Revista Luxe - Marco 2012

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Luxe.

Março 2012

Edição 3 - R$ 9,00

Arquitetura & Design

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OSCAR NIEMEYER Desenhos do mestre da arquitetura no Brasil viram grife ambicionada por governos de todo o mundo

HOLLYWOOD CASA NO LITORAL SUL PAULISTA REMETE ÀS MANSÕES DOS ATORES DO CINEMA OBRA DE ARTE PEÇAS DE ARTISTAS CONSAGRADOS GANHAM EVIDÊNCIA EM DUPLEX DA CAPITAL SERGIO RODRIGUES DESIGNER FALA SOBRE SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E PROJETOS PARA 2012

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Luxe. Opinião

editorial

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ão é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein. Com a frase, Oscar Niemeyer resume a principal característica de seus traços, que conquistaram governos de diferentes ideologias com projetos espalhados pelos continentes. Aos 104 anos de idade e em plena atividade profissional, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho é um orgulho nacional –sem dúvida, o maior arquiteto brasileiro de todos os tempos. Fez do concreto armado seu maior aliado, dando formas, curvas e movimento a esse resistente material. Se hoje o Brasil ocupa posição de destaque no cenário da arquitetura mundial, muito se deve a Niemeyer, o arquiteto que se especializou em criar cartões-postais. Seus desenhos ganharam status de obra de arte e logo se tornaram artigos de exportação, uma grife ambicionada por países da Europa, África e Ásia. E para desvendar a relevância da arquitetura de Niemeyer, a equipe de reportagem da revista Luxe. esteve no escritório desse artífice centenário, na cobertura do emblemático edifício Ypiranga, na famosa avenida Atlântica, em Copacabana, Rio de Janeiro. Escolhemos três projetos executados na Europa, onde Niemeyer teve vasta aceitação de seu trabalho quando esteve exilado em Paris, em 1967: o Centro Cultural Internacional de Avilés, na Espanha, a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, e o Hotel e Cassino na Ilha da Madeira, em Portugal, além de dois projetos ainda em execução –a Catedral de Belo Horizonte e o Museu de Arte Contemporânea de Açores, em Portugal. Em comum nas obras executadas naquele continente, além da genialidade dos traços ondulados, a famosa cúpula branca, sua marca registrada. Nesta edição também conversamos com o arquiteto e designer Sergio Rodrigues, considerado o criador do mobiliário brasileiro. A Poltrona Mole, peça cultuada pela nova geração de arquitetos no Brasil e no mundo, é uma das criações de Rodrigues e hoje integra o acervo permanente do MoMA (Museum of Modern Art de Nova York). Arte e talento, aliás, que fazem parte do DNA desse carioca, filho do pintor modernista Roberto Rodrigues e sobrinho do jornalista e dramaturgo Nélson Rodrigues.

Marcelo Claret editor-chefe

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Luxe. Conteúdo

SUMÁRIO Luxe. Arquitetura & Design

OSCAR NIEMEYER

Março 2012

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Edição 3 - R$ 9,00

Leia online a edição anterior.

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Desenhos do mestre da arquitetura no Brasil viram grife ambicionada por governos de todo o mundo

HOLLYWOOD CASA NO LITORAL SUL PAULISTA REMETE ÀS MANSÕES DOS ATORES DO CINEMA OBRA DE ARTE PEÇAS DE ARTISTAS CONSAGRADOS GANHAM EVIDÊNCIA EM DUPLEX DA CAPITAL SERGIO RODRIGUES DESIGNER FALA SOBRE SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E PROJETOS PARA 2012

Genialidade

Desenhos de Oscar Niemeyer ganham o mundo e se tornam grife ambicionada por governos de diferentes ideologias

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Hollywood

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Sustentabilidade

Localizada no Litoral Sul paulista, “Casa Transparente” remete às mansões dos artistas famosos do cinema

Móveis de fibras e tecidos reciclados. Texturas vão além da beleza rústica e despertam a curiosidade do toque

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30 Novo Layout

Projeto de reforma em apartamento de São Paulo comprova que é possível redimensionar todos os ambientes

38 Arte brasileira

As telas dos pintores modernistas que romperam com o tradicionalismo na história cultural do Brasil

54 Modernidade

Obras e peças de artistas consagrados são colocadas em evidência em duplex de 600 metros quadrados

66 Estilo

Arquiteto Guto Requena aponta mobiliário, peças de decoração e projetos arquitetônicos preferidos

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68 Ícone

Sergio Rodrigues, mestre do design brasileiro, fala da sua trajetória profissional e sobre os projetos para 2012

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Luxe. Reportagem

ARQUITETURA

No melhor estilo Niemeyer DESENHOS DO FAMOSO ARQUITETO BRASILEIRO GANHARAM O MUNDO E IMPRIMEM A ASSINATURA QUE SE TORNOU UMA GRIFE AMBICIONADA POR GOVERNOS DE DIFERENTES PAÍSES E IDEOLOGIAS PARTIDÁRIAS 8

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o distanciar-se do convencional, do excesso de pragmatismo técnico e retilíneo, a arquitetura elevase à condição de obra de arte. A transformação da ideia em matéria, que assume contornos escultóricos, indica a expressão artística da prática projetual, potencializada pela liberdade de criação e ousadia das formas que desafiam a física. Durante a nostálgica década de 50, o Brasil experimentou um de seus momentos mais frutíferos para a liberdade criativa. O clima de otimismo que inundou a classe média brasileira,

Por Daniela Borges Fotos Leonardo Finotti

diante do governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, deixou marcas indeléveis na produção cultural e artística de uma geração de notáveis da sociedade carioca. Onde houvesse um cantinho e um violão, haveria o amor, uma canção, profetizou o maestro Tom Jobim, arauto da Bossa Nova na canção Corcovado. A efervescência artística resvalou na arquitetura que já vinha mostrando sua potencialidade pelas mãos de um gênio: Oscar Niemeyer,

que fez do concreto armado seu maior aliado na materialização de sua infinita capacidade imaginativa. A arquitetura moderna, representada pelo mestre do traço, bebeu da mesma fonte de inspiração ao consagrar o uso das formas curvilíneas traduzidas do movimento do mar, da sinuosidade das montanhas e do corpo da mulher brasileira. Se hoje o Brasil ocupa posição de destaque no cenário da arquitetura mundial, muito se deve a Niemeyer, o arquiteto que se especializou em criar cartões-postais. Sua facilidade em integrar soluções

ESPANHA O projeto do complexo do Centro Cultural Internacional de Avilés, na Espanha, feito por Niemeyer em 2006, só foi concluído em 2011 9

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Luxe. Reportagem inovadoras e funcionais a formas ousadas não se limitou às fronteiras tupiniquins e logo suas obras tornaram-se artigos de exportação. Ambicionados por governos de diferentes ideologias partidárias, seus desenhos ganharam o mundo ao imprimirem um estilo próprio de projetar, uma assinatura que se tornou grife. Para desvendar a relevância da arquitetura desenvolvida por Niemeyer em outros países –e seus atuais projetos em andamento– a equipe da revista Luxe. foi até o escritório do artífice centenário, no Rio de Janeiro, onde foi recebida por seu amigo, braço-direito e também arquiteto Jair Valera. Na cobertura do emblemático edifício Ypiranga, na avenida Atlântica, em Copacabana, o elevador antigo, revestido de madeira, conduziu a equipe ao penúltimo andar do prédio com ares modernistas, cujo design sinuoso parece imitar o suave balanço do mar à sua frente. Vencido mais um lance de escada e chega-se ao templo do mitológico arquiteto. A planta livre da cobertura indica sua preferência projetual. A ausência de colunas internas amplia o horizonte e traz o mar para dentro da sala. Das janelas que contornam toda a extensão da cobertura, o Atlântico revela-se como uma pintura emoldurada. A espreguiçadeira Rio, de madeira ebanizada e palhinha, criada por Niemeyer em sua incursão ao design de móveis, divide o papel de protagonista com o mar e um clássico piano de cauda negro. Nas paredes brancas, desenhos feitos à mão pelo próprio arquiteto relembram suas principais criações. Não é difícil imaginar produtivas conversas que resultaram em marcos da construção que hoje adornam o mundo. Sempre vanguardista, a arquitetura exercida por Niemeyer é, antes de tudo, atemporal. Seu caráter inovador deu origem a peças singulares que elevaram para sempre a credibilidade da arquitetura “made in brazil”. Prova de que as suas obras tornaram-se objeto de desejo mundo afora são os trabalhos executados na Europa e que, muitas vezes, passam à margem do reconhecimento nacional. O que não significa que sejam inferiores, ao contrário disso, conforme mostra a reportagem.

França Na Europa, Niemeyer encontrou vasta aceitação de seu trabalho, favorecido pelo tempo que esteve exilado voluntariamente em Paris, em 1967. A Sede do Partido Comunista Francês, projetado em 1965, traz consigo a reconhecível cúpula branca, figura volumétrica que tornou-se marca do arquiteto, vindo a aparecer em muitas outras obras de sua autoria. Instalada em Paris, em frente à estação de metrô Colonel Fabien, a área de 20 mil metros quadrados destaca o jogo de volumes criado pelas edificações. Sombra e luz, cheio e vazio. A essência do projeto sintetiza-se no uso do

concreto e vidro. O prédio principal, de caráter mais urbano, é constituído por único bloco em lâmina que “acolhe” a cúpula instalada à frente, onde fica o auditório. Seu formato sinuoso sugere leveza e a ausência de pilotis de sustentação intriga. O conjunto mostra todo o seu diferencial assim que se tem acesso à área esplanada. O espaço descoberto entre a cúpula que abriga o auditório e o prédio principal é integrado pelo piso que inclina-se em curva ascendente até quase tocar a laje do edifício maior. A pequena marquise, que exibe o traço reconhecível do arquiteto, indica a abertura que dá acesso

ESCADA Concreto armado com pintura, vidro e piso cimentado são os materiais utilizados no complexo, demonstrado a simplicidade da especificação

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PRÉDIO A ambiciosa proposta de Niemeyer para o Centro Cultural assume o papel social que lhe cabe: o de incentivador da arte

ao interior do complexo. Ao descer as escadas, o hall semienterrado revela-se amplo e iluminado. Ali, um grande salão abriga espaço para exposições, biblioteca, portaria, acesso aos elevadores e o auditório com suas portas trapezoidais futurísticas. A parte interna deste espaço merece destaque. Com capacidade para receber até 230 pessoas sentadas, o auditório circular foi revestido internamente por pequenas peças de alumínio que criam efeito surpreendente em contato com a luz. Prova de que as cúpulas de Niemeyer são dotadas de técnicas construtivas elaboradas e funcionais, além da carga simbólica e estética.

“No projeto do Partido Comunista Francês, não me faltou pelo menos, intuição e poder de decisão. E isso explica a fachada em curvas e o hall semi-enterrado, diferente, deixando o terreno livre para o jogo de volumes e espaços livres que constitui a própria arquitetura”, relatou Niemeyer em sua própria revista Módulo, em 1980. Portugal No ano seguinte, em 1966, Niemeyer desenvolve o projeto do Complexo Cassino Parque Ilha da Madeira, em Portugal. O programa previu inicialmente três edificações: hotel, cine-teatro (centro de convenções) e cassino. Posteriormente, o desenho de

Niemeyer foi executado pelo arquiteto português Viana de Lima. Rodeado por 15 mil metros quadrados de jardim, o projeto arrojado, situado em Funchal, capital da ilha encravada no Atlântico, ressalta a grandiosidade da intervenção arquitetônica diante da magnitude das belezas naturais da ilha. O azul do mar contrasta com o prédio do hotel, que obedece ao mesmo formato já empregado pelo arquiteto na Sede do Partido Comunista, ou seja, um bloco com disposição sinuosa que serve de pano de fundo para a instalação mais “artística”. Neste caso, no entanto, o edifício do hotel sustenta cinco pisos de apartamentos por meio de pilotis de alturas irregulares, dispostos conforme a topografia do terreno. A volumetria do prédio principal é grandiosa. São 221 metros de comprimento por 24 metros de largura. Todas as janelas proporcionam vista para o mar e para as encostas da ilha, que lembram um anfiteatro. Como é de se esperar nos projetos de Niemeyer, o volume anexo com formato diferenciado dá origem ao cassino. O prédio cônico faz lembrar vagamente a Catedral de Brasília, muito em virtude da presença de colunas de concreto que assumem papel estético, além da função de sustentação da estrutura. Mas o platô desta é bem mais largo. Os vidros aparecem em toda a extensão ao redor do topo. Outro aspecto bastante explorado nos projetos de Niemeyer trata da utilização de áreas de subsolo para dar origem a funções importantes previstas no programa. O complexo hoteleiro, hoje chamado Pestana Casino Park Hotel, guarda o cineteatro ou centro de convenções, em um espaço abaixo do nível do solo. Rampas curvilíneas a céu aberto interligam os prédios e propõem a integração com a natureza local, reforçando o valor das formas orgânicas no projeto. Sob o prédio onde fica o hotel, os vãos livres não obstruem a visão para a paisagem do entorno. Graças ao uso moderado dos pilotis, que apesar de poucos são extremamente potentes. As escadas também ganham papel de destaque em todo o conjunto. Algumas delas serpenteiam por grossas colunas estruturais sem comprometer os espaços. Em um lugar paradisíaco, um projeto à altura que, apesar de construído há tantos 11

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Luxe. Reportagem

A Catedral de Belo Horizonte PROJETO ENCOMENDADO PELA ARQUIDIOCESE DA CAPITAL MINEIRA ESTÁ EM FASE DE DETALHAMENTO. OBRA LEVARÁ ATÉ TRÊS ANOS PARA SER CONCLUÍDA

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Brasil contará até 2015 com mais uma criação de forte valor simbólico, assinada por Niemeyer. No hall de projetos que ainda serão executados pelo escritório do arquiteto carioca está a imponente Catedral de Belo Horizonte. Encomendado pela Arquidiocese da capital mineira, o trabalho está em fase de detalhamento. “O projeto básico já está pronto, vamos começar a discutir os programas para continuar com o projeto executivo”, explica o arquiteto Jair Valera, do escritório de Niemeyer. A obra, segundo ele, deve levar de dois a três anos para ser concluída. Em um espaço de 50 mil metros quadrados, a catedral terá formato de cúpula, com 60 metros de diâ-

metro, suspensa por duas estruturas de 100 metros de altura. Valera explica que apenas a nave da igreja poderá ser vista do ângulo frontal da praça. Todas as demais dependências de apoio estarão até quatro andares abaixo do nível do solo. “O terreno é muito inclinado em relação à avenida e o projeto tira partido disso. Do outro lado, na parte baixa do terreno, será possível ver a parte inferior’, explica. O projeto foi criado em função do terreno. O arquiteto destaca ainda a existência de um belo campanário, com cerca de 40 metros, que abrigará sete sinos em escala musical. “Haverá também um altar externo para missa campal com capacidade para 20 mil pessoas”, prevê.

BRASIL Perspectiva da Catedral de Belo Horizonte que terá formato de cúpula, com 60 metros de diâmetro, suspensa por estruturas de 100 metros

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Museu de Arte Contemporânea PROJETO VAI OCUPAR 16 MIL METROS QUADRADOS NA ILHA DE SÃO MIGUEL, EM PORTUGAL, COM EXPOSIÇÕES, RESTAURANTE E UM AUDITÓRIO PARA ATÉ 120 PESSOAS

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AÇORES Por se tratar de uma ilha vulcânica, o projeto do Museu de Arte (foto perspectiva) foi calculado para enfrentar possíveis sismos na região

ocalizado na Ilha São Miguel, a cidade de Ponta Delgada, na região de Açores, em Portugal, deve receber em breve as instalações do Museu de Arte Contemporânea, com a assinatura de Niemeyer. O projeto deverá ocupar uma área de 16 mil metros quadrados, cujo programa inicial prevê sala de exposições, auditório para 120 lugares e restaurante. O arquiteto Jair Valera está envolvido na realização de mais esse trabalho de Niemeyer e garante que será mais um projeto grandioso e inspirado do arquiteto centenário. “Estamos concluindo o projeto executivo. Parte dele está sendo feito em Portugal, aqui no Rio de Janeiro estamos trabalhando na parte da arquitetura”. Neste projeto

também está prevista uma cúpula que receberá o auditório. Além dela, outra edificação terá formato mais cilíndrico e deve abrigar o restaurante. Os dois prédios serão ligados por uma passarela com marquise que formará a praça. Por se tratar de uma ilha vulcânica, todo o projeto foi calculado para enfrentar possíveis sismos. Pequenos terremotos são comuns na região. “Prevemos no cálculo estrutural pilares mais reforçados para suportar os eventuais abalos”, explica Valera. Nada que influencie na arquitetura. “As normas são mais rigorosas por questões de segurança”, completa. A obra deve levar um pouco mais de um ano para conclusão, em virtude das limitações inerentes a construções em arquipélagos. 13

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Luxe. Reportagem anos, é extremamente atual. “Localizado num belo parque junto ao mar, o projeto do hotel na Ilha da Madeira exigia condições especiais. Primeiro, que a construção não cortasse a vista do oceano; segundo, que aproveitasse o panorama magnífico, adaptandose à arborização existente. Daí a posição do bloco, perpendicular à avenida e a localização do cassino e do cinema aproveitando os espaços livres de vegetação.” (depoimento extraído do livro Quase Memórias: Viagens, Tempo de Entusiasmo e Revolta, de Oscar Niemeyer, 1968) Espanha Localizada ao norte da Espanha, a região de Avilés compreende um antigo pólo siderúrgico e portuário. O projeto do complexo do Centro Cultural Internacional, desenvolvido por Niemeyer em 2006, foi doado ao Principado de Astúrias, mas a sua construção só foi concluída no ano passado. De acordo com o arquiteto Jair Valera, que atuou neste projeto com Niemeyer, o programa previu teatro interno e externo, área de exposição de artes, espaços para espetáculos de música e dança, cinema e restaurantes. O estacionamento está localizado no subsolo. São quatro prédios em uma área de aproximadamente 20 mil metros quadrados, divididos em auditório para quase mil lugares, pavilhão curvo multiuso com cinema, cúpula circular e torre com mirante que abriga o restaurante. Além da praça aberta ao público onde ocorrem diversos eventos culturais permanentes. O prédio do auditório tem contornos arredondados e faces coloridas, que dão alegria à proposta. A possibilidade de dispor de palco externo, voltado para a praça, permite eventos ao ar livre com capacidade para até 10 mil pessoas. Concreto armado com pintura, vidro e piso cimentado são os materiais utilizados no complexo, demonstrando a simplicidade da especificação. Para Valera, o que mais chama a atenção, além das características de ser um “Oscar Niemeyer”, como ele se refere, está relacionado à implantação do projeto. “A implantação é muito bonita, criou-se uma praça onde vários eventos ocorrem simultaneamente”, afirma. A praça, aliás, é a grande protagonista do projeto. Além de oferecer o espaço democrático ainda

FRANÇA Partido Comunista Francês exibe a cúpula branca; no interior, pequenas peças de alumínio criam efeito ao contato com a luz

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atua como vazio para proporcionar plena visibilidade dos prédios escultóricos criados por Niemeyer, característica recorrente em suas obras. Valera recorda dos desafios impostos pelo terreno. “Era um terreno complicado que no passado abrigava o depósito do porto. A região de terra precisou de uma fundação com quase 40 metros de profundidade”, relembra. Foram utilizados tubulões muito profundos para dar conta do trabalho. Superados os desafios, o que se vê é mais um cartão-postal, digno de visitação. O restaurante foi instalado na torre-mirante de 20 metros de altura. O único volume vertical do complexo. Para ter acesso a ele, uma escadaria helicoidal, irregular e de patamares largos, permite a ampliação da vista panorâmica de diferentes pontos da cidade a cada degrau vencido. Antes denominado Centro Cultural Internacional Niemeyer, hoje não carrega mais o nome do arquitetocriador. Divergências políticas sobre a gestão do espaço acabaram alterando seu nome para simplesmente Centro Cultural Internacional de Avilés. De qualquer forma, o ambicioso projeto do mestre da arquitetura assume o papel social que melhor lhe cabe: de incentivador e propagador da arte e da cultura.

PORTUGAL Complexo Cassino Parque Ilha da Madeira, em Portugal, ressalta a grandiosidade da intervenção arquitetônica diante das belezas naturais

A arte Mesmo sendo a arquitetura essencialmente matemática, como gostava de afirmar o arquiteto Le Corbusier, considerado o pai da arquitetura moderna, é impossível negar seu potencial para obra de arte diante de exemplos tão expressivos. Propor configurações estéticas distintas ao concreto armado, utilizando-o com a maleabilidade de uma massa de modelar, é característica de artista. O que dizer do poder transformador de elementos arquitetônicos que rompem com a dureza e a monotonia da paisagem urbana, como nas formas dadas ao edifício Copan, em São Paulo? Com a maestria digna de Tom Jobim, Niemeyer segue orquestrando suas criações. Aos 104 anos, mantém vigor púbere para compor seus projetos reconhecidos internacionalmente e marcados pela exuberância técnica e criativa. Letra e melodia, segundo Jobim. “Da janela, vê-se o Corcovado, o Redentor, que lindo”. Inspiração para criar nunca vai faltar. 15

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Luxe. Reportagem

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nalisar situações sob diferentes pontos de vista e pensar em soluções nunca antes imaginadas. Possivelmente, o jeito díspar de olhar e reagir ao mundo seja parâmetro capaz de distinguir pessoas comuns de gênios. A existência patente da coerência entre vida e obra comprova que Oscar Niemeyer ousou pensar e fazer diferente. Não só na arquitetura, ao propor projetos singulares e icônicos, mas em acreditar e ser fiel a uma ideologia política, que hoje soa destoante, sem se preocupar com julgamentos. Compreender o raciocínio complexo de uma personalidade que

mente, muito conhecimento técnico e a devida atenção ao programa apresentado. A surpresa, o espanto, como já havia afirmado Charles Baudelaire, são características essenciais de uma obra de arte. De onde vem a sua inspiração criativa? « Talvez do meu empenho permanente em procurar a solução nova e surpreendente. Acredito que a inspiração não provenha de nada transcendente. Cabe sempre ao arquiteto cultivar, de maneira autônoma, a sua intuição criadora. O que falta à arquitetura contemporânea? « É provável que seja um maior comedimento no emprego de materiais muito caros, realmente dispendiosos, em proveito da busca da beleza, que não raro passa a ocupar um lugar secundário. Quais são os pontos, os traços, as virtudes, que tornam uma obra valorizada arquitetonicamente? « É difícil enumerar e explicitar esses pontos. Existe um que não se pode subestimar: o jogo harmonioso entre volumes e espaços livres.

tornou-se referência mundial da arquitetura moderna, é um desafio. Para conhecer um pouco mais sobre o arquiteto que, seguindo sua intuição, entrou para a história universal da arquitetura, a revista Luxe. traz a entrevista exclusiva com o homem que virou mito. Sem jamais perder a ternura, Niemeyer defende enfaticamente a arquitetura como arte e fala sobre a sua vocação para causar espanto. Para o senhor, arquitetura é arte ou técnica? Beleza ou funcionalidade? « Arquitetura é arte, e como tal a busca da surpresa deve nortear a sua criação, que envolve, evidente-

O que o senhor mais aprecia na arquitetura? E o que não gosta? « Vou-me limitar a falar do que mais aprecio: a (re)criação e modulação dos espaços, a procura dos vãos livres, a perspectiva de propormos estruturas cada vez mais ousadas. O que senhor pensa sobre a arquitetura brasileira? « É uma arquitetura que figura entre as melhores do mundo. E não faltam entre nós arquitetos de talento. Há algum sonho, desejo ou projeto que o senhor gostaria de fazer e ainda não fez? « Sinceramente não sei... Realizei muitos projetos que, por diferentes razões, não puderam ser executados, a exemplo da mesquita de Argel ou de um moderno estádio de futebol que desenhei há menos de um ano.

O senhor está trabalhando atualmente no projeto da Catedral de Belo Horizonte. O que destacaria neste novo trabalho? « Com relação à Catedral de Belo Horizonte, vale sublinhar a forma bem diferenciada da grande nave que concebi. O Centro Cultural Internacional, em Avilés, na Espanha, ilustra muito bem o que senhor mencionou sobre integrar conhecimento técnico, arte e fidelidade ao programa requerido. O que mais lhe agrada nesse projeto em especial? « O que mais me agrada destacar no Centro Cultural por mim projetado para Avilés é a ideia de propor um espaço capaz de pôr em diálogo a arquitetura e os diferentes modos de comunicação artística (artes plásticas, música, cinema, teatro, etc). E o belíssimo Museu de Arte Contemporânea de Niterói? « A propósito do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, tenho a registrar a força da inspiração que veio, mal conheci o local escolhido para a sua construção: imaginei logo um apoio central, e a arquitetura a surgir à sua volta como uma flor. Depois, pensei na rampa –um elemento plástico a convidar todo o povo para visitar o museu, como um passeio em torno da arquitetura, e a paisagem a correr, belíssima, sob os pilotis. Em sua rica trajetória profissional, o senhor teve alguns projetos realizados na região do Vale do Paraíba. Há lembranças dessas obras, como, por exemplo, do projeto executado no Clube dos 500, em Guaratinguetá, e do CTA, em São José dos Campos? « Confesso que não me lembro bem do Clube dos 500 –vem-me um pouco à memória a sua monumentalidade. Do CTA, construído em São José dos Campos, me cabe afirmar que não me satisfez

muito a construção do projeto – exatamente o contrário do que ocorreu no caso do Centro Cultural Oscar Niemeyer na Espanha. São José dos Campos acaba de viver um episódio dramático de reintegração de posse de uma área ocupada por sem-tetos, conhecida como Pinheirinho. O arquiteto deveria ter como princípio uma visão social mais crítica, como o senhor tem? Não vemos muito engajamento da classe por causas sociais, como não vimos nenhum pronunciamento da classe durante o ocorrido no Pinheirinho? « Acho que todo profissional –e não apenas o arquiteto– deve ter uma visão crítica das questões sociais que enfrentamos em nossa conjuntura histórica. O episódio que vocês mencionam ilustra muito bem os problemas da posse da terra e da ocupação do solo urbano e o posicionamento nem sempre corajoso e firme do Estado em relação a tais questões. O senhor enfrenta algum conflito ideológico pessoal por acreditar em uma sociedade igualitária e projetar para uma minoria de maior poder aquisitivo? « Não... Reconheço que, no dia em que emergir uma sociedade mais justa e solidária, os arquitetos terão condições mais favoráveis para realizar grandes projetos, de maior alcance social: universidades, centros culturais, museus, bibliotecas, dentre outros. O sucesso alcançado pelo senhor serve de exemplo para muitos arquitetos, e sua ousadia desperta o interesse de estudantes a trilhar essa carreira. O que o senhor tem a dizer para os jovens apaixonados pela arquitetura? « Que sigam, sem nenhum temor, a sua intuição criadora; que tenham sempre em mente que cada arquiteto deve ter a sua arquitetura. •

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Suporte para velas Quer deixar o seu aniversário mais descontraído? Cada caixa vem com 12 garfos de 15 centímetros e 12 velinhas. O Segredo do Vitório R$ 45

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Coluna Tríade A designer Camila Sarpi trabalhou a estrutura com latão escovado e base de madeira cumaru. Tem 22 centímetros de diâmetro do refletor por 34 cm de largura e 140 cm de altura. Bertolucci R$ 1.920

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Luxe. Reportagem

ARQUITETURA

Uma inspiração hollywoodiana BRANCA, EM LINHAS RETAS E ARQUEADAS, COM GRANDES PANOS DE VIDROS E LEVE TOQUE NEOCLÁSSICO, A “CASA TRANSPARENTE”, COM 3.000 METROS QUADRADOS DE ÁREA CONSTRUÍDA, REMETE ÀS MANSÕES DOS ARTISTAS FAMOSOS DO CINEMA

I

mponente, esta casa em um luxuoso condomínio no Guarujá, no Litoral Sul paulista, destaca-se pelas fachadas de inspiração neoclássica, valorizadas pelas tamareiras e o pórtico de entrada, e pela farta área de lazer criada com a ampliação. Projetada pelo arquiteto Rogério Perez, a mansão com 2.982 me-

Por Silvana Maria Rosso Fotos Fran Parente

tros quadrados estrutura-se em concreto e alvenaria de blocos cerâmicos, aberturas arrematadas por caixilhos de alumínio, e cobertura feita por vigas de madeira e telhas de concreto. O projeto distribuiu a constru-

ção em L em blocos interligados, sendo que o principal em dois pavimentos abriga no térreo a área social que integra living, sala de jantar e home theater. No superior, a casa conta com seis suítes. O destaque fica para a principal com lareira, amplo closet e varanda privativa, de onde se visualiza a casa inteira. O amplo

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LUXO Mansão em condomínio no Guarujá estrutura-se em concreto e alvenaria de blocos cerâmicos; fachada tem inspiração neoclássica, valorizada pelas tamareiras e pórtico de entrada 21

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Luxe. Reportagem PROJETO Construção distribuída em L em blocos interligados, o principal com dois pavimentos: área social no térreno e suítes no superior

RELAX Mobiliário repleto de peças em madeira e fibras naturais, remete à praia e garante a integração com natureza

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ZEN Quiosque com cobertura de sapé é o espaço zen da mansão, ideal para quem busca relax e gosta do lazer contemplativo

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JARDIM Projeto proporciona dias calmos e relaxantes para quem está de férias ou simplesmente passa o final de semana na praia

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Luxe. Reportagem

banheiro da suíte foi idealizado com generosa área de chuveiro e banheira hidro/spa, mobiliado sob bancada com gabinete com gavetas e nichos abertos, que trazem praticidade ao ambiente.

ÁREA SOCIAL Decoração mescla móveis contemporâneos e modernos, com peças de madeira natural, como a laca branca, além de fibras sintéticas

Lazer No outro braço do L está a área de lazer, construída posteriormente com a compra do terreno atrás ao lote original, contando agora com área total de quase 3.000 metros quadrados. “Um completo recanto de férias”, descreve Rogério. Nesta área, localiza-se sauna, sala de descanso, spa com hidro e sala de fitness no superior, que se liga a suíte principal pela varanda. A churrasqueira principal fica na junção dos dois corpos da construção, e se conecta à cozinha, pensada para manter o convívio em dias de festas através

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da transparência. Um quiosque com cobertura de sapé é o espaço zen, ideal para quem busca relax. O projeto incluiu uma área de refeições/churrasqueira em outro corpo, mas que fica integrada ao exterior e piscina. No jardim, que foi elaborado pelo escritório, um dos pontos altos são as tamareiras que se harmonizam à fachada clara e de linhas definidas, e a piscina em cascata, abraçada pela construção. A decoração também idealizada por Rogério Perez mescla móveis, a maioria da Breton, contemporâneos, modernos, com peças de madeira tanto natural como com laca branca, além de fibra natural e sintética, remetendo à praia. No contexto geral, o projeto resultou em uma casa que proporciona dias calmos e relaxantes para quem está de férias ou simplesmente passando o fim de semana. •

DIVISÃO Área social ocupa o pavimento térreo da mansão do condomínio fechado, com amplos living e sala de jantar, além de home theater 25

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Luxe. Eco Por Daniela Borges Fotos Cortesia

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O charme dos móveis de fibras e tecidos reciclados TEXTURAS DESPERTAM A CURIOSIDADE DO TOQUE ENQUANTO PROPORCIONAM AGRADÁVEIS SENSAÇÕES DE ACONCHEGO E C

atural ou sintética, a textura de um móvel de fibra atrai o contato, enquanto a matéria-prima trançada dá formas e funcionalidade às peças. Há muito tempo o mobiliário feito com fibras tem lugar garantido nos projetos de decoração. Gerações testemunharam a presença soberana das cadeiras de palhinha em épocas remotas, atribuindo a esse material apelo nostálgico, quase familiar. Hoje, repaginados por marcas famosas, os móveis à base de fibras extrapolam os limites do campo e da praia, e ganham evidência nos projetos urbanos. “Gosto muito das texturas das fibras, pois elas criam esse clima de aconchego e fazem com que as pessoas queiram sentilas, tocá-las”, afirma a consagrada arquiteta paulista Débora Aguiar. O valor desse material, para a arquiteta, vai além da sua beleza rústica e tipicamente brasileira. “Sempre levo a natureza de alguma forma para dentro dos ambientes, seja com plantas, flores ou materiais como as fibras, que endossam a sustentabilidade de um projeto e trazem conforto aos espaços”, afirma. Para suportar as intempéries de ambientes externos, o mais indicado é a fibra sintética, bem mais durável e resistente às condições climáticas. Já a matéria-prima natural destaca-se pela autenticidade e pela beleza derivada do seu brilho original. Embora receba tratamentos especiais para prolongar sua vivacidade, cuidados extras em casa são importantes para garantir sua durabilidade. Limpeza e manutenção são os segredos da longevidade da fibra natural. Pano úmido e aspirador de pó são suficientes para manter os móveis limpos sem prejudicar as tramas. Luz solar direta e contínua, água ou umidade são inimigos do material natural. Extraídas do sisal, bambu, bananeira, palha ou coco, as fibras ganham sofisticação nas mãos de designers consagrados. Adepta do estilo clean, a arquiteta prefere o desenho sem muitos excessos, e aprecia a combinação entre fibras e pedras, fosco e brilhante. “Também é importante contrastar com outros materiais, como madeira, vidro e espelho. Excessos devem ser

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GO E CONFORTO. VALOR DOS MATERIAIS VAI ALÉM DA BELEZA RÚSTICA TÍPICA BRASILEIRA, ENDOSSA A SUSTENTABILIDADE DO PROJETO DE DECORAÇÃO evitados, tanto na misturas de muitos materiais, como no excesso de fibra em um mesmo ambiente. O equilíbrio é o segredo”, reforça. Tecidos Reduzir, reutilizar e reciclar. Esses são os três pilares da sustentabilidade. E os projetos de decoração acompanham a evolução da consciência ambiental propondo novas soluções aliadas ao design. Prova disso, são os mobiliários que utilizam materiais reciclados na sua confecção. “Acho muito importante essa conscientização e costumo utilizar essa preocupação em meus projetos”, afirma Débora. Mas, segundo ela, ainda existem poucas opções no mercado que conseguem unir beleza, qualidade e função. “Existem boas ideias, mas para um gosto muito específico de pessoas”, completa. Ainda assim, hoje há muito mais alternativas, com produtos bem mais acessíveis. “Também evoluímos com associações e entidades que apóiam e promovem não só produtos como também construções sustentáveis”,cita a arquiteta. Como qualquer processo, leva tempo. E se hoje estamos muito mais evoluídos do que há dez anos, é certo que o cenário tende a melhorar cada vez mais. •

1. Soumier Georgia em junco com estrutura de ferro. (Armando Cerello) Preço sob consulta 2. Poltrona Tarrafa em neoprene com estrutura de aço inox criada pelo designer Ricardo Barddal. (A Lot Of) R$ 7.625 3. Sofá pescador com estrutura em madeira e rede de pesca. (A Lot Of) Preço sob consulta 4. Poltrona Pet com estrutura de alumínio e revestimento em material reciclado. (Cecília Dale) Preço sob consulta 5. Poltrona Bola, da Indonésia, em fibra revestida com seagrass e bambu prensado. (O Galpão) R$ 4.815 6. Chaise Rio, desenhada por Oscar Niemeyer na década de 70, com palha natural indiana. (Desmobilia) R$ 28.000 7. Mesa Samoa produzida em metal e taboa. (Mobitá) R$ 2.681,80 8. Cadeira Rag Chair feita em camadas de 15 bolsas de trapo. Criada por Tejo Remy, está pronta, mas o cliente tem opção de reciclar sua própria roupa. (Decameron) R$ 33.035 29

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Luxe. Reportagem

CONTRASTE Paredes brancas deram o clima clean aos ambientes do apartamento e est찾o em sintonia com os m처veis de design contempor창neo 30

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ARQUITETURA E DECORAÇÃO

Bem-estar em novo Layout PROPOSTA DE REFORMA EM APARTAMENTO COM 300 METROS QUADRADOS NA CAPITAL PAULISTA COMPROVA QUE É POSSÍVEL REDIMENSIONAR TODOS AMBIENTES

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busca por qualidade e sofisticação, aliada à importância de uma relação harmoniosa entre arquitetura e design, está presente nos projetos assinados pela arquiteta e designer de interiores Silvia Bitelli. E seu novo projeto de reforma em um apartamento de 300 metros quadrados no Jardim França, em São Paulo, comprova que é possível redimensionar todos os ambientes. Sem excessos e alternâncias de cores na decoração, o layout dos espaços sofreu alterações para atender as necessidades da família: um casal com filhos jovens e um pet. As paredes brancas deram o clima clean aos ambientes e estão em sintonia com os móveis e objetos decorativos contemporâneos pedidos pelos moradores. A reforma atingiu os 300 metros quadrados do apartamento para atender as exigências dos proprietários: ampliação do espaço entre a sala, cozinha e terraço, além da criação de uma ilha na cozinha, uma lareira a gás e um local específico para abrigar os santos de

Por Rodrigo Machado Fotos Alexandre Kid

devoção da família. O projeto arquitetônico valorizou a amplitude do terraço, o ambiente que mais chama a atenção no apartamento. Além do mobiliário escolhido com cautela para não diminuir o espaço, as cores usadas pela arquiteta transmitem harmonia ao ambiente. “O grande sucesso é o terraço, pois adoram receber visitas e se acomodar no espaço gourmet. Na suíte principal foi ampliado o dormitório porque o casal não tinha necessidade de closet e preferiram ter um amplo ambiente. No banheiro desta suíte, o sanitário, que era localizado de frente para a porta de entrada, foi transferido para a lateral com uma meia parede em mármore para dar privacidade”, disse Silvia Bitelli. Na suíte do filho, o closet, que era considerado muito pequeno, foi ampliado. Havia duas circulações, uma para a sala e outra para cozinha. Foi removida a circulação para a cozinha e ampliado o home

theater, o que possibilitou também com que a galeria fosse removida e a sala ampliada como um todo. A ampliação da cozinha em ‘L’ foi possível com a remoção de todas as paredes que dividiam as salas de jantar, galeria e estar. A porta do hall social foi transferida para a porta do elevador. “Na cozinha criei uma ilha para um lanche rápido. Houve necessidade de reforma neste cômodo para atender à demanda de espaço”, disse a arquiteta. O revestimento das paredes teve como base a pintura e o papel de parede –mais práticos para a limpeza e manutenção no dia-a-dia. Já o revestimento escolhido para os banheiros, salas e terraços foi o porcelanato. “Foi a melhor opção para atender o cliente financeiramente. Mas nos dormitórios usamos o Induspaquet acabado e no home o Carpete Santa Mônica”, diz. No teto foi utilizado gesso para facilitar o projeto luminotécnico e acústico, além de ter sido ótimo para embutir todos os fios do som. Pode ser considerado sem dúvida à melhor opção, pois é o resultado da união do melhor

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Luxe. Reportagem DECORAÇÃO Móveis escolhidos para o projeto são das marcas Capolavoro, Artefacto, Brentwood e Breton, que dão assistência técnica

ESPAÇO Terraço recebeu tratamento especial no projeto e virou o ambiente que mais chama a atenção no apartamento de 300 metros quadrados 32

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TERRAÇO Projeto arquitetônico valorizou a amplitude do terraço, com móveis escolhidos com cautela para não diminuir espaço 33

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Luxe. Reportagem

preço versus maior praticidade. A cozinha está ligada diretamente à área de serviço e à sala de almoço. Já a sala de estar está ligada ao terraço, home, circulação interna e sala de almoço. Mobiliário “Os móveis escolhidos são Ornare, Capolavoro, Breton, Artefacto e Brentwood para compor desde o início da proposta do projeto. Dentro do que se foi pedido e proposto estas foram as melhores opções. A grande vantagem foi não só o custo/benefício, mas principalmente a certeza de ter um belo projeto com assistência técnica permanente. Todos os itens foram escolhidos para se relacionarem com os ambientes com projetos luminotécnico, automação, em cada um deles”, disse a arquiteta. •

ILHA Ampliação em L da cozinha foi possível com a remoção de todas as paredes que dividiam as salas de estar, de jantar e a galeria

COZINHA A cozinha está ligada diretamente à área de serviço e à sala de almoço, que também dá acesso ao amplo terraço

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AS OBRAS DOS PRINCIPAIS NOMES DO MOVIMENTO MODERNISTA. ARTISTAS DEFENDERAM NOVO PONTO DE VISTA ESTÉTICO, ROMPERAM O TRADICIONALISMO E CRIARAM UM DIVISOR DE ÁGUAS NA HISTÓRIA DA CULTURA DO PAÍS 38

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MULATAS “Cinco moças de Guaratinguetá”, óleo sobre tela de Emiliano Di Cavalcante, é uma das obras do acervo do Masp, em São Paulo; pintada em 1930, tem 92 por 70 centímetros 39

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Luxe. Ensaio

LAVOURA “Café”, de Cândido Portinari, retrata o árduo trabalho na plantação de café. De 1935, está em exposição no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro 40

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Luxe. Ensaio

EXPRESSIONISMO “A Chinesa” é considerada uma das principais obras de arte de Anita Malfatti. Datada de 1921-22, circulou o Brasil junto a outras cem telas da pintora em exposições que comemoraram os 120 anos da artista paulistana 42

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CARA DO BRASIL O “Mestiço” é uma das obras mais conhecidas de Cândido Portinari e figura entre as mais exibidas em exposições no exterior. Pintura a óleo pertence ao acervo da Pinacoteca de São Paulo 43

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Luxe. Ensaio

MISÉRIA Toda a dramaticidade artística é revelada na obra “Retirantes” (1944), de Cândido Portinari. Painel a óleo mostra o sofrimento do povo nordestino e faz parte do acervo do Masp, em São Paulo

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MODERNO “Morro vermelho” (1926), que pertence a uma coleção particular, e “Bananal” (1927), quadro do acervo da Pinacoteca de São Paulo, estão entre as obras mais conhecidas do pintor Lasar Segall

EXALTAÇÃO Tropical é a tela pintada por Anita Malfatti, em 1917, que representa com perfeição o nacionalismo da arte à época. Com total liberdade de criação, a artista exalta a riqueza étnica do povo brasileiro

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Luxe. Ensaio

CRIATIVIDADE “São Paulo”, óleo sobre tela de Tarsila do Amaral (1924), exibe as cores que caracterizam a obra da artista. Obra de arte está exposta na Pinacoteca de São Paulo

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INUSITADO Acima, “Abaporu”, o quadro mais importante já produzido no Brasil (coleção particular), e abaixo “O Touro”, do acervo do MAM da Bahia, ambas telas pintadas em 1928 por Tarsila do Amaral

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Luxe. Foco

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Poltrona Com traços modernos e base em aço inox, a cadeira de origem brasileira tem o assento e encosto em couro cortado a laser. Bali Express R$ 3.700

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Wick Namoradeira Tem assento com percintas elásticas importadas. Resistência ao rasgo e produto com espuma laminada D28 e D22 Soft. Ronconi R$ 2.150

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Taças Fiesole Em cristal, taça de água tem 23 X 10,5 cm e a de vinho, 21,5 X 10 cm. Blue Gardênia R$ 56 (água) R$ 52 (vinho)

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Armário Trailer Flag Tornar o ferro envelhecido em uma obra de arte é a especialidade da marca alemã. Armário tem 1,54 metro de altura. Kare R$ 4.985

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Banco estofado Kennebec Em eucalipto asiático, o banco tem compartimento especial com gavetas. Mede 56 cm x 111 cm x 103 cm Cecília Dale R$ 7.590

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Prato Florence Em cerâmica com detalhes de flores e frutas pintados à mão. Em dois tamanhos. Blue Gardênia R$ 47 (27 centímetros de diâmetro) R$ 44 (21,5 centímetros de diâmetro)

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Ipanema Disponível em acabamento natural, nogueira, verniz, provença, laca e demolição. Tem 60 centímetros. Anavilhana R$ 537,90

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Carambola Do designer e arquiteto Pedro Useche, tem acabamento em laca e com diâmetro de 60 centímetros. Vermeil R$ 5.170

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Sofá Behind a Pile De origem asiática, é feito em madeira. Tem 2,01 metros de comprimento e 60 centímetros de largura. Cecília Dale R$ 12.790

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Carnaby Silk De origem indiana, é produzido com 100% de seda rústica e é vendido por metro quadrado. By Kamy R$ 1.500

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Luxe. Vitrine

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Medidores Cinco colheres plásticas em fomato de matrioscas. Medem em ordem descrescente, 1 colher de sopa, meia colher de sopa, 1 colher de chá, meia colher de chá e 1/4 de colher de chá. O Segredo do Vitório R$ 54

Cadeira de ferro Com tecido listrado nas cores azul e cinza, deve ser usada em ambientes decorados com objetos neutros. Tem 84 centímetros de altura por 53 de largura. Hips Retrô R$ 980

C Minigeladeira Da coleção retrô verão 2012, a estampa foi criada pela designer Sabrina Arini. Pode ser ligada à eletricidade ou no acendedor de seu carro. Tem capacidade para quatro litros. Gift Express R$ 398

D Baby Carrinho Mood, com capota. O assento é reclinável e tem a opção de ser usado virado para frente ou para trás. Tamanho 1,09 metro x 88 cm x 66 cm. BBTrends R$ 3.999

E Vazu GrooveMaker Da coleção Gift, o vaso de polietileno para arranjos florais é leve e resistente. Tem 18 centímetros de largura por 27,5 de altura. Anavilhana R$ 33,90

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Xícara bolo Quando desvira a xícara, a cobertura serve como apoio. Mede 9 centimetros de diâmetro por 8 cm de altura. Pires tem 13 de diâmetro. O Segredo do Vitório R$ 38

Sofá Tiamat De origem italiana, foi desenhado por Missoni. Sua estrutura maciça conta com espuma injetada e revestimento em tecido chenille. Tamanho 2,06 metros por 66 centímetros. Missoni Home R$ 52.166

Mesas redondas Tem acabamento em platinum gold com espelho bisotê no tampo. Mesa menor tem 60 centímetros de diâmetro e a maior, 70 centímetros de diâmetro. Madeira Bonita R$ 4.550 (60 cm) R$ 5.060 (70 cm)

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Vaso de vidro Pintado à mão por meio da técnica decoupage. Tem 23 centímetros de altura por 9 de diâmetro. Hips Retrô R$ 129

Fonte de Chocolate O aparelho permite fazer cascata de chocolate. Com um design moderno e fácil de limpar, a fonte de chocolate é uma ótima opção para quem gosta de preparar coberturas especiais. Fnac R$ 104,90

Urucum Pendente Luminária de alumínio tem acabamento externo disponível em todas as cores da cartela da Bertolucci e está disponível no tamanho 26 centímetros de altura por 16 de diâmetro. Bertolucci R$ 670

Armário Underground Com 1,30 metro de altura, modelo é inspirado nos anos 30. O ferro, de origem reciclável, ganha um aspecto envelhecido. Kare R$ 4.985

Pipoca Fabricado em melamina, o Big Bowl Pipoca Retrô Coca-Cola Drive In deixa a sala de cinema mais sofisticada. Gift Express R$ 48

N Octo Juicer Espremedor de frutas plástico em formato de polvo. Mede 15 x 13 x 14,5 centímetros. O Segredo do Vitório R$ 49,90

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Sorvete A máquina de sorvetes da Cuisinart também prepara frozen. Automática, tem uma abertura na parte superior para adicionar ingredientes como lascas de chocolate e frutas. Fnac R$ 339

Bandeja Apollinaire Feita em prata, a peça é uma homenagem ao poeta francês Guillaume Apollinaire. Tem 51 centímetros de comprimento por 32 de largura. Blue Gardênia R$ 890 53

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DECORAÇÃO

O poder da arte em transcender NO PROJETO ASSINADO PELA ARQUITETA FERNANDA MARQUES AS OBRAS E PEÇAS DE ARTISTAS CONSAGRADOS SÃO COLOCADAS EM EVIDÊNCIA NO APARTAMENTO DUPLEX DE 800 METROS QUADRADOS DA CAPITAL PAULISTANA 54

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á várias formas de suscitar um instante de inspiração. A contemplação é uma delas. Observar algo fascinante e ao mesmo tempo provocador é um meio de iluminar o espírito e trazer à tona ideias e emoções. Do ponto de vista filosófico, a decoração pode assumir esse papel meditativo ao despertar reflexões e evocar pensamentos. Investir em obras de arte é uma das formas de atingir tais objetivos. Consciente do poder da arte de transcender, a arquiteta Fernanda Marques propôs no projeto de ar-

Por Daniela Borges Fotos Demian Golovaty

quitetura e decoração concebido por ela, colocar em evidência obras-primas e peças de design de artistas consagrados. No apartamento duplex de 800 metros quadrados, em São Paulo, projetado para um jovem empresário, a célebre arquiteta paulistana privilegia a arte em toda a sua plenitude. “Vivo o meu tempo. Nem no passado, nem no futuro. Mobiliário assinado, artistas atuais são testemunhos do nosso momento.

E, como tais, não podem faltar nos meus projetos”, afirma a requisitada arquiteta de São Paulo. Telas multicoloridas, como a assinada por Otávio e Gustavo Pandolfo, ganham destaque nas paredes brancas da residência. Os Gêmeos, como são conhecidos, fazem parte da nova geração de artistas brasileiros com destaque internacional. Na sala de estar, ao deparar-se com a tela de grandes proporções, a contemplação torna-se espontânea e natural. Há tempos a arquiteta vem empregando trabalhos dos irmãos em seus pro-

MOBILIÁRIO Poltronas em couro dos Irmãos Campana e em aço inox curvado do designer Ron Arad foram compradas de leilões, em Nova York 55

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Luxe. Reportagem

jetos. “Eles captam e difundem o elemento urbano com grande sensibilidade”, afirma. Fernanda admira particularmente o colorido intenso das obras, mesmo se tratando de uma temática urbana, da aridez da metrópole. A arquiteta afirma que não poderia imaginar nada mais apropriado para compor um apartamento na capital paulista do que as pinturas dos consagrados artistas urbanos. Inspirada nas galerias de arte, utilizou um fundo neutro para melhorar a visualização das obras. Deste modo, colorido e formas ganham vida. “Nos meus projetos, privilegio sim a arte. Mas o que me interessa mesmo é a interação dela com os moradores das casas e apartamentos que projeto”, defende. Para atingir seu objetivo, Fernanda costuma sugerir elementos e testar obras, no entanto, na hora da escolha, a palavra final é sempre dos moradores que terão que conviver com as peças no dia a dia.

Espaços sociais No projeto em questão, no pavimento inferior, a arquitetura de interiores dá ênfase à valorização dos espaços sociais de forma a proporcionar a maior integração possível entre os ambientes, como acontece com a cozinha gourmet, que foi aberta para a sala de jantar. Embora a arte tenha sido privilegiada até como forma de humanizar o projeto, soluções inovadoras e tecnológicas se fizeram necessárias e não foram negligenciadas, ao contrário. A escada do duplex e a caixa do elevador que acessam o pavimento superior foram propostas em vidro. Inovação que atiça a curiosidade e não cria barreiras visuais para a contemplação das obras de arte. O vidro também ajuda a integrar o living ao home theater e à área externa, onde foi estabelecida a área de lazer. Ao ar livre, a piscina em vidro mostra-se uma interferência arrojada. Sua instalação só foi possível

a partir de inúmeros estudos de superestrutura e redimensionamento de carga encomendados de forma responsável pela arquiteta. O vidro, aliás, desempenha função essencial no projeto, empregando leveza e transparência sem bloquear a visão geral do conjunto e nem representar fragilidade. De forma ousada, Fernanda encarou grandes desafios como a criação dos degraus da escada feitos inteiramente em vidro clear. O pavimento superior traz uma passarela com o mesmo tipo de vidro, sustentada por estrutura metálica revestida em aço inox. No home theater, do pavimento inferior, a tecnologia marca presença em uma parede de aproximadamente seis metros lineares, equipada com vídeo wall touch screen em sua totalidade. No segundo andar, estão a suíte master, os demais quartos e uma sala de fitness com equipamentos ultramodernos.

HOME THEATER Tecnologia marca presença em parede de seis metros equipada com vídeo wall touch screen no pavimento inferior do apartamento

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VIDRO Escada e caixa do elevador atiçam a curiosidade e não criam barreiras visuais para a contemplação das obras de arte do duplex

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Luxe. Reportagem

A suíte foi projetada com vista para a piscina, detalhe que torna o espaço bom para morar, além de admirar. O banheiro da suíte recebeu melhorias e também foi ampliado, transformando-se em uma sala de banho. Terraço No terraço externo, a arquiteta propôs uma cobertura metálica com vidro retrátil, que, mesmo fechada, permite que os ambientes sejam lavados de luz. O projeto de iluminação lançou mão de sancas, cortineiro iluminados e luminárias embutidas no forro de gesso, para proporcionar uma luz homogênea e bem distribuída. Para o mobiliário, Fernanda preferiu contar com peças de desenho marcante, que fossem, ao mesmo tempo, capazes de harmonizar com o conjunto. “Seguindo o projeto, optamos por móveis, quadros e equipamentos de maior porte, proporcionais ao tamanho dos espaços, de linhas retas e contemporâneas”, explica Fernanda. A escolha foi por móveis de design italiano. Couro, veludo, metal e vidro predominam. Entre os destaques, peças compradas de leilão, em Nova York, como a poltrona dos Irmãos Campana e a poltrona em aço inox curvado do designer Ron Arad. Essencialmente contemporâneo, o projeto está plenamente sintonizado com o seu tempo. O sistema de automação, que inclui luzes automatizadas, orientadas conforme a luminosidade do dia, é um espetáculo de comodidade. Ao cair da tarde, as luzes se ascendem de forma automática, conforme a programação do morador, criando o cenário perfeito, 58

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TRANSPARÊNCIA Pavimento superior traz uma passarela com vidro clear, sustentada por uma estrutura metálica revestida em aço inox 59

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Luxe. Reportagem sem desperdício de energia. O projeto apresenta diferenciações sem cair na armadilha da ostentação. E prova que para sustentar obras de arte não é preciso ser colecionador, basta que a peça agrade, provoque e atinja. Muito mais do que investimento, adquirir obras de arte é atribuir bom gosto, personalidade e história ao projeto residencial, desfazendo características de show room que acometem projetos muito técnicos. Conceito Fernanda Marques diz que não se preocupa em transmitir sensações, mas em criar condições para que elas possam se manifestar. “Isso é uma das possibilidades abertas pela arte, mas ela só se realiza quando se conhece bem o universo de cada cliente. E disso eu não abro mão”, conclui. A vida pede interferências, pausas para a contemplação. Tudo que é capaz de elevar o espírito e provocar sensações tem lugar garantido nos projetos atuais, que primam pela diferenciação. Pare um instante para refletir diante do admirável e perceba o quanto é recompensador. •

SACADA Do espaço cercado por vidro é possível contemplar das poltronas suspensas a paisagem de São Paulo com muito estilo e conforto

DESTAQUE Suíte do duplex foi projetada com vista para a piscina e recebeu melhorias transformando-se em uma sala de banho 60

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Luxe. Design Luminária Gradil Há versões de acabamento catuaba, freijó, laca fosca ou brilhante. Cúpula em acrílico branco. Empório Vermeil R$ 3.740

Poltrona Giramundo Com base em inox, é giratória e a capa em linho. Assinada pelo design Marcus Ferreira Decameron Preço sob consulta

Sofá Tin Com um braço tem a estrutura em aço com pintura epóxi preta. Assento fixo, almofadas de encosto e laterais soltas em jeans. Pode transformar-se em chaise. Ronconi R$ 1.880

Junco Poltrona New, feita de metal e junco. Peças fabricadas em fibras naturais valorizam o ambiente. Mobitá R$ 3.059

Bambu Pufe Yang Convexo é feito em bambu e junco naturais. Base é plana. Mede 45 x 45 x 45 centímetros. Mobitá R$ 1.097

Orbital Poltrona Orbital 3, feita com câmaras de pneu e lycra, designer de Pedro Franco A Lot Of R$ 12.300

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Aparador Da linha Boat, é feito em madeira teca provenientes de barcos que já navegaram pelo Oceano Índico há centenas de anos. Bali Express R$ 5.580

Banco Sleigh Da Ásia para o Brasil, o banco é produzido artesanalmente e tem detalhes em ferro. Tem 1,69 metro de comprimento por 81 centímetros de largura. Casa de Valentina R$ 9.490

Balacobaco A estrutura em ferro e assento tramado em lycra é segredo do sucesso das obras desenhadas pela Oferenda Design. Tem 1,10 metro de diâmetro por 85 centímetros de altura. A Lot Of R$ 2.970 Hashis Master Cane Conjunto de dois hashis plásticos e uma garça pink emborrachada que vai te ajudar a não passar vergonha por não saber usar os palitinhos. O Segredo do Vitório R$ 42

Puff Giorgio Com acabamento em carvalho ebanizado castanho ou branco, é indicado para projetos de decoração que apostam em design diferenciado. Empório Vermeil R$ 1.100

Diva Material do tampo em laca fosca Off White e acabamento lateral em freijó, mesa de centro tem 40 centímetros de altura e 1,40 metro de diâmetro. Vermeil R$ 6.990 63

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Luxe. Dicas “Quando penso em uma cozinha, sempre levo em consideração os equipamentos, a luz natural e a circulação. Essas definições geralmente determinam o tipo de acabamento e de cores que vou utilizar no projeto” De Leonardo Junqueira, arquiteto DICAS E TRUQUES • Para dar origem à cozinha ideal, três requisitos são fundamentais: funcionalidade, praticidade e beleza. Pesquise o melhor custo-benefício oferecido pelas lojas especializadas em mobiliário planejado. • Planejamento é a palavra-chave para a criação do ambiente. Identifique o que você espera da sua cozinha, qual será a sua utilização e quais são as suas necessidades. Cozinha gourmet, estilo americana, caipira, compacta, com fogão de ilha, há várias opções de formatos para escolher. • Antes de visitar a loja, tenha em mãos a relação completa de equipamentos que serão utilizados no ambiente, como fogão, geladeira, micro-ondas e máquina de lavar louças. Também leve a planta do espaço com suas respectivas medidas. • A cozinha não precisa necessariamente obedecer ao estilo decorativo do restante da casa. Você pode optar por uma cozinha mais contemporânea em ambientes clássicos e vice-versa. O que importa é atender ao seu gosto, suas necessidades e seu estilo. • Ao realizar o desenho do projeto, comece sempre pela circulação e a disposição dos equipamentos, passando depois para os acabamentos. • No planejamento da cozinha existe a localização ideal para equipamentos como geladeira, fogão, micro-ondas e outros. Chamado de “triângulo de trabalho”, o posicionamento desses eletrodomésticos obedece a uma lógica para que interajam melhor com o uso e com a circulação do ambiente. • A disposição dos móveis de cozinha deve privilegiar em primeiro lugar a funcionalidade e a praticidade, ou seja, tudo deve ficar à mão de maneira descomplicada e fácil de usar. • Pense em tudo o que você deseja guardar na cozinha para calcular a quantidade de armários. Os nichos devem obedecer aos equipamentos que serão instalados. Optar por materiais práticos, duráveis e de fácil manutenção são requisitos indispensáveis. • O espaço da despensa deve ter as dimensões compatíveis com o volume de material a ser guardado. Se a família for grande, a quantidade de mantimentos tende a ser maior, o que demanda mais espaço. • Para o revestimento do balcão, materiais como o granito, inox, e pedras industriais, como o Silestone, são práticos, bonitos e extremamente funcionais. • A luminosidade de uma cozinha merece atenção especial. O ideal é trabalhar com uma iluminação geral, geralmente de lâmpadas fria, e outra pontual, sobre bancadas de trabalho, com lâmpadas dicróicas. Profissional: Leonardo Junqueira Arquitetura Contato: (11) 3088-7778 ou 3088-7578 Site: www.leonardojunqueira.com.br 64

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Luxe. Estilo

guto requena GUTO REQUENA IMPRIME EM SEU TRABALHO DE CRIAÇÃO UMA LINGUAGEM BASTANTE PECULIAR, DE QUEM ENXERGA NA TECNOLOGIA A ADIÇÃO DE NOVAS CAMADAS POÉTICAS AO ESPAÇO. CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE ESSE ARQUITETO E APRESENTADOR DO PROGRAMA “NOS TRINQUES”, DO CANAL GNT, QUE TEM MUDADO O JEITO DE PENSAR A ARQUITETURA

1. Memory Chair, do designer japonês Tokujin Yoshioka 2. Desenho original do Tim Burton 3. Instalação interativa da dupla de arquitetas francesas do Eletronic Shadow Naziha Nestaoui e Yacine Kaci 4. Banco Girafa da arquiteta Lina Bo Bardi 5. Fotografias da artista plástica norte-americana Nan Goldin 6. Obras do artista e escultor americano Jeff Koons

Um carro: “Troco por uma bicicleta”. A afirmação do arquiteto paulista Guto Requena demonstra a sua preocupação com a sustentabilidade e com o destino das cidades. Sua reflexão sobre o futuro do design passa por diferentes escalas, como objetos, espaços, edifício e cidades. Uma casa: “Aquela com muitas plantas, que tenha vista e varanda. Preferencialmente, preenchida por amigos, família e muitas festas”. Para o arquiteto, especialista em habitação, esses atributos são responsáveis por tornar a casa um verdadeiro lar. Uma cidade: Berlim. A capital da Alemanha destaca-se como importante centro cultural europeu. Cosmopolita, a cidade transpira criatividade e efervescência vanguardista. Reduto da arte, Berlim transcende épocas e reúne estilos arquitetônicos que transitam entre o clássico e o contemporâneo. A cidade também fomenta seu lado sustentável ao conviver harmonicamente com o crescimento preservando as áreas verdes. Um designer: O japonês Tokujin Yoshioka, um ícone do traço contemporâneo. Ganhou notoriedade mundial ao criar traç a ca cadeira de papel, ‘Honey Pop’, em 2001. Reconhecido pelas formas minimalistas e padrões inovadores, Yoshioka pel destacou-se mais uma vez com a coleção Invisibles Light que des deu origem a peças de mobiliário, como poltronas, totalmente transparentes, com estruturas em linhas retas. me Um mobiliário: O banco Girafa, de1987, de Lina Bo Bar Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki. Feita em madeira de pinho-do-paraná, com assento redondo, encosto com form formato em T e três pernas fixas, a cadeira chama a atenção pela simplicidade das formas, sem deixar de instigar e popel ten tencializar seu desenho curioso. Um estilo arquitetônico: “Aquele que for coerente com U seu tempo e com o seu local”. Requena acredita nos espaços interativos, hiper-sensoriais, poéticos, contemporâneos, bem humorados e honestos. “Nosso foco é contribuir para a reflexão do design brasileiro contemporâneo e original, e buscamos, em nossos projetos, uma metodologia de criação aliada à prática de pesquisa onde o objetivo é o processo de projeto e não apenas seu resultado final”.Segundo ele, falta à arquitetura brasileira um olhar mais atento para as suas raízes. “E ao mesmo tempo não ter medo de ousar e nem de errar.

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Luxe. Ícone

Criador do mobiliário brasileiro DESIGNER SERGIO RODRIGUES ROMPE COM ESTILO FRÁGIL E DELICADO DOS MÓVEIS DA DÉCADA DE 50 PARA PROPOR FORMAS MAIS ROBUSTAS QUE ESBAJAM BRASILIDADE E CONFORTO

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temporais e incomparáveis, os móveis criados pelo mestre do design Sergio Rodrigues mudaram para sempre as convenções de uma época influenciada por modismos estrangeiros. Considerado o criador do mobiliário autenticamente brasileiro, ele rompeu com o estilo frágil e delicado que caracterizava os móveis até meados da década de 50, para propor formas mais robustas, com peças generosas de madeira maciça, que esbanjam brasilidade

Por Daniela Borges Foto Cortesia

e privilegiam o conforto. Desbancou a predominância dos “pés palito” ao inventar, em 1957, a preguiçosa Poltrona Mole, peça cultuada pela nova geração de arquitetos no Brasil e no mundo, e que ganhou status de obra de arte ao integrar o acervo permanente do MoMA (Museum of Modern Art de Nova York). Arte e talento, aliás, que fazem

parte do DNA desse carioca, filho do pintor modernista Roberto Rodrigues e sobrinho do jornalista e dramaturgo Nélson Rodrigues. Hoje, aos 85 anos, mantém a sua atividade criativa com foco na originalidade, marcas inconfundíveis de sua rica e premiada trajetória projetual. De seu ateliê em Botafogo, no Rio de Janeiro, rodeado por muitas de suas criações, Rodrigues acompanha a produção de suas obras. De lá, o designer concedeu a seguinte entrevista exclusiva à Luxe.

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Arquitetos consagrados no país na atualidade, como João Armentano e Olegário de Sá, citam Sergio Rodrigues como o melhor designer de móveis de todos os tempos. Como é para o senhor ser uma referência para a “nova” geração de profissionais? Como lida com isso? « Fico muito feliz por ser reconhecido por colegas formadores de opinião, como os citados em sua pergunta. Porém, aceito esses elogios com muita humildade e alegria por ter contribuído para o reconhecimento do design brasileiro no mundo. O senhor é arquiteto de formação, mas o que o levou a desenhar móveis? « Por ter notado, quando dos primeiros contatos com a nova arquitetura brasileira, que havia uma grande defasagem entre esta arquitetura e seu interior, que era sempre preenchido por móveis estrangeiros. É preciso ser arquiteto para ser um bom designer de móveis? Qual é a sua relação com a profissão? « Não creio que seja essencial ser arquiteto para ser um bom designer, porém a formação do arquiteto facilita, sem dúvida, na profissão de designer. Tenho muitos projetos executados de casas pré-fabricadas feitas de madeira. Quais são as suas principais referências? O que o inspira a criar? « Foram os móveis criados pelos designers nórdicos e italianos. A inspiração surge inesperadamente. O senhor valoriza mais a forma ou o conforto? Crítica ou público? « Tanto a forma como o conforto são fundamentais. Desenho para o público, porém a crítica é indispensável por ser formadora de opinião. Como funciona seu processo de trabalho. O senhor costuma acompanhar a produção de suas peças? « Costumo acompanhar desde a fabricação do primeiro protótipo, até a execução final.

A característica artesanal de seus móveis ajuda ou prejudica a produção e venda? « Podem prejudicar a produção por serem desenhos mais elaborados, porém ajudam na venda por serem consideradas peças especiais. Os itens de mobiliário criados pelo senhor recebem alguns nomes curiosos, como Aspas Chifruda, Diz e Moleca. Alguns móveis têm nomes próprios, como Odilon, Stella, Drummond e Oscar. Como é feita a escolha dos nomes? « Grande parte deles são homenagens a pessoas queridas ou a clientes muito especiais. Entre as suas criações, há algum modelo que teve uma história curiosa? « As poltronas que criei para o auditório dos “candangos” na Universidade de Brasília a pedido de Darcy Ribeiro, que se transformou numa aventura que até hoje me emociona. [Nota: O antropólogo Darcy Ribeiro, foi idealizador, fundador e primeiro reitor da UnB (Universidade de Brasília), em 1962]. Das suas peças, qual é a sua criação predileta? « A Poltrona Mole, por ter se tornado um marco do mobiliário contemporâneo. A que o senhor atribui o sucesso dessa peça? O que mais lhe agrada nela? « A Poltrona Mole (também conhecida como Sheriff, principalmente no exterior) fugiu ao padrão de tendência da época e criou uma nova maneira de sentar. O que mais me agrada nela é o conforto e a sensação de total despojamento e informalidade. O que significa para o senhor ter uma de suas criações expostas no MoMa? E para o design brasileiro? « Quando recebi o primeiro prêmio em Cantù (Concurso Internacional do Móvel em Cantù, na Itália), em 1961, fiquei emocionado, e soube da repercussão pela mídia internacional. Quando recebi a notícia do MoMA para a utilização da “Mole” para exposição permanente, entre os grandes do design mundial, percebi que

a repercussão seria bem maior e a emoção foi 100 vezes superior, não há dúvida. Acredito que essa distinção deva ter causado orgulho entre os designers nacionais e estou aguardando a notícia de outros brasileiros fazendo parte da coleção do MoMA! Como o senhor analisa a criação de mobiliário hoje? « A nova mentalidade dos nossos industriais, o número elevado de publicações especializadas de boa qualidade, e o incentivo proporcionado pelos mais variados concursos e exposições tem dado oportunidade aos novos designers de manifestar sua criatividade. Já o cenário criativo no Brasil, considero, nesse aspecto, que anda de vento em popa. Sergio Rodrigues, tem algum designer que o senhor apontaria como promissor? « Estaria sendo injusto se apontasse um só nome, pois existem vários designers promissores.

« Toda a importância, por ter participado em todos os momentos de minha criação. O Brasil nunca esteve tão na moda. O senhor acha que demorou para o país ganhar o destaque e reconhecimento que sempre mereceu? « Em termos de design sim, mas na arquitetura e outras artes não. Qual é o futuro do design? Se o senhor fosse criar uma peça hoje, como ela seria? Que materiais utilizaria? « No mundo de hoje, em transformação, é difícil projetar para o futuro, porém, se criar uma peça hoje, ela manterá as mesmas características, usando a madeira sempre e novos materiais que por ventura me agradem. O senhor acompanha os lançamentos da Feira Internacional do Móvel de Milão? « Sim, acompanho e acho algumas soluções novas maravilhosas

“Fico muito feliz por ser reconhecido por colegas formadores de opinião, como os citados em sua pergunta. Porém, aceito esses elogios com muita humildade e alegria por ter contribuído para o reconhecimento do design brasileiro no mundo” Sim, entendo, mas sempre há alguns nomes para se “ficar de olho”. Quais profissionais do setor merecem um olhar mais atento para aquilo que eles têm produzido? « Citaria Zanini de Zanine, Lia Siqueira, Ivan Rezende, Fernando Mendes, Jader Almeida e muitos outros que merecem destaque pelo trabalho que vêem desenvolvendo em prol do design. Diante de sua trajetória riquíssima, o senhor sente nostalgia de algo em especial? O que lhe dá saudades? « Nostalgia do tempo em que possuía minha fábrica, o que me proporcionava grande prazer em participar da execução dos protótipos. O senhor sempre acreditou no potencial criativo brasileiro, no uso dos materiais nacionais. Qual importância a cultura brasileira teve nas suas criações?

e outras sem nenhum valor. Como era a relação entre o senhor e o designer José Zanine Caldas, com quem manteve uma fábrica de móveis em São José dos Campos no final da década de 40? « A nossa relação sempre foi de respeito profissional e de grande e fraterna amizade. Em sua opinião, o que uma peça de mobiliário deve ter para ser considerada uma obra de arte? « Originalidade, deve ser ergonomicamente bem resolvida, ter beleza e, se possível, características culturais. Quais são os projetos profissionais para 2012? « Estou desenvolvendo uma linha de mobiliário para exterior. Também ando estudando modelos de assentos pequenos e confortáveis, sofás e camas. •

Nome: Sergio Rodrigues Naturalidade: Rio de Janeiro Estado Civil: Casado Formação: Faculdade Nacional de Arquitetura do Rio de Janeiro (hoje FAU/ UFRJ), em 1952 Carreira: Auge se deu nas décadas de 1950 e 60, quando conseguiu forjar o conceito de brasilidade no design de móveis 69

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Luxe. Conteúdo

expediente DIRETOR RESPONSÁVEL FERDINANDO SALERNO DIRETORA ADMINISTRATIVA SANDRA NUNES EDITOR-CHEFE MARCELO CLARET EDITOR-ASSISTENTE ADRIANO PEREIRA EDITOR DE FOTOGRAFIA FLÁVIO PEREIRA DIAGRAMAÇÃO DANIEL FERNANDES COLABORADORES Textos: DANIELA BORGES, RODRIGO MACHADO E SILVANA MARIA ROSSO Fotos: ALEXANDRE KID, DEMION GOLOVATY, FRAN PARENTE E LEONARDO FINOTTI CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@revistaluxe.com PUBLICIDADE CRISTIANE ABREU, MELLISE CARRARI, TATIANA MUSTO E VANESSA CARVALHO comercial@revistaluxe.com (12) 3202-4000 A revista Luxe. é uma publicação trimestral da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Todos os direitos reservados. É proibida a sua reprodução total ou parcial. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202-4000 PARA FALAR COM A REDAÇÃO Tel.: (12) 3909-4600

A Lot Of Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 256, Pinheiros São Paulo - SP - Tel.: (11) 3068-8891 Anavilhana www.anavilhana.com.br Armando Cerello Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1264, Jardim Paulistano São Paulo - SP - Tel.: (11) 3085-3400 Bali Express Estrada do Camburizinho, 974, Camburi São Sebastião - SP - Tel.: (12) 3865-2055 Bertolucci Rua Espártaco, 367, Lapa São Paulo - SP - Tel.: (11) 3873-2879 www.bertolucci.com.br BBtrends Avenida Roque Petroni, 1089 - Shopping Morumbi São Paulo - SP - Tel.: (11) 5189-4975 Avenida das Nações Unidas, 4.777 - Shopping Villa Lobos São Paulo - SP - Tel.: (11) 3024-3976

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Lista de Casamento

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