edição 7

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Ao Senhor Deus, toda a honra e toda a glória.

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Número 7 - Maio 2011

Um toque de simplicidade entrevista de Bruno Contarini Um dos principais especialistas em construção de pontes e viadutos do Brasil

A Alegria do Circo e o conceito inovador do Restaurante Alecrim Dois segmentos diferentes são os TFG’s selecionados de Lis Valladares e Bruna Eckhardt para esta edição

SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS A galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional

Lições do JAPÃO e da ALEMANHA ASPÁSIA CAMARGO

Maio 2011• MEMO online | 1


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

PREMAG – Sistema de Construções Ltda.

WW.PREMAG.COM.BR 21 2633-9933

Edifício La Brisa - Praia de Piratininga, 3630 - Niterói-RJ

2 | MEMO online • Maio 2011


OBRAS AMBIENTALMENTE CORRETAS

Cimbramento e Fôrma Vista superior

Edifício La Brisa - Praia de Piratininga, 3630 - Niterói-RJ

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL PRÊMIO “TOP IMOBILIÁRIO 2009”


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Prof. Roberto de Sousa Salles - Reitor Escola de Engenharia - TCE Prof. Hermano José Oliveira Cavalcanti - Diretor Departamento de Engenharia Civil - TEC Prof. Eduardo Valeriano Alves - Chefe Diretor da Editora EDUFF Prof. Mauro Romero Leal Passos

A Revista MEMO é uma publicação

dedicada principalmente à Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente, que faz a integração do meio acadêmico com o mercado. Isso é traduzido em cada publicação, que terá em sua estrutura: artigos

Fundação Euclides da Cunha Presidente: Miriam Assunção S. Lepsch

técnicos científicos, ensaios e resenhas, visando levar ao leitor assuntos abrangentes, como novas técnicas,

Rua São Pedro 24 Grupo 801 Centro - Niterói / RJ - CEP: 24020-050 TEL: (21) 2109-1661

projetos acadêmicos, profissionais e o cotidiano da construção, bem como aspectos voltados para sustentabilidade e meio ambiente.

A publicação é composta por uma equipe

de professores, estudantes, profissionais e técnicos que buscam temas de interesse da sociedade, tendo ISSN 2179 533 9

Editor: Prof. Luiz Alberto Marques Braga Pardal Conselho Editorial:

como berço o Departamento de Engenharia Civil TEC, da Escola de Engenharia TCE, da Universidade

Presidente: Prof. Francisco José Varejão Marinho

Federal Fluminense - UFF e gerenciada pela Fundação

Conselheiros – Arquitetura:

Euclides da Cunha - FEC.

Profª. Luciana N. Diniz e Prof. Luiz Renato Bitencourt Silva Conselheiros – Engenharia: Prof. Manoel Isidro de Miranda Neto, Prof. Cláudio Ribeiro Carvalho, Prof. Luiz Carlos Mendes e Prof. Rômulo Silva Conselheiros - Meio Ambiente: Prof. Antonio Carlos Moreira da Rocha e Prof. Dalton Garcia de Mattos Junior Assessoria Jurídica: Dr. Carlos Augusto Rabelo Vieira Secretaria: Débora dos Santos Sanábio Barreto

Com 20 mil exemplares e distribuição

nacional e internacional, a Revista MEMO é apresentada em tamanho 20,5 x 27,5cm com 92 páginas impressas em policromia e papel de alta qualidade. A publicação também está disponível em formato digital, com acesso pela web.

Jornalista Responsável/Revisão: Júlio Santos Correspondente Internacional: Leandro C. Almeida – Arq. EUA Direção de Arte: Galiana Le Diagon Produção Web: Igor Belchior Produção Gráfica: Jorge Gama Editora: Synergia Editora Tiragem: 20 mil exemplares Distribuição: nacional e internacional, também apresentada em forma digital, com acesso pela web. 4 | MEMO online • Maio 2011

Revista MEMO Rua Passo da Pátria 156, Bl. D, sala 461 - TEC São Domingos - Niterói - RJ CEP: 24210-240 - Tel.: 21 2629-5447 Email: contato@revistamemo.com.br WWW.REVISTAMEMO.UFF.BR


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12. Um toque de SIMPLICIDADE | Entrevista de BRUNO CONTARINI | Engenheiro Civil 22. Fazendo jorrar a “ÁGUA ESCONDIDA” | Reportagem com DANTE LUVISOTTO | Diretor da Águas de Niterói 32. O APROVEITAMENTO múltiplo do RIO PARAÍBA do SUL | Professor JOSÉ FERNANDES SENNA | Ex-Chefe do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF) 38. Certificado de SUSTENTABILIDADE para a Construção Civil | Professora ANA L. T. SEROA DA MOTTA | UFF 44. ESCOLA NACIONAL DE CIRCO de Niterói | Trabalho Final de Graduação (TFG) | LIS COELHO VALLADARES | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF 56. Plantas na RECUPERAÇÃO DE MANGUES | LUIZ FRANCISCO FONTANA e MIRIAN A. C. CRAPER | Professores de Pós-Graduação em Biologia Marinha | UFF 62. Lições do JAPÃO e da ALEMANHA | ASPÁSIA CAMARGO | Deputada Estadual do Partido Verde – RJ 68. SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional | ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Professor da Estácio de Sá – Rio de Janeiro 74. No “REINO do FAZ DE CONTA” nasceu, fadado ao SUCESSO, o “CONDOMÍNIO RESIDENCIAL FECHADO” | DR. CARLOS AUGUSTO RABELO VIEIRA | Assessor Jurídico da Revista MEMO 80. Procura-se ENGENHEIROS | Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO 84. Projeto ALECRIM - O Restaurante da Alimentação Viva em Itacoatiara | Trabalho Final de Graduação (TFG) | BRUNA ECKHARDT | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF Maio 2011• MEMO online | 5


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Uma dupla alegria A edição da Revista MEMO que está nas suas mãos nos brinda com uma dupla alegria. Isto porque, logo de cara, abre com uma entrevista exclusiva com o mestre Bruno Contarini, engenheiro civil e projetista que carrega na bagagem uma carreira de 50 anos de trabalho. Bruno reúne, por exemplo, a criação de projetos estruturais para uma série de obras com o arquiteto Oscar Niemeyer. A lista inclui, entre outros, o Palácio Alvorada, o Edifício da Universidade de Brasília e o Museu de Artes Contemporâneas de Niterói, no Brasil, e, no exterior, a Editora Mandodori de Milão, na Itália, e a Embaixada do Brasil na Argélia. Tudo feito sempre com um toque de simplicidade para projetar ou executar uma obra, o que lhe rende a marca de ser um dos maiores especialistas em construção de pontes e viadutos do país. Na entrevista, ele fala de projetos que têm o seu toque, como a construção da Ponte Rio-Niterói e o Elevado do Joá, no Rio de Janeiro. A segunda alegria vem com a qualidade dos Trabalhos Finais de Graduação (TFGs), como o de Lis Coelho Valladares, que carrega a proposta de levantar as lonas para a Escola de Circo de Niterói. Muito mais do que propor uma nova localização para a Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro, que já vagou por vários rumos desde que saiu do tradicional bairro da Praça da Bandeira, ela criou um projeto mágico, em todos os sentidos, que precisa contar com o apoio de todos para virar realidade, e tirar o circo da corda bamba. Outro bom exemplo é o trabalho de Bruna Eckhardt, com o projeto de construção de um restaurante baseado na filosofia da “Raw Food” (que prega a integração do homem com a natureza), na Região Oceânica de Niterói. Ao projetar uma construção que se destacasse na paisagem pelos traços arrojados e contemporâneos sem perder o charme rústico, ela acertou em cheio no alvo da “alimentação viva”. Aliada a esta alegria pela qualidade dos trabalhos de graduação, a Revista MEMO abre um bom espaço para refletir sobre temas que estão aí no nosso dia-a-dia, passando pela energia, meio ambiente e hidronavegação, entre outros. É o caso do artigo da deputada estadual Aspásia Camargo, do Partido Verde do Rio de Janeiro, sobre energia nuclear. Sem dúvida, a questão, depois do acidente de março deste ano em Fukushima, no Japão, fará governos de diversos países repensarem o futuro de suas políticas energéticas. Com tantos atrativos, a Revista MEMO deseja para você uma boa leitura!

O EDITOR

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Em fevereiro de 2011, atendendo ao convite do Magnífico Reitor Professor Roberto de Souza Salles, ao assumir a presidência da Fundação Euclides da Cunha, sabia do desafio que me aguardava. Talvez o mais difícil da minha carreira funcional. Pensei muito antes de decidir, mas como minha vida sempre foi recheada de desafios, resolvi aceitar mais este. Minha decisão foi calcada na expectativa de ter condições para desenvolver as atividades necessárias ao bom andamento da Fundação. Como ainda não havia atuado no ambiente de fundação, procurei obter junto a profissionais com perfis acadêmico e técnico, que possuíssem vasta experiência em gestão de fundações, auxílio no sentido de desenvolver um trabalho profissional para proporcionar uma nova roupagem à gestão da Fundação. A ideia então foi elaborar um diagnóstico de gestão e, para isso, contratar uma consultoria experiente e conceituada, cuja equipe não tivesse qualquer relação com a UFF ou a FEC, buscando a neutralidade do estudo, a ser apresentado no período de três a quatro meses. Já nas primeiras semanas, a consultoria apresentou sugestões e orientações que auxiliaram no melhor entendimento das dificuldades enfrentadas, permitindo a tomada de algumas decisões com o objetivo de ajustar procedimentos relevantes ao desempenho da Fundação. Após três meses à frente da FEC, com o apoio da consultoria, colaboração, direta e indireta, dos coordenadores e empenho dos funcionários, as primeiras mudanças começam a surgir. Aos poucos a equipe está sendo estruturada, permitindo a correção do fluxo das atividades e a implementação da nova proposta de trabalho. Na busca de adequação e melhoria da gestão, diversos pontos merecem atenção, dentre eles: controle das áreas Financeira, Contábil, Patrimonial, Recursos Humanos, Projetos e Tecnologia da Informação. Além disso, problemas de infraestrutura física para desenvolver melhor as atividades e também para receber o público da Fundação, especialmente os coordenadores de projetos. Desde o início da gestão foram tomadas algumas decisões, como o afastamento e reintegração de funcionários; alteração de procedimentos; corte de algumas despesas; revisão de alguns contratos; reestruturação da Assessoria de Comunicação e Marketing; implantação de Assessoria Jurídica própria; proposta de nomeação de novo Diretor Administrativo e Financeiro; ocupação do cargo de Superintendente; ajuste da área de importação e compras. Com o objetivo de oferecer um atendimento adequado aos coordenadores e à comunidade universitária em geral, investindo em qualidade, qualificação e conhecimento técnico, nosso planejamento contempla, entre outras ações: elaboração do plano de cargos e salários; criação de regras para o ingresso de estagiários e funcionários; auditoria de gestão para os exercícios de 2009 e 2010; instalações físicas adequadas; desenvolvimento de projetos internos voltados às áreas de Treinamento e Qualidade de Vida; e a criação de programas que visam aproximação com o corpo discente e maior apoio ao corpo docente e técnico da UFF. São muitas as ações e certamente, com o trabalho em equipe, conquistaremos os objetivos propostos. Desta forma, atenderemos aos anseios da Universidade, em concordância com a mudança desejada pelo Magnífico Reitor. Cordialmente, Miriam Assunção de Souza Lepsch

Presidente da FEC - Fundação Euclides da Cunha

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Produção ACADÊMICA, soluções inovadoras No campo da Arquitetura e do Urbanismo, raros são os momentos em que os projetos finais de nossos alunos ultrapassam os limites dos campi. Por diversas razões, os resultados dos trabalhos de conclusão de cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo são conhecidos, quase que exclusivamente, pelos membros da comunidade acadêmica. As contribuições decorrentes desses trabalhos, que trazem propostas e soluções para questões concretas do cotidiano da sociedade, ficam, desse modo, arquivadas, em papel ou meio digital, para consulta de pesquisadores e de outros alunos. Não que se trate de projetos irrelevantes ou distanciados da realidade, pelo contrário. Simplesmente não há uma divulgação que possibilite o (re)conhecimento dessa produção realizada no âmbito da Academia. No caso da universidade pública, em que a formação dos alunos é paga pela sociedade, a ausência de mecanismos que possibilitem a ampla divulgação do que foi produzido é, sob certos aspectos, ainda mais lamentável, uma vez que essa produção poderia representar, também, um retorno adicional do investimento realizado pelo país na formação de novos profissionais. Esclareço que não se trata de promover uma disputa, injusta, diga-se, com os profissionais que atuam no mercado. Não se pretende concorrer com arquitetos e urbanistas. Seria, no mínimo, antiético, pois não existem os riscos a correr no exercício profissional cotidiano, aluguéis a pagar, equipamentos a comprar, pessoal a remunerar, além de taxas e impostos, graças ao uso de uma estrutura mantida pelos recursos públicos. Não é desse tipo de prática “capitalista à brasileira”, em que ganhos são privatizados e perdas socializadas, de que estou falando. Falo de uma produção acadêmica que aponta para soluções inovadoras, abordagens incomuns e desenvolvimento de temas pouco palatáveis ao mercado profissional. Essa produção precisa ser divulgada para que setores mais amplos da sociedade a conheçam e, quem sabe, possam se apropriar desse esforço intelectual de nossos alunos e professores. A Revista MEMO, em boa hora, cumpre um importante papel ao apresentar a produção de nossos, agora, ex-alunos para um público mais amplo. Ainda que focada no campo da Arquitetura e das Engenharias, esta revista certamente alcançará outros leitores, e também internautas, além daqueles que convivem conosco na universidade. São gestores públicos, empresários, membros de organizações não-governamentais, em síntese: todo um público que jamais teria acesso ao que foi produzido pelo conhecimento, empenho e talento de nossos alunos. É uma iniciativa importante e que, esperamos, deve prosseguir. Quanto aos projetos de nossos alunos, que serão apresentados nas próximas páginas, não entrarei aqui em maiores detalhes. Afinal, a surpresa também faz parte do espetáculo. Apenas convido para confirmar do que esses jovens arquitetos e urbanistas são capazes.

Professor Gerônimo Leitão Diretor da Escola de Arquitetura UFF

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WWW.REVISTAMEMO.UFF.BR

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

No intuito de contribuir, somar e multiplicar conhecimento, toda a Revista MEMO, além de ser distribuída gratuitamente, está disponível na internet. No nosso endereço WWW.REVISTAMEMO.UFF.BR, você encontrará, na íntegra, todo o conteúdo das matérias e fotos de cada edição, além de detalhes de projetos e publicações.

Não deixe de nos acessar. Interaja e participe conosco!

Entrevista de Bruno Contarini | Engenheiro Civil

TFG’s de Lis Valladares e Bruna Eckhardt: A Alegria do Circo e o conceito

Com uma carreira de meio século nas áreas de

inovador do Restaurante de Alimentação Viva que

projeto e execução de obras, e suas soluções simples.

inspirou o projeto Alecrim

A receita que rendeu-lhe a marca como um dos

Dois conceitos e segmentos diferentes são os projetos

principais especialistas em construção de pontes e

selecionados para esta edição da Revista MEMO.

viadutos do Brasil. Página 12

Imperdível! Páginas 44 e 84

Lições do Japão e da Alemanha:

Serviços dos ecossistemas:

os recentes incidentes colocam em pauta a questão

a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada

de se repensar a segurança das usinas nucleares

pela economia tradicional

Um momento oportuno para se debater a importância

Na era de se pensar a urgência de novos conceitos

das “enegias limpas”. ASPÁSIA CAMARGO |

que agreguem sustentabilidade. ROBERTO DA

Deputada Estadual do Partido Verde – Rio de Janeiro.

ROCHA E SILVA | Professor da Faculdade Estácio de

Página 62

Sá – Rio de Janeiro Página 68

Um toque de simplicidade

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Vida longa Prof. Pardal, gostaria de lhe dar os

Continuidade Recebemos e agradecemos o título:

parabéns pela realização da Revista MEMO. Já tive

Revista MeMo, nº 6, de 2010. Manifestamos o desejo

com a revista em mãos e fiquei encantado com o

de continuar recebendo os próximos números, bem

resultado. Fico feliz por ter participado, mesmo que

como os anteriores que serão enviados para a nossa

muito inicialmente, da construção desse projeto. Mais

Biblioteca de Ciência e Tecnologia.

uma vez, parabéns e vida longa à Revista MEMO!

Gladston José Cordeiro - Seção de Intercâmbio

abraços, Adriano Tavares Edições

anteriores

Com

muita

satisfação

Parabéns!!! Gostaria de parabenizar a equipe

agradecemos o recebimento da edição nº 6 da Revista

editorial da revista pela iniciativa empreendedora e

MEMO. Gostaríamos de aproveitar a oportunidade

que acrescenta conteúdo na produção acadêmica

e solicitar a doação de edições anteriores e pedir

de nossa Universidade com uma publicação de

a inclusão da biblioteca de nossa instituição em

excelente qualidade de diagramação, fazendo votos

sua lista permanente de

que cresça o número de colegas professores no apoio

Carmem Lúcia Rubin - Bibliotecária - Biblioteca da

à geração de artigos para publicação.

Arquitetura da UFF

Saudações acadêmicas, Fernando -

Professor

Associado

do

Beiriz

Departamento

doações. Agradecemos.

DSc. de

Engenharia de Telecomunicações

Sugestão de pauta

Senhores, gostaria de

parabenizar pela excelente revista. Com certeza, mais um canal de divulgação do pensamento relacionado

Boa impressão! Por acaso conheci hoje a Revista

à Engenharia/Arquitetura e à sociedade. Sugiro

MEMO nº 6, de dezembro de 2010. Como professor

a redação que, em matérias futuras, destacasse

adjunto aposentado, e ex-aluno da Escola Fluminense

algum projeto ou dissertação que esteja sendo feito

de Engenharia, turma de 1959, me senti orgulhoso,

nas comunidades populares de Niterói (ex. Morro

mais uma vez, de pertencer de alguma forma à UFF.

do Cavalão). Falo isso porque estou fazendo um

Além de conter material interessante abordado de

trabalho sobre a questão ambiental e sanitária do

forma leve e com fotografias e papel de qualidade,

Morro do Cavalão, e descobri que existem poucos

a revista abre espaço para uma maior integração da

trabalhos acadêmicos sobre a importância da

academia com a sociedade. Solicito a minha inclusão

dinâmica espacial das comunidades de Niterói,

como destinatário de próximos números.

principalmente as populares, que, na maioria das

Parabéns! Ronald Young

vezes, só são notícias com cunho pejorativo (área da violência). A revista nº 6 trouxe uma reportagem

Qualidade Soube da Revista MEMO pelo professor

sobre a transformação da moradia na favela da

Antonio Carlos da Rocha, doutorando (Uerj).

Rocinha. Por que também não fazer uma reportagem

Quero parabenizar a todos que participam desta

com aqueles que pesquisam as

publicação, que já nasce madura no sentido da

como exemplo, do Morro do Cavalão, Estado,

qualidade dos textos, não apenas esteticamente, mas

Cotia, Palácio, Chácara, Vital Brasil, Grota, Souza

pelos conteúdos dos artigos. Luis

Soares etc? À disposição, e obrigado pela atenção

Fernando de Oliveira Gutman, engenheiro químico

dispensada. Vagner Fia Oliveira - Geógrafo -

(IME-74) - Petrobras

Servidor do CREA - RJ

principalmente

comunidades,

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Um toque de SIMPLICIDADE BRUNO CONTARINI | Engenheiro Civil

Com uma carreira de meio século nas áreas de projeto e execução de obras, o engenheiro Bruno Contarini gosta de soluções simples. A receita rendeu-lhe a marca como um dos principais especialistas em construção de pontes e viadutos do Brasil Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO Quem sente o prazer de ter nas mãos o currículo vitae do engenheiro Bruno Contarini logo vê que o conteúdo vale muito mais do que uma entrevista. Um livro talvez seja a melhor mídia para transmitir o conhecimento de um profissional da mais alta estirpe da Engenharia brasileira, como provam seus 50 anos de trabalho. Com Oscar Niemeyer, desenvolveu projetos estruturais para uma série de obras no Brasil e no exterior. A lista inclui, em solo brasileiro, o Palácio Alvorada, o Teatro e a Plataforma Rodoviária de Brasília, o Edifício da Universidade de Brasília, o Tribunal Superior de Justiça (STJ) e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ). Fora do País, a Editora Mandodori de Milão, na Itália, a Universidade de Constantine, em Argel, e Embixada do Brasil na Argélia, para onde foi para montar um escritório e acabou ficando longos 18 anos.

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Além da assinatura de obras com o toque artístico de

doutorado porque tinha que trabalhar. Em Brasília, a

Niemeyer, Bruno Contarini tem uma marca própria

gente começava o trabalho às 7 horas da manhã e ia

como um dos maiores especialistas brasileiros em

até às 8 horas da noite, todos os dias, e no domingo,

pontes e grandes estruturas e portos de mar, rios

até o meio-dia. Não tinha tempo para fazer mestrado

e canais. Na bagagem traz, por exemplo, a ponte

ou doutorado”, conta ele, que comanda a Bruno

sobre o Rio Tocantins em 1960, a Ponte Rio-Niterói

Contarini Engenharia, lembrando a época de boom

e o Viaduto do Joá, que liga os bairros de São

na construção civil brasileira.

Conrado e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Seja

Com inúmeros prêmios e a experiência de meio

num ou noutro caso, o segredo deste engenheiro

século de trabalho, Bruno Contarini não pode dar

civil formado, em 1956, pela Escola Nacional

aula por não ter tais títulos. Na Pontifícia Universidade

de Engenharia da Universidade do Brasil com

Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), foi por 15 anos

especialização em Arquitetura, está em fazer tudo

professor fazendo Protendido. E o engenheiro lança

com muita simplicidade.

um desafio:

“Eu gosto de fazer as coisas fáceis. Não gosto de

“Tire o Mário Franco do circuito, duvido que exista

fazer nada complicado”, destaca Bruno Contarini,

um professor que tenha mais experiência do que eu

que junto com Mario Franco, é um dos dois únicos

em obras. Não posso passar a experiência de anos

engenheiros brasileiros citados na Enciclopédia Delta

para os alunos. Isso me chateia bastante”, desabafa

Larousse. Curtido em canteiros fazendo projetos

o engenheiro que, nesta entrevista exclusiva para

e executando obras, ele sente muita falta de um

a Revista MEMO faz um histórico de sua trajetória

lugar que considera muito especial: a sala de aula,

e fala sobre o know how da Engenharia do País,

de onde está distante há uns 30 anos por não ter

destacando projetos como o da Ponte Rio-Niterói e o

mestrado nem doutorado. “Não fiz mestrado e nem

trabalho de recuperação do Viaduto do Joá.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Revista MEMO - O currículo do senhor, na verdade,

na prova oral, pois seria primeiro também. Comecei

é quase um livro. Os seus 50 anos de trabalho na

a pegar as disciplinas todas, como Resistência de

área de Engenharia não deixam dúvidas. Como foi

Materiais, que é uma das mais críticas da escola, e

o começo desta longa trajetória?

tive 10 na prova. O professor convidava os melhores

Bruno Contarini - Eu me formei, em 1956, pela

alunos para trabalhar no escritório dele, que era

Escola Nacional de Engenharia da Universidade do

especializado em cálculo estrutural. Trabalhei um

Brasil, numa época em que o País precisou muito de

ano e meio, saindo depois para outro escritório de

engenheiros, no período de governo de Juscelino

cálculo, só que voltado para área de protensão. Assim

Kubitschek. Não fiz mestrado e nem doutorado

comecei a fazer protendido como aluno Então, já sai

porque tinha que trabalhar. Em

da escola formado e empregado,

Brasília, a gente começava o

fazendo protendido. Na época,

trabalho às 7 horas da manhã e ia até às 8 horas da noite,

Com o trabalho de cálculo

já pegamos uma série de obras importantes como o Hipódromo

todos os dias, e no domingo,

dos projetos, fiz amizade e

de Cristal, em Porto Alegre (RS),

até o meio-dia. Este era o

criei intimidade com o Oscar.

até que saiu Brasília. A Rabelo me

ritmo de trabalho em Brasília,

Um dos primeiros projetos

levou para fazer as obras dela em

foi o Teatro de Brasília, uma

Brasília. Com isso, peguei a parte

grande obra que tínhamos

de cálculo e de execução também.

seis meses para fazer, desde

Trabalhei com muita execução e

onde

foram

feitas

muitas

obras, dando uma confiança ao

engenheiro

brasileiro.

Fizemos várias obras, como a Ponte do Tocantins, que foi recorde mundial na época; a

o projeto original do Oscar até a sua execução

programação de obras. Sou um dos poucos engenheiros que faz projetos e execução de obras.

ponte de Foz do Iguaçu (Ponte da

Amizade),

na

Revista MEMO - Como surgiu a

ocasião

similar ao recorde mundial. Enfim, existia trabalho

possibilidade de trabalhar com o arquiteto Oscar

para os engenheiros, com salário bom. Esta época

Niemeyer?

foi muito boa para toda a engenheira, com um boom

Bruno Contarini - O contato com o Oscar Niemeyer

de construções.

surgiu quando trabalhava na Rabelo, em Brasília, que fez muitas obras como o Palácio do Alvorada,

Revista MEMO - Por que trabalhar com cálculo

o Supremo Tribunal Federal, o Teatro de Brasília, a

estrutural?

Universidade de Brasília e a Plataforma Rodoviária.

Bruno Contarini - Sempre tive muita facilidade em

Com o trabalho de cálculo dos projetos, fiz amizade

Matemática. Fui um dos primeiros alunos da turma,

e criei intimidade com o Oscar. Um dos primeiros

não precisando fazer nenhuma prova oral nos

projetos foi o Teatro de Brasília, uma grande obra

cinco anos de universidade. Só fui terceiro lugar

que tínhamos seis meses para fazer, desde o projeto

no Vestibular porque um professor me deu nota 3

original do Oscar até a sua execução. Enquanto ele

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

fazia o projeto arquitetônico, nós cuidávamos da

também foi feito em 45 dias. Esses são exemplos de

estrutura e da execução da obra. Depois pegamos

grandes obras.

uma série de obras em Brasília e construção de edifícios, como o Tribunal Federal de Recursos, o

Revista MEMO - E por falar em grandes obras, o

Tribunal Regional Federal, o Ministério de Relações

senhor também trabalhou no projeto de construção

Exteriores e o Supremo Tribunal de Justiça (mais

da Ponte Rio-Niterói. Qual foi o desafio de construir

recente), além de dar assistência a obras de execução

uma ponte de pouco mais de 13 quilômetros de

de projetos como o Palácio Alvorada. No Alvorada,

extensão sobre a Baía de Guanabara?

por exemplo, já fiz muita intervenção para facilitar a

Bruno Contarini - Na Ponte Rio-Niterói, o prazo

execução da obra.

de execução foi de 24 meses, após a entrada em funcionamento do equipamento de fundação, um

Revista MEMO - Como o senhor avalia hoje o estágio

prazo que não existe em nenhum lugar do mundo.

da Engenharia brasileira no cenário mundial?

Para o equipamento de fundação funcionar, foram

Bruno Contarini - O País sempre teve competência

14 meses. Quando chegamos na ponte estava tudo

técnica para fazer obras, com boa qualidade e

embananado. O equipamento de fundação não

prazos pequenos. Por exemplo, fizemos a Estação

funcionava. O primeiro consórcio perdeu a ponte

Rodoviária de Brasília, que é uma obra de 60 mil

por causa do equipamento de fundação, pois não

metros quadrados, em um ano. O Teatro de Brasília,

conseguiu fazer os tubulões necessários para a obra.

que tinha 21 metros para baixo e 26 metros para

Aí nós entramos. Fomos à Alemanha e contratamos

cima, foi feito em seis meses. No caso da Ponte do

equipamentos para fazer as escavações de rocha,

Tocantins, o vão central foi feito em 45 dias. Com

com uma garantia de 30 centímetros por hora. Caso esta marca não fosse cumprida, o equipamento ficaria de graça. Os alemães toparam este negócio desde que os equipamentos fossem operados por eles. Nesta hora, exigi que o meu pessoal aprendesse a operá-los com eles. Depois, em rocha que escolhi, ele fez três metros por hora. Nós podíamos colocar 120 toneladas em cima da ferramenta e ele colocou 60 toneladas apenas. Eu perguntei por que não se colocava mais para dar uma maior produção. Eles alegaram que, se colocasse mais, começaria a pular e não daria produção. Propus que se cortasse a

Teato de Brasília

rocha como se fosse manteiga, dando os tiquinhos

200 metros de extensão e 26 metros de largura, o

nela. Com isso, deu os três metros por hora. No lugar

viaduto em frente ao Banco do Brasil em Brasília, que

em que ia ter 30 tubulões, que faria com que o seu

Juscelino precisou para inaugurar a capital do País,

preço ficasse absurdo, fizemos com oito. Tivemos

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

mais trabalho para consertar o que estava feito do

técnico muito bom. Por exemplo, concreto submerso

que para fazer a obra, que foi entregue no dia 4 de

muito pouca gente no mundo sabia fazer, se é que

maio de 1974.

tinha alguém que sabia fazer. Com isso, pegamos um know how, e fizemos inicialmente 150 mil metros

Revista MEMO - O senhor considera a Ponte Rio-

cúbicos de concreto submerso. Isto não é fácil, porque

Niterói um modelo de excelência da Engenharia

você não pode jogar o concreto debaixo da água

brasileira?

que ele desagrega todo. A gente tinha uma série de

Bruno Contarini - A Ponte Rio-Niterói, na qual fui

técnicas. Visitamos diversas firmas de fornecimento

responsável pela execução, era uma obra imensa

de bombas, mas ninguém tinha know how para fazer

onde trabalharam 10 mil operários e 130 engenheiros,

concreto submerso. Então, começamos a fazer muita

aprendendo a tecnologia da Europa. Depois esta

experiência. Fizemos tubulão com 10 metros de

tecnologia passou a ser adotada no Brasil e o

profundidade de altura dentro de água, concretando,

equipamento Virtus começou a ser utilizado em larga escala no País porque funcionava. Hoje se fala muito em concreto autoadensável, concreto que você não precisa botar vibrador. Isto foi feito numa ponte no Japão, em 1990, e o inventor é um japonês. Em 1970, nós fizemos 150 mil metros cúbidos de

concreto

autoadensável,

pois o tubulão para a Ponte Rio-Niterói não podia vibrar.

A Ponte Rio-Niterói tinha uma tecnologia de ponta, mas muita coisa foi inventada por nós também, pois tínhamos um corpo técnico muito bom. Por exemplo, concreto submerso muito pouca gente no mundo sabia fazer, se é que tinha alguém que sabia fazer

depois cortamos para testar a qualidade do concreto. Tínhamos uma boa técnica. Num congresso técnico, o Enec, em Portugal, do

Laboratório

Nacional

de

Engenharia Civil de Portugal, em 1985, foi mostrado uma ponte feita com concreto que passou por ensaio de impermeabilidade. Nesta hora, eu disse que o negócio funcionava. Na Ponte Rio-Niterói, fizemos uns seis mil

A Ponte Rio-Niterói

ensaios de impermeabilidade e o concreto lá ficou

tinha uma tecnologia de ponta, mas muita coisa foi

bom. Aprendemos muito. O congresso aconteceu 11

inventada por nós também, pois tínhamos um corpo

anos após a ponte ter sido inaugurada.

Revista MEMO - Existe um projeto para a construção de um túnel submerso para fazer a ligação de metrô entre Rio e Niterói. A estrutura da ponte poderia ser usada como alternativa para se ter uma solução mais econômica? Bruno Contarini - Não fui eu que fiz o projeto da ponte. O projeto é do Noronha com o Ernani, mas eu conheço a obra. Sei que é possível colocar um metrô Ponte Rio-Niterói - Pontes S/A

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em cima dela, fazendo pequenas modificações, com

concreto não é impermeável como mostraram os seis

reforço, jogando-o na parte central. Por baixo não

mil ensaios que fizemos. No Joá, o concreto entrou

tem espaço, mas pode-se jogar duas linhas por cima.

pela lage, passando pela armação de protendido

Para não diminuir as pistas, sobe uma estrutura,

e, com esta armação de protendido, corroeu o

fazendo uma espécie de viaduto em cima da ponte,

aço. Então, tivemos que fazer um reforço do aço.

por onde passararia o metrô. Claro que existe muito

Segundo o pessoal da Coppe, este aço estava em

interesse envolvido para se fazer uma grande obra,

fase de corrosão. Fizemos uma recuperação para trocar a armação inteira, colocando cabos para substituir o aço solto. Não existe esta possibilidade de a armação, pelo menos no trecho de cima, estar em processo de corrosão. O pessoal está falando e levantando dúvida sobre a armação do dente. Mas o dente tem 1 metro e 80. O pessoal da Coppe está fazendo a inspeção para ver se acha alguma coisa. Já quebraram um pedaço lá e não acharam nada. Eu não posso falar que não tenha nada ou que tenha tudo. Acho que o pessoal da Coppe deve continuar a quebrar e ver. A Coppe não pode é ter um contrato

Elevado do Joá

como a construção de um túnel para Niterói. Na

para ver isso e informar que acha que não tem nada

minha opinião este túnel vai ser feito dois anos depois

ou acha que tem. Achismo não existe em Engenharia.

de “Nunca”. Não tem dinheiro para fazer isso. Jogar

No lugar que ela vai quebrar não tem problema

o metrô em cima da ponte vai gerar uma despesa

nenhum de resistência, pois é uma estrutura de apoio

muito menor. Em reunião com o prefeito, no Teatro

que praticamente não trabalha. Então, você quebra

Municipal de Niterói, para apresentar as soluções,

e olha os dentes. Também se o dente estiver ruim, ele

todo mundo manifestava o interesse em fazer o túnel.

está na superfície. Não tem este negócio de o dente

Na hora em que se falava em aproveitar a ponte, o

estar ruim no interior. Ferro no interior não fica ruim.

pessoal dava o corte.

Só existe corrosão quando o PH do ambiente for de 9 para baixo. O cimento provoca um PH de 12. No

Revista MEMO - Importante via que liga os bairros

trabalho de recuperação do Maracanã nos anos 90,

de São Conrado e Barra da Tijuca, o Viaduto do Joá

nas mesmas condições climáticas, o PH era de 11,

vem sendo uma obra muito constestada nos últimos

numa obra de 40 anos na época.

anos. Afinal, qual é o problema do Joá? Bruno Contarini

- O Joá tem uma série de

Revista MEMO - Existe uma corrente que defende

probleminhas de projeto. Na sua estrutura em

a demolição do Viaduto do Joá. Como o senhor

V, existem buracos que se entrar água ela não

analisa isso?

tem como sair. Este foi um dos problemas, pois o

Bruno Contarini - Eu acho isso muito fácil, pois

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

primeiro o dinheiro não é deles. Segundo, pergunte

solução para o Joá?

se eles têm base para falar para derrubar. Eu não

Bruno Contarini - Primeiro, é preciso ver quais

acho que tenham base. Eles acham que o negócio

são os defeitos e reforçar. Por exemplo, apesar de

têm corrosão, acham que pode dar problema.

a fundação apresentar buracos por conta da ação

No dia em que o Joá foi interdidato, fizemos uma

do mar, a estrutura está dentro dos padrões de

reunião com o Marcelo Alencar (ex-governador e

segurança, pois levamos cinco meses para fazer o

prefeito do Rio de Janeiro) e com o Lobo Carneiro,

reforço. Tínhamos que cercar o pilar. Então, fizemos uma armação metálica para

Aqui no Brasil estamos

concretar o bloco debaixo da

cansados de ver obras em

água. Os outros cinco ou seis

que o camarada sai para

pilares estão apenas com a

a solução mais barata,

armação aparente. Neste caso,

principalmente, em cálculo

é só consertar os cinco pilares.

estrutural. Eu hoje estou concorrendo com garatos

Revista MEMO - No caso

recém-formados que

do Joá, que consideração é

compram programa de

possível fazer da ação da

um dos maiores engenheiros que

computador, só que não

prefeitura?

o Brasil já teve. Foi apresentado

sabem usá-lo. Tentam usar,

Bruno Contarini - A prefeitura

que o Joá tinha perigo de rotura

fazem besteira. O que eu já

tem agido corretamente, às

brusca. Estranhei o fato de se falar

corrigi de besteira feita não

vezes, faltando um pouco de

em rotura brusca, pois esta obra

está no gibi. A toda a hora

pressa, mas isso é um problema

do que jeito que está, o que está

aparece um problema

do TCU. Não se pode resolver

Túnel Zuzu Angel

aparecendo, o que a gente pode

de qualquer maneira, pois o

ver não é perigo de rotura brusca. Disse ao Lobo

TCU vem e prende todo o mundo. A prefeitura falha

Carneiro que o concreto não era de má qualidade.

porque, às vezes, custa a dar a definição. Se tivesse

Fizemos 60 corpos de provas e eles deram todos

o TCU antigamente, eu não teria feito a metade

resultados altos. O que existe é o aço que está sendo

das obras que fiz. O processo ficou muito lento e a

corroído, mas o aço corroído não dá rotura brusca.

Lei 8.666 manda fazer tudo barato. O TCU vai em

Aço corroído dá fissura. O concreto da estrutura está

cima de coisas que não entende, que é a execução

com boa qualidade. Agora o pessoal está achando

de uma obra. Ele quer ver se o contrato foi feito de

que tem rotura brusca por causa do problema de

acordo com a lei. Só que o mais barato, às vezes, é

dente. No Joá, pelo menos aparentemente, você não

o melhor e não o que custa menos. Aqui no Brasil

pode falar que tem perigo de rotura brusca.

estamos cansados de ver obras em que o camarada sai para a solução mais barata, principalmente, em

Revista MEMO - Na avaliação do senhor, qual é a

18 | MEMO online • Maio 2011

cálculo estrutural. Eu hoje estou concorrendo com


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

garatos recém-formados que compram programa

baixos. Meu escritório, por exemplo, já teve mais de

de computador, só que não sabem usá-lo. Tentam

130 engenheiros. Hoje, tenho três, quatro. E a minha

usar, fazem besteira. O que eu já corrigi de besteira

tendência é fechar. Não dá para continuar fazendo

feita não está no gibi. A toda a hora aparece um

projeto, concorrendo com garotos recém-formados

problema.

que estão com programas de computador, sem saber mexer com ele, sem saber fazer uma armação.

Revista MEMO - Como o projeto estrutural pode ajudar a ter boas construções, seguras e com bons

Revista MEMO - Qual é o segredo para construir

custos?

uma boa obra?

Bruno Contarini - Existe uma tal de lei de Sitter que

Bruno Contarini - Certa vez, numa palestra do

é característica. Segundo ela, um dólar investido

Ibracon, em Recife, recebi do Mário Franco, um

em projeto economiza cinco dólares na execução,

dos dois engenheiros brasileiros citados no Delta

25 dólares na manutenção e 125 dólares na

Larrousse - o outro sou eu - a seguinte afirmação:

recuperação. Então, tem que pagar bem para

“eu acho o Bruno um camarada incapaz de pegar

projeto. Eu já fiz obra que cobrei duas ou três vezes o

uma obra complicada e calcular a obra complicada.

preço do projetista. Eu te garanto que ela ficou 50%

Ele pega a obra complicada e transforma em simples

mais barata. Tem que pagar bem pelo projeto. Hoje,

e calcula. Ele simplifica todas as obras”. Eu gosto

todas as firmas querem fazer projetos mais baratos.

de fazer as coisas fáceis. Não gosto de fazer nada

Existem empresas que selecionam o calculista,

complicado. Um exemplo é a armação em estrela

forçando a barra para ele dar um preço baixo. Isso

de Davi do Museu de Arte Contemporânea (MAC),

está matando os calculistas. Os preços do governo

que é única no mundo, mas uma solução simples

para pagar os projetos são absurdos. São muito

para burro.

Estádio João Havelange

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Criação do Escritório Modelo na UFF O Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) é um projeto de Extensão Universitária que, unido ao ensino e pesquisa, forma o tripé da educação. Na UFF, o EMAU formado chama-se EMPAZ, sua criação foi em 1º de maio de 2001 pelos próprios alunos que buscavam uma forma mais justa de se fazer Arquitetura e Urbanismo, proporcionando projetos a comunidades “excluídas” e intervenções sociais, além da experiência de uma dinâmica de trabalho mais profissional e responsável. Sua forma de gestão é horizontal, com escolha de professor orientador para o trabalho em voga e sem fins lucrativos. Ao longo desses anos, muitos estudantes o transitaram e lutaram por sua consolidação e reconhecimento, através da elaboração de projetos, debates com professores e alunos, encontros com outros EMAUs e participação em Seminários Nacionais de Escritórios Modelos de Arquitetura e Urbanismo (SeNEMAU). Hoje, o EMPAZ-UFF continua com os mesmos princípios e é reconhecido nacionalmente. Funciona em uma sala própria na Escola de Arquitetura e Urbanismo-UFF e possui três projetos ativos: elaboração de projetos arquitetônicos em imóveis vazios do centro do Rio de Janeiro junto ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia, desenvolvimento de projeto de um centro de reciclagem na Ilha do Governador para uma cooperativa de catadores de lixo e elaboração de um catálogo sobre a história da comunidade Vila Autódromo que luta contra a remoção de suas casas.

Para mais informações:

HOMENAGEM

www.fenea.org/projetos/EMAU empaz_uff@yahoogrupos.com.br Fabiana Carvalho - Membro do EMPAZ Aluna de Arquitetura e Urbanismo UFF

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Fernando Pessoa

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A Revista MEMO deseja homenagear o ex-funcionário que acaba de se aposentar DALTON ANDRADE, Secretário da Escola de Arquitetura - UFF, e agradecê-lo pelos excelentes serviços prestados a esta instituição ao longo de anos. Será por nós lembrado como alguém honesto, prestativo, referência de excelência, responsabilidade, eficiência, bom humor e espírito de equipe. Desejamos muita paz, saúde e alegria nessa nova jornada de vida e que Deus o abençõe com toda a sorte de bênçãos!


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Fazendo jorrar a “ÁGUA ESCONDIDA”* Reportagem com Dante Luvisotto | diretor da Águas de Niterói De 1999 para cá, a empresa já investiu R$ 250 milhões nas redes de água e saneamento da cidade. O resultado veio com a melhoria dos índices de cobertura, inadimplência e eficiência, colocando os serviços da concessionária entre os melhores do País JÚLIO SANTOS | Jornalista da Revista MEMO

*(em Tupi Guarani, “Niterói” significa “Água Escondida”)

Niterói, na linguagem índigena, carrega o significado

com esgoto coletado e tratado, o resultado tem um

de “água escondida”. Separada do Rio de Janeiro

realce ainda maior, pois saiu de 20% para 90%. Uma

pelos pouco mais de 13 quilômetros da Ponte Rio-

performance vital para atender a um município que

Niterói e pela Baía de Guanabara, a cidade, no

viu, no período, o número de habitantes avançar de

entanto, exibe números atraentes nas áreas de

453 mil para 492 mil.

abastecimento de água e saneamento. O salto nos indicadores destes dois itens, nos últimos 11 anos,

Por trás dos números está um trabalho de formiga feito

impressiona. No primeiro caso, o índice de cobertura

pela Águas de Niterói, concessionária que em julho

da população com água tratada pulou de 72% para

de 1997 ganhou a outorga de 30 anos para cuidar

100%. No outro, levando em conta a população

do abastecimento de água e tratar do saneamento

22 | MEMO online • Maio 2011


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da cidade. Com um investimento estimado em R$

com a qualidade de água ruim em função da presença

250 milhões a partir de novembro de 1999, quando

de ferro e manganês”, conta Dante Luvisotto, diretor

iniciou a operação, até agora, a empresa vem fazendo

da Águas de Niterói. Segundo ele, a universalização

a lição de casa para garantir um serviço de qualidade

do serviço chegou em 2003 mesmo nos bairros

para a região. A base de tudo está no tripé tecnologia,

menos urbanos, como Rio do Ouro e Várzea das

eficiência operacional e sustentabilidade. E a aposta

Moças. “Hoje, Niterói não tem nenhuma rua sem

foi bem certeira, como mostra também outros dois

infraestrutura de água”, acrescenta.

indicadores cruciais para a saúde de qualquer negócio:

o índice de perdas, que teve um baque de 40% para

Água para todos - Na planilha de investimentos

18%; e o nível de inadimplência dos consumidores,

da empresa em infraestrutura de água figura, por

com uma queda brusca de 32% para 4,5%.

exemplo, a construção de uma série de reservatórios. Entre eles estão os de Itaipu, com capacidade para 3

“Quando iniciamos a operação, a Região Oceânica

milhões de litros de água; Pendotiba, com 3 milhões

e toda a região de Pendotiba não tinham uma

de litros; Caramujo, com 6 milhões; e a ampliação

infraestrutura de água. Diversos bairros como

do reservatório Correção, no centro da cidade, com

Piratininga, Camboinhas, Itaipu, Cafubá, Jacaré,

3 milhões de litros, além dos reservatórios de Muriqui

Engenho do Mato viviam de poços semiartesianos,

Grande e Várzea das Moças, com 500 mil litros.

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A empresa também investiu forte na expansão de

a garantia da contra prestação dele. Este pagamento

uma série de redes, além de substituir aquelas mais

assegura o modelo de concessão e garante os

obsoletas. Alinhado ao investimento na malha, a

investimentos em melhorias da infraestrutura. Com

concessionária passou a empregar um sistema de

a colocação dos medidores, o consumidor passou a

hidrometração, com a instalação de medidores nas

pagar o valor justo pelo que consome e não pelo

casas dos consumidores.

estimado”, acrescenta.

“Cerca de 30% pagava por um consumo estimado.

A universalização conquistada não dá espaço para

Ou seja, alguns pagavam e outros não pagavam. As

a empresa cruzar os braços. Novos desafios, como

pessoas não tinham o senso do uso racional de água,

o crescimento populacional, a chegada de novas

havendo um grande desperdício”, lembra o diretor da

indústrias em regiões próximas (como o Comperj) e os

Águas de Niterói, que, graças ao uso da solução, viu

picos de demandas que a cidade enfrenta no verão,

o índice de inadimplência cair para a faixa de 4%.

levam à programação de novos investimentos. Até 2016, está na pauta investir em novos reservatórios e

“Não adianta você prestar um serviço que não tenha

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fazer a otimização do sistema distribuidor, operação que


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precisa ser compatibilizada com melhorias operacionais

Para ele, isso vai significar uma oferta maior de

no sistema produtor administrado pela Cedae.

água para a cidade. O diretor da Águas de Niterói explica que, assim, será possível fechar o anel

“Não adianta avançar com o sistema distribuidor, se

distribuidor, unindo a quarta linha adutora com a

o produtor não pode atender a demanda. A Cedae

quinta linha adutora e fazendo um reservatório novo

está construindo uma nova adutora de água bruta”,

em São Francisco, que será ligado ao do Cavalão.

observa. Dante Luvisotto conta que a Cedae está

“Com isso, vamos criar uma maior confiabilidade

fazendo uma nova linha, com 1500mm de diâmetro

operacional aqui em Niterói e minimizar os picos

e 15 quilômetros de extensão, para o Canal de

de demanda durante o verão, que acontecem,

Imunana, de onde é captada a água que abastece

sobretudo, por conta da população flutuante

Niterói. A previsão, de acordo com ele, é que parte

da Região Oceânica”, explica Dante Luvisotto,

desta nova linha já esteja operacional até meados

estimando uma oferta de água cerca de 15% a 20%

deste ano, com seis ou sete quilômetros. Com sua

maior, suficiente para atender os picos de demanda.

conclusão, acrescenta o executivo, o sistema produtor,

“No último verão, o acréscimo de demanda, que é

que produz hoje 5,4 metros cúbicos por segundo,

da ordem de 15%, chegou a bater picos de 30%”,

passará a gerar sete metros cúbicos por segundo.

lembra.

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Desafio de universalizar - Se no abastecimento de

Luvisotto, detalhando a lista: ETE Maceió (ainda este

água o trabalho hoje é para fortalecer a estrutura

ano), Badu, Matapaca, Maria Paula, Sapê e Ititioca,

para manter os 100% de universalização, na área

que fecharão toda a região de Pendotiba.

de saneamento a Águas de Niterói tem pela frente o desafio de igualar esta meta. Resta ainda cobrir

Segundo ele, a partir de 2011, o prazo para a

um percentual de 10% para zerar a conta, apesar

construção de todas elas é de cinco anos, com

dos investimentos feitos na construção das estações

investimento estimado de R$ 52 milhões, incluindo

de tratamento de Itaipu, Camboinhas, Mocanguê,

estações de bombeamento e rede coletora com suas

Jurujuba, Barreto, Toque Toque e da conclusão da

ligações. Serão 150 quilômetros de rede, que chega

ETE Icaraí, que na época sequer fazia o tratamento

a 230 quilômetros, com os seus ramais.

primário do esgoto. “Este projeto anda junto com os investimentos preciso,

em drenagem para que um não se sobreponha

basicamente, construir seis estações de tratamento. Só

ao outro, criando interferências negativas”,

que são seis estações de pequeno porte”, diz Dante

diz.

“Para

chegar

à

universalização,

26 | MEMO online • Maio 2011

é


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Tecnologia e inovação - Um grande aliado na busca

compramos, em média, 1,750 litros por segundo, ou

pela eficiência operacional e redução de perdas foi

4,5 milhões de metros cúbicos por mês, para atender

a aposta que a Águas de Niterói fez em tecnologia,

110 mil pessoas a mais na Região Oceânica e em

como ficou comprovado com a instalação de

Pendotiba”, explica o diretor da Águas de Niterói.

um moderno Centro de Controle Operacional. A solução cuida de todo o controle do macrossistema

Com um investimento de R$ 3 milhões, o centro ficou

distribuidor, fazendo a supervisão de reservatórios,

pronto no final de 2000.

válvulas e elevatórias, por exemplo. “Quando iniciamos em novembro de 1999, a operação do

Além de um moderno Centro de Controle de

sistema se dava via rádio Vertix. A tecnologia ajudou

Operação, todo computadorizado para garantir

a reduzir o desperdício”, diz o executivo, lembrando

a operação online do sistema, a concessionária

que, em 2010, a empresa chegou a ter mês com um

também adotou o uso de inversores de frequência de

índice de perdas de 14%.

motores como inovação. Com eles, foi possível fazer um controle inteligente da vazão necessária para

“Ou seja, isso é mais água para ser disponibilizada

atender a demanda, evitando também o problema

para a população. Praticamente, o volume de água

de ar na tubulação. Por meio dos softwares Water

comprada da Cedae é o mesmo de novembro de

CAD e Flow Master, atualmente, a empresa também

1999, que era de 1,8 mil litros por segundo. Hoje,

faz a simulação hidráulica de todo o sistema.

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Em nome da sustentabilidade - Em busca de cumprir

nitrogênio e fósforo, e utilizá-lo para irrigar parques e

bem o dever de casa, Águas de Niterói trabalha

jardins da prefeitura de Niterói. “Com isso, incentiva-

bem o conceito de responsabilidade como empresa

se uso sustentável da água, estressando-se menos o

de serviço público em nome da sustentabilidade de

manancial, com um menor volume de água captada

um negócio vital para todos. Seja do ponto de vista

no canal de Imunana”, diz Dante Luvisotto.

econômico, como os projetos para uso racional de água e eficientização energética de suas instalações

Os projetos na área socioambiental também buscam

para reduzir um dos principais custos de sua operação,

trabalhar o lado informativo e de conscientização. Um

ou socioambiental, com uma série de iniciativas,

deles é o Parque das Águas, localizado numa área

que buscam a preservação do meio ambiente e dos

no Morro do Correção, onde são desenvolvidas uma

recursos hídricos.

série de atividades como formação e treinamento de agentes ambientais, e os programas Água nas

Um bom exemplo é o trabalho feito na Estação de

Escolas e Caminhos das Águas, voltados para escolas

Camboinhas para tratamento dos dejetos lançados.

estaduais e municipais. “Esta é uma via de mão dupla, pois esclarece sobre a necessidade de não desperdiçar

A iniciativa permite tratar parte dos efluentes, ricos em

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água e o valor do saneamento”, diz o executivo.


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Outra iniciativa da empresa na área de educação

“O dinheiro voltou para os consumidores em crédito

e conscientização é o Projeto Águas Limpas, feito

na conta, em volume de água. Com o dinheiro que

em parceria com o Ministério Público do Estado

sobrou, muitos condomínios da cidade fizeram

do Rio de Janeiro, Prefeitura de Niterói e Projeto

melhorias, pois ficaram um bom tempo sem pagar

Grael (Insituto Rumo Náutico), para coleta de lixo

água”, conta o executivo, citando o caso do próprio

flutuante e hidrocarbonetos na Baía de Guanabara.

condomínio onde mora. Além do crédito devolvido,

Com abrangência inicial na Enseada de Jurujuba,

a empresa firmou um Termo de Ajustamento de

São Francisco e Icaraí, o objetivo é fazer a limpeza,

Conduta com o Ministério Público para empregar

estudo e monitoramento da Baia de Guanabara

o saldo não reclamado na compra do Cataglop,

em Niterói.

barco adquirido na França que faz coleta do lixo

O projeto é fruto de uma ação judicial que a

flutuante na Baía de Guanabara. “Este é um benefício

Águas de Niterói ganhou contra o estado do Rio de

para a cidade, principalmente para as praias da baía.

Janeiro, em 2006, contra a cobrança do Imposto

Já estamos pensando num segundo barco”, conta

Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

Dante Luvisotto, acrescentando que a Águas de Niterói

(ICMS) nas contas de água. O resultado: um valor

também fechou parceria com a Clin para instalação de

de R$ 45 milhões, que era fruto do ICMS ganho

pontos de armazenamento do lixo coletado e posterior

na ação.

transporte para o aterro sanitário.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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O APROVEITAMENTO múltiplo do RIO PARAÍBA do SUL Professor JOSÉ FERNANDES SENNA | Ex-Chefe do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF)

No momento em que se constroem novas barragens

cujos custos de transporte são extremamente baixos.

no rio Paraíba do Sul, torna-se necessário lembrar dos

Para se ter uma ideia dessa possibilidade, citamos o

estudos desenvolvidos pelo DNPVN (Departamento

trabalho publicado na Revista MEMO números 3, 4 e

Nacional de Pontes e Vias Navegáveis) e pela

5, cujos principais dados podemos assim resumir.

Petrobras (*) que tratam do aproveitamento múltiplo daquele rio, que se tornaria uma via navegável de

1 – BACIA HIDROGRÁFICA

grande importância para a região Sudeste, com

A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul atinge

reflexos para a economia dos estados de São Paulo,

cerca de 56.000km², abrangendo áreas dos estados

Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Trata-se da única

de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Pode

possibilidade de ligar o vale do rio Paraíba do Sul

– se dividir o Paraíba do Sul, nos seguintes trechos:

com a malha hidroviária dos rios Tietê e Paraná,

a) Paraíba Superior: Das nascentes do Paraitinga

32 | MEMO online • Maio 2011


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

até Guararema (km 758), numa extensão de 302

federal, entre Itereré e o Alto do Viana, na Baixada

km – com seu curso desenvolvendo-se em terreno

Campista, grandes diques de proteção contra

acidentado, de grande beleza natural, onde foram

inundações, margeando o rio e seus braços ao longo

construídos os reservatórios de Paraibuna, Paraitinga

de 40km, proporcionando à região e, sobretudo à

e Santa Branca. b) Alto Paraíba: De Guararema

cidade de Campos, a eliminação do flagelo a que

(km 758) até Cruzeiro (km 516), onde foram feitas

ciclicamente estava sujeito.

diversas retificações e construídos vários “polders”, pelo DNOS e pelo DAEEISP, com extensão de 242

2.3 – Obras de Canalização Fluvial

km, onde o rio apresenta alta declividade, em torno

Conforme já foi dito, por situar-se entre as cidades do

de 27cm/km. c) Médio Paraíba: De Cruzeiro (km 516)

Rio de Janeiro e de São Paulo, o rio Paraíba do Sul foi

até São Fidélis (km 94), com diversos represamentos

dos primeiros cursos d’água brasileiro a ser estudado

executados e projetados, com extensão de 422km,

e canalizado, inicialmente para abastecimento

onde o rio apresenta altíssima declividade, cuja

d’água e, posteriormente, para aproveitamento

média é de 155cm/km. d) Paraíba Inferior: De São

hidrelétrico. Atualmente, seis são as principais

Fidélis (km 94) até a foz, quando seu curso percorre

barragens nele construídas: Paraibuna-Paraitinga e

a baixada Campista, com extensão de 94km e média

Jaguaraí, operadas pela Cesp; Funil, operada pela

declividade, em torno de 19cm/km.

Eletrobras Furnas; e Santa Branca, Santa Cecília e Ilha dos Pombos, no Rio, operada pela Light. Das

2 – DADOS DISPONÍVEIS

barragens mencionadas, Santa Branca e Santa

Várias obras foram realizadas na bacia do Paraíba

Cecília não são motorizadas, funcionando a primeira

do Sul, cuja existência determina condicionantes para

como reservatório de regularização e a segunda para

seu aproveitamento como via navegável, conforme

elevação do nível d’água, possibilitando a reversão

se relaciona a seguir, grupadas por tipo:

de 160m³/s para a vertente oceânica, através de transferências sucessivas aos reservatórios de Santana,

2.1 – Obras de Retificação Fluvial

Vigário e Lages, para a geração de energia nas

O curso principal do Paraíba do Sul foi e está

usinas de Fontes (I e II) e Nilo Peçanha (I e II), situadas

retificado em dois trechos, por razões diversas: - o

no sopé da Serra do Mar, e Pereira Passos, esta por

trecho inferior, pelo DNPVN, basicamente para fins de

gravidade, a jusante de Nilo Peçanha, na Baixada

navegação, e o trecho do Alto Paraíba, pelo DAEE/SP,

Fluminense – (Sistema Light – Rio de Janeiro).

em convênio com o DNOS, basicamente para fins de aproveitamento agrícola das várzeas.

3 – IMPLANTAÇÃO DE UMA NOVA VIA Muito embora não seja justificável o melhoramento

2.2 – Obras de Proteção Contra Inundações

das condições naturais do Rio Paraíba do Sul

Através do DNOS, foram executados pelo governo

para torná-lo navegável em corrente livre, o seu Maio 2011• MEMO online | 33


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

aproveitamento hidroviário é perfeitamente possível,

econômico se ela proporcionar redução de custos do

mediante a conjugação de esforços para o múltiplo

transporte de mercadorias: - Produzidas na grande

aproveitamento dos seus recursos hídricos. Com a

São Paulo e consumidas no Vale; - Produzidas no Vale

canalização fluvial progressiva, pode-se dar a esse

e consumidas na grande São Paulo; - Que possam

importante curso d’água as condições necessárias

utilizá-la em integração bimodal de transporte. Como

para torná-lo uma grande hidrovia, que tenha real

se pode verificar com relativa facilidade, existem dois

significação econômica e se torne um importante

postulados iniciais que devem anteceder e conduzir a

fator de desenvolvimento regional, como se expõe a

decisão política de implantação da hidrovia.

seguir: 3.1.2 – A interligação Paraíba–Tietê 3.1 – Parâmetros Gerais da Via

Ligando hidroviariamente o Vale do Paraíba à grande

Para o estudo harmônico do aproveitamento múltiplo

São Paulo, antes de representar um acréscimo de

devem ser seguidas certas diretrizes, estabelecidas

custos, constitui-se em um meio de redução pelo

em função da obtenção de condições viáveis de

significativo aumento da demanda que proporcionará

aproveitamento

– conforme afirmaram acertadamente os estudos

hidroviário

e

compartibilização

dos diferentes benefícios. O estabelecimento de

anteriores.

Requisitos Preliminares ou Parâmetros Gerais para a canalização fluvial é, por isso, medida indispensável

3.1.3 – Macro Eixo

para os estudos e projetos destinados à criação da

A partir da Grande São Paulo, floresceram diversas

Nova Via. Nesse sentido, o trabalho que a partir

cidades ao longo de uma rota que, pelas razões

desse ponto se desenvolve deve ser considerado

expostas, deve ser considerada como prioritária sobre

como uma Alternativa Preliminar de Aproveitamento,

as demais, pois formam o macro eixo São Paulo – Rio

baseada na necessidade de preservação do potencial

de Janeiro, sendo impulsionadas por um crescente

hidroviário, segundo os seguintes parâmetros:

surto de industrialização, obviamente, comandam o desenvolvimento agropecuário da sua região.

3.1.1 – Rotas para Navegação Futura A implantação de uma hidrovia não pode prescindir

OBSERVAÇÕES - Rota Principal: São Paulo – Barra do

de análise macroeconômica do significado da

Piraí. - Rota Secundária: Barra do Piraí – São João da

ligação de regiões produtoras e consumidoras. Como

Barra - Sub-Rotas principais: Juiz de Fora – Três Rios;

qualquer via de transporte, uma hidrovia canalizada

Cataguases – Itaocara; Muriaré – Campos.

só se justifica se, inserida na malha de transporte

-Sub-Rotas Secundárias: Guararema – Natividade da

de uma região, ela representa um meio certo de

Serra; Campos – Niterói (canal costeiro).

redução do custo de circulação de mercadorias. Examinando-se a hidrovia do Paraíba sob essa ótica,

3.2 – Condições para Implantação da Hidrovia

verifica-se que sua implantação só poderá ter sentido

Tratando-se da possibilidade da implantação de uma

34 | MEMO online • Maio 2011


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

nova hidrovia, mediante a canalização fluvial para

Dias Baptista, efetuada em 1941, a implantação

as múltiplas finalidades, e buscando-se minimizar os

da navegação do rio Paraíba não pode prescindir

custos da navegação deve-se procurar:

da interligação de sua bacia com a do rio Tietê. Por isso, vincular-se a implantação da Hidrovia do

1- Reduzir ao mínimo as extensões naturais entre

Paraíba do Sul à ligação de sua bacia com a do Tietê,

uma barragem e o remanso da seguinte, para evitar

antes de significar acrescentar-lhe uma dificuldade, é

a necessidade de implantação de canais de ligação,

aumentar a grandeza do seu significado e garantir-

geralmente escavados em solo rochoso.

lhe plenas condições de sucesso. Nos diversos

2- Posicionar os eixos das barragens de modo a

trabalhos realizados para o Alto Tietê pelo DAEE

possibilitar a implantação e eclusas junto a uma de

e outros órgãos do governo paulista, esse fato foi

suas ombreiras sem prejuízo do traçado adequado

sempre salientado, tendo sido, inclusive, elaborados

do “eixo de navegação”.

estudos e projetos para levar

3- Planejar a operação harmônica dos reservatórios, evitando “depleções”

elevadas

e,

se

possível, reduzindo ao mínimo,

“A hidrovia do Paraíba do Sul será a última oportunidade que o

sua navegação, de Santana do Parnaíba (reservatório do Pirapora) a Mogi das Cruzes, ponto inicial da interligação

para:

estado do Rio de Janeiro

4- Que a regularização do regime

terá para a interligação

feita até Guararema ou Santa

fluvial seja conseguida mediante

hidroviária interior

Branca. Não é sem razão,

a construção de reservatórios de

com o Mercosul”

pois, que esse empreendimento

cabeceira, como pretendido pela

com o Paraíba do Sul, que seria

consta no Plano Nacional de

Eletrobras Furnas, de modo a reduzir-se as eventuais

Viação. Em exaustivo trabalho realizado em 1984

necessidades de plaqueamentos dos reservatórios

para o DAEE, a Internave – Engenharia demonstrou

do custo principal. 5- Que nos balanços hídricos

a viabilidade de canalização para a navegação do

do sistema seja computada sempre a necessidade

Alto Tietê (trecho antes citado), baseando-se apenas

de uma vazão que garanta a profundidade mínima

nos benefícios oriundos da racionalização do sistema

fixada para a massa líquida.

de dragagem de manutenção dos canais do Tietê e

6- Que, em decorrência, sejam limitadas as

Pinheiros (sem afluente), necessária para assegurar

autorizações para reversão de águas da sua bacia

as condições de vazão local, impedindo seu

para outras (caso de Caraguatatuba).

assoreamento e diminuindo os riscos de inundação, além de assegurar condições para a reversão dos

4 – PARÂMETROS BÁSICOS DAS OBRAS

excessos de vazão para a represa Billings. Assim

Comboio-Tipo

sendo, e tendo em vista que as obras de canalização

Como foi muito bem observado pela Italconsult em

para a navegação do Tietê já foram definidas em

1967, seguindo proposição do engenheiro Caio

quase toda sua extensão, parece válido estudar para Maio 2011• MEMO online | 35


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o rio Paraíba do Sul um Comboio – Tipo igual ao

IL 23 = 2.410 = US$ 0,00137/t.km

que foi estudado para o rio Tietê, comparando-o

35 x 501 x 100

com outras alternativas, visando obter melhores resultados na relação benefício/custo. Nesse caso, os

5.2 – Comboio – Tipo

estudos dos Comboios – Tipo para o rio Paraíba do

Verifica-se que para a implantação da hidrovia do rio

Sul leva à escolha do Comboio – Tipo “Duplo Tietê:

Paraíba do Sul, a decisão quanto ao Comboio – Tipo a

empurrados em conjunto de quatro barcaças.

ser adotado tem influência fundamental, pois os custos unitários podem variar de US$ 0,0014/t.km a US$

5- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

0,0024/t.km. Cabe destacar que o comboio “Duplo

Considerando o que foi descrito neste trabalho,

Tietê” tem menores custos unitários, por possibilitar

modesto no seu conteúdo face às inúmeras

maior movimentação de cargas. Considerando-se a

interferências que o projeto da canalização do rio

possibilidade da futura duplicação da hidrovia do rio

Paraíba do Sul acarreta, podemos aduzir algumas

Tietê, parece recomendável a adoção do comboio –

hipóteses que nos permitem afirmar que a hidrovia

tipo “Duplo – Tietê” para a hidrovia do rio Paraíba

do Paraíba do Sul tem condições de implantação

do Sul.

gradual, a médio e longo prazos, desde que os

O estado do Rio de Janeiro não pode deixar escapar

diversos organismos governamentais, quer no nível

a possibilidade de integração de sua economia com

nacional, quer no nível regional, além das entidades

a do Sudeste e Centro-Oeste através dessa nova via

da

dessa

de transporte hidroviária que permite a navegação

necessidade, dadas às inúmeras vantagens sociais e

interior entre os estados de São Paulo, Minas

econômicas que representa esta hidrovia, em termos

Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, atingindo

de aproveitamento múltiplo e do controle da poluição

hoje a República do Paraguai, com reais reflexos no

ambiental. Assim, uma análise preliminar entre os

desenvolvimento do Mercosul.

iniciativa

privada

se

conscientizem

investimentos envolvidos e o tráfego provável, nos leva aos seguintes resultados:

5.1 – Investimentos Unitários Considerando a movimentação máxima provável, a distância em quilômetros e um período de retorno de 100 anos, teremos: Para a rota São Paulo – Barra do Piraí.

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(*) O DNPVN e posteriormente a Petrobras fixaram em 10,00m a Altura Livre de Navegação no rio Paraíba do Sul para todas as obras de travessia nele realizadas, de modo a que o topo do mastro dos empurradores fique no máximo, a 9,70m do nível d’água.


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Certificado de SUSTENTABILIDADE para a Construção Civil Professora ANA L. T. SEROA DA MOTTA | UFF Os conceitos aplicados às construções sustentáveis

• Permeabilidade do solo;

tomam forma em 1987, com o relatório coordenado

• Acessibilidade;

pela então primeira ministra da Noruega, Gros

• Integração dos transportes de massa e ou

Brundtland, intitulado: “Nosso futuro comum”. Este

alternativos ao contexto do projeto;

texto apresentou o conceito de desenvolvimento

• etc.

sustentável. O documento abriu, então, espaço para uma nova área da Arquitetura, que discute uma

Os conceitos que integram e definem construção

interação do homem com o entorno, utilizando os

sustentável ainda são controversos. Primeiramente,

elementos e recursos naturais disponíveis, preservando

ainda não é certo afirmar simplesmente que

o planeta para as gerações futuras, baseado nas

uma obra é ou não sustentável. A caracterização

soluções socialmente justas, economicamente viáveis,

da sustentabilidade de uma construção vem de

ecologicamente corretas e culturalmente aceitas. Em

diversos processos, os quais são inerentes ao seu

síntese, o conceito descreve que todos devem “Utilizar

projeto, sua execução e também do somatório das

os recursos disponíveis no presente sem esgotá-los

técnicas empregadas para integrá-lo ao entorno e

e comprometer o meio ambiente para as gerações

do contexto cultural. Na realidade, trata-se de um

futuras” (Relatório Bruntland – 1987).

processo comparativo onde o mais coerente é a confrontação entre projetos visando determinar qual

Algumas diretrizes são essenciais para se considerar

das construções é mais ou menos sustentável.

uma construção sustentável: • Eficiência energética;

Pensar em um edifício isolado não faz sentido

• Uso adequado e reaproveitamento da água;

quando se trata as questões ambientais como a

• Qualidade do ar;

sustentabilidade

• Uso de técnicas passivas para condicionamento

homem. Por ser sistêmica, a construção, para ser

térmico dos ambientes;

sustentável, deve ser elaborada integrada ao seu

• Utilização dos recursos naturais presentes no

contexto. O ambiente externo é tão importante

entorno;

quanto o que ocorre nas dependências internas. Por

• Uso de materiais e técnicas ambientalmente

isso, a comparação é a melhor forma de avaliar uma

corretas;

construção sustentável, a obra nunca está sozinha.

• Gestão dos resíduos sólidos. Reciclar, reutilizar e

Quando um edifício cumpre todos os pré-requisitos

reduzir;

técnicos, respeita todas as normas éticas ambientais,

• Conforto e qualidade interna dos ambientes;

apenas usa materiais adequados e mesmo assim

38 | MEMO online • Maio 2011

dos

espaços

construídos

pelo


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

se fecha para dentro, não condizendo com as

O Brasil com o tamanho continental engloba uma

necessidades do entorno, não se relacionando com

série de panoramas climáticos diferentes. Uma

o lugar no qual está inserido, abstraindo as outras

construção sustentável deve respeitar e aproveitar

construções e pessoas que convivem próximo, não

o clima no qual ela está inserida. Os aspectos

estará sendo plenamente sustentável.

morfológicos e o respeito ao ambiente natural são de extrema importância para se projetar com estes

O conceito de construção sustentável está em

fins. Se respeitadas, as condições geográficas,

elaboração e pode-se dizer que depende de

climáticas, topográficas, aliadas às questões sociais,

uma agenda de prioridades que é única para

econômicas e culturais do lugar, a sustentabilidade

cada localidade. Hoje existem somente algumas

se materializa na edificação definindo seu padrão de

diretrizes como forma de orientar aqueles que

sustentabilidade. Assim, algumas soluções aplicadas

pretendem construir de forma ambientalmente mais

a uma construção local podem não se tornar

responsável.

elementos de sua sustentabilidade quando aplicadas em edificações de outra na cidade.

Uma obra sustentável leva em conta o processo no qual o projeto é concebido, quem vai usar os

A forma, as técnicas construtivas e os materiais podem

ambientes, quanto tempo terá de vida útil e se, depois

e devem ser selecionados de maneira a atender aos

desse tempo todo, ela poderá servir para outros

requisitos impostos pelas diretrizes de sustentabilidade

propósitos. Tudo o que diz respeito aos materiais

existentes. Embora seja importante enfatizar que não

empregados nela deve levar em conta a necessidade

existe uma receita pronta, apenas diretrizes a serem

de uso responsável, a energia consumida no processo

levadas em consideração na hora de projetar. Cabe

de elaboração de cada componente construtivo,

destacar que a permeabilidade do solo deve ser um

as necessidades de manutenção e, depois, se cada

aspecto relevante do projeto sustentável. Proporcionar

elemento da construção pode ser reaproveitado.

espaços livres, com vegetação natural e bastante permeáveis, faz com que o entorno do edifício seja

Com relação ao consumo de insumos ambientais, a

mais fresco, o ar tenha mais qualidade, interfira

autossuficiência da edificação deve ser prioridade.

positivamente no microclima e viabilize a integração

Muitas vezes, alguma parcela da energia pode ser

da vida natural com o edifício. Complementando

gerada no próprio lugar e a água consumida pode

podem dar vazão à percolação das chuvas, tornando

ser reaproveitada, fazendo com que em longo prazo

os espaços mais salubres.

se obtenha uma redução nos impactos ambientais gerados pela utilização dos mesmos. Uma arquitetura

Outro item essencial é o transporte de massas,

sustentável deve, fundamentalmente, levar em conta

especialmente no quesito edificações públicas. O

as características geográficas do espaço na qual está

modelo de transporte coletivo da maioria das cidades

inserida.

configura-se insustentável. A opção de escolher o

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

automóvel como forma prioritária desse sistema

o aproveitamento de energia, água e lixo. Um prédio

pode ter sido uma solução no passado, porém, hoje,

com estas características pode obter um certificado

esta alternativa precisa ser revista. As construções

de sustentabilidade.

sustentáveis devem proporcionar uma integração com o sistema de transporte com foco na diversidade

No Brasil, o certificado de sustentabilidade que está

de meios, criando novas formas de chegar e sair

se configurando como o mais apropriado é o emitido

dos edifícios. As construções sustentáveis são formas

pelo Inmetro, conhecido como Selo Procel Edifica.

de projetar que visam uma completa integração do

O processo de Certificação de Eficiência Energética

edifício com a cidade. Esta integração influencia

de Edifícios – Procel Edifica se encontra em vigor

cada vez mais a sustentabilidade dessas cidades.

desde 2007, em caráter voluntário, e passará a ser obrigatório a partir de 2012, conforme a Lei de

Em setembro de 2010, o Senado lançou uma

Eficiência Energética nº 10.295/01.

cartilha com diretrizes para a concepção de edifícios públicos sustentáveis. Essa publicação aborda temas

Eficiência nas edificações residenciais, comerciais,

como compras sustentáveis e a importância de o

de serviços e públicas

gestor público conhecer o conceito das construções

Conforme o Inmetro, desde julho de 2009, quando

verdes, sendo parte integrante do Programa Senado

a certificação foi lançada, já foram emitidas 14

Verde. Este programa objetiva introduzir a gestão

etiquetas de eficiência para edifícios comerciais, de

ambiental nas rotinas administrativas. Para isso, criou

serviços e públicos.

esta cartilha sobre Edifícios Públicos Sustentáveis. A

“A etiquetagem está se tornando cada vez mais

publicação também mostra como os investimentos

conhecida na cadeia produtiva da construção civil,

em sustentabilidade podem se reverter em economia

ainda que em estágio voluntário”

para o órgão público, enfatizando que a preocupação com a sustentabilidade deve estar presente em todas

Na ocasião, uma agência da Caixa Econômica

as fases do projeto, começando pelo arquitetônico,

Federal, em Curitiba (PR), e mais quatro projetos

que deve coordenar uma perfeita integração com os

de prédios receberam a etiqueta com nível “A” de

projetos de todos os sistemas do edifício. Aspectos

economia de energia, depois de avaliados em três

como a paisagem, a organização do canteiro de

níveis de eficiência: envoltória, sistema de iluminação

obras, a utilização econômica da água, a possibilidade

e sistema de condicionamento de ar. O evento,

da cobertura verde, o uso correto de energia, a

voltado para construtores, incorporadores, projetistas,

irrigação, o clima, uma gestão dos resíduos sólidos

pesquisadores, órgãos públicos e fabricantes, teve o

responsável, materiais utilizados na obra e lixo estão

apoio do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon)

divididos e explicados na cartilha. Cada uma das

de São Paulo, da Câmara Brasileira da Indústria

seções mostra como o prédio público deve trabalhar

da Construção (CBIC), do Conselho Brasileiro da

com essas questões para se tornar sustentável. Nas

Construção Sustentável (CBCS) e do Sindicato da

seções, aparecem também tecnologias que facilitam

Habitação (Secovi).

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

O Programa Nacional de Eficiência Energética em

econômica e de desenvolvimento, além do setor

Edificações – Procel Edifica foi instituído em 2003

da construção civil. O programa tem por objetivo

pela Eletrobras/Procel e atua de forma conjunta

incentivar a conservação e o uso eficiente dos

com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério

recursos naturais (água, luz, ventilação etc.) nas

das Cidades, universidades, centros de pesquisa e

edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos

entidades das áreas governamental, tecnológica,

sobre o meio ambiente.

O consumo de energia elétrica nas edificações corresponde a cerca de 45% do consumo faturado no país. Estima-se um potencial de redução deste consumo em 50% para novas edificações e de 30% para aquelas que promoverem reformas que contemplem os conceitos de eficiência energética em edificações.

O Selo Procel Edifica tem por meta certificar projetos que preveem redução de consumo e uso de energias alternativas. A etiquetagem das edificações comerciais, públicas e residenciais opera desde 2007 em caráter provisório, e a partir de 2012, passará a vigorar como lei. O objetivo do selo é estimular os construtores e incorporadores a aderirem aos conceitos de eficiência energética em edificações, viabilizando a aplicação da Lei de Eficiência Energética no.10.295/01.

As primeiras etiquetas de eficiência energética para

também é concedida dentro do Programa Brasileiro

projetos de habitação brasileiros foram concedidas

de Etiquetagem (PBE), coordenado pelas duas

em novembro de 2010, durante a cerimônia de

instituições.

lançamento da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia para residências e edifícios multifamiliares,

“A necessidade da redução do consumo de energia nas

promovida pela Eletrobras e pelo Inmetro, no Hotel

edificações é um aspecto presente tanto nos projetos

Transamérica, em São Paulo.

de novos edifícios como também na discussão de

A exemplo da etiqueta para edifícios comerciais,

políticas públicas”, afirma Solange Nogueira, gerente

de serviços e públicos, e da etiqueta para os

da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da

eletrodomésticos,

Eletrobras/Procel Edifica.

a

etiqueta

para

habitações

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

No Brasil, a energia elétrica dos edifícios corresponde

eficiência energética nas edificações é garantir um

a cerca de 45% do consumo, sendo que as residências

clima interno que não prejudique o dia a dia dos

são responsáveis por mais de 22% desse total.

frequentadores, privilegiando a economia de energia. As construtoras que aderirem ao Programa terão a

O PBE trata de um assunto estratégico para o país

certificação como diferencial competitivo”, disse o

ao mesmo tempo em que propõe uma mudança de

presidente do Inmetro, João Jornada.

cultura para o mercado imobiliário. Os brasileiros consideram diversos aspectos no momento de decidir

“A adesão é voluntária e abrangia no inicio apenas as

pela compra de um imóvel, como localização, espaço,

construções públicas e de serviços. Mas, a partir de

estética, infraestrutura etc. E, a partir de agora, terão

2010, os prédios residenciais também passaram a ter

a informação sobre desempenho da edificação

seus projetos avaliados e classificados”, completou

quanto à eficiência energética influenciando também

Alfredo Lobo, diretor da Qualidade do Inmetro.

na sua decisão de compra. Justamente porque, ao contabilizar o investimento necessário, pesará o fato

A Etiqueta de Eficiência Energética em edificações faz

de as edificações eficientes gastarem menos energia

parte do PBE e foi desenvolvida em parceria entre

e, em última análise, energia custa dinheiro”, analisa

a Eletrobras e o Inmetro. O objetivo é incentivar a

Marcos Borges, coordenador do PBE no Inmetro.

elaboração de projetos que aproveitem ao máximo a capacidade de iluminação e ventilação natural

O principal documento que norteia a etiquetagem

das construções, levando a um consumo menor de

tem o título de Requisitos Técnicos da Qualidade

energia elétrica. Assim como os eletrodomésticos que

para o Nível de Eficiência Energética de Edificações

fazem parte do PBE, os projetos de arquitetura serão

Residenciais (RTQ-R). Ele foi desenvolvido pela

analisados e receberão etiquetas com graduações de

Secretaria Técnica de Edificações, coordenada

acordo com o consumo de energia.

pelo Procel Edifica, programa da Eletrobras, e pelo Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina (LABEEE/ UFSC)), que conta ainda com a participação de

Referências • http://www.studioe.co.uk/energy.html

especialistas de diversas universidades brasileiras e

• http://www.inmetro.gov.br/noticias/verNoticia.asp?seq_

representantes de instituições do setor da construção

noticia=3138

civil.

• http://www.eletrobras.com/pci/ mainasp?View=%7B623FE2A5-B1B9-4017-918D-B1611B04FA

“A iniciativa de criar soluções sustentáveis para as

2B%7D&Team=&params=itemID=%7BC46E0FFD-BD12-4A0197D2-587926254722%7D%3BLumisAdmin=1%3B&UIPartUI-

construções é mundial e gradualmente o Inmetro está

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adotando ações nesse sentido. O grande desafio da

• http://www.labeee.ufsc.br/

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ESCOLA NACIONAL DE CIRCO de Niterói Trabalho Final de Graduação | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF |

Aluna LIS COELHO VALLADARES

O encanto e a magia do circo diante dos nossos olhos. A aluna Lis Coelho Valladares viajou no universo circense para fazer um projeto que resgata a alma de um espaço tradicional que, por muitos anos, coloriu a paisagem da Praça da Bandeira, um dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro: A Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro. Suas tradicionais lonas, sob as quais várias gerações de artistas foram formadas para levar alegria ao povo, não mais enfeitam a cena local. E, como cigano na trilha do chão, percorreu terrenos improvisados, perdendo todo o seu brilho, colorido e alegria, num espaço acanhado na Zona da Leopoldina carioca. Com amor, paixão e um toque no sonho de qualquer um que sorriu com as trombadas dos palhaços, prendeu a respiração com os voos dos trapezistas ou ficou inerte com a destreza dos malabaristas, Lis traz a proposta para a nova localização deste mundo mítico do circo, cuja história passa por civilizações como a da China, da Grécia, do Egito e da Índia. E, no Brasil, levanta a lona no final do século XIX, com os ciganos fugidos da Europa, imortalizando personagens marcantes como o palhaço Carequinha. Seja de lona ou de rua, o circo precisa de seu espaço próprio, de seu cantinho mágico para fazer a alegria de todos - crianças e adultos de todas as idades. E para formar leva e mais leva de artistas para se perpetuar diante de um mundo dominado por tantas atrações - reais ou virtuais. A Lis propõe exatamente isso com seu projeto. E o lugar escolhido, certamente, faz um perfeito encontro entre o sonho e a natureza: bem numa área central de Niterói, próximo ao Caminho Niemeyer, e ao lado do terminal rodoviário, seguido da estação das barcas. Sem marmelada, mas com muita alegria, mergulhe neste encantador projeto. Lis Valladares tem o prazer de apresentar: A Escola de Circo de Niterói!

O circo é o último vestígio de um saber antigo, existencial e iniciático. Esse saber, essa arte ancestral e única que é o circo, só se perpetua graças a dois mecanismos: transmissão do saber de pai para filho, e o ensino proporcionado por uma escola “Ziegler, J.”

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Referências: Escolas em outros países foram primordiais para visualizar o potencial desse ramo e também como incentivo para aplicarmos a ideia no Brasil, que está em grande ascensão mundial, no que concerne à atividade arquitetônica, e pode se prevalecer de bons projetos na área de educação e cultura, investimento que garante o crescimento do País. O novo circo é um movimento recente que adiciona às técnicas de circo tradicionais a influência de outras linguagens artísticas como a dança e o teatro, levando em conta que a música sempre fez parte da tradição circense. No Brasil existem atualmente vários grupos pesquisando e utilizando esta nova linguagem.

No caminho havia um Circo... “O projeto de Lis Valladares é um bom exemplo de como um exercício acadêmico pode representar uma contribuição para a reflexão sobre o bom uso dos espaços urbanos centrais. Ao propor que uma quadra em área nobre seja destinada a uso que alia impacto sócio-educacional a uso público com forte atração popular, o projeto leva a considerações sobre o papel do município como incentivador de práticas culturais com resultados efetivos quanto a criação de novas oportunidades de trabalho e de lazer. Esta proposta reflete-se em uma feliz solução arquitetônica que alia uma forma expressiva à excelente integração com o entorno, dialogando com a forte vizinhança do Caminho Niemeyer.” Orientador Professor Sergio R. Leusin de Amorim | Arquiteto Maio 2011• MEMO online | 45


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ESCOLHA DO TEMA Questão Social

Questão Econômica

- Educação

- Atender uma demanda ainda carente no Brasil

- Integração social

- Geração de emprego

- Disseminação das artes

- Quantificação e especialização da mão de obra

- Valorização do Circo

OBJETIVO Formar o artista circense através do domínio de habilidades e técnicas, capacitando-o para: elaboração e execução de números com excelência; montagem de equipamentos com segurança; organização do espaço cênico circense; domínio dos fatores técnicos que interferem na realização dos espetáculos; e reciclar e especializar profissionais circenses do Brasil e exterior.

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NOVA PROPOSTA DE LOCALIZAÇÃO - JUSTIFICATIVA - A área em questão já tem a tradição de abrigar circos temporários - A Escola de Circo traria mais movimento ao local não só durante a semana pelos alunos, mas principalmente, nos finais de semana com os espetáculos - O território está vinculado ao Caminho Niemeyer - O projeto cultural irá beneficiar a área que é qualificada como de Especial Interesse Turístico e Urbanístico de Niterói - A população de Niterói carece de projetos sociais e culturais desse porte - A Escola atrairá não só artistas circenses, como também crianças, jovens e adultos interessados em aprender uma nova atividade física e artística - O projeto atrai crianças, ocupando seu tempo ocioso e ensinando conceitos de disciplina, responsabilidade e persistência - A área escolhida fica na região onde aconteceu a tragédia do Gran Circus norte-americano, em 1961. Uma escola de circo poderia ajudar a população a transformar a recordação amarga em esperança e alegria

SITUAÇÃO - PROPOSTA

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O PROJETO - IMPLANTAÇÃO A implantação sugere uma combinação da forma do prédio da Escola com o espaço para apresentação, a Arena Múltipla; reservando ainda lugar para uma Praça de Conveniência e uma Lanchonete. O estacionamento será subterrâneo. Ocupando apenas parte do terreno escolhido, foi criada uma rua, para melhorar a circulação no entorno da Escola de Circo. Será proposta a implantação de uma praça pública no terreno à frente, a fim de preservar a volumetria e a tipologia arquitetônica.

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O conhecimento cultural consolida sua importância na vida dos seres humanos a cada vez que é mencionado, seja numa conversa entre amigos ou na elaboração de um projeto para o enriquecimento e ampliação social. A escolha do tema já se deu pelo intenso envolvimento que tive com as vertentes de criação artística, buscando nesta uma maneira de potencializar sua produção, com base no aprendizado técnicoarquitetônico, para conferir aos espaços usos conscientes e qualitativos. A arquitetura e o desenho urbano são indiscutivelmente a mais pública de todas as artes, podendo ser considerada como a forma não verbal, a mais forte das formas de expressão coletivas. Acredito que, na nossa era de crescente e liberalizada prática profissional, estamos todos conscientes da importância do pluralismo cultural na Arquitetura e Urbanismo no País.

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“Os princípios fundamentais de revitalização do próprio terreno do conjunto e de suas fronteiras que precisam ser reintegradas ao distrito são os mesmos que os princípios do auxílio a qualquer área urbana de baixa vitalidade. Os planejadores urbanos precisam diagnosticar que condições capazes de gerar diversidade estão faltando...” JACOBS, 437 Maio 2011• MEMO online | 51


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PLANTAS BAIXAS E CORTES

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PLANTA BAIXA DA ARENA

ARENA DE APRESENTAÇÃO Transformando a imagem do circo em um cenário contemporâneo, partiu-se da tradicional lona americana para um sistema de tenso-estrutura, que adere bem à linguagem do espaço a que se destina. Para elaboração do projeto, a autora contou com o apoio da empresa Tensitex, que a auxiliou para concretizar sua ideia de forma, respeitando os vãos e aberturas necessários para acessibilidade, altura exigida sobre o palco e, claro, a beleza da estrutura. Nas estruturas tensionadas, gravidade e rigidez não são propriedades estruturais essenciais. Lonas tensionadas, em particular, são tão leves que seu peso é quase desprezível; e os materiais de que são feitas, como cabos e tecido, são altamente flexíveis. Outros meios têm que ser explorados para fornecer a estabilidade e a força necessárias. Seus componentes têm que estar dispostos em um arranjo geométrico específico (forma da superfície) e devem estar submetidos a um padrão específico de tensão interna (padrão pré-tensionado). A geometria das estruturas tensionadas não é, portanto, arbitrária e segue rígidas regras de Engenharia. Uma vez que os limites são os pontos. Maio 2011• MEMO online | 53


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Plantas na RECUPERAÇÃO DE MANGUES LUIZ FRANCISCO FONTANA e MIRIAN A. C. CRAPER | Professores de Pós-Graduação em Biologia Marinha | UFF

Os manguezais são ecossistemas costeiros localizados na zona entremarés de regiões tropicais e subtropicais. São ambientes abertos recebendo, em geral, um importante fluxo de água doce, sedimentos e nutrientes do ambiente terrestre e exportando água e matéria orgânica para o mar ou águas estuarinas. (Cintrón & Schaeffer-Novelli, 1992). Este ecossistema engloba uma variedade de comunidades, dominada por espécies de árvores halófitas com grande riqueza de fauna e flora associadas (Nybakken, 2001). Assim, a importância dos manguezais está associada à proteção de regiões litorâneas, abrigo da fauna e contribuição de matéria orgânica aos ambientes marinhos litorâneos, e também por sua importância econômica para o extrativismo, agricultura e a silvicultura. O impacto antropogênico nesses ambientes justifica a preocupação em desenvolver alternativas para recuperá-lo. A recuperação dessas áreas contaminadas pelas atividades humanas pode ser feita através de vários métodos. Alguns desses métodos deslocam a matéria contaminada para local distante, causando riscos de contaminação secundária e aumentando ainda mais os custos com tratamento. Por isso, nos últimos anos passou-se a dar preferência por métodos in situ (no ambiente) que perturbem menos o ambiente e sejam mais econômicos. Uma técnica que vem sendo estudada é a “fitorremediação”, que envolve o emprego de plantas, sua microbiota associada (bactérias), que, aplicadas em conjunto, removem, imobilizam ou tornam os contaminantes inofensivos ao ecossistema, sem alterar o ambiente já impactado. Esta técnica emprega diferentes mecanismos nos processos de remediação de solos, sedimentos e sistemas aquíferos por meio de sistemas vegetais fotossintetizantes e sua microbiota com o fim de desintoxicar ambientes degradados ou poluídos (tabela 1). MECANISMOS/ESTRATÉGIAS DA FITORREMEDIAÇÃO Fitoextração

Fitoestabilização

absorção dos contaminantes pelas raízes, os quais são armazenados ou transportados e acumulados nas partes aéreas os contaminantes são incorporados à lignina da parede vegetal ou ao húmus do sedimento precipitando os metais. Evita a mobilização do contaminante e limita sua difusão no sedimento através de uma cobertura vegetal

Fitoestimulação

as raízes em crescimento promovem a proliferação de microorganismos degradativos na “rizosfera”, que usam os metabólitos da planta como fonte de carbono e energia

Fitovolatilização

o poluente é absorvido pelas raízes, convertido em forma não tóxica e depois liberado na atmosfera

Fitodegradação

contaminantes orgânicos são degradados ou mineralizados dentro das células vegetais por enzimas específicas, como: nitrogenases (degradação de nitroaromáticos), desalogenases (degradação de solventes clorados e pesticidas) e lacases (degradação de anilinas)

Rizofiltração

emprega plantas terrestres para absorver, concentrar e/ou precipitar os contaminantes de um meio aquoso através do seu sistema radicular

Obs.: Essas são tecnologias baratas, com capacidade de atender uma maior demanda e que apresentam mais capacidade de desenvolvimento que tendem a obter maior sucesso no futuro

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Os contaminantes que permanecem no sedimento podem ser transformados por ação de enzimas ou por microorganismos associados simbioticamente com a raiz. Assim, os exudatos liberados pelas raízes podem imobilizar contaminantes, retendo-os no sedimento ou estimulando o crescimento e a atividade bacteriana. Após extrair o contaminante do solo, a planta armazena-o para tratamento subsequente, quando necessário, ou mesmo metaboliza-o, podendo, em alguns casos, transformá-lo em produtos menos tóxicos ou mesmo inofensivos. A fitorremediação pode ser empregada em sedimentos contaminados por substâncias inorgânicas (exemplo metais) e/ou orgânicas (pesticidas e petróleo).

A impulsão dessa biotecnologia ocorreu quando se verificou que a zona das raízes das plantas apresentou a capacidade de biotransformar moléculas orgânicas. Desta forma, a “rizosfera”, como é conhecida esta zona, tem sido estudada por sua importante função de utilizar moléculas de poluentes como fonte de nutrientes para diversos microorganismos que habitam nesta região.

FIGURA 1 – MECANISMOS/ESTRATÉGIAS DA FITORREMEDIAÇÃO

O “efeito rizosfera” não é um aumento da biomassa ou atividade bacteriana natural do sedimento, mas sim a ação seletiva sobre o crescimento bacteriano, e consequentemente ocasiona mudanças na abundância relativa de diferentes grupos bacterianos do sedimento. Os três aspectos das características do sedimento modificado pela “rizosfera” (atividade microbiana, potencial de oxidação e comunidades microbianas modificadas) podem todos contribuir para o “efeito rizosfera”, positivo que é a base para fitorremediação de poluentes. Essa tecnologia combina baixos custos com maior eficiência, além do controle de erosão pelas raízes das plantas e a biodegradação, abrangendo vários poluentes orgânicos e inorgânicos pelo aumento da biomassa bacteriana. Reduzindo assim o risco que estas substâncias representam à saúde humana. Maio 2011• MEMO online | 57


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FITORREMEDIAÇÃO NO BRASIL A fitorremediação no Brasil ainda é muito pouco explorada e as pesquisas existentes descrevem apenas experiências realizadas em laboratório No ano de 2000, foi alcançado um feito inédito na América Latina, o isolamento de consórcios bacterianos com capacidade para degradar componentes do petróleo e sua aplicação in situ. O objetivo de se isolar consórcios bacterianos degradadores de petróleo teve a tecnologia desenvolvida pelo Laboratório de Microbiologia Marinha, da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob responsabilidade da Dra. Mirian Araújo Carlos Crapez, com apoio da Petrobras/DTSE e financiamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo,Gás Natural e Biocombustíveis).

A metodologia empregada pelo Laboratório de Microbiologia Marinha é ecologicamente correta, pois se utiliza matrizes bacterianas do ambiente impactado, não colocando no mesmo organismos estranhos.

O objetivo deste estudo foi a utilização da tecnologia de biorremediação em espécies vegetais de mangue, preparando-as para o plantio definitivo em área impactada por petróleo. Os experimentos foram conduzidos no viveiro da Petrobras/DTSE, com adição de consórcios bacterianos hidrocarbonoclásticos (bactérias que utilizam hidrocarbonetos de petróleo como fonte de carbono e energia) na “rizosfera” desses vegetais. Após a adaptação destas plantas ao viveiro, iniciou-se o teste de biorremediação in situ. As plantas foram transferidas para o manguezal próximo à REDUC (Refinaria Duque de Caxias), onde foram medidas mensalmente e a característica biométrica que apresentou maiores valores foi a altura. Ficou constatado que as bactérias hidrocarbonoclásticas nativas, além de minimizarem o impacto por óleo, auxiliam o crescimento vegetal.

COLETA DE SEDIMENTO

SELEÇÃO E AMPLIFICAÇÃO DE BIOMASSA BACTERIANA HIDROCARBONOCLÁSTICA

ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE CONSÓRCIOS BACTERIANOS HIDROCARBONOCLÁSTICOS

FIGURA 2 – ISOLAMENTO DO CONSÓRCIO BACTERIANO

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Rizophora

mangle

crescimento em

relação

pela e

em ao

Avicennia

Laguncularia

apresentou altura

de

controle,

um 85%,

seguida

schaueriana

(70%)

racemosa

(8,3%).

O investimento no crescimento do diâmetro do caule foi menos expressivo: Avicennia schaueriana (42%), Rizophora mangle (19%) e Laguncularia racemosa FIGURA 3- FOTO VIVEIRO REDUC.

FIGURA A - Rizophora mangle

(0,4%) (figuras A, B e C)

FIGURA B - Lacungularia racemosa

FIGURA C - Avicennia schauerianna

O uso da fitorremediação na recuperação de desastres ambientais ainda não é adotado no Brasil. É uma tendência mundial, sendo amplamente aplicada nos EUA, Europa e Ásia. No Brasil, esta biotecnologia será uma solução essencial para a limpeza de ambientes sensíveis como a Baía de Guanabara, pois a maior parte das refinarias está localizada em manguezais (biodetergentes para limpeza de petróleo, CH, nº 223). A maior dificuldade para o aperfeiçoamento da técnica de fitorremediação é a despesa com a manutenção do viveiro e as análises dos poluentes devido aos poucos recursos aplicados às pesquisas ambientais pelo governo e empresas.

Tendo isso em mente, nosso grupo de pesquisa busca adaptar a metodologia de isolamento e seleção de bactérias à realidade dos laboratórios brasileiros, usando recursos acessíveis (água do mar, carboidratos e consórcios bacterianos isolados do ambiente contaminado), e para o emprego desta tecnologia de ponta, com a qual já se sabe que há menos danos ao meio ambiente e maior eficiência de limpeza, é necessário o constante investimento do governo e de empresas ligadas ao petróleo, e assim o Brasil poderá competir internacionalmente na recuperação de ambientes impactados.

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Lições do JAPÃO e da ALEMANHA ASPÁSIA CAMARGO | Deputada Estadual do Partido Verde – RJ

Radioatividade no mar três mil vezes superior ao normal, contaminação de pessoas, de alimentos e pânico. Este é o cenário de terror no Japão, país amigo do Brasil, que como nós, optou por produzir energia nuclear. Os efeitos devastadores dessa tragédia podem ser sentidos até em Nova Iorque, onde foram detectadas, tanto no ar quanto na chuva, pequenas quantidades de radiação. Esse estrago todo veio apenas de Fukushima, cidade atingida por frequentes terremotos. Quatro dos seis reatores localizados naquela região estão tirando o sossego do mundo. Pouco se fala, no entanto, que aquele país tem outras 49 “bombas relógios”, concentradas em 13 usinas nucleares e que toda essa parafernália diabólica é responsável pela produção de apenas 30% da energia do país.

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Não se sabe quantas gerações serão afetadas pela

que se trata de uma energia gerada a baixos custos

radiação liberada em Fukushima e nem os prejuízos

e com risco reduzido. O primeiro argumento é

ocasionados

exportações

absolutamente irreal, porque é altamente subsidiada.

japonesas. Entre 2009 e 2010, o Japão exportou

Ao contrário, a energia nuclear é cara, desnecessária

677 toneladas de carne bovina e 1.898 toneladas

e perigosa. Como esperar que governos não se

de arroz principalmente para Hong Kong, Coreia

posicionem favoravelmente a respeito de seus

do Sul, Indonésia, Tailândia, Malásia, Cingapura e

próprios projetos? Os argumentos sobre segurança,

Filipinas. Fazem parte da pauta de exportação outros

após o acidente no Japão, simplesmente foram por

produtos como frutas, carne suína, frango e ovos. Até

água abaixo. Afinal, o perigo veio de fora. Foi o

mesmo a produção de carros está comprometida.

corte de energia que parou de alimentar o sistema de

Ninguém quer tocar em produtos contaminados por

refrigeração. Pura externalidade?

pela

suspensão

das

essa enganosa energia limpa. Com a discussão colocada, é preciso saber qual a O mundo registrou três grandes desastres nucleares:

argumentação do Brasil para continuar apostando

o de Three Mile Island nos Estados Unidos, em 1979;

em energia nuclear. O nosso país conta com duas

o de Chernobyl, na Rússia, em 1986; e agora o do

usinas em operação: Angra 1 e Angra 2, em Angra

Japão. Todos foram minimizados inicialmente, mas

dos Reis (RJ). Juntas, produzem 2 mil megawatts. A

como não havia como esconder os resultados nefastos,

partir de 2015, a conclusão da usina nuclear Angra

com o tempo passaram a receber a devida avaliação.

3 colocará no sistema mais 1.080 megawatts.

A questão que se coloca é como levantar os efeitos dos inúmeros experimentos realizados em várias

O próprio diretor da Eletronuclear, Pedro Figueiredo,

partes do mundo por militares? O sigilo é também a

em uma audiência na Assembleia Legislativa do Estado

alma do negócio na corrida armamentista.

do Rio de Janeiro (Alerj), alertou para a necessidade de se rever os protocolos de segurança de todas as usinas

O acidente em Chernobyl, segundo um estudo

nucleares do mundo. Tal preocupação é pertinente e

encomendado pelo Greenpeace, pode ter matado

deve estar na agenda do governo brasileiro. As usinas

mais de 200 mil pessoas. Se levarmos em conta que

estão localizadas numa área vulnerável à queda

os reatores de Fukushima têm cerca de 30 vezes mais

de barreiras. Em 1985, uma enxurrada em Angra

material radioativo, podemos esperar o pior. Agora,

provocou um gigantesco deslizamento, exatamente

depois do leite derramado, o Japão se diz inclinado

na face oposta da montanha do local onde está

a mudar sua matriz energética.

Angra 1, abrindo uma cratera na rodovia Rio-Santos, soterrando laboratórios e quase fechando a saída de

Muitos chefes de Estado partiram em defesa da energia

água da refrigeração da usina. A avalanche destruiu

nuclear, mas fica difícil aceitar a argumentação de

ainda a marina.

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O plano de evacuação do complexo nuclear é

Mesmo que o Brasil suspenda o seu programa

péssimo e sempre sofreu

questionamentos, pois

nuclear, a herança ficará para inúmeras gerações

apresenta muitas falhas. A Rio-Santos é precária. É

futuras. Teremos que ser guardiões eternos dessa

absolutamente necessária a recuperação da estrada

maldição.

Paraty-Cunha, mas a abertura de mais essa opção ainda não está liberada pelo Ibama. E Angra 3 vem aí,

Alguns

especialistas

garantem

que

um

dos

com este cenário precário de rotas de fuga, a situação

componentes nucleares, o Plutônio 239, tem vida

torna-se ainda mais preocupante. A Eletronuclear já

média de 24.100 anos. Como planejar a segurança

pensa em construir mais dois píeres para facilitar a

para um futuro tão distante, onde talvez nem mais

evacuação dos moradores em caso de acidentes já

estaremos vivos como espécie?

levando em conta os frequentes deslizamentos na BR 101. A obra facilitaria a atracação de navios

Existem outras alternativas? Naturalmente que sim. A

maiores. É a saída pelo mar, já que por terra a

solar e a eólica vão de vento em popa! Temos que

situação é desfavorável.

investir em energia renovável e em biomassa.

Como se não bastassem os riscos inerentes à própria

O Brasil absolutamente não precisa de outras fontes

atividade, o Brasil e o mundo precisam urgentemente

geradoras. É sempre bom lembrar que energia limpa

dar destino ao lixo nuclear. A Comissão Nacional

é aquela que não deixa rastros de destruição e é

de Energia Nucelar (CNEN) ainda não definiu onde

sustentável. A própria Alemanha, país parceiro do

será construído o repositório, destino final dos rejeitos

Brasil na construção de Angra 1, 2 e 3, anunciou

radioativos. Os resíduos com baixo e médio teor de

recententemente a desativação de suas usinas

radioatividade são estocados em depósitos no terreno

nucleares, decisão ligada diretamente à vitória do

da própria usina. Lá, já estão guardados 6.650

Partido Verde em Baden-Württenber. Algumas usinas

tonéis e caixas, abrigados em três prédios. Com a

já serão fechadas nos próximos meses. Isso é bom

construção de Angra 3, o reservatório tem que ser

senso. Se a Alemanha, que nos orientou, recuou, o

ampliado. Existe uma previsão para a construção de

Brasil podia seguir o exemplo. A academia precisa

um super repositório até 2020. Falta muito tempo.

colocar este importante tema em discussão.

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INFORME PREMAG Stélio Cardoso de Souza - Diretor Engenheiro Civil

Ao se mencionar os títulos, atualmente objetos de preocupação mundial, “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”, “AMBIENTALMENTE CORRETO”, “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL” e outros correlatos, a indústria da construção civil sempre aparece como uma das grandes vilãs, face a quantidade e diversidade das matérias primas e produtos empregados, alguns de extrema importância neste contexto. Ainda na 1º fase de produção de uma edificação, a sua estrutura, normalmente em concreto armado, já requer grande consumo de madeira, certamente um dos insumos mais citados em qualquer discussão ambiental. Apesar dos incansáveis esforços de conscientização, dos investimentos bilionários de setores públicos e privados, ainda permanece a sensação de que pouco foi feito. Controle de desmatamento e replantio são necessários mas não suficientes. A decisão pelo desmatamento zero, única plausível, jamais seria cumprida. O replantio de cada qualidade de árvore, que se compatibilize com as várias necessidades de uma construção habitacional ou não, leva décadas, e a futura utilização destas espécies certamente encontrará a humanidade com problemas de outra ordem. Entretanto, mesmo se todas estas equações pudessem ser montadas, ainda permaneceria a questão do seu destino final, pois tão grave quanto à extração desmedida é a queima do seu resíduo, também demandada por vários outros setores produtivos, e altamente poluidora da atmosfera. Assim sendo, nos parece que a busca de solução definitiva exige pesquisas técnico – cientificas, que aliadas à mudança de hábitos e tradições, minoraria sensivelmente esta questão. A substituição, embora ainda paulatinamente, de matérias primas não renováveis, ou renováveis a médio e longo prazo, achamos que deva ser a principal linha de ação de todos os envolvidos nas cadeias produtivas de qualquer atividade. Hoje, com todas as informações disponíveis e comprovadas acerca dos graus de nocividade das diversas atividades humanas, não podemos mais agir como autopredadores, pois o atraso já é imenso. CONTRIBUIÇÕES PROPOSTAS Neste escopo, foi apresentado à comunidade da construção do MUNICÍPIO DE NITERÓI, através de palestras inicialmente ilustrativas, no CLUBE DE ENGENHARIA e na ADEMI, um novo processo construtivo para a execução das estruturas de edificações de múltiplos pavimentos. Anteriormente, propunha-se a redução maior possível da utilização de madeira, substituindo-a por FORMAS PLÁSTICAS ELABORADAS COM ATÉ 50% DE MATERIAL RECICLADO, que suportadas por CIMBRAMENTO METÁLICO RACIONAL já propiciava grandes vantagens. Mas, restava ainda, buscando alcançar outros benefícios, abordar o assunto do vigamento, imprescindível nos processos tradicionais de cálculo estrutural. Deste modo, promovemos outras palestras, com enfoque essencialmente técnico, dirigidas aos engenheiros estruturais, arquitetos e construtores, sobre o tema: LAJES “TIPO COGUMELO”, PROTENDIDAS COM CORDOALHAS NÃO ADERENTES (ENGRAXADAS), MACIÇAS OU NERVURADAS, COM OU SEM CAPITÉIS NOS TOPOS DOS PILARES.

PREMAG – Sistema de Construções Ltda.


Luiz Edmundo Andrade Pereira - Diretor Engenheiro Civil

A motivação inicial se baseou nas seguintes perguntas, direcionadas aos fabricantes de edificações. É de seu interesse estudar a possibilidade de na sua obra: a) Eliminar o vigamento podendo levar a zero o consumo de madeira? b) Reduzir a quantidade de pilares, com possibilidade de vãos de até 12 metros entre eles, viabilizando principalmente garagens mais confortáveis? c) Utilizar cimbramento metálico racional que, escorando formas plásticas, permita a desforma das lajes após a protensão, feita mais ou menos quatro dias após a concretagem? d) Eliminar a necessidade de junta de dilatação em pavimentos de grande área? e) Executar varandas com balanços generosos? f) Permitir variações nas plantas das unidades? Sem resposta negativa a nenhuma destas questões, foi proposto esse sistema construtivo, com ótima aceitação. Na realidade nada de novo foi criado, vez que a utilização de concreto protendido (comprimido), aproveitando sua melhor característica física, data do início do século passado e que para a sua utilização no presente bastava apenas ocorrer a banalização do processo, que se fez através da evolução dos materiais, principalmente a partir da produção de cordoalhas engraxadas, utilizadas nos Estados Unidos da América desde o início da década de 1960, tecnologia que no Brasil chegaria vinte anos depois. CONCLUSÃO Atualmente, no Município de Niterói, com 110.993m2 de estruturas de edificações executadas com a utilização deste processo, além de 17.220m2 em execução, orgulha-nos termos com esta ainda tão parca participação, colaborado com o aumento da sobrevida do nosso planeta. Utilizar FORMAS PLÁSTICAS COM ATÉ 50% DE MATERIAL RECICLADO na construção de edifícios permite a prática de duas ações básicas e extremamente importantes para a proteção do meio ambiente: 1 – Não consumir madeira, diminuindo o desmatamento e a posterior queima das sobras. 2 – Retirar e reciclar o resíduo plástico presente na natureza, degradável em séculos. Muito ainda há por fazer, mas acreditamos que o caminho para o fechamento do ciclo de sustentabilidade ambiental nas obras de construção civil está iniciado, cabe-nos continuar a trilhá-lo. AGRADECIMENTOS Nada teria sido feito até o presente sem o crédito dos nossos clientes, incorporadores e/ou construtores militantes na nossa cidade. Nossos agradecimentos aos diretores das empresas GACON PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA, S.D. TREIGER EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, JPR PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA, ITAÚBA ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO LTDA, EQUIPE PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA, PINTO DE ALMEIDA ENGENHARIA S/A, LRM CONSTRUÇÕES LTDA e GIMENEZ ANDRADE ARQUITETOS LTDA. Aos engenheiros de estruturas RUBEM BASTOS COELHO, CESAR PINTO, MARCELO SILVEIRA, DENISE SILVEIRA, FLÁVIA MOLL JÚDICE e MAYRA SOARES PEREIRA LIMA PERLINGEIRO, grandes incentivadores e colaboradores deste novo sistema estrutural. PREMAG® - Sistema de Construções Ltda.

PREMAG – Sistema de Construções Ltda.


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SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional Professor ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Estácio de Sá - Rio de Janeiro - RJ

Se me perguntassem qual a melhor

depende do depósito que cada um tenha num banco.

maneira de ganhar dinheiro, talvez

Os depósitos na verdade não podem estar acima de

eu arriscasse investir em alguma

sua capacidade de carga.

novidade mirabolante, mas quando se trata da sociedade, o enfoque é

Não estamos falando das caixas dos bancos, mas dos

outro. Não deve existir apenas um

compartimentos da Terra, onde estão depositadas

ganhador. Todos precisam levar

as mais complexas fórmulas químicas sujeitas a

vantagem em todos os sentidos.

uma infinidade de leis, sem qualquer conotação legal. Estamos nos referindo à atmosfera onde são

Parece difícil fazer com que toda

depositados os gases naturais do planeta e ainda

uma

enriqueça

todos aqueles produzidos pelas atividades humanas.

ao mesmo tempo, apesar de suas

Estamos falando dos rios, outro depósito de gases e

diferenças culturais, religiosas e

demais substâncias que nos oferecem de graça uma

econômicas. No entanto, isso é

infinidade de “favores” sem nos cobrar absolutamente

totalmente possível. A questão não

nada por isso.

comunidade

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se


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Falamos do solo, um depósito de sedimentos, que

Mesmo antes de Cristo, a Terra nos amava

nos oferece espaço para nossas moradias, estradas,

intensamente e sempre nos ofereceu o que tinha de

e permite que a vida floresça - verdemente - e ofereça

melhor.

a chance de sobrevivência para tantas outras criaturas não-humanas.

E nós, o que temos feito por ela? Com que bondade temos retribuído tudo que ela nos oferece?

E o que estamos fazendo com esses abençoados depósitos? Estarão eles sendo preservados para que

Despejamos toneladas de poluentes em nossos

continuem a nos oferecer uma temperatura amena?

rios e oceanos. Sobrecarregamos a atmosfera com nossas partículas e emissões tóxicas. É verdade

Frutas em abundância que são polinizadas por

que temos mostrado boa vontade em corrigir os

insignificantes insetos, que ninguém nem sabe que

erros do passado. Mas como explicar que a lista de

existe. Eles mobilizam milhões e milhões de dólares

espécies ameaçadas só aumenta a cada ano? Que

dia e noite. Ninguém vive sem comer. Uma boa parte

aumentamos as cifras de mortos pela fome e miséria

do que comemos depende da polinização oferecida

extrema no mundo?

por animais, em especial os insetos. Conferências, tratados e acordos se repetem e não Você já agradeceu a algum inseto por garantir o

vemos grandes avanços de uma real qualidade de

alimento que você come? Eles trabalham sem parar e

vida para todos. Estocolmo, Rio-92, Johannesburgo,

não nos cobram nada por isso. É um serviço prestado

Copenhague e tantas outras. Promessas e promessas.

pela natureza gratuitamente.

Até quando?

Para nós, acostumados a botar preço em tudo,

O que vamos dizer para as gerações futuras quando

pode parecer muito estranho receber algo sem

as condições climáticas se agravarem tanto a ponto

pagar nada. Mas é exatamente o que ocorre. Somos

de comprometer a viabilidade econômica das

ingratos. Não agradecemos aos rios por transportar

sociedades humanas? Não poderemos alegar que

toneladas e toneladas de grãos, nem aos mares.

não sabíamos! Descaso? Incompetência? O que

Não agradecemos à atmosfera por permitir que

afinal?

permaneçamos vivos a cada instante, ou que nos sustente em aviões rápidos e nos leve a qualquer

Passamos o século XX apostando que seríamos

parte do planeta. Não agradecemos ao solo, que

diferentes no futuro. Pois bem: o futuro já chegou!

é o substrato onde plantamos nossas sementes.

Já queimamos um décimo dele. Não temos muito

Aprendemos apenas a explorar e a cobrar.

tempo nem conhecimento tecnológico suficiente para enfrentar as catástrofes climáticas que estão

Devíamos aprender com a bondade da natureza.

previstas. Basta chover um pouco que se percebe

Dividir mais; cooperar mais, no lugar de competir.

rapidamente a nossa fragilidade. E a verdade é que Maio 2011• MEMO online | 69


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realmente somos frágeis sim. Precisamos reconhecer

aprendam os nomes das plantas e dos animais de

isso e sermos menos arrogantes em nossos

sua região. Como preservar o que não conhecem?

posicionamentos antropocêntricos. Melhor apostar

Filmes e peças teatrais sobre meio ambiente podem

em Gaia, a nossa mãe Terra: mãe é mãe! Por que a

ajudar. Que se incentive a cultura ambiental. Que

estamos negando?

sejam oferecidos cursos de capacitação para a elaboração de projetos.

Acredito que uma das soluções mais importantes para enfrentamento de tantos desafios é educar os

É preciso valorizar mais as práticas e os conhecimentos

jovens no sentido cooperativo e não exatamente

que implementem a gestão ambiental a nível

competitivo. É criar mais espaços verdes e tratá-

dos municípios. A legislação ambiental devia ser

los com o devido respeito. É capacitar técnicos e

ensinada nas escolas. Enfim, fomos forjados a partir

sensibilizar políticos sobre a necessária prioridade

de um modelo europeu que não se ajusta à realidade

em prestigiar a sustentabilidade ecológica como

neotropical. Precisamos corrigir esse equivocado

base para a sustentabilidade econômica. É relacionar

percurso de plantar e colher apressadamente, próprio

o tratamento de esgotos e o reflorestamento como

dos povos do gelo.

urgências a serem resolvidas. É combater a poluição marinha a partir das bacias hidrográficas municipais.

No entanto, mesmo sendo europeizados, não

É acertar consórcios que reúnam diversas prefeituras

vivemos hoje no Hemisfério Norte. Estamos na linha

para o correto tratamento e aproveitamento dos

do Equador, onde chove muito e a neve é escassa.

resíduos sólidos. É tratar as questões sanitárias de

Destruímos as nossas florestas nativas para criar

modo mais amplo, conforme está preconizado no

espécies exóticas, tais como o boi, o cavalo, o porco,

Sistema Único de Saúde (SUS), e não somente para

a cabra, a ovelha, a galinha e tantas outras. A soja

atender “doentes”. É revitalizar e reorganizar os

de origem chinesa ocupa hoje boa parte do nosso

espaços públicos, muitos deles abandonados: como

território, onde cresciam madeiras nobres, de óleos

desejar a colaboração do cidadão, se não há o

raros, de princípios ativos desconhecidos.

exemplo de casa? Do próprio governo! Estamos perdendo tudo isso em nome de um lucro Não será uma tarefa fácil. Não faz tanto tempo assim,

rápido. As gerações futuras continuarão a comer

fezes e urinas eram guardadas em tonéis para serem

carne e soja, mas não terão mais o que descobrir

jogadas nas praias e em diversas colações de água.

nem patentear, por insuficiência de matéria prima

Falta sim uma educação mais esmerada. Que os

para pesquisar e conhecer, eliminada pela ganância

jovens saibam redigir um texto, e sejam estimulados

de uns poucos em detrimento de muitos.

para a boa leitura. Que respeitem os idosos. Que

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No “REINO do FAZ DE CONTA” nasceu, fadado ao SUCESSO, o “CONDOMÍNIO RESIDENCIAL FECHADO” DR. CARLOS AUGUSTO RABELO VIEIRA | Assessor Jurídico da Revista MEMO Há cerca de quatro décadas, ou pouco mais, mercê do proibitivo custo do metro quadrado do diminuto número de terrenos situados em bairros nobres das cidades, últimos bastiões da resistência ao poder econômico da, então, voraz indústria da construção civil, mentora do boom imobiliário que se estabeleceu, graças ao desvio de finalidades dos inesgotáveis recursos do, recém criado BNH (Banco Nacional da Habitação), alguns empresários, particularmente um que a todos liderou e serviu de espelho, de módicos recursos financeiros, propuseram-se a promover a total, maior e mais profunda revolução do mercado imobiliário já experimentada até então. Em Niterói, particularmente, tal corajosa missão, foi capitaneada por um homem de origem humilde, sem medos, que, ao longo da vida, enfrentara árduas lutas na busca do pão de cada dia, dotado, todavia, de raro feeling e visão empresarial que, após demorado acompanhamento dos rumos traçados pelo mercado imobiliário, convenceu-se que a solução para trazer de volta aos consumidores em busca da casa própria, aterrorizados com os preços dos imóveis, já escassos, e cuja aquisição pelo S.F. H (Sistema Financeiro da Habitação) transformavam sonhos em pesadelos, impostos pela absurda inflação de uma economia à deriva, levava a todos à irreversível inadimplência, decidiu abraçar o desafio, - que sabia Hercúleo -, de mudar os arraigados conceitos de morar bem, com melhor qualidade de vida pela convivência diuturna com a natureza e o meio ambiente, por preços e condições de pagamento, não só atraentes, mas,- o que era mais importante -, sem o risco de quaisquer surpresas futuras no que concerne ao adimplemento das obrigações assumidas. Tantas e tais vantagens mitigavam, obviamente, a distância maior, passageira, entre a casa e o trabalho, bem como o acesso aos centros comerciais que, como fazia questão de alardear, logo viriam servir a região, em decorrência da veloz expansão demográfica que a mesma experimentaria, em razão do lançamento, senão simultâneo, a curtíssimo prazo, de inúmeros outros empreendimentos de iguais características, sendo certo, ademais, que, em razão da conduta irrepreensível do vendedor, ao longo de toda a sua vida dedicada a compra e venda de imóveis loteados, o mesmo já contava com uma carteira de clientes que garantiam a venda de cerca de 30% a 40% das unidades, na fase de pré-lançamento, como investidores habituados ao lucro obtido, invariavelmente, em todos os negócios, anteriormente com ele celebrados. Com os recursos amealhados através do, sempre bem sucedido, pré-lançamento, dito empresário promovia o início das obras de infraestrutura, tais como as de arruamento, implantação de rede de água e esgoto etc., de molde a, quando do lançamento, munido do projeto de loteamento, devidamente aprovado pela Municipalidade, ter algo visível, desde logo, para mostrar aos futuros compradores. A “cereja” que coroava o bolo do engenhoso projeto de “marketing e merchandising”, todavia, era a novidade de que as unidades (lotes) vendidos integravam um, até então desconhecido, “Condomínio Residencial Fechado”, com todos os requintes de segurança e privacidade, jamais oferecidos aos adquirentes de lotes para construção de suas casas. 74 | MEMO online • Maio 2011


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Tal pomposa denominação, emanava do fato de que, além de a totalidade da área loteada ser circundada por muros ou cercas vivas, apresentava na “entrada”, no início da rua de acesso voltada para estrada frontal ao complexo, belíssimo portão de madeira de excelente qualidade e vistoso desenho artístico, guarnecido por uma “guarita”, não menos imponente, provida de mesas de interfones, a ser instalada pelos futuros “condôminos”, que regularia a autorização dos mesmos, quando consultados, acerca da permissão ou não, do acesso de quem, ao chegar ao “Condomínio”, fosse previamente anunciado e, autorizado ou não a adentrar naquele “Reino”; a exemplo do que ocorre nos edifícios de apartamentos. A matéria é apaixonante, mas o espaço é exíguo e de valor inestimável, o que me impõe a imediata abordagem dos aspectos legais envolventes da mesma. Não obstante a já ressaltada engenhosidade do criador dos, “soi disant”; ”Condomínios Residenciais Fechados”, não poderia, como operador do direito, deixar de externar meu juízo acerca da matéria, segundo o qual os mesmos, tal como estão postos, com raríssimas e honrosíssimas exceções, caminham s.m.j, para desaguar, inexoravelmente, no vasto estuário da ilegalidade. Com efeito, o parcelamento do solo da totalidade das áreas dos pseudo-condomínios, em lotes, foi promovido sob a égide e os mandamentos do longevo Decreto-Lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, ainda em vigor, apesar de algumas emendas sofridas ao longo do tempo, e de sua adaptação obrigatória às posturas municipais da situação da área loteada, que impõem, maiores ou menores regras para arruamento, bem como de reservas de áreas para instalação de próprios públicos, tais como praças, escolas, igrejas etc. A instalação de portões com guaritas, bem como de quaisquer outros artefatos impedientes do acesso às vias públicas (ruas, praças etc.) foge a legalidade, objetivando, na prática, transformá-las em “partes comuns” do “Condomínio”, tal como previstas na legislação específica sobre condomínio, vale dizer, a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, inaplicável à espécie. De por em relevo a enorme e indisfarçável parcela de culpa do Poder Público Municipal que, por omissão propositada, por isso que cômoda, não determina o desfazimento ou demolição dos elementos impedientes de acesso às vias públicas, senão também porque, como jamais levam a efeito as obras públicas previstas na legislação própria, nem de calçamento das ruas, nem de infraestrutura sanitária; muito menos aquelas construções que deveriam ocupar as chamadas áreas reservadas (escolas, praças etc.), que lhes são, obrigatoriamente, doadas, como condição, sine qua non, para aprovação dos projetos de loteamento que, com o passar do tempo, transformam-se em parques aquáticos com saunas e quadras poliesportivas e de tênis (“partes comuns do condomínio”, mantidas e preservadas com o recebimento da, não menos ilegal, taxa de condomínio), sem, no entanto, jamais se esquecer de cobrar, religiosamente, dos proprietários dos lotes ou das casas neles construídas (“condôminos”) os respectivos IPTU ou IT, acrescidos, não raro, de taxas de iluminação pública e de coleta de lixo. A sucinta,- não sei se chamo de análise ou denúncia-, da matéria, da forma como abordada acima, leva à crença, do neófito articulista, haver justificado o título escolhido para encimar tantas mal traçadas linhas, restando, quer me parecer, apenas e tão somente, desvendar a assertiva do porque “nasceu fadado ao sucesso”, bem como trazer à lume o nome do intrépido e iluminado empresário de visão de longo alcance, Maio 2011• MEMO online | 75


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que, em capitaneando, no momento certo, a “revolução do mercado imobiliário”, como destacado no intróito deste artigo, alcançou o reconhecimento, respeito e admiração, não só dos integrantes do seu pequeno batalhão da primeira hora, mas de tantos muitos outros empresários de alto coturno que, curvando-se ao sucesso de sua iniciativa, juntaram-se a ele e formaram o poderoso exército que conseguiu, a época, manter, ainda que com enormes perdas e sacrifícios, sobrevivente a indústria dos negócios imobiliários de Niterói, em todos os seus segmentos, estendendo os efeitos, da perseverança na luta, por diversos estados do país, chegando mesmo a romper fronteiras internacionais. No que pertine ao sucesso alcançado, faz-se de fácil compreensão pelo fato de ter feito renascer o sonho da casa própria para os já desiludidos; quer pela falta de opção de um mercado imobiliário paralisado, com a procura maior do que a oferta, que elevava os preços dos imóveis a píncaros, cada vez, mais inacessíveis; enquanto o crédito imobiliário escasseava por conta do alto índice de inadimplência dos mutuários. Ao contrário, o recém nascido “Condomínio Residencial Fechado” era colocado no mercado com preços módicos, prazos menores e parcelas fixas, além de oferecer todas as novidades antes já apontadas, tais como privacidade, segurança, convivência com a natureza etc. Por outro lado, a cidade não tinha mais para onde se expandir e, assim, a Região Oceânica, onde, à época, eram lançados todos os “Condomínios Residenciais Fechados”, que até pouquíssimo tempo se constituía em um enorme matagal, passou a ser, propositalmente, apontada como a nossa “Barra da Tijuca”. De carona em mais esses argumentos, os vendedores de “Condomínios Fechados” passaram a atingir importante camada da sociedade, vale dizer, a classe média alta, que vislumbrou na novidade, não só um excelente investimento a médio prazo, como, no caso de futura construção e moradia na região, tornar-se indicativo de status para os “arrivistas”. Diante disso e depois disso, nada mais se faz necessário acrescentar, não só porque o tempo se incumbiu de provar o “sucesso” a que alude o título, senão, também, porque não sei se o espaço a mim reservado comportará o já escrito e a conclusão que me incumbe apresentar ao artigo. Por derradeiro, cumpre-se, ao final, declinar o nome daquele que, sem sombra de dúvida ou exagero, teve ao longo de todo o escrito, no meu sincero entendimento, com inteira justiça, tão realçadas a sua retidão de caráter, sua liderança, coragem e visão empresarial, que o fez, sem favor algum o criador do “Condomínio Residencial Fechado” e fundador do “Reino do Faz de Conta”, que tantos benefícios trouxe ao mercado imobiliário, na hora em que o mesmo sofria de grave paralisia e, até hoje, continua vendo se renovarem as legiões e gerações de seus seguidores, mas, principalmente, aquele que deu alento às esperanças dos que já desistiam do sonho da casa própria. Com tal revelação, espero estar prestando meu parco, mas absolutamente sincero e sentido, tributo a NELSON GOMES DE ALMEIDA.

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Procura-se ENGENHEIROS Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) faz um diagnóstico da mão de obra desta carreira e aborda a formação de pessoal técnico-científico no mercado brasileiro Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO

O Brasil terá de 1,5 milhão a 1,8 milhão de

formados em engenharia estavam no mercado nas

engenheiros em 2020. Se continuar a crescer no

suas ocupações típicas. Ou seja: seis em cada dez

ritmo atual, precisará de 560 mil a 1,16 milhão

engenheiros atuavam em outras funções que não

destes profissionais a mais no mercado. A projeção

Engenharia. A previsão é que, em 2020, esse número

está no Boletim Radar nº 12, divulgado este ano

pule para 45%.

pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que faz um diagnóstico da mão de obra e aborda a

O trabalho indica riscos de gargalo em setores como

formação de pessoal técnico-científico no mercado

construção civil, mineração, petróleo e gás, em caso

brasileiro.

de crescimento maior da economia do país. De acordo com o Ipea, se a economia crescer 6% anualmente, a

O Ipea aponta que o número de engenheiros

quantidade de engenheiros necessários para a área

formados até 2020 será suficiente para atender a

de petróleo e gás subirá 19,3% até 2020.

demanda prevista, no entanto, alerta para o gargalo do desvio ocupacional. Segundo o estudo “Potenciais

Mas o número de profissionais não será suficiente

Gargalos e Prováveis Caminhos de Ajustes da

para atender a essa demanda. Nesse mesmo cenário,

Engenharia no Brasil”, se a economia do país crescer

a indústria extrativa mineral precisará de 10,3% a

4,5% ao ano, a oferta de engenheiros no mercado de

mais de engenheiros e a procura na indústria de

trabalho não será suficiente para atender à demanda

transformação crescerá 8,4%.

da indústria, da agroindústria, do comércio e das áreas de tecnologia em geral em 2020.

Aumento de salários, retenção de profissionais em vias de se aposentar, retorno dos aposentados ao

O estudo mostra que, em 2009, apenas 38% dos 80 | MEMO online • Maio 2011

mercado de trabalho e investimento em capacitação


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e treinamento, no curto prazo, são soluções indicadas

maior economia do mundo para a quinta, esse

para equacionar o problema.

profissional é indispensável”, destacou o economista da CNI.

No longo prazo, estão medidas como investimento em educação, com políticas de ampliação da oferta

Para

no sistema educacional e a garantia de formação

coordenador do Comitê, uma das ações envolve

básica com qualidade, para aumentar o número de

a concessão de bolsas de iniciação científica para

jovens aptos para o ensino superior e o mercado de

alunos de graduação e do ensino técnico, a fim de

trabalho.

evitar a evasão dos primeiros e aumentar o interesse

o

professor

Sandoval

Carneiro

Júnior,

na carreira no segundo grupo. “Um dos grandes O sinal que vem da indústria e do mercado já

problemas é que os alunos não têm contato com

começa a refletir na área de educação, formação

a profissão. Com as bolsas, é possível aumentar o

e capacitação de profissionais. O Comitê de

contato e motivá-los”, diz.

Engenharia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) prepara o Plano Nacional de Engenharia, que terá propostas para reduzir o nível de evasão e para preencher vagas ociosas de Engenharia de instituições públicas e privadas do País. O projeto terá quatro ou cinco ações. O

comitê

conta

com

a

Aumento de salários, retenção de profissionais em vias de se aposentar, retorno dos aposentados ao mercado de trabalho e investimento em capacitação e treinamento, no curto prazo, são soluções indicadas para equacionar o problema

Raio X da profissão - No mês de maio, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) lançou a publicação “O Mercado Formal de Trabalho da Engenharia no Estado do Rio de Janeiro”, em parceria com o Departamento Intersindical

de

Estudos

Estatística

e

Socioeconômicos

(Dieese).

participação da Confederação Nacional da Indústria e do programa Inova

A publicação consiste numa análise feita a partir

Engenharia, criado há cinco anos pela CNI para

de dados secundários, essencialmente as bases

aproximar os currículos dos cursos de Engenharia

disponibilizadas pelo Ministério do Trabalho, buscando

das necessidades do mercado de trabalho. O

traçar o perfil dos profissionais, os estabelecimentos

economista Marcos Formiga, assessor da diretoria

em que trabalham e o tipo de vínculo empregatício

da Confederação, revela que o Brasil forma menos

que rege seu contrato de trabalho.

engenheiros por ano do que a Rússia, a Índia e a China, integrantes do chamado grupo dos BRICs, os

O estudo é o primeiro passo do Senge-RJ para

países emergentes.

conhecer a fundo a categoria e identificar principais questões que envolvem o engenheiro em sua

Enquanto no Brasil esse número é inferior a 40 mil

atividade profissional. Um segundo estudo, com

profissionais por ano, na Rússia chega a 120 mil, na

dados primários, está sendo elaborado para obter

Índia alcança 300 mil e, na China, ultrapassa 400

informações específicas sobre o mercado e o

mil. “O engenheiro foi um dos agentes propulsores

profissional. Para tanto, estão sendo entrevistados

do crescimento acelerado da China e da Índia. Para

aproximadamente 2.000 profissionais em todo

o Brasil ter um projeto de nação, sairmos da sétimo

estado. Maio 2011• MEMO online | 81


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Projeto ALECRIM - O Restaurante da Alimentação Viva em Itacoatiara Trabalho Final de Graduação | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF | Aluna BRUNA ECKHARDT

O restaurante Alecrim foi concebido a partir da principal filosofia da “Raw Food”, orgânica de alta gastronomia, na cidade de Niterói, Região Oceânica, e visa a integração do homem com a natureza. Tirando partido da cozinha sem “fogo”, foi possível criar um ambiente ventilado, iluminado, fresco e com muito verde. A intenção foi projetar uma construção que se destacasse na paisagem pelos traços arrojados e contemporâneos sem perder o charme rústico. Para o desenvolvimento da proposta, se fez necessário conhecer os critérios práticos, filosóficos, políticos e mercadológicos deste “novo” tipo de alimentação para definir os critérios de projeto.

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Orientador: Professor Luiz Renato Bittencourt | Arquiteto

VOLUME A fachada conta com assimetria e formas bem delineadas. O ponto máximo é a entrada principal. Um cubo desconstruído de estética tridimensional, com estrutura metálica independente, revestido de madeira de demolição, forma o portal para o interior da edificação.

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ALIMENTAÇÃO VIVA A alimentação viva é aquela que integra homem, terra e solo. É o ato de participar do ciclo da vida, usufruindo de toda a energia presente na natureza. Raw Foodism ou Crudivorismo é um tipo de dieta vegetariana restrita baseada em alimentos crus, frescos, de preferência orgânicos (livres de agrotóxicos), sazonais e secos, também chamada de alimentação viva. É a forma de se alimentar mais natural possível onde o indivíduo não consome nada de origem animal, e, além disso, os alimentos não são cozidos. Segundo especialistas, cozinhar alimentos em temperaturas superiores a 38° destrói suas enzimas dificultando sua digestão, e sem o cozimento ainda são preservadas mais vitaminas, proteínas e minerais. Porém, isso não quer dizer que todos os alimentos são crus. Existem processos de preparação, que não causam perda de nutrientes, como a desidratação. Então, é importante frisar que na cozinha da “alimentação viva” não entra fogo. O único “forno” utilizado é o desidratador.

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ITACOATIARA Em justificativa para a escolha do bairro na realização deste TFG, 80% dos moradores têm residência fixa, estes de classe média alta com suas casas de alto padrão construtivo, juntamente com o grupo de visitantes, recorrentes em função do lazer na praia, formado principalmente de jovens engajados na questão sustentável e de preservação do meio ambiente, por serem na sua maioria esportistas. Esses grupos em questão formam um interessante público alvo para uma opção de alta gastronomia orgânica e alternativa, sem perder todo o requinte do bairro e sua característica residencial.

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COMPONENTES DO PROJETO 1. Cozinha sem fogo 2. Composteira 3. Larvário 4. Jardim vertical 5. Ventilação e iluminação natural 6. Ecobrisa 7. Sucos 8. Captação de água de chuva 9. Teto jardim 10. Aquecimento solar 11. Madeira de demolição 12. Jardim interno 13. Varanda

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