Lume Arquitetura - Ed.61

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Projetos de Iluminação:

Hair Studio, Escritório, Loja Estádio, Hotel e Restaurante

A nova cultura brasileira de iluminação

ISSN 1806-0382

ANO XI - Nº 61 ABR/MAI 2013 R$ 20,00

Eventos Internacionais: Glow Festival e Experiencing Light Perfil Escritórios: Alalux



índice Capa Best Western Plus Vivá Porto de Galinhas Ipojuca / PE Projeto Luminotécnico: Regina Coeli Barros e Mohana Barros Foto: Toddy Holland

entrevista Alexandre Neves O essencial trabalho dos laboratórios de iluminação no Brasil

10 capa Hotel no Nordeste Iluminação dinâmica e aconchegante à beira-mar

case 74 Jassa Hair Studio Iluminação cria ambientes harmoniosos e valoriza novo salão

02 editorial 04 cartas 20

acontecendo

26

lançamentos 56

42 prateleira 44

Restaurante japonês Iluminação criativa destaca arquitetura do Kosushi

perfil escritórios

80 biblioteca

evento internacional

90 eventos 92

50

28

Glow Festival e

luz e design em foco

Experiencing Light Eindhoven une arte e ciência

94 holofote Nils Ericson 96

case

case 36

opinião Juliana Iwashita Kawasaki

Loja de lingerie Iluminação focada e formas sinuosas ressalta produtos

iluminação de estádios Fonte Nova Projetores em LED RGB destacam a fachada de arena em Salvador

ponto de vista Iluminação de bens históricos Os benefícios da utilização do sistema DALI

62

case 66 Holding do setor varejista Sofisticação e funcionalidade caracterizam projeto

artigo 18

luz e psicologia Apresentação da nova série de Valmir Perez

A nova cultura brasileira de iluminação A realidade dos lighting designers, sua formação e o projeto luminotécnico

82

6


editorial

Uma década esplêndida

Há exatamente 10 anos, em abril de 2003, nascia a Lume Arquitetura,

primeira publicação nacional especializada no mercado de iluminação. Entregue ao mercado durante o Simpolux, de forma tímida e séria, a revista causou surpresa e satisfação. Uma década depois, com orgulho, podemos dizer de boca cheia que contribuímos, e muito, para a evolução e fortalecimento do setor.

Vimos ao longo desses anos muitas mudanças no âmbito da iluminação,

tanto no Brasil quanto fora dele. Pudemos comprovar a massificação das lâmpadas eletrônicas compactas no mercado nacional; acompanhamos o nascimento e a evolução dos LEDs mundialmente; presenciamos a invenção dos OLEDs – e estamos observando sua evolução ano a ano; vimos a iluminação ser absorvida e elevada a um patamar superior, como instrumento de beleza, como pauta na ciência, como ferramenta na técnica e na eficiência. São tantas as transformações que não caberia citar neste editorial.

No entanto, podemos afirmar que a maior modificação de que fomos

testemunhas oculares (e providenciamos o registro merecido do que vimos) trata da profissão de lighting designer. Os profissionais que projetam luz, atualmente, são muito mais respeitados e têm mais áreas de atuação do que há 10 anos. Neste período, os clientes finais e os próprios arquitetos, engenheiros e incorporadoras começaram a entender quão importante é a luminotecnia. E, ainda que aos poucos, começaram a não mais enxergar este escopo do projeto como secundário.

Muitos cursos especializados em iluminação surgiram. Hoje, jovens

profissionais que saem da faculdade interessados em trabalhar com luminotécnica buscam uma especialização, diferentemente do que acontecia há alguns anos, quando estes profissionais acabavam entrando no mercado por terem estagiado em escritórios de iluminação ou, até mesmo, “por acaso”. Ponto para o mercado.

Temos enorme prazer e satisfação em ver que colaboramos na

Ano XI – no 61 – Abr/Mai 2013 www.lumearquitetura.com.br Editora Maria Clara de Maio MTB 19570 mariaclara@lumearquitetura.com.br Editor-assistente Erlei Gobi MTB 54344 erlei@lumearquitetura.com.br Reportagem Adriano Degra adriano@lumearquitetura.com.br Revisão Izabel Cristina Lourenço Editor de arte Eduardo Garcia Marques da Costa arte@lumearquitetura.com.br Publicidade Nelson Rodrigues nelson@lumearquitetura.com.br Rubens Campo rubens@lumearquitetura.com.br Circulação e assinaturas Katia Pereira katia@lumearquitetura.com.br Marketing Daniela Bessa de Siqueira daniela@lumearquitetura.com.br Projeto gráfico Marcelo Crelier - www.crelier.com.br Colaboram nesta edição: Betina Tschiedel Martau, Juliana Iwashita Kawasaki, Marcos Ivan, Patricia T. M. do Passo, Paulo Oliveira e Valmir Perez. Lume Arquitetura é uma publicação bimestral da De Maio Comunicação e Editora, dirigida a arquitetos, lighting designers, decoradores, engenheiros, construtoras, incorporadoras, órgãos públicos ligados à iluminação urbana e viária, fabricantes e lojistas do setor de iluminação. Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados. Proibida a reprodução parcial ou integral das matérias publicadas sem autorização da Editora.

consolidação deste mercado e desta profissão. Ao publicarmos cases de profissionais que, na época, eram apenas jovens promessas, apostávamos

@lumearquitetura

que teríamos esse imenso orgulho, de vê-los tão bem-sucedidos, titulares de escritórios que vão de vento em popa.

E assim vamos para mais uma etapa. Batendo em algumas mesmas

teclas, até que o som seja melhor. Trazendo mais dúvidas e respostas sobre

‘ Revista Lume Arquitetura

um mesmo tema, mostrando sempre que iluminação é coisa séria. Boa leitura!

2

L U M E ARQUITETURA

De Maio Comunicação e Editora Ltda. Rua Cotoxó, 611 Cj. 11 Pompéia CEP 05021-000 São Paulo SP Tels.: (11) 3801-3497, 3873-3675 e 3872-8411


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cartas mentos; gostei da análise dos fatos e do olhar dele. A Carina Tomazzoni me surpreendeu pro bem, com a síntese que fez sobre a nossa arte de fazer luz. Enfim, como sempre a Lume é uma ótima leitura! Parabéns a todos! Carmine D’Amore Lighting designer São Paulo – SP

EDIÇÃO 60 É muito gratificante iniciar o ano com a publicação do meu artigo em uma revista que é referência na minha profissão. Ficou excelente! Incentiva-me a continuar investindo na qualificação do meu trabalho. Muito obrigada pelos exemplares que recebi. Carina Tomazzoni Lighting designer Caxias do Sul – RS

A revista Lume Arquitetura está à altura de qualquer revista estrangeira. A única diferença é no porte das obras que acontecem lá fora. Tenho certeza que um dia chegaremos lá. Quanto aos profissionais da área, só temos a agradecer a atenção e oportunidade que a editora Maria Clara promove em sua revista. Helio Bottamedi Lighting designer São Carlos – SP

Amigos da Lume Arquitetura, o meu sincero agradecimento pelo espaço tão nobre que me reservaram – certamente é de muita visibilidade; adorei! Vou cruzar os dedos para a “inveja” não pegar (risos). Obrigada por me levarem até “Alfa Centauro”! Um forte abraço. Márcia Chamixaes Lighting designer Recife – PE A respeito da edição 60 da Lume Arquitetura, a matéria do amigo querido Valmir Perez é uma pequena bomba para a reflexão sobre os nossos comporta4

L U M E ARQUITETURA

Quero agradecer pela bela reportagem e pelo envio dos dois exemplares. Muito obrigada! Beth Leite Lighting designer Brasília – DF

Recebi os exemplares da revista com a matéria do Mineirão. Ficou ótima! Parabéns e obrigado!!! Boulanger Campos Assessor de comunicação Belo Horizonte – MG

DOAÇÃO Informamos que consta em nosso acervo a publicação Lume Arquitetura e gostaríamos de receber, se possível, por doação, as edições 13 a 16, 18, 21, 24, 26, 27, 29 a 32, 34 a 37, 40, os posteriores e os próximos a serem publicados. Sendo a referida publicação de grande interesse para os nossos usuários, esperamos contar com a especial atenção de V.Sa. Marcia Diniz Bibliotecária-chefe da escola de arquitetura da UFMG Belo Horizonte – MG A Lume Arquitetura doou todas as edições antigas ainda disponíveis em seu arquivo e enviará exemplares a cada nova publicação à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Regularmente, a Lume Arquitetura distribui revistas para os alunos de cursos de iluminação de todo o Brasil. Para solicitar este tipo de cortesia, envie um e-mail para daniela@ lumearquitetura.com.br.

Obrigada pelos exemplares. Recebi e já li, ficou bem bacana. Gostaria de divulgar e compartilhar no Facebook. Patricia Passo Lighting designer Curitiba – PR Parabéns pelo sucesso da Revista Lume Arquitetura, da qual minha afilhada Daniela Bessa faz parte com empenho, carinho e responsabilidade! A revista sempre apresenta novas propostas de iluminação e ainda traz excelentes artigos, como na edição 60, sobre a importância de determinadas cores na iluminação de leitos de hospitais com objetivo de contribuir para a melhora dos pacientes. Miriam Siqueira Cunha Auditora Fiscal da Fazenda Estadual de MG Uberaba – MG

CONTEÚDO EDITORIAL Gostaria de saber como é possível publicar um artigo na revista Lume Arquitetura. Fiz um artigo analisando a iluminação dos filmes de Alfred Hitchcock e tenho vontade de desenvolver outros. Carolina Valentine Arquiteta e lighting designer Recife – PE Para enviar artigos acadêmicos, cases de projetos de iluminação ou qualquer conteúdo editorial para avaliação, basta entrar em contato com a redação da revista Lume Arquitetura pelo e-mail erlei@ lumearquitetura.com.br.


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entrevista

Alexandre Neves

Por Erlei Gobi

O essencial trabalho dos laboratórios de iluminação no Brasil

Devido ao rápido desenvolvimento dos

LEDs e a entrada em massa desta tecnologia no Brasil, o setor de iluminação vem enfrentando um grande desafio para implementar programas de qualificação e desempenho, visando garantir que estes produtos atendam aos padrões internacionais e as especificidades do mercado interno. Neste contexto, os laboratórios de iluminação têm um papel fundamental, pois realizam trabalhos de pesquisa, elaboram padrões e normas técnicas embasadas em índices de desempenho.

Nesta entrevista exclusiva, Alexandre

Neves, coordenador do Departamento de Laboratórios do Fundão (DLF), fala sobre o funcionamento do laboratório de iluminação do Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) e das atividades de pesquisa e ensaios em lâmpadas e luminárias de diversas tecnologias. Aborda também assuntos como Arquivo pessoal

a qualidade dos produtos brasileiros, os desa-

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fios do setor, os investimentos em laboratórios de acreditação e os parâmetros para qualificação dos produtos que empregam LEDs.

L U M E ARQUITETURA


Lume Arquitetura: Conte-nos sobre sua

sempre o equilíbrio entre P&D, serviços

em quaisquer modelos e tipos de lâmpa-

carreira e como se tornou coordenador do

tecnológicos e ensaios laboratoriais para

das e luminárias, limitadas a um peso de

Departamento de Laboratórios do Fundão

atendimento ao setor elétrico brasileiro.

50 quilos. O princípio da goniofotometria de campo distante consiste em medir a

do Cepel. Alexandre Neves: Comecei no Cepel,

Lume Arquitetura: Quais as principais

intensidade luminosa em distâncias, em

em 1982, como técnico em eletrônica, no

atividades realizadas no laboratório de

geral, 10 vezes maior que o tamanho da

Laboratório de Equipamentos Elétricos

iluminação do Cepel?

fonte luminosa. Este método é geralmente

(LEE), situado em Adrianópolis, Nova

Alexandre Neves: Ele é o principal la-

aplicado a luminárias de maiores dimen-

Iguaçu (RJ). Nessa época, atuava na área

boratório de apoio a órgãos do governo

sões físicas, com região emissora maior

de calibração de instrumentos e já cur-

no esforço de conservação de energia

que 200mm. Nestes goniofotômetros, a

sava o bacharelado em Física. Em 1985,

e eficiência energética em componen-

fonte luminosa gira em torno de si e se

com o incentivo de meus chefes diretos,

tes e sistemas de iluminação pública,

move no eixo vertical simultaneamente

tive a oportunidade de trabalhar com um

residencial, comercial e industrial. É,

com o espelho. Já o sensor do fotômetro

projeto de pesquisa na área de materiais

na verdade, braço técnico da parceria

está posicionado em um lugar fixo, a certa

isolantes gasosos, dedicando-me ao

firmada pela Eletrobrás, Inmetro e Cepel

distância do espelho. A luz é refletida pelo

estudo dos principais modelos teóricos

para execução dos programas do selo

espelho para o sensor do fotômetro. Os

de suportabilidade elétrica aplicado a

Procel e da Etiqueta Nacional de Conser-

dados a partir das medições de campo

gases dielétricos. A ideia, na época, era

vação de Energia (Ence) relacionados à

distante podem ser utilizados para diver-

dar suporte teórico e experimental a pro-

iluminação. Participa da elaboração de

sas finalidades: uma delas é medir o fluxo

jetos de sistemas e equipamentos de alta

padrões e normas técnicas, coordenando

luminoso emitido pela fonte luminosa; outra é permitir simulações para projetos de

tensão isolados a gás, pois a tecnologia de equipamentos isolados a hexafluoreto de enxofre (SF6 - um gás isolante) estava sendo implantada em grande escala no país e não se tinha tanto conhecimento sobre o comportamento destes equipamentos em operação, tampouco sobre a interpretação de ensaios dielétricos à luz da física da descarga.

Atuando como pesquisador até 2005,

Os produtos fabricados no país, abrangidos e aprovados pelos programas de qualidade e desempenho do Procel e do Inmetro, estão no mesmo patamar dos importados.

iluminação a fim de garantir o nível de iluminação desejado, tanto para ambientes internos quanto externos. Estas medidas também são frequentemente utilizadas para verificar se a fonte luminosa atende a determinadas especificações normativas.

A Esfera Integradora, embora tenha

praticamente a mesma finalidade, não realiza o mapeamento do fluxo luminoso e tem como resultado somente o valor

fui responsável por diversos outros estudos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimen-

a adoção de índices de desempenho e

integral dele no ambiente. A esfera tem

to) na área de materiais, ensaios labora-

de metodologias de ensaio. Também

algumas limitações como, por exemplo,

toriais, técnicas de diagnóstico aplicadas

desenvolve atividades de pesquisa e

não poder realizar ensaios em luminárias

a equipamentos elétricos, automação

ensaios em lâmpadas e luminárias de

e restrição a alguns modelos e tipos

de laboratórios, sistemas digitais para

diversas tecnologias.

de lâmpadas. Ambos os sistemas são automatizados. Em relação às normas

medição em alta tensão, dentre outros. Em 2006, a convite da direção do Cepel,

Lume Arquitetura: Como são realizados

técnicas, a cada tipo de ensaio podemos

assumi a Divisão de Laboratórios do

os ensaios com lâmpadas e luminárias

seguir critérios e metodologias de normas

Fundão (DVLF), que em 2011, em função

no laboratório?

nacionais e/ou internacionais.

de uma reestruturação, foi transformada

Alexandre Neves: O laboratório de

em Departamento de Laboratório do Fun-

iluminação do Cepel tem como princi-

Lume Arquitetura: Os produtos brasilei-

dão (DLF). O grande desafio, portanto, é

pais equipamentos o goniofotômetro de

ros estão no mesmo patamar dos impor-

coordenar laboratórios de diversas espe-

campo distante com espelho rotativo e a

tados no quesito qualidade?

cialidades (multidisciplinares), tais como

Esfera Integradora ou Esfera de Ulbrich.

Alexandre Neves: Os produtos fabri-

propriedades mecânicas, química analí-

O goniofotômetro faz o mapeamento

cados no país, abrangidos e aprovados

tica, metalografia, propriedades elétricas

ângulo a ângulo da distribuição de luz no

pelos programas de qualidade e desem-

e eficiência energética (laboratórios de

ambiente, assim como a integração do

penho do Procel e do Inmetro, estão no

iluminação e refrigeração) promovendo

fluxo luminoso. Pode-se realizar ensaios

mesmo patamar dos importados ou nos

L U M E ARQUITETURA

7


patamares estabelecidos nas regulamen-

de laboratórios, principalmente nas insti-

estudos mencionados servirão também

tações brasileiras baseadas nas especifi-

tuições de ensino e no setor privado e,

de base para a definição dos índices

cidades do nosso mercado.

no caso deste último, incentivado pelos

dos regulamentos, para estabelecimento

programas de qualificação e desempe-

de parâmetros de desempenho óptico,

Lume Arquitetura: Quais os maiores de-

nho e da demanda do setor industrial e

eficiência energética e segurança elétrica

safios para o setor de iluminação brasileiro

comercial.

destes equipamentos para o Programa

do ponto de vista técnico?

Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

Alexandre Neves: No Brasil, um dos

Lume Arquitetura: Os laboratórios de

grandes desafios, há muito tempo, é a

iluminação existentes no Brasil suportam

Lume Arquitetura: Qual o principal obs-

educação, seja na formação básica e/

a demanda do mercado interno ou é ne-

táculo que o Brasil precisa superar para

ou específica. Portanto, não poderia ser

cessária a criação de novos?

que os LEDs sejam a principal fonte de

diferente na área de iluminação, onde

Alexandre Neves: Na última década tive-

luz do país nos próximos anos?

existe escassez de cursos regulares para

mos um aumento significativo na instala-

Alexandre Neves: Como principal obs-

formação de profissionais capacitados

ção de novos laboratórios, a maioria para

táculo podemos citar o custo do LED,

para o desenvolvimento de projetos neste

atender aos programas de qualificação

que ainda é bem mais elevado quando

segmento, de acordo com o estado da

e desempenho do Procel e do Inmetro.

comparado com outras tecnologias. Ou-

arte da tecnologia e adequados ao perfil

Entretanto, para assegurar a continuidade

tro aspecto relevante para adoção desta

do mercado nacional. É preciso promover

dos programas de qualidade e desem-

tecnologia refere-se à sua vida útil. Atu-

a disseminação do conhecimento técnico

penho e o atendimento ao mercado é

almente, chega-se a falar de cerca de 50

nos cursos de nível médio e superior.

necessário continuar ampliando o parque

mil, 100 mil horas para a tecnologia LED,

Ainda sobre o aspecto educacional, não

laboratorial e, em alguns casos, investir

o que de fato não vem se comprovando

podemos esquecer que a preocupação

na modernização e ampliação dos já

na prática em muitos produtos oferecidos

com a escassez de energia vem tornando

existentes. Isto ocorre pela enorme va-

no mercado. O custo – associado à falta

a busca pelo seu uso, racional e eficiente,

riedade de novos produtos que entram

de informações técnicas confiáveis sobre

cada vez mais prioritário. Deste modo,

a cada dia no mercado, impulsionados

o produto, principalmente no que diz res-

temos que ter profissionais capacitados

por novas tecnologias.

peito a sua vida útil – ainda é obstáculo

a executar projetos de iluminação susten-

8

que impede a adoção em ampla escala

táveis, evitando desperdícios e o uso de

Lume Arquitetura: O laboratório está

equipamentos ineficientes que promovem

colaborando para as pesquisas e norma-

hábitos inadequados no uso da energia.

tização de lâmpadas e luminárias a LED?

Lume Arquitetura: Qual sua opinião

do LED.

Sob vários aspectos, no Brasil,

Alexandre Neves: Sim. Atualmente o

sobre o uso de luz branca na iluminação

observam-se ainda problemas crônicos

laboratório vem trabalhando especi-

pública e de luz colorida em monumentos

em termos de qualidade de projetos e

ficamente com dois estudos sobre a

e edifícios históricos?

produtos, tanto no setor público quanto

tecnologia LED. Um diz respeito à ava-

Alexandre Neves: Devido às caracterís-

no setor privado. Observam-se caracte-

liação elétrica e fotométrica de lâmpadas

ticas fisiológicas do olho humano, a luz

rísticas como: excesso de iluminação em

tubulares de LED existentes no merca-

branca proporciona uma resposta visual

várias edificações; uso de equipamentos

do, comparando-as com as lâmpadas

mais natural e confortável, além de exigir

de baixa qualidade; falta de manutenção

fluorescentes tubulares. Outro estudo

menores intensidades de luz para alcan-

adequada e de aproveitamento comple-

diz respeito às luminárias a LED para

çar os objetivos de visualização da via.

mentar da luz natural, dentre tantos ou-

iluminação pública, com avaliação de

tros. A implementação de programas de

desempenho, eficiência e depreciação

tos pela luz, devem ser tomados cuidados

qualificação e desempenho de produtos

luminosa dos produtos. O laboratório do

especiais no seu emprego, visto que a

e projetos para garantir que atendam aos

Cepel também tem atuado diretamente

colorização não deve comprometer a

padrões internacionais e as especificida-

junto aos órgãos governamentais e nor-

mensagem contida na obra, mas manter

des do mercado nacional é um grande

mativos, prestando apoio técnico tanto

a harmonia com o entorno: árvores, edifi-

desafio que o setor vem enfrentando.

na área laboratorial quanto no estabele-

cações e outros elementos da paisagem.

Outra questão diz respeito à infra-

cimento de metodologias e parâmetros

estrutura laboratorial disponível no país.

para qualificação dos produtos que

Faz-se necessária a ampliação do parque

empregam os LEDs. Os resultados dos

L U M E ARQUITETURA

Quanto à colorização de monumen-

Nota do editor: As respostas de Alexandre Neves contaram com a contribuição de Ricardo Ficara, responsável pelo Laboratório de Iluminação do Cepel.



capa

Hotel no Nordeste Por Erlei Gobi Fotos: Toddy Holland

10

Iluminação dinâmica e aconchegante caracteriza o Best Western Plus Vivá Porto de Galinhas

O Nordeste brasileiro é um dos locais mais visitados por

já que dos dois mil entrevistados 49% disseram que pretendem

turistas de todo o mundo devido às suas belezas naturais e seu

conhecer as maravilhas desta região até junho deste ano.

clima tropical. Segundo a pesquisa Sondagem do Consumidor –

Intenção de Viagem, realizada em janeiro de 2013 pelo Ministério

é Porto de Galinhas, localizada no município de Ipojuca, a 60

do Turismo em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV),

quilômetros de Recife, capital do estado de Pernambuco. Graças

o destino também é o ponto turístico preferido dos brasileiros,

às suas piscinas de águas claras e mornas (média de 28ºC)

L U M E ARQUITETURA

Uma das praias mais deslumbrantes do Nordeste brasileiro


formadas entre corais, estuários (ambiente aquá-

vação da vegetação local existente. Além disso,

tico de transição entre um rio e o mar), mangues,

houve grande comprometimento com questões

areia branca e coqueirais, Porto de Galinhas foi

de preservação ambiental e respeito à natureza.

eleita a melhor praia do Brasil durante dez anos

“Incorporamos ao projeto serviços e soluções

consecutivos (2001-2010) pela revista Viagem e

não poluentes, energia solar, madeira certifica-

Turismo, além de ser considerada Top of Mind do

da, dispositivos de redução de energia e outros

prêmio em 2011/2012 e 2012/2013.

equipamentos que visam o equilíbrio ambiental da

É neste paraíso tropical que em junho de 2012

região. A preocupação com o verde é visível em

foi inaugurado o Best Western Plus Vivá Porto de

todas as áreas do hotel e a arquitetura valoriza o

Galinhas, um hotel com 120 quartos e área de

uso de luz e ventilação naturais”, afirmou Renata.

50 mil metros quadrados, sendo 25 mil de área

verde. Elaborado pela arquiteta Renata Pandolfi, o

las arquitetas Regina Coeli Barros e Mohana

projeto arquitetônico traz características de resort,

Barros, titulares do escritório Archidesign,

com generosas áreas de uso comum, enorme

foi elaborado junto à equipe de arquitetura e

parque aquático com diversas piscinas e preser-

paisagismo de forma a destacar os diversos

O projeto luminotécnico, assinado pe-

L U M E A R Q U I T E T U R A 11


elementos impactantes e funcionais do

infraestrutura de lazer que conta com uma

empreendimento para que os hóspedes se

área de piscinas de 3,5 mil metros quadrados,

sintam extremamente confortáveis. “Nossa

com espaços para esportes aquáticos, bordas

intenção foi integrar o hotel à beleza da região

molhadas e quatro hidromassagens em deck

e explorar ao máximo o enorme espaço do

à beira mar. No centro do complexo da piscina

local”, explicou Regina. Segundo Artur Maroja,

foi instalado um restaurante projetado pelo

diretor de operações do hotel, o resultado ficou

arquiteto Pedro Motta, com cobertura em ma-

muito interessante e harmônico, ressaltando as

deira e vista de 360 graus de todo o empreen-

qualidades do empreendimento. “No ramo da

dimento.

hotelaria a iluminação é tudo e é através dela

que realçamos o projeto, por isso buscamos

utilizadas luminárias RGB subaquáticas de

profissionais com experiência no mercado”,

12W/15º e IP 68. “Na maioria dos comple-

enfatizou.

xos hoteleiros existentes no país, a área das

piscinas é subutilizada no período noturno pela

Outra preocupação das lighting designers

Para iluminação das piscinas foram

era fazer com que os clientes permanecessem

pouca iluminação disponível. Por esta razão,

no empreendimento durante a noite. “Notamos

optamos por este sistema de alternância de

que durante o período noturno o hotel ficava

cor que pode ser utilizado de acordo com o

vazio; os hóspedes saíam para curtir a praia e

evento ou o período anual do hotel, além de

retornavam apenas para dormir. Conversamos

ser um grande atrativo visual”, explicou Regina.

com a arquiteta para resolver esta questão e

As passarelas de madeira que “cortam” as

decidimos criar uma iluminação dinâmica na

piscinas e servem de ligação entre as diversas

piscina e no restaurante central”, completou

áreas foram destacadas de forma lúdica por

Mohana.

pequenos embutidos de LED azul de 0,5W.

Piscinas e restaurante

Luminárias de tonalidade marrom, equipa-

das com AR 111 de 75W, e instaladas no pergolado proporcionam luminosidade e desta-

O ponto de maior destaque do proje-

to arquitetônico e luminotécnico é a ampla 12

L U M E ARQUITETURA

cam o restaurante da piscina de forma discreta e elegante. A mesma solução foi aplicada nas

Um dos objetivos do projeto luminotécnico era fazer com que os clientes permanecessem no empreendimento, principalmente na área das piscinas, no período noturno.


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colunas, porém com facho concentrado, desta-

Circulação

cando a madeira. Para a grande bancada central do buffet, optou-se por fitas de LED de 24W/m

na cor âmbar. “Como este restaurante está no

ção se dá por postes de 4,5 metros de altura,

Nos percursos externos do hotel, a ilumina-

nível da piscina, foi preciso esconder as fontes

com uma ou duas pétalas equipadas com fluo-

de luz na estrutura para não ofuscar quem estiver

rescentes compactas longas de 55W a 3000K,

nadando e não interferir na beleza dos detalhes

alternadas com balizadores de 72 centímetros de

em madeira”, contou Mohana.

altura com LEDs de 3W na mesma temperatura

Banheira do SPA recebeu LEDs RGB subaquáticos de 24W para cromoterapia. 14

L U M E ARQUITETURA


de cor. “Tentamos mesclar as soluções.

Suítes

O entorno da piscina é onde as pessoas ficam batendo papo nas espreguiçadeiras,

daí a necessidade de uma luz mais funcio-

Porto de Galinhas são decoradas com

nal e não somente estética. Nos cami-

materiais rústicos e modernos para que

nhos, instalamos postes e balizadores; os

os hóspedes se sintam acolhidos. As

postes estão mais próximos dos acessos

luminárias quadradas instaladas no teto

às edificações para dar a sensação de

foram equipadas com lâmpadas fluores-

segurança, enquanto os balizadores criam

centes compactas duplas de 26W a 2700K

espaços agradáveis”, disse Regina.

e fechamento em acrílico translúcido. As

arandelas das cabeceiras das camas e o

Alguns coqueiros também receberam

As suítes do Best Western Plus Vivá

iluminação especial por meio de proje-

pendente da mesa de apoio são de fibra

tores embutidos no piso com lâmpadas

sintética na cor verde-musgo e receberam

de vapor metálico PAR 30 de 70W, facho

lâmpadas fluorescentes compactas eletrô-

concentrado e acabamento interno antio-

nicas de 15W, com aparência estética das

fuscante. “Integramos a iluminação geral

lâmpadas incandescentes. “A ideia inicial

com o paisagismo, realizando uplight

da arquiteta era trabalhar com peças con-

em alguns dos coqueiros, afinal, a água

feccionadas por um artesão, porém, como

de coco faz parte do contexto do hotel.

aquela região sofre muito com a maresia,

Além disso, a luminária precisava ficar

precisávamos de uma solução que tivesse

embutida, caso contrário poderia queimar

fácil manutenção. Daí o motivo de esco-

o pé ou a perna dos catadores de coco”,

lher pendentes e arandelas com o mesmo

ressaltou Mohana.

acabamento”, disse Regina.

Detalhe dos pequenos embutidos de LED azul de 0,5W nos decks das piscinas.

As suítes receberam arandelas e pendentes de fibra sintética na cor verde-musgo equipados com fluorescentes compactas eletrônicas de 15W e aparência estética das lâmpadas incandescentes. L U M E A R Q U I T E T U R A 15


Nos banheiros dos apartamentos também foram utili-

zadas luminárias com lâmpadas fluorescentes compactas duplas de 26W a 3000K e fechamento em acrílico translúci-

A iluminação do Espaço Kids indoor se dá por meio de luminárias circulares no teto, em dimensões diferentes, equipadas com T5 de 14W e fechamento em acrílico translúcido.

do para iluminação difusa, permitindo melhor visualização e sensação agradável. Somente acima das bancadas há fluorescentes T5 de 25W para facilitar o uso do espelho com iluminação uniforme. Spa e Espaço Kids

No pavimento semienterrado do bloco de aparta-

mentos encontra-se o Spa e o Espaço Kids indoor. O Spa é composto por salão de beleza, piscina, banheira com hidromassagem, sauna, e ambientes para tratamento estético e corporal que contam com um ofurô. A banheira do SPA possui LEDs RGB subaquáticos de 24W para cromoterapia, enquanto a parede de pedra rústica do ambiente recebeu luminárias orientáveis com lâmpadas halógenas AR 111 de 75W. Já a sala de estética contém LEDs RGB de 25W, no teto. “Todas estas áreas foram tratadas com iluminação intimista de forma a promover o relaxamento dos usuários”, afirmou Mohana.

O Espaço Kids indoor possui uma brinquedoteca,

copa especial para as crianças, cinema infantil e banheiros projetados para os pequenos. A iluminação se dá por meio de luminárias circulares no teto, em dimensões diferentes, equipadas com lâmpadas fluorescentes T5 de 14W

Ficha técnica Projeto luminotécnico: Regina Coeli Barros e Mohana Barros / Archidesign Projeto arquitetônico: Renata Pandolfi Projeto arquitetônico do restaurante da piscina: Pedro Motta Paisagismo: Marta Souza Leão Luminárias: Lumini, Luxion, Philips e Biancamano Luce LEDs subaquáticos: OL Iluminação LEDs e fitas de LED: Samsung

e fechamento em acrílico translúcido. “O projeto é muito delicado e oferece um leque de opções para os hóspedes aproveitarem todos os espaços do hotel”, finalizou Regina. 16

L U M E ARQUITETURA

Lâmpadas e reatores: Osram e Philips


LUZ, COR, FORMA. Todos os atributos de um grande projeto.

Nova loja TIM – Curitiba Módulos suspensos com telas translúcidas Tensoflex e iluminação por lâmpadas fluorescentes e LEDs RGB Projeto: B & L Arquitetura Belo Horizonte - MG

RIO DE JANEIRO

Rua José dos Reis, 1897 - Inhaúma CEP 20760-245 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3822 1671 | 3822 2189

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SÃO PAULO

Rua do Bosque, 1925 - Barra Funda CEP 01136-001 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3392 5378 | 3392 1517


luz e psicologia

Apresentação da série Luz e Psicologia Por Valmir Perez

Valmir Perez é lighting designer, graduado em Artes e mestre em Multimeios. É responsável pelo Laboratório de Iluminação da Unicamp, onde desenvolve projetos de iluminação, captação de imagens e de softwares, além de ministrar cursos, workshops e palestras. Contato – valmirperez@gmail. com / www.iar.unicamp.br/lab/luz.).

A história do conhecimento ocidental desemboca

e sinaliza os primórdios dessa ainda nova ciência, tendo

num rio caudaloso, embora, por vezes, margeada por

como ápice e ponto de transição para o período moderno,

elementos contraditórios entre si, próprios das culturas

as ideias do médico Ambroise-Auguste Liebeaut6, em

onde nasceu: seus mananciais. Esse fluxo de águas,

finais do século XIX e início do século XX.

no sentido sintético e relevante às questões profundas

do funcionamento da mente humana, alarga-se imensa-

diferentes escolas e seus diferentes precursores sejam,

mente em determinado vale, originando posteriormente

em minha opinião, extremamente importantes para o

verdadeiro delta, ao mesmo tempo que encerra variadas

entendimento dos desdobramentos dessa ciência até a

formas de entendimento sobre relações e mecanismos

contemporaneidade, seria impossível tratar de assunto

internos do homem que, distribuindo essas visões ao

tão extenso e complexo através de alguns artigos, os

mundo em fluxo relativamente constante, invade muitos

quais a partir de agora pretendo trazer aos leitores de

séculos.

Lume Arquitetura. Mas penso que é possível ao menos,

Ancoradas no pensamento dos filósofos gregos,

utilizando os conceitos essenciais embutidos em alguns

eleva-se grande parte das ilhas de saber, que os povos

dos diferentes sistemas, atirarmo-nos nessa empreitada,

do ocidente e também, em alguns casos, do oriente,

nem que seja para imergir não muito além da superfície,

fundamentam a forma como vivem e pensam o mundo,

a fim de apenas despertarmos para a necessidade do

fazendo desses paradigmas as suas bases científicas,

contínuo aprimoramento dos conhecimentos relativos

éticas, de governo, justiça, etc.

aos processos de percepção e funcionamento da mente

humana.

Esse curso natural das águas do refletir sobre os

Embora o conhecimento e a compreensão sobre as

princípios do pensamento, sobre a intimidade abstrata

e lógica do homem, sobre seu cérebro, alma e funcio-

finita no tempo e no espaço de sua consistência, mas não

Logicamente essa tarefa é enorme. Provavelmente in-

nalidade coexistente e relacional com o mundo externo,

pode ser relegada por aqueles que pretendem ao menos

acabou recebendo variadas contribuições de seus

obter algum conhecimento sobre processos tão importan-

múltiplos afluentes.

tes, que podem enriquecer ou limitar suas criações, pois,

O primeiro período é denominado de “psicologia

“...sem entendermos o homem não se pode criar nada

pré-científica”. Inicia-se com Tales , passa pelo revolu-

para ele. O caminho para que um dia possamos criar a

cionário cientista Descartes2, desembocando nas ideias

verdadeira arquitetura será, além daquele do sentimento,

de Volkmann . Daí para o nascimento da psicologia

o da compreensão dos aspectos psicoperceptivos do ser

baseada no chamado “método científico”4 seria apenas

humano. O entendimento de quais elementos básicos da

um passo. O próximo passo.

percepção devem ser considerados, para que possamos

criar um espaço que corresponda às expectativas de

1

3

Esse segundo período inicia-se com Wundt5, mar-

cadamente influenciado pela psicologia experimental,

quem vai efetivamente utilizá-lo.” 7

(1) Tales de Mileto foi um filósofo da Grécia Antiga, o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. De ascendência fenícia,[carece de fontes] nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 624 ou 625 a.C. e faleceu aproximadamente em 556 ou 558 a.C. (2) René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596 – Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650[1]) foi um filósofo, físico e matemático francês.[1] Durante a Idade Moderna também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes Wikipédia A Enciclopédia Livre em 31/01/2013. 3 – Alfred Wilhelm Volkmann (01 de julho de 1801 - 21 de abril de 1877) foi um alemão fisiologista , anatomista e filósofo . Especializou-se no estudo dos sistemas nervoso e óptica. http://en.wikipedia. org/wiki/Alfred_Wilhelm_Volkmann. (4) O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo conhecimento quer seja este fruto de uma integração, correção (evolução) ou uma expansão da área de abrangência de conhecimentos preexistentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências empíricas verificáveis [Nota 1] [Ref. 1] - baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo - e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência. http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_cient%C3%ADfico Wikipédia A Enciclopédia Livre em 31/01/2013. (5) Wilhelm Maximilian Wundt (Neckarau, 16 de agosto de 1832 —Großbothen, 31 de agosto de 1920) foi um médico, filósofo e psicólogo alemão. É considerado um dos fundadores da moderna psicologiaexperimental junto com Ernst Heinrich Weber (1795-1878) e Gustav Theodor Fechner (1801-1889). (6) Ambroise-Auguste Liebeault [ 1 ] (1823, Favières, Meurthe-et-Moselle - 18 de fevereiro de 1904, Nancy ) foi um médico francês universalmente reconhecido como o fundador da famosa escola que se tornou conhecida como a “ Escola de Nancy “, ou o “ Escola de Sugestões “(a fim de distingui-lo do Charcot e Salpêtrière Hospital -centrado “ Escola de Paris “, ou” Escola Hysteria “) e ele é considerado por muitos como o pai da moderna hipnoterapia . (7) VIANNA, Nelson S. e GONÇALVES, Joana C. S, Iluminação e Arquitetura. São Paulo: Geros S/C Ltda. 2011. Pág. 39.

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FASA Fibra Ótica A iluminação além da imaginação.


acontecendo

Estádio de Pituaçu recebe iluminação mais eficiente O Estádio de Futebol Governador Professor Roberto Santos, conhecido como Estádio Metropolitano de Pituaçu, por estar localizado no bairro de mesmo nome, em Salvador (BA), recebeu nova iluminação. A Coelba, concessionária de distribuição de energia elétrica do Estado da Bahia pertencente ao Grupo Neoenergia, através do Programa de Eficiência Energética regulado pela ANEEL, investiu mais de 893 mil reais para substituir os antigos 192 projetores por 104 novos, da Siteco, com lâmpadas de vapor metálico de 2000W, da Osram. Pituaçu, que tem capacidade para receber até 35 mil espectadores, possuía iluminância média de 553 lux na horizontal e 597 na vertical, muito abaixo dos padrões exigidos pelas emissoras de TV para uma transmissão de qualidade, de 1.100 lux. Foi observada também a falta de homogeneidade no campo, que chegou a apresentar 960 lux no centro e 280 lux nas extremidades, gerando variação de 680 lux. O novo projeto de iluminação, realizado pela empresa Ecoluz, utilizou projetores com quatro ângulos distintos de abertura em graus dispostos de forma eficiente, para melhoria do rendimento do fluxo luminoso. O resultado foi uma iluminância de 1.482 lux no plano horizontal e 1.611 lux no plano vertical, em média. Além disso, o antigo sistema de iluminação consumia 125,96 MWh/ano, enquanto o novo consome apenas 92,75MWh/ano, uma economia de 33,21 MWh/ano. No entanto, para a iluminação antiga atingir a mesma iluminância da nova, de 1.200 lux, em média, consumiria 218,54 MWh/ano. Desta forma, a Coelba projeta uma economia de 125,79 MWh/ano. Vale lembrar que o Estádio de Pituaçu é o primeiro da América Latina que gera e utiliza 100% de energia solar fotovoltaica conectada a rede da distribuidora. A potência é de 400 kWp e a geração é de 630 MWh/ano.

Fotos: Rubens Campo/Coelba

www.coelba.com.br www.ecoluz.com.br

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acontecendo

Nova iluminação revitaliza importante avenida da capital paulista A Avenida Brigadeiro Faria Lima, uma das mais tradicionais da cidade de São Paulo, recebeu, em 2012, projeto de modernização da iluminação da via realizado pelo Departamento de Iluminação Pública – Ilume, no trecho entre a Rua dos Pinheiros e a Avenida Cidade Jardim, com extensão de aproximadamente 2,5 quilômetros. O projeto de 3,9 milhões de reais contou com a substituição das lâmpadas de vapor metálico por 330 luminárias em LED da Philips do Brasil, divididas entre a Luma 2, de 258W, e a Green Vision Flexi, de 130W e 55W, todas a 4000K. Este é o primeiro projeto no Brasil a utilizar um sistema que torna a iluminação pública capaz de responder a comandos à distância (através de um computador conectado à internet) e emitir relatórios e alarmes, conforme situações que ocorram no local. Uma das principais características da nova iluminação foi a utilização de fontes de luz com potências específicas para cada espaço da avenida, como no canteiro central (maior potência); na calçada (média potência); e na ciclovia (menor potência). “O benefício fundamental da utilização do LED na iluminação pública é a sustentabilidade atrelada ao produto, com alta eficiência energética e baixo consumo. A tecnologia proporciona uma redução de até 50% em comparação com sistemas convencionais. Além disso, outro ponto positivo é a vida-útil longa e o baixo nível de manutenção do sistema”, afirmou Flávio Guimarães, diretor da área de iluminação da Philips do Brasil. www.lighting.philips.com.br

Divulgação

Ao lado, foto da nova iluminação e detalhe da luminária utilizada.

LG apresenta portfólio de iluminação durante o Digital Experience A LG Electronics, empresa sul-coreana presente no mercado brasileiro há 15 anos, apresentou o portfólio de produtos de suas quatro unidades de negócios – Home Entertainment, Mobile Communications, Home Appliance e Air Conditioning & Energy Solutions – durante a 9ª edição do Digital Experience, 2 realizado em 6 de março, no Credicard Hall, em São Paulo. Dentre os modernos aparelhos de TV, smartphones e notebooks, também foram exibidas ao público as novidades da empresa no setor de iluminação, como o pendente Office Lighting SlimArt (1), as luminárias LG LED Street Light (2) e LG LED High-Bay, o Projetor de Plasma PLS (3) e as lâmpadas LED Bulbo. “O segmento de iluminação da LG está no Brasil há dois anos e meio. Fechamos 2012 com um crescimento de 300% na comparação com 2011 e esperamos triplicar novamente este resultado em 1 2013”, afirmou Alexandre Borin, General Manager – Energy Solution da empresa. Ainda segundo Borin, a LG é a única empresa do mercado que oferece uma solução integrada de iluminação e ar condicionado. “Trabalhamos em projetos em parcerias com lighting designers e eles têm a oportunidade de oferecer uma solução completa de iluminação e sistema de ar condicionado”, explicou. Outra novidade antecipada pelo General Manager – Energy Solution da LG é que a empresa fechou uma parceria com o Ilume (Departamento de Iluminação Pública de São Paulo) para instalar as luminárias LG LED Street Light na Rua Dr. Chucri Zaidan. www.lge.com/br

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acontecendo

Photo courtesy of LIGHTFAIR® International

Lightfair traz muitas novidades na edição 2013 Em 2013, a Lightfair International – que contou com 505 empresas expositoras e um público de mais de 24 mil pessoas na edição de 2012 – traz algumas novidades para seus visitantes. O evento, que será realizado de 21 a 25 de abril, no Pennsylvania Convention Center, na Filadélfia (EUA), apresenta pela primeira vez o pavilhão Exterior & Roadway Lighting Pavilion, voltado para iluminação exterior de edifícios, paisagens, estradas e rodovias. Além da novidade, a feira permanece com os cincos pavilhões da última edição: Building Integration Pavilion, Daylighting Pavilion, Design Pavilion, Global Light + Design Pavilion e New Exhibitor Pavilion. Além disso, serão inauguradas duas novas categorias que ficarão no Hall F: Energia Solar e Softwares. “Estamos vendo uma verdadeira transformação na indústria de iluminação com as inovações tecnológicas que ocorrem diariamente. Desde seu início, a Lightfair se antecipa e responde a estas mudanças com apresentações de novos produtos. Estas duas novas categorias são os próximos passos para o futuro”, afirmou Jeffrey L. Portman, presidente e diretor de operações da AMC, Inc., organizadora da feira. O tradicional Programa de Conferências, um dos principais diferenciais da Lightfair, Commissioning também foi aperfeiçoado e abordará 15 temas (ver quado ao lado). Em 2013, o número de Controls & Strategies seminários de uma hora e meia de duração aumentou de 32 para 36 – sendo um deles em Daylighting Design Tools espanhol; haverá 17 workshops, Electric Source & Gear Technology com três horas de duração cada; Energy, Environment & Sustainability 12 cursos, sendo seis com duExterior & Roadway Lighting ração de um dia, e seis, de dois Human Factors in Lighting dias; além de eventos especiais, Integrated Design Process como cafés da manhã e almoços Legislation, Codes & Public Policy seguidos de palestras. Lighting Application Lighting Mythology

www.lightfair.com

Principles of Lighting & Electricity Professional Development Retrofit & Upgrade

Eletro Terrível completa 50 anos A Eletro Terrível, loja de produtos de iluminação localizada na capital paulista, completou 50 anos em março de 2013. Esta trajetória de meio século teve início em 1963, quando Edmundo e Luiza Citino abriram as portas de seu empreendimento na Rua Santa Ifigênia, famosa pelo comércio de produtos eletrônicos. Na década de 80, com a expansão dos negócios e do setor de iluminação brasileiro, a empresa se mudou para a Rua Zilda, no bairro da Casa Verde, onde permanece até hoje. “O Edmundo pensou tudo sozinho, eu só ajudei. Ele era um visionário; iluminou os caminhos de todos, e suas ideias continuam por aqui”, afirmou Luiza. A Eletro Terrível é hoje uma empresa que concilia tradição e inovação. Continua sendo familiar, com Tiago Botelho, neto dos fundadores, à frente dos negócios e carregando a semente inovadora da família. Em sua gestão, trouxe para o Brasil parcerias com marcas internacionais de peso, como BLV, Narva e CERA Tech. “Hoje, oferecemos um serviço de apoio técnico para o cliente. Em 2012, iniciamos uma parceria de projetos com lighting designers brasileiros e, neste ano, inauguraremos nosso portal de vendas online. O tempo, no caso da Eletro Terrível, foi um aliado: chegamos à idade madura com energia de criança”, finalizou Tiago. www.eletroterrivel.com.br

Ao lado, fotos de Tiago Botelho e de toda a equipe da Eletro Terrível.

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lançamentos

Luminária decorativa Assinada pelo designer Gabriel Teixidó, a luminária de chão Lektor, da Puntoluce, é composta em metal pintado com braço regulável e giratório, além de cúpula em policarbonato branco. Com as medidas da base de 32cm e haste rígida de 90cm, a peça comporta uma lâmpada incandescente com soquete E27 de até 100W. O produto pode ser encontrado nas cores: branco, laranja e cinza. www.puntoluce.com.br

Áreas externas Com design clean e linhas retas, a luminária retangular para poste Gama, da Itaim Iluminação, possui corpo em chapa de alumínio com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Disponível no tamanho de 5,8cm x 35cm x 33cm, a peça utiliza um ou dois módulos de LED de 25W a 39W e é indicada para praças, parques e vias de passagens.

www.itaimiluminacao.com.br

Para substituir incandescente A Viribright, marca registrada da Matrix Lighting, apresenta a lâmpada LED A19 de 10W, ideal para substituir a incandescente de 75W. Produzindo de 820 a 900 lumens e com 25 mil horas de vida útil, a peça possui o selo Energy Star (padrão internacional para o consumo eficiente de energia) e é indicada para ambientes residenciais, comerciais e hospitalares. www.viribright.com

Design compacto A luminária no frame da linha SETH, da Parislux, possui acabamento em pintura epóxi, nas cores branca e preta, e difusor acrílico. Com dimensão de 29,4cm x 29,4cm e nicho de instalação de 30,2cm x 30,2cm x 11,2cm, a peça está disponível com base E 27 e é compatível com duas lâmpadas compactas eletrônicas de 20W. O produto é indicado para escritórios, banheiros, cozinhas e corredores. www.parislux.com.br

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www.osram.com.br

Lojas Polishop • Redução de até 60% no consumo de energia • Arranjos de 4 luminárias para elementos centrais: 2 LEDVANCE® XL 60° e 2 LEDVANCE® M 12° • Arranjos de 2 luminárias SPOTLIGHT 40° para destaque de cada módulo das prateleiras laterais.

Novos conceitos para seu projeto Para concretizar o novo conceito das lojas Polishop, a iluminação de diversas unidades foi inteiramente modernizada, utilizando luminárias de LED da OSRAM, que puderam garantir inovação e sustentabilidade ao projeto, além de maior destaque aos produtos expostos. As luminárias LEDVANCE® DOWNLIGHT M, L, XL e SPOTLIGHT XL, utilizadas no projeto, possuem alta eficiência e durabilidade de até 50.000 horas, proporcionando economia de energia e redução nos custos de manutenção. Com design totalmente inovador, as luminárias são extremamente versáteis, funcionais e compactas, podendo ser utilizadas em diversas aplicações.

LEDVANCE TM DOWNLIGHT M

LEDVANCE TM DOWNLIGHT L

LEDVANCE TM DOWNLIGHT XL

LEDVANCE TM SPOTLIGHT XL


Rob Portengen_GLOW

evento internacional

Rob Portengen_GLOW

Acima, 40 máscaras originárias do Bwindi National Park de Uganda iluminadas por Richi Ferrero durante o Glow Festival. Ao lado, o edifício DELA, em Eindhoven, ganha vida durante a noite com formas tridimensionais.

Glow Festival e Experiencing Light Por Betina Tschiedel Martau

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Eindhoven une arte e ciência para celebrar a cultura da iluminação

A cidade de Eindhoven, na Holanda, parece ter no DNA

Certamente este contexto nos permite afirmar que a cidade

de seu desenvolvimento genes para iluminação. Sediando uma

tem uma cultura de iluminação superior e mais inovadora que

das maiores empresas mundiais do ramo, exibe muito bem

demais pontos do planeta. Desta forma, Eindhoven parece ser

preservados os edifícios da primeira fábrica da Philips. Recém-

o cenário ideal para eventos sobre iluminação, que passaram

-inaugurado, o museu da empresa completa o circuito de edifícios

a ser muito bem explorados como atrativos e elementos de

que contam a história da evolução dos sistemas de iluminação

desenvolvimento turístico da região. Com pouco mais de 210

artificial. Visitá-los é uma experiência única para os apaixonados

mil habitantes, a cidade se planejou para receber entre os

pelo tema.

dias 10 e 17 de novembro de 2012 mais de 450 mil visitantes,

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Claus Langer_GLOW Claus Langer_GLOW

Acima, instalação “Water”, criada por Crescenti, Kogan e Cantoni durante o Glow Festival, com placas de espuma e camada metálica, onde a luz refletida cria a sensação de estar andando sobre a água. Ao lado, “Faces of Netherlands”, de Jan Ising, onde rostos de pessoas fotografadas em Eindhoven são projetados em uma superfície 3D na fachada da sede da Philips.

ávidos pela sétima edição do Glow Festival.

as obras eram conectadas por sinalização

Criado em 2006, e já tradicional no circuito

com luz vermelha aplicada em postes da rede

de festivais de iluminação, o evento é organiza-

pública especialmente adaptada para o evento

do pela Prefeitura de Eindhoven e a Fundação

ou em novos elementos luminosos, permitindo

Glow, gerando renda para rede hoteleira,

que os visitantes fossem conduzidos visualmen-

lojas e restaurantes, que, lotados durante o

te pelo circuito. A maior parte das intervenções

período do evento, estendem seus horários

luminosas era acompanhada por sons ou movi-

de atendimento.

mentos precisamente orquestrados, tornando a

caminhada pela cidade uma experiência senso-

Com curadoria de Har Hollands, Angelique

Spaninks e Diana Franssen, o tema deste ano

rial única, apesar da noite fria característica do

foi Faces e Fachadas: retratos da cidade

inverno europeu.

(Façades & Faces: Portraits of the City), com

a clara intenção de buscar uma identidade

característica marcante nesta edição. Distri-

urbana. Instigados, dezenas de artistas sou-

buídos em um espaço um pouco deslocado

beram com maestria interpretar o desafio,

do circuito original e fora do centro urbano, o

criando instalações sobre edifícios históricos

setor denominado Glow Café e Glow-S Project

e contemporâneos, bem como em espaços

oferecia aos visitantes a possibilidade de brin-

públicos cuidadosamente selecionados, onde

car com os sentidos e as percepções visuais

os visitantes foram convidados a abandonar por

através de instalações inovadoras e altamente

um momento a racionalidade de uma realidade

tecnológicas. A obra Water, dos brasileiros

estruturada para entrar em um diferente nível de

Leonardo Crescenti, Raquel Kogan e Rejani

percepção. Organizadas na forma de circuito,

Cantoni (www.cantoni-crecenti.com.br), simula-

A interatividade entre espectadores e luz foi

L U M E A R Q U I T E T U R A 29


Instalação “Sleepless night in full light”, do Les Orpaillers de Lumière, na catedral de Eindhoven.

história de um vilarejo visitado pelo demônio quando a noite chega. Além da obra virtual, a frente da catedral era ocupada em seu passeio por rasgos de vidro no piso, que, abundantemente iluminados, expunham esqueletos encontrados em escavações arqueológicas. A atmosfera misteriosa do local foi cenário perfeito para o pequeno show de luzes, que se repetia a cada dez minutos para uma multidão que se agrupava na praça em frente à Catedral. Ali havia um dos inúmeros quiosques do evento, que vendiam desde catálogos com a descrição das obras, em todas as línguas, até camisetas, bonés e objetos diversos com o logotipo do evento. Mais uma fonte de renda que servia também para colorir a noite com pontos luminosos inseridos em todos acessórios vendidos. Rob Portengen_GLOW

Além desta, a obra Keyframe sobre o edifício da

delegacia de polícia da cidade, onde projeções de imagens contam a história da fuga de detentos, sob a regência de uma trilha sonora igualmente cativante que começava com um alarme sonoro altíssimo, pode ser considerada a minha preferida. Criada pelo grupo

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va com luz um percurso sobre as águas. Esta é uma

LAPS (www.groupe-laps.org) onde trabalham seis ar-

das inúmeras obras que se destacaram, recebendo

tistas e designers com experiência em alta tecnologia

do público expressivos comentários pelas ruas como

de iluminação para filmes e aplicações multimídia, era

uma das mais apreciadas, e, certamente, como bra-

composta de dezenas de figuras humanas em dife-

sileira, me emocionei ao ver o destaque que nossos

rentes poses, feitas de tubos de LED, iluminados um

conterrâneos receberam na mostra.

por um. Pelo fato das figuras serem iluminadas em se-

quência, havia a percepção de que se moviam entre

O evento como um todo é capaz de gerar uma

emoção prazerosa no visitante, que acaba por eleger

os pavimentos do edifício em uma fuga desesperada.

a partir de sua subjetividade as obras que mais lhe

O poder da iluminação de gerar uma realidade virtual

dizem algo. Neste sentido, poderia destacar o buquê

para criar uma narrativa fica explícito nesta obra.

de abajures (Bouquets d’abat-jours), uma instalação

ocupando a Praça Wilhelminaplein, cercada por edi-

vermelhos compunham a obra LSP-Glow, onde o

ficações de baixa altura que compunham as quadras

visitante era levado a percorrer alguns metros ao som

regulares típicas das cidades holandesas. Projetada

de música eletrônica, que pulsava em harmonia com

pelo grupo francês TILT (www.t-i-l-t.com) e contando

a luz. Criada por Edwin van der Heide (www.evdh.nl),

com caixas de som embutidas em cada conjunto de

o projeto era o ponto de partida do circuito. Ao com-

“flores”, a obra atrai o olhar pela escala e variação

binar iluminação, fumaça e som, o artista criou uma

cromática, numa dança em ritmo lento de luzes e

experiência tridimensional de flutuações sonoras. Os

sons. Percorrer a instalação faz com que o observador

que se animavam a atravessar a instalação apesar do

pareça estar em um mundo encantado, numa referên-

frio podiam experimentar o ritmo frenético das luzes,

cia sutil à história de Alice no país das maravilhas.

que acelerava o coração e a mente.

A catedral da cidade, Catharina Church, serviu

Aspersões de água cortados por raios de laser

A projeção sobre uma superfície 3D na fachada

de pano de fundo para a instalação Sleepless night in

da sede da Philips foi outro destaque onde a temática

full light, do Les Orpaillers de Lumière (www.lesorpail-

do evento ficava explícita: a obra Rostos da Holanda

leursdelumiere.com), que contam com luz e som a

(Faces of Netherlands) era composta de projeções de

L U M E ARQUITETURA



“Photon’s Dance”, de Teresa Mar, cobre a fachada do Admirant Shopping Eindhoven com uma luz dançante durante o GLOW Festival.

Ao longo do circuito, o visitante podia também

observar obras de edições anteriores, que dependendo da sua natureza, passaram a ser incorporadas ao contexto urbano da cidade. Muitas destas obras do Glow 2012 também irão permanecer, como testemunhas da beleza capaz de existir a partir da interação da luz com a cidade e seus edifícios. Experiencing Light 2012

Mais que conferir identidade urbana, eventos

como este, se bem geridos, permitem agregar atividades paralelas, que muito têm contribuído para o desenvolvimento científico da área de iluminação. Em 2012, no mesmo período do festival, a Universidade Técnica de Eindhoven organizou o Experiencing Light 2012. Voltado para o tema da iluminação e sua relação Rob Portengen_GLOW

com a saúde, comportamento e bem-estar humano, o evento acadêmico consistiu em palestras com nomes internacionais como Andrew Elliot, Debra Skene, and Har Hollands, bem como apresentações de pesquisas científicas de diversas partes do mundo. Entre as instituições brasileiras estavam a Universidade Federal rostos de pessoas de diversas idades e sexo que se

do Rio Grande do Sul (UFRGS), por mim representa-

alternavam na fachada do edifício, levando o observa-

da com o trabalho User-based research approach for

dor a refletir sobre a variedade humana e a necessida-

assessment of non visual lighting effects (Martau, B. T.,

de de igualdade apesar destas diferenças. De autoria

Hidalgo, M. P., Luz, C., Kubaski, F., & Corrêa, F. H. ) e a

de Jan Ising (www.facesof.net), esta obra é parte de

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), repre-

um projeto internacional de arte, já visto em Jerusalém

sentada pelo trabalho HDR images for binocular vision

e Berlim. A cada cidade visitada pelo projeto ele vai

evaluation in the perception of architectural space: A

se transformando em uma rede internacional visando

first approach (Scarazzato, P. S., Souza, D. F., & Dias,

alcançar uma “face/rosto universal”. Vale conhecer

M. V.) apresentado pelo Professor Doutor Paulo Sergio

mais sobre o projeto.

Scarazzato e o doutorando Denis Souza.

Opiniões sobre o GLOW FESTIVAL Como o centro da cidade de Eindhoven é relativamente pequeno, foi fácil visitar várias instalações. Gostei muito das projeções de luz numa fachada de escritórios, que era desinteressante durante o dia, mas que, à noite, era transfigurada pela luz e adquiria tridimensionalidades inesperadas. No geral, todas as instalações eram interessantes, transformando a visita noturna na cidade numa experiência única de jogos de ilusão e sensações luminosas. Diana Del-Negro Tive a oportunidade de percorrer parte do circuito em uma única noite, bastante fria para os nossos padrões – algo em torno de 2ºC. Difícil dizer do que mais gostei, mas a ideia de experimentações com luz em equipamentos públicos e nas fachadas de edifícios é muito interessante. Mais que o espetáculo de luz e cor que parece cativar a todos, o evento pode ser uma excelente oportunidade de verificar em uma “maquete viva” e em escala real, a própria cidade, possíveis caminhos na busca de uma identidade visual própria, que eventualmente possa vir a ser incorporado ao plano diretor de iluminação local. Esta pode ser também uma boa ideia para as nossas cidades, por que não? Paulo Scarazzato As obras do Glow Festival podem ser visitadas em www.gloweindhoven.nl

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Sushi Coleção 2013

www.gruponewline.ind.br


Opiniões sobre o EXPERIENCING LIGHT 2012 O Experiencing Light, onde tive a oportunidade de apresentar uma parte do meu trabalho, foi muito interessante para a comunidade científica e todos aqueles que trabalham na área da iluminação. Permitiu-me divulgar e adquirir conhecimento sobre o que está sendo pesquisado na área, além de conhecer outros pesquisadores e especialistas que investigam e trabalham em iluminação em todo o mundo. A Universidade Técnica de Eindhoven fez um excelente trabalho de organização deste evento, que este ano esteve focado nos efeitos da luz sobre o bem estar. Além disso, a conferência coincidiu com o festival de luz Glow Festival, no centro da cidade de Eindhoven, o que tornou toda a experiência para os participantes ainda mais interessante! Diana Del-Negro Sempre que posso participo de congressos, simpósios e conferências sobre iluminação. Tais eventos se constituem numa oportunidade ímpar de acompanhar de perto o que de mais avançado está ocorrendo naquele universo. O Experiencing Light permitiu não apenas acompanhar o que nossos colegas estão desenvolvendo, mas também mostrar o que estamos – eu e meus alunos – pesquisando no Brasil. Paulo Scarazzato As discussões e pesquisas apresentadas no Congresso científico estão publicadas em Proceedings of EXPERIENCING LIGHT 2012: International Conference on the Effects of Light on Wellbeing.Editors: de Kort, Y.A.W., Aarts, M.P.J., Beute, F., Haans, A., IJsselsteijn, W. A., Lakens, D., Smolders, K.C.H.J., van Rijswijk, L. Eindhoven University of Technology, Eindhoven, The Netherlands.( ISBN: 978-90-386-3300-8). Disponível na Biblioteca da Eindhoven University of Technology.

A palestrante Debra J. Skene é professora de

a história do festival que ajudou a fundar, passando

Neuroendocrinologia no Centro de Cronobiologia da

para apresentação de sua obra como lighting desig-

Univeridsade de Surrey, vice-presidente da Euro-

ner da Phillips e posteriormente como sócio da Har

pean Sleep Research Society (ESRS) e membro do

Hollands Lichtarchitect. O grande conhecimento de

Comitê da European Biological Rhythms Society

Har Hollands é a abordagem da luz como arte, capaz

(EBRS). Abordou em sua apresentação a relação

de instigar emoções e gerar experiências nos usuá-

da iluminação com pessoas idosas, principalmente

rios. Seus projetos são dotados de um significado e

a capacidade da luz em influenciar os ritmos circa-

contam histórias no e do contexto no qual se inserem.

dianos e consequentemente o sono, área principal

de suas pesquisas. A equipe da Dra. Skene foi uma

trabalhos científicos foram apresentados, em seis

das primeiras a comprovar a resposta reduzida das

blocos, por temáticas específicas (psicologia social

pessoas idosas a luz azul (Herljevic et al. (2005) Exp.

da luz: brilho e escuro; iluminação de espaços de

Gerontol.), o que teve grande repercussão no projeto

trabalho: otimização da luz natural e artificial; o efeito

de iluminação de espaços para idosos.

da iluminação no bem-estar mental e desempenho

humano; bem-estar emocional pela iluminação; luz

A influência da cor na motivação e atração huma-

Além dos palestrantes principais, mais de vinte

nas foi o tema da palestra de Andrew Elliot, que é pro-

e percepção; e projetando a iluminação para e com

fessor de Psicologia Clínica no Department of Clinical

os usuários), permitindo aos inscritos a troca de

& Social Sciences in Psychology, na Universidade de

experiências e a constatação de que cada vez mais

Rochester. Como experiente pesquisador na área de

é necessário que o luminotécnico adquira conheci-

atração e motivação pela cor, ele criou um modelo ge-

mento profundo do ser humano, em seus aspectos

nérico da cor e sua função biológica. Explicou como

biológicos, comportamentais e emocionais. O Experi-

a cor vermelha ativa comportamentos de “evitação”

encing Light 2012 foi encerrado com a apresentação e

ou atração em diferentes contextos, principalmente no

discussão de pôsteres científicos.

afetivo. Fundamental para luminotécnicos, o conhecimento da resposta emocional às cores tem ganhado destaque nas pesquisas, uma vez que a tecnologia do LED popularizou a iluminação colorida no cenário urbano. Conhecer as suas consequências foi a principal mensagem do palestrante sobre as relações de

luz e cor.

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo, mestrado pela Universidade

Campinas. É professora e pesquisadora na Faculdade de Arquitetura da Uni-

Har Hollands, além de curador do Glow Festival

brindou a todos os participantes do Experiencing Light com um cativante discurso em jantar palestra. Com o tema Fachadas e faces, discorreu inicialmente sobre 34

L U M E ARQUITETURA

Betina Tschiedel Martau

Federal do Rio Grande do Sul e doutorado na Universidade Estadual de versidade Federal do Rio Grande do Sul, onde ministra disciplinas de projeto arquitetônico e de iluminação artificial. Suas pesquisas estão atualmente focadas em lighting design com ênfase na saúde dos usuários e aspectos compositivos da iluminação.



case

Loja de lingerie Por Erlei Gobi Fotos: Andrés Otero

36

L U M E ARQUITETURA

Iluminação focada e com formas sinuosas ressalta produtos da Hope


Famosa

por estrelar campanhas publicitárias

O projeto conceitual da loja, de 200 metros quadra-

com lindas mulheres, como Juliana Paes e Gisele

dos, é do escritório francês DeuxL – que já cuidou da

Bündchen, a Hope possui 45 anos no mercado e é uma

arquitetura de interiores e design de lojas como Louis

das principais empresas de lingerie do país, contando

Vuitton, Pucci, Givenchy, Jimmy Choo – em parceria com

com mais de cinco mil pontos de venda. A marca, que

o escritório italiano Vudafieri Saverino. A responsável pela

também exporta para mais de 18 países em cinco conti-

execução do projeto arquitetônico foi a arquiteta Juliana

nentes, inaugurou em maio de 2012 sua flagship store em

Cintra do Prado, do CDP Arquitetos. “Desenvolvemos o

uma das ruas mais luxuosas do mundo, a Oscar Freire,

conceito de Wonder Closet, com grandes armários, para

na capital paulista.

que a cliente se sentisse em casa, olhando para seu L U M E A R Q U I T E T U R A 37


Projeto luminotécnico da Hope foi desenvolvido de forma a expressar com a luz e com o desenho o caráter essencialmente feminino da loja.

próprio armário de roupas. Também criamos

Entrada

espaços diferenciados, como o túnel com

38

pequenas placas de acrílico sobrepostas e os

provadores, onde utilizamos cortinas”, explicou

ços: a entrada, o túnel, e o fundo da loja, onde estão

Juliana.

os provadores. Para a entrada, com pé-direito alto,

de 7,20 metros, o lighting designer optou por uma

O projeto luminotécnico, assinado pelo

A flagship store da Hope é divida em três espa-

lighting designer Gilberto Franco, titular do

solução mista. “O projeto de interiores havia sugerido

Franco Associados Lighting Design, foi desen-

uma luminária pendente, cuja forma lembrava um Ze-

volvido de forma a expressar com a luz e com o

ppelin, mas isso acabou sendo eliminado pelo cliente

desenho o caráter essencialmente feminino da

por razões de custo. Assim, a solução definitiva para

loja, sem, entretanto, descuidar-se da valoriza-

a luz geral veio a ser um conjunto de luminárias de

ção dos produtos. “É uma marca de lingerie e,

tela tensionada com formas ameboides, equipadas

por isso, tem uma arquitetura muito feminina.

com T5 de 28W e 24W, a 3000K”, contou.

Por esta razão, optamos por soluções de ilumi-

nação com formas curvilíneas”, afirmou.

por iluminação focada, através de um sistema de

L U M E ARQUITETURA

Para destacar os produtos da marca, optou-se


Entrada da loja recebeu luminárias de tela tensionada com formas ameboides, equipadas com T5 de 28W e 24W, a 3000K, e sistema de projetores com AR 111 de 35W, a 3000K em trilhos eletrificados instalados de forma sinuosa.

projetores com AR 111 de 35W a 3000K em

Para amortizar as sombras da iluminação

trilhos eletrificados. “Projetamos os trilhos em

direta nas prateleiras, foram instaladas fitas de

nichos com formas sinuosas, compostas em

LEDs de 14W/m e 3000K em todas elas. Nas

harmonia com as formas livres das amebas

gavetas inferiores também foi prevista uma fita

luminosas. No Brasil, não temos fornecedo-

frontal de LED (neste caso de apenas 6W/m),

res para trilhos curvos, então fizemos trechos

para “acendê-las” mesmo quando fechadas.

de trilhos retos nessas cavidades; a apa-

“É comum o ofuscamento causado por fitas

rência final, entretanto, é mesmo de trilhos

dentro de nichos ou sob prateleiras, quando

curvos”, elucidou. “Devido a esta sinuosidade

não corretamente projetadas. Para evitar

e também à variedade de necessidades de

isto, alocamos estes elementos em posição

iluminação, ora os projetores estão voltados

diagonal, de forma a tratar cada ponto de LED

para a parede adjacente, ora para a parede

como se fosse um microprojetor focalizado

oposta”, completou Franco. Para alcançar

na mercadoria. O nicho em diagonal ainda

este resultado, o lighting designer e sua

esconde a fonte de luz, dando um resultado

colaboradora despenderam duas noites de

extremamente agradável e livre de ofusca-

focalização.

mentos”, explicou Franco. L U M E A R Q U I T E T U R A 39


Área dos provadores possui uma grande claraboia de luz natural, protegida por tela tensionada translúcida, que também abriga lâmpadas T5 de 28W e 3000K. Fluorescentes T5 de 14W e 28W a 3000K completam a solução atrás dos espelhos.

Túnel

O túnel que liga a entrada ao fundo da loja

possui pé-direito muito baixo, de apenas 2,40 metros, contrastando com a entrada. Nele ficam expostas as coleções de lingeries especiais da marca. “Desenvolvemos este espaço com exclusividade para a Hope. São placas de acrílico com filmes dourado, prateado e preto por trás, instaladas de forma sobreposta. Este trabalho é uma joia do projeto, devido à coordenação da parte técnica”, disse a arquiteta Juliana.

Para iluminar as prateleiras e os nichos com

produtos expostos nas paredes, Franco utilizou fitas de LEDs de 14W/m e 3000K sob e dentro deles. Já para as mesas de centro e manequins, optou por embutidos no teto com dicroicas de 35W e 3000K de facho médio. “Fizemos uma distribuição aleatória de luminárias embutidas no teto de placas acrílicas lembrando um ‘céu estrelado’, porém capaz de iluminar os principais elementos expostos”, disse o lighting designer.

Ficha técnica Projeto luminotécnico: Gilberto Franco/ Franco Associados Lighting Design Colaboradoras do projeto luminotécnico: Renata Bodi/ Franco Associados Lighting Design e Renata Amato Conceito arquitetônico: DeuxL e Vudafieri Saverino Execução do projeto arquitetônico: Juliana Cintra do Prado / CDP Arquitetos Luminárias e telas tensionadas: Lumini Fitas de LED: Itaim Lâmpadas: Philips e Osram

40

L U M E ARQUITETURA

Provadores

O fundo da loja, com pé-direito de 4,25 metros,

possui uma espécie de continuação do ambiente de entrada, coroado pelos provadores, estes totalmente diferenciados do restante. As divisórias internas dos provadores são compostas por cortinas de tecido dourado, material também presente no teto, em tiras finas e compridas, o que proporciona um efeito bastante teatral ao espaço. Acima destes elementos há uma grande claraboia de luz natural, protegida por uma tela tensionada translúcida, que também abriga lâmpadas T5 de 28W e 3000K. “A tela tensionada serve para distribuir homogeneamente tanto a luz natural como a artificial, e o resultado é uma iluminação totalmente invisível, mas que deixa o ambiente com aspecto claro e suave”, finalizou Gilberto Franco. Uma iluminação por detrás dos espelhos com lâmpadas fluorescentes T5 de 14W e 28W a 3000K, completa a solução luminotécnica dos provadores, e está presente também nos demais espelhos da loja.



prateleira

Alta reprodução de cor Fabricada em alumínio, a luminária Power LED Espeto de Jardim, da Brilia, é bivolt, consome 7W e oferece fluxo luminoso de 380 lumens. Com IP 65 e IRC 80, possui temperatura de cor de 3000K, podendo ser facilmente alterada para verde ou âmbar, através de kit de lentes e fixador (vendido separadamente).

www.brilia.com.br

Para downlight

Com refletor em alumínio de alta pureza e dissipador de calor, os embutidos da série GY240 TDIII da Gyled, empresa com sede em Pequim (China), oferecem controle de intensidade de luz e utilizam LED disponível nas potências de 12W, 18W, 23W, 30W, 35W e 45W, e nas temperaturas de cor de 3000K, 4000K, 5000K e 5700K. Com IP 20 e IRC 80, a peça é indicada para ambientes internos e externos e possui molas de aço inoxidável para fácil instalação.

www.gyledlighting.com

Embutido em LED Indicado para áreas internas, o embutido para teto Micro Borda, da Interlight, é desenvolvido em alumínio injetado com pintura eletrostática branca microtexturizada. A peça, com foco orientável e ângulo de abertura de 25°, oferece fluxo luminoso de 170 lumens utilizando LED de 4W a 3000K.

www.interlight.com.br

Eficiente e com alta definição de cor O projetor em LED da Lovely Lighting, empresa com sede em Guangzhou (China), é fabricado em alumínio, com revestimento anticorrosivo, tampa em vidro temperado e utiliza LED da marca Cree, em RGB, com 255 opções de cores. Disponível na potência de 300W, com IP 65 e 20 mil horas de vida útil, a peça possui ângulo de abertura ajustável e é indicada para ambientes externos de longa distância. www.lovely-lighting.com

42

L U M E ARQUITETURA


Lumicenter + Dialux

Ficou fácil incluir nossas luminárias em seus projetos de iluminação, aproveite a parceria Lumicenter + Dialux e faça cálculos luminotécnicos confiáveis com ambientação 3D! Faça download do Plugin Lumicenter para o software Dialux através do QR Code ou acesse www.lumicenter.com.

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PD60

Luminária completa com LED e driver bivolt incorporado. Corpo de madeira curvada com base de alumínio e difusor em acrílico leitoso. Temperatura de cor 3000K. Disponível em dois tamanhos e potências: 71cm/25W e 135cm/50W.


perfil escritórios

Alalux

O

escritório foi criado em

1994

por

Norah Turchetti Conte

que, ao voltar ao

Brasil

após viver quatro anos na

África do Sul e sete no Chile, incorporou-se à empresa de iluminação criada por sua família em Belo Horizonte. No tempo em que esteve fora de seu país, especializou-se fazendo cursos na área de iluminação e arquitetura e notou que havia uma enorme defasagem entre os padrões internacionais e o que era oferecido no mercado brasileiro. Por esta razão, decidiu proporcionar aos clientes uma nova forma de tratar a luz em um projeto de arquitetura ou design.

Quando fundada, a empresa se chamava Aldolux e, posteriormente, após uma reformulação institucional foi denominada de

Alalux. Nestes quase 20 anos atuando com projetos luminotécnicos, realizou trabalhos muito importantes, principalmente em Minas Gerais. Atualmente, a titular ao lado de sua filha, também arquiteta, Daniela Turchetti Conte Magalhães, o escritório produz, em média, cerca de 80 projetos por ano.

Principais áreas de atuação Iluminação em geral, sem um segmento em particular.

Profissionais que compõem o escritório O escritório é formado pela engenheira-arquiteta Norah

Porém, desde o início demonstra uma postura muito clara com

Turchetti Conte, pela arquiteta e lighting designer Daniela

foco em eficiência energética e sustentabilidade. Aos poucos,

Turchetti Conte Magalhães e pelo lighting designer Donato

vem adentrando na iluminação cenográfica, principalmente

Turchetti Conte.

através de trabalhos desenvolvidos pela arquiteta Daniela. Prêmios recebidos Especialidades Trabalha em todas as áreas de iluminação, mas a maior parte dos projetos encontra-se ligada à arquitetura e ao design.

O escritório ficou na primeira posição em três edições do Prêmio Abilux de Projetos de Iluminação. Em 2006, com o Águas do Treme Lake Resort, na categoria Hotéis, Restauran-

Jomar Bragança

Principais projetos executados Memorial Minas Gerais – Vale; Espaço VIP Globo

Minas; Departamento Comercial da Band Minas e Clínica Odontológica, todos em Belo Horizonte, além de vários projetos residenciais na capital mineira e em cidades da região metropolitana. O Águas do Treme Lake Resort, em Inhaúma; Restaurante Estância Gourmet, em Alto Caparaó; Pousada Carumbé Serra do Cipó, em Santana do Riacho; Fazenda, em Jaboticatubas; Fazenda, em Sabará; e Fazenda e Haras Maravilha, em Bom Jesus do Amparo, todos em Minas Gerais. No exterior, uma residência em Angola e uma residência na Guiné Equatoriana, África. 1

Projetos recentes

Paisagismo em residência no Condomínio Vila Castela e apartamento no Vale do Sereno, ambos em Nova Lima, região metro-

politana de Belo Horizonte. Apartamento no bairro São Bento, em Belo Horizonte (MG), além de residência no Retiro do Chalé, em Brumadinho (MG).

44

L U M E ARQUITETURA


tes, Bares, Hospitais e Clínicas; em 2009, com o Restaurante Estância Gourmet, na categoria Restaurantes e Bares; e em 2011, com a Pousada Carumbé Serra do Cipó, na categoria Hotéis, Hospitais e Clínicas. Entidades de classe que participa As titulares são associadas ao CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) e a Amide (Associação Mineira de Decoradores de Nível Superior). É representante de alguma empresa do ramo? Qual? Não.

Titulares: Norah Turchetti Conte e Daniela Turchetti Conte Magalhães

Possui loja de produtos para iluminação? Qual? Sim, a loja de iluminação Alalux by Norah. Profissionais considerados muito bons no Brasil e no exterior

Data de início das atividades: 1994

Há vários excelentes profissionais no Brasil. Citar nomes torna-se difícil, pois seria impossível lembrar todos. Norah Turchetti Conte começa sua lista por Peter

Endereço: Rua Alagoas, 474 – Belo Horizonte – MG Telefones: (31) 2112-1111 / (31) 2112-1100

Gasper, Neide Senzi e Plinio Godoy. Porém, afirma que existe uma turma jovem que está maravilhosa, como Luciana Costantin e Paula Carnelós, do escritório Acenda,

Site: www.alalux.com.br

além de Ugo Nitzsche, Flavia Bizzotto, Mariana Novaes, entre outros. No exterior, menciona os excelentes trabalhos dos escritórios Lighteam de Gustavo Avilés, do México, e Piero Castiglioni, da Itália. 2

Águas do Treme Lake Resort, em Inhaúma.

2

Espaço VIP Globo, em Belo Horizonte.

3

Pousada Carumbé, na Serra do Cipó.

Jomar Bragança

1

3

Projetos em execução

Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompeia; revitalização

da iluminação de Shopping; residência na Pampulha; esmalteria no Raja Shopping; e revitalização da iluminação de uma rede de supermercados dentro dos conceitos de eficiência energética, todos em Belo Horizonte (MG). Plano Diretor de Iluminação Rubens Campo

Urbana, Monumental e Arquitetônica da cidade de Ouro Preto; Pousada Carumbé, em Lavras Novas; e uma cobertura e uma fazenda, em Teófilo Otoni, todos no Estado de Minas Gerais.

L U M E A R Q U I T E T U R A 45


Média de projetos executados em um ano Aproximadamente 80 projetos nos vários segmentos de mercado. Ser lighting designer Ser lighting designer é poder enxergar o escuro, escutar o silêncio, tocar o invisível, sentir e saborear a emoção, pois para trabalhar com a luz precisamos de conhecimentos técnicos. Porém, enfoques filosófico e cultural também nos permitem conhecer a essência humana e a vida, para elaborar conceitos coerentes e harmoniosos com qualidade estética. Isto é a verdadeira sustentabilidade. Além Divulgação

disso, uma dose extra de sensibilidade é fundamental. O futuro do lighting design Na opinião das titulares do escritório, o futuro do

Equipe da Alalux.

Lighting Design exigirá foco em três parâmetros: simplicidade, conhecimento e eficiência.

case

case

Salão de Eventos da Globo Minas

No lobby, aparelhos embutidos no forro, com lâmpadas AR70, ressaltam o requinte da ambientação, e dicróicas destacam obras de arte.

Águas do Treme Lake Resort Da Redação Fotos: Jomar Bragança

Iluminação equilibrada para um espaço multiuso

O céu como cenário Da Redação Fotos: Jomar Bragança

O Á GUAS

DO

T REME L AKE R ESORT

Meio hispânico, meio barroco

É UM GRANDE

complexo de lazer voltado para todas as vertentes de turismo O Hotel, uma versão moderna do estilo espanhol,

de Belo Horizonte, ocupa uma área de 300 hectares de

possui uma belíssima arquitetura, com espaços trabalha-

cerrado mineiro e tem o maior lago de pesca esportiva da

dos para o perfeito entrosamento do projeto com a nature-

América Latina. É um empreendimento que nasceu a partir de uma

EM

cerrado, desassoreamento da lagoa e revitalização de sua

funcionando como elemento de referência.

e incorporado à sede, recebendo especial atenção e uma iluminação planejada, projeto da arquiteta e lighting designer

No centro do pátio um belo chafariz do séc. XVIII, originá-

orla da lagoa, que é circundada por aproximadamente 6km

rio do Solar dos Monjolos, no Rio de Janeiro, ladeado por

de pista asfaltada. Possui vários espaços cercados do

quatro tamareiras soberanas.

Norah Turchetti Conte. O perfil do cliente, poderoso meio de comunicação, formador de opinião e com elevado índice de exigência de quaA Iluminação do salão da Globo Minas, equilibrada e basicamente indireta, foi definida para atender às diferentes atividades realizadas no local.

Destaca-se também na paisagem uma impressionante réplica da Igreja de N. Sra. de Loreto, construída na Ilha do Frade (Bahia), no séc. XVIII em estilo barroco. O interior do

belecer a iluminação ficou por conta da utilização do espaço,

sertão das Gerais.

templo é enriquecido por belíssimas imagens da Sant’Ana e

extremamente variada.

A museografia ficou sob a responsabilidade assessoria da arquiteta Norah Turchetti Conte, da Alalux,

Euroluce 2009

no projeto luminotécnico da exposição, montada em uma área de 240 metros quadrados, sem divisões. A proposta para a mostra foi criar um espaço amplo e de fácil circulação, com todos os painéis dispostos em nichos colocados junto às paredes, formando um

À iminência de um novo “Renascimento”

retângulo no centro do espaço. “Procuramos criar um espaço de deslocamento onde o visitante pudesse interagir com o conceito de mobilidade urbana”, disse

Por Norah Turchetti Conte

Norah. Em virtude dos 10 dias disponíveis para elaboração e montagem do projeto, considerado um prazo muito curto pelos projetistas, optou-se por soluções simples. Para não haver distinção entre a estrutura do local, dos

cenário urbano, criou-se uma superfície contínua para

Painel de exposição, iluminado com lâmpadas fluorescentes T5 de 28W e 14W, a 4000K.

Em Milão, na Itália, de 23 a 25 de abril, em

privado, e já se fala do surgimento iminente de

paralelo à Euroluce, aconteceram dois eventos

outro “Renascimento”, provavelmente quando

de grande importância para os lighting desig-

passar esta crise econômica mundial, ou o

ners: o seminário “Light Focus em Milão” e a

período das trevas...

“Designing Designers” (Conferência Internacio-

técnico de Milão, mostrou várias experiências

ção dos Lighting Designers Profissionais (PLDA) e Associação Italiana de Lighting Designers Pro-

amplidão dos grandes centros urbanos, criando um

fissionais (APIL), trouxe à tona a cada vez mais

espaço sem limites visíveis. Para tal, as paredes foram

crescente preocupação com a qualidade da iluminação, ao colocar ênfase no tema “O que

pintadas de preto, e as aberturas superiores foram cobertas com tecidos da mesma cor. O projeto luminotécnico procurou manter o aspecto conceitual dos arquitetos para a exposição, utilizando a luz como o elemento de composição do projeto. de estar dentro do espaço urbano, fortalecendo sua

pela Faculdade de Design do Instituto Poli-

O Light Focus, apresentado pela Associa-

Junto disso, buscou-se transmitir a idéia de

“Procuramos proporcionar ao visitante a sensação

Já a Designing Designers, promovida

nal das Universidades de Design).

englobar esses três elementos.

Foto: arquivo pessoal

painéis expostos e da iluminação, além de manter a

Os painéis de exposição foram feitos com placas mdf pretas, o que destacou a iluminação.

TENDO COMO TEMA A MOBILIDADE URBANA, A EXPOSIÇÃO

os novos parâmetros de eficiência energética e salubridade ao já tão discutido assunto das necessidades das grandes cidades. Ross Mcleod, da Universidade da Austrália, foi

já têm reconhecida sua grande importância dentro do âmbito da

extremamente feliz ao resumir, com uma frase, a fenomenologia

arquitetura e do design. A postura conceitual do profissional foi

da luz:“O espaço emerge, quando os aspectos materiais se

colocada como condição essencial para que haja excelência no

dissolvem”.

projeto.

88

A mostra foi uma iniciativa do IVM – Brasil, braço latino-americano da organização civil “Institut pour la Ville em Mouvement” (Instituto para a Cidade em Movimento),

Minas Gerais, de 14 de novembro de 2007 a 15 de janeiro

da França, e fez parte do 2º Encontro de Cooperação

de 2008. Os 45 projetos expostos buscaram apresentar aos

Internacional Descentralizada, que visa ampliar a

visitantes soluções criativas para os problemas de grandes

cooperação para a solução dos problemas sociais de

cidades em vários países.

brasileiros e franceses.

Visitante observa um dos painéis que apresentavam soluções para os problemas de grandes cidades.

L U M E ARQUITETURA

L U M E A R Q U I T E T U R A 89

Não se pode deixar de ressaltar a enorme repercussão obtida

Ou seja, a constatação de que, à medida que encaramos uma

sobre todos os setores ligados à iluminação, especialmente os

situação e entendemos sua dinâmica, a criatividade floresce, torna-

lighting designers, sobre a nova legislação européia que banirá,

se pertinente a tendência de valorização existente na qualidade

a partir de setembro de 2009, as lâmpadas incandescentes lei-

do conceito luminotécnico a ser seguido. Isso significa que sem

tosas a partir de 100W, numa pouco clara intenção de diminuir o

um bom conceito não há um bom projeto.

aquecimento global.

Posturas foram colocadas pelo evento como fundamentais,

Obviamente se questiona o porquê de aplicar a lei somente

tais como a importância de que os profissionais busquem infor-

às leitosas: o fato de não serem transparentes seria assim tão

mações sobre a aplicação de novos produtos, especialmente os

significativo para a excessiva liberação de CO² na atmosfera? E

LEDs, bem como se comprometam com a sustentabilidade e a

quanto aos veículos movidos a diesel, que constituem a imensa

relação entre luz e saúde.

maioria da frota europeia? E o descarte das fluorescentes? Muitas

holofote

questões, como estas, não foram respondidas nos debates. Definitivamente, neste ponto, e por sorte, tão somente neste,

Agora não bastam apenas os aspectos estéticos, ou apenas os

a Euroluce terminou em pizza! Como consolo ficou o protesto de

aspectos práticos. Nunca a estética, em seu aspecto filosófico e

Ingo Maurer que, num rasgo de ironia, apresentou a sua nova

conceitual, esteve tão atrelada à ética.

criação: o “Euro Condom”, com o lema “Protect yourself from

Em um projeto não haverá excelência sem a preocupação

Stupid Legislation”. Trata-se de um preservativo para lâmpada,

com a saúde do planeta e de toda a vida nele existente. O en-

que deixa os bulbos transparentes com o aspecto fosco. [Veja

tendimento se baseia no antigo ditado japonês: “Beleza é a con-

em www.designboom.com]

sequência do correto”. Cabe salientar que, também lá, um dos maiores problemas do lighting designer continua sendo o limite orçamentário que se percebe em todos os setores, seja público ou 100

Ficou evidente uma grande mobilização com relação à iluminação urbana, ajustando

envolve diretamente a qualidade dos projetos que, definitivamente,

A luz deve ser entendida e, somente assim, pode ser desenha-

Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte, capital de

acadêmicas, também na área da saúde e da sustentabilidade.

define excelência em lighting design?” Obviamente, tal questão

da. A excelência de um projeto luminotécnico reside neste ponto.

Mova Arquitetura: Cidades e Mobilidades aconteceu no

Norah Turchetti Conte é engenheira e arquiteta, com pós-graduação em Educação Ambiental. Empresária no ramo de Iluminação e lighting designer, atua também como professora de Iluminação e Prática Profissional, na Universidade FUMEC.

L U M E ARQUITETURA

case

Iluminação no paisagismo Conte-nos qual é a sua formação e

Penso que todo e qualquer projeto que

como foi o início de sua carreira no

elaboramos é nosso maior desafio num

mercado luminotécnico.

determinado momento da carreira. Ob-

Sou engenheira e arquiteta formada pela

viamente, neste momento, o Plano Dire-

UFMG (Universidade Federal de Minas

tor de Iluminação de Ouro Preto é meu

Gerais) com pós-graduação na área

maior desafio profissional, especialmente

ambiental pela UEMG (Universidade do

tratando-se de uma cidade tão especial;

Estado de Minas Gerais). Minha estória

a terra da Inconfidência e da liberdade,

com a iluminação é como uma estória de

plena de sombras e também de luz, cheia

amor: na universidade gostava demais da

de segredos, ideias e ideais. Iluminar esta

matéria e a iluminação sempre exerceu

cidade é um grande desafio e por isso

afetados de acordo com a luz dos lugares. Vivi vários anos fora do Brasil e neste período procurei estudar e fazer cursos de extensão em várias áreas da arquitetura e da iluminação. Com o passar do tempo,

Lighting designer mineira compara

por tudo o que esta cidade representa,

à uma estória de amor.

que será um título merecido e valioso

Você participa de alguma associação no Brasil ou no exterior? Por quê?

zonte, sou lighting designer e professora

meus trabalhos.

Já participei de uma associação no Bra-

Grande parte dos seus trabalhos é em

e estou preparando a documentação

sil, porém atualmente participo da IES

na Universidade Fumec. Lecionar me e desenvolver conhecimento na área da

Minas Gerais. Como é o mercado de

para a IALD. Acho que o intercâmbio de

iluminação arquitetônica, fundamental

iluminação no Estado?

informações e de experiências só tem a

para desenvolver projetos luminotécnicos

Em Minas Gerais estamos circundados

acrescentar para todos os profissionais

por montanhas e somos muito conserva-

de iluminação. No entanto, devemos estar

dores. Isto nos obriga a estar sempre bus-

atentos para não sucumbir a fórmulas

O que você considera ter sido determi-

cando uma linguagem própria, mineira,

alheias que não se adéquam a nossa

nante para o seu sucesso profissional?

com características bem definidas. Além

realidade e tentar encontrar através das

Além do carinho imenso pelo assunto,

disso, estamos sempre buscando solu-

várias informações adquiridas a nossa

obviamente, os cursos constantes de

ções melhores a cada dia, pois somos

linguagem própria.

atualização e toda a valiosa experiência

exigentes quanto à qualidade. De fato,

de vida adquirida ao longo de vários

Belo Horizonte é considerada um mer-

anos vivendo em sociedades que pas-

cado teste dentro da realidade brasileira

savam por um período economicamente

exatamente por este motivo. O mercado

estável, mas desestabilizadas social e

de iluminação está demonstrando cres-

Atualmente, você está apaixonada por algum projeto ou por algo especial que tenha acontecido em sua vida? Estou sempre apaixonada! Pela vida, pe-

politicamente. Tudo isto me ajudou a ver

cimento evidente simultaneamente com o

las pessoas, pelos alunos, pelo trabalho,

e a sentir a luz no mundo e nas pessoas,

nível de exigência de qualidade por parte

pela luz das coisas e das pessoas, por

de maneira intrínseca, a partir de sua es-

dos clientes.

tudo que me circunda e que me ajuda

Você é uma das responsáveis pelo Pla-

melhorar mais a cada dia. No momento

Jardins,

a ser quem sou, tentando aprender e

sência. Sempre fui muito questionadora e isto é um processo constante em minha

46

para todos nós.

o projeto muito simples. Tenho atuado dentro deste princípio na elaboração de

coerentes com sua aplicação.

Por Adriano Degra

por sua história e sua arquitetura. Penso

constato a importância daqueles anos fora do Brasil. Hoje vivo em Belo Hori-

evidencia a necessidade de pesquisar

102

mesmo é fascinante. Trazer para Ouro Preto o título de Cidade Luz é um sonho,

sua trajetória profissional Entrevista concedida a Erlei Gobi

Embutidos de solo e diferentes temperaturas de cor destacam jardins de luxuosa residência em Nova Lima

vida. Acredito que a luz emana da essên-

no Diretor de Iluminação de Ouro Preto.

estou especialmente apaixonada pela

cia do conceito do projeto e isto torna

Este é o maior desafio da sua carreira?

chegada do meu primeiro netinho, UAI!!!

L U M E ARQUITETURA

L U M E ARQUITETURA

Gustavo Xavier

um grande fascínio em minha vida. Já percebia como o humor e o ânimo eram

42

L U M E ARQUITETURA

14 L U M E A R Q U I T E T U R A

tro de parâmetros de eficiência e beleza. O desafio para esta-

L U M E A R Q U I T E T U R A 15

opinião

da Horizontes Arquitetura e Urbanismo, que teve a

coerência com o conceito que buscava formalizar o

L U M E A R Q U I T E T U R A 31

Iluminação proporciona ao visitante sensação do espaço urbano

lidade, direcionou a elaboração do projeto luminotécnico den-

tes, que proporcionam ao visitante a sensação de estar plenamente em harmonia com a beleza da natureza do

30 L U M E A R Q U I T E T U R A

Por Rodrigo Casarin Fotos: João Marcos Rosa

PARA CONCENTRAR TODAS AS

Vespúcio, na região noroeste da capital mineira. Em abril de 2005, o Salão de Eventos da TV Globo Minas foi reformulado

suítes. Em área próxima, vê-se a impecável torre do sino,

verde do cerrado, com paisagismo e decoração exuberan-

meu projeto

1995,

atividades da Globo Minas – fundada em Belo Horizonte em 1968 – foi construída a sede da emissora na Avenida Américo

centro, há um lindo pátio interno, agregador de espaços, ponto de partida do projeto. Em torno do pátio estão as

foi a recuperação da área com vegetação nativa do nascente. Não há circulação de carros, com exceção da

Exposição MOVA Arquitetura

JULHO DE

za. A entrada, enriquecida pelo caprichoso paisagismo, depara-se com a pirâmide que abraça e encanta. No

área de reflorestamento de eucaliptos que possuía uma enorme lagoa assoreada. O primeiro passo na implantação

rural e eventos. Localizado na cidade de Inhaúma, a 83km

antes

a noite, começou a ser tornar realidade. A iluminação no

do surgimento da luz artificial era possível desfrutar desses

paisagismo oferece segurança, auxilia os usuários a transitar

locais apenas no período diurno. Após o surgimento da lâm-

praças e grandes áreas urbanas.

pelos caminhos entre praças e jardins e, não menos impor-

pada incandescente, criada por Thomas Edison em 1879, a

tante, permite a contemplação da beleza e da natureza nas

possibilidade da utilização desses ambientes também durante

paisagens noturnas. L U M E A R Q U I T E T U R A 43

O escritório Alalux foi capa da edição nº 50 da Lume Arquitetura com o projeto realizado na Pousada Carumbé Serra do Cipó, em Santana do Riacho (MG). Teve, ainda, mais seis cases publicados: Águas do Treme Lake Resort, na edição nº 10; Espaço VIP Globo Minas, na edição nº 21; apartamento, na edição nº 27; Exposição Mova Arquitetura: Cidades e Mobilidades, na edição nº 32; restaurante Estância Gourmet, na edição nº 41; e paisagismo em uma residência no condomínio Vila Castela, na edição nº 57. Teve, também, participação na LA_PRO nº 2, com o projeto de um sítio, em Itaúna, e de um haras, em Bom Jesus do Amparo, ambos em Minas Gerais. A titular Norah Turchetti Conte ainda escreveu um artigo para seção Opinião da edição nº 39, foi a convidada para a seção Holofote da edição nº 47, além de ter sido fonte de informação de diversas matérias publicadas na revista.


tune the light

Opton LED

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E

luminaire head of cast aluminium ensures a long life through sophisticated heat management. High-power LEDs in warm white or neutral white produce a luminous flux of up to 2160lm with a connected load of only 27W. The highly efficient LED lighting technology featuring collimators and Spherolit lenses is only

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iluminação de estádios

Fonte Nova Por Adriano Degra Renderizações: Unloop Filmes

Projetores em LED RGB destacam a fachada de arena em Salvador


No detalhe, projetor utilizado para iluminar o campo equipado com lâmpadas de vapor metálico de 2000W a 5600K e IRC 90.

O

Octávio Mangabeira,

popularmente

foi demolido e teve início a construção da Arena Fonte

conhecido como Fonte Nova, inaugurado no ano de 1951,

Nova. O projeto é fruto de uma Parceria Público-Privada

sempre foi uma referência da cidade de Salvador (BA).

(PPP) entre a FNP - Fonte Nova Negócios e Participações

Palco de grandes decisões futebolísticas, o local teve uma

(formada pela Odebrecht Participações e Investimentos

grande “mancha” em sua história com o desabamento de

e OAS) e o Governo do Estado da Bahia, que estabelece

parte da arquibancada do anel superior, ocorrido em 2007,

a utilização do espaço pelo parceiro privado durante 35

durante uma partida envolvendo as equipes do Bahia

anos.

(BA) e do Vila Nova (GO), que culminou na morte de sete

pessoas e deixou outras 30 feridas. Após este incidente,

dimento terá capacidade para 50 mil pessoas, com

ficaram explícitas as péssimas condições de infraestrutura

o acréscimo de cinco mil assentos temporários, que

do estádio e a necessidade de uma grande reforma ou

serão instalados no vão entre as arquibancadas, com

até mesmo de sua demolição – para dar espaço a um

vista para o Dique de Tororó (único manancial natural

empreendimento mais moderno; e foi justamente isso o

de Salvador), apenas durante os eventos futebolísticos

que aconteceu.

com chancela da FIFA. O espaço ainda contará com 70

Após três anos de interdição, em 2010 o local foi

camarotes, dois restaurantes, 39 quiosques de alimen-

aprovado como uma das sedes da Copa das Confede-

tação, lojas de entretenimento, salões de negócios e

rações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014, o estádio

eventos, duas mil vagas de estacionamento e espaço

estádio

Orçada em 591,7 milhões de reais, o empreen-

L U M E A R Q U I T E T U R A 51


cultural (museus do esporte e da música). A

oferecer aos espectadores experiência visual

obra esta prevista para ser entregue no dia 7

de qualidade, além de proporcionar melhores

de abril de 2013.

condições para filmagem, fotografia e permitir

que as câmeras consigam capturar imagens em

O projeto arquitetônico desenvolvido pelo

arquiteto Marc Duwe, titular do escritório Tetra

alta definição, emitindo luz suficiente, tanto em

Arquitetura e Claas Schulitz, titular do escritório

qualidade como em quantidade.

Schulitz Archtektur+Technologie foi executado

pelo consórcio Arena Fonte Nova. O principal

projetores equipados com lâmpadas de vapor

conceito foi manter a característica arquitetôni-

metálico de 2000W a 5600K e IRC 90. O produto

ca do estádio – o formato de ferradura – com

escolhido foi um aperfeiçoamento de um modelo

abertura para o Dique de Tororó, sem deixar de

utilizado nos estádios da Copa do Mundo de

promover inovações. Dentre as novidades estão:

Futebol disputado na Alemanha, em 2006. “Além

a aproximação das arquibancadas ao campo,

de utilizar a melhor tecnologia disponível, o

otimizando as condições de visibilidade do

projeto busca aplicar as condições necessárias

público; e a moderna cobertura feita de estrutura

para se obter uma iluminação de qualidade após

tubular e cabos, revestida por uma membrana

a Copa do Mundo, sem desperdiçar energia”,

de PTF, que abriga 100% dos assentos e ocupa

enfatizou Flávio Guimarães.

Para iluminar o gramado, foram utilizados

36 mil metros quadrados de área, contribuindo para o conforto dos visitantes. Esta é a primeira

Áreas internas e externas

vez que um empreendimento deste segmento utiliza este tipo de cobertura no Brasil. “O

A iluminação realizada nas áreas internas e

aspecto multifuncional é outro ponto novo para

externas – exceto o restaurante, os museus e os

a Bahia, que terá a sua primeira arena multiuso

camarotes – foi assinada pelos lighting design-

com qualidade de serviços para o público em

ers Paulo Candura e Plinio Godoy, titulares do

geral. O local terá área VIP e camarotes, restau-

escritório Luz Urbana Engenharia na época. O

rantes panorâmicos, espaço cultural e centro de

projeto teve como conceito principal aplicar a

convenções”, disse José Luiz Góes, diretor de

eficiência energética, trabalhar com diferentes

engenharia da Arena Fonte Nova.

lâmpadas e luminárias e utilizar a norma NBR 5101, onde o fluxo luminoso indicado permite

Iluminação do campo

que os usuários consigam se localizar e identificar facilmente todos os detalhes do espaço, fa-

52

A luminotecnia do campo ficou a cargo da

cilitando a circulação no local em dias de evento.

Philips do Brasil e, segundo o diretor comercial

da empresa Flávio Guimarães, o objetivo foi

tores em LED RGB de 250W, com fluxo luminoso

L U M E ARQUITETURA

Para iluminar a fachada, utilizaram-se proje-

No estacionamento e na área de circulação foram utilizadas T5 de 25W a 4000K.



de 5200 lumens, IP 66 e abertura de 5°, para que a luz fosse capaz de alcançar o ponto mais alto do estádio, próximo

A luminotecnia utilizou 4000K e 4200K com o objetivo de interferir diretamente na ambientação e no estímulo das atividades oferecidas nos espaços.

à cobertura. Os postes de iluminação pedonal do entorno da arena possuem

54

cinco metros de altura e foram equipados

4000K e 4200K com o objetivo de interferir

com lâmpadas de vapor metálico de 70W

diretamente na ambientação e no estímu-

a 4000K. Já os postes de sete metros

lo das atividades oferecidas nos espaços.

de altura, para as vias, tiveram a mesma

“Esta temperatura de cor transmite psico-

fonte de luz também a 4000K, mas com

logicamente a sensação de dinamismo

potência de 150W. “A ideia da iluminação

e estímulo aos usuários do estádio, além

da fachada foi principalmente utilizar a

da impressão de maior quantidade de luz

flexibilidade das cores através do RGB,

quando comparado à outra mais quente”,

com um projetor independente do outro,

explicou.

possibilitando trabalhar com um ‘jogo’ de

cor de acordo com o evento que estiver

luminárias e potências utilizadas variam

ocorrendo no local”, afirmou Maria Emília

de acordo com as necessidades de

Soares, coordenadora do projeto de

cada ambiente, e a quantidade de luz é

iluminação e arquiteta do escritório Luz

determinada pela Norma NBR 5101 para

Urbana Engenharia.

exteriores. “No momento de selecionar as

luminárias que seriam aplicadas nas áreas

O projeto realizado nas áreas de cir-

Ainda, segundo a arquiteta, as

culação recebeu fluorescentes tubulares

internas e externas da Arena Fonte Nova,

T5 de 25W a 4000K e embutidos de LED

prevaleceu como critério de aprovação o

de 27W no teto, na mesma temperatura

design e o desempenho dos produtos”,

de cor e com IRC 80. No estacionamento,

finalizou. Outra característica relevante da

também utilizaram fluorescentes tubu-

iluminação das áreas externas e internas

lares T5 similares às utilizadas na área

foi o cuidado para atender às exigências

de circulação. Segundo Maria Emilia, o

do LEED (Leadership Energy and Environ-

projeto foi totalmente pensado no uso de

mental Design).

L U M E ARQUITETURA

Ficha técnica Projeto luminotécnico do campo: Philips do Brasil Projeto luminotécnico das áreas internas e externas: Paulo Candura e Plinio Godoy / Luz Urbana Engenharia Coordenadora: Maria Emília Soares / Luz Urbana Engenharia Elaboração do projeto arquitetônico: Marc Duwe / Tetra Arquitetura e Claas Schulitz / Schulitz Archtektur+Technologie Execução do projeto arquitetônico: Consórcio Arena Fonte Nova Construção: FNP (Fonte Nova Negócios e Participações)/Odebrecht Participações e Investimentos e OAS


Fornecimento de soluções profissionais para projetos de iluminação à LED

Iluminação para aeroportos

Hotéis

Plataformas de metrôs

Teatros

Vagões de metrôs

Lojas

Comunicação Visual

Iluminação pública

Iluminação panorâmica

Shoppings e supermercados

Iluminação de escritórios

Industrial


case

Restaurante japonês Iluminação criativa destaca arquitetura do Kosushi

Por Adriano Degra Fotos: Davi Martins

56

Inaugurado em maio de 2008, com arquitetura inspirada

tipos de peças), disponível também pelo twitter, onde é possível

no Bal Harbour Shops de Miami (Estados Unidos), o shopping

esclarecer dúvidas sobre tendências de moda e combinações.

Cidade Jardim é considerado um dos mais luxuosos da capital

paulista. A relação de 180 lojas conta com grifes renomadas,

do shopping, todos os restaurantes foram realocados para este

como Carolina Herrera, H.Stern, Armani, Daslu, além da maior

local, entre eles o Kosushi, especializado em sushi e sashimi,

loja da Louis Vuitton da América Latina, com 1.500 metros qua-

com nome oriundo da sigla japonesa KO (significado de tarta-

drados. Além disso, o empreendimento oferece gratuitamente ao

ruga, animal que simboliza felicidade e bom agouro na cultura

seu seleto público alguns atrativos como o serviço de personal

nipônica). Ainda no quarto piso existe a entrada para a loja Daslu

shopper, (profissional especializado em realizar compras e sugerir

e a academia Reebok Sports Club (projetos divulgados na Lume

L U M E ARQUITETURA

Com a inauguração da área gastronômica no quarto piso



Arquitetura nas edições 56 e 59, respectiva-

Em todo o projeto de iluminação foi

mente). O restaurante de 235 metros quadra-

utilizada iluminação à temperatura de cor de

dos possui dois andares e recebeu projeto

3000K, com o objetivo de deixar os locais

arquitetônico do arquiteto Arthur Casas, titular

mais “quentes”. Porém, o resultado ainda não

do Studio Arthur Casas, que teve como prin-

tinha atingido o nível de satisfação desejado,

cipal conceito criar dois níveis com espaços

o que acabou originando a necessidade de

integrados, mas que, ao mesmo tempo, pro-

usar o filtro corretivo de luz, na cor âmbar

porcionassem ao visitante uma experiência

light, em todos os espaços, para, enfim, con-

única em cada ambiente. “Os caixilhos fixos

seguir a tonalidade de cor ideal.

do pavimento térreo foram substituídos por portas-guilhotina que permitem a integração

Área externa

total com o terraço, que se torna extensão do

58

restaurante”, explicou o arquiteto.

ta por mesas e uma bancada abaixo do toldo

O projeto luminotécnico realizado pelo

A área externa do restaurante é compos-

lighting designer Rafael Serradura, titular do

retrátil, além de uma enorme estrutura em

Studio Serradura, teve o objetivo de aplicar a

vidro, que permite a visualização do espaço

luz de forma criativa para destacar a arquite-

à longa distância e desperta a curiosidade

tura. “Nossa intenção foi iluminar o espaço

de quem passa. A única iluminação neste

sem mostrar a fonte luminosa. A ideia é

ambiente é feita através de fluorescentes

despertar a curiosidade do cliente, proporcio-

tubulares T5 de 28W abaixo da bancada e

nar diversas sensações e conseguir ressaltar

embutidos de solo equipados com halógenas

todos os ambientes. Tudo isso faz o visitante

AR 70 de 50W/8º, marcando os pilares. “Utili-

se integrar ao local e valorizar o convívio

zamos a reflexão através da luz que rebate no

humano”, disse Serradura. Ainda, segundo o

piso fulget (combinação de cimento, aditivos

lighting designer, o arquiteto deu total liberda-

e granulados de pedras naturais) e ganha

de para a criação e concepção do projeto, o

maior proporção ao chegar ao toldo retrátil,

que contribuiu com o resultado final.

permitindo que os visitantes aproveitem ao

L U M E ARQUITETURA

Área externa iluminada por T5 de 28W a 3000K abaixo da bancada e embutidos de solo equipados com halógenas AR 70 de 50W/8º, nos pilares.


máximo o alimento e o ambiente, sem deixar

às utilizadas no forro são responsáveis pela

passar despercebida a arquitetura”, disse

iluminação indireta. Complementando a luz

Serradura.

neste ambiente, arandelas de 100W mar-

cam a luz pontual nas mesas alinhadas nas

Segundo o lighting designer, este estilo

peculiar de trabalhar com a luz aguça a

estruturas metálicas da fachada. “Tivemos a

curiosidade das pessoas que transitam pelo

intenção de criar o formato ‘Z’ de visualiza-

local, e isso tudo foi pensado na elabora-

ção da iluminação, através da luz que vem

ção do projeto. Em uma de suas visitas ao

dos rasgos lineares inseridos no forro, da

restaurante, notou uma criança procurando a

luz indireta que surge do sofá e das arande-

fonte luminosa, se agachando ao chão e re-

las próximas às mesas”, explicou o lighting

virando todos os lugares possíveis. “Quando

designer.

uma pessoa vai ao espaço e tem despertado

seu interesse em encontrar de onde está

mesas em madeira, onde são realizadas

vindo a luz, é a resposta de que acertamos

as refeições, e o mobiliário ocupa apenas

no projeto”, informou.

os espaços estratégicos, contribuindo para

Este primeiro pavimento possui diversas

a circulação dos clientes. “Realizamos a Piso inferior

aplicação luminotécnica neste ambiente com o objetivo de evidenciar a integração entre os

Na entrada principal, com pé direito

espaços”, disse Serradura.

duplo, optou-se por um pendente, desenvolvido pelo designer David Weeks, equipado

Balcão do sushiman

com incandescente de 60W. Seguindo pelo Balcão do sushiman recebeu fitas de LED de 1W/m, enquanto T5 de 28W a 3000K foram instaladas na prateleira e também dentro do forro.

espaço, é possível visualizar o forro em

madeira com sancas equipadas com T5 de

de trabalho do sushiman, onde são prepara-

Um dos atrativos do piso inferior é a área

28W. Abaixo do sofá lâmpadas similares

dos os alimentos. Este espaço foi totalmente

L U M E A R Q U I T E T U R A 59


pensado e desenhado com muito cuidado para que fossem atendidas as necessidades do profissional, sem comprometer a

Piso inferior iluminado por sancas equipadas com T5 de 28W a 3000K e arandelas de 100W, marcando luz pontual nas mesas.

estética do projeto. O ambiente é composto por um extenso balcão com painéis de Ficha técnica

madeira e laca verde, cadeiras em alumínio, e vitrines – onde ficam armazenados alguns

Projeto luminotécnico: Rafael Serradura/ Studio Serradura

ingredientes. Para iluminar a bancada de trabalho do sushiman, foram inseridas fitas de LED de 1W/m na parte interna, embaixo

Projeto arquitetônico: Arthur Casas/ Studio Arthur Casas

do expositor, para auxiliar nas atividades do profissional. A luminotecnia, que dá apoio ao balcão, se deu através de fluorescentes tubulares T5 de 28W instaladas no acrílico

boram com o design clean do ambiente.

inserido na prateleira e também dentro do

Com a mesma solução luminotécnica do

forro, com a mesma solução. “O dégradé

pavimento inferior, o objetivo foi explorar

proporciona um equilíbrio visual interessan-

ao máximo a profundidade do espaço e

te, caso contrário, ficaria tudo muito ‘duro’

permitir que sejam criadas diversas ‘cenas

e não teríamos esse jogo de profundidade”,

através de circuitos dimerizáveis. Segundo o

explicou Serradura.

lighting designer, o maior desafio do projeto foi a integração entre as disciplinas com-

Piso Superior

plementares. “Não utilizamos luminárias comerciais de mercado, e sim uma marcenaria

60

Chegando ao andar superior, o cliente

embutida nas luminárias projetadas por nós,

encontra um enorme sofá e detalhes em

o que tornou o projeto 100% personalizado”,

madeira na parede e no piso, que cola-

finalizou.

L U M E ARQUITETURA

Luminárias Decorativas: David Weeks/ Studio David Weeks Lâmpadas: Philips e Osram Fitas de LED: Lucchi Reatores eletrônicos dimerizáveis: Philips Filtro corretivo de luz: Roscolux



ponto de vista

Iluminação de bens históricos Por Marcos Ivan

Uma iluminação compatível com um bem ou lugar histórico

mentais: o que o sistema se propõe a oferecer em forma de

evidencia sua arte, sua beleza e sua cultura, transformando-se

iluminação e como fisicamente este resultado será alcançado.

numa ferramenta de estímulo à preservação patrimonial. Esses

ambientes devidamente iluminados proporcionam uma maior

envolvem efeito luminoso e intervenção física, as atenções

integração das pessoas com a paisagem trazendo sensações de

conceituais dos projetos de iluminação das igrejas centenárias

prazer e de segurança, o que sugere o surgimento de um maior

devem se debruçar tanto no caráter estético do bem, evitando

sentimento de zelo e propriedade patrimonial.

sensações de deformação arquitetônica, quanto nos seus

Contudo, para a iluminação de uma igreja centenária de pedra

aspectos construtivos, para que não resultem danos físicos

e cal é necessário atentar quanto aos procedimentos executivos

na edificação. Essas circunstâncias representam importantes

das instalações de modo que sejam preservados os aspectos

nuances de ordem técnica a serem consideradas.

construtivos do bem que formam o objeto de preservação. Nesse

prisma, a elaboração de um projeto de iluminação patrimonial

vação dos bens históricos é oferecer condições para o uso

passa pela observância de dois aspectos que julgamos funda-

contínuo desses bens, uma vez que o abandono conduz à

62

Os benefícios da utilização do sistema DALI no segmento patrimonial

L U M E ARQUITETURA

Em consonância com esses dois aspectos que em síntese

Um dos princípios defendidos pelas políticas de preser-


degradação. Nesse sentido, a iluminação de

dor próprio do sistema DALI) decodifica o sinal e

um bem histórico deve oferecer soluções para o

executa o comando sobre a luminária, podendo

melhor aproveitamento de suas potencialidades,

modificar a intensidade luminosa (dimerização)

gerando, dessa forma, condições permanentes

e, no caso da utilização de luminárias dotadas

de sustentabilidade.

do sistema RGB, modifica a cor do fluxo lumino-

so com vistas ao efeito desejado.

Um recurso tecnológico de mínima interven-

ção e que bem se ajusta às circunstâncias de

ordem patrimonial é o sistema DALI de ilumi-

intercomunica simultaneamente de forma dife-

No Diagrama 2, a unidade de comando se

nação (Digital Adressable Lighting Interface).

renciada com diversos pontos de luz, L1 a L9,

Esse sistema reduz significativamente o número

produzindo efeitos distintos nesses pontos, tanto

de eletrodutos, fiações e interruptores, sendo

de forma individual (L7, L8 e L9), como sobre

encontrado no mercado sob diversas marcas.

grupos de luminárias (L1,L2,L3 e L4,L5,L6).

Sua aplicabilidade no segmento patrimonial

ficará facilmente compreendida com a sequência

ao acervo patrimonial, o uso do LED é reco-

explicativa a seguir.

mendável para a iluminação dos monumentos

Devido a não emissão de radiações nocivas

históricos. Neste caso, devem-se utilizar fontes A simplicidade executiva e operacional

com tonalidade próxima à média da luz do dia, que proporcionam um bom IRC (índice de

O sistema se utiliza basicamente de quatro

reprodução de cores). As radiações ultravioleta

elementos: uma unidade de processamento que

e infravermelha presentes nas fontes tradicionais

armazena as codificações de operação da(s)

agridem o pigmento orgânico causando princi-

luminária(s); um par de fios com capacidade

palmente a descoloração das pinturas.

para alimentar diversas luminárias; uma unidade

decodificadora (endereço eletrônico), que pro-

minação das igrejas históricas, um ótimo recurso

cessa os parâmetros elétricos informados pela

tecnológico aplicável é a utilização do sistema

unidade de processamento, e, finalmente, a(s)

DALI. Este sistema, além de comandar o acio-

luminária(s).

namento geral da instalação, permite o controle

da intensidade luminosa dos ambientes sacros,

Ao utilizar um único par de fios, fase e

Para a racionalização das instalações de ilu-

neutro, para alimentar um grande número de

produzindo, por exemplo, a variação de tons da

luminárias, o sistema soluciona questões cruciais

luz branca para tonalidades mais quentes ou

na iluminação de monumentos históricos, pois

mais frias conforme seja o fundo a ser iluminado.

racionaliza as intervenções no tocante ao uso de

eletrodutos e interruptores, mantendo a integrida-

variação cromática permitida pelo Sistema DALI.

de das características físicas do bem.

Em algumas igrejas são utilizadas iluminações

diferenciadas em suas fachadas de conformi-

No Diagrama 1, a unidade de processamen-

Há de se considerar, contudo, quanto à

to envia o sinal codificado (parâmetros elétricos)

dade com as cerimônias celebradas. Neste

para uma unidade sensorial (endereço eletrôni-

caso, o atendimento a essa demanda se coloca

co). Esta unidade sensorial (reator e transforma-

como um recurso de sustentabilidade, onde as L1

Unidade de processamento 1

Endereços eletrônicos

Diagrama 1 L1

Unidade de processamento 2

L2

L3

L4

L5

L6

L7

L8

L9

Endereços eletrônicos

Diagrama 2 L U M E A R Q U I T E T U R A 63


Slim Flex, da Brilia

Noctis Linea, da Schréder

Vaya Linear Color, da Philips

Nano Liner XB, da Osram

variações luminosas possibilitam a geração dos

O controle de outros equipamentos elétricos;

cenários solicitados em conformidade às políti-

A operação à distância, inclusive pela internet.

cas de preservação por proporcionar uma maior dinâmica para o uso do bem histórico.

O custo x benefício do sistema

Luminária com sistema RGB

Com a fixação dos níveis de iluminação dos

ambientes conforme os valores recomendados

Trata-se de luminárias com três fontes de luz:

para cada tarefa ou efeito estético desejado, o

vermelha, verde e azul. A variação da intensidade

sistema DALI contribui significativamente para a

luminosa de cada uma dessas fontes comanda-

redução do consumo de energia, podendo, com

da pelo sistema DALI gera uma cor final para o

o adequado uso dos seus recursos de controle,

fluxo de luz, que abrange todo espectro luminoso

atingir uma economia da ordem de 70%. Trata-se,

da luz natural.

contudo, de um sistema cujo custo inicial pode atingir o dobro das instalações convencionais;

Benefícios do LED e do sistema DALI em edifi-

custo este plenamente compensado pelas várias

cações históricas

flexões cenográficas possíveis de produzir, pois se comporta como se fossem múltiplos sistemas de

Uso de fontes LED:

iluminação numa única instalação física.

Não emissão de radiações nocivas (ultravio-

Finalmente, esclarecemos que a intenção

deste artigo foi basicamente despertar quanto aos

letas e infravermelhas)

benefícios oferecidos pelo uso das fontes LED e

Baixo consumo de energia

do sistema DALI no segmento patrimonial, deven-

Longa vida útil (não necessitando de manu-

do suas utilizações passar por um estudo prévio

tenção ou contínuas reposições)

voltado para a automatização e dimensionamento segundo as flexões operacionais desejadas para

O sistema DALI permite: •

cada ambiente.

O acionamento e a variação dos níveis de

luminosidade (dimerização) individual ou em grupos, gerando sensações de cenários mais frios ou mais quentes; •

A variação cromática individual ou em grupo

utilizando luminárias RGB; •

Programar todas as operações e realizar o

acionamento num simples clicar; 64

L U M E ARQUITETURA

Marcos Ivan é engenheiro eletricista do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de Pernambuco.



case

Rasgos no gesso com fluorescentes tubulares T8 de 32W a 4000K e IRC 85 iluminam o lounge de conversação e os corredores.

Holding do setor varejista Por Adriano Degra Fotos: Daniel Mansur

Sofisticação e funcionalidade caracterizam projeto de iluminação na Máquina de Vendas


Fundada em 29 de março de 2010, como

1.181 metros quadrados foi totalmente refor-

resultado da fusão entre as empresas varejistas

mado e entregue em junho de 2012. O projeto

Insinuante e Ricardo Eletro, a Máquina de Ven-

arquitetônico, realizado por Estela Netto, titular

das atingiu o quinto lugar no ranking das 100

do escritório Estela Netto Arquitetura e Design,

maiores empresas do varejo brasileiro, segundo

buscou misturar os ambientes e formar locais

a edição 2012 da pesquisa Ibevar (Instituto

integrados com salas sofisticadas. “Desenvolvi

Brasileiro de Executivos de Varejo), em parce-

lounges de conversação para criar um novo con-

ria com a PWC, que reúne dados do IBGE, do

ceito de espaços corporativos. Todos os lugares

Banco Central e do IPEA. Atualmente, a holding

incentivam a troca de ideias e a confraternização

que conta também com as empresas City Lar,

entre as pessoas”, esclareceu a arquiteta.

Eletro Shop e Salfer, possui 1.259 lojas em fun-

cionamento em 442 cidades em todo o território

Amaral, arquiteta da Abatjour de Arte, primou

nacional. No ano de 2012, o grupo demonstrou

pela sofisticação e funcionalidade, buscando

forte interesse em intensificar sua presença no

elaborar locais agradáveis e que atendesse a

Estado de São Paulo, com a audácia de atingir

demanda de funcionários diretos e indiretos,

o primeiro lugar do setor varejista.

fornecedores e visitantes que transitam pela

Um dos escritórios do grupo, localizado em

área. “O objetivo principal do projeto é utilizar

Contagem, a 14 quilômetros de Belo Horizonte,

uma iluminação eficiente para o trabalho e, ao

é composto pela recepção, áreas de trabalho,

mesmo tempo, com recursos de efeitos de

salas de reuniões, presidenciais, fornecedores,

luz, proporcionar requinte ao espaço”, disse a

dos diretores e as áreas de toalete. O local de

lighting designer.

O projeto de iluminação realizado por Carla

L U M E A R Q U I T E T U R A 67


Recepção e hall de entrada

mobiliários, pisos e pela iluminação. O início do ambiente é composto pelo piso em ma-

Com design contemporâneo, a recepção

deira, um pequeno balcão ao centro da sala

do escritório é composta pela bancada de

– com a cafeteira – e alguns assentos para

trabalho da recepcionista, revestida em laca

a espera de visitantes e fornecedores. Para

preta brilhante. Ao fundo, uma parede com

iluminar o balcão central foram utilizados dois

mosaico e revestimento cimentício recebe a

pendentes cinzas equipados com lâmpadas

logomarca da empresa e um pequeno jardim

fluorescentes eletrônicas de 20W a 4000K, e

faz a interação do elemento vivo com o espa-

para iluminação indireta, optou-se por rasgos

ço. Para iluminar a área de atendimento, três

no gesso – nas extremidades da sala – com

pendentes redondos, pretos, equipados com

lâmpadas fluorescentes tubulares T8 de 32W

quatro fluorescentes eletrônicas de 20W a

a 4000K e IRC 85.

4000K cada um, destacam o ambiente, e dois

embutidos no teto, com lâmpadas dicroicas

to, quatro confortáveis poltronas e algumas

de 50W e 36º de ângulo de abertura, lavam

publicações para leitura completam o espaço.

a parede lateral auxiliando na iluminação do

Uma luminária de chão, com lâmpada incan-

espaço. No jardim, três embutidos no solo

descente de 60W, e dois embutidos no teto,

com lâmpadas Halopar 20 de 50W realçam a

equipados com lâmpadas dicroicas de 50W

vegetação.

e 36° de ângulo de abertura, iluminam todo

Posteriormente, com piso em porcelana-

este local. “A intenção foi criar um espaço Lounge de conversação

com iluminação cênica e, ao mesmo tempo, difusa e uniforme, já que se trata de uma área

Passando pela recepção, existe um gran-

de lounge de conversação distinguido pelos

68

L U M E ARQUITETURA

comercial bem movimentada”, explicou a lighting designer.

Na área de trabalho, rasgos no gesso com T8 de 32W e 4000K fazem iluminação indireta; enquanto luminárias com aletas metálicas e quatro T8 de 16W a 4000K e IRC 85 auxiliam nas atividades.



Área de trabalho

foram utilizadas, no gesso, luminárias redondas de diversos tamanhos, equipadas com

Na ampla área de trabalho, a predomi-

lâmpadas fluorescentes eletrônicas de 23W a

nância da cor branca contribui para o layout

4000K. Na parede ao fundo, quatro arande-

clean do espaço. O ambiente é dividido entre

las com lâmpadas halógenas bipino de 40W

grandes mesas distribuídas verticalmente,

complementam a iluminação e criam efeito

tendo em média três pessoas trabalhando em

diferenciado à sala. “Com essas luminárias

cada. Um rebaixo no gesso equipado com

redondas elaboramos um efeito lúdico, tor-

conjunto de luminárias com aletas metálicas,

nando a área diferente das demais”, afirmou

cada uma com quatro lâmpadas fluores-

Carla Amaral.

centes tubulares T8 de 16W a 4000K e IRC

85, auxilia na iluminação para execução das

mo formato arquitetônico, a iluminação foi

atividades.

realizada através de embutidos no teto com

lâmpadas fluorescentes tubulares T8 de 32W

Na área de circulação foram criados

Na outra sala de reunião, com o mes-

rasgos no gesso equipados com lâmpadas

a 4000K e IRC 85, intercaladas com lâmpadas

fluorescentes tubulares T8 de 32W a 4000K,

dicroicas de 50W e 36° de ângulo de abertura,

para iluminação indireta. No ambiente de

além de arandelas – instaladas na parede

descanso, optou-se por embutido no forro

lateral – equipadas com lâmpadas halógenas

com lâmpadas dicroicas de 50W e 36° de

bipino de 40W, para garantir brilho e efeito

ângulo de abertura. “Tivemos a preocupação

de luz.

de deixar o local de trabalho o mais clean e funcional possível, utilizando fontes de luz

Salas presidenciais

que apresentassem excelente luminosidade”, informou Carla Amaral.

Em uma das salas presidenciais encon-

tram-se duas mesas para trabalho e um balSala de reunião

cão, todos na cor preta, além de um monitor embutido na parede utilizado nas reuniões.

70

Uma enorme mesa preta e oval ocupa

A iluminação da mesa principal ficou a cargo

praticamente todo o espaço de uma das

de um pendente de madeira, equipado com

salas de reunião. Para iluminar o ambiente,

lâmpadas fluorescentes eletrônicas de 23W a

L U M E ARQUITETURA

Sala de reunião iluminada por luminárias redondas, no gesso, com fluorescentes eletrônicas de 23W a 4000K. Ao fundo, quatro arandelas com halógenas bipino de 40W complementam a iluminação.


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4000K. Um grande painel em madeira com fachos de luz verticais ocupa toda a extensão da parede lateral, e sua iluminação é feita por lâmpadas de LED de 4W a 3000K, criando efeito uplight. “O cliente solicitou um efeito diferenciado na parede,

Uma das salas presidenciais recebeu, no teto, embutidos com T8 de 32W a 4000K, além de pontos de luz com dicroicas de 50W e 36º de ângulo de abertura.

daí a ideia de utilizar o painel em madeira e iluminá-lo com LED para destacar ainda mais a solução”, disse a lighting designer.

A outra sala da presidência é composta por

uma pequena mesa preta e dois sofás cinza. Atrás da cadeira presidencial, um balcão branco comporta os pertences particulares do executivo. A iluminação geral do espaço ficou a cargo de embutidos no teto com lâmpadas fluorescentes tubulares T8 de 32W a 4000K e IRC 85. Ainda nesta sala, foram instalados, também no teto, pontos de luz com lâmpadas dicroicas de 50W, 36º de ângulo de abertura e filtro fosco. A pedido do proprietário foi inserido um pendente, acima da bancada branca, com pequeno foco de luz, tendo função meramente decorativa. “Nestas salas presidenciais elaboramos ambien-

Ficha técnica Projeto luminotécnico: Carla Amaral Fernandes / Abatjour de Arte Projeto arquitetônico: Estela Netto / Estela Netto Arquitetura e Design Luminárias: Abatjour de Arte (pendentes cúpulas) e Everlight LEDs: Brilia

tes aconchegantes e sofisticados com iluminação diferenciada; daí o motivo de utilizar pendentes em diversas formas”, finalizou Carla Amaral. 72

L U M E ARQUITETURA

Lâmpadas e reatores: Osram e Philips



case

Hair Studio Por Adriano Degra Fotos: Marcelo Scandaroli

74

Iluminação cria ambientes harmoniosos e valoriza novo salão do Jassa

O cabeleireiro Jassa é conhecido por ser responsável

resolveu adquirir um empreendimento próprio e mais sofisticado

pelo corte de cabelo de diversas personalidades do país, como o

para atender seus clientes. Em 2012, comprou um antigo imóvel

apresentador Silvio Santos, o vice-presidente da república Michel

de um de seus clientes, o apresentador César Filho, situado na

Temer, o ex-prefeito da cidade de São Paulo Gilberto Kassab,

Rua Henrique Martins, 631, no bairro Jardim Paulista, também

entre outros. Porém, é com o ex-dono do Baú que ele mantém

na cidade de São Paulo, e transformou-o em um luxuoso salão

uma relação de amizade até mesmo fora do salão. Esta afinidade

de beleza.

teve início na década de 1970, após a chegada do paraibano

Jassa à capital paulista, período em que o empresário carioca,

em três andares – assinada pela arquiteta Sabrine Santos, titular

descontente com o resultado do seu corte de cabelo, conhece

do escritório Sabrine Santos Arquitetura e Interiores, possui estilo

o “novo” cabeleireiro e inicia a divulgação do profissional para

contemporâneo que prioriza as linhas retas, sem deixar o confor-

todo o Brasil.

to de lado. “Procuramos oferecer um espaço que mantivesse a

Após permanecer durante 34 anos em um imóvel alugado

proposta de sensação de bem-estar aos clientes tradicionais e

na Rua Iguatemi, no bairro do Itaim Bibi, capital paulista, Jassa

que atraísse novos visitantes, daí a opção da mescla das cores

L U M E ARQUITETURA

A arquitetura do espaço – 450 metros quadrados divididos


branca e bege e da necessidade de

pela rua visualizar a iluminação interna

utilizar bastante madeira nobre, que traz

do salão. Além disso, chama atenção a

boa percepção visual”, afirmou. Ainda

marquise de vidro leitoso branco com

segundo a arquiteta, a existência de uma

estrutura de aço, com o nome do cabelei-

claraboia no meio do salão teve o objetivo

reiro, iluminada internamente através de

de explorar a iluminação natural e artificial.

fluorescentes tubulares T5 de 40W.

O projeto de iluminação realizado

O revestimento de porcelanato que

pelo lighting designer Davis Paro propor-

reproduz madeira contribui com o visual

ciona harmonia ao ambiente e atende

uniforme da fachada. As duas árvores

perfeitamente às atividades do dia-a-

situadas na calçada e o canteiro próximo

-dia. Segundo o lighting designer, toda a

à porta de entrada, que caracterizam a

solução luminotécnica foi desenvolvida

integração de elementos vivos com o

a 3000K e tem um papel fundamental

espaço, foram iluminados por luminárias

para o resultado exuberante do espaço.

tipo espeto de 50W para uplight. “Busca-

“Tivemos a intenção de criar uma solução

mos inserir a iluminação na fachada de

eficiente e que não deixasse as fontes de

uma maneira que valorizasse a arquitetu-

luz visíveis aos olhos dos frequentadores”,

ra e proporcionasse sofisticação”, disse

explicou.

Davis Paro.

Fachada

Recepção

Na fachada, destaca-se a porta de

Ao entrar no salão, observa-se o

entrada, em madeira de demolição, e um

contraste da cor branca com o tom da

grande vidro retangular, na parte superior,

madeira – aplicada nos dois balcões da

que permite às pessoas que passam

recepção e na escada que dá acesso

L U M E A R Q U I T E T U R A 75


ao primeiro andar – criando um design clean.

Salas masculina e unissex

No balcão frontal, com o nome Jassa ao meio,

76

o visitante é recepcionado, já no outro, próxi-

mo ao elevador, é onde as pessoas efetuam

piso em assoalho de madeira cumaru e os

o pagamento. “O dono do salão solicitou que

painéis de madeira de marcenaria folhados na

fizéssemos essa divisão justamente por questão

cor catuaba, a iluminação se deu por uma sanca

de segurança, pois não era aconselhável que

que margeia todo o ambiente e por dois rasgos

os clientes manuseassem carteiras e bolsas de

na parte central do teto, equipados com fluores-

frente para a rua”, esclareceu a arquiteta.

centes tubulares T5 de 14W e 28W. Os pilares em

madeira, que ficam entre os espelhos, possuem

Para iluminar a frente dos balcões e a esca-

Na ampla sala masculina, composta pelo

da lateral, foram utilizadas fitas de LED de 5W/m

aberturas laterais com a mesma solução lumi-

a 3000K. No teto, acima da bancada, quatro

notécnica das sancas e fechamento em vidro

embutidos equipados com AR 70 de 50W atuam

leitoso branco. “A intenção com os rasgos no teto,

como iluminação de tarefa e, ao fundo, três

além de proporcionar um visual diferenciado, é

embutidos com minidicroicas de 35W jogam luz

oferecer uma iluminação de qualidade para as

no painel de madeira. Complementando a lumi-

pessoas que estiverem no local. Já os pilares

notecnia do espaço, há duas sancas equipadas

iluminados, foram inseridos para evitar o risco de

com fluorescentes tubulares T5 de 14W e 28W.

sombras”, elucidou Davis Paro.

Segundo o lighting designer, as sancas na

A iluminação aplicada, na sala unissex do

recepção proporcionam iluminação indireta e

salão, foi bem parecida com a do espaço anterior,

criam efeito diferenciado, enquanto a solução

diferenciando-se apenas pelo formato do rasgo

aplicada na escada contribui com o design e

no teto e pelos embutidos com fluorescente com-

serve também como balizamento. “A arquiteta

pacta de 26W e dicroica de 50W, que auxiliam na

desenvolveu uma solução para ‘soltar’ a escada

circulação do corredor e iluminam os lavatórios.

da parede, através de um vão criado entre o piso

As prateleiras utilizadas nos ambientes do salão

e o rodapé e sugeri que fosse utilizado como

receberam um pequeno rasgo na parte interna,

fonte de luz o LED, para ressaltar o ambiente”,

que margeia toda a extensão da moldura, onde

resumiu.

foram instaladas fitas de LED de 5W/m a 3000K.

L U M E ARQUITETURA

Na recepção frontal, optou-se por fitas de LED de 5W/m a 3000K no balcão e na escada e uma sanca equipada com T5 de 14W e 28W a 3000K.


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Salas de estética facial e corporal

Na sala de estética facial é possível

observar o cuidado que se teve para criar um ambiente clean ao notar a escolha pela tonalidade branca das paredes e pela única cadeira profissional que ocupa o espaço. A iluminação

À esquerda, dois embutidos com T5 de 14W a 3000K e uma sanca equipada com a mesma solução iluminam a sala de podologia. À direita, fibra ótica em toda a extensão do teto caracteriza a sala de estética corporal.

do local ficou a cargo de fitas de LED de 5W/m a 3000K, inseridas atrás do espelho, e o céu estrelado com pontos de fibra ótica no teto.

Ficha técnica

“O objetivo da utilização da fibra ótica foi trazer mais tranquilidade ao espaço, uma vez que os procedimentos realizados na sala necessi-

o ambiente, foram instalados dois embutidos

tam de uma área mais relaxante”, explicou o

equipados com fluorescentes tubulares de

lighting designer.

14W. Próximo aos espelhos, optou-se por

quatro spots com minidicroicas de 35W e,

Na sala de estética corporal, encontra-se a

cama específica para a realização dos proce-

completando a luminotecnia, uma sanca equi-

dimentos técnicos e um armário branco onde

pada com fluorescentes tubulares T5, de 14W

são armazenadas as toalhas e os produtos.

e 28W, delimita os espaços entre as áreas.

Para iluminar o ambiente, foi realizado um

rebaixo no forro equipado com fluorescentes

do projeto foi a adequação do espaço com

tubulares T5 de 14W e 28W e instalado fibra

teto retrátil automatizado, inicialmente desti-

ótica em toda a extensão do teto.

nado somente a fumantes, também para uma

Uma curiosidade que surgiu no decorrer

área de corte de cabelo e procedimentos de Sala de podologia e área com teto retrátil

manicure. “O proprietário ficou tão satisfeito com o resultado que decidiu não utilizá-lo so-

78

A sala de podologia é composta por duas

Projeto arquitetônico: Sabrine Santos / Sabrine Santos Arquitetura e Interiores Colaboradora do projeto arquitetônico: Veridiana Gonzaga / Sabrine Santos Arquitetura e Interiores Luminárias: Bellaluce LEDs: Universo LED

mente para uma finalidade, mas sim estender

cadeiras profissionais e uma divisória em

o salão e agregar outras atividades”, informou

acrílico. Na parte central do teto, para iluminar

Sabrine Santos.

L U M E ARQUITETURA

Projeto luminotécnico: Davis Paro

Fibra ótica: Fasa Fibra Ótica



biblioteca

Novo site

Diversidade de produtos

catálo go ge ral 2012/2013

E dição 1 1

O novo site do lighting designer EDUARDO BECKER, titular do escritório Atelier de Iluminação, possui diversas fotos de projetos realizados em residências, comércios, indústrias, hospitais e paisagismos. Na parte superior da tela, encontram-se os tópicos quem somos, diferencial, portfólio, news, na mídia, área restrita e contato. Além disso, a home page está disponível nas versões em português e inglês. www.eduardobecker.com

Catálogo 2013

A BLUMENAU ILUMINAÇÃO, há mais de 34 anos no mercado de iluminação, traz em seu catálogo geral 2012/2013 modelos de luminárias, pendentes, arandelas, plafons, spots, lâmpadas, entre outros. Nele, é possível verificar especificações técnicas como base, tensão, potência, temperatura de cor e locais indicados para aplicação. Além disso, apresentam fotos das principais peças e tipo de material fabricado. www.blumenau.ind.br

Home Page reformulada

CATÁLOGO DE

PRODUTOS

2013 As 24 páginas do catálogo de produtos 2013 da AIHA, empresa com sede na capital paulista, apresentam diversos modelos de lâmpadas, luminárias de emergência LED, dimmers, controles RGB, entre outros. Todas as peças possuem fotos e especificações técnicas como potência, tensão, temperatura de cor e locais indicados para aplicação. www.aiha.com.br

80

L U M E ARQUITETURA

Com layout renovado, o site da TOP TRADE ILUMINAÇÃO, distribuidora de luminárias situada na cidade de Canoas (RS), traz na parte superior da tela as abas home, a toptrade, onde comprar, produtos, lançamentos e contato. No tópico de produto, o internauta pode realizar um filtro em sua pesquisa por tipos de peças. Além disso, a home page possui chat online onde os visitantes podem tirar suas dúvidas. www.toptradeiluminacao.com.br



artigo

A nova cultura brasileira de iluminação A realidade dos lighting designers desde sua formação até o projeto luminotécnico

Por Patrícia T. M. Do Passo

Segundo Brandston (2010),

“designers

de

espera do profissional que está contratando. Ainda ressaltando

iluminação” do que quaisquer outros profissionais, mesmo por-

Stiller, este processo de elevação da qualidade do profissional

que as pessoas iluminam suas próprias casas. Essas pessoas

e do mercado consumidor é o que pretendemos alcançar:

vêm adquirindo com o tempo discernimento sobre como a luz

na medida em que o mercado enxerga melhor, torna-se mais

impacta no dia a dia e aprenderão como utilizá-la para melhorar

exigente; e na medida em que se torna mais exigente, conduz

sua qualidade de vida.

à elevação qualitativa do profissional de iluminação.

há mais

Os clientes já percebem que uma boa iluminação, ou um

bom projeto luminotécnico, pode alterar suas percepções de

Formação e profissão

lugar, seu conforto, segurança, produtividade e economia e estão

82

procurando profissionais especializados nesta área. É com base

nesses novos olhares dos clientes – que estão percebendo a luz

(2010), pode-se concluir que a maioria dos profissionais en-

– nessa nova cultura sobre iluminação, que este artigo objetiva-se

trevistados que atuam no mercado de trabalho de iluminação

a divulgar a crescente necessidade de termos profissionais cada

são homens, na faixa etária de 31 a 40 anos, têm entre 11 e

vez mais habilitados no segmento da iluminação.

20 anos de experiência em iluminação, e mais da metade são

autônomos.

De acordo com Stiller (2004), qualificando-se o consumidor

A partir dos dados coletados da pesquisa de Tormann

rapidamente também se qualifica o projeto de iluminação. O

consumidor esclarecido sabe selecionar melhor o resultado que

volvendo de forma extraordinária no país. Estima que no Brasil,

L U M E ARQUITETURA

Para Roizenblatt (2007), a aplicação da luz está se desen-


hoje, deve haver mais de 500 profissionais que,

de reconhecida reputação na área, ou trabalhan-

em período integral ou parcial, dedicam seu

do na indústria ou comércio de iluminação, mas

tempo à iluminação. Estes dados nos mostram,

recomenda a primeira opção. Embora estagiar

num panorama geral brasileiro, que a profissão

em escritórios famosos seja atraente, glamoroso

de projetista de iluminação está cada vez mais

e proveitoso, a oferta, neste caso, é bem menor

em evidência.

que a procura.

De acordo com Avilés (2009), a capacitação

Já para Gasper (2004), o teatro é a melhor

destes profissionais não está sendo ministrada

faculdade artística, e a televisão é a melhor facul-

nos cursos regulares de formação profissional

dade técnica porque nos permite experimentar

em nível de graduação, e tem sido normalmente

intensidade, foco, temperatura de cor, índice de

fornecida em cursos de especialização, tanto

reprodução de cor, contraste, dinâmica, tudo, o

no exterior quanto no Brasil. As faculdades de

tempo todo. É mais fácil ser criativo no Brasil, e

arquitetura e engenharia não ensinam sobre

talvez isso explique que a formação dos nossos

iluminação: dão apenas uma noção básica

projetistas de iluminação venha das mais diver-

em disciplinas ligadas a instalações elétricas e

sas áreas da arquitetura, cenografia, engenharia,

conforto ambiental. Atualmente existem cursos

teatro, decoração e outras mais.

de pós-graduação em iluminação no Brasil que

atuam como etapa de alfabetização para essa

associação representativa da classe será um

nova cultura de iluminação que vem crescendo

ótimo caminho para alcançar o reconhecimento

dia após dia.

da profissão. Caberá a ela, a organização e fis-

calização da comercialização de projetos de ilu-

A maioria dos profissionais de iluminação

Para Boggian (2006), a atuação de uma

considerados referência no mercado brasileiro

minação, de forma contumaz – imperando a falta

é arquiteto por formação, havendo exceções,

de parâmetros éticos e financeiros – o mercado

como Peter Gasper, cenógrafo, e Plínio Godoy,

estará inchando em vez de crescer, criando uma

engenheiro. Entretanto, ao longo de anos de ex-

categoria de profissionais sem bagagem para se

periência, esses profissionais adquiriram amplo

autodesignarem lighting designers e sustenta-

conhecimento na área de arquitetura.

rem a responsabilidade que o título exige.

Para Fortes (2004), adquire-se experiência

em iluminação fazendo estágios em escritórios

E é com base nessa constatação que, hoje,

o mercado brasileiro está, cada vez mais, abrin-

Exemplo de excelência em projeto luminotécnico para sala de TV.

Residência no Leblon Projeto luminotécnico: Ugo Nitzsche/ NTZ Iluminação Arquitetônica Projeto arquitetônico: Gisele Taranto e Izabela Lessa Foto: Ugo Nitzsche L U M E A R Q U I T E T U R A 83


Exemplo de excelência em projeto luminotécnico para fachada comercial.

Loja de luxo Projeto luminotécnico e arquitetônico: Bel Lobo e Bob Neri/ Bel Lobo & Bob Neri Arquitetos Foto: Marcos Bravo Publicado na edição nº 59 da Lume Arquitetura

Ainda sobre a questão da valorização do tra-

balho do lighting designer, Stiller (2009) comenta que “quanto melhores profissionais se formam, melhores concorrentes teremos e melhor será para o mercado, porque sempre teremos que procurar excelência no resultado. Quem investe na qualidade de seu projeto e atendimento não tem condição de oferecê-lo por qualquer valor”. Este é o típico processo que contribui para a do lojas de iluminação que oferecem ao consu-

valorização dos honorários do profissional da

midor final um projeto luminotécnico agregado

iluminação.

à compra de seus produtos, e, na maioria dos casos, sem ter profissionais qualificados para tal

Projetos de Iluminação, lojas e seus clientes

responsabilidade; uma lástima.

84

A profissão de lighting designer está sempre

Para Parschalk (2002), muitos clientes não

em processo de crescimento, pois a matéria a

percebem a diferença entre elétrica e lumino-

que nos dedicamos também estará. Em relação

técnica; uma é a quantificação, e a outra é a

às concepções do que seja uma educação pro-

qualificação do espaço, que tem valor subjetivo

fissional, salienta Tormann (2010), esta profissão

bastante variável.

é nova e recente. Não existe total consenso nos

conceitos da profissão de um lighting designer,

tam que “se o contratante não sabe o que

as definições não são totalmente sacramenta-

está comprando, também não sabe valorizar

das. Porém, Roizenblatt (2007) acredita que a

e muito menos o que deve esperar do projeto

especialidade desenvolver-se-á no futuro sob

de iluminação”. Por isso, é fundamental que os

novo título, com formação eclética que com-

lighting designers esclareçam já inicialmente a

preenderá áreas de cenografia, arquitetura,

importância e significado de um projeto lumino-

engenharia, decoração, meio ambiente, saúde e

técnico, apesar de, na maioria das vezes, esses

economia.

contratantes serem arquitetos e escritórios de

arquitetura.

Segundo Fortes (2005), órgãos como o

Os profissionais da iluminação comen-

CONFEA (Conselho Federal de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia), CREA (Conselho

rios de arquitetura existem contratantes de todas

Regional de Engenharia e Agronomia) e CAU

as espécies. Grandes empreendedores, como

(Conselho de Arquitetura e Urbanismo) deveriam

redes de lojas, precisam de apelo visual, assim

regularizar a profissão. Desta forma, não está

como as redes de hotéis, flats e resorts.

definida a profissão ou a ocupação que tenha

como incumbência o projeto de iluminação ou o

oferecerem projetos como um serviço “extra”,

projeto luminotécnico.

não é visto como má intenção. Porém, o estrago

L U M E ARQUITETURA

Observou-se também que além dos escritó-

O fato de redes de lojas de iluminação


que estas empresas fazem aos profissionais da área é grande, porque quando oferecem projetos gratuitos passam a ideia ao mercado de que existe a possibilidade de se fazer um projeto por nada. Fazem o consumidor acreditar que o projeto não tem valor, o que o leva a se perguntar: então, se é de graça, porque há outros que cobram por este serviço?

A diretoria da AsBAI pretende propor a este

mercado que deixe de falar “projeto gratuito de iluminação” e diga “sugestão gratuita” ou “suporte de aplicação do produto”, pois ele retira do consumidor a ideia de que está recebendo um projeto luminotécnico – até porque não está. E assim não se compromete com a responsabilidade dos resultados de suas sugestões.

Finalmente, após listar as etapas de um projeto

de iluminação, vem o assunto sobre a valorização do seu custo versus benefício.

Segundo Nitzsche (2004), a contratação de um

lighting designer nem sempre onera o custo da obra, como segue citação abaixo:

“Dentre todos os arquitetos, decoradores, pai-

sagistas, e profissionais do mercado, apenas uma pequena parcela requisita nossos serviços, e, muitas vezes, entre um trabalho e outro, deparamo-nos com uma situação que parece se repetir. Alguns desses profissionais que não atendíamos vêm até nós perguntar como seria possível incluir em sua proposta ou orçamento os custos referentes ao projetista de iluminação. Ou ainda, como mostrar e convencer o cliente de que isso tem importância e fazê-lo perceber a diferença entre um projeto com iluminação planejada e outro com sugestão gratuita de equipamentos das lojas especializadas limitados à sua linha de produtos.”

Ainda segundo Nitzsche, o valor final da obra

pode ser igual ou até mesmo menor que o previsto, pois o acréscimo do custo desse profissional possibilita economias provenientes da diminuição da quantidade de equipamentos utilizados. Conforme Parschalk (2002), o custo da luminotécnica no valor total de uma obra no Brasil é de 1,5%, podendo chegar a 3% nos empreendimentos mais complexos.

Para que isso se torne uma prática no mercado,

os próprios lighting designers devem requisitar uma estimativa de custo para o projeto solicitado, tanto para segmentos comerciais quanto para projetos residenciais. Desta forma, o trabalho será mais objetivo, baseado em especificações compatíveis e praticamente sem substituição de produtos similares.

L U M E A R Q U I T E T U R A 85


Exemplo de excelência em projeto luminotécnico em loja.

Loja de tecidos e decoração Projeto luminotécnico e arquitetônico: Marcos Castilha/ Marcos Castilha Arquitetura de Iluminação Colaboração do projeto luminotécnico: Larissa Oliveira Gato/ Marcos Castilha Arquitetura de Iluminação Projeto arquitetônico: Leticia Nobell e Maria Fernanda Ornelas/ Leticia Nobell Arquitetos Foto: Marco Antonio Publicado na capa da edição nº 57 da Lume Arquitetura

Resultados da pesquisa

e economia de energia. Este dado demonstra que a informação transmitida a estas pessoas

A partir do registro do questionário aplica-

sobre o trabalho de um lighting designer e sua

do a 18 pessoas, a primeira observação feita foi

importância em um projeto não está totalmente

que todos os entrevistados afirmaram saber o

clara como se imaginava, conforme os dados

que um lighting designer faz e quão importante

da tabela 1.

é o seu trabalho, mas 89% delas nunca contra-

taram tal profissional.

psicológicos que um projeto de iluminação

traz, 66% disseram que sabem o que significa,

Observou-se que os empresários em

Em relação aos benefícios e efeitos

sua totalidade contratariam um projetista de

podendo estar aí a razão de escolherem todas

iluminação por vários motivos. No entanto,

as respostas da questão de investimento em

94,44% dos entrevistados o fariam para deixar

projeto de iluminação. Quando questionados

seus espaços comerciais e seus produtos

sobre qual a formação de um profissional de

mais atraentes, e apenas 38,88% se preocu-

iluminação, os entrevistados responderam que

pariam com a produtividade dos funcionários

tanto os arquitetos, decoradores e engenheiros

TABELA 1 PERGUNTA NÚMERO 11 DO QUESTIONÁRIO APLICADO POR QUE VOCÊ INVESTIRIA EM UM PROJETO DE ILUMINAÇÃO? RESPOSTAS

FREQUÊNCIA

PERCENTUAL

Para aumentar as vendas

4/18

22,22%

Para melhorar produtividade dos funcionários

7/18

38,88%

Para os espaços e produtos ficarem mais atraentes

17/18

94,44%

Para se diferenciarem do concorrente

5/18

27,77%

Para economizar energia

7/18

38,88%

Fonte: Pesquisa de campo

86

L U M E ARQUITETURA

Tabela 1 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa


TABELA 2

nar do projeto arquitetônico. Este dado mostra

PERGUNTA NÚMERO 7 DO QUESTIONÁRIO APLICADO QUAL É O PROFISSIONAL QUE ESTARIA APTO PARA SER UM PROJETISTA DE ILUMINAÇÃO? RESPOSTAS Arquiteto

FREQUÊNCIA

PERCENTUAL

18/18

100%

que os clientes estão cada vez mais cientes de que o quanto antes puder planejar o projeto luminotécnico, melhor será seu resultado final, tanto para o conforto visual do usuário quanto para a economia de energia e eficiência energética.

Decorador

14/18

77,77%

Engenheiro

18/18

100%

Artista plástico

0/18

0%

Mais de uma escolha

8/18

44,44%

Quando questionados sobre quais am-

bientes residenciais investiriam em um projeto luminotécnico, a maioria citou a sala de TV e sala de jantar. A justificativa foi, na grande maioria das respostas, que um projeto de iluminação deixaria o ambiente mais confortável e agradável, como mostra a tabela 3.

Fonte: Pesquisa de campo

Tabela 1 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa

De acordo com a pesquisa, após a conclu-

são de um projeto de iluminação, desde seus estariam aptos a serem projetistas de ilumina-

conceitos até sua completa execução em um

ção, conforme os dados da tabela 2.

ambiente, todos os entrevistados disseram que

indicariam este serviço a outras pessoas; que

A pesquisa revelou que os entrevistados

acham que todos os envolvidos em um projeto

um projeto de iluminação traria benefícios ao

de iluminação são importantes, e que 66,66%

conforto visual do usuário no espaço; que indica-

deles procurariam um profissional para fazer um

riam o serviço pela correta orientação do profis-

projeto de iluminação na fase do estudo prelimi-

sional durante o processo, e poucos levaram em

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TABELA 3 PERGUNTA NÚMERO 9 DO QUESTIONÁRIO APLICADO POR QUE VOCÊ INVESTIRIA EM UM PROJETO DE ILUMINAÇÃO? RESPOSTAS

FREQUÊNCIA

PERCENTUAL

Para economizar energia

5/18

27,77%

Para deixar o ambiente mais confortável e agradável

15/18

83,33%

Para dar mais claridade ao espaço

4/18

22,22%

Para dar efeitos de luz e cenários diferentes

6/18

33,33%

Fonte: Pesquisa de campo

Tabela 1 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa

conta a importância da economia de energia e

ainda não está firmada no mercado brasileiro.

de equipamentos.

O lighting designer continua agregado a um escritório de arquitetura ou decoração e às lojas

Conclusão

de iluminação. O projeto de iluminação é visto como um serviço de detalhamento oferecido a

Com base nos novos olhares dos clientes –

mais, pelo escritório, na proposta do projeto ar-

que estão percebendo a grande importância

quitetônico ou de interiores, e aparece na forma

da iluminação em seus ambientes residen-

de um “pacote” geral de projetos, ou então um

ciais e comerciais – a necessidade de mais

“extra”, um “brinde”, na compra de luminárias

profissionais habilitados no segmento da ilumi-

em lojas especializadas em iluminação. Estes

nação é crescente no Brasil. A formação deste

fenômenos fazem o cliente pensar que o projeto

profissional é muito ampla e vem de vários seg-

de iluminação não tem valor, bem como quem o

mentos do mercado (arquitetura, engenharia,

realiza.

decoração, cenografia, entre outros), ainda

que, infelizmente, não esteja definida a profis-

decoração, de engenharia e suas entidades

são ou a ocupação que tenha como incum-

representativas primeiramente se conscientizar

bência o projeto de iluminação ou o projeto

de que o projeto de iluminação é feito por um

luminotécnico.

especialista da área, assim como os projetos de

climatização, de tecnologia da informática, de

A pesquisa mostrou que todos conhecem

Cabe aos profissionais da arquitetura, de

o profissional lighting designer, sabem o que

estruturas e tantos outros que exigem conhe-

ele faz, a importância que tem em um projeto

cimento específico e muito apurado. A partir

e até quais ambientes necessitam mais de um

daí é preciso transmitir essa informação ao seu

projeto de iluminação, mas, curiosamente, a

cliente, que será o futuro usuário de um espaço

maioria dos entrevistados nunca contratou seus

tão bem planejado.

serviços.

O fator mais importante desta constatação

é que a profissão de projetista de iluminação

Patrícia T. M. Do Passo patpasso@creapr.org.br Arquiteta e especialista em Iluminação pelo Ipog. Atua com consultorias e projetos de iluminação. 88

L U M E ARQUITETURA

Nota do editor: Bibliografia disponível através do e-mail: faleconosco@lumearquitetura.com.br.


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China Lighting Expo 2013

Data: de 25 a 27 de abril de 2013 Local: Pequim (China) Informações: www.chinalightingexpo.com

De 25 a 27 de abril de 2013 acontecerá em Pequim, na China, a China Lighting Expo 2013, evento que tem como objetivo

promover a iluminação “verde” e padrões de tecnologia de edifícios inteligentes. Voltada para arquitetos, engenheiros e lighting designers, a mostra contou em 2012 com 200 expositores (chineses e de outras partes do mundo) e mais de 20 mil visitantes de 36 países.

Guangzhou International Lighting Exhibition Data: de 9 a 12 de junho de 2013 Local: Guangzhou (China) Informações: www.light.messefrankfurt.com.cn

A 18ª edição da Guangzhou International Lighting Exhibition, segunda maior feira de iluminação do mundo e a maior do

continente asiático, acontecerá entre os dias 9 e 12 de junho de 2013, em Guangzhou, na China. Destinada principalmente a arquitetos, projetistas e comerciantes do mercado de iluminação, a edição de 2012 contou com mais de dois mil visitantes de 111 países. Paralelamente à feira acontecerão palestras, seminários e simpósios voltados para assuntos pertinentes ao universo da iluminação.

PLDC

Data: de 30 de outubro a 2 de novembro de 2013 Local: Copenhague – Dinamarca Informações: www.pld-c.com

De 30 de outubro a 2 de novembro de 2013, acontecerá em Copenhague, na Dinamarca, a Con-

venção de Lighting Designers Profissionais (PLDC), uma ótima oportunidade para conhecer e aprender sobre os últimos desenvolvimentos em design de iluminação e discutir o futuro da profissão de lighting designer. Além disso, o evento é uma grande oportunidade de realizar networking internacional.

BIEL Light+Building Buenos Aires 2013 Data: de 5 a 9 de novembro de 2013 Local: Buenos Aires (Argentina) – La Rural Predio Ferial Informações: www.biel.com.ar

Acontecerá de 5 a 9 de novembro de 2013, em La Rural Prédio Ferial de Buenos Aires (Argentina),

a BIEL Light+Building Buenos Aires. A 13ª edição da feira mostrará novidades em equipamentos e tecnologias de iluminação, energia elétrica, sistemas de instalação, soluções de automação residencial, predial e industrial, além de dispositivos e materiais eletrônicos. O evento é exclusivo para profissionais empresários do setor e não será permitida a entrada de menores de 16 anos.

Para visualizar agenda completa de eventos de iluminação acesse www.lumearquitetura.com.br 90

L U M E ARQUITETURA



luz e design em foco

Do erro conceitual Paulo Oliveira

As duas associações intentam, de

meios de transporte são também objetos

duas áreas de atuação estão apresen-

Por uma ironia do destino, minhas

modo forçado, um vínculo destas áreas

de nossa atuação profissional e que não

tando o mesmo problema com relação ao

exclusivamente ao objeto arquitetônico.

são produtos da arquitetura. Os médicos

exercício profissional: o erro na concep-

Em razão deste pensamento reducionis-

dependem de produtos para iluminar

ção equivocada por duas associações

ta, os projetos e possíveis áreas de atu-

adequadamente a mesa sobre a qual a

que se julgam detentoras de todas as

ação profissional devem voltar-se apenas

equipe trabalha, para que esta consiga

prerrogativas sobre ele, incluindo, o de

para a complementação arquitetônica,

ter uma perfeita visualização de todo o

defini-lo. Isso tudo sustentado por um

desconsiderando todas as possibilidades

processo. Estes produtos não foram pen-

grave déficit democrático-deliberativo,

de atuação profissional e esquecendo-se

sados para serem meramente agregados

sem transparência e qualquer lastro de

que o profissional de LD busca solucionar

a um objeto arquitetônico, e sim atender a

legitimidade.

problemas (função) dos usuários antes

uma necessidade específica da Medicina.

No caso de Interiores, temos a ABD

da estética ligada ao projeto de interiores

(Associação Brasileira dos Decoradores),

ou arquitetura. Também desconsideram

tos serem realizados dentro de objetos

de caráter multiprofissional, agregando

onde mais podemos contribuir, através de

arquitetônicos, o foco de nosso trabalho

decoradores, arquitetos-decoradores e

nossos conhecimentos, para a sociedade

não é a valorização deles. A luz não foi

os designers. No caso do Lighting Design

ou ainda para o desenvolvimento econô-

projetada para a caixa cênica, e sim para

(LD), a AsBAI (Associação Brasileira de

mico, social e ambiental do país.

criar o clima para o artista, auxiliando-o a

Arquitetos de Iluminação), que é uma as-

passar sua mensagem e trazer o público

sociação corporativista, restritiva, criada

com a luz através de projetos, manipula-

para este clima.

e gerida por arquitetos. São associações

ções, ou ainda pela simples observação

ensimesmadas.

dela nos diversos ambientes que frequen-

plos, o pensar e o desenvolvimento de

Importante ainda destacar que asso-

tamos, nos damos conta de que onde há

nossa área não se resumem apenas a

ciações são entidades sem respaldo legal

luz, há espaço para a nossa intervenção.

objetos arquitetônicos. Somos criadores

para determinar seja o que for, especial-

As ruas e vida da urbe não estão

da luz para as necessidades de um

mente delimitar o setor através de reserva

ligadas exclusivamente ao objeto ar-

mundo que continuamente inventamos

de mercado, ou ainda ditar normas para

quitetônico Urbanismo. Elas agregam

e reinventamos, e não apenas para a

o exercício profissional. Estes papéis, es-

uma complexidade sistêmica ampla de

arquitetura.

pecificamente, são de competência dos

objetos que envolvem diversas áreas

Conselhos Federais – ainda inexistentes

de saber e suas tecnologias, tais como

nos dois casos.

engenharias, design, ciência política,

Quando trabalhamos diariamente

Mas deixando de lado estas irregula-

psicologia, sociologia, antropologia,

ridades e leviandades ilegais cometidas

história, ecologia, linguagem, susten-

conscientemente por estas associações,

tabilidade, entre tantos outros com os

vamos ao que realmente interessa: o erro

quais podemos contribuir. Os produtos

de conceito sobre as áreas.

e sistemas voltados à iluminação dos

Paulo Oliveira é lighting designer e designer de ambientes, especialista em Educação Superior (Unopar) e Iluminação (IPOG). Autor do blog Design: Ações e Críticas (www.paulooliveira.wordpress.com) e criador da Rede DesignBR (www.designbr.ning.com).

92

L U M E ARQUITETURA

No caso da cênica, apesar dos even-

Como se vê nestes poucos exem-


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photo credits (1) BANNer Md ANdersoN cANcer ceNter LANterN oF hope, GILBERT, AZ USA | LIGHTING DESIGN BY CANNON DESIGN | © BILL TIMMERMAN / © MARK SKALNY (2) UNited stAtes iNstitUte oF peAce, WASHINGTON, DC USA | LIGHTING DESIGN BY LAM PARTNERS | © GLENN HEINMILLER, IALD, LAM PARTNERS, © BILL FITZ-PATRICK, UNITED STATES INSTITUTE OF PEACE (3) chANdLer citY hALL eXterior LiGhtiNG, CHANDLER, AZ USA | LIGHTING DESIGN BY SMITHGROUP JJR | © TIMMERMAN PHOTOGRAPHY


holofote

Conte-nos como começou a trabalhar

de iluminação. Há uma correlação entre

com iluminação.

algumas matérias nos cursos de arqui-

De férias na Suécia, terra natal de meu

tetura, engenharia, design de interiores,

pai, fui passear em uma ilha e visitei uma

etc. Vejo minha trajetória profissional

caverna. Um eremita que ali habitava,

como exemplo; com três diplomas de

utilizava para sua iluminação velas prote-

nível superior (economia, engenharia

gidas por conchas e caramujos aplicados

de sistemas e jornalismo), tornei-me

em concavidades da rocha. Ao mudar as

autodidata em iluminação, aprendendo

velas de lugar, os efeitos de luz se multipli-

até hoje e sendo premiado em 2009 pela

cavam, e nesse momento apaixonei-me

Abilux com quatro prêmios de Projetos

pelo universo da luz. De volta ao Brasil,

de Iluminação. Com certeza, um bom

em 1974, montei uma metalúrgica e iniciei

profissional em luminotécnica deve, antes

o processo de criação e fabricação de

de tudo, ser um artista.

luminárias para atender aos anseios nos projetos que passei a desenvolver. Como avalia o mercado hoje com relação a como ele era quando você começou? Fico muito feliz em assistir ao crescimento

Autodidata em iluminação acredita que um bom profissional em luminotécnica deve, antes de tudo, ser um artista. Entrevista concedida a Erlei Gobi

ghting designers? Além de contar com a procura cada vez mais crescente por projetos de iluminação, esta nova geração tem à sua disposição uma multiplicidade de novas tecnologias, também em constante cres-

vertiginoso de uma atividade imprescindível ao ser humano. A necessidade da

Solar Império (RJ) e Navio Grand Amazon,

cimento, e o mundo virtual oferecendo in-

aplicação adequada da iluminação em

primeiro navio de turismo construído no

formações dos quatro cantos do planeta.

todos os níveis tem sido amplamente

Brasil; na área de entretenimento cito o

Vale aqui um conselho de quem já trilhou

divulgada, procurada e utilizada. Novas

Museu Arte Moderna (SP), várias bienais,

bastante e continua a par das novidades:

fontes de luz surgiram e estão em franco

Museu Aeroespacial (RJ), UCI (New York,

mantenha-se atualizado.

progresso, como LEDs e OLEDs.

RJ e SP), Instituto Moreira Salles (RJ), Teatro Fashion Mall (RJ), além de projetos

Além da iluminação, quais são suas

Quais são os trabalhos mais importan-

para diversas construtoras, como Gafisa,

outras paixões?

tes da sua carreira?

Wrobel, Servenco, RJZ, Plarcon, J.Lyra,

Sempre pratiquei esportes, principalmen-

Em quase 40 anos de carreira, atuando

Stewart Eng. etc.

te os náuticos. Esqui aquático foi minha grande paixão, mas por várias razões

em diversas áreas, são muitos. Na área

94

Como você vê a nova geração de li-

empresarial cito Shell, Grupo Gerdau,

Que tipo de formação você acredita

não tenho podido praticá-lo. Viajar pelo

Amil e Souza Cruz; na residencial destaco

que um lighting designer deve ter?

mundo, conhecer culturas diferentes e

duas casas do Roberto Marinho, quatro

Nossa profissão ainda não é reconhecida

vivenciá-las um pouco também sempre

do Eike Batista, três do Julio Bozano,

oficialmente. Existem atualmente vários

me atraiu. Gosto muito de ler e estar a

duas do Chico Anísio, do Boni, do Cae-

cursos de especialização em lumino-

par das novidades (internet), pois con-

tano Veloso, da Angélica e a casa rosa da

técnica para quem pretende se envolver

sidero vital para me sentir atualizado e

Xuxa; em hotéis e resorts aponto o Club

com esta atividade. Não há exigência de

informado. A velocidade da informação

Med (RJ e BA), partes do Copacabana

formação específica para cursar, apren-

nunca esteve tão rápida. Iluminação é

Palace, Excelsior e Plaza (RJ), Luxor (PI),

der e se tornar um técnico em projetos

realmente minha paixão! Luz é emoção!

L U M E ARQUITETURA



opinião

Atualização profissional Por que é tão necessária? Por Juliana Iwashita Kawasaki

A área de iluminação está em constante

iluminação, principalmente externa e pública.

transformação e evolução. Principalmente na

Além do LED, outras tendências estão im-

última década, com o desenvolvimento verti-

pactando e mudando a área de iluminação.

ginoso da tecnologia LED, o modo de pensar

As questões de sustentabilidade e eficiência

e projetar a luz mudou significantemente e

energética estão cada vez mais presentes

todo mercado está sendo atingido por esses

nos projetos, seja pelo incremento da de-

progressos. A concepção e desenvolvimento

manda de empreendimentos que requerem

do produto, o projeto luminotécnico, a especi-

certificações como o LEED ou o Procel

ficação, a venda com maior valor agregado e a

Edifica, seja pelo processo de banimento

percepção da luz mudaram de alguma forma.

das lâmpadas incandescentes do mercado,

exigências de logística reversa de fontes

Arquivo pessoal

A indústria convencional de iluminação,

que até então era uma metalúrgica com processos de fabricação mais grosseiros, passa a ter que se atualizar, contratar profissionais

luminosas com mercúrio, ou incremento da participação de tecnologias de automação. As revisões normativas do COBEI (Comitê

de eletrônica capacitados e mudar seus processos fabris. Pro-

Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunica-

jetar luminárias torna-se mais complexo e com novos requisitos

ções) sobre equipamentos de iluminação (luminárias, lâmpadas,

térmicos e mecânicos para garantir desempenhos adequados.

LEDs e equipamentos de controle), aplicações luminotécnicas e

Modernos softwares e simulações passam a ser necessários.

medições fotométricas, também passam a impactar diretamente

Testar os produtos também se torna um desafio, visto que os

o mercado, principalmente nos novos requisitos de desempe-

próprios procedimentos de ensaios não são totalmente definidos

nho e segurança de produtos e de projeto para áreas internas,

nas normas.

externas e públicas.

Surgem, então, necessidades de comissões para discus-

Frente a todas essas mudanças, torna-se cada vez mais

sões e estudos de normas internacionais para regulamentação

necessária a atualização profissional de nosso mercado, seja

da tecnologia, frente também à precisão de proteção do mercado

através de informações advindas de revistas, sites e portais

consumidor para garantir o desempenho mínimo dos produtos.

especializados, como por meio de cursos de atualização e

Discussões sobre etiquetagens e certificações de produto co-

pós-graduação. O conhecimento específico é essencial para

meçam a se tornar mais frequentes e tendem a acarretar mais

atualização e atuação profissional daqueles que trabalham com

mudanças no mercado.

iluminação, frente às várias mudanças que ocorreram e ocorrerão

no futuro próximo.

Conceitos básicos e enraizados, como o índice de reprodu-

ção de cores, começaram também a ser questionados quando a luz branca dos LEDs passou a fornecer resultados diferentes das lâmpadas convencionais. Relações entre percepção visual e visão fotópica, mesópica e escotópica igualmente passam a ser foco de mais pesquisas e impactam nos processos projetuais da 96

L U M E ARQUITETURA

Juliana Iwashita Kawasaki É arquiteta, coordenadora da comissão de normas técnicas de Aplicações luminotécnicas e medições fotométricas e diretora da EXPER Soluções Luminotécnicas, especializada em treinamentos, ensaios laboratoriais, projetos e consultorias em eficiência energética e iluminação.




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