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Dezembro 2011
Edição 2 - R$ 9,00
Arquitetura & Design
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RUY OHTAKE Arquiteto projeta construção de ambicioso centro cultural com teatro, música e salas de aulas em Jacareí P 8
ACONCHEGO Casa exibe a essência do modo de vida baiano em Camaçari P 18 PAISAGISMO Gilberto Elkis ensina como usar as plantas para humanizar seu lar P 24 MODERNIDADE Apartamento duplex da década de 80 passa por reforma completa P 26 ENSAIO FOTOGRÁFICO A iluminação usada para valorizar o projeto de decoração P 36 ORIGINALIDADE A Casa de Cerâmica projetada no sótão de edifício em Madri P 50 ESTILO Um pouco mais sobre João Armentano, o arquiteto que se tornou celebridade P 62 ENTREVISTA Antiquarista Arnaldo Danemberg fala do antigo e do contemporâneo P 64
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Luxe. Opinião
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acareí ganhará uma construção assinada pelo arquiteto ícone das formas e cores: Ruy Ohtake. Trata-se do Educamais, um projeto cultural e educacional tão audacioso quanto os moldes da fachada ondulante do prédio principal, que se assemelha a uma obra de arte na paisagem. Ohtake recebeu a equipe da revista Luxe. em seu escritório, na avenida Faria Lima, em São Paulo, para explicar, em um bate-papo descontraído, o projeto do prédio, previsto para ser concluído no segundo semestre de 2012, na região do Parque dos Sinos, zona norte da cidade. Foram necessários mais de 300 desenhos para o detalhamento desta gigantesca instalação, que será erguida em concreto armado e terá espaços para exposições, shows, salas de aula, entre outros. Com três pavimentos, sendo piso inferior, térreo e superior, terá 6.500 metros quadrados de área construída. O terreno, de 20 mil metros quadrados, contará ainda com três prédios anexos, que abrigarão creche, espaço para aulas ambientais e centro de integração para a Terceira Idade. Na área externa o complexo contemplará pista de skate e de caminhada, playground e arena para shows ao ar livre. Mas a peça-chave do projeto é o teatro, com capacidade para receber até 704 pessoas. No projeto original, o palco de 16 metros de comprimento terá ligação com outro de igual tamanho, localizado na parte externa, que será usado para shows ao ar livre, para 8.000 pessoas. A proposta cultural, somada à educação e atendimento à Terceira Idade, conquistou Ohtake, conhecido por desenvolver projetos de valorização estética que resgata a autoestima e promove o bem-estar. O projeto do arquiteto na favela Heliópolis, em São Paulo, fala por si e surpreende da mesma maneira que o elegante Hotel Unique, um marco referencial da capital paulistana, com seu formato inusitado que se assemelha a um grande barco com janelas redondas –como se fossem escotilhas. Ohtake desenvolve a arquitetura brasileira contemporânea, uma das mais interessantes e inovadoras do mundo. E como ele mesmo diz: “nessa arquitetura procuro aquilo que se coloca bem no espaço da cidade, que possa ser apreciado por todos.” Concentrado e objetivo, o arquiteto que rompeu com o convencionalismo, mostra como ser popular sem deixar de ser erudito. Seu nome é reconhecido por pessoas de todas as classes sociais, comprovando que a arquitetura é para todos, sem distinções.
Marcelo Claret editor-chefe
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Luxe. Conteúdo
SUMÁRIO Luxe.
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Edição 2 - R$ 9,00
Arquitetura & Design
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RUY OHTAKE Arquiteto projeta construção de ambicioso centro cultural com teatro, música e salas de aulas em Jacareí P 8
ACONCHEGO Casa exibe a essência do modo de vida baiano em Camaçari P 18 PAISAGISMO Gilberto Elkis ensina como usar as plantas para humanizar seu lar P 24 MODERNIDADE Apartamento duplex da década de 80 passa por reforma completa P 26 ENSAIO FOTOGRÁFICO A iluminação usada para valorizar o projeto de decoração P 36 ORIGINALIDADE A Casa de Cerâmica projetada no sótão de edifício em Madri P 50 ESTILO Um pouco mais sobre João Armentano, o arquiteto que se tornou celebridade P 62 ENTREVISTA Antiquarista Arnaldo Danemberg fala do antigo e do contemporâneo P 64
Contemporâneo
Ruy Ohtake projeta construção de ambicioso centro cultural com teatro, música, exposição e salas de aula em Jacareí
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Aconchego
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Paisagismo
Com vista para o mar e uma lagoa, casa exibe a essência do modo de vida baiano com muito conforto em Camaçari
Gilberto Elkis: plantas humanizam ambientes e dão cor e vivacidade aos projetos de decoração nonocromáticos
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26 Modernidade
Apartamento duplex da década de 80 passa por reforma completa em projeto assinado por Mônica Drucker
36 Ensaio
Luminária, abajur e lustre: iluminação transmite sensações e valoriza os detalhes da decoração em seu lar
50 Originalidade
A Casa de Cerâmica projetada por Héctor Ruiz-Velázquez em sótão de edifício no centro de Madri, na Espanha
62 Estilo
Conheça um pouco mais sobre a vida e o trabalho de João Armentano, o arquiteto que virou celebridade
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64 Ícone
O antiquarista brasileiro Arnaldo Danemberg fala do equilíbrio do antigo com o contemporâneo
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Luxe. Reportagem
PROJETO CULTURAL
Sensibilidade contemporânea RUY OHTAKE PROJETA CONSTRUÇÃO DE AMBICIOSO CENTRO CULTURAL EM JACAREÍ QUE REUNIRÁ EM ÚNICO ESPAÇO: TEATRO, MÚSICA, EXPOSIÇÃO E SALAS DE AULA PARA A CAPACITAÇÃO DE JOVENS E PROFESSORES 8
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m oásis no deserto cinzento dos centros urbanos, super-habitados e com alma de concreto. Construções que imprimem leveza à topografia edificada, destacando a alegria das cores e a poesia dos traços curvilíneos que desafiam a ditadura das retas. Essas são algumas das características do trabalho de Ruy Ohtake, arquiteto que melhor representa a arquitetura brasileira contemporânea. Ver, viver e sentir. Nesse trio está a essência de sua obra singular, espalhada por vários pontos do planeta
Por Daniela Borges Ilustrações Ruy Ohtake
e que, a partir do segundo semestre de 2012, poderá ser vista pela população de Jacareí. Entre seus patrimônios históricos, a cidade valeparaibana ganhará uma obra de arte criada pelo arquiteto ícone das formas e cores. O prédio do projeto Educamais, no Parque dos Sinos, leva a assinatura de um dos mais importantes e consagrados arquitetos da atualidade no Brasil. Concentrado e objetivo, o arquiteto paulistano que rompeu com o
convencionalismo, mostra como ser popular sem deixar de ser erudito. Seu nome é reconhecido por pessoas de todas as classes sociais, comprovando que a arquitetura é para todos. Seus projetos fazem bem às pessoas, seja pela funcionalidade que torna tudo mais fácil ou pela valorização estética que resgata a autoestima e promove o bem-estar. Do seu escritório, localizado em um dos endereços mais elegantes de São Paulo, a avenida Faria Lima, Ruy Ohtake recebeu a equipe da revista Luxe. para um bate-papo descontraído.
FACHADA Prédio se assemelha a uma obra de arte com arquitetura ondulante feita de concreto armado pintado em cores vibrantes 9
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Luxe. Reportagem
EXPOSIÇÃO Pavilhão de exposições foi projetado para receber mostras de arte visual, além de salas para cursos de capacitação
Na sala de reuniões, seu toque pessoal é prontamente reconhecido. A mesa quadrada destaca o tampo de vidro de grande espessura que é sustentado sobre uma base de ferro de forma sinuosa, que sugere o desenho predominante de seus projetos. Uma das paredes é toda pintada de preto. Nela, pequenos rastros brancos indicam algo diferente. Na verdade, se trata de uma lousa do piso ao teto onde o arquiteto demonstra toda a sua habilidade ao explicar com desenhos suas obras icônicas. O tema da entrevista é o ambicioso projeto que será implantado pelo arquiteto em Jacareí, sob en-
comenda da prefeitura. Bem-humorado, com sua fala pausada, típica da sabedoria oriental, Ohtake conceitualiza seu trabalho e defende a importância da estética na arquitetura de obras públicas, que são verdadeiros legados históricos. “Procuro desenvolver a arquitetura brasileira contemporânea, que é uma das arquiteturas mais interessantes, criativas e inovadoras do mundo, e nessa arquitetura procuro aquilo que se coloque bem no espaço da cidade, que possa ser apreciado por todos”, afirma Ruy Ohtake. Não é falácia. O projeto desenvolvido pelo arquiteto na favela Heliópolis, em São Paulo, fala por si e
surpreende da mesma maneira que o elegante Hotel Unique, outro projeto reverenciado do arquiteto, também na capital paulista. “Estou convencido de que a arquitetura e o urbanismo podem contribuir para uma cidade mais igualitária”, defende. O olhar entusiasmado do arquiteto comprova a emoção que ele insere em seus traços. Contemporaneidade que busca inspiração não só na linguagem artística, baseada na música, literatura e pintura, mas que, segundo ele, esteja voltada para o futuro. A liberdade criativa é a maior inspiração para suas obras. As formas não seguem um padrão pré-estabe-
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lecido, nascem da sensibilidade do artista que orienta sua arquitetura de maneira que provoque reações. A aversão à simetria é uma característica do seu trabalho, aos moldes dos primeiros trabalhos do mestre Oscar Niemeyer, de quem Ohtake nutre forte admiração e amizade. Na visão do arquiteto das obras monumentais, a criatividade supera a tecnologia, mesmo tendo ela lugar importante em seus projetos. “A curva, a linha sinuosa, é mais surpreendente do que a linha reta”, declara. E questiona: “Você sabe qual é a melhor linha que une dois pontos: é uma curva, não uma reta”, brinca. Segundo ele, é possível ver onde
começa uma curva, mas é impossível prever as formas que ela vai tomar até chegar ao outro ponto. “Ela pode ser carregada de mais emoção”, conceitualiza. É a sensualidade típica da cultura brasileira que Ohtake carrega no sangue. Outra questão importante no seu trabalho é a cor. “O Brasil é um país de muita cor. E eu coloco isso na minha arquitetura”, explica. O arquiteto chama de Cores de Compromisso. “As nossas cidades estão querendo dialogar com a cor”, pondera. A veia artística do arquiteto tem origem genética. Ohtake é filho da consagrada artista plástica Tomie Ohtake. Sensibilidade que atravessa gerações.
Sobre a valorização arquitetônica, ou seja, a preocupação estética da obra, o arquiteto entende que, da mesma forma que existe música e literatura vendáveis, também há uma arquitetura comercial, que não almeja ser inovadora. “Por isso acho que o consenso não é amigo da arte. Consenso é uma questão política. Para a democracia é importante ter consenso, já a arte procura vanguarda. A vanguarda rompe o consenso”, divaga o arquiteto. E é por não ter medo de polêmicas que Ruy Ohtake é um arquiteto vanguardista, desafiador e enfático nas suas opiniões, mas sem ser rude. Ao 11
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contrário, seus modos contidos conduzem para o caminho da persuasão, pura e simples. “A vanguarda rescinde com aquilo que está estabelecido como bonito”, afirma. E para ele, vanguardismo e intuição caminham juntos. “Vanguarda significa você entrar no mato que não tem trilha, você não sabe se vai pra cá, pra lá, isso é vanguarda. A intuição é importante para mostrar esse caminho, tem que acreditar na intuição e confiar”, diz. Educamais Procurado pelo prefeito de Jacareí, Hamilton Ribeiro Mota, o arquiteto recebeu a proposta de criar um centro cultural na cidade, tendo por base um teatro. Considerando a vocação do município para a música, desde as remotas e tradicionais serestas que ainda resistem por lá, o espaço também contempla o lado musical das artes. O centro prevê ainda, no projeto original, salão para exposições de artes visuais, como gravuras, desenhos e pinturas. A proposta soou como um desafio para Ohtake, isso porque além do cunho cultural, o lugar dedicaria grande parte de sua vocação, e talvez a mais importante delas, para a educação, aperfeiçoamento e capacitação de jovens e professores. Se faltava algo para arrebatar o arquiteto, agora já não faltava mais. Creche e centro de integração para a Terceira Idade completam o plano. “Respondi que faria o projeto com muito entusiasmo. Isso porque eu gostaria que esse centro cultural fosse um ponto de convergência, um ponto de encontro, dos estudantes e da população da cidade e da região”, afirma o arquiteto que é reconhecido por sua contundente preocupação social que reflete no seu trabalho. “Então fiz o projeto”. A mais nova unidade do pro-
grama Educamais está prevista para ser concluída no segundo semestre de 2012, na região do Parque dos Sinos, ao lado da Nova Rodoviária, na zona norte de Jacareí. A obra está orçada em R$ 17 milhões, de acordo com a prefeitura. O projeto Se a beleza é leve, como diria o poeta Ferreira Gullar em um poema dedicado a Oscar Niemeyer, então todos os projetos de Ohtake são a máxima expressão da plasticidade e da estética procedente das formas. Respeitando seu estilo de arquitetura de curvas aparentes e o papel que suas obras representam como intervenções da paisagem urbana, Ohtake propôs um projeto moderno e arrojado para Jacareí. Sólido, sem ser pesado. Metafórico, o prédio se assemelha a uma obra de arte na paisagem, uma instalação gigantesca digna de contemplação, aos moldes das encontradas em Inhotim, em Minas Gerais. A fachada ondulante, de perfil escultórico, é feita de concreto armado pintado em tom vibrante de vermelho vivo. “Escolhi uma cor que fosse bonita e forte ao mesmo tempo, achei que o vinho seria uma cor interessante”, explica o arquiteto. Em um dos pórticos, uma cobertura metálica protege os visitantes das intempéries ao mesmo tempo em que emprega volume à fachada. Imprimir leveza a esse conjunto de grandes proporções é um desafio igualmente colossal. Para isso, o arquiteto fez uso do recurso que caracteriza a arquitetura moderna brasileira: a flexão dada ao concreto armado. Como a fachada possui um único elemento visual, requer suavidade e dinamismo, exigências plenamente atendidas pelo projeto. Os acessos ao interior do prédio são feitas por fendas aber-
tas na estrutura que acompanham as linhas curvilíneas da obra, brincando com os espaços vazios. Ao observar a construção do lado de fora, a impressão que se terá é a de que existe uma fusão entre teto e parede, em frequência ondular, que ajuda na dinâmica da obra. Como se as linhas se movimentassem a cada novo olhar. Essa disposição sinuosa ajuda a prolongar o espaço da fachada, garantindo a imponência do conjunto. “Um desenho forte e diferenciado”, conceitualiza Ohtake. Em três pavimentos –pisos inferior, térreo e superior–, o prédio principal do Educamais terá 6.500 metros quadrados de área construída em um terreno de 20 mil metros quadrados que contará ainda com três prédios anexos, que abrigarão creche, espaço para aulas ambientais e centro de integração para a Terceira Idade. Na área externa o complexo terá pista de skate e de caminhada, playground e arena para shows ao ar livre. Tudo muito arborizado. O teatro é peça-chave do projeto, a ‘menina dos olhos’ do arquiteto. O espaço ocupa lugar privilegiado na planta e o acesso é feito pela entrada com cobertura metálica, com foyer e bar que antecedem o auditório com formato oval. Com capacidade para receber até 704 pessoas, sendo 500 poltronas no auditório e 204 lugares no mezanino, comporta com conforto todo o tipo de espetáculo, inclusive, pequenas óperas já que o espaço conta com fosso de 100 metros quadrados para orquestra, no nível abaixo do palco. Ainda nesse pavimento inferior, quatro camarins e dois depósitos para acondicionamento de cenário integram a proposta. O arquiteto tirou proveito do leve declive do terreno para dar origem a esse pavimento. O palco terá a metragem de 16x9 metros, com espaços generosos de
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AUDITÓRIO Perspectiva do palco do teatro com capacidade para até 704 pessoas, sendo 500 no auditório e outras 204 no mezanino
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coxias laterais e outra posterior, além de camarim para portadores de necessidades especiais, sala e áreas técnicas. Esse mesmo palco terá ligação com outro, localizado na parte externa, de 16x6 metros, coberto, que será usado para shows ao ar livre, com capacidade para 8.000 pessoas. Em dias normais, esse espaço em formato de arena será utilizado como estacionamento. A outra entrada do prédio dá acesso ao pavilhão de exposições, artes visuais e salas para cursos de formação. Ao cruzar o hall de entrada, o visitante terá à sua disposição lojas variadas e um café antes de ingressar ao salão principal. Este espaço receberá cores fortes revestindo as paredes. No desenho original feito pelo arquiteto, apresenta o vermelho de um lado e azul do outro. Na parede posterior, no lugar de alvenaria, uma enorme estrutura de caixilharia com vidros assume toda a extensão da parede. A intenção do arquiteto é proporcionar um visual panorâmico do Vale do Paraíba e sua natureza, além de empregar leveza e transparência. No teto, o arquiteto projetou uma estrutura metálica aberta em arco para dar luminosidade natural, sem incidência solar. “A luz é fundamental para a obra de arte, mas o sol é um inimigo”, declara. As gigantescas colunas estruturais
serão aproveitadas como elementos cenográficos, expostas e pintadas de um tom de azul marcante. São formas e volumes dentro do pavilhão de exposições. Nos cantos deste espaço, Ohtake pretende incluir estantes e peças com formatos originais, ondulares, para compor os vazios. Abaixo deste salão principal, funcionarão as salas de ensaio de música, ateliês e outro espaço de exposições e parte da administração. Sobre ele, no pavimento superior, serão instaladas as salas para seminário, workshops, cursos e administração. Foram necessários, segundo o arquiteto, mais de 300 desenhos para o detalhamento e o plano executivo da obra. Os materiais especificados para o projeto levam em consideração o concreto, estruturas metálicas, alvenaria, vidro e sempre trabalhando com a cor. “O prefeito está animado. Acredito que o fato de Jacareí construir um centro cultural com essas características, mais de 6.000 metros quadrados, é um exemplo bom para estimular outras cidades a construir mais áreas de convívio cultural”, afirma Ohtake. Para ele, o passo contemporâneo dessa proposta é o desenvolvimento e valorização dos aspectos regionais utilizando uma expressão mundial. “Não ficar o regional só na linguagem regional, mas usando expres-
sões contemporâneas de linguagem internacional”, completa. Contrário aos modismos, Ohtake afirma que a partir do momento que o arquiteto se rende ao modismo, as características regionais se perdem. Oferecer a uma cidade a possibilidade de contar com uma obra como essa, com forte apelo estético-arquitetônico é, segundo o arquiteto, fazer a cultura brasileira comparecer aí também, na obra. “Não podemos ter medo de fazer obras bonitas. Uma obra como
ARTES Espaço com paredes revestidas em tons fortes foi projetado para proporcionar visual panorâmico da região
“O consenso não é amigo da arte. Consenso é uma questão política. Para a democracia é importante ter consenso, já a arte procura vanguarda. A vanguarda rompe o consenso” Do arquiteto Ruy Ohtake essa ajuda a contar a história da cidade”, diz. E com certeza, além de ponto de educação e cultura, Jacareí também terá um lugar de visitação e de contemplação a um tipo de arquitetura que é uma obraprima representativa de sua época. O prédio que será entregue por Ruy Ohtake para os moradores de Jacareí não será apenas um referencial para a cidade, servirá de incentivo aos demais prefeitos da região. E mais: uma excelente inspiração aos arquitetos. •
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P Africana Linda peça feita em resina resistente. Tem na base detalhes em gesso. Cinzia Presentes R$ 99
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DESNÍVEL Condições naturais do terreno em desnível são exploradas no projeto de 2 volumes e 3 pavimentos, sendo um deles enterrado
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Aconchego à beira-mar COM VISTA PARA O MAR E UMA LAGOA, CASA EXIBE A ESSÊNCIA DO MODO DE VIDA BAIANO COM CONFORTO SUFICIENTE PARA DEIXAR OS PROBLEMAS DO LADO DE FORA
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ma casa com vista paradisíaca e equipada com todas as conveniências necessárias para receber amigos e familiares com conforto para não se preocupar com o mundo lá fora. Esse foi o resultado do projeto traçado pelo arquiteto baiano Sidney Quintela para um jovem casal e seus dois filhos, em Camaçari, na Bahia. O terreno de 1.210 metros quadrados apresentava alguns desafios: estreito e comprido, na forma de “L” com ângulo maior que 90 graus, desnível de 3 metros em relação ao acesso da rua e 1,50 metro em relação a praia. Quintela aproveitou as condições naturais do lote, distribuindo o projeto em dois volumes e três pavimentos, sendo um deles enterrado.
Por Silvana Maria Rosso Fotos Xico Diniz
“A maior dificuldade enfrentada foi desenvolver a planta respeitando a angulação do terreno e ao mesmo tempo garantir a visualização do mar e da lagoa a partir de toda a área social”, explica o arquiteto. O segredo foi a implantação, que possibilitou romper as irregularidades do terreno. O arquiteto planejou fundações e estrutura em concreto armado, paredes em alvenaria de bloco cerâmico, e cobertura em laje de concreto armado impermeabilizada, sendo uma parte dela em teto verde. Com 899 metros quadrados, a casa, com volumetria moderna e simples, linhas retas e o mínimo de materiais de revestimento exter-
nos, ganhou decoração despojada e prática, com materiais e mobiliários de qualidade para resistir as intempéries e o desgaste tradicionais de uma casa de praia. Pintura texturizada e porcelanato imitando madeira, além da pedra portuguesa recobrindo um dos muros compõem a fachada. Nas paredes internas, tinta acrílica, e no piso porcelanato, cerâmica e marmoglass. Madeira, tons crus e brancos fazem anteparo para as cores ácidas, quentes e frias. Todas pincelando os ambientes na medida exata. Por fora dois volumes que, graças aos pilares dispostos estrategicamente e as portas corrediças de PVC e vidro, parecem flutuar. Por dentro, três pavimentos se separam do exterior pela grossa
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HOME THEATER Madeira, tons crus e brancos fazem anteparo para as cores ácidas, quentes e frias usadas no projeto de decoração
cortina de linho que corre por trilhos em toda a perimetria da obra. Dois pisos aflorados do solo concentram social e área íntima. Embaixo do espaço gourmet, aproveitando o vão deixado pela laje, um piso enterrado, com serviços e garagem, faz a diferença. Divisão Ocupando o primeiro volume que se abre para a lagoa, a sala gourmet em tons de marrom, fendi e branco é mobiliado com duas mesas de refeições, comportando 16 pessoas. Bancadas, armários, eletrodomésticos, churrasqueira da Viking e forninho Construflama estão dispostos ao longo da parede principal. Ao centro, a ilha com cooktop permite a interação entre o chefe e os convidados. Vinculados a esta ala, fica a área de lazer com piscina, jardim com espreguiçadeiras e deck com SPA, além de um pequeno estar montado com móveis da Tamanduá Bandeira. Entre os dois volumes, a cozinha faz conexão, atendendo jantar, sala gourmet e varanda. No térreo do segundo bloco, home theater, formado por dois sofás protegidos com capas de sarja e duas poltronas, ambos da Toque da Casa, e Jantar para 12 pessoas com vistas ora para a lagoa ora para o mar. Reservada, a ala de hóspedes tem direito a terraço privativo e visual da praia.
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GOURMET Ambiente foi concebido dentro da proposta de reunir os amigos e familiares para momentos de descontração
ESTAR Área de lazer com piscina e jardim com espreguiçadeiras, abriga um pequeno estar, montado com móveis da Tamanduá Bandeira
Escada A escada de concreto aparente com corrimão de madeira escultórica, destaca-se com a iluminação, marcando o living e levando para o segundo pavimento, onde fica a área íntima com quatro suítes. A suíte para o casal é revestida de madeira e composta por dois closets e dois banheiros, e outra máster também confortável. Ambas com varanda. A suíte dos filhos fica próxima ao quarto de brinquedos, reversível com varanda. Como pode-se constatar, nesta casa, não é preciso nem mandar o cansaço embora. O projeto privilegiou o encontro e a contemplação. Entre os momentos de comunhão com os amigos e com a natureza, o “axé” sobrepuja o estresse, relaxando os moradores e visitantes. • 22
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Luxe. Eco Por Daniela Borges Fotos Flávio Pereira
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Paisagismo: A natureza representada em seu lar PLANTAS HUMANIZAM OS AMBIENTES E DÃO COR E VIVACIDADE AOS PROJETOS DE DECORAÇÃO MONOCROMÁTICOS; SAIBA
e a decoração é a alma de um projeto, o paisagismo é a vida. Qualquer ambiente, por menor que seja, tornase mais humanizado com a presença das plantas. As intervenções verdes rompem a aridez dos ambientes externos e, de quebra, desfazem o excesso de neutralidade dos tons monocromáticos, tão em voga nas atuais decorações. A representação da natureza em uma residência, mesmo que em escala diminuta, traz frescor e vivacidade e, ainda, ajuda a compor o projeto de interior. Entender como a localização influencia no vigor das plantas é um meio de mantê-las sempre lindas. Sumidade no assunto, o paisagista Gilberto Elkis, consagrado por desenvolver sua arte nos principais projetos brasileiros, explica que normalmente as folhagens são as que se adaptam melhor ao cultivo dentro de casa. “São espécies de meia sombra e o ambiente interno reproduz as características de seu habitat natural”, afirma. Entre as opções indicadas estão a árvore-da-felicidade, a palmeira ráfia e leque, caladium, flor-demaio, asplênio e a catléia. “Espécies como as chamaedoreas, dracenas, singônios e avencas, por exemplo, são indicadas para ambientes pouco iluminados”, reforça. Mas adverte que nenhuma espécie vegetal sobrevive sem luz. “O ideal é observar o comportamento da planta. Caso comece a dar sinais de que não está se adaptando, é melhor mudá-la para um local com mais luminosidade”, recomenda. As condições climáticas do espaço é que irão determinar as espécies ideais, que também devem estar em harmonia com a arquitetura e decoração. Luminosidade Para os jardins, o paisagista explica que as plantas devem ser resistentes ao vento e devem receber a luminosidade adequada para cada espécie. Já para as plantas de varanda, normalmente colocadas em vasos, suas raízes não podem ser maiores que a capacidade do recipiente. “Na fase adulta, a planta não pode ser tão grande a ponto de o vaso sufocá-la. As dimensões dos vasos devem ser pro24
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QUAIS SÃO AS ESPÉCIES MAIS INDICADAS PARA O JARDIM DA SUA UA CASA OU A VARANDA DO SEU APARTAMENTO po porcionais à planta, considerando já seu porte adulto”, pontua. Plantas P como a cica, pata-deelefante, palmeira-fênix, fórmio, ele palmeira ráfia, costela-de-adão e pa a dracena d são consideradas pelo paisagista como espécies resispa tentes e de fácil adaptação ao ten plantio em vasos. “Para varandas pla de casas com área de lazer sugiro muitos vasos e um volume de vemu getação que preencha bastante o ge espaço”, defende Elkis. esp As A flores também são bem-vindas e trazem colorido e renovação. da “Trepadeiras com flores, preferen“T cialmente perfumadas, dão um cia charme todo especial ao emolduch rar as varandas, elas também envolvem o local de forma aconchevo gante. O mobiliário também deve ga ser muito confortável, convidativo, com tecidos e almofadas com esco tampas florais”, completa. tam Para P manter a aparência saudável e o colorido intenso das espéve cies, Elkis explica que o segredo cie são os cuidados. “São seres vivos, precisam de cuidados diários e manutenção mensal”. Opções para tornar o jardim ainda mais encantador não faltam. Prova de que o paisagismo está cada vez mais em alta nos projetos atuais. •
1. Vaso de fibra sintética, com sistema de drenagem e planta palmeira chamaedorea, em arranjo de Felipe Mascarenhas. (Ponto Garden) R$ 558 2. Lanterna Agadir Slim em aço pintado e acabamento envelhecido, da Índia. (Tok&Stok) R$ 99,90 3. Arranjo floral com gérbera, hortência, minicravo, rainha das margaridas e camélia. (Floricultura Tsuji) R$ 249 4. Poltrona Lazy Chair em Rattan Class, em madeira Teka. (Bali Express) R$ 1.980 5. Esfera rústica de cerâmica queimada sem esmalte, com marcas de fogo aparentes. (Ateliê Suenaga e Jardineiro Cunha) R$ 500 6. Balanço Swing With The Plants em polietileno e corda de nylon. No assento pode-se acrescentar terra e sementes. (Decameron) R$ 3.172 7. Bicicleta de ratan com 2 metros comprimento por 1 metro de altura. (O Galpão) R$ 1.120 8. Vaso cone esmaltado verde jade com planta Yucca. (Santa Flora Garden) R$ 461 25
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ARQUITETURA E DECORAÇÃO
Requinte e modernidade APARTAMENTO DUPLEX DA DÉCADA DE 80 PASSA POR REFORMA COMPLETA E AGORA ESBANJA ELEGÂNCIA, CONFORTO E DISTRIBUIÇÃO INTELIGENTE DOS ESPAÇOS DECORADOS COM PEÇAS DE DESIGNERS CONSAGRADOS 26
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modernidade invadiu com classe e elegância os espaços deste apartamento, após uma reforma realizada pela arquiteta Mônica Drucker. Nada ficou no lugar nos 600 metros quadrados que hoje esbanjam requinte, conforto e uma distribuição inteligente dos espaços. Trata-se de um apartamento duplex de cobertura em um edifício construído no início dos anos 80 e nunca reformado nesses 31 anos. Localizado próximo ao Parque Villa Lobos, no bairro de Pinhei-
Por Ledy Valporto Leal Fotos João Ribeiro
ros, região sul de São Paulo, o apartamento encontrava-se totalmente comprometido por infiltrações, cupins e outros problemas. Foram dez meses de reforma, com inúmeras substituições, cinco descupinizações, desvio de prumada para trocar o lugar dos banheiros e demolição de paredes. Durante o trabalho surgiram algumas descobertas, como a parede curva original que apareceu atrás das escadas do prédio
cujo volume era constituído por paredes ortogonais. Esse volume acabou por se transformar num elemento de grande destaque e beleza com o atual revestimento de madeira cumaru em ripas de três centímetros de largura por seis metros de altura. “Resolvemos aplicar esse painel à maneira modernista dos anos 50 e 60 contrastando com a contemporaneidade dos demais ambientes. Esse é o lado vivo e interessante das reformas”, afirma a arquiteta Mônica Drucker. Essa parede em formato curvilíneo
DESTAQUE Chaise vermelha em couro da designer suíça Jane Wirthington ganha evidência na decoração dominada pelo branco 27
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Luxe. Reportagem
MINIMALISMO Espaço amplo facilita circulação e garante visual atraente no projeto de decoração sem excessos, quase minimalista
valoriza a área social do apartamento e concede um ar retrô ao espaço, compondo interessante layout junto ao concreto e cimento utilizados no living. Mas problemas causados pela má conservação não faltaram nesse apartamento. É o caso das tubulações enferrujadas embutidas nas lajes duplas tipo caixão que precisaram ser trocadas. E ainda a eliminação da piscina que gerava infiltrações, sendo substituída por um spa com deck e hidromassagem na área externa. A sala de estar atual é resultado da integração de cinco ambientes que tiveram suas alvenarias demolidas, assim como os desníveis em degraus de concreto. Agora, o espaço amplo e generoso agrega conforto e um visual atraente, sem excessos, quase minimalista. Apenas os móveis essenciais que combinam aconchego com estética, nada mais. E ainda a circulação facilitada pelos espaços livres. O branco domina a cena e, vez por outra, é quebrado por algum toque colorido, como, por exemplo, a chaise vermelha em couro desenhada pela designer suíça Jane Worthington –a mesma
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profissional que criou a chaise em linhas arredondadas e couro branco. A mesa lateral do designer suíço Peter Draenert proporciona praticidade e combina com o sofá alemão de Rolf Benz. Iluminação Já as luminárias do tipo pedestal são assinadas pelo consagrado Pier Castiglione e a do tipo pendente é de autoria dos premiados arquitetos Herzog e De Meuron. Os quadros da artista plástica Daniela Baum, contribuem para a valorização e o colorido do ambiente. Os espaços da sala foram abertos ampliando-se sobre uma porta do terraço através de uma estrutura com cobertura e portas de correr em aço e vidro. A maioria das paredes foi demolida, incluindo as do pavimento superior e algumas externas, gerando um grande vão livre para o mezanino, de onde se visualiza a paisagem do Parque Vila Lobos e do bairro de Pinheiros. Assim, estar, jantar, home theater e cozinha são totalmente integrados e, num só tempo, separados por portas de correr de vidro. Com a reforma e os espaços ampliados, alguns recantos interes-
MEZANINO Demolição das paredes abriu um grande vão livre para o mezanino, de onde se observa a paisagem do Parque Vila Lobos 29
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Luxe. Reportagem DIFERENCIAIS Ao lado, parede curvilínea foi revestida com madeira cumaru em ripas; abaixo, recanto com poltrona da designer Jane Worthington; no detalhe, peças em cores vibrantes constratam com mobiliário em tons claros
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Luxe. Reportagem
santes foram se formando. Como o vão em pé-direito duplo, fechado com estrutura metálica e com portas de correr que dão acesso ao terraço. Há ainda uma composição muito requintada e interessante: a bancada de concreto que percorre toda a extensão do ambiente e acomoda a lareira a gás. Todo o piso, tipo cimento polido entra na sintonia da residência que apresenta materiais frios como a escada de aço e o guardacorpo de vidro que conferem leveza ao conjunto. No pavimento superior, as quatro suítes viraram três, de modo que a suíte master teve sua área aumentada e ganhou ainda um closet e uma área de estar voltada para o terraço com guarda-corpo de vidro. Muito conforto em espaços generosos e visualmente atraentes, peças eternas de designers consagrados como Le Corbusier e Saarinen, entre outros mais atuais, conjugam beleza e funcionalidade. O final não poderia ser outro que não o requinte, a sofisticação e, especialmente, a qualidade de vida. •
TERRAÇO No alto, estrutura metálica com portas de correr dão acesso ao terraço; acima, detalhe da iluminação dos banheiros; ao lado, o projeto de decoração da cozinha
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Luxe. Ensaio
LUMINÁRIA ABAJUR & STRE Fotos Flávio Pereira
PARTE CRIATIVA DOS PROJETOS, A ILUMINAÇÃO TRANSMITE SENSAÇÕES E VALORIZA DETALHES. E O MEIO COM QUE A LUZ É CONDUZIDA FAZ TODA DIFERENÇA QUANDO O ASSUNTO É CONFORTO VISUAL E HARMONIA ESTÉTICA 36
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ELEGÂNCIA No ambiente assinado pelo arquiteto goiano Leo Romano, a luminária de pé em arco exerce a função de dar ênfase à poltrona Vodo preta do designer Ron Arad 37
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Luxe. Ensaio
ATRAENTE Brilho e nobreza na composição de luminárias pendentes do designer inglês Tom Dixon, montada na Light Design. Feitas em material acrílico revestido de cobre, as peças imprimem sofisticação aos ambientes 38
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OUSADIA Para causar impacto, o lustre Chandelier Glas Round é uma excelente opção. Importado da Holanda pela Eurolight, peça em aço inoxidável e acabamento em preto é uma criação dos designers Willian Brand e Annet van Egmond 39
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Luxe. Ensaio FUNCIONALIDADE Abaixo, a luminária de mesa Batucada, uma criação do designer brasileiro Brunno Jahara. Feita em alumínio, tem baixo consumo porque é de LED; ao lado, pendentes criados por Tom Dixom exibem silhueta esguia e luminosidade pontual
INUSITADO Com suas formas orgânicas que remetem ao mar, o abajur Coral chama a atenção onde quer que esteja. Criação do designer brasileiro André Cruz feita em alumínio pintado 40
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ORBITAL O lustre Pirce, da Lalampe, apresenta um efeito luminoso inesperado ao trabalhar com luz e sombra. Seu design moderno e arrojado empresta à peça o status de escultura 41
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Luxe. Ensaio
ESTILO O escritório criado pelo arquiteto paulistano Maurício Karam para a Casa Cor Trio foge do convencional ao propor uma nova roupagem ao espaço de trabalho. Em sintonia com a tendência mundial, Karam substitui o mobiliário corporativo por características de sala de estar. A luminária de piso em arco é coerente com a proposta decorativa pautada na sobriedade 42
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MODERNIDADE Recém-lançada na Euroluce, em Milão, as luminárias Roofer trazem tiras de borracha similares às usadas nas famosas sandálias brasileiras. Laváveis, não desbotam. Criação de Benjamim Hubert para a Fabbian 44
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DESIGN A elegância do abajur Loft, da Zull, não está apenas em seu visual esguio, mas nos materiais: no corpo foi usado vidro negro e na cúpula, seda missoni com estampa que flerta com o psicodélico
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Clássico Ovo decorativo na cor preto lapidado. É ideal para ambientes onde predominam os móveis clássicos. BEA Presentes R$ 198
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Poltrona Kaos Desenhada por Pedro Franco e Christian Ullmann, é estofada com tubos de feltro revestidos com tecido de bambu. A Lot Of R$ 5.900
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Vaso Com 45 centímetros de altura, peça decorativa em cristal é assinada pelo design Mario Seguso. Cinzia Presentes R$ 79,80
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Mesa Lateral Bloom Com design audacioso, foi criada para ambientes clean e futurístico. Em MDF, com acabamento em laca brilho. Espaço 204 R$ 3.100
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Do Hit Concepção do designer Marjin Van Der Poll, o assento em aço inox foi amassado e moldado com martelo. Decameron R$ 80.523
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Lótus Poltrona tem base e suporte do assento em aço carbono. A concha é em fibra de vidro e estofada em espuma poliuretana. Clássica Design R$ 5.635
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Aparador Massima Produzido com madeira ecologicamente correta, tem a base em carvalho ebanizado coberto com espelho de bronze. Ilustre R$ 5.030
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Brinde Jogo com seis taças da marca Rona é indispensável para brindar com os amigos e familiares. Ornato Presentes R$ 457,90
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Puff com capitonê Tem estrutura em MDF revestido em veludo. Mede 1,20 metro de comprimento por 40 centímetros de altura. Clami R$ 1.846
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Carnaby Silk Tapete indiano é produzido com 100% de seda rústica e com tamanho sob medida. É vendido por metro quadrado. By Kamy R$ 1.500
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A Difusor Alegra Pertence à nova linha da marca Antik e chega para aromatizar a sua casa. BEA Presentes R$ 82
B Almofada Indigo Confeccionada em sarja, está disponível apenas no tamanho 45 centímetros por 45 centímetros. Futon Company R$ 126
C Abajur Coral Com cúpula em linho, tem a base em coral natural. Mede 66 por 46 centímetros e pode ser usado na sala de estar. Sierra R$ 1.110
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Bandeja Wedding De origem asiática, tem 71 centímetros de comprimento por 52 centímetros de largura. Indispensável para cozinhas decoradas com artigos rústicos. Cecília Dale R$ 1.950
Forno Counterforms Em aço inox possui sistema autolimpante, bandeja para resíduos e isolamento térmico. Utiliza somente água e sabão neutro para a sua limpeza interior. Etna R$ 349,90
F Baleiro Com design moderno e diferenciado, é produzido com vidro ambar. Disponível na cor verde. Cinzia Presentes R$ 43,20
G Steamer Espreguiçadeira feita em alumínio e madeira é indicada para decorar o deck. Bali Express R$ 2.980
H Silit Jogo com três panelas vermelhas e tampas de vidro. Alças são em inox. BEA Presentes R$ 1.280
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I Jarra Com design moderno, é confeccionada em inox. Ideal para servir suco ou água. Ornato Presentes R$ 323,90
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Kitchen King Pro O processador de alimentos pica o alho para o tempero das receitas, a cebola e o tomate para completar a salada mista, mistura a massa e ainda faz o molho da macarronada. Polishop R$ 199,90
Fruteira O formato em centopeia traz o clima tropical para a cozinha ou varanda gourmet. Feita em plástico injetado e fibras naturais. Mede 45 centímetros de diâmetro por 9 de altura. A Lot Of R$ 950
L Máquina de café A Nespresso Citiz & Milk tem controle automático do volume do café, aquecimento thermoblock, além de fácil inserção de cápsulas. Siciliano R$ 1.190
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Chaleira Disponível em desenho de galinha, é objeto decorativo, mas pode ser usado para preparar e servir chás. Ornato Presentes R$ 207,90
Máquina de macarrão Da italiana Marcato Atlas 150, disponível nas cores vermelha, preta e inox. Tem cilindro com cortador para fatiar a massa em tiras de lasanha, talharine e fetuccine. Cinzia Presentes R$ 309
Sayl Chairs Do designer Yves Béhar, oferece apoios lombar, sacral e da coluna combinados com pontos de articulação. Estofado em tecido e encosto em polímero. Atec Orginial Design R$ 2.712
Speak-Er Box Caixa de som em plástico, da marca italiana Skitsch, desenhada pelo Dovetusai Studio. Mede 13 por 15 centímetros. Skitsch R$ 1.257
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Luxe. Reportagem
ARQUITETURA E DECORAÇÃO
Originalidade internacional NO PROJETO DO ARQUITETO PORTO-RIQUENHO HÉCTOR RUIZ-VELÁZQUEZ, A CERÂMICA REVESTE O PISO, PAREDES E ATÉ O TETO DA CASA DE APENAS 54 METROS QUADRADOS PLANEJADA NO SÓTÃO DE UM EMBLEMÁTICO EDIFÍCIO NO CENTRO DE MADRI, NA ESPANHA
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arte de produzir ilusão. A definição de ilusionismo poderia explicar a transformação de um espaço ínfimo em um ambiente que esbanja amplitude e intensidade. O significado seria perfeito para definir o projeto do arquiteto portoriquenho Héctor Ruiz-Velázquez, naturalizado espanhol, não fosse
Por Daniela Borges Fotos Pedro Martinez
ilusão uma fantasia. No projeto de Velázquez, a ilusão assume outra conotação bem mais real e refere-se ao que o desenho lógico mostra, mas que os olhos e os sentidos se negam a aceitar. Um projeto concreto e palpável,
mas ao mesmo tempo lúdico e imaginário. Imbuído da ideia de propor algo realmente original, Ruiz-Velázquez acabou criando um novo conceito de moradia, que não só envolve questões de formato e volume, mas aplicações inusitadas para materiais tradicionais. A novidade que chega do velho continente atende ao estilo contem-
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SALA DE ESTAR Mobiliário moderno em madeira maciça de design esguio e retilíneo está presente na decoração com cadeira de Hans Werner e mesa de centro boomerang assinada por Finn Juhl 51
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Luxe. Reportagem
porâneo e, além de apresentar soluções para a falta de espaço, marca ousadas tendências de estilos. O projeto foi executado no sótão de um edifício emblemático no centro de Madri, na Espanha. Denominada Casa de Cerâmica, o espaço de apenas 54 metros quadrados, destaca o material que lhe dá nome como protagonista de um cenário onírico. A cerâmica aparece revestindo pisos, paredes e até mesmo, quem diria, o teto. A casa-conceito tem o claro objetivo de implementar soluções que possam multiplicar a sensação espacial. “O projeto é voltado para um novo grupo social, de usuários com tempo escasso, que priorizam a liberdade de movimento, a criatividade e o desejo de viver em um lugar pequeno, mas sem limitações”, explica Ruiz-Velázquez. Para atingir seu objetivo principal, o arquiteto pensou o espaço em metros cúbicos e não em metros quadrados. Isso representa visualizar a habitação não como uma superfície plana, mas como uma unidade cúbica. A ideia do Espaço Ilimitado apresentado por Ruiz-Velázquez é construída a partir da liberdade dos planos, como se o projeto fosse um objeto tridimensional. A setorização da residência é sutil e utiliza desníveis de pisos para propor a mudança de utilização do ambiente. O teto também tem uma função na residência que brinca com volumes suspensos. Desafio O espaço é estreito e comprido, portanto limitado. Mas não para o criativo arquiteto que cria uma estrutura suspensa –como se fosse um mezanino revestido de cerâmica– que multiplica a área útil, dando origem a novos ambientes. A iluminação natural é outro ponto forte da proposta. “Ela se converte em um dos eixos cardinais do projeto, que nos permite dar vida e amplitude perceptiva à casa”, explica o arquiteto. Duas sacadas na sala de estar são suficientes para inundar toda a habitação de luz. O arquiteto
tratou de ressaltar esses recursos, integrando as janelas ao projeto. A cerâmica branca ajuda nesse processo já que reflete a luz como nenhum outro material. A distribuição dos espaços merece destaque e aponta a habilidade de Ruiz-Velázquez em lidar com os desafios. Para que a criação dos ambientes não diminuísse ainda mais a sensação espacial, o arquiteto excluiu todas as barreiras físicas e visuais. De maneira audaz e certamente inovadora, os perímetros convencionais que separam cozinha, área de serviço, sala de estar, quarto e hall de entrada simplesmente desaparecem. No entanto, a função de cada um dos ambientes permanece, mas sem a necessidade de limitá-los e distingui-los dentro do espaço global. Para isso, o arquiteto utilizou recursos construtivos especiais e muito particulares, como divisória média, perspectivas cruzadas, materiais translúcidos em portas, desníveis, plataformas suspensas, prateleiras ou módulos ocultos, com atenção especial à circulação e tráfego na casa. Sem mencionar a criatividade e a ousadia do arquiteto, que atuaram como fortes aliadas na criação das alternativas propostas. Do hall de entrada já é possível perceber que se trata de um projeto diferenciado. A entrada é delimitada por um muro baixo, à esquerda, utilizado para manter intacta a amplitude e a luz do espaço. O elemento recebeu pintura na cor branca com a finalidade de contrastar a superfície do solo, de cerâmica, e para potencializar a luminosidade. Da entrada da residência é possível ter a visão do projeto inteiro. O corredor, que dá acesso aos cômodos, está de frente para uma das janelas e traz para o interior a vista panorâmica do exterior como em uma moldura. Aí também a decoração se mostra jovem e despojada. Espelhos redondos e côncavos, em vários tamanhos e diferentes molduras, ganham projeção no espaço neutro e colaboram para melhorar a sensação de amplitude. O primeiro volume que se tem
INTEGRAÇÃO Jogos de volumes em diferentes alturas predominam no piso inferior e multiplica a sensação de amplitude
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Luxe. Reportagem acesso é o da sala de estar. O ambiente está integrado aos demais, mas sem perder a privacidade. O conjunto de alturas propostas nesta casa-modelo é projetado especialmente para cada local e está relacionado com as atividades distintas de cada uma delas. A sala de estar é um convite subliminar para o descanso, o repouso e o relaxamento. O mobiliário moderno marca a presença da madeira maciça, como as cadeiras de design esguio e retilíneo, assinado por Hans Werner, e a mesa de centro boomerang de Finn Juhl, que se projetam em evidência, graças ao contraste com o branco soberano das estruturas e da cerâmica. A escolha dos quadros contribuiu para dar personalidade aos ambientes. “Fiz um contraste de oposição ao mobiliário de madeira dos anos 40 e 50, feitos por arquitetos norteamericanos e nórdicos para realçar o espaço e as superfícies”, comenta Ruiz-Velázquez. As cadeiras, aliás, têm uma linguagem conhecida dos brasileiros, remete aos móveis produzidos por Zanine Caldas. Chão Jogos de volumes em diferentes alturas predominam no piso inferior. O chão ganhou revestimento de porcelanato no formato 30x60 centímetros. Já as paredes e o teto receberam peças com formato di-
COZINHA Balcão de refeições brota do chão, como os demais “móveis”, também feitos com a cerâmica branca usada em todo o projeto
ferenciado de 120 x 19,3 centímetros. Essa combinação foi responsável por imprimir continuidade espacial e cromática ao conjunto. O excesso de cerâmica poderia trazer um aspecto frio, mas ao contrário disso, as intervenções feitas pelo arquiteto dão textura ao projeto e proporcionam aconchego. A decoração, apesar de contida justamente por questões de espaço, ajuda a “esquentar” os ambientes, com escolhas como a madeira e objetos carregados de cor. O tapete também colabora e muito nessa função. Na outra ponta do corredor está o escritório. Completamente adaptado ao espaço, surge em um pequeno nicho encravado entre volumes que se convertem na área de trabalho. A escrivaninha fica oculta entre os planos superiores, do mesmo modo que o mobiliário fica embutido nas paredes. “Um jogo de cheio e vazio com o objetivo de conseguir a máxima funcionalidade e aproveitamento de espaço”, explica o arquiteto. A cozinha está disposta ao lado do escritório, seguindo o traçado da plataforma do corredor. A amplitude deste ambiente é total se comparada com uma cozinha convencional. O balcão para refeições brota do chão e ali também a cerâmica impera absoluta. O formato alargado escolhido potencializa a horizontalidade e verticalidade dos planos. Subindo as escadas à esquerda
“O projeto é voltado ao grupo social de usuários com tempo escasso, que prioriza a liberdade de movimento, a criatividade e o desejo de viver em um lugar pequeno, mas sem limitações” Do arquiteto Héctor Ruiz-Velázquez
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BANHEIRO Banheira suspensa é semelhante a uma caixa coberta com cerâmica; área íntima está localizada no segundo piso da casa
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Luxe. Reportagem
ESCRITÓRIO Surge em um pequeno nicho encravado entre os volumes que se convertem na área de trabalho; acima, o quarto, instalado sobre a sala
fica o banheiro principal da casa, todo o ambiente é revestido de cerâmica. A banheira suspensa à beira do volume superior e do corredor inferior é quase como uma caixa, coberta inteiramente de cerâmica. Tudo sem perder a leveza, preocupação constante do arquiteto. Ainda no espaço superior, encontramos o quarto, a última área da casa, instalado sobre a sala de estar. Dali, a sensação de estar flutuando ganha ainda mais força em virtude da ausência de paredes. Do lado oposto de onde se encontra a cama há um terraço multifuncional. Localizado acima da cozinha, este vazio pode ser usado como canto para leitura e outras atividades, comprovando que o projeto, além de caber nos exíguos 54 metros quadrados de área, ainda oferece espaço de sobra. Ruiz-Velázquez defende que é chegado o momento de novas fórmulas que se adaptem às necessidades reais das pessoas, com um novo conceito de tempo, novos hábitos e novas sensações de habitabilidade. Uma nova experiência de
moradia no contexto de uma casa. A Casa de Cerâmica concebida por Ruiz-Velázquez integrou a mostra Casa Decor Madrid, edição 2010. O projeto foi encomendado pela Ascer (Associação Espanhola de Fabricantes de Azulejos e Pavimentos Cerâmicos) e apresentou novidades como as diferentes aplicações para o produto e formatos combinados para promover uma paginação estética. Entre as novidades está a sua instalação a seco, que dispensa a técnica tradicional de assentamento que leva argamassa e rejunte. As placas são instaladas com o auxílio de grampos que acabam com a sujeira e o trabalho dispendioso da sua colocação. A técnica ainda permite que 100% das cerâmicas sejam reutilizadas em outros projetos ou ambientes da casa.Exemplo sem precedente de sustentabilidade. Exímio observador do cotidiano e das necessidades das pessoas, Ruiz-Velázquez utiliza toda a sua sensibilidade para criar um projeto que mistura ilusionismo, cenografia e arquitetura. •
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Luxe. Design Apoena Leitura Desenho em ziguezague da cúpula segue as referências de moda das décadas de 60 e 70. Disponível nas versões preto e branco ou cobre. Atec Original Design R$ 2.090
Estante Versatille Considerada uma peça versátil, é formada por bancos empilháveis. Feita em madeira com laca, o conjunto de bancos tem 1,80 metro de altura. Espaço 204 R$ 4.700
Mirra Chair Do Studio 7.5, sua forma se molda ao corpo, oferecendo muito conforto. É umas das cadeiras de trabalho mais desejadas nos escritórios de designers e de arquitetura. Atec Original Design R$ 3.232 Espumante Garrafa de Veuve Clicquot Brut Yellow Label acompanha balde de gelo dobrável (origami) em papelcartão impermeável e reciclável. Veuve Clicquot R$ 250 (sugerido)
Base Wlada Base para mesa de centro é feita com madeira maciça de jequitibá mel. Mede 30 centímetros por 1 metro de diâmetro. Espaço 204 R$ 3.760
Espreguiçadeira Ayty Do designer Roque Frizzi, é feita em madeira reflorestada, com acabamento ácqua e almofadas em tecido acrílico ou couro náutico. Ideal para decorar as áreas externas. Saccaro R$ 6.827
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Girafas Mãe com filha compõem o conjunto de duas peças produzidas em resina resistente. Cinzia Presentes R$ 166
Witch Cromo Materiais usados pelo designer Marco Piva foram vidro soprado e metal. Mede 44 centímetros de diâmetro por 25 centímetros de altura o pendente. EuroLight R$ 5.961,60
Poltrona Nopolou Com estrutura em aço e tiras plásticas, o design desta peça é assinado por Patrícia Urquiola. Micasa R$ 4.383
Vaso Com 45 centímetros de altura, peça decorativa é uma criação do design Mario Seguso. Cinzia Presentes R$ 79,80
Pufe Dilek Criada para compor a decoração da sala de estar, peça tem espumas macias, veludo vermelho e tachas de ouro velho. Sierra R$ 2.450
Ninho Poltrona tem a base de madeira, estofamento em espuma e revestimento na cor jeans. É ideal para compor ambientes modernos e descolados. Ilustre R$ 2.370
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Luxe. Dicas “A sala de leitura ideal deve partir do mínimo, que seria uma estante razoável, uma mesinha de apoio mínima, uma poltrona confortável e uma luz de leitura. Desse mínimo podemos evoluir até uma biblioteca nacional” De Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, da FGMF Arquitetos DICAS E TRUQUES • A primeira iniciativa antes de criar uma biblioteca particular ou sala de leitura, é escolher o lugar. Dê preferência a espaços com muita iluminação, mas sem incidência direta do sol (para evitar ofuscamento). O ideal é ter uma vista agradável, silêncio e muito conforto. • O escritório não é necessariamente o melhor local para se montar a sala de leitura. A biblioteca pode se tornar o ponto mais interessante de uma sala, por exemplo, compondo com duas chaises para leitura. Até mesmo o quarto pode receber o espaço, basta ter cuidado com o desenho da estante e com o mobiliário para evitar conflitos de circulação. • Invista em poltronas individuais e, até mesmo, em banquetas para apoio dos pés. Um sofá bem confortável pode ser usado, embora não seja o ideal. Chaises longues são mais indicadas. • Uma pequena mesa de canto é essencial para descanso do livro, dos óculos, de um copo d’água ou para apoiar algo para comer enquanto lê. • A estante não precisa ser necessariamente de madeira. Aço, pedra, vidro e até concreto podem gerar peças excelentes, dependendo do desenho. • No caso específico da madeira, busque opções sustentáveis e tratadas para evitar infestações de cupins. Há excelentes alternativas em material resistente e industrializado, como o MDF, que pode ser revestido com a folha de alguma madeira. • Não há medidas ideais para uma estante. Geralmente, estantes com nichos de 40 cm de altura atendem bem a todos os tamanhos de livros. Já a profundidade indicada é a de 25 cm. • Iluminar a estante é interessante para facilitar a consulta e promover a peça como elemento decorativo. Essa luz pode receber um dimmer para criar uma atmosfera propícia para leitura. • Manter o espaço ventilado é fundamental. A troca de ar constante ajuda a impedir a degradação dos livros. Locais úmidos devem ser evitados ou tratados com isolantes na estante ou desumidificadores. • Se falta espaço na casa para um cantinho de leitura, utilize a altura de seu pé direito e procure por uma parede ociosa. Incorporar uma escada à estante ajuda, além de ficar muito charmoso. Mas nunca tente fazer algo formal em um espaço tão reduzido. • Livros são feitos para serem usados. Não há nada pior do que livros comprados a metro para decoração, que ninguém sabe do que se trata.
Profissional: Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, da FGMF Arquitetos, de São Paulo Contato: (11) 3032-2826 Site: www.fgmf.com.br 60
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João Armentano DONO DE UM ESTILO INCONFUNDÍVEL, JOÃO ARMENTANO SEMPRE ESTÁ EM EVIDÊNCIA GRAÇAS SUA BUSCA INCESSANTE PELO DESENHO IDEAL. A VALORIZAÇÃO DOS ELEMENTOS NATURAIS É UMA DAS CARACTERÍSTICAS DE SEU TRABALHO, VOLTADO PARA SURPREENDER. CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE O ARQUITETO QUE SE TORNOU CELEBRIDADE
1. Poltrona club chair de couro cubana, da antiquarista Renée Behar 2. Quadro de Anita Malfatti 3. Escultura do artista plástico polonês naturalizado brasileiro, Frans Krajcberg 4. Tela do pintor carioca Daniel Senise 5. Obra do artista plástico brasileiro Vik Muniz 6. Mobiliário do designer de móveis e arquiteto Sérgio Rodrigues
Um carro: “O que me leve e me conduza”, disse João Armentano, adepto da máxima ‘menos é mais’. O arquiteto valoriza e privilegia o conforto, principalmente em seus projetos. Neles, essa condição é perseguida incansavelmente e representa o ponto alto de seus trabalhos. Uma casa: Sua casa de campo, em Campos do Jordão. A residência é a maior referência de descanso e contemplação para Armentano. Com vista privilegiada para a Mata Atlântica, a casa se enquadra ao estilo contemporâneo, construída com materiais que transmitem aconchego. Seus atributos privilegiam a luminosidade natural. “É possível vislumbrar um pôr-do-sol de tirar o fôlego alternando com o mistério da densa neblina das montanhas”, disse o arquiteto. Uma cidade: Apesar de ter nascido em São Paulo, o arquiteto confessa que não apreciava tanto da cidade. “Mas estou gostando cada vez mais”, declara. A capital paulista já é considerada por Armentano a sua preferida. “Gosto de São Paulo por suas características de cidade grande, agitada, sempre desafiando seus habitantes, e pelas oportunidades de trabalho, lazer, entre outros”. Um designer: O designer de móveis e arquiteto brasileiro Sérgio Rodrigues. “Gosto de todas as peças do grande mestre. Minha casa, quando solteiro, era toda da Oca (loja aberta por Sérgio Rodrigues para comercializar suas criações), com móveis dele. Eram peças de madeira jacarandá, maravilhosas. Fiquei com a mesa do escritório do meu pai”, conta João Armentano. Um estilista: O arquiteto menciona Nelson Alvarenga, o fundador da Ellus, marca associada ao jeanswear de luxo, até hoje o carro-chefe da empresa. Ainda no universo da moda, Armentano revela sua preferência pela marca brasileira Tufi Duek, reconhecida pelo caráter vanguardista e sofisticado de suas criações. Um estilo arquitetônico: “João Armentano”, exclama o arquiteto. Dono de um estilo irreverente e de ideias ousadas, o arquiteto cativou definitivamente o meio artístico. Seus trabalhos são disputados por notáveis da mídia brasileira como Hebe Camargo, Eliana e Luciano Huck. “Gosto de criar sensações inusitadas, jamais vividas. Gosto de atiçar, cutucar e provocar o inesperado. Novas emoções, novas ações”, conclui.
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A arte de um antiquário COM 30 ANOS DE ATUAÇÃO NO MERCADO, ARNALDO DANEMBERG SE TORNOU SIMÔNIMO DE ELEGÂNCIA E SOFISTICAÇÃO NO RESTRITO UNIVERSO DAS OBRAS-PRIMAS DO PASSADO
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oucos têm tanta autoridade para falar de peças de antiquário, quanto o carioca Arnaldo Danemberg. Historiador, pesquisador do mobiliário brasileiro e especialista em madeira, seu nome tornou-se sinônimo de elegância e sofisticação no restrito universo das obras-primas do passado. Foi professor nas principais universidades cariocas, palestrou na Fundação Ricardo Espírito Santo, em Lisboa, na Embaixada do Brasil em Paris, Sorbonne, Naterre e
Por Daniela Borges Foto Marco Antônio Resende
Universidade do Havre, além de diversos liceus parisienses. Engajado em questões sociais criou o projeto “Profissionalizando o Futuro – Conservação e Restauração de Bens Artísticos”, destinado a formar auxiliares em restauração de mobiliário. Ao longo dos 30 anos de atuação, Danemberg conquistou o respeito e reconhecimento do seu trabalho, que transpôs as barreiras profis-
sionais para se tornar um estilo de vida. Prova disso foi a maneira com que o conceituado antiquário concedeu esta entrevista exclusiva à revista Luxe. , diretamente de mais uma de suas constantes viagens à Europa, em busca de preciosidades de valor intangível. Fruto de suas experiências e explorações pessoais, o acervo de Arnaldo Danemberg compreende uma coleção rara, única e de inestimável valor histórico que tornam seu antiquário um “petit musée” no Rio de Janeiro.
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Arnaldo Danemberg, fale sobre o início da sua carreira como antiquarista. « Comecei nos anos 80 trabalhando com o meu pai na Antigualha, loja de móveis situada na rua do Lavradio. Ali, eu já explicava aos clientes a origem de cada um dos móveis à venda. Mais tarde, abri o Arnaldo Danemberg Antiquário. Estudei com a professora Tilde Canti, a papisa do móvel brasileiro. Durante algum tempo, acompanhei-a em pesquisas sobre a história do mobiliário luso-brasileiro dos séculos 18 e 19 e adquiri conhecimento sobre o mobiliário europeu, acabei me tornando especialista no assunto. Como você conceitualiza a sua atuação como antiquário e qual é o significado desse trabalho para você? « Para mim é um modo de vida, um amor à arte e à sua descoberta. A realização de uma restauração é o mesmo que dar vida nova a um bem fadado ao esquecimento. Também é uma forma de transmitir ensinamento, de maneira sutil e discreta. De preservar a memória e de provocar encantamento no ser humano por intermédio da arte. Quais são os critérios adotados por você para a aquisição, para a compra de peças para o seu acervo? « Os critérios são os mais rigorosos. Todo aquele móvel que bem represente um estilo é sempre bem-vindo. Muito embora eu não comercialize móveis palacianos, não me enquadro nessa interpretação estilística. Prefiro os citadinos e os rurais, são mais sutis e mais lineares, sem exageros. Procuro comprar aquilo que mais me fascina, um belo móvel manufaturado com esmero e uma bela madeira, peças que representem bem uma época, um estilo. Tudo isso dentro de uma unidade decorativa na qual acredito. Quando uma peça é considerada digna de integrar acervos de antiquários? « Quando ela é no mínimo verdadeira. Deve ser intrínseca no objeto, ter boa qualidade da manufatura, bons materiais e a certeza de valori-
zação. Uma peça é um investimento para a alma e para o bolso. A peça de um antiquário traz para a sua casa toda a sua história. Qual é a importância da origem para uma peça de um antiquário? « A origem é mais um dado para a biografia de uma peça. Ter pertencido a determinada coleção faz toda a diferença. A origem também nos indica onde a peça foi feita, o país, a região, enfim todo o histórico daquele determinado item. Seu nome se tornou uma espécie de grife em móveis e peças de decoração. Cite alguns dos seus clientes mais conhecidos? « Posso citar nomes de importantes arquitetos que periodicamente vêm ao antiquário. Maurício Nóbrega, Dado Castello Branco, Lia Siqueira, Érick Figueira de Mello, Beto Figueiredo, entre tantos outros. Normalmente, as pessoas não têm conhecimento do trabalho de um antiquarista e imaginam que seja apenas comercializar peças , obras de arte antigas. Como você explicaria a relevância do trabalho do antiquarista neste contexto? « Cumpre ao antiquarista preservar a memória, ensinar, educar e transmitir seu saber. Qual é o maior desafio do antiquário, na sua opinião? « Buscar, sempre, e acreditar na busca. Fale sobre a arte popular e a erudita (entendendo como clássica) no campo antiquarista. Existe uma relação ou uma prevalece sobre a outra? « Toda a forma de arte tem a sua importância, sua graça e seu valor. Arnaldo, você possui um trabalho de restauração reconhecido, como surgiu essa ideia e qual o significado para você? « Surgiu da necessidade de restaurarmos nosso acervo e para mim isso significa tudo. Restauramos a nós mesmos. É imprescindível, amo este trabalho de dar
uma nova vida para aquilo que está fadado à destruição. Dentro da filosofia sustentável, os móveis de antiquários desempenham esse papel como ninguém. Ainda por cima preservamos o intangível, a memória. Peças de antiquário são bons investimentos? « Certamente. O Certificado de Autenticidade firmado pelo antiquário funciona como um selo de garantia em caso de futura partilha ou mesmo revenda, agrega valor. Qual seria o Objeto de Desejo do antiquarista Arnaldo Danemberg? « O objeto do desejo de um antiquário é sempre aquilo que ele está em vias de possuir, o que ele busca e ainda não encontrou. Portanto, é um túnel escuro onde não se sabe onde acaba. Sonho em ter muitas peças, muitos outros móveis, lindos objetos, percorrer nosso mundo, vastíssimo mundo à procura de belos
« Os móveis em estilo campesino, rural e citadino, que se adéquam melhor aos trópicos, servem tanto a cidade, serra ou mar valorizando qualquer ambiente, do clássico ao contemporâneo. Todos possuem certificados de autenticidade, após passarem por um aprimorado serviço de revisão e restauração sempre executadas por artesãos. No vasto universo de móveis antigos, é possível para uma pessoa leiga identificar o valor histórico de uma peça? « Não é simples. Para alguém conseguir identificar uma peça de valor histórico como, por exemplo, um item de antiquariato, é preciso certamente possuir anos de estudo. Minha dica nesses casos é sempre procurar ajuda de um especialista. O que você mais valoriza em uma peça, um móvel, por exemplo? « O esmero da manufatura e a madeira.
“Estudei com a professora Tilde Canti, a papisa do móvel brasileiro. Acompanhei-a em pesquisas sobre o mobiliário lusobrasileiro dos séculos 18 e 19 e adquiri conhecimento sobre o mobiliário europeu, acabei me tornando especialista” itens de antiquariato, históricos, que nos transmitem beleza e história, gerando memória. Quantas peças podem ser encontradas no seu antiquário? « O antiquário reúne um patrimônio com mais de 3.000 itens, entre o mobiliário europeu que remonta aos séculos 18 e 19, peças decorativas e porcelanas. Mas o trabalho com a madeira, em tom amendoado, pode ser considerado o carro-chefe. Qual foi a peça mais extraordinária, na sua opinião, que passou pelo seu antiquário? « Todas as peças têm a sua importância e nem sempre as mais valorosas são as mais importantes, por razões diversas. Atribuo o valor do item mais pela história da peça e menos pelas cifras. Que estilo de mobiliário predomina em seu antiquário?
Dentro do projetos decorativos atuais, qual o lugar das peças de antiquário? « Sou plenamente a favor do equilíbrio do antigo com o contemporâneo. O conhecimento que você adquiriu ao longo dos 30 anos de trajetória do Arnaldo Danemberg Antiquário, especialmente no ramo de restauração, é transmitido no seu projeto social. Fale um pouco sobre ele. « O projeto ‘Profissionalizando o Futuro’ é um curso de capacitação profissional para jovens de baixa renda, com faixa etária entre 15 e 19 anos, e tem o objetivo de formar auxiliares em conservação e restauração de bens artísticos nacionais. O projeto recupera valores históricos e forma restauradores-cidadãos para o mercado de trabalho, ensinando aos aprendizes técnicas específicas, algumas delas quase extintas, sobre restauração de mobiliário. •
Nome: Arnaldo Danemberg Naturalidade: Rio de Janeiro Estado Civil: Casado Especialidade: No mobiliário lusobrasileiro dos séculos 18 e 19 Atuação: Dedica-se ao mercado de artes desde 1981. Foi professor nas principais universidades cariocas, palestrou na Fundação Ricardo Espírito Santo, em Lisboa, na Embaixada do Brasil em Paris, Sorbonne, Naterre e Universidade do Havre 65
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expediente DIRETOR RESPONSÁVEL FERDINANDO SALERNO DIRETORA ADMINISTRATIVA SANDRA NUNES EDITOR-CHEFE MARCELO CLARET EDITOR-ASSISTENTE ADRIANO PEREIRA EDITOR DE FOTOGRAFIA FLÁVIO PEREIRA DIAGRAMAÇÃO DANIEL FERNANDES COLABORADORES Textos: DANIELA BORGES, LEDY VALPORTO LEAL, RODRIGO MACHADO E SILVANA MARIA ROSSO Fotos: JOÃO RIBEIRO, MARCO ANTÔNIO RESENDE PEDRO MARTINEZ E XICO DINIZ CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@revistaluxe.com PUBLICIDADE ALINE FURTADO, CRISTIANE ABREU, MELLISE CARRARI, TATIANA MUSTO E VANESSA CARVALHO comercial@revistaluxe.com (12) 3202-4000 A revista Luxe. é uma publicação trimestral da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Todos os direitos reservados. É proibida a sua reprodução total ou parcial. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202-4000 PARA FALAR COM A REDAÇÃO Tel.: (12) 3909-4600
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