – traz algumas novidades para seus visitantes. O evento, que será realizado de 21 a 25 de abril, no Pennsylvania Convention Center, na Filadélfia (EUA), apresenta pela primeira vez o pavilhão Exterior & Roadway Lighting Pavilion, voltado para iluminação exterior de edifícios, paisagens, estradas e rodovias. Além da novidade, a feira permanece com os cincos pavilhões da última edição: Building Integration Pavilion, Daylighting Pavilion, Design Pavilion, Global Light + Design Pavilion e New Exhibitor Pavilion. Além disso, serão inauguradas duas novas categorias que ficarão no Hall F: Energia Solar e Softwares. “Estamos vendo uma verdadeira transformação na indústria de iluminação com as inovações tecnológicas que ocorrem diariamente. Desde seu início, a Lightfair se antecipa e responde a estas mudanças com apresentações de novos produtos. Estas duas novas categorias são os próximos passos para o futuro”, afirmou Jeffrey L. Portman, presidente e diretor de operações da AMC, Inc., organizadora da feira. O tradicional Programa de Conferências, um dos principais diferenciais da Lightfair, Commissioning também foi aperfeiçoado e abordará 15 temas (ver quado ao lado). Em 2013, o número de Controls & Strategies seminários de uma hora e meia de duração aumentou de 32 para 36 – sendo um deles em Daylighting Design Tools espanhol; haverá 17 workshops, Electric Source & Gear Technology com três horas de duração cada; Energy, Environment & Sustainability 12 cursos, sendo seis com duExterior & Roadway Lighting ração de um dia, e seis, de dois Human Factors in Lighting dias; além de eventos especiais, Integrated Design Process como cafés da manhã e almoços Legislation, Codes & Public Policy seguidos de palestras. Lighting Application Lighting Mythology
www.lightfair.com
Principles of Lighting & Electricity Professional Development Retrofit & Upgrade
Eletro Terrível completa 50 anos A Eletro Terrível, loja de produtos de iluminação localizada na capital paulista, completou 50 anos em março de 2013. Esta trajetória de meio século teve início em 1963, quando Edmundo e Luiza Citino abriram as portas de seu empreendimento na Rua Santa Ifigênia, famosa pelo comércio de produtos eletrônicos. Na década de 80, com a expansão dos negócios e do setor de iluminação brasileiro, a empresa se mudou para a Rua Zilda, no bairro da Casa Verde, onde permanece até hoje. “O Edmundo pensou tudo sozinho, eu só ajudei. Ele era um visionário; iluminou os caminhos de todos, e suas ideias continuam por aqui”, afirmou Luiza. A Eletro Terrível é hoje uma empresa que concilia tradição e inovação. Continua sendo familiar, com Tiago Botelho, neto dos fundadores, à frente dos negócios e carregando a semente inovadora da família. Em sua gestão, trouxe para o Brasil parcerias com marcas internacionais de peso, como BLV, Narva e CERA Tech. “Hoje, oferecemos um serviço de apoio técnico para o cliente. Em 2012, iniciamos uma parceria de projetos com lighting designers brasileiros e, neste ano, inauguraremos nosso portal de vendas online. O tempo, no caso da Eletro Terrível, foi um aliado: chegamos à idade madura com energia de criança”, finalizou Tiago. www.eletroterrivel.com.br
Ao lado, fotos de Tiago Botelho e de toda a equipe da Eletro Terrível.
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lançamentos
Luminária decorativa Assinada pelo designer Gabriel Teixidó, a luminária de chão Lektor, da Puntoluce, é composta em metal pintado com braço regulável e giratório, além de cúpula em policarbonato branco. Com as medidas da base de 32cm e haste rígida de 90cm, a peça comporta uma lâmpada incandescente com soquete E27 de até 100W. O produto pode ser encontrado nas cores: branco, laranja e cinza. www.puntoluce.com.br
Áreas externas Com design clean e linhas retas, a luminária retangular para poste Gama, da Itaim Iluminação, possui corpo em chapa de alumínio com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Disponível no tamanho de 5,8cm x 35cm x 33cm, a peça utiliza um ou dois módulos de LED de 25W a 39W e é indicada para praças, parques e vias de passagens.
www.itaimiluminacao.com.br
Para substituir incandescente A Viribright, marca registrada da Matrix Lighting, apresenta a lâmpada LED A19 de 10W, ideal para substituir a incandescente de 75W. Produzindo de 820 a 900 lumens e com 25 mil horas de vida útil, a peça possui o selo Energy Star (padrão internacional para o consumo eficiente de energia) e é indicada para ambientes residenciais, comerciais e hospitalares. www.viribright.com
Design compacto A luminária no frame da linha SETH, da Parislux, possui acabamento em pintura epóxi, nas cores branca e preta, e difusor acrílico. Com dimensão de 29,4cm x 29,4cm e nicho de instalação de 30,2cm x 30,2cm x 11,2cm, a peça está disponível com base E 27 e é compatível com duas lâmpadas compactas eletrônicas de 20W. O produto é indicado para escritórios, banheiros, cozinhas e corredores. www.parislux.com.br
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www.osram.com.br
Lojas Polishop • Redução de até 60% no consumo de energia • Arranjos de 4 luminárias para elementos centrais: 2 LEDVANCE® XL 60° e 2 LEDVANCE® M 12° • Arranjos de 2 luminárias SPOTLIGHT 40° para destaque de cada módulo das prateleiras laterais.
Novos conceitos para seu projeto Para concretizar o novo conceito das lojas Polishop, a iluminação de diversas unidades foi inteiramente modernizada, utilizando luminárias de LED da OSRAM, que puderam garantir inovação e sustentabilidade ao projeto, além de maior destaque aos produtos expostos. As luminárias LEDVANCE® DOWNLIGHT M, L, XL e SPOTLIGHT XL, utilizadas no projeto, possuem alta eficiência e durabilidade de até 50.000 horas, proporcionando economia de energia e redução nos custos de manutenção. Com design totalmente inovador, as luminárias são extremamente versáteis, funcionais e compactas, podendo ser utilizadas em diversas aplicações.
LEDVANCE TM DOWNLIGHT M
LEDVANCE TM DOWNLIGHT L
LEDVANCE TM DOWNLIGHT XL
LEDVANCE TM SPOTLIGHT XL
Rob Portengen_GLOW
evento internacional
Rob Portengen_GLOW
Acima, 40 máscaras originárias do Bwindi National Park de Uganda iluminadas por Richi Ferrero durante o Glow Festival. Ao lado, o edifício DELA, em Eindhoven, ganha vida durante a noite com formas tridimensionais.
Glow Festival e Experiencing Light Por Betina Tschiedel Martau
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Eindhoven une arte e ciência para celebrar a cultura da iluminação
A cidade de Eindhoven, na Holanda, parece ter no DNA
Certamente este contexto nos permite afirmar que a cidade
de seu desenvolvimento genes para iluminação. Sediando uma
tem uma cultura de iluminação superior e mais inovadora que
das maiores empresas mundiais do ramo, exibe muito bem
demais pontos do planeta. Desta forma, Eindhoven parece ser
preservados os edifícios da primeira fábrica da Philips. Recém-
o cenário ideal para eventos sobre iluminação, que passaram
-inaugurado, o museu da empresa completa o circuito de edifícios
a ser muito bem explorados como atrativos e elementos de
que contam a história da evolução dos sistemas de iluminação
desenvolvimento turístico da região. Com pouco mais de 210
artificial. Visitá-los é uma experiência única para os apaixonados
mil habitantes, a cidade se planejou para receber entre os
pelo tema.
dias 10 e 17 de novembro de 2012 mais de 450 mil visitantes,
L U M E ARQUITETURA
Claus Langer_GLOW Claus Langer_GLOW
Acima, instalação “Water”, criada por Crescenti, Kogan e Cantoni durante o Glow Festival, com placas de espuma e camada metálica, onde a luz refletida cria a sensação de estar andando sobre a água. Ao lado, “Faces of Netherlands”, de Jan Ising, onde rostos de pessoas fotografadas em Eindhoven são projetados em uma superfície 3D na fachada da sede da Philips.
ávidos pela sétima edição do Glow Festival.
as obras eram conectadas por sinalização
Criado em 2006, e já tradicional no circuito
com luz vermelha aplicada em postes da rede
de festivais de iluminação, o evento é organiza-
pública especialmente adaptada para o evento
do pela Prefeitura de Eindhoven e a Fundação
ou em novos elementos luminosos, permitindo
Glow, gerando renda para rede hoteleira,
que os visitantes fossem conduzidos visualmen-
lojas e restaurantes, que, lotados durante o
te pelo circuito. A maior parte das intervenções
período do evento, estendem seus horários
luminosas era acompanhada por sons ou movi-
de atendimento.
mentos precisamente orquestrados, tornando a
caminhada pela cidade uma experiência senso-
Com curadoria de Har Hollands, Angelique
Spaninks e Diana Franssen, o tema deste ano
rial única, apesar da noite fria característica do
foi Faces e Fachadas: retratos da cidade
inverno europeu.
(Façades & Faces: Portraits of the City), com
a clara intenção de buscar uma identidade
característica marcante nesta edição. Distri-
urbana. Instigados, dezenas de artistas sou-
buídos em um espaço um pouco deslocado
beram com maestria interpretar o desafio,
do circuito original e fora do centro urbano, o
criando instalações sobre edifícios históricos
setor denominado Glow Café e Glow-S Project
e contemporâneos, bem como em espaços
oferecia aos visitantes a possibilidade de brin-
públicos cuidadosamente selecionados, onde
car com os sentidos e as percepções visuais
os visitantes foram convidados a abandonar por
através de instalações inovadoras e altamente
um momento a racionalidade de uma realidade
tecnológicas. A obra Water, dos brasileiros
estruturada para entrar em um diferente nível de
Leonardo Crescenti, Raquel Kogan e Rejani
percepção. Organizadas na forma de circuito,
Cantoni (www.cantoni-crecenti.com.br), simula-
A interatividade entre espectadores e luz foi
L U M E A R Q U I T E T U R A 29
Instalação “Sleepless night in full light”, do Les Orpaillers de Lumière, na catedral de Eindhoven.
história de um vilarejo visitado pelo demônio quando a noite chega. Além da obra virtual, a frente da catedral era ocupada em seu passeio por rasgos de vidro no piso, que, abundantemente iluminados, expunham esqueletos encontrados em escavações arqueológicas. A atmosfera misteriosa do local foi cenário perfeito para o pequeno show de luzes, que se repetia a cada dez minutos para uma multidão que se agrupava na praça em frente à Catedral. Ali havia um dos inúmeros quiosques do evento, que vendiam desde catálogos com a descrição das obras, em todas as línguas, até camisetas, bonés e objetos diversos com o logotipo do evento. Mais uma fonte de renda que servia também para colorir a noite com pontos luminosos inseridos em todos acessórios vendidos. Rob Portengen_GLOW
Além desta, a obra Keyframe sobre o edifício da
delegacia de polícia da cidade, onde projeções de imagens contam a história da fuga de detentos, sob a regência de uma trilha sonora igualmente cativante que começava com um alarme sonoro altíssimo, pode ser considerada a minha preferida. Criada pelo grupo
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va com luz um percurso sobre as águas. Esta é uma
LAPS (www.groupe-laps.org) onde trabalham seis ar-
das inúmeras obras que se destacaram, recebendo
tistas e designers com experiência em alta tecnologia
do público expressivos comentários pelas ruas como
de iluminação para filmes e aplicações multimídia, era
uma das mais apreciadas, e, certamente, como bra-
composta de dezenas de figuras humanas em dife-
sileira, me emocionei ao ver o destaque que nossos
rentes poses, feitas de tubos de LED, iluminados um
conterrâneos receberam na mostra.
por um. Pelo fato das figuras serem iluminadas em se-
quência, havia a percepção de que se moviam entre
O evento como um todo é capaz de gerar uma
emoção prazerosa no visitante, que acaba por eleger
os pavimentos do edifício em uma fuga desesperada.
a partir de sua subjetividade as obras que mais lhe
O poder da iluminação de gerar uma realidade virtual
dizem algo. Neste sentido, poderia destacar o buquê
para criar uma narrativa fica explícito nesta obra.
de abajures (Bouquets d’abat-jours), uma instalação
ocupando a Praça Wilhelminaplein, cercada por edi-
vermelhos compunham a obra LSP-Glow, onde o
ficações de baixa altura que compunham as quadras
visitante era levado a percorrer alguns metros ao som
regulares típicas das cidades holandesas. Projetada
de música eletrônica, que pulsava em harmonia com
pelo grupo francês TILT (www.t-i-l-t.com) e contando
a luz. Criada por Edwin van der Heide (www.evdh.nl),
com caixas de som embutidas em cada conjunto de
o projeto era o ponto de partida do circuito. Ao com-
“flores”, a obra atrai o olhar pela escala e variação
binar iluminação, fumaça e som, o artista criou uma
cromática, numa dança em ritmo lento de luzes e
experiência tridimensional de flutuações sonoras. Os
sons. Percorrer a instalação faz com que o observador
que se animavam a atravessar a instalação apesar do
pareça estar em um mundo encantado, numa referên-
frio podiam experimentar o ritmo frenético das luzes,
cia sutil à história de Alice no país das maravilhas.
que acelerava o coração e a mente.
A catedral da cidade, Catharina Church, serviu
Aspersões de água cortados por raios de laser
A projeção sobre uma superfície 3D na fachada
de pano de fundo para a instalação Sleepless night in
da sede da Philips foi outro destaque onde a temática
full light, do Les Orpaillers de Lumière (www.lesorpail-
do evento ficava explícita: a obra Rostos da Holanda
leursdelumiere.com), que contam com luz e som a
(Faces of Netherlands) era composta de projeções de
L U M E ARQUITETURA
“Photon’s Dance”, de Teresa Mar, cobre a fachada do Admirant Shopping Eindhoven com uma luz dançante durante o GLOW Festival.
Ao longo do circuito, o visitante podia também
observar obras de edições anteriores, que dependendo da sua natureza, passaram a ser incorporadas ao contexto urbano da cidade. Muitas destas obras do Glow 2012 também irão permanecer, como testemunhas da beleza capaz de existir a partir da interação da luz com a cidade e seus edifícios. Experiencing Light 2012
Mais que conferir identidade urbana, eventos
como este, se bem geridos, permitem agregar atividades paralelas, que muito têm contribuído para o desenvolvimento científico da área de iluminação. Em 2012, no mesmo período do festival, a Universidade Técnica de Eindhoven organizou o Experiencing Light 2012. Voltado para o tema da iluminação e sua relação Rob Portengen_GLOW
com a saúde, comportamento e bem-estar humano, o evento acadêmico consistiu em palestras com nomes internacionais como Andrew Elliot, Debra Skene, and Har Hollands, bem como apresentações de pesquisas científicas de diversas partes do mundo. Entre as instituições brasileiras estavam a Universidade Federal rostos de pessoas de diversas idades e sexo que se
do Rio Grande do Sul (UFRGS), por mim representa-
alternavam na fachada do edifício, levando o observa-
da com o trabalho User-based research approach for
dor a refletir sobre a variedade humana e a necessida-
assessment of non visual lighting effects (Martau, B. T.,
de de igualdade apesar destas diferenças. De autoria
Hidalgo, M. P., Luz, C., Kubaski, F., & Corrêa, F. H. ) e a
de Jan Ising (www.facesof.net), esta obra é parte de
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), repre-
um projeto internacional de arte, já visto em Jerusalém
sentada pelo trabalho HDR images for binocular vision
e Berlim. A cada cidade visitada pelo projeto ele vai
evaluation in the perception of architectural space: A
se transformando em uma rede internacional visando
first approach (Scarazzato, P. S., Souza, D. F., & Dias,
alcançar uma “face/rosto universal”. Vale conhecer
M. V.) apresentado pelo Professor Doutor Paulo Sergio
mais sobre o projeto.
Scarazzato e o doutorando Denis Souza.
Opiniões sobre o GLOW FESTIVAL Como o centro da cidade de Eindhoven é relativamente pequeno, foi fácil visitar várias instalações. Gostei muito das projeções de luz numa fachada de escritórios, que era desinteressante durante o dia, mas que, à noite, era transfigurada pela luz e adquiria tridimensionalidades inesperadas. No geral, todas as instalações eram interessantes, transformando a visita noturna na cidade numa experiência única de jogos de ilusão e sensações luminosas. Diana Del-Negro Tive a oportunidade de percorrer parte do circuito em uma única noite, bastante fria para os nossos padrões – algo em torno de 2ºC. Difícil dizer do que mais gostei, mas a ideia de experimentações com luz em equipamentos públicos e nas fachadas de edifícios é muito interessante. Mais que o espetáculo de luz e cor que parece cativar a todos, o evento pode ser uma excelente oportunidade de verificar em uma “maquete viva” e em escala real, a própria cidade, possíveis caminhos na busca de uma identidade visual própria, que eventualmente possa vir a ser incorporado ao plano diretor de iluminação local. Esta pode ser também uma boa ideia para as nossas cidades, por que não? Paulo Scarazzato As obras do Glow Festival podem ser visitadas em www.gloweindhoven.nl
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Sushi Coleção 2013
www.gruponewline.ind.br
Opiniões sobre o EXPERIENCING LIGHT 2012 O Experiencing Light, onde tive a oportunidade de apresentar uma parte do meu trabalho, foi muito interessante para a comunidade científica e todos aqueles que trabalham na área da iluminação. Permitiu-me divulgar e adquirir conhecimento sobre o que está sendo pesquisado na área, além de conhecer outros pesquisadores e especialistas que investigam e trabalham em iluminação em todo o mundo. A Universidade Técnica de Eindhoven fez um excelente trabalho de organização deste evento, que este ano esteve focado nos efeitos da luz sobre o bem estar. Além disso, a conferência coincidiu com o festival de luz Glow Festival, no centro da cidade de Eindhoven, o que tornou toda a experiência para os participantes ainda mais interessante! Diana Del-Negro Sempre que posso participo de congressos, simpósios e conferências sobre iluminação. Tais eventos se constituem numa oportunidade ímpar de acompanhar de perto o que de mais avançado está ocorrendo naquele universo. O Experiencing Light permitiu não apenas acompanhar o que nossos colegas estão desenvolvendo, mas também mostrar o que estamos – eu e meus alunos – pesquisando no Brasil. Paulo Scarazzato As discussões e pesquisas apresentadas no Congresso científico estão publicadas em Proceedings of EXPERIENCING LIGHT 2012: International Conference on the Effects of Light on Wellbeing.Editors: de Kort, Y.A.W., Aarts, M.P.J., Beute, F., Haans, A., IJsselsteijn, W. A., Lakens, D., Smolders, K.C.H.J., van Rijswijk, L. Eindhoven University of Technology, Eindhoven, The Netherlands.( ISBN: 978-90-386-3300-8). Disponível na Biblioteca da Eindhoven University of Technology.
A palestrante Debra J. Skene é professora de
a história do festival que ajudou a fundar, passando
Neuroendocrinologia no Centro de Cronobiologia da
para apresentação de sua obra como lighting desig-
Univeridsade de Surrey, vice-presidente da Euro-
ner da Phillips e posteriormente como sócio da Har
pean Sleep Research Society (ESRS) e membro do
Hollands Lichtarchitect. O grande conhecimento de
Comitê da European Biological Rhythms Society
Har Hollands é a abordagem da luz como arte, capaz
(EBRS). Abordou em sua apresentação a relação
de instigar emoções e gerar experiências nos usuá-
da iluminação com pessoas idosas, principalmente
rios. Seus projetos são dotados de um significado e
a capacidade da luz em influenciar os ritmos circa-
contam histórias no e do contexto no qual se inserem.
dianos e consequentemente o sono, área principal
de suas pesquisas. A equipe da Dra. Skene foi uma
trabalhos científicos foram apresentados, em seis
das primeiras a comprovar a resposta reduzida das
blocos, por temáticas específicas (psicologia social
pessoas idosas a luz azul (Herljevic et al. (2005) Exp.
da luz: brilho e escuro; iluminação de espaços de
Gerontol.), o que teve grande repercussão no projeto
trabalho: otimização da luz natural e artificial; o efeito
de iluminação de espaços para idosos.
da iluminação no bem-estar mental e desempenho
humano; bem-estar emocional pela iluminação; luz
A influência da cor na motivação e atração huma-
Além dos palestrantes principais, mais de vinte
nas foi o tema da palestra de Andrew Elliot, que é pro-
e percepção; e projetando a iluminação para e com
fessor de Psicologia Clínica no Department of Clinical
os usuários), permitindo aos inscritos a troca de
& Social Sciences in Psychology, na Universidade de
experiências e a constatação de que cada vez mais
Rochester. Como experiente pesquisador na área de
é necessário que o luminotécnico adquira conheci-
atração e motivação pela cor, ele criou um modelo ge-
mento profundo do ser humano, em seus aspectos
nérico da cor e sua função biológica. Explicou como
biológicos, comportamentais e emocionais. O Experi-
a cor vermelha ativa comportamentos de “evitação”
encing Light 2012 foi encerrado com a apresentação e
ou atração em diferentes contextos, principalmente no
discussão de pôsteres científicos.
afetivo. Fundamental para luminotécnicos, o conhecimento da resposta emocional às cores tem ganhado destaque nas pesquisas, uma vez que a tecnologia do LED popularizou a iluminação colorida no cenário urbano. Conhecer as suas consequências foi a principal mensagem do palestrante sobre as relações de
luz e cor.
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo, mestrado pela Universidade
Campinas. É professora e pesquisadora na Faculdade de Arquitetura da Uni-
Har Hollands, além de curador do Glow Festival
brindou a todos os participantes do Experiencing Light com um cativante discurso em jantar palestra. Com o tema Fachadas e faces, discorreu inicialmente sobre 34
L U M E ARQUITETURA
Betina Tschiedel Martau
Federal do Rio Grande do Sul e doutorado na Universidade Estadual de versidade Federal do Rio Grande do Sul, onde ministra disciplinas de projeto arquitetônico e de iluminação artificial. Suas pesquisas estão atualmente focadas em lighting design com ênfase na saúde dos usuários e aspectos compositivos da iluminação.
case
Loja de lingerie Por Erlei Gobi Fotos: Andrés Otero
36
L U M E ARQUITETURA
Iluminação focada e com formas sinuosas ressalta produtos da Hope
Famosa
por estrelar campanhas publicitárias
O projeto conceitual da loja, de 200 metros quadra-
com lindas mulheres, como Juliana Paes e Gisele
dos, é do escritório francês DeuxL – que já cuidou da
Bündchen, a Hope possui 45 anos no mercado e é uma
arquitetura de interiores e design de lojas como Louis
das principais empresas de lingerie do país, contando
Vuitton, Pucci, Givenchy, Jimmy Choo – em parceria com
com mais de cinco mil pontos de venda. A marca, que
o escritório italiano Vudafieri Saverino. A responsável pela
também exporta para mais de 18 países em cinco conti-
execução do projeto arquitetônico foi a arquiteta Juliana
nentes, inaugurou em maio de 2012 sua flagship store em
Cintra do Prado, do CDP Arquitetos. “Desenvolvemos o
uma das ruas mais luxuosas do mundo, a Oscar Freire,
conceito de Wonder Closet, com grandes armários, para
na capital paulista.
que a cliente se sentisse em casa, olhando para seu L U M E A R Q U I T E T U R A 37
Projeto luminotécnico da Hope foi desenvolvido de forma a expressar com a luz e com o desenho o caráter essencialmente feminino da loja.
próprio armário de roupas. Também criamos
Entrada
espaços diferenciados, como o túnel com
38
pequenas placas de acrílico sobrepostas e os
provadores, onde utilizamos cortinas”, explicou
ços: a entrada, o túnel, e o fundo da loja, onde estão
Juliana.
os provadores. Para a entrada, com pé-direito alto,
de 7,20 metros, o lighting designer optou por uma
O projeto luminotécnico, assinado pelo
A flagship store da Hope é divida em três espa-
lighting designer Gilberto Franco, titular do
solução mista. “O projeto de interiores havia sugerido
Franco Associados Lighting Design, foi desen-
uma luminária pendente, cuja forma lembrava um Ze-
volvido de forma a expressar com a luz e com o
ppelin, mas isso acabou sendo eliminado pelo cliente
desenho o caráter essencialmente feminino da
por razões de custo. Assim, a solução definitiva para
loja, sem, entretanto, descuidar-se da valoriza-
a luz geral veio a ser um conjunto de luminárias de
ção dos produtos. “É uma marca de lingerie e,
tela tensionada com formas ameboides, equipadas
por isso, tem uma arquitetura muito feminina.
com T5 de 28W e 24W, a 3000K”, contou.
Por esta razão, optamos por soluções de ilumi-
nação com formas curvilíneas”, afirmou.
por iluminação focada, através de um sistema de
L U M E ARQUITETURA
Para destacar os produtos da marca, optou-se
Entrada da loja recebeu luminárias de tela tensionada com formas ameboides, equipadas com T5 de 28W e 24W, a 3000K, e sistema de projetores com AR 111 de 35W, a 3000K em trilhos eletrificados instalados de forma sinuosa.
projetores com AR 111 de 35W a 3000K em
Para amortizar as sombras da iluminação
trilhos eletrificados. “Projetamos os trilhos em
direta nas prateleiras, foram instaladas fitas de
nichos com formas sinuosas, compostas em
LEDs de 14W/m e 3000K em todas elas. Nas
harmonia com as formas livres das amebas
gavetas inferiores também foi prevista uma fita
luminosas. No Brasil, não temos fornecedo-
frontal de LED (neste caso de apenas 6W/m),
res para trilhos curvos, então fizemos trechos
para “acendê-las” mesmo quando fechadas.
de trilhos retos nessas cavidades; a apa-
“É comum o ofuscamento causado por fitas
rência final, entretanto, é mesmo de trilhos
dentro de nichos ou sob prateleiras, quando
curvos”, elucidou. “Devido a esta sinuosidade
não corretamente projetadas. Para evitar
e também à variedade de necessidades de
isto, alocamos estes elementos em posição
iluminação, ora os projetores estão voltados
diagonal, de forma a tratar cada ponto de LED
para a parede adjacente, ora para a parede
como se fosse um microprojetor focalizado
oposta”, completou Franco. Para alcançar
na mercadoria. O nicho em diagonal ainda
este resultado, o lighting designer e sua
esconde a fonte de luz, dando um resultado
colaboradora despenderam duas noites de
extremamente agradável e livre de ofusca-
focalização.
mentos”, explicou Franco. L U M E A R Q U I T E T U R A 39
Área dos provadores possui uma grande claraboia de luz natural, protegida por tela tensionada translúcida, que também abriga lâmpadas T5 de 28W e 3000K. Fluorescentes T5 de 14W e 28W a 3000K completam a solução atrás dos espelhos.
Túnel
O túnel que liga a entrada ao fundo da loja
possui pé-direito muito baixo, de apenas 2,40 metros, contrastando com a entrada. Nele ficam expostas as coleções de lingeries especiais da marca. “Desenvolvemos este espaço com exclusividade para a Hope. São placas de acrílico com filmes dourado, prateado e preto por trás, instaladas de forma sobreposta. Este trabalho é uma joia do projeto, devido à coordenação da parte técnica”, disse a arquiteta Juliana.
Para iluminar as prateleiras e os nichos com
produtos expostos nas paredes, Franco utilizou fitas de LEDs de 14W/m e 3000K sob e dentro deles. Já para as mesas de centro e manequins, optou por embutidos no teto com dicroicas de 35W e 3000K de facho médio. “Fizemos uma distribuição aleatória de luminárias embutidas no teto de placas acrílicas lembrando um ‘céu estrelado’, porém capaz de iluminar os principais elementos expostos”, disse o lighting designer.
Ficha técnica Projeto luminotécnico: Gilberto Franco/ Franco Associados Lighting Design Colaboradoras do projeto luminotécnico: Renata Bodi/ Franco Associados Lighting Design e Renata Amato Conceito arquitetônico: DeuxL e Vudafieri Saverino Execução do projeto arquitetônico: Juliana Cintra do Prado / CDP Arquitetos Luminárias e telas tensionadas: Lumini Fitas de LED: Itaim Lâmpadas: Philips e Osram
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L U M E ARQUITETURA
Provadores
O fundo da loja, com pé-direito de 4,25 metros,
possui uma espécie de continuação do ambiente de entrada, coroado pelos provadores, estes totalmente diferenciados do restante. As divisórias internas dos provadores são compostas por cortinas de tecido dourado, material também presente no teto, em tiras finas e compridas, o que proporciona um efeito bastante teatral ao espaço. Acima destes elementos há uma grande claraboia de luz natural, protegida por uma tela tensionada translúcida, que também abriga lâmpadas T5 de 28W e 3000K. “A tela tensionada serve para distribuir homogeneamente tanto a luz natural como a artificial, e o resultado é uma iluminação totalmente invisível, mas que deixa o ambiente com aspecto claro e suave”, finalizou Gilberto Franco. Uma iluminação por detrás dos espelhos com lâmpadas fluorescentes T5 de 14W e 28W a 3000K, completa a solução luminotécnica dos provadores, e está presente também nos demais espelhos da loja.
prateleira
Alta reprodução de cor Fabricada em alumínio, a luminária Power LED Espeto de Jardim, da Brilia, é bivolt, consome 7W e oferece fluxo luminoso de 380 lumens. Com IP 65 e IRC 80, possui temperatura de cor de 3000K, podendo ser facilmente alterada para verde ou âmbar, através de kit de lentes e fixador (vendido separadamente).
www.brilia.com.br
Para downlight
Com refletor em alumínio de alta pureza e dissipador de calor, os embutidos da série GY240 TDIII da Gyled, empresa com sede em Pequim (China), oferecem controle de intensidade de luz e utilizam LED disponível nas potências de 12W, 18W, 23W, 30W, 35W e 45W, e nas temperaturas de cor de 3000K, 4000K, 5000K e 5700K. Com IP 20 e IRC 80, a peça é indicada para ambientes internos e externos e possui molas de aço inoxidável para fácil instalação.
www.gyledlighting.com
Embutido em LED Indicado para áreas internas, o embutido para teto Micro Borda, da Interlight, é desenvolvido em alumínio injetado com pintura eletrostática branca microtexturizada. A peça, com foco orientável e ângulo de abertura de 25°, oferece fluxo luminoso de 170 lumens utilizando LED de 4W a 3000K.
www.interlight.com.br
Eficiente e com alta definição de cor O projetor em LED da Lovely Lighting, empresa com sede em Guangzhou (China), é fabricado em alumínio, com revestimento anticorrosivo, tampa em vidro temperado e utiliza LED da marca Cree, em RGB, com 255 opções de cores. Disponível na potência de 300W, com IP 65 e 20 mil horas de vida útil, a peça possui ângulo de abertura ajustável e é indicada para ambientes externos de longa distância. www.lovely-lighting.com
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L U M E ARQUITETURA
Lumicenter + Dialux
Ficou fácil incluir nossas luminárias em seus projetos de iluminação, aproveite a parceria Lumicenter + Dialux e faça cálculos luminotécnicos confiáveis com ambientação 3D! Faça download do Plugin Lumicenter para o software Dialux através do QR Code ou acesse www.lumicenter.com.
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PD60
Luminária completa com LED e driver bivolt incorporado. Corpo de madeira curvada com base de alumínio e difusor em acrílico leitoso. Temperatura de cor 3000K. Disponível em dois tamanhos e potências: 71cm/25W e 135cm/50W.
perfil escritórios
Alalux
O
escritório foi criado em
1994
por
Norah Turchetti Conte
que, ao voltar ao
Brasil
após viver quatro anos na
África do Sul e sete no Chile, incorporou-se à empresa de iluminação criada por sua família em Belo Horizonte. No tempo em que esteve fora de seu país, especializou-se fazendo cursos na área de iluminação e arquitetura e notou que havia uma enorme defasagem entre os padrões internacionais e o que era oferecido no mercado brasileiro. Por esta razão, decidiu proporcionar aos clientes uma nova forma de tratar a luz em um projeto de arquitetura ou design.
Quando fundada, a empresa se chamava Aldolux e, posteriormente, após uma reformulação institucional foi denominada de
Alalux. Nestes quase 20 anos atuando com projetos luminotécnicos, realizou trabalhos muito importantes, principalmente em Minas Gerais. Atualmente, a titular ao lado de sua filha, também arquiteta, Daniela Turchetti Conte Magalhães, o escritório produz, em média, cerca de 80 projetos por ano.
Principais áreas de atuação Iluminação em geral, sem um segmento em particular.
Profissionais que compõem o escritório O escritório é formado pela engenheira-arquiteta Norah
Porém, desde o início demonstra uma postura muito clara com
Turchetti Conte, pela arquiteta e lighting designer Daniela
foco em eficiência energética e sustentabilidade. Aos poucos,
Turchetti Conte Magalhães e pelo lighting designer Donato
vem adentrando na iluminação cenográfica, principalmente
Turchetti Conte.
através de trabalhos desenvolvidos pela arquiteta Daniela. Prêmios recebidos Especialidades Trabalha em todas as áreas de iluminação, mas a maior parte dos projetos encontra-se ligada à arquitetura e ao design.
O escritório ficou na primeira posição em três edições do Prêmio Abilux de Projetos de Iluminação. Em 2006, com o Águas do Treme Lake Resort, na categoria Hotéis, Restauran-
Jomar Bragança
Principais projetos executados Memorial Minas Gerais – Vale; Espaço VIP Globo
Minas; Departamento Comercial da Band Minas e Clínica Odontológica, todos em Belo Horizonte, além de vários projetos residenciais na capital mineira e em cidades da região metropolitana. O Águas do Treme Lake Resort, em Inhaúma; Restaurante Estância Gourmet, em Alto Caparaó; Pousada Carumbé Serra do Cipó, em Santana do Riacho; Fazenda, em Jaboticatubas; Fazenda, em Sabará; e Fazenda e Haras Maravilha, em Bom Jesus do Amparo, todos em Minas Gerais. No exterior, uma residência em Angola e uma residência na Guiné Equatoriana, África. 1
Projetos recentes
Paisagismo em residência no Condomínio Vila Castela e apartamento no Vale do Sereno, ambos em Nova Lima, região metro-
politana de Belo Horizonte. Apartamento no bairro São Bento, em Belo Horizonte (MG), além de residência no Retiro do Chalé, em Brumadinho (MG).
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L U M E ARQUITETURA
tes, Bares, Hospitais e Clínicas; em 2009, com o Restaurante Estância Gourmet, na categoria Restaurantes e Bares; e em 2011, com a Pousada Carumbé Serra do Cipó, na categoria Hotéis, Hospitais e Clínicas. Entidades de classe que participa As titulares são associadas ao CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) e a Amide (Associação Mineira de Decoradores de Nível Superior). É representante de alguma empresa do ramo? Qual? Não.
Titulares: Norah Turchetti Conte e Daniela Turchetti Conte Magalhães
Possui loja de produtos para iluminação? Qual? Sim, a loja de iluminação Alalux by Norah. Profissionais considerados muito bons no Brasil e no exterior
Data de início das atividades: 1994
Há vários excelentes profissionais no Brasil. Citar nomes torna-se difícil, pois seria impossível lembrar todos. Norah Turchetti Conte começa sua lista por Peter
Endereço: Rua Alagoas, 474 – Belo Horizonte – MG Telefones: (31) 2112-1111 / (31) 2112-1100
Gasper, Neide Senzi e Plinio Godoy. Porém, afirma que existe uma turma jovem que está maravilhosa, como Luciana Costantin e Paula Carnelós, do escritório Acenda,
Site: www.alalux.com.br
além de Ugo Nitzsche, Flavia Bizzotto, Mariana Novaes, entre outros. No exterior, menciona os excelentes trabalhos dos escritórios Lighteam de Gustavo Avilés, do México, e Piero Castiglioni, da Itália. 2
Águas do Treme Lake Resort, em Inhaúma.
2
Espaço VIP Globo, em Belo Horizonte.
3
Pousada Carumbé, na Serra do Cipó.
Jomar Bragança
1
3
Projetos em execução
Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompeia; revitalização
da iluminação de Shopping; residência na Pampulha; esmalteria no Raja Shopping; e revitalização da iluminação de uma rede de supermercados dentro dos conceitos de eficiência energética, todos em Belo Horizonte (MG). Plano Diretor de Iluminação Rubens Campo
Urbana, Monumental e Arquitetônica da cidade de Ouro Preto; Pousada Carumbé, em Lavras Novas; e uma cobertura e uma fazenda, em Teófilo Otoni, todos no Estado de Minas Gerais.
L U M E A R Q U I T E T U R A 45
Média de projetos executados em um ano Aproximadamente 80 projetos nos vários segmentos de mercado. Ser lighting designer Ser lighting designer é poder enxergar o escuro, escutar o silêncio, tocar o invisível, sentir e saborear a emoção, pois para trabalhar com a luz precisamos de conhecimentos técnicos. Porém, enfoques filosófico e cultural também nos permitem conhecer a essência humana e a vida, para elaborar conceitos coerentes e harmoniosos com qualidade estética. Isto é a verdadeira sustentabilidade. Além Divulgação
disso, uma dose extra de sensibilidade é fundamental. O futuro do lighting design Na opinião das titulares do escritório, o futuro do
Equipe da Alalux.
Lighting Design exigirá foco em três parâmetros: simplicidade, conhecimento e eficiência.
case
case
Salão de Eventos da Globo Minas
No lobby, aparelhos embutidos no forro, com lâmpadas AR70, ressaltam o requinte da ambientação, e dicróicas destacam obras de arte.
Águas do Treme Lake Resort Da Redação Fotos: Jomar Bragança
Iluminação equilibrada para um espaço multiuso
O céu como cenário Da Redação Fotos: Jomar Bragança
O Á GUAS
DO
T REME L AKE R ESORT
Meio hispânico, meio barroco
É UM GRANDE
complexo de lazer voltado para todas as vertentes de turismo O Hotel, uma versão moderna do estilo espanhol,
de Belo Horizonte, ocupa uma área de 300 hectares de
possui uma belíssima arquitetura, com espaços trabalha-
cerrado mineiro e tem o maior lago de pesca esportiva da
dos para o perfeito entrosamento do projeto com a nature-
América Latina. É um empreendimento que nasceu a partir de uma
EM
cerrado, desassoreamento da lagoa e revitalização de sua
funcionando como elemento de referência.
e incorporado à sede, recebendo especial atenção e uma iluminação planejada, projeto da arquiteta e lighting designer
No centro do pátio um belo chafariz do séc. XVIII, originá-
orla da lagoa, que é circundada por aproximadamente 6km
rio do Solar dos Monjolos, no Rio de Janeiro, ladeado por
de pista asfaltada. Possui vários espaços cercados do
quatro tamareiras soberanas.
Norah Turchetti Conte. O perfil do cliente, poderoso meio de comunicação, formador de opinião e com elevado índice de exigência de quaA Iluminação do salão da Globo Minas, equilibrada e basicamente indireta, foi definida para atender às diferentes atividades realizadas no local.
Destaca-se também na paisagem uma impressionante réplica da Igreja de N. Sra. de Loreto, construída na Ilha do Frade (Bahia), no séc. XVIII em estilo barroco. O interior do
belecer a iluminação ficou por conta da utilização do espaço,
sertão das Gerais.
templo é enriquecido por belíssimas imagens da Sant’Ana e
extremamente variada.
▼
A museografia ficou sob a responsabilidade assessoria da arquiteta Norah Turchetti Conte, da Alalux,
Euroluce 2009
no projeto luminotécnico da exposição, montada em uma área de 240 metros quadrados, sem divisões. A proposta para a mostra foi criar um espaço amplo e de fácil circulação, com todos os painéis dispostos em nichos colocados junto às paredes, formando um
À iminência de um novo “Renascimento”
retângulo no centro do espaço. “Procuramos criar um espaço de deslocamento onde o visitante pudesse interagir com o conceito de mobilidade urbana”, disse
Por Norah Turchetti Conte
Norah. Em virtude dos 10 dias disponíveis para elaboração e montagem do projeto, considerado um prazo muito curto pelos projetistas, optou-se por soluções simples. Para não haver distinção entre a estrutura do local, dos
cenário urbano, criou-se uma superfície contínua para
Painel de exposição, iluminado com lâmpadas fluorescentes T5 de 28W e 14W, a 4000K.
Em Milão, na Itália, de 23 a 25 de abril, em
privado, e já se fala do surgimento iminente de
paralelo à Euroluce, aconteceram dois eventos
outro “Renascimento”, provavelmente quando
de grande importância para os lighting desig-
passar esta crise econômica mundial, ou o
ners: o seminário “Light Focus em Milão” e a
período das trevas...
“Designing Designers” (Conferência Internacio-
técnico de Milão, mostrou várias experiências
ção dos Lighting Designers Profissionais (PLDA) e Associação Italiana de Lighting Designers Pro-
amplidão dos grandes centros urbanos, criando um
fissionais (APIL), trouxe à tona a cada vez mais
espaço sem limites visíveis. Para tal, as paredes foram
crescente preocupação com a qualidade da iluminação, ao colocar ênfase no tema “O que
pintadas de preto, e as aberturas superiores foram cobertas com tecidos da mesma cor. O projeto luminotécnico procurou manter o aspecto conceitual dos arquitetos para a exposição, utilizando a luz como o elemento de composição do projeto. de estar dentro do espaço urbano, fortalecendo sua
pela Faculdade de Design do Instituto Poli-
O Light Focus, apresentado pela Associa-
Junto disso, buscou-se transmitir a idéia de
“Procuramos proporcionar ao visitante a sensação
Já a Designing Designers, promovida
nal das Universidades de Design).
englobar esses três elementos.
Foto: arquivo pessoal
painéis expostos e da iluminação, além de manter a
Os painéis de exposição foram feitos com placas mdf pretas, o que destacou a iluminação.
TENDO COMO TEMA A MOBILIDADE URBANA, A EXPOSIÇÃO
os novos parâmetros de eficiência energética e salubridade ao já tão discutido assunto das necessidades das grandes cidades. Ross Mcleod, da Universidade da Austrália, foi
já têm reconhecida sua grande importância dentro do âmbito da
extremamente feliz ao resumir, com uma frase, a fenomenologia
arquitetura e do design. A postura conceitual do profissional foi
da luz:“O espaço emerge, quando os aspectos materiais se
colocada como condição essencial para que haja excelência no
dissolvem”.
projeto.
88
A mostra foi uma iniciativa do IVM – Brasil, braço latino-americano da organização civil “Institut pour la Ville em Mouvement” (Instituto para a Cidade em Movimento),
Minas Gerais, de 14 de novembro de 2007 a 15 de janeiro
da França, e fez parte do 2º Encontro de Cooperação
de 2008. Os 45 projetos expostos buscaram apresentar aos
Internacional Descentralizada, que visa ampliar a
visitantes soluções criativas para os problemas de grandes
cooperação para a solução dos problemas sociais de
cidades em vários países.
brasileiros e franceses.
Visitante observa um dos painéis que apresentavam soluções para os problemas de grandes cidades.
L U M E ARQUITETURA
L U M E A R Q U I T E T U R A 89
Não se pode deixar de ressaltar a enorme repercussão obtida
Ou seja, a constatação de que, à medida que encaramos uma
sobre todos os setores ligados à iluminação, especialmente os
situação e entendemos sua dinâmica, a criatividade floresce, torna-
lighting designers, sobre a nova legislação européia que banirá,
se pertinente a tendência de valorização existente na qualidade
a partir de setembro de 2009, as lâmpadas incandescentes lei-
do conceito luminotécnico a ser seguido. Isso significa que sem
tosas a partir de 100W, numa pouco clara intenção de diminuir o
um bom conceito não há um bom projeto.
aquecimento global.
Posturas foram colocadas pelo evento como fundamentais,
Obviamente se questiona o porquê de aplicar a lei somente
tais como a importância de que os profissionais busquem infor-
às leitosas: o fato de não serem transparentes seria assim tão
mações sobre a aplicação de novos produtos, especialmente os
significativo para a excessiva liberação de CO² na atmosfera? E
LEDs, bem como se comprometam com a sustentabilidade e a
quanto aos veículos movidos a diesel, que constituem a imensa
relação entre luz e saúde.
maioria da frota europeia? E o descarte das fluorescentes? Muitas
holofote
questões, como estas, não foram respondidas nos debates. Definitivamente, neste ponto, e por sorte, tão somente neste,
Agora não bastam apenas os aspectos estéticos, ou apenas os
a Euroluce terminou em pizza! Como consolo ficou o protesto de
aspectos práticos. Nunca a estética, em seu aspecto filosófico e
Ingo Maurer que, num rasgo de ironia, apresentou a sua nova
conceitual, esteve tão atrelada à ética.
criação: o “Euro Condom”, com o lema “Protect yourself from
Em um projeto não haverá excelência sem a preocupação
Stupid Legislation”. Trata-se de um preservativo para lâmpada,
com a saúde do planeta e de toda a vida nele existente. O en-
que deixa os bulbos transparentes com o aspecto fosco. [Veja
tendimento se baseia no antigo ditado japonês: “Beleza é a con-
em www.designboom.com]
sequência do correto”. Cabe salientar que, também lá, um dos maiores problemas do lighting designer continua sendo o limite orçamentário que se percebe em todos os setores, seja público ou 100
Ficou evidente uma grande mobilização com relação à iluminação urbana, ajustando
envolve diretamente a qualidade dos projetos que, definitivamente,
A luz deve ser entendida e, somente assim, pode ser desenha-
Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte, capital de
acadêmicas, também na área da saúde e da sustentabilidade.
define excelência em lighting design?” Obviamente, tal questão
da. A excelência de um projeto luminotécnico reside neste ponto.
Mova Arquitetura: Cidades e Mobilidades aconteceu no
Norah Turchetti Conte é engenheira e arquiteta, com pós-graduação em Educação Ambiental. Empresária no ramo de Iluminação e lighting designer, atua também como professora de Iluminação e Prática Profissional, na Universidade FUMEC.
L U M E ARQUITETURA
case
Iluminação no paisagismo Conte-nos qual é a sua formação e
Penso que todo e qualquer projeto que
como foi o início de sua carreira no
elaboramos é nosso maior desafio num
mercado luminotécnico.
determinado momento da carreira. Ob-
Sou engenheira e arquiteta formada pela
viamente, neste momento, o Plano Dire-
UFMG (Universidade Federal de Minas
tor de Iluminação de Ouro Preto é meu
Gerais) com pós-graduação na área
maior desafio profissional, especialmente
ambiental pela UEMG (Universidade do
tratando-se de uma cidade tão especial;
Estado de Minas Gerais). Minha estória
a terra da Inconfidência e da liberdade,
com a iluminação é como uma estória de
plena de sombras e também de luz, cheia
amor: na universidade gostava demais da
de segredos, ideias e ideais. Iluminar esta
matéria e a iluminação sempre exerceu
cidade é um grande desafio e por isso
afetados de acordo com a luz dos lugares. Vivi vários anos fora do Brasil e neste período procurei estudar e fazer cursos de extensão em várias áreas da arquitetura e da iluminação. Com o passar do tempo,
Lighting designer mineira compara
por tudo o que esta cidade representa,
à uma estória de amor.
que será um título merecido e valioso
Você participa de alguma associação no Brasil ou no exterior? Por quê?
zonte, sou lighting designer e professora
meus trabalhos.
Já participei de uma associação no Bra-
Grande parte dos seus trabalhos é em
e estou preparando a documentação
sil, porém atualmente participo da IES
na Universidade Fumec. Lecionar me e desenvolver conhecimento na área da
Minas Gerais. Como é o mercado de
para a IALD. Acho que o intercâmbio de
iluminação arquitetônica, fundamental
iluminação no Estado?
informações e de experiências só tem a
para desenvolver projetos luminotécnicos
Em Minas Gerais estamos circundados
acrescentar para todos os profissionais
por montanhas e somos muito conserva-
de iluminação. No entanto, devemos estar
dores. Isto nos obriga a estar sempre bus-
atentos para não sucumbir a fórmulas
O que você considera ter sido determi-
cando uma linguagem própria, mineira,
alheias que não se adéquam a nossa
nante para o seu sucesso profissional?
com características bem definidas. Além
realidade e tentar encontrar através das
Além do carinho imenso pelo assunto,
disso, estamos sempre buscando solu-
várias informações adquiridas a nossa
obviamente, os cursos constantes de
ções melhores a cada dia, pois somos
linguagem própria.
atualização e toda a valiosa experiência
exigentes quanto à qualidade. De fato,
de vida adquirida ao longo de vários
Belo Horizonte é considerada um mer-
anos vivendo em sociedades que pas-
cado teste dentro da realidade brasileira
savam por um período economicamente
exatamente por este motivo. O mercado
estável, mas desestabilizadas social e
de iluminação está demonstrando cres-
Atualmente, você está apaixonada por algum projeto ou por algo especial que tenha acontecido em sua vida? Estou sempre apaixonada! Pela vida, pe-
politicamente. Tudo isto me ajudou a ver
cimento evidente simultaneamente com o
las pessoas, pelos alunos, pelo trabalho,
e a sentir a luz no mundo e nas pessoas,
nível de exigência de qualidade por parte
pela luz das coisas e das pessoas, por
de maneira intrínseca, a partir de sua es-
dos clientes.
tudo que me circunda e que me ajuda
Você é uma das responsáveis pelo Pla-
melhorar mais a cada dia. No momento
Jardins,
a ser quem sou, tentando aprender e
sência. Sempre fui muito questionadora e isto é um processo constante em minha
46
para todos nós.
o projeto muito simples. Tenho atuado dentro deste princípio na elaboração de
coerentes com sua aplicação.
Por Adriano Degra
por sua história e sua arquitetura. Penso
constato a importância daqueles anos fora do Brasil. Hoje vivo em Belo Hori-
evidencia a necessidade de pesquisar
102
mesmo é fascinante. Trazer para Ouro Preto o título de Cidade Luz é um sonho,
sua trajetória profissional Entrevista concedida a Erlei Gobi
Embutidos de solo e diferentes temperaturas de cor destacam jardins de luxuosa residência em Nova Lima
vida. Acredito que a luz emana da essên-
no Diretor de Iluminação de Ouro Preto.
estou especialmente apaixonada pela
cia do conceito do projeto e isto torna
Este é o maior desafio da sua carreira?
chegada do meu primeiro netinho, UAI!!!
L U M E ARQUITETURA
L U M E ARQUITETURA
Gustavo Xavier
um grande fascínio em minha vida. Já percebia como o humor e o ânimo eram
42
L U M E ARQUITETURA
14 L U M E A R Q U I T E T U R A
tro de parâmetros de eficiência e beleza. O desafio para esta-
L U M E A R Q U I T E T U R A 15
opinião
da Horizontes Arquitetura e Urbanismo, que teve a
coerência com o conceito que buscava formalizar o
▼
▼
L U M E A R Q U I T E T U R A 31
Iluminação proporciona ao visitante sensação do espaço urbano
lidade, direcionou a elaboração do projeto luminotécnico den-
tes, que proporcionam ao visitante a sensação de estar plenamente em harmonia com a beleza da natureza do
30 L U M E A R Q U I T E T U R A
Por Rodrigo Casarin Fotos: João Marcos Rosa
PARA CONCENTRAR TODAS AS
Vespúcio, na região noroeste da capital mineira. Em abril de 2005, o Salão de Eventos da TV Globo Minas foi reformulado
suítes. Em área próxima, vê-se a impecável torre do sino,
verde do cerrado, com paisagismo e decoração exuberan-
meu projeto
1995,
atividades da Globo Minas – fundada em Belo Horizonte em 1968 – foi construída a sede da emissora na Avenida Américo
centro, há um lindo pátio interno, agregador de espaços, ponto de partida do projeto. Em torno do pátio estão as
foi a recuperação da área com vegetação nativa do nascente. Não há circulação de carros, com exceção da
Exposição MOVA Arquitetura
JULHO DE
za. A entrada, enriquecida pelo caprichoso paisagismo, depara-se com a pirâmide que abraça e encanta. No
área de reflorestamento de eucaliptos que possuía uma enorme lagoa assoreada. O primeiro passo na implantação
▼
rural e eventos. Localizado na cidade de Inhaúma, a 83km
antes
a noite, começou a ser tornar realidade. A iluminação no
do surgimento da luz artificial era possível desfrutar desses
paisagismo oferece segurança, auxilia os usuários a transitar
locais apenas no período diurno. Após o surgimento da lâm-
praças e grandes áreas urbanas.
pelos caminhos entre praças e jardins e, não menos impor-
pada incandescente, criada por Thomas Edison em 1879, a
tante, permite a contemplação da beleza e da natureza nas
possibilidade da utilização desses ambientes também durante
paisagens noturnas. L U M E A R Q U I T E T U R A 43
O escritório Alalux foi capa da edição nº 50 da Lume Arquitetura com o projeto realizado na Pousada Carumbé Serra do Cipó, em Santana do Riacho (MG). Teve, ainda, mais seis cases publicados: Águas do Treme Lake Resort, na edição nº 10; Espaço VIP Globo Minas, na edição nº 21; apartamento, na edição nº 27; Exposição Mova Arquitetura: Cidades e Mobilidades, na edição nº 32; restaurante Estância Gourmet, na edição nº 41; e paisagismo em uma residência no condomínio Vila Castela, na edição nº 57. Teve, também, participação na LA_PRO nº 2, com o projeto de um sítio, em Itaúna, e de um haras, em Bom Jesus do Amparo, ambos em Minas Gerais. A titular Norah Turchetti Conte ainda escreveu um artigo para seção Opinião da edição nº 39, foi a convidada para a seção Holofote da edição nº 47, além de ter sido fonte de informação de diversas matérias publicadas na revista.
tune the light
Opton LED
Premiere for ERCO’s Opton: efficient spotlights, floodlights and wallwashers consistently designed with LEDs, the source of the future, for maximum performance. The minimised design positions Opton as an optimal tool for shop lighting: Its very low height makes it ideal for shop windows or rooms with low ceilings. The
E
luminaire head of cast aluminium ensures a long life through sophisticated heat management. High-power LEDs in warm white or neutral white produce a luminous flux of up to 2160lm with a connected load of only 27W. The highly efficient LED lighting technology featuring collimators and Spherolit lenses is only
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iluminação de estádios
Fonte Nova Por Adriano Degra Renderizações: Unloop Filmes
Projetores em LED RGB destacam a fachada de arena em Salvador
No detalhe, projetor utilizado para iluminar o campo equipado com lâmpadas de vapor metálico de 2000W a 5600K e IRC 90.
O
Octávio Mangabeira,
popularmente
foi demolido e teve início a construção da Arena Fonte
conhecido como Fonte Nova, inaugurado no ano de 1951,
Nova. O projeto é fruto de uma Parceria Público-Privada
sempre foi uma referência da cidade de Salvador (BA).
(PPP) entre a FNP - Fonte Nova Negócios e Participações
Palco de grandes decisões futebolísticas, o local teve uma
(formada pela Odebrecht Participações e Investimentos
grande “mancha” em sua história com o desabamento de
e OAS) e o Governo do Estado da Bahia, que estabelece
parte da arquibancada do anel superior, ocorrido em 2007,
a utilização do espaço pelo parceiro privado durante 35
durante uma partida envolvendo as equipes do Bahia
anos.
(BA) e do Vila Nova (GO), que culminou na morte de sete
pessoas e deixou outras 30 feridas. Após este incidente,
dimento terá capacidade para 50 mil pessoas, com
ficaram explícitas as péssimas condições de infraestrutura
o acréscimo de cinco mil assentos temporários, que
do estádio e a necessidade de uma grande reforma ou
serão instalados no vão entre as arquibancadas, com
até mesmo de sua demolição – para dar espaço a um
vista para o Dique de Tororó (único manancial natural
empreendimento mais moderno; e foi justamente isso o
de Salvador), apenas durante os eventos futebolísticos
que aconteceu.
com chancela da FIFA. O espaço ainda contará com 70
Após três anos de interdição, em 2010 o local foi
camarotes, dois restaurantes, 39 quiosques de alimen-
aprovado como uma das sedes da Copa das Confede-
tação, lojas de entretenimento, salões de negócios e
rações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014, o estádio
eventos, duas mil vagas de estacionamento e espaço
estádio
Orçada em 591,7 milhões de reais, o empreen-
L U M E A R Q U I T E T U R A 51
cultural (museus do esporte e da música). A
oferecer aos espectadores experiência visual
obra esta prevista para ser entregue no dia 7
de qualidade, além de proporcionar melhores
de abril de 2013.
condições para filmagem, fotografia e permitir
que as câmeras consigam capturar imagens em
O projeto arquitetônico desenvolvido pelo
arquiteto Marc Duwe, titular do escritório Tetra
alta definição, emitindo luz suficiente, tanto em
Arquitetura e Claas Schulitz, titular do escritório
qualidade como em quantidade.
Schulitz Archtektur+Technologie foi executado
pelo consórcio Arena Fonte Nova. O principal
projetores equipados com lâmpadas de vapor
conceito foi manter a característica arquitetôni-
metálico de 2000W a 5600K e IRC 90. O produto
ca do estádio – o formato de ferradura – com
escolhido foi um aperfeiçoamento de um modelo
abertura para o Dique de Tororó, sem deixar de
utilizado nos estádios da Copa do Mundo de
promover inovações. Dentre as novidades estão:
Futebol disputado na Alemanha, em 2006. “Além
a aproximação das arquibancadas ao campo,
de utilizar a melhor tecnologia disponível, o
otimizando as condições de visibilidade do
projeto busca aplicar as condições necessárias
público; e a moderna cobertura feita de estrutura
para se obter uma iluminação de qualidade após
tubular e cabos, revestida por uma membrana
a Copa do Mundo, sem desperdiçar energia”,
de PTF, que abriga 100% dos assentos e ocupa
enfatizou Flávio Guimarães.
Para iluminar o gramado, foram utilizados
36 mil metros quadrados de área, contribuindo para o conforto dos visitantes. Esta é a primeira
Áreas internas e externas
vez que um empreendimento deste segmento utiliza este tipo de cobertura no Brasil. “O
A iluminação realizada nas áreas internas e
aspecto multifuncional é outro ponto novo para
externas – exceto o restaurante, os museus e os
a Bahia, que terá a sua primeira arena multiuso
camarotes – foi assinada pelos lighting design-
com qualidade de serviços para o público em
ers Paulo Candura e Plinio Godoy, titulares do
geral. O local terá área VIP e camarotes, restau-
escritório Luz Urbana Engenharia na época. O
rantes panorâmicos, espaço cultural e centro de
projeto teve como conceito principal aplicar a
convenções”, disse José Luiz Góes, diretor de
eficiência energética, trabalhar com diferentes
engenharia da Arena Fonte Nova.
lâmpadas e luminárias e utilizar a norma NBR 5101, onde o fluxo luminoso indicado permite
Iluminação do campo
que os usuários consigam se localizar e identificar facilmente todos os detalhes do espaço, fa-
52
A luminotecnia do campo ficou a cargo da
cilitando a circulação no local em dias de evento.
Philips do Brasil e, segundo o diretor comercial
da empresa Flávio Guimarães, o objetivo foi
tores em LED RGB de 250W, com fluxo luminoso
L U M E ARQUITETURA
Para iluminar a fachada, utilizaram-se proje-
No estacionamento e na área de circulação foram utilizadas T5 de 25W a 4000K.
de 5200 lumens, IP 66 e abertura de 5°, para que a luz fosse capaz de alcançar o ponto mais alto do estádio, próximo
A luminotecnia utilizou 4000K e 4200K com o objetivo de interferir diretamente na ambientação e no estímulo das atividades oferecidas nos espaços.
à cobertura. Os postes de iluminação pedonal do entorno da arena possuem
54
cinco metros de altura e foram equipados
4000K e 4200K com o objetivo de interferir
com lâmpadas de vapor metálico de 70W
diretamente na ambientação e no estímu-
a 4000K. Já os postes de sete metros
lo das atividades oferecidas nos espaços.
de altura, para as vias, tiveram a mesma
“Esta temperatura de cor transmite psico-
fonte de luz também a 4000K, mas com
logicamente a sensação de dinamismo
potência de 150W. “A ideia da iluminação
e estímulo aos usuários do estádio, além
da fachada foi principalmente utilizar a
da impressão de maior quantidade de luz
flexibilidade das cores através do RGB,
quando comparado à outra mais quente”,
com um projetor independente do outro,
explicou.
possibilitando trabalhar com um ‘jogo’ de
cor de acordo com o evento que estiver
luminárias e potências utilizadas variam
ocorrendo no local”, afirmou Maria Emília
de acordo com as necessidades de
Soares, coordenadora do projeto de
cada ambiente, e a quantidade de luz é
iluminação e arquiteta do escritório Luz
determinada pela Norma NBR 5101 para
Urbana Engenharia.
exteriores. “No momento de selecionar as
luminárias que seriam aplicadas nas áreas
O projeto realizado nas áreas de cir-
Ainda, segundo a arquiteta, as
culação recebeu fluorescentes tubulares
internas e externas da Arena Fonte Nova,
T5 de 25W a 4000K e embutidos de LED
prevaleceu como critério de aprovação o
de 27W no teto, na mesma temperatura
design e o desempenho dos produtos”,
de cor e com IRC 80. No estacionamento,
finalizou. Outra característica relevante da
também utilizaram fluorescentes tubu-
iluminação das áreas externas e internas
lares T5 similares às utilizadas na área
foi o cuidado para atender às exigências
de circulação. Segundo Maria Emilia, o
do LEED (Leadership Energy and Environ-
projeto foi totalmente pensado no uso de
mental Design).
L U M E ARQUITETURA
Ficha técnica Projeto luminotécnico do campo: Philips do Brasil Projeto luminotécnico das áreas internas e externas: Paulo Candura e Plinio Godoy / Luz Urbana Engenharia Coordenadora: Maria Emília Soares / Luz Urbana Engenharia Elaboração do projeto arquitetônico: Marc Duwe / Tetra Arquitetura e Claas Schulitz / Schulitz Archtektur+Technologie Execução do projeto arquitetônico: Consórcio Arena Fonte Nova Construção: FNP (Fonte Nova Negócios e Participações)/Odebrecht Participações e Investimentos e OAS
Fornecimento de soluções profissionais para projetos de iluminação à LED
Iluminação para aeroportos
Hotéis
Plataformas de metrôs
Teatros
Vagões de metrôs
Lojas
Comunicação Visual
Iluminação pública
Iluminação panorâmica
Shoppings e supermercados
Iluminação de escritórios
Industrial
case
Restaurante japonês Iluminação criativa destaca arquitetura do Kosushi
Por Adriano Degra Fotos: Davi Martins
56
Inaugurado em maio de 2008, com arquitetura inspirada
tipos de peças), disponível também pelo twitter, onde é possível
no Bal Harbour Shops de Miami (Estados Unidos), o shopping
esclarecer dúvidas sobre tendências de moda e combinações.
Cidade Jardim é considerado um dos mais luxuosos da capital
paulista. A relação de 180 lojas conta com grifes renomadas,
do shopping, todos os restaurantes foram realocados para este
como Carolina Herrera, H.Stern, Armani, Daslu, além da maior
local, entre eles o Kosushi, especializado em sushi e sashimi,
loja da Louis Vuitton da América Latina, com 1.500 metros qua-
com nome oriundo da sigla japonesa KO (significado de tarta-
drados. Além disso, o empreendimento oferece gratuitamente ao
ruga, animal que simboliza felicidade e bom agouro na cultura
seu seleto público alguns atrativos como o serviço de personal
nipônica). Ainda no quarto piso existe a entrada para a loja Daslu
shopper, (profissional especializado em realizar compras e sugerir
e a academia Reebok Sports Club (projetos divulgados na Lume
L U M E ARQUITETURA
Com a inauguração da área gastronômica no quarto piso
Arquitetura nas edições 56 e 59, respectiva-
Em todo o projeto de iluminação foi
mente). O restaurante de 235 metros quadra-
utilizada iluminação à temperatura de cor de
dos possui dois andares e recebeu projeto
3000K, com o objetivo de deixar os locais
arquitetônico do arquiteto Arthur Casas, titular
mais “quentes”. Porém, o resultado ainda não
do Studio Arthur Casas, que teve como prin-
tinha atingido o nível de satisfação desejado,
cipal conceito criar dois níveis com espaços
o que acabou originando a necessidade de
integrados, mas que, ao mesmo tempo, pro-
usar o filtro corretivo de luz, na cor âmbar
porcionassem ao visitante uma experiência
light, em todos os espaços, para, enfim, con-
única em cada ambiente. “Os caixilhos fixos
seguir a tonalidade de cor ideal.
do pavimento térreo foram substituídos por portas-guilhotina que permitem a integração
Área externa
total com o terraço, que se torna extensão do
58
restaurante”, explicou o arquiteto.
ta por mesas e uma bancada abaixo do toldo
O projeto luminotécnico realizado pelo
A área externa do restaurante é compos-
lighting designer Rafael Serradura, titular do
retrátil, além de uma enorme estrutura em
Studio Serradura, teve o objetivo de aplicar a
vidro, que permite a visualização do espaço
luz de forma criativa para destacar a arquite-
à longa distância e desperta a curiosidade
tura. “Nossa intenção foi iluminar o espaço
de quem passa. A única iluminação neste
sem mostrar a fonte luminosa. A ideia é
ambiente é feita através de fluorescentes
despertar a curiosidade do cliente, proporcio-
tubulares T5 de 28W abaixo da bancada e
nar diversas sensações e conseguir ressaltar
embutidos de solo equipados com halógenas
todos os ambientes. Tudo isso faz o visitante
AR 70 de 50W/8º, marcando os pilares. “Utili-
se integrar ao local e valorizar o convívio
zamos a reflexão através da luz que rebate no
humano”, disse Serradura. Ainda, segundo o
piso fulget (combinação de cimento, aditivos
lighting designer, o arquiteto deu total liberda-
e granulados de pedras naturais) e ganha
de para a criação e concepção do projeto, o
maior proporção ao chegar ao toldo retrátil,
que contribuiu com o resultado final.
permitindo que os visitantes aproveitem ao
L U M E ARQUITETURA
Área externa iluminada por T5 de 28W a 3000K abaixo da bancada e embutidos de solo equipados com halógenas AR 70 de 50W/8º, nos pilares.
máximo o alimento e o ambiente, sem deixar
às utilizadas no forro são responsáveis pela
passar despercebida a arquitetura”, disse
iluminação indireta. Complementando a luz
Serradura.
neste ambiente, arandelas de 100W mar-
cam a luz pontual nas mesas alinhadas nas
Segundo o lighting designer, este estilo
peculiar de trabalhar com a luz aguça a
estruturas metálicas da fachada. “Tivemos a
curiosidade das pessoas que transitam pelo
intenção de criar o formato ‘Z’ de visualiza-
local, e isso tudo foi pensado na elabora-
ção da iluminação, através da luz que vem
ção do projeto. Em uma de suas visitas ao
dos rasgos lineares inseridos no forro, da
restaurante, notou uma criança procurando a
luz indireta que surge do sofá e das arande-
fonte luminosa, se agachando ao chão e re-
las próximas às mesas”, explicou o lighting
virando todos os lugares possíveis. “Quando
designer.
uma pessoa vai ao espaço e tem despertado
seu interesse em encontrar de onde está
mesas em madeira, onde são realizadas
vindo a luz, é a resposta de que acertamos
as refeições, e o mobiliário ocupa apenas
no projeto”, informou.
os espaços estratégicos, contribuindo para
Este primeiro pavimento possui diversas
a circulação dos clientes. “Realizamos a Piso inferior
aplicação luminotécnica neste ambiente com o objetivo de evidenciar a integração entre os
Na entrada principal, com pé direito
espaços”, disse Serradura.
duplo, optou-se por um pendente, desenvolvido pelo designer David Weeks, equipado
Balcão do sushiman
com incandescente de 60W. Seguindo pelo Balcão do sushiman recebeu fitas de LED de 1W/m, enquanto T5 de 28W a 3000K foram instaladas na prateleira e também dentro do forro.
espaço, é possível visualizar o forro em
madeira com sancas equipadas com T5 de
de trabalho do sushiman, onde são prepara-
Um dos atrativos do piso inferior é a área
28W. Abaixo do sofá lâmpadas similares
dos os alimentos. Este espaço foi totalmente
L U M E A R Q U I T E T U R A 59
pensado e desenhado com muito cuidado para que fossem atendidas as necessidades do profissional, sem comprometer a
Piso inferior iluminado por sancas equipadas com T5 de 28W a 3000K e arandelas de 100W, marcando luz pontual nas mesas.
estética do projeto. O ambiente é composto por um extenso balcão com painéis de Ficha técnica
madeira e laca verde, cadeiras em alumínio, e vitrines – onde ficam armazenados alguns
Projeto luminotécnico: Rafael Serradura/ Studio Serradura
ingredientes. Para iluminar a bancada de trabalho do sushiman, foram inseridas fitas de LED de 1W/m na parte interna, embaixo
Projeto arquitetônico: Arthur Casas/ Studio Arthur Casas
do expositor, para auxiliar nas atividades do profissional. A luminotecnia, que dá apoio ao balcão, se deu através de fluorescentes tubulares T5 de 28W instaladas no acrílico
boram com o design clean do ambiente.
inserido na prateleira e também dentro do
Com a mesma solução luminotécnica do
forro, com a mesma solução. “O dégradé
pavimento inferior, o objetivo foi explorar
proporciona um equilíbrio visual interessan-
ao máximo a profundidade do espaço e
te, caso contrário, ficaria tudo muito ‘duro’
permitir que sejam criadas diversas ‘cenas
e não teríamos esse jogo de profundidade”,
através de circuitos dimerizáveis. Segundo o
explicou Serradura.
lighting designer, o maior desafio do projeto foi a integração entre as disciplinas com-
Piso Superior
plementares. “Não utilizamos luminárias comerciais de mercado, e sim uma marcenaria
60
Chegando ao andar superior, o cliente
embutida nas luminárias projetadas por nós,
encontra um enorme sofá e detalhes em
o que tornou o projeto 100% personalizado”,
madeira na parede e no piso, que cola-
finalizou.
L U M E ARQUITETURA
Luminárias Decorativas: David Weeks/ Studio David Weeks Lâmpadas: Philips e Osram Fitas de LED: Lucchi Reatores eletrônicos dimerizáveis: Philips Filtro corretivo de luz: Roscolux
ponto de vista
Iluminação de bens históricos Por Marcos Ivan
Uma iluminação compatível com um bem ou lugar histórico
mentais: o que o sistema se propõe a oferecer em forma de
evidencia sua arte, sua beleza e sua cultura, transformando-se
iluminação e como fisicamente este resultado será alcançado.
numa ferramenta de estímulo à preservação patrimonial. Esses
ambientes devidamente iluminados proporcionam uma maior
envolvem efeito luminoso e intervenção física, as atenções
integração das pessoas com a paisagem trazendo sensações de
conceituais dos projetos de iluminação das igrejas centenárias
prazer e de segurança, o que sugere o surgimento de um maior
devem se debruçar tanto no caráter estético do bem, evitando
sentimento de zelo e propriedade patrimonial.
sensações de deformação arquitetônica, quanto nos seus
Contudo, para a iluminação de uma igreja centenária de pedra
aspectos construtivos, para que não resultem danos físicos
e cal é necessário atentar quanto aos procedimentos executivos
na edificação. Essas circunstâncias representam importantes
das instalações de modo que sejam preservados os aspectos
nuances de ordem técnica a serem consideradas.
construtivos do bem que formam o objeto de preservação. Nesse
prisma, a elaboração de um projeto de iluminação patrimonial
vação dos bens históricos é oferecer condições para o uso
passa pela observância de dois aspectos que julgamos funda-
contínuo desses bens, uma vez que o abandono conduz à
62
Os benefícios da utilização do sistema DALI no segmento patrimonial
L U M E ARQUITETURA
Em consonância com esses dois aspectos que em síntese
Um dos princípios defendidos pelas políticas de preser-
degradação. Nesse sentido, a iluminação de
dor próprio do sistema DALI) decodifica o sinal e
um bem histórico deve oferecer soluções para o
executa o comando sobre a luminária, podendo
melhor aproveitamento de suas potencialidades,
modificar a intensidade luminosa (dimerização)
gerando, dessa forma, condições permanentes
e, no caso da utilização de luminárias dotadas
de sustentabilidade.
do sistema RGB, modifica a cor do fluxo lumino-
so com vistas ao efeito desejado.
Um recurso tecnológico de mínima interven-
ção e que bem se ajusta às circunstâncias de
ordem patrimonial é o sistema DALI de ilumi-
intercomunica simultaneamente de forma dife-
No Diagrama 2, a unidade de comando se
nação (Digital Adressable Lighting Interface).
renciada com diversos pontos de luz, L1 a L9,
Esse sistema reduz significativamente o número
produzindo efeitos distintos nesses pontos, tanto
de eletrodutos, fiações e interruptores, sendo
de forma individual (L7, L8 e L9), como sobre
encontrado no mercado sob diversas marcas.
grupos de luminárias (L1,L2,L3 e L4,L5,L6).
Sua aplicabilidade no segmento patrimonial
ficará facilmente compreendida com a sequência
ao acervo patrimonial, o uso do LED é reco-
explicativa a seguir.
mendável para a iluminação dos monumentos
Devido a não emissão de radiações nocivas
históricos. Neste caso, devem-se utilizar fontes A simplicidade executiva e operacional
com tonalidade próxima à média da luz do dia, que proporcionam um bom IRC (índice de
O sistema se utiliza basicamente de quatro
reprodução de cores). As radiações ultravioleta
elementos: uma unidade de processamento que
e infravermelha presentes nas fontes tradicionais
armazena as codificações de operação da(s)
agridem o pigmento orgânico causando princi-
luminária(s); um par de fios com capacidade
palmente a descoloração das pinturas.
para alimentar diversas luminárias; uma unidade
decodificadora (endereço eletrônico), que pro-
minação das igrejas históricas, um ótimo recurso
cessa os parâmetros elétricos informados pela
tecnológico aplicável é a utilização do sistema
unidade de processamento, e, finalmente, a(s)
DALI. Este sistema, além de comandar o acio-
luminária(s).
namento geral da instalação, permite o controle
da intensidade luminosa dos ambientes sacros,
Ao utilizar um único par de fios, fase e
Para a racionalização das instalações de ilu-
neutro, para alimentar um grande número de
produzindo, por exemplo, a variação de tons da
luminárias, o sistema soluciona questões cruciais
luz branca para tonalidades mais quentes ou
na iluminação de monumentos históricos, pois
mais frias conforme seja o fundo a ser iluminado.
racionaliza as intervenções no tocante ao uso de
eletrodutos e interruptores, mantendo a integrida-
variação cromática permitida pelo Sistema DALI.
de das características físicas do bem.
Em algumas igrejas são utilizadas iluminações
diferenciadas em suas fachadas de conformi-
No Diagrama 1, a unidade de processamen-
Há de se considerar, contudo, quanto à
to envia o sinal codificado (parâmetros elétricos)
dade com as cerimônias celebradas. Neste
para uma unidade sensorial (endereço eletrôni-
caso, o atendimento a essa demanda se coloca
co). Esta unidade sensorial (reator e transforma-
como um recurso de sustentabilidade, onde as L1
Unidade de processamento 1
Endereços eletrônicos
Diagrama 1 L1
Unidade de processamento 2
L2
L3
L4
L5
L6
L7
L8
L9
Endereços eletrônicos
Diagrama 2 L U M E A R Q U I T E T U R A 63
Slim Flex, da Brilia
Noctis Linea, da Schréder
Vaya Linear Color, da Philips
Nano Liner XB, da Osram
variações luminosas possibilitam a geração dos
•
O controle de outros equipamentos elétricos;
cenários solicitados em conformidade às políti-
•
A operação à distância, inclusive pela internet.
cas de preservação por proporcionar uma maior dinâmica para o uso do bem histórico.
O custo x benefício do sistema
Luminária com sistema RGB
Com a fixação dos níveis de iluminação dos
ambientes conforme os valores recomendados
Trata-se de luminárias com três fontes de luz:
para cada tarefa ou efeito estético desejado, o
vermelha, verde e azul. A variação da intensidade
sistema DALI contribui significativamente para a
luminosa de cada uma dessas fontes comanda-
redução do consumo de energia, podendo, com
da pelo sistema DALI gera uma cor final para o
o adequado uso dos seus recursos de controle,
fluxo de luz, que abrange todo espectro luminoso
atingir uma economia da ordem de 70%. Trata-se,
da luz natural.
contudo, de um sistema cujo custo inicial pode atingir o dobro das instalações convencionais;
Benefícios do LED e do sistema DALI em edifi-
custo este plenamente compensado pelas várias
cações históricas
flexões cenográficas possíveis de produzir, pois se comporta como se fossem múltiplos sistemas de
Uso de fontes LED:
iluminação numa única instalação física.
•
Não emissão de radiações nocivas (ultravio-
Finalmente, esclarecemos que a intenção
deste artigo foi basicamente despertar quanto aos
letas e infravermelhas)
benefícios oferecidos pelo uso das fontes LED e
•
Baixo consumo de energia
do sistema DALI no segmento patrimonial, deven-
•
Longa vida útil (não necessitando de manu-
do suas utilizações passar por um estudo prévio
tenção ou contínuas reposições)
voltado para a automatização e dimensionamento segundo as flexões operacionais desejadas para
O sistema DALI permite: •
cada ambiente.
O acionamento e a variação dos níveis de
luminosidade (dimerização) individual ou em grupos, gerando sensações de cenários mais frios ou mais quentes; •
A variação cromática individual ou em grupo
utilizando luminárias RGB; •
Programar todas as operações e realizar o
acionamento num simples clicar; 64
L U M E ARQUITETURA
Marcos Ivan é engenheiro eletricista do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de Pernambuco.
case
Rasgos no gesso com fluorescentes tubulares T8 de 32W a 4000K e IRC 85 iluminam o lounge de conversação e os corredores.
Holding do setor varejista Por Adriano Degra Fotos: Daniel Mansur
Sofisticação e funcionalidade caracterizam projeto de iluminação na Máquina de Vendas
Fundada em 29 de março de 2010, como
1.181 metros quadrados foi totalmente refor-
resultado da fusão entre as empresas varejistas
mado e entregue em junho de 2012. O projeto
Insinuante e Ricardo Eletro, a Máquina de Ven-
arquitetônico, realizado por Estela Netto, titular
das atingiu o quinto lugar no ranking das 100
do escritório Estela Netto Arquitetura e Design,
maiores empresas do varejo brasileiro, segundo
buscou misturar os ambientes e formar locais
a edição 2012 da pesquisa Ibevar (Instituto
integrados com salas sofisticadas. “Desenvolvi
Brasileiro de Executivos de Varejo), em parce-
lounges de conversação para criar um novo con-
ria com a PWC, que reúne dados do IBGE, do
ceito de espaços corporativos. Todos os lugares
Banco Central e do IPEA. Atualmente, a holding
incentivam a troca de ideias e a confraternização
que conta também com as empresas City Lar,
entre as pessoas”, esclareceu a arquiteta.
Eletro Shop e Salfer, possui 1.259 lojas em fun-
cionamento em 442 cidades em todo o território
Amaral, arquiteta da Abatjour de Arte, primou
nacional. No ano de 2012, o grupo demonstrou
pela sofisticação e funcionalidade, buscando
forte interesse em intensificar sua presença no
elaborar locais agradáveis e que atendesse a
Estado de São Paulo, com a audácia de atingir
demanda de funcionários diretos e indiretos,
o primeiro lugar do setor varejista.
fornecedores e visitantes que transitam pela
Um dos escritórios do grupo, localizado em
área. “O objetivo principal do projeto é utilizar
Contagem, a 14 quilômetros de Belo Horizonte,
uma iluminação eficiente para o trabalho e, ao
é composto pela recepção, áreas de trabalho,
mesmo tempo, com recursos de efeitos de
salas de reuniões, presidenciais, fornecedores,
luz, proporcionar requinte ao espaço”, disse a
dos diretores e as áreas de toalete. O local de
lighting designer.
O projeto de iluminação realizado por Carla
L U M E A R Q U I T E T U R A 67
Recepção e hall de entrada
mobiliários, pisos e pela iluminação. O início do ambiente é composto pelo piso em ma-
Com design contemporâneo, a recepção
deira, um pequeno balcão ao centro da sala
do escritório é composta pela bancada de
– com a cafeteira – e alguns assentos para
trabalho da recepcionista, revestida em laca
a espera de visitantes e fornecedores. Para
preta brilhante. Ao fundo, uma parede com
iluminar o balcão central foram utilizados dois
mosaico e revestimento cimentício recebe a
pendentes cinzas equipados com lâmpadas
logomarca da empresa e um pequeno jardim
fluorescentes eletrônicas de 20W a 4000K, e
faz a interação do elemento vivo com o espa-
para iluminação indireta, optou-se por rasgos
ço. Para iluminar a área de atendimento, três
no gesso – nas extremidades da sala – com
pendentes redondos, pretos, equipados com
lâmpadas fluorescentes tubulares T8 de 32W
quatro fluorescentes eletrônicas de 20W a
a 4000K e IRC 85.
4000K cada um, destacam o ambiente, e dois
embutidos no teto, com lâmpadas dicroicas
to, quatro confortáveis poltronas e algumas
de 50W e 36º de ângulo de abertura, lavam
publicações para leitura completam o espaço.
a parede lateral auxiliando na iluminação do
Uma luminária de chão, com lâmpada incan-
espaço. No jardim, três embutidos no solo
descente de 60W, e dois embutidos no teto,
com lâmpadas Halopar 20 de 50W realçam a
equipados com lâmpadas dicroicas de 50W
vegetação.
e 36° de ângulo de abertura, iluminam todo
Posteriormente, com piso em porcelana-
este local. “A intenção foi criar um espaço Lounge de conversação
com iluminação cênica e, ao mesmo tempo, difusa e uniforme, já que se trata de uma área
Passando pela recepção, existe um gran-
de lounge de conversação distinguido pelos
68
L U M E ARQUITETURA
comercial bem movimentada”, explicou a lighting designer.
Na área de trabalho, rasgos no gesso com T8 de 32W e 4000K fazem iluminação indireta; enquanto luminárias com aletas metálicas e quatro T8 de 16W a 4000K e IRC 85 auxiliam nas atividades.
Área de trabalho
foram utilizadas, no gesso, luminárias redondas de diversos tamanhos, equipadas com
Na ampla área de trabalho, a predomi-
lâmpadas fluorescentes eletrônicas de 23W a
nância da cor branca contribui para o layout
4000K. Na parede ao fundo, quatro arande-
clean do espaço. O ambiente é dividido entre
las com lâmpadas halógenas bipino de 40W
grandes mesas distribuídas verticalmente,
complementam a iluminação e criam efeito
tendo em média três pessoas trabalhando em
diferenciado à sala. “Com essas luminárias
cada. Um rebaixo no gesso equipado com
redondas elaboramos um efeito lúdico, tor-
conjunto de luminárias com aletas metálicas,
nando a área diferente das demais”, afirmou
cada uma com quatro lâmpadas fluores-
Carla Amaral.
centes tubulares T8 de 16W a 4000K e IRC
85, auxilia na iluminação para execução das
mo formato arquitetônico, a iluminação foi
atividades.
realizada através de embutidos no teto com
lâmpadas fluorescentes tubulares T8 de 32W
Na área de circulação foram criados
Na outra sala de reunião, com o mes-
rasgos no gesso equipados com lâmpadas
a 4000K e IRC 85, intercaladas com lâmpadas
fluorescentes tubulares T8 de 32W a 4000K,
dicroicas de 50W e 36° de ângulo de abertura,
para iluminação indireta. No ambiente de
além de arandelas – instaladas na parede
descanso, optou-se por embutido no forro
lateral – equipadas com lâmpadas halógenas
com lâmpadas dicroicas de 50W e 36° de
bipino de 40W, para garantir brilho e efeito
ângulo de abertura. “Tivemos a preocupação
de luz.
de deixar o local de trabalho o mais clean e funcional possível, utilizando fontes de luz
Salas presidenciais
que apresentassem excelente luminosidade”, informou Carla Amaral.
Em uma das salas presidenciais encon-
tram-se duas mesas para trabalho e um balSala de reunião
cão, todos na cor preta, além de um monitor embutido na parede utilizado nas reuniões.
70
Uma enorme mesa preta e oval ocupa
A iluminação da mesa principal ficou a cargo
praticamente todo o espaço de uma das
de um pendente de madeira, equipado com
salas de reunião. Para iluminar o ambiente,
lâmpadas fluorescentes eletrônicas de 23W a
L U M E ARQUITETURA
Sala de reunião iluminada por luminárias redondas, no gesso, com fluorescentes eletrônicas de 23W a 4000K. Ao fundo, quatro arandelas com halógenas bipino de 40W complementam a iluminação.
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4000K. Um grande painel em madeira com fachos de luz verticais ocupa toda a extensão da parede lateral, e sua iluminação é feita por lâmpadas de LED de 4W a 3000K, criando efeito uplight. “O cliente solicitou um efeito diferenciado na parede,
Uma das salas presidenciais recebeu, no teto, embutidos com T8 de 32W a 4000K, além de pontos de luz com dicroicas de 50W e 36º de ângulo de abertura.
daí a ideia de utilizar o painel em madeira e iluminá-lo com LED para destacar ainda mais a solução”, disse a lighting designer.
A outra sala da presidência é composta por
uma pequena mesa preta e dois sofás cinza. Atrás da cadeira presidencial, um balcão branco comporta os pertences particulares do executivo. A iluminação geral do espaço ficou a cargo de embutidos no teto com lâmpadas fluorescentes tubulares T8 de 32W a 4000K e IRC 85. Ainda nesta sala, foram instalados, também no teto, pontos de luz com lâmpadas dicroicas de 50W, 36º de ângulo de abertura e filtro fosco. A pedido do proprietário foi inserido um pendente, acima da bancada branca, com pequeno foco de luz, tendo função meramente decorativa. “Nestas salas presidenciais elaboramos ambien-
Ficha técnica Projeto luminotécnico: Carla Amaral Fernandes / Abatjour de Arte Projeto arquitetônico: Estela Netto / Estela Netto Arquitetura e Design Luminárias: Abatjour de Arte (pendentes cúpulas) e Everlight LEDs: Brilia
tes aconchegantes e sofisticados com iluminação diferenciada; daí o motivo de utilizar pendentes em diversas formas”, finalizou Carla Amaral. 72
L U M E ARQUITETURA
Lâmpadas e reatores: Osram e Philips
case
Hair Studio Por Adriano Degra Fotos: Marcelo Scandaroli
74
Iluminação cria ambientes harmoniosos e valoriza novo salão do Jassa
O cabeleireiro Jassa é conhecido por ser responsável
resolveu adquirir um empreendimento próprio e mais sofisticado
pelo corte de cabelo de diversas personalidades do país, como o
para atender seus clientes. Em 2012, comprou um antigo imóvel
apresentador Silvio Santos, o vice-presidente da república Michel
de um de seus clientes, o apresentador César Filho, situado na
Temer, o ex-prefeito da cidade de São Paulo Gilberto Kassab,
Rua Henrique Martins, 631, no bairro Jardim Paulista, também
entre outros. Porém, é com o ex-dono do Baú que ele mantém
na cidade de São Paulo, e transformou-o em um luxuoso salão
uma relação de amizade até mesmo fora do salão. Esta afinidade
de beleza.
teve início na década de 1970, após a chegada do paraibano
Jassa à capital paulista, período em que o empresário carioca,
em três andares – assinada pela arquiteta Sabrine Santos, titular
descontente com o resultado do seu corte de cabelo, conhece
do escritório Sabrine Santos Arquitetura e Interiores, possui estilo
o “novo” cabeleireiro e inicia a divulgação do profissional para
contemporâneo que prioriza as linhas retas, sem deixar o confor-
todo o Brasil.
to de lado. “Procuramos oferecer um espaço que mantivesse a
Após permanecer durante 34 anos em um imóvel alugado
proposta de sensação de bem-estar aos clientes tradicionais e
na Rua Iguatemi, no bairro do Itaim Bibi, capital paulista, Jassa
que atraísse novos visitantes, daí a opção da mescla das cores
L U M E ARQUITETURA
A arquitetura do espaço – 450 metros quadrados divididos
branca e bege e da necessidade de
pela rua visualizar a iluminação interna
utilizar bastante madeira nobre, que traz
do salão. Além disso, chama atenção a
boa percepção visual”, afirmou. Ainda
marquise de vidro leitoso branco com
segundo a arquiteta, a existência de uma
estrutura de aço, com o nome do cabelei-
claraboia no meio do salão teve o objetivo
reiro, iluminada internamente através de
de explorar a iluminação natural e artificial.
fluorescentes tubulares T5 de 40W.
O projeto de iluminação realizado
O revestimento de porcelanato que
pelo lighting designer Davis Paro propor-
reproduz madeira contribui com o visual
ciona harmonia ao ambiente e atende
uniforme da fachada. As duas árvores
perfeitamente às atividades do dia-a-
situadas na calçada e o canteiro próximo
-dia. Segundo o lighting designer, toda a
à porta de entrada, que caracterizam a
solução luminotécnica foi desenvolvida
integração de elementos vivos com o
a 3000K e tem um papel fundamental
espaço, foram iluminados por luminárias
para o resultado exuberante do espaço.
tipo espeto de 50W para uplight. “Busca-
“Tivemos a intenção de criar uma solução
mos inserir a iluminação na fachada de
eficiente e que não deixasse as fontes de
uma maneira que valorizasse a arquitetu-
luz visíveis aos olhos dos frequentadores”,
ra e proporcionasse sofisticação”, disse
explicou.
Davis Paro.
Fachada
Recepção
Na fachada, destaca-se a porta de
Ao entrar no salão, observa-se o
entrada, em madeira de demolição, e um
contraste da cor branca com o tom da
grande vidro retangular, na parte superior,
madeira – aplicada nos dois balcões da
que permite às pessoas que passam
recepção e na escada que dá acesso
L U M E A R Q U I T E T U R A 75
ao primeiro andar – criando um design clean.
Salas masculina e unissex
No balcão frontal, com o nome Jassa ao meio,
76
o visitante é recepcionado, já no outro, próxi-
mo ao elevador, é onde as pessoas efetuam
piso em assoalho de madeira cumaru e os
o pagamento. “O dono do salão solicitou que
painéis de madeira de marcenaria folhados na
fizéssemos essa divisão justamente por questão
cor catuaba, a iluminação se deu por uma sanca
de segurança, pois não era aconselhável que
que margeia todo o ambiente e por dois rasgos
os clientes manuseassem carteiras e bolsas de
na parte central do teto, equipados com fluores-
frente para a rua”, esclareceu a arquiteta.
centes tubulares T5 de 14W e 28W. Os pilares em
madeira, que ficam entre os espelhos, possuem
Para iluminar a frente dos balcões e a esca-
Na ampla sala masculina, composta pelo
da lateral, foram utilizadas fitas de LED de 5W/m
aberturas laterais com a mesma solução lumi-
a 3000K. No teto, acima da bancada, quatro
notécnica das sancas e fechamento em vidro
embutidos equipados com AR 70 de 50W atuam
leitoso branco. “A intenção com os rasgos no teto,
como iluminação de tarefa e, ao fundo, três
além de proporcionar um visual diferenciado, é
embutidos com minidicroicas de 35W jogam luz
oferecer uma iluminação de qualidade para as
no painel de madeira. Complementando a lumi-
pessoas que estiverem no local. Já os pilares
notecnia do espaço, há duas sancas equipadas
iluminados, foram inseridos para evitar o risco de
com fluorescentes tubulares T5 de 14W e 28W.
sombras”, elucidou Davis Paro.
Segundo o lighting designer, as sancas na
A iluminação aplicada, na sala unissex do
recepção proporcionam iluminação indireta e
salão, foi bem parecida com a do espaço anterior,
criam efeito diferenciado, enquanto a solução
diferenciando-se apenas pelo formato do rasgo
aplicada na escada contribui com o design e
no teto e pelos embutidos com fluorescente com-
serve também como balizamento. “A arquiteta
pacta de 26W e dicroica de 50W, que auxiliam na
desenvolveu uma solução para ‘soltar’ a escada
circulação do corredor e iluminam os lavatórios.
da parede, através de um vão criado entre o piso
As prateleiras utilizadas nos ambientes do salão
e o rodapé e sugeri que fosse utilizado como
receberam um pequeno rasgo na parte interna,
fonte de luz o LED, para ressaltar o ambiente”,
que margeia toda a extensão da moldura, onde
resumiu.
foram instaladas fitas de LED de 5W/m a 3000K.
L U M E ARQUITETURA
Na recepção frontal, optou-se por fitas de LED de 5W/m a 3000K no balcão e na escada e uma sanca equipada com T5 de 14W e 28W a 3000K.
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Salas de estética facial e corporal
Na sala de estética facial é possível
observar o cuidado que se teve para criar um ambiente clean ao notar a escolha pela tonalidade branca das paredes e pela única cadeira profissional que ocupa o espaço. A iluminação
À esquerda, dois embutidos com T5 de 14W a 3000K e uma sanca equipada com a mesma solução iluminam a sala de podologia. À direita, fibra ótica em toda a extensão do teto caracteriza a sala de estética corporal.
do local ficou a cargo de fitas de LED de 5W/m a 3000K, inseridas atrás do espelho, e o céu estrelado com pontos de fibra ótica no teto.
Ficha técnica
“O objetivo da utilização da fibra ótica foi trazer mais tranquilidade ao espaço, uma vez que os procedimentos realizados na sala necessi-
o ambiente, foram instalados dois embutidos
tam de uma área mais relaxante”, explicou o
equipados com fluorescentes tubulares de
lighting designer.
14W. Próximo aos espelhos, optou-se por
quatro spots com minidicroicas de 35W e,
Na sala de estética corporal, encontra-se a
cama específica para a realização dos proce-
completando a luminotecnia, uma sanca equi-
dimentos técnicos e um armário branco onde
pada com fluorescentes tubulares T5, de 14W
são armazenadas as toalhas e os produtos.
e 28W, delimita os espaços entre as áreas.
Para iluminar o ambiente, foi realizado um
rebaixo no forro equipado com fluorescentes
do projeto foi a adequação do espaço com
tubulares T5 de 14W e 28W e instalado fibra
teto retrátil automatizado, inicialmente desti-
ótica em toda a extensão do teto.
nado somente a fumantes, também para uma
Uma curiosidade que surgiu no decorrer
área de corte de cabelo e procedimentos de Sala de podologia e área com teto retrátil
manicure. “O proprietário ficou tão satisfeito com o resultado que decidiu não utilizá-lo so-
78
A sala de podologia é composta por duas
Projeto arquitetônico: Sabrine Santos / Sabrine Santos Arquitetura e Interiores Colaboradora do projeto arquitetônico: Veridiana Gonzaga / Sabrine Santos Arquitetura e Interiores Luminárias: Bellaluce LEDs: Universo LED
mente para uma finalidade, mas sim estender
cadeiras profissionais e uma divisória em
o salão e agregar outras atividades”, informou
acrílico. Na parte central do teto, para iluminar
Sabrine Santos.
L U M E ARQUITETURA
Projeto luminotécnico: Davis Paro
Fibra ótica: Fasa Fibra Ótica
biblioteca
Novo site
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O novo site do lighting designer EDUARDO BECKER, titular do escritório Atelier de Iluminação, possui diversas fotos de projetos realizados em residências, comércios, indústrias, hospitais e paisagismos. Na parte superior da tela, encontram-se os tópicos quem somos, diferencial, portfólio, news, na mídia, área restrita e contato. Além disso, a home page está disponível nas versões em português e inglês. www.eduardobecker.com
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80
L U M E ARQUITETURA
Com layout renovado, o site da TOP TRADE ILUMINAÇÃO, distribuidora de luminárias situada na cidade de Canoas (RS), traz na parte superior da tela as abas home, a toptrade, onde comprar, produtos, lançamentos e contato. No tópico de produto, o internauta pode realizar um filtro em sua pesquisa por tipos de peças. Além disso, a home page possui chat online onde os visitantes podem tirar suas dúvidas. www.toptradeiluminacao.com.br
artigo
A nova cultura brasileira de iluminação A realidade dos lighting designers desde sua formação até o projeto luminotécnico
Por Patrícia T. M. Do Passo
Segundo Brandston (2010),
“designers
de
espera do profissional que está contratando. Ainda ressaltando
iluminação” do que quaisquer outros profissionais, mesmo por-
Stiller, este processo de elevação da qualidade do profissional
que as pessoas iluminam suas próprias casas. Essas pessoas
e do mercado consumidor é o que pretendemos alcançar:
vêm adquirindo com o tempo discernimento sobre como a luz
na medida em que o mercado enxerga melhor, torna-se mais
impacta no dia a dia e aprenderão como utilizá-la para melhorar
exigente; e na medida em que se torna mais exigente, conduz
sua qualidade de vida.
à elevação qualitativa do profissional de iluminação.
há mais
Os clientes já percebem que uma boa iluminação, ou um
bom projeto luminotécnico, pode alterar suas percepções de
Formação e profissão
lugar, seu conforto, segurança, produtividade e economia e estão
82
procurando profissionais especializados nesta área. É com base
nesses novos olhares dos clientes – que estão percebendo a luz
(2010), pode-se concluir que a maioria dos profissionais en-
– nessa nova cultura sobre iluminação, que este artigo objetiva-se
trevistados que atuam no mercado de trabalho de iluminação
a divulgar a crescente necessidade de termos profissionais cada
são homens, na faixa etária de 31 a 40 anos, têm entre 11 e
vez mais habilitados no segmento da iluminação.
20 anos de experiência em iluminação, e mais da metade são
autônomos.
De acordo com Stiller (2004), qualificando-se o consumidor
A partir dos dados coletados da pesquisa de Tormann
rapidamente também se qualifica o projeto de iluminação. O
consumidor esclarecido sabe selecionar melhor o resultado que
volvendo de forma extraordinária no país. Estima que no Brasil,
L U M E ARQUITETURA
Para Roizenblatt (2007), a aplicação da luz está se desen-
hoje, deve haver mais de 500 profissionais que,
de reconhecida reputação na área, ou trabalhan-
em período integral ou parcial, dedicam seu
do na indústria ou comércio de iluminação, mas
tempo à iluminação. Estes dados nos mostram,
recomenda a primeira opção. Embora estagiar
num panorama geral brasileiro, que a profissão
em escritórios famosos seja atraente, glamoroso
de projetista de iluminação está cada vez mais
e proveitoso, a oferta, neste caso, é bem menor
em evidência.
que a procura.
De acordo com Avilés (2009), a capacitação
Já para Gasper (2004), o teatro é a melhor
destes profissionais não está sendo ministrada
faculdade artística, e a televisão é a melhor facul-
nos cursos regulares de formação profissional
dade técnica porque nos permite experimentar
em nível de graduação, e tem sido normalmente
intensidade, foco, temperatura de cor, índice de
fornecida em cursos de especialização, tanto
reprodução de cor, contraste, dinâmica, tudo, o
no exterior quanto no Brasil. As faculdades de
tempo todo. É mais fácil ser criativo no Brasil, e
arquitetura e engenharia não ensinam sobre
talvez isso explique que a formação dos nossos
iluminação: dão apenas uma noção básica
projetistas de iluminação venha das mais diver-
em disciplinas ligadas a instalações elétricas e
sas áreas da arquitetura, cenografia, engenharia,
conforto ambiental. Atualmente existem cursos
teatro, decoração e outras mais.
de pós-graduação em iluminação no Brasil que
atuam como etapa de alfabetização para essa
associação representativa da classe será um
nova cultura de iluminação que vem crescendo
ótimo caminho para alcançar o reconhecimento
dia após dia.
da profissão. Caberá a ela, a organização e fis-
calização da comercialização de projetos de ilu-
A maioria dos profissionais de iluminação
Para Boggian (2006), a atuação de uma
considerados referência no mercado brasileiro
minação, de forma contumaz – imperando a falta
é arquiteto por formação, havendo exceções,
de parâmetros éticos e financeiros – o mercado
como Peter Gasper, cenógrafo, e Plínio Godoy,
estará inchando em vez de crescer, criando uma
engenheiro. Entretanto, ao longo de anos de ex-
categoria de profissionais sem bagagem para se
periência, esses profissionais adquiriram amplo
autodesignarem lighting designers e sustenta-
conhecimento na área de arquitetura.
rem a responsabilidade que o título exige.
Para Fortes (2004), adquire-se experiência
em iluminação fazendo estágios em escritórios
E é com base nessa constatação que, hoje,
o mercado brasileiro está, cada vez mais, abrin-
Exemplo de excelência em projeto luminotécnico para sala de TV.
Residência no Leblon Projeto luminotécnico: Ugo Nitzsche/ NTZ Iluminação Arquitetônica Projeto arquitetônico: Gisele Taranto e Izabela Lessa Foto: Ugo Nitzsche L U M E A R Q U I T E T U R A 83
Exemplo de excelência em projeto luminotécnico para fachada comercial.
Loja de luxo Projeto luminotécnico e arquitetônico: Bel Lobo e Bob Neri/ Bel Lobo & Bob Neri Arquitetos Foto: Marcos Bravo Publicado na edição nº 59 da Lume Arquitetura
Ainda sobre a questão da valorização do tra-
balho do lighting designer, Stiller (2009) comenta que “quanto melhores profissionais se formam, melhores concorrentes teremos e melhor será para o mercado, porque sempre teremos que procurar excelência no resultado. Quem investe na qualidade de seu projeto e atendimento não tem condição de oferecê-lo por qualquer valor”. Este é o típico processo que contribui para a do lojas de iluminação que oferecem ao consu-
valorização dos honorários do profissional da
midor final um projeto luminotécnico agregado
iluminação.
à compra de seus produtos, e, na maioria dos casos, sem ter profissionais qualificados para tal
Projetos de Iluminação, lojas e seus clientes
responsabilidade; uma lástima.
84
A profissão de lighting designer está sempre
Para Parschalk (2002), muitos clientes não
em processo de crescimento, pois a matéria a
percebem a diferença entre elétrica e lumino-
que nos dedicamos também estará. Em relação
técnica; uma é a quantificação, e a outra é a
às concepções do que seja uma educação pro-
qualificação do espaço, que tem valor subjetivo
fissional, salienta Tormann (2010), esta profissão
bastante variável.
é nova e recente. Não existe total consenso nos
conceitos da profissão de um lighting designer,
tam que “se o contratante não sabe o que
as definições não são totalmente sacramenta-
está comprando, também não sabe valorizar
das. Porém, Roizenblatt (2007) acredita que a
e muito menos o que deve esperar do projeto
especialidade desenvolver-se-á no futuro sob
de iluminação”. Por isso, é fundamental que os
novo título, com formação eclética que com-
lighting designers esclareçam já inicialmente a
preenderá áreas de cenografia, arquitetura,
importância e significado de um projeto lumino-
engenharia, decoração, meio ambiente, saúde e
técnico, apesar de, na maioria das vezes, esses
economia.
contratantes serem arquitetos e escritórios de
arquitetura.
Segundo Fortes (2005), órgãos como o
Os profissionais da iluminação comen-
CONFEA (Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia), CREA (Conselho
rios de arquitetura existem contratantes de todas
Regional de Engenharia e Agronomia) e CAU
as espécies. Grandes empreendedores, como
(Conselho de Arquitetura e Urbanismo) deveriam
redes de lojas, precisam de apelo visual, assim
regularizar a profissão. Desta forma, não está
como as redes de hotéis, flats e resorts.
definida a profissão ou a ocupação que tenha
como incumbência o projeto de iluminação ou o
oferecerem projetos como um serviço “extra”,
projeto luminotécnico.
não é visto como má intenção. Porém, o estrago
L U M E ARQUITETURA
Observou-se também que além dos escritó-
O fato de redes de lojas de iluminação
que estas empresas fazem aos profissionais da área é grande, porque quando oferecem projetos gratuitos passam a ideia ao mercado de que existe a possibilidade de se fazer um projeto por nada. Fazem o consumidor acreditar que o projeto não tem valor, o que o leva a se perguntar: então, se é de graça, porque há outros que cobram por este serviço?
A diretoria da AsBAI pretende propor a este
mercado que deixe de falar “projeto gratuito de iluminação” e diga “sugestão gratuita” ou “suporte de aplicação do produto”, pois ele retira do consumidor a ideia de que está recebendo um projeto luminotécnico – até porque não está. E assim não se compromete com a responsabilidade dos resultados de suas sugestões.
Finalmente, após listar as etapas de um projeto
de iluminação, vem o assunto sobre a valorização do seu custo versus benefício.
Segundo Nitzsche (2004), a contratação de um
lighting designer nem sempre onera o custo da obra, como segue citação abaixo:
“Dentre todos os arquitetos, decoradores, pai-
sagistas, e profissionais do mercado, apenas uma pequena parcela requisita nossos serviços, e, muitas vezes, entre um trabalho e outro, deparamo-nos com uma situação que parece se repetir. Alguns desses profissionais que não atendíamos vêm até nós perguntar como seria possível incluir em sua proposta ou orçamento os custos referentes ao projetista de iluminação. Ou ainda, como mostrar e convencer o cliente de que isso tem importância e fazê-lo perceber a diferença entre um projeto com iluminação planejada e outro com sugestão gratuita de equipamentos das lojas especializadas limitados à sua linha de produtos.”
Ainda segundo Nitzsche, o valor final da obra
pode ser igual ou até mesmo menor que o previsto, pois o acréscimo do custo desse profissional possibilita economias provenientes da diminuição da quantidade de equipamentos utilizados. Conforme Parschalk (2002), o custo da luminotécnica no valor total de uma obra no Brasil é de 1,5%, podendo chegar a 3% nos empreendimentos mais complexos.
Para que isso se torne uma prática no mercado,
os próprios lighting designers devem requisitar uma estimativa de custo para o projeto solicitado, tanto para segmentos comerciais quanto para projetos residenciais. Desta forma, o trabalho será mais objetivo, baseado em especificações compatíveis e praticamente sem substituição de produtos similares.
L U M E A R Q U I T E T U R A 85
Exemplo de excelência em projeto luminotécnico em loja.
Loja de tecidos e decoração Projeto luminotécnico e arquitetônico: Marcos Castilha/ Marcos Castilha Arquitetura de Iluminação Colaboração do projeto luminotécnico: Larissa Oliveira Gato/ Marcos Castilha Arquitetura de Iluminação Projeto arquitetônico: Leticia Nobell e Maria Fernanda Ornelas/ Leticia Nobell Arquitetos Foto: Marco Antonio Publicado na capa da edição nº 57 da Lume Arquitetura
Resultados da pesquisa
e economia de energia. Este dado demonstra que a informação transmitida a estas pessoas
A partir do registro do questionário aplica-
sobre o trabalho de um lighting designer e sua
do a 18 pessoas, a primeira observação feita foi
importância em um projeto não está totalmente
que todos os entrevistados afirmaram saber o
clara como se imaginava, conforme os dados
que um lighting designer faz e quão importante
da tabela 1.
é o seu trabalho, mas 89% delas nunca contra-
taram tal profissional.
psicológicos que um projeto de iluminação
traz, 66% disseram que sabem o que significa,
Observou-se que os empresários em
Em relação aos benefícios e efeitos
sua totalidade contratariam um projetista de
podendo estar aí a razão de escolherem todas
iluminação por vários motivos. No entanto,
as respostas da questão de investimento em
94,44% dos entrevistados o fariam para deixar
projeto de iluminação. Quando questionados
seus espaços comerciais e seus produtos
sobre qual a formação de um profissional de
mais atraentes, e apenas 38,88% se preocu-
iluminação, os entrevistados responderam que
pariam com a produtividade dos funcionários
tanto os arquitetos, decoradores e engenheiros
TABELA 1 PERGUNTA NÚMERO 11 DO QUESTIONÁRIO APLICADO POR QUE VOCÊ INVESTIRIA EM UM PROJETO DE ILUMINAÇÃO? RESPOSTAS
FREQUÊNCIA
PERCENTUAL
Para aumentar as vendas
4/18
22,22%
Para melhorar produtividade dos funcionários
7/18
38,88%
Para os espaços e produtos ficarem mais atraentes
17/18
94,44%
Para se diferenciarem do concorrente
5/18
27,77%
Para economizar energia
7/18
38,88%
Fonte: Pesquisa de campo
86
L U M E ARQUITETURA
Tabela 1 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa
TABELA 2
nar do projeto arquitetônico. Este dado mostra
PERGUNTA NÚMERO 7 DO QUESTIONÁRIO APLICADO QUAL É O PROFISSIONAL QUE ESTARIA APTO PARA SER UM PROJETISTA DE ILUMINAÇÃO? RESPOSTAS Arquiteto
FREQUÊNCIA
PERCENTUAL
18/18
100%
que os clientes estão cada vez mais cientes de que o quanto antes puder planejar o projeto luminotécnico, melhor será seu resultado final, tanto para o conforto visual do usuário quanto para a economia de energia e eficiência energética.
Decorador
14/18
77,77%
Engenheiro
18/18
100%
Artista plástico
0/18
0%
Mais de uma escolha
8/18
44,44%
Quando questionados sobre quais am-
bientes residenciais investiriam em um projeto luminotécnico, a maioria citou a sala de TV e sala de jantar. A justificativa foi, na grande maioria das respostas, que um projeto de iluminação deixaria o ambiente mais confortável e agradável, como mostra a tabela 3.
Fonte: Pesquisa de campo
Tabela 1 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa
De acordo com a pesquisa, após a conclu-
são de um projeto de iluminação, desde seus estariam aptos a serem projetistas de ilumina-
conceitos até sua completa execução em um
ção, conforme os dados da tabela 2.
ambiente, todos os entrevistados disseram que
indicariam este serviço a outras pessoas; que
A pesquisa revelou que os entrevistados
acham que todos os envolvidos em um projeto
um projeto de iluminação traria benefícios ao
de iluminação são importantes, e que 66,66%
conforto visual do usuário no espaço; que indica-
deles procurariam um profissional para fazer um
riam o serviço pela correta orientação do profis-
projeto de iluminação na fase do estudo prelimi-
sional durante o processo, e poucos levaram em
C-2350 LED
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TABELA 3 PERGUNTA NÚMERO 9 DO QUESTIONÁRIO APLICADO POR QUE VOCÊ INVESTIRIA EM UM PROJETO DE ILUMINAÇÃO? RESPOSTAS
FREQUÊNCIA
PERCENTUAL
Para economizar energia
5/18
27,77%
Para deixar o ambiente mais confortável e agradável
15/18
83,33%
Para dar mais claridade ao espaço
4/18
22,22%
Para dar efeitos de luz e cenários diferentes
6/18
33,33%
Fonte: Pesquisa de campo
Tabela 1 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa
conta a importância da economia de energia e
ainda não está firmada no mercado brasileiro.
de equipamentos.
O lighting designer continua agregado a um escritório de arquitetura ou decoração e às lojas
Conclusão
de iluminação. O projeto de iluminação é visto como um serviço de detalhamento oferecido a
Com base nos novos olhares dos clientes –
mais, pelo escritório, na proposta do projeto ar-
que estão percebendo a grande importância
quitetônico ou de interiores, e aparece na forma
da iluminação em seus ambientes residen-
de um “pacote” geral de projetos, ou então um
ciais e comerciais – a necessidade de mais
“extra”, um “brinde”, na compra de luminárias
profissionais habilitados no segmento da ilumi-
em lojas especializadas em iluminação. Estes
nação é crescente no Brasil. A formação deste
fenômenos fazem o cliente pensar que o projeto
profissional é muito ampla e vem de vários seg-
de iluminação não tem valor, bem como quem o
mentos do mercado (arquitetura, engenharia,
realiza.
decoração, cenografia, entre outros), ainda
que, infelizmente, não esteja definida a profis-
decoração, de engenharia e suas entidades
são ou a ocupação que tenha como incum-
representativas primeiramente se conscientizar
bência o projeto de iluminação ou o projeto
de que o projeto de iluminação é feito por um
luminotécnico.
especialista da área, assim como os projetos de
climatização, de tecnologia da informática, de
A pesquisa mostrou que todos conhecem
Cabe aos profissionais da arquitetura, de
o profissional lighting designer, sabem o que
estruturas e tantos outros que exigem conhe-
ele faz, a importância que tem em um projeto
cimento específico e muito apurado. A partir
e até quais ambientes necessitam mais de um
daí é preciso transmitir essa informação ao seu
projeto de iluminação, mas, curiosamente, a
cliente, que será o futuro usuário de um espaço
maioria dos entrevistados nunca contratou seus
tão bem planejado.
serviços.
O fator mais importante desta constatação
é que a profissão de projetista de iluminação
Patrícia T. M. Do Passo patpasso@creapr.org.br Arquiteta e especialista em Iluminação pelo Ipog. Atua com consultorias e projetos de iluminação. 88
L U M E ARQUITETURA
Nota do editor: Bibliografia disponível através do e-mail: faleconosco@lumearquitetura.com.br.
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China Lighting Expo 2013
Data: de 25 a 27 de abril de 2013 Local: Pequim (China) Informações: www.chinalightingexpo.com
De 25 a 27 de abril de 2013 acontecerá em Pequim, na China, a China Lighting Expo 2013, evento que tem como objetivo
promover a iluminação “verde” e padrões de tecnologia de edifícios inteligentes. Voltada para arquitetos, engenheiros e lighting designers, a mostra contou em 2012 com 200 expositores (chineses e de outras partes do mundo) e mais de 20 mil visitantes de 36 países.
Guangzhou International Lighting Exhibition Data: de 9 a 12 de junho de 2013 Local: Guangzhou (China) Informações: www.light.messefrankfurt.com.cn
A 18ª edição da Guangzhou International Lighting Exhibition, segunda maior feira de iluminação do mundo e a maior do
continente asiático, acontecerá entre os dias 9 e 12 de junho de 2013, em Guangzhou, na China. Destinada principalmente a arquitetos, projetistas e comerciantes do mercado de iluminação, a edição de 2012 contou com mais de dois mil visitantes de 111 países. Paralelamente à feira acontecerão palestras, seminários e simpósios voltados para assuntos pertinentes ao universo da iluminação.
PLDC
Data: de 30 de outubro a 2 de novembro de 2013 Local: Copenhague – Dinamarca Informações: www.pld-c.com
De 30 de outubro a 2 de novembro de 2013, acontecerá em Copenhague, na Dinamarca, a Con-
venção de Lighting Designers Profissionais (PLDC), uma ótima oportunidade para conhecer e aprender sobre os últimos desenvolvimentos em design de iluminação e discutir o futuro da profissão de lighting designer. Além disso, o evento é uma grande oportunidade de realizar networking internacional.
BIEL Light+Building Buenos Aires 2013 Data: de 5 a 9 de novembro de 2013 Local: Buenos Aires (Argentina) – La Rural Predio Ferial Informações: www.biel.com.ar
Acontecerá de 5 a 9 de novembro de 2013, em La Rural Prédio Ferial de Buenos Aires (Argentina),
a BIEL Light+Building Buenos Aires. A 13ª edição da feira mostrará novidades em equipamentos e tecnologias de iluminação, energia elétrica, sistemas de instalação, soluções de automação residencial, predial e industrial, além de dispositivos e materiais eletrônicos. O evento é exclusivo para profissionais empresários do setor e não será permitida a entrada de menores de 16 anos.
Para visualizar agenda completa de eventos de iluminação acesse www.lumearquitetura.com.br 90
L U M E ARQUITETURA
luz e design em foco
Do erro conceitual Paulo Oliveira
As duas associações intentam, de
meios de transporte são também objetos
duas áreas de atuação estão apresen-
Por uma ironia do destino, minhas
modo forçado, um vínculo destas áreas
de nossa atuação profissional e que não
tando o mesmo problema com relação ao
exclusivamente ao objeto arquitetônico.
são produtos da arquitetura. Os médicos
exercício profissional: o erro na concep-
Em razão deste pensamento reducionis-
dependem de produtos para iluminar
ção equivocada por duas associações
ta, os projetos e possíveis áreas de atu-
adequadamente a mesa sobre a qual a
que se julgam detentoras de todas as
ação profissional devem voltar-se apenas
equipe trabalha, para que esta consiga
prerrogativas sobre ele, incluindo, o de
para a complementação arquitetônica,
ter uma perfeita visualização de todo o
defini-lo. Isso tudo sustentado por um
desconsiderando todas as possibilidades
processo. Estes produtos não foram pen-
grave déficit democrático-deliberativo,
de atuação profissional e esquecendo-se
sados para serem meramente agregados
sem transparência e qualquer lastro de
que o profissional de LD busca solucionar
a um objeto arquitetônico, e sim atender a
legitimidade.
problemas (função) dos usuários antes
uma necessidade específica da Medicina.
No caso de Interiores, temos a ABD
da estética ligada ao projeto de interiores
(Associação Brasileira dos Decoradores),
ou arquitetura. Também desconsideram
tos serem realizados dentro de objetos
de caráter multiprofissional, agregando
onde mais podemos contribuir, através de
arquitetônicos, o foco de nosso trabalho
decoradores, arquitetos-decoradores e
nossos conhecimentos, para a sociedade
não é a valorização deles. A luz não foi
os designers. No caso do Lighting Design
ou ainda para o desenvolvimento econô-
projetada para a caixa cênica, e sim para
(LD), a AsBAI (Associação Brasileira de
mico, social e ambiental do país.
criar o clima para o artista, auxiliando-o a
Arquitetos de Iluminação), que é uma as-
passar sua mensagem e trazer o público
sociação corporativista, restritiva, criada
com a luz através de projetos, manipula-
para este clima.
e gerida por arquitetos. São associações
ções, ou ainda pela simples observação
ensimesmadas.
dela nos diversos ambientes que frequen-
plos, o pensar e o desenvolvimento de
Importante ainda destacar que asso-
tamos, nos damos conta de que onde há
nossa área não se resumem apenas a
ciações são entidades sem respaldo legal
luz, há espaço para a nossa intervenção.
objetos arquitetônicos. Somos criadores
para determinar seja o que for, especial-
As ruas e vida da urbe não estão
da luz para as necessidades de um
mente delimitar o setor através de reserva
ligadas exclusivamente ao objeto ar-
mundo que continuamente inventamos
de mercado, ou ainda ditar normas para
quitetônico Urbanismo. Elas agregam
e reinventamos, e não apenas para a
o exercício profissional. Estes papéis, es-
uma complexidade sistêmica ampla de
arquitetura.
pecificamente, são de competência dos
objetos que envolvem diversas áreas
Conselhos Federais – ainda inexistentes
de saber e suas tecnologias, tais como
nos dois casos.
engenharias, design, ciência política,
Quando trabalhamos diariamente
Mas deixando de lado estas irregula-
psicologia, sociologia, antropologia,
ridades e leviandades ilegais cometidas
história, ecologia, linguagem, susten-
conscientemente por estas associações,
tabilidade, entre tantos outros com os
vamos ao que realmente interessa: o erro
quais podemos contribuir. Os produtos
de conceito sobre as áreas.
e sistemas voltados à iluminação dos
Paulo Oliveira é lighting designer e designer de ambientes, especialista em Educação Superior (Unopar) e Iluminação (IPOG). Autor do blog Design: Ações e Críticas (www.paulooliveira.wordpress.com) e criador da Rede DesignBR (www.designbr.ning.com).
92
L U M E ARQUITETURA
No caso da cênica, apesar dos even-
Como se vê nestes poucos exem-
2013 The fuTure. IllumInaTed.
We see the future clearly. and so will you.
Philadelphia, PA USA Pennsylvania Convention Center 21-25.4.2013
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In collaboration with The Illuminating Engineering Society
In collaboration with The International Association of Lighting Designers
Produced & Managed by AMC, Inc.
photo credits (1) BANNer Md ANdersoN cANcer ceNter LANterN oF hope, GILBERT, AZ USA | LIGHTING DESIGN BY CANNON DESIGN | © BILL TIMMERMAN / © MARK SKALNY (2) UNited stAtes iNstitUte oF peAce, WASHINGTON, DC USA | LIGHTING DESIGN BY LAM PARTNERS | © GLENN HEINMILLER, IALD, LAM PARTNERS, © BILL FITZ-PATRICK, UNITED STATES INSTITUTE OF PEACE (3) chANdLer citY hALL eXterior LiGhtiNG, CHANDLER, AZ USA | LIGHTING DESIGN BY SMITHGROUP JJR | © TIMMERMAN PHOTOGRAPHY
holofote
Conte-nos como começou a trabalhar
de iluminação. Há uma correlação entre
com iluminação.
algumas matérias nos cursos de arqui-
De férias na Suécia, terra natal de meu
tetura, engenharia, design de interiores,
pai, fui passear em uma ilha e visitei uma
etc. Vejo minha trajetória profissional
caverna. Um eremita que ali habitava,
como exemplo; com três diplomas de
utilizava para sua iluminação velas prote-
nível superior (economia, engenharia
gidas por conchas e caramujos aplicados
de sistemas e jornalismo), tornei-me
em concavidades da rocha. Ao mudar as
autodidata em iluminação, aprendendo
velas de lugar, os efeitos de luz se multipli-
até hoje e sendo premiado em 2009 pela
cavam, e nesse momento apaixonei-me
Abilux com quatro prêmios de Projetos
pelo universo da luz. De volta ao Brasil,
de Iluminação. Com certeza, um bom
em 1974, montei uma metalúrgica e iniciei
profissional em luminotécnica deve, antes
o processo de criação e fabricação de
de tudo, ser um artista.
luminárias para atender aos anseios nos projetos que passei a desenvolver. Como avalia o mercado hoje com relação a como ele era quando você começou? Fico muito feliz em assistir ao crescimento
Autodidata em iluminação acredita que um bom profissional em luminotécnica deve, antes de tudo, ser um artista. Entrevista concedida a Erlei Gobi
ghting designers? Além de contar com a procura cada vez mais crescente por projetos de iluminação, esta nova geração tem à sua disposição uma multiplicidade de novas tecnologias, também em constante cres-
vertiginoso de uma atividade imprescindível ao ser humano. A necessidade da
Solar Império (RJ) e Navio Grand Amazon,
cimento, e o mundo virtual oferecendo in-
aplicação adequada da iluminação em
primeiro navio de turismo construído no
formações dos quatro cantos do planeta.
todos os níveis tem sido amplamente
Brasil; na área de entretenimento cito o
Vale aqui um conselho de quem já trilhou
divulgada, procurada e utilizada. Novas
Museu Arte Moderna (SP), várias bienais,
bastante e continua a par das novidades:
fontes de luz surgiram e estão em franco
Museu Aeroespacial (RJ), UCI (New York,
mantenha-se atualizado.
progresso, como LEDs e OLEDs.
RJ e SP), Instituto Moreira Salles (RJ), Teatro Fashion Mall (RJ), além de projetos
Além da iluminação, quais são suas
Quais são os trabalhos mais importan-
para diversas construtoras, como Gafisa,
outras paixões?
tes da sua carreira?
Wrobel, Servenco, RJZ, Plarcon, J.Lyra,
Sempre pratiquei esportes, principalmen-
Em quase 40 anos de carreira, atuando
Stewart Eng. etc.
te os náuticos. Esqui aquático foi minha grande paixão, mas por várias razões
em diversas áreas, são muitos. Na área
94
Como você vê a nova geração de li-
empresarial cito Shell, Grupo Gerdau,
Que tipo de formação você acredita
não tenho podido praticá-lo. Viajar pelo
Amil e Souza Cruz; na residencial destaco
que um lighting designer deve ter?
mundo, conhecer culturas diferentes e
duas casas do Roberto Marinho, quatro
Nossa profissão ainda não é reconhecida
vivenciá-las um pouco também sempre
do Eike Batista, três do Julio Bozano,
oficialmente. Existem atualmente vários
me atraiu. Gosto muito de ler e estar a
duas do Chico Anísio, do Boni, do Cae-
cursos de especialização em lumino-
par das novidades (internet), pois con-
tano Veloso, da Angélica e a casa rosa da
técnica para quem pretende se envolver
sidero vital para me sentir atualizado e
Xuxa; em hotéis e resorts aponto o Club
com esta atividade. Não há exigência de
informado. A velocidade da informação
Med (RJ e BA), partes do Copacabana
formação específica para cursar, apren-
nunca esteve tão rápida. Iluminação é
Palace, Excelsior e Plaza (RJ), Luxor (PI),
der e se tornar um técnico em projetos
realmente minha paixão! Luz é emoção!
L U M E ARQUITETURA
opinião
Atualização profissional Por que é tão necessária? Por Juliana Iwashita Kawasaki
A área de iluminação está em constante
iluminação, principalmente externa e pública.
transformação e evolução. Principalmente na
Além do LED, outras tendências estão im-
última década, com o desenvolvimento verti-
pactando e mudando a área de iluminação.
ginoso da tecnologia LED, o modo de pensar
As questões de sustentabilidade e eficiência
e projetar a luz mudou significantemente e
energética estão cada vez mais presentes
todo mercado está sendo atingido por esses
nos projetos, seja pelo incremento da de-
progressos. A concepção e desenvolvimento
manda de empreendimentos que requerem
do produto, o projeto luminotécnico, a especi-
certificações como o LEED ou o Procel
ficação, a venda com maior valor agregado e a
Edifica, seja pelo processo de banimento
percepção da luz mudaram de alguma forma.
das lâmpadas incandescentes do mercado,
exigências de logística reversa de fontes
Arquivo pessoal
A indústria convencional de iluminação,
que até então era uma metalúrgica com processos de fabricação mais grosseiros, passa a ter que se atualizar, contratar profissionais
luminosas com mercúrio, ou incremento da participação de tecnologias de automação. As revisões normativas do COBEI (Comitê
de eletrônica capacitados e mudar seus processos fabris. Pro-
Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunica-
jetar luminárias torna-se mais complexo e com novos requisitos
ções) sobre equipamentos de iluminação (luminárias, lâmpadas,
térmicos e mecânicos para garantir desempenhos adequados.
LEDs e equipamentos de controle), aplicações luminotécnicas e
Modernos softwares e simulações passam a ser necessários.
medições fotométricas, também passam a impactar diretamente
Testar os produtos também se torna um desafio, visto que os
o mercado, principalmente nos novos requisitos de desempe-
próprios procedimentos de ensaios não são totalmente definidos
nho e segurança de produtos e de projeto para áreas internas,
nas normas.
externas e públicas.
Surgem, então, necessidades de comissões para discus-
Frente a todas essas mudanças, torna-se cada vez mais
sões e estudos de normas internacionais para regulamentação
necessária a atualização profissional de nosso mercado, seja
da tecnologia, frente também à precisão de proteção do mercado
através de informações advindas de revistas, sites e portais
consumidor para garantir o desempenho mínimo dos produtos.
especializados, como por meio de cursos de atualização e
Discussões sobre etiquetagens e certificações de produto co-
pós-graduação. O conhecimento específico é essencial para
meçam a se tornar mais frequentes e tendem a acarretar mais
atualização e atuação profissional daqueles que trabalham com
mudanças no mercado.
iluminação, frente às várias mudanças que ocorreram e ocorrerão
no futuro próximo.
Conceitos básicos e enraizados, como o índice de reprodu-
ção de cores, começaram também a ser questionados quando a luz branca dos LEDs passou a fornecer resultados diferentes das lâmpadas convencionais. Relações entre percepção visual e visão fotópica, mesópica e escotópica igualmente passam a ser foco de mais pesquisas e impactam nos processos projetuais da 96
L U M E ARQUITETURA
Juliana Iwashita Kawasaki É arquiteta, coordenadora da comissão de normas técnicas de Aplicações luminotécnicas e medições fotométricas e diretora da EXPER Soluções Luminotécnicas, especializada em treinamentos, ensaios laboratoriais, projetos e consultorias em eficiência energética e iluminação.