Revista memo 08 completa

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Ao Senhor Deus, toda a honra e toda a glória. Número 8 - Setembro 2011

REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIAS

Segmento de impermeabilização veste a roupagem de novas soluções tecnológicas para o mercado. O engenheiro civil Georg Ischakewitsch traça um quadro desta evolução

Mobilidade Urbana SUSTENTÁVEL

Projeto Final de Graduação apresenta Proposta de Sistema Cicloviário em Niterói. Econômico, saudável e não-poluente, uso da bicicleta não tem contraindicação

Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda

Projeto contemplado com a menção honrosa em concurso promovido pela UFF. Museu da ciência foi projetado para ser um monumento para a cidade e seu entorno

O intercâmbio Brasil-Canadá

Oficina Integrada de Projeto, com alunos e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo e University of British Columbia, mostra experiência da comunidade Caranguejo, em Niterói




MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Prof. Roberto de Sousa Salles - Reitor Escola de Engenharia - TCE Prof. Hermano José Oliveira Cavalcanti - Diretor

CONSELHO CIENTÍFICO - Professores Doutores: Antonio Ferreira da Hora|UFF, Carlos Eduardo Fellows|UFF, Carlos Eduardo de Rezende|UENF, Célio Mauro Viana|UFRJ, Eduardo Linhares Qualharini|UFRJ, Geronimo Emilio Almeida Leitão|UFF, Gilson Brito Alves Lima|UFF,

Departamento de Engenharia Civil - TEC Prof. Sergio Greca Palheiros - Chefe Diretor da Editora EDUFF Prof. Mauro Romero Leal Passos

Jorge Baptista de Azevedo|UFF, Luiz Felipe Machado Coelho de Souza|UFF, Protasio Ferreira e Castro|UFF/UNIGRANRIO, Ricardo Augusto Calheiros de Miranda|UERJ, Sérgio Marques Ferreira de Almeida|UFF

Fundação Euclides da Cunha Presidente: Miriam Assunção S. Lepsch Rua São Pedro 24 Grupo 801 Centro - Niterói / RJ - CEP: 24020-050 TEL: (21) 2109-1661

ISSN 2179 533 9

Editor: Prof. Luiz Alberto Marques Braga Pardal Conselho Editorial: Presidente: Prof. Francisco José Varejão Marinho Conselheiros – Arquitetura: Profª. Luciana N. Diniz e Prof. Luiz Renato Bitencourt Silva Conselheiros – Engenharia: Prof. Manoel Isidro de Miranda Neto, Prof. Cláudio Ribeiro Carvalho, Prof. Luiz Carlos Mendes e Prof. Rômulo Silva Conselheiros - Meio Ambiente: Prof. Antonio Carlos Moreira da Rocha, Prof. Dalton Garcia de Mattos Junior e Eduardo Negri de Oliveira Assessoria Jurídica: Dr. Carlos Augusto Rabelo Vieira

A Revista MEMO é uma publicação dedicada principalmente à Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente, que faz a integração do meio acadêmico com o mercado. Isso é traduzido em cada publicação, que terá em sua estrutura: artigos técnicos científicos, ensaios e resenhas, visando levar ao leitor assuntos abrangentes, como novas técnicas, projetos acadêmicos, profissionais e o cotidiano da construção, bem como aspectos voltados para sustentabilidade e meio ambiente. A publicação é composta por uma equipe de professores, estudantes, profissionais e técnicos que buscam temas de interesse da sociedade, tendo como berço o Departamento de Engenharia Civil TEC, da Escola de Engenharia TCE, da Universidade Federal Fluminense - UFF e gerenciada pela Fundação Euclides da Cunha - FEC. Com 20 mil exemplares e distribuição nacional e internacional, a Revista MEMO é apresentada em tamanho 20,5 x 27,5cm com 92 páginas impressas em policromia e papel de alta qualidade. A publicação também está disponível em formato digital, com acesso pela web.

Secretaria: Débora dos Santos Sanábio Barreto Jornalista Responsável/Revisão: Júlio Santos Correspondente Internacional: Leandro C. Almeida – Arq. EUA Direção de Arte: Galiana Le Diagon Produção Web: Marcia Mattos - M3 Digital Produção Gráfica: Jorge Gama Editora: Synergia Editora

Revista MEMO Rua Passo da Pátria 156, Bl. D, sala 461 - TEC São Domingos - Niterói - RJ

Tiragem: 20 mil exemplares

CEP: 24210-240 - Tel.: 21 2629-5447

Distribuição: nacional e internacional, também apresentada

Email: contato@revistamemo.com.br

em forma digital, com acesso pela web.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

08. DNA do empreendedorismo | Entrevista de HERMANO JOSÉ OLIVEIRA CAVALCANTI | UFF 14. REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIAS | GEORG T. ISCHAKEWITSCH | Engenheiro Civil 20. Missionário da ciência e tecnologia | Entrevista de JOSÉ RAYMUNDO M. ROMÊO | Engenheiro Civil 28. A hora e vez da TECNOLOGIA de vestir | BELMIRO IVO LUNZ | Engenharia Civil 34. Intercâmbio Brasil-Canadá | Professores ELOISA ARAUJO e GERÔNIMO LEITÃO | UFF 42. Intervenções de SANEAMENTO no município do Rio de Janeiro (1863/2007) | Professores ANA L. T. SEROA DA MOTTA, MARGARETH A. DE AZEREDO, MARCO LEAO GELMAN | UFF 48. Mobilidade Urbana Sustentável em Niterói – Proposta de Sistema Cicloviário | Trabalho Final de Graduação (TFG) | BEATRIZ TURL S. R. DE ALMEIDA 64. Comunicação e Espaço Urbano: A CIDADE, a CULTURA e o LIXO | HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA | Bióloga Mestre em Ciências Ambientais | UFF 70. Honrarias para um grande trabalho | professor Heitor Luiz Murat de Meirelles Quintella | UFF e UENF 72. Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda | Projeto de Alunos da Escola de Arquitetura | UFF 76. SUSTENTABILIDADE: na luz da ENERGIA SOLAR | JEAN MARC SASSON | Advogado e Gestor Ambiental 80. Afinal o que é SUSTENTABILIDADE? | ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Prof. da Faculdade Estácio de Sá |RJ 84. Conflitos SOCIOAMBIENTAIS, discurso e perspectivas: o caso do Jardim Botânico do Rio de Janeiro | PABLO AMARAL MANDELBAUM | UFF Set 2011• MEMO online | 5


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Educação contra corrupção Um movimento de indignação começa a percorrer e a tomar conta de várias partes do mundo. Nos Estados Unidos e em alguns pontos da Europa, por exemplo, uma nova corrente juvenil se mobiliza, com todas as armas, contra a ganância mercantilista de grandes bancos e corporações que insistem em colocar, de tempo em tempos, o mundo em permanente estágio de solavanco. As crises econômicas amiúde que jogam por terra sonhos de muitos e de países como a Grécia, um berço da nossa civilização, são a cara mais cruel nos nossos tempos. Por aqui no Brasil, a rebeldia, mais que na hora, vem contra a corrupção, uma metástase que destrói a administração pública e faz com que os projetos cheguem ao fim custando o dobro, o triplo ou o quádruplo dos seus valores originais. O movimento brasileiro já está nas ruas e na internet. Busca-se mais ética, honestidade e responsabilidade pública para combater esta “saúva” do nosso Estado. Junto com estes ecos, apostamos na principal receita para esta mudança em busca de um país mais sustentável e, sobretudo, ético: a educação, a formação acadêmica, a pesquisa e a qualificação profissional. Os ingredientes estão muito bem misturados no direcionamento da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, que nos últimos anos vem se firmando como uma referência em colocar no mercado de trabalho profissionais cada vez mais qualificados. E o receituário da Engenharia vem ficando mais aperfeiçoado ainda com a forte aproximação que mantém com o mercado, como mostra a área de pós-graduação com os seus mais de 2 mil estudantes, além dos 2 mil na graduação. O objetivo, em função da efervescência da construção Civil brasileira por grandes projetos de infraestrutura e imobiliário, é ampliar ainda mais estes números. Aliás, uma grande contribuição para um país que tem um déficit de 500 mil engenheiros. No movimento pela excelência na formação e capacitação profissional para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, outro bom exemplo que vem da UFF é a Semana de Engenharia, que aconteceu no final de outubro. Com palestras, minicursos, a presença de grandes empresas em busca de novos profissionais, a iniciativa é um movimento para colocar frente à frente academia e a indústria. Sua longevidade não deixa dúvidas. A 13º Semana de Engenharia da UFF mais uma vez cumpriu o seu papel de apontar para a sociedade os rumos da nossa Engenharia, com suas soluções que transformam “sonhos em realidade” e mostrando seu valor para formar profissionais com fortes alicerces. Profissional este que vai, no futuro, cuidar dos grandes projetos de construção em todas as áreas; levando, além do seu conhecimento técnico e experiência, os bons valores da ética. É o antídoto da educação injetado na veia de todos. Só assim daremos um basta à corrupção.

O EDITOR 6 | MEMO online • Set 2011


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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Uma palavra da Diretoria da Escola de

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

DNA do empreendedorismo HERMANO JOSÉ OLIVEIRA CAVALCANTI | UFF

Escola de Engenharia combina prática, experiência, pesquisa e inovação para formar engenheiros sob medida para o mercado de trabalho. Aumento do número de alunos na graduação e na pós-graduação sinalizam sucesso das iniciativas Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO Os grandes projetos de infraestrutura espalhados pelo país nos últimos anos exibiram uma dura realidade para uma economia que precisa acelerar o crescimento: falta mão-de-obra preparada e bem capacitada para atender o volume de empreendimentos projetados nas mais diversas áreas. Um dos problemas mais sensíveis está no déficit de 500 mil engenheiros no país, fruto de uma política que por muitos anos esvaziou a academia. Na corrida para reverter este quadro, empresas e universidades se aproximam para mostrar que a perfeita combinação de prática, experiência, pesquisa e inovação é a melhor receita para formar novos profissinais com a qualidade esperada pelo mercado. Uma prova bem concreta da boa relação academia e indústria vem da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), que mais do que nunca está no foco do mercado. Basta ver os convênios firmados com empresas do porte da Petrobras, Vale do Rio Doce, Odebrecht, Light, Eletobras, Ampla, Banco do Brasil e setores tecnológicos da Marinha do Brasil. Nos números já é possível ver que a saída escolhida caminha para o rumo certo: na graduação, já são 2 mil alunos; na pós- graduação, o número chega a 2 mil. A estimativa é chegar em 2014 com a marca de 6 mil alunos. Em 2010, por exemplo, a Escola de Engenharia capacitou mais de 1,2 mil técnicos, num convênio para atender às futuras necessidades da Petrobras com o Comperj. Para 2011, a estimativa é de capacitar mais 1,4 mil técnicos. “A Engenharia da UFF tem uma espécie de DNA do empreendedorismo, que vem desde a sua fundação. Temos aqui professores com perfil da pesquisa e também aqueles que sabem executar. A Escola tem estas duas categorias de engenheiros que se complementam”, comenta o professor Hermano José Oliveira Cavalcanti, diretor da Escola de Engenharia. “Temos aqui engenheiro que calculou mais de duas mil pontes, doutores em montagem industrial”, acrescenta. Sem abrir mão de formar o profissional voltado também para a área de pesquisa, ele diz que a Escola segue a diretriz de colocar no mercado engenheiros integrados às necessidades da indústria.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Para Hermano Cavalcanti, o REUNI (Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) serviu como ponto de partida para recuperar o ensino universitário. Na área de Engenharia, os efeitos também já são sentidos, como mostra o número de engenheiros formados, que saltou de 80 por ano, para 600. Na Escola de Engenharia, o número de alunos por turma cresceu de 7, 8 para 42. Segundo ele, a Engenharia trabalha com a expectativa de chegar, nos próximos anos, com a marca de nove a 10 mil alunos na graduação e na pós- graduação. “Com o REUNI, a Escola conseguiu agora fazer vários concursos, e existe a tendência de mesclar os profissionais que vão ministrar os cursos, procurando incentivar a pesquisa e a prática de mercado”, observa o diretor da Escola de Engenharia, que também vem cuidando da infraestrutura necessária para sustentar o crescimento e a permanente procura do mercado. Além do aumento de área para o crescimento da pósgraduação, está nos planos a implantação de uma biblioteca Nota 10, com um acervo de cinco mil títulos só para as engenharias. As parcerias e convênios com as empresas garantem a receita para a Escola de Engenharia manter o nível de crescimento. Dos projetos subsidiários pela indústria, 36% são destinados a benfeitorias em todas as áreas da Escola. “O negócio agora é um transatlântico que para parar vai ser muito difícil”, brinca Hermano Cavalcanti, contente com os rumos futuros da Escola. “Buscamos uma graduação muito boa e pós-graduação excelente para a pessoa sair pronta. Hoje, não tem engenheiro que se forma aqui que não esteja empregado. As empresas estão buscando estes profissionais”, destaca ele. A Escola de Engenharia também entrou no roteiro de visitas internacionais, como as realizadas por representantes de Singapura e da China. “Na visita de Singapura, colocamos no auditório vários empreendedores nossos. Eles ficaram impressionados com o níveis dos professores da UFF”, lembra Hermano Cavalcanti. Com alta qualificação e a busca permanente pela pesquisa, o time da Escola vem, nos últimos anos, desenvolvendo soluções inovadoras para a indústria. “Isso prova que a UFF não despreza o pesquisador”, diz. Um dos exemplos é o trabalho no Departamento de Engenharia de Telecomunicações para especificar o tipo de computador para ser usado pelo programa do governo federal que vai instalar 60 milhões de máquinas em escolas do ensino fundamental de todo o país. No Departamento de Engenharia Elétrica, foram desenvolvidas soluções para transmissão de energia, combate aos gatos encontrados pelas distribuidoras de energia, na área de iluminação e de geração de energia eólica. Tudo mostrando que a receita de combinar pesquisa, inovação e prática de mercado é a chave para a qualidade da Engenharia brasileira.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

No intuito de contribuir, somar e multiplicar conhecimento, toda a Revista MEMO, além de ser distribuída gratuitamente, está disponível na internet. No nosso endereço WWW.REVISTAMEMO.COM.BR, você encontrará, na íntegra, todo o conteúdo das matérias e fotos de cada edição, além de detalhes de projetos e publicações.

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REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIAS

O intercâmbio Brasil-Canadá

GEORG T. ISCHAKEWITSCH | Engenheiro Civil

Projeto de urbanização na comunidade Caranguejo,

O segmento de impermeabilização e o uso de novas

com a participação de alunos e docentes da

soluções que trazem a reboque os bons conceitos de

UFF e da School of Architecture and Landscape

sustentabilidade

Architecture at the University of British Columbia -

Página 14

Canadá, (UBC) Páginas 34

TFG de BEATRIZ TURL S. R. DE ALMEIDA: Mobilidade Urbana Sustentável

Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda | RJ

Projeto inovador de Sistema Cicloviário em Niterói

concurso promovido pela UFF, a pedido do Polo

que propõe solucionar a questão da segurança dos

Universitário de Volta Redonda projetado por Alunos

ciclistas e incentivar a bicicleta como meio de

da Escola de Arquitetura | UFF

transporte Página 48

Página 72

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Profs.ELOISA ARAUJO e GERÔNIMO LEITÃO | UFF

Projeto contemplado com a menção honrosa em


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Palmas para o Circo I Ao projeto de Lis Valladares,

Carequinha e cia, lá de cima, devem estar torcendo

começo dando os parabéns pela iniciativa de pensar

para ver esse sonho realizado. Estou torcendo

em estruturar uma arte tão conhecida e ao mesmo

daqui!

tempo tão pouco valorizada. Em algumas visitas a

Marcia Zeca - professora de português

amigos que estudam na Escola Nacional de Circo,

(Rede Estadual de Ensino)

evidenciei a precariedade de estrutura de ensino, colocando em baixa a estima de quem estuda e de

Boa impressão Fiquei muito impressionado com a

quem consome este “produto”.

Escola de Circo, trabalho da arquiteta Lis Valladares.

Adorei todas as justificativas da ideia do projeto para

Além das lindas formas do projeto, acho que a

ser implantado, se enquadra perfeitamente no local,

localização é privilegiada por ser de fácil acesso

tem harmonia com o entorno urbano, fácil acesso e

através dos terminais de ônibus que estão bem

valorização de uma área degradada de Niterói.

próximos.

Fico na esperança para que exista uma tramitação

Entretanto, o que mais me chamou a atenção foi a

que faça deste projeto uma realidade, potencializando

fantástica ideia que a profissional teve, aliando um

nossa arte e tornando um povo mais humano.

trabalho social a uma necessidade que a cidade de

Parabéns à revista pela qualidade das publicações!

Niterói tem de entretenimento e desenvolvimento

Fessal | Artista Plástico

cultural como já existem em vários países do primeiro mundo. Parabéns à profissional pela grande “sacada”,

Palmas para o Circo II Um projeto excelente que

ideia genial. Quem sabe não estaremos presenciando

a cidade de Niterói tanto precisa para integrar

o surgimento de um Niemeyer de saias...

arte, esporte e educação. O circo resgata a cultura

Fabio Azeredo Motta

brasileira já que serviu, literalmente, de palco (ou picadeiro) para a história do nosso teatro, música e

Mais

cinema. Sem contar que, numa época de verticalização

reconhecimento da Arte Circense no Brasil. Vamos

urbana, sobra cada vez menos opções para a prática

colocá-lo em prática?!

de exercícios e esse projeto é uma grande chance de

Meus parabéns!!!! Ventilação natural nota10!!!

termos um espaço de interatividade e descontração

Sara Lopes

palmas

Um

projeto

de

peso

para

o

para todas as idades. Roberta da Cunha Pereira

Novo padrão Quero parabenizar os Prof. Pardal e Prof. Varejão Marinho pelo excelente trabalho

Parabéns à MEMO Gostei muito do projeto da

na reedição da revista MEMO, cuja dedicação e

ESCOLA NACIONAL DE CIRCO DE NITERÓI.

empenho são reconhecidos por todos nós, bem como

Devemos apoiar projetos como este, e não deixar

pelo novo padrão na apresentação da revista, agora

que ideias e sonhos não se percam no vazio das

contando com a expressiva colaboração da FEC e

especulações solitárias. Nós niteroienses merecemos

demais agentes envolvidos nessa laboriosa tarefa.

este espaço; as gerações futuras também o merece.

Com o nosso maior abraço, Prof. Senna

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REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIAS GEORG T. ISCHAKEWITSCH | Engenheiro Civil

O segmento de impermeabilização vem se renovando nos últimos anos com o uso de novas soluções que trazem a reboque os bons conceitos de sustentabilidade Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO Detalhe de impermeabilização compatibilizado com outros projetos

Quem olha para os megaprojetos de construção

com polimeros e resinas bicomponentes, totalmente

erguidos país afora deixa-se levar pela imponência

isentas de solventes. Estas tecnologias geraram

de muitas edificações como shopping centers,

materiais muito mais seguros com desempenhos

estádios de futebol, modernos prédios comerciais,

físicos e mecânicos muito mais confiáveis que os

grandes viadutos e túneis urbanos. Por trás de

antigos asfaltos oxidados e outros sistemas baseados

todo o brilho das construções, um item sensível

em cimentos portland e água.

precisa ser 100% atendido para não correr o risco de jogar todo um trabalho por terra e gerar custos adicionais com a recuperação do empreendimento. Trata-se da impermeabilização. Fora do primeiro plano do mundo da construção, o segmento vem se renovando nos últimos anos com o uso de novas tecnologias que trazem a reboque os bons conceitos de sustentabilidade.

Manta asfáltica aplicada

Sistemas de impermeabilização consagrados como

A manta asfáltica seguirá por muito tempo liderando

as mantas asfálticas e as resinas de polímeros,

o ranking dos sitemas de impermeabilização no

assim como os epoxies, poliuretanos e acrílicos, na

mundo, por se tratar da evolução do centenário

realidade, também são frutos de uma evolução recente

sistema de membranas impermeáveis construídas

de novas tecnologias de modificação de asfaltos

com multicamadas de feltros, lãs de vidro e outros

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

estruturantes com asfaltos oxidados ou alcatrões

e da instalação de mais de 20 milhões de metros

(coal tar pitches), principalmente devido às suas

quadrados de obras de impermeabilização em vários

resistências mecânicas que desafiam as agressões a

estados do país. “O setor de impermeabilização está

que estão sujeitas as impermeabilizações em obra.

recebendo imputs de alta tecnologia, com várias

Os epoxies também prometem desempenhos cada

aplicações práticas”, destaca.

vez mais interessantes, podendo-se desenvolver

Outros empreendimentos também já partem para

formulações muito interessantes não apenas em

a solução, tendo sido usados, por exemplo, nas

edificações mas em obras especiais de saneamento,

arquibancadas do Lagoon - Estádio de Remo da

marítmas e em sistemas anti-corrosivos.

Lagoa, e projetados para o novo prédio da Fundação Getúlio Vargas e na nova sede da UNE - União Nacional dos Estudantes - os dois últimos projetos do arquiteto Oscar Niemeyer. “A polyurea é um material que pode ser alongado até a sua ruptura em até 600%, contando ainda com resistência a abrasão maior do que o aço, dependendo da sua formulação. A melhor borracha que conhecia até hoje era o neoprene, com alongamento de

Equipamento para aplicação de Polyurea - Última geração

até 400%. Pronto! Inventaram o aço de borracha

A lista de novas soluções inclui a polyurea, poliuretanos

ou a borracha de aço”, brinca o engenheiro,

bicomponentes isentos de solventes, os acrilatos e um

acrescentando que só existem três fabricantes dos

série de outros produtos para obras.

polímeros básicos no mundo: a Huntsman, a Basf e

De todos eles, o que figura como estado da arte,

a Bayer. A partir dos polímeros básicos formulam-se

sendo capaz de provocar uma grande mudança na

e desenvolvem-se diversos produtos adequados para

impermeabilização de edificações, é a polyurea, que

diversas solicitações.

traz a tiracolo uma grande resistência, mais rapidez

“Esta é uma solução de origem nobre”, ressalta

na aplicação, secagem ultrarápida e uma maior vida

Georg, acrescentando que a tecnologia pode ser

útil. A tecnologia, por exemplo, já foi empregada na

utilizada em muitos setores, como o de saneamento.

Arena Barueri, em São Paulo, há seis anos, segurando

Segundo ele, hoje existem Epoxies e Poliuretanos

neste longo tempo as pancadas dos torcedores nas

isentos de solventes, que reagem entre si, deixando a

arquibancadas.

composição 100% sólida, sem perda de corpo. “No

“Impermeabilizar uma arquibancada com manta

entanto, atualmente, a Polyurea é o estado da arte,

asfáltica é muito difícil. A manta tem que possuir um

é a tecnologia campeã”, acrescenta o engenheiro,

acabamento com massa ou concreto muito trabalhoso.

estimando em cerca de R$ 300 mil o custo para

A polyurea foi usada e, apesar das pancadas, não

ter um equipamento para aplicar esta solução, sem

vazou nada, não houve nenhum problema”, observa

contar o treinamento prestado pelos fabricantes.

o engenheiro civil Georg T. Ischakewitsch, da GTI, do

Só que neste campo da impermeabilização a

alto da sua experiência de mais de 40 anos no ramo

tecnologia não caminha sozinha, estando ligada Set 2011• MEMO online | 15


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

apenas ao material, observa Camila Siqueira Grainho,

mesmo com a prática de aplicação dos projetos. “A

arquiteta e urbanista da GTI. “A tecnologia também

impermeabilização não era uma atividade econômica

está ligada à eliminação de etapas na construção

no Brasil, por isso não se formou ninguém”, diz Georg,

civil, pois os selos verdes de sustentabilidade, como

comparando com a disciplina de cálculo estrutural,

o LEED e o Aqua, pedem isso”, observa Camila,

uma matéria altamente estudada que conta, por

explicando que a tendência é a compatibilização dos

exemplo, com o desenvolvimento de softwares que

projetos de modo a repensar a impermeabilização.

são permanentemente atualizados.

“Às vezes, você pode ter um material antigo, que era aplicado de uma forma não tão viável, e hoje consegue-se aplicar o mesmo material elimiando etapas”, ressalta.

Orientação do consultor de impermeabilização para juntas de concretagem

“Existe o cruzamento da impermeabilização com todas as disciplinas de engenharia, de arquitetura, paisagismo, estrutura, junta de dilatação, hidráulica, Edificios inteligentes - Impermeabilização inovadora

drenagem, escoamento”, exemplifica o engenheiro,

Formação acadêmica

reforçando que é preciso transmitir esta filosofia

“As tecnologias novas vão surgindo, mas até o

nas universidades de Engenharia e Arquitetura. A

mercado absorver demora um pouco. Então, qual é

mudança tecnológica também gera uma pressão

a inteligência do projetista?. Trabalhar com materiais

adicional para quem quer se manter atualizado. “Hoje

usuais e elaborar soluções onde se consiga dar para

você aprende uma coisa em impermeabilização e

o contratante um modo mais viável e econômico de

daqui a cinco anos estará com uma outra linguagem

construir, e com um desempenho aceitável. Por isso,

para responder o mesmo problema. Os materiais

a evolução da tecnologia da impermeabilização não

se atualizam demais. Com isso, quem trabalha com

é só material, mas está sim no saber do projetista

impermeabilização precisa se atualizar cada vez

de impermeabilização”, comenta a arquiteta e

mais”, observa Camila, que acumulou bagagem na

urbanista.

área nos 11 anos de trabalho na GTI.

O toque no saber remete logo para a formação e

Considerada

capacitação de pessoal para atuar no mercado de

impermeabilização precisa caminhar lado a lado com

impermeabilização. E aí, como acontece em várias

o projeto de construção, recomenda Georg. Só que

outras áreas, a academia fica devendo. Hoje, a

na prática nem sempre este item é considerado logo

melhor receita para formar um bom profissional é

de cara. “O projeto em si é dividido em duas fases,

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uma

matéria

multidiscipinar,

a


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

sendo uma delas a arquitetura da impermeabilização,

as grandes obras de impermeabilização começaram

que precisa estar alinhada com o projeto”, explica. O

a aparecer na década de 70, com a construção dos

engenheiro cita como exemplo o projeto de construção

metrôs do Rio de Janeiro e de São Paulo. “O metrô

do Shopping Américas, no Recreio dos Bandeirantes,

do Rio de Janeiro, na primeira fase, tinha 1,5 milhão

cujo projeto de impermeabilização está sendo

de metros quadrados de área impermeabilizada”,

elaborado desde o seu nascedouro pela GTI. “Se

conta o engenheiro. A chegada dos grandes

receber a obra pronta, com a estrutura definida, com

projetos de impermeabilização levou fabricantes e

as paredes construídas, você perde a oportunidade de

aplicadores dos dois estados a se unirem para criar

fazer um projeto de impermeabilização, de ajudar o

uma normalização específica.

arquiteto, o projetista de estruturas, o paisagista e os demais projetistas envolvidos. Aí eu vou só confeitar o produto”, comenta.

Cidade da Música - impermebilização aparente

Georg conta que, em 1975, foram criadas as Laje impermeabilizada com acabamento drenante - Pedriscos

primeiras normas brasileiras para o tema, sendo uma delas a NBR 279, editada pela Associação Brasileira

“Muito antes de ser um empecilho para a construção, a impermeabilização é uma ferramenta à disposição

de Normas Técnicas (ABNT), que criou o Comitê Brasileiro de Isolação Térmica e Impermeabilização

do arquiteto ou do paisagista, por exemplo. Estes

(CB-22).

profissionais sabendo que podem fazer determinada

ele, envolveu a criação do Instituto Brasileiro de

artimanhas, podem se valer dela para criar à vontade,

Impermeabilização (IBI), com o objetivo de melhorar

como colocar uma piscina com fundo de vidro no teto

as normas da área. “Hoje a país tem uma excelente

de um apartamento de cobertura”, diz Georg. Para

coleção de normas e naquele produto líder de

ele, é muito importante a participação do projetista

mercado - a manta asfáltica, com 80% das áreas

de impermeabilização no trabalho. “A entrada do

impermeabilizadas - a norma da ABNT NBR 9552

projeto de impermeabilização é na concepção do

é uma das normas mais modernas do mundo,

produto”, acrescenta o engenheiro.

devidamente harmonizada e compatibilizada com

Outra

iniciativa

importante,

destaca

a União das Normas da União Europeia, com a História e normatização

ASTM e com a NRCA (National Roofing Contractors

A história da impermeabilização no Brasil, lembra

Association) americanas”, conta Georg. “Hoje,

Georg, é relativamente recente, pois até os anos 1970

dispomos de uma coletânea de normas extremamente

existiam poucas soluções no mercado. Segundo ele,

atuais para impermeabiliação”, acrescenta. Set 2011• MEMO online | 17


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Missionário da ciência e tecnologia JOSÉ RAYMUNDO MARTINS ROMÊO | Professor UFF | Secretaria de Ciências e Tecnologia da Prefeitura de Niterói

Reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF) por duas vezes, professor Raymundo Romêo está preocupado com a capacitação e formação de pessoal para que país dê conta do seu desenvolvimento Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO Quando se olha os números da economia brasileira nos últimos anos, fica evidente que o país entrou num novo patamar de desenvolvimento. Só que daqui para frente, para manter o ritmo de crescimento médio de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), é preciso fazer algumas lições de casa para garantir a infraestrutura necessária para uma economia que busca figurar entre as principais do mundo. E um dos problemas vem sendo sentido dia a dia pelas empresas e indústrias: a falta de pessoal preparado e capacitado para segurar a onda de expansão dos negócios.

O cenário de vitalidade dos mercados e o baixo número de profissionais disponíveis traz para todos uma grande preocupação, que passa, necessariamente, pelos bancos acadêmicos. “Todo este desenvolvimento acontece com base no conhecimento, que tem que sair das instituições de ensino, sobretudo, das universidades de porte como a Federal Flumiense (UFF)”, observa José Raymundo Martins Romêo, secretário de Ciências e Tecnologia de Niterói, com a experiência de quem foi por duas vezes, 1982-1986 e 1990-1994, reitor da UFF.

Para ele, a forma de equacionar este gargalo passa por um investimento forte na qualificação de pessoas em todos os níveis, mesmo o mais simples, o secundário e o técnico. “Temos hoje no Brasil cerca de 6,2 milhões de estudantes no ensino superior. Deste total, apenas 11% fazendo Engenharia. Mesmo na ciência básica são muito poucos, uns 2% do total de estudantes de nível superior”, comenta Raymundo Romêo.

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Em busca de uma maior sintoniza com o mundo dos negócios e das indústrias, as universidades começam a encontrar boas alternativas. Uma delas envolve o processo de interiorização, que vai permitir o desenvolvimento de cidades com vocações específicas. “Considero este processo fundamental, pois no passado as universidades cometeram o equívoco de se concentrar nas grandes cidades”, diz o professor que nos seus dois mandatos fez a Federal Fluminense chegar a cidades do interior do Rio de Janeiro, como Bom Jesus, Miracema, Itaperuna, Macaé, Angra dos Reis e Nova Iguaçu.

Além de tratar de questões relacionadas à capacitação de pessoas e do papel das universidades, nesta entrevista exclusiva à Revista MEMO, Raymundo Romêo, fala também da importância da Niterói Naval Offshore, que acontecerá em Niterói no mês de novembro, para a evolução da indústria naval do município, e das iniciativas locais para garantir a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da ciência e tecnologia na cidade. Entre eles estão a criação do Parque Tecnológico da Vida e a instalação da MetroNit, uma rede de banda larga com 31 quilômetros de fibras ópticas.

Revista MEMO - A NNO - Niterói Naval Offshore,

altamente resistentes, mas flexíveis, com tecnologia

que acontecerá de 7 a 10 de novembro, chega

extremamente avançada. Apesar de a produção

este ano a sua quarta edição. O que este grande

naval se multiplicar por vários pontos do país, como

evento já trouxe de resultados para a cidade?

nos estados do Nordeste e Santa Catarina, a grande

José Raymundo Martins Romêo - Este evento

concentração ainda está em Niterói.

é decorrente do fato de Niterói ter ainda a maior quantidade de empresas da área de construção naval,

Revista MEMO - O que isso representa para a

e com uma particularidade, pois, historicamente, a

cidade em termos de negócios?

construção Naval nasceu na cidade com o Barão

José Raymundo Martins Romêo - Isso significa que

de Mauá. Hoje, este setor está muito destinado à

Niterói passa a ter uma concentração de profissionais,

energia, principalmente, para petróleo. Atualmente,

como engenheiros, economistas, administradores

Niterói não faz navios de cruzeiros, por exemplo,

etc, que fazem uma massa crítica de qualidade para

destinando a produção para embarcações de

a cidade. A feira visa mostrar para a população a

estocagem, transporte, exploração e reparos de

importância desta indústria para a economia de

plataformas.

Niterói. No evento, existe uma rodada de negócios,

Há empresas de Niterói produzindo tubos que

que em 2009, na sua última versão, movimentou R$

vão a profundidades imensas, que têm que ser

98 milhões. Ou seja, há um movimento para venda

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de peças, serviços, equipamentos

produzida, o que exige investimento na formação de

e

pessoal com alta qualificação.

fechamento

de

contratos.

A

grande patrocinadora da feira é a Transpetro, empresa da Petrobras

Revista MEMO - E como atender a esta exigência

que faz as encomendas dos navios,

do mercado por recursos humanos?

seguindo a política do governo

José Raymundo Martins Romêo - O momento é de

federal de não comprar navios ou

discutir esta situação nacional em que a economia vem

plataformas fora, mas de fabricá-los

crescendo, tomando um modelo de desenvolvimento

no país. Ou seja, a ideia é ampliar

imenso. Temos hoje no Brasil cerca de 6,2 milhões

o grau de nacionalização, que hoje

de estudantes no ensino superior. Deste total, apenas

está em 70%.

11% fazendo Engenharia. Mesmo na ciência básica boa

são muito poucos, uns 2% do total de estudantes de

oportunidade para que as empresas

nível superior. Todo este desenvolvimento acontece

de navipeças conheçam as condições

com base no conhecimento, que tem que sair das

oferecidas para que se instalem em

instituições de ensino, sobretudo, das universidades

Niterói.

de porte como a Federal Flumiense (UFF).

Revista MEMO - Qual é a estimativa

Revista MEMO - Então, o que fazer para equacionar

de negócios para a feira de

este gargalo?

2011?

José Raymundo Martins Romêo - A forma de

José Raymundo Martins Romêo

equacionar é investir fortemente na qualificação de

- Estamos estimando negócios da

pessoas em todos os níveis, mesmo o mais simples,

ordem de R$ 120 milhões, até

o secundário e o técnico. Por exemplo, o Rio de

porque a realidade já mudou.

Janeiro vem fazendo um trabalho muito interessante,

Hoje, há mais empresas aqui em

com a Secretaria de Ciência e Tecnologia criando

Niterói, como a Royce Rolls. Junto

Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTS). Os CVTs

com a feira existe a conferência para

são diferentes das escolas técnicas tradicionais, pois

dar a ancoragem de conhceimento.

estão voltados para um determinado segmento, como

Nada disso se faz sem conhcecimento.

construção civil, naval etc. Isso dá uma versatilidade,

Na construção de navios existe muita

pois se daqui a algum tempo as condições de

tecnologia por trás, que tem que ser

mercado ou do país mudarem este mesmo CVT pode

A

feira

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também

é

uma


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funcionar mas voltado para um outro enfoque. As

O complexo, que segundo a Petrobras terá um

universidades são fundamentais neste processo, e a

investimento de US$ 20 bilhões, está a uns 80

UFF está tendo um grande desenvolvimento.

quilômetros daqui, com duas refinarias.

Revista MEMO - E qual é o papel da universidade

É claro que isso vai atrair empresas. São empresas

neste processo todo?

que vão gravitar em torno desta grande planta. E

José Raymundo Martins Romêo - Hoje a universidade

nós não temos o número suficiente de engenheiros

está mais qualificada, mais voltada para a questão da

preparados para isso, nem técnicos de nível superior,

inovação, para a pesquisa. E dentro de um conceito

médio e inicial, que são fundamentais para trocar

de que o importante não é a pesquisa, mas o ato de

estes grandes processos e estes grandes projetos.

pesquisar para levar a novas descobertas. Ou seja,

Então, a formação e capacitação de pessoas é um

o importante não é tentar pesquisar para chegar ao

grande desafio.

resultado. É tentar criar o hábito da pesquisa, criar dentro das universidades a ideia de que ela não

Revista MEMO - Atualmente, existe um movimento

pode transmitir um saber estereotipado, mas tem que

de interiorização das universidades aqui no

realmente induzir, compelir, sobretudo, o estudante a

estado do Rio de Janeiro. Como o senhor analise

duvidar, a procurar coisas novas, a questionar.

esta marcha?

As universidades não têm que transmitir e entregar o

José Raymundo Martins Romêo - As universidades

conhecimento pronto. É preciso ensinar como fazer

do Rio de Janeiro estão todas em torno da Baía

o fogo, como fazer as coisas para que as pessoas

de Guanabara, a não ser a Norte Fluminense e a

possam, exercitanto a sua inteligência, criar as

Rural, que estão próximas. Elas não tiveram o foco

inovações. O principal não é levar o fogo, mas sim

de interiorização, não gerando desenvolvimento

saber como produzi-lo.

em outros municípios como aconteceu com as universidades dos Estados Unidos.

Revista MEMO - Qual é o peso desta questão para

Considero este processo fundamental, pois no

as empresas, para a indústria?

passado as universidades cometeram o equívoco

José Raymundo Martins Romêo - No caso de

de se concentrar nas grandes cidades. Por exemplo,

Niterói, esta é uma questão fundamental não só

em meu primeiro mandato como reitor de 1982-

para a indústria naval offshore para fazer face a

1986, levei para Pádua a UFF. No segundo, de

uma realidade concreta que está próxima, que é o

1990 a 1994, criamos cursos cursos em Bom Jesus,

Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj).

Miracema, Itaperuna, Macaé, Angra dos Reis e Nova

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Iguaçu, além de cursos de mestrado e doutorado

1920, a universidade de Bolonha, em 1988, fazia

em Volta Redonda e Campos. Hoje, existem polos

900 anos. A universidade brasileira vem passando por

em cidades como Nova Friburgo, Macaé e Rio das

um processo de aperfeiçoamento e vem procurando

Ostras.

sintonia com o mundo real. A Petrobras é um exemplo interessante, pois quando sentiu que podia competir e

A Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, foi a pioneira

ser uma das maiores empresas de energia do mundo,

neste processo de interiorização, que é muito útil para

procurou a universidade. Não é por acaso que o

criar um ambiente cultural, de forma ampla, incluindo

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras

educação e ciência e tecnologia nas cidades.

(Cenpes) está dentro do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Revista MEMO - Qual é a importância e os impactos que este processo pode trazer para o

São inúmeros contratos que a empresa tem com a

desenvolvimento das cidades?

Federal Fluminense. Esta presença no interior permite

José Raymundo Martins Romêo - Este foi o modelo

às universidades sentirem as necessidades daquela

usado nos Estados Unidos, a partir de 1800, com

região, daquele munícipio ou daquele estado. Hoje

a criação de universidades O&M pela indústria,

já existe uma boa sintonia, mais ainda estamos com

voltadas para a produção de alimentos e para a

pouca gente. Este é um problema sério, e vamos

mecânica. Elas recebiam terras como patrimônio para

procurar entender.

se manter e desenvolver o interior do país. Esta é uma forma mais produtiva e eficaz de desenvolvimento, ao

Revista MEMO - Como o senhor avalia o panorama

contrário do Brasil onde se optou pela concessão de

atual da ciência e tecnologia no Brasil?

incentivos financeiros para a instalação das indústrias

José Raymundo Martins Romêo - Hoje existem

no interior. Com qualquer crise econômica, elas

no país apenas 155 municípios com secretarias de

saiam, gerando um probelma social, o que foi um

Ciência e Tecnologia, o que é muito pouco para um

drama para muitos prefeitos.

universo de cerca de 5,7 mil cidades.

Revista MEMO - As universidades estão preparadas

É importante trabalhar para que o cidadão entenda

para identificar as vocações de cada região?

que vive numa era de ciência e conhecimento, e que

José Raymundo Martins Romêo - Acredio que

ele tem que se apropriar disso. Estamos ainda numa

sim. A universidade brasileira é relativamente jovem.

época de grande hiato gerencial, um abismo que existe

Enquanto a nossa primeira universidade data de

em decorrência do grande avanço do conhecimento,

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da ciência, da tecnologia e dos processos gerenciais.

um trabalho que é de transformar informações em

É preciso vencer este hiato gerancial. Eu diria que

conhecimento, novo ou antigo reciclado. O papel

isso é hoje quase uma tarefa de missionários.

mais importante da universidade, que às vezes tem sido esquecido, é transformar este conhecimento em

Revista MEMO - Niterói é um desses poucos

informação, em sabedoria, que é quando ele passa

municípios a contar com uma secretaria de Ciência

a ser de domínio público.

e Tecnologia. O que a cidade está fazendo? José Raymundo Martins Romêo - O prefeito Jorge

Revista MEMO - Quais exemplos de trabalho que

Roberto da Silveira, quando criou a secretaria, deixou

a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Niterói

bem claro que o papel da Prefeitura não era produzir

tem para mostrar?

a ciência e tecnologia. Seu papel é buscar dentro do

José Raymundo Martins Romêo - Um exemplo foi a

ambiente aquelas instituições dedicadas à ciência

criação do Parque Tecnológico da Vida, que funciona dentro do Instituto Vital Brasil, iniciativa que envolve

e tecnologia para trabalhar em conjunto, como o Instiuto Vital Brasil; a Empresa Estadual de Pesquisa

entidades como a Federal Fluminense e a Pesagro. O

Agropecuária (Pesagro); o Departamento Recursos

parque é voltado para a vertente do conservacionismo

Minerais; o Insituto de Pesos e Medias (Ipem) etc.

e biotecnologia, com a produção de fármacos, item

E, fundamentalmente, também um trabalho com

em que o país tem hoje um dos seus maiores gastos.

as universidades da cidade. Não acredito que se

O Brasil tem condições de ser líder nesta área. O

possa fazer alguma coisa de ciência e tecnologia

parque já conta com algumas empresas incubadas.

sem compartilhar conhecimento, sem este trabalho conjunto. Outro papel da secretaria é estimular o

Revista MEMO - Mas para que a ciência avance e

interesse dos estudantes para as ciências. O Brasil

a sociedade desfrute dos seus benefícios é preciso

tem boas, mas poucas manifestações nesta área.

ter acesso às informações. O que Niterói está

Um exemplo de ação da secretaria é o programa

fazendo para avançar neste campo?

de iniciação digital que já capacitou cerca de 500

José Raymundo Martins Romêo - O município tem

pessoas.

um projeto para implantar um circuito de banda larga, que, com isso, será a primeira cidade não capital a

Revista MEMO - Como entra o trabalho da

contar com um anel de banda larga. A MetroNit é

universidade neste processo?

uma iniciativa da Rede Nacional de Pesquisa (RNP),

José Raymundo Martins Romêo - A universiade tem

do Ministério de Ciência e Tecnologia. O projeto,

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que já está contratado, prevê a instalação de 31 quilômetros de fibras ópticas. Esta rede pode ser conectada à da cidade do Rio de Janeiro, pela malha de fibras ópticas instalada na Ponte Rio-Niterói. Uma vez fechadas todas as negociações em torno do projeto, a rede, que vai integrar uma série de entidades de pesquisas na cidade, pode ser instalada num prazo de quatro meses. Ela trará um grande benefício para Niterói, podendo agregar depois escolas, hospitais etc.

Revista MEMO - Anteriormente, falamos sobre o Comperj e o impacto que ele trará para a economia do Rio de Janeiro. Como é a participação do senhor nesta iniciativa? José Raymundo Martins Romêo - Quando nasceu o Comperj, o governo do estado criou o Fórum Comperj, que conta com um grupo gestor técnico. O grupo, que se reúne toda última quinta-feira do mês, é constituído por representantes da Secretaria de Desenvolvimento do Estado, da Petrobras, da Caixa Econômica Federal, do BNDES e de outras secretarias estaduais. O Consórcio Conleste, que reúne os 13 municípios da região do projeto, tem quatro representantes neste grupo técnico gestor, e eu sou um dos indicados.

O Consórcio Conleste realiza todo um trabalho de acompanhamento para fazer com que o desenvolvimento seja integrado em todas as regiões do Comperj. O órgão, por exemplo, desenvolveu um trabalho com o levantamento de dados referentes à região, feito pela área de Geociências da Federal Fluminense junto com as Nações Unidas. Este trabalho agora terá uma segunda etapa. A Federal Fluminense contribuiu com o Conleste na revisão dos planos diretores dos municípios. Existe a intenção de fazer o plano diretor da região, pois não se pode hoje tratar a questão dos transportes, dos resíduos sólidos, do abastecimento de água em cada município isoladamente. Hoje, a região conta com 2 milhões de pessoas e a estimativa é que daqui a cinco anos sejam 10 milhões.

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A hora e vez da TECNOLOGIA de vestir BELMIRO IVO LUNZ | Engenharia Civil

Como convergência tecnológica, os exoesqueletos estão na condição de epicentros assintóticos e plataforma. Esta convergência é promovida pela demanda humana por facilidades e zonas de conforto A maturação da ciência e tecnologia está no ponto adequado. Apontam para isso a convergência de máquinas carregadeiras (aquelas de terraplena-gem) para minis, e o começo de generalização de uso de máquinas de andar com amplificadores de força.

Configurando elemento da nova tecnologia de vestir, incorporando o centro computacional usado como sistemas de supervisão e controle para as funções exigidas, ainda lá estará, além de outras utilidades os meios de comunicação já existentes, porém com a proteção radiológica que hoje não existe, com um toque de ironia.

Apresentação Tendo em vista o histórico que acometeu a evolução de espécimes robóticos, o autor presume que o exoesqueleto já se autodefiniu e começa configurar linhas de mercado na forma que o presente já reivindica, sendo uma convergência da singularidade esperada por Ray Kurtweil (1).

A linha robótica vem personificando uma série de gadjets, e juntamente com as necessidades estabelecidas que lhes atribui identidades, caracterizando assim uma faixa que delimita suas funções ou atividades principais. O imaginário humano enfeita essa criação e a provoca, transformando sua evolução.

Essa evolução histórica também vem influenciando a evolução de máquinas pesadas típicas que vem reduzindo seu porte como se tentasse ajustarse ao perfil anatômico humano, como parece ter acontecido com as mini carregadeiras tipo Bob Cat.(2).

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O exoesqueleto e sua família

elaborados caso a caso, propiciam cabeças de série

A primeira década deste século esquentou uma série

adequadas para os benvindos equipamentos dessa

de iniciativas na linha de pesquisa que pretende

nova década.

fornecer ao mercado robôs como aquele estabelecido pela ficção: do tipo humanóide independente,

Articulação remota de membros superiores

como a Rose Futuramica (3) dos Jetsons sonhada

A extensão como prótese articulada dos membros

atualmente pelas donas de casas. Mas está claro

superiores, mãos e braços, visando a manipulação

que este plano na linha do tempo gradua as metas

remota de materiais explosivos ou radiativos em

por possibilidades, utilidades, conveniência etc. A

instalação fixa foram os primeiros nas décadas

independência Azimoviana pode ser protelada em

anteriores como objetos a serem atendidos em

favor da cognição humana. Nestas condições sem

termos de necessidades profissionais de risco. Estas

a exigência de atuação remota, está se definido

elaborações em instalações apropriadas foram

plenamente o exoesqueleto. Este se caracteriza em

validadas deslocando o foco de perigos, contando

sua completude por uma veste tipo servo que copia os

com a proteção da distância e visualização

movimentos do usuário, dando-lhe potência e rigidez

proporcionados por câmaras de TV ou de vidros

para o transporte e suporte de carga , realizando

blindados. Assim químicos e peritos específicos

esforços que de regra superam a capacidade humana

em segurança manipulam atualmente material de

normal.

trabalho afastando os riscos inerentes. A cognição do processo é humana. Sua extensão é tecnológica.

Uma vez solucionadas as dificuldades inerentes à

O centro de controle dessa ação remota é uma ilha

cada aspecto dos exoesqueletos customizados, que se

de facilidades. A ilha atualmente é disponibilizada

faz com otimizações de próteses, a mera associação

por solicitação comercial com elementos à pronta

da unidade cognitiva e de equilíbrio ao conjunto,

entrega.

comporia o homem bicentenário(4). Próteses simples de elementos superiores Os traumas que acometem o ser humano, na área de

Visando

superar

acidentes

que

deram

como

acidentes impactantes de seu desempenho, oferecem

consequência amputações de mãos e braços,

um cenário de oportunidade para superação que

a disponibilidade de próteses é frequente. Estas

qualifica uma tecnologia e indústria completa de

tentam se superar, em geral, primavam pela falta de

possibilidades para configurar o exoesqueleto. Um

naturalidade. Os comandos podem ser musculares

exoesqueleto japonês batizado como HAL já está

ou cerebrais e dependem de fonte externa de energia,

disponível para o mercado (5).

como era de se esperar. No filme Exterminador do Futuro II , o ator Arnold Schwarzenegger, um robô ,

As muletas primitivas estão dando espaço para as

expõe após corte no que seria um simulacro da pele,

maquinas de andar (6). Os braços e mãos mecânicos,

o conceito hollyhoodiano desse mecanismo. Está

as articulações, as juntas com novo design periférico,

claro que ali se trata de um robô integral.

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Locomoção

relação inicialmente ao manuseio de cargas, porém, de

usando o ser humano como elemento cognitivo. A

deslocamento. A pessoa se vê numa situação de

ideia foi estendida para uso em outras áreas, como

dependência de ajuda externa no comum dos casos

em hospitais, habilitando a um enfermeiro transferir

para sua locomoção. Atualmente a situação de

sozinho um paciente obeso para leitos de tratamento.

cadeirante é atendida por algum conforto quando o

Foi estendida também para ampliação de movimentos

impactado por esta circunstância é alvo de atenção.

visando uso de idosos que tenham seus movimentos

Muitos equipamentos de ajuda estão disponibilizados

prejudicados. O vestir de um exoesqueleto dá às

comercialmente para facilitar a convivência social.

pessoas fragilizadas que fazem uso do equipamento

Sistemas de apoio dependentes de baterias elétrica

um excelente nível de conforto nos seus movimentos.

complementam a fonte de energia necessária.

Daí também a denominação de robô de vestir para

Acidentes

costumam

afetar

a

capacidade

o exoesqueleto. Às

vezes,

o

impacto

da

ocorrência

implica

na amputação parcial do membro inferior. A

Tecnologia e fabricação

complementação da extremidade inferior apresenta nesse caso menor dificuldade , devido à existência de articulação simples. Esses fatos são muito comuns, porém, nota-se pouco em função destas partes anatômicas ficarem cobertas por calçados meias e a parte inferior de vestimenta (calça comprida). A verdade é que reis da popularidade fazem uso dessas próteses na TV e seus movimentos são tão naturais que a assistência atenta nem percebe o fato.

O apoio fornecido aos cadeirantes pelos equipamentos de ajuda estiveram restritos à plataforma sob rodas, com aptidão adequada para pistas de rolamento plana. A movimentação bípede é uma ambição

Nas demonstrações desses equipamentos, muitos

antiga que começa a ser cogitada e agendada.

deles ainda elaborados por estudantes e amadores fica evidente a diversidade de tecnologias empregadas. A

Abrangência do exoesqueleto

tecnologia pneumática mostrou ser promissora em

A utilização de exoesqueleto para absorver a carga

termos de controle, custo, capacidade de potência e

transferida dos membros de locomoção, manipulação

acessibilidade. Acreditamos que estas unidades não

e garra foi inicialmente uma concepção militar para

serão dispensáveis em almoxarifados e depósitos das

uso em campo de batalha por soldados. A ideia era

organizações em auxílio ao trabalho. A tecnologia

amplificar com equilíbrio a capacidade humana em

eletroeletrônica com certeza será dedicada ao equipo

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das pessoas idosas ou afetadas por traumas, pois

para receber seu diploma de graduação em Ciências

podem ser elaborados a partir de componentes mais

Políticas na Universidade da Califórnia , usando um

delicados. Pode vir nesse caso prevalecer também

desses equipamentos desenvolvido por uma equipe de

um tipo misto. No dizer da Honda é uma tecnologia

alunos de pós-graduação conduzidos pelo professor

vestível (7). Os fashion designers precisam se preparar

de engenharia mecânica Homayoon Kazerooni,

para esta nova realidade.

no laboratório de Engenharia Robótica e Humana daquela universidade. A tecnologia empregada para

Com certeza, o uso imporá condições a essa linha de

Whitney andar passou a ser desenvolvida em 2002,

equipamento. Assim como os veículos elétricos que

quando Kazerooni recebeu um financiamento do

exigem fontes elétricas eficazes, da mesma forma

Departamento de Defesa norte-americano (8).

será exigido maior desenvolvimento de tecnologia aos projetistas das baterias elétricas recarregáveis.

Na Biologia Geral, a troca é comum Como facilitador da vida para o ser humano, as

Reabilitação

próteses tipo exoesqueleto têm uma produção padrão

Os dispositivos de andar baseados nos exoesqueletos

e uma intervenção customizada para adequá-la a

estão estruturados em materiais leves, resistentes e

seu portador onde intervier a Engenharia para sua

geniais, tais como placas de titânio, fibra de carbono,

personalização. De forma automática, isso ocorre na

alumínio e velcros e tecidos bioflex que se ajustam

natureza.

confortavelmente ao corpo do usuário. Propriedades extras destes materiais protegerão o usuário de outras

Os insetos compartilham no processo biológico

mazelas, como radiação do ambiente. A variedade

através do tegumento, formado pela epiderme e pelo

de projeto mostra a diversidade de necessidades. O

exoesqueleto em quitina, numa dinâmica periódica

usuário pode somente iniciar o movimento e o ciclo

chamada ecdise, ou seja um processo de mudança

será concluído pelo dispositivo de forma equilibrada

programada para o exoesqueleto (9).

e robusta consumindo potência de fontes auxiliares de energia. É preciso desenvolver o seu hábito de

Este

processo

é

necessário

ao

longo

do

uso, assim como usamos bicicleta.

desenvolvimento do inseto para efeito de seu crescimento e é provocado diretamente pelos

Apresentação e debut das máquinas de andar

hormônios ecdisteróides, atuando no gene que

Miguel

codifica as proteínas estruturais da cutícula.

Nicolelis,

neurocientista

brasileiro,

conduzindo pesquisas na universidade de Duke, nos Estados Unidos, espera que o pontapé inicial

Com feedback a interface evolui

da Copa do Mundo em 2014, no Brasil, seja dado

Muitas pessoas com membros paralisados dependem

por um adolescente tetraplégico, usando um desses

de interfaces especiais para comandar equipamentos

equipamento. Nos EUA, o paraplégico Austin Whitney

associados aos exoesqueletos. Pode ser necessário

levantou-se de sua cadeira de rodas e foi andando

o emprego de interfaces cérebro-máquina para que

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a comunicação ocorra usando apenas atividade

com o braço robótico simples sem retroação, tendo

cerebral. Estas interfaces neurais já são disponíveis.

resultados significativamente superiores. Com isso, mais inteligência aflui a estas interfaces (10), com uma

A última descoberta realizada por pesquisadores

consequência: é opinião geral entre os pesquisadores

da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos,

que usar um robô de vestir, controlado pelo cérebro

é que a interação da interface é mais efetiva caso

tenderá a educar pessoas paralisadas em direção a

se processe o “feedback sensorial”; ou seja, caso o

sua recuperação.

usuário consiga sentir com efetividade a realização do ato. Isso pode ser feito realimentando um estímulo

Conclusão

que lhe permite “a sensação” do objeto tocado. Na

É chegada a hora e vez da tecnologia de vestir:

verdade, é o que sempre disse a clássica teoria do

como máquina de andar e/ou com outros auxílios

controle. Mas agora se sabe que isto existe mesmo

acessórios. Materiais especiais, além de tecidos,

entre sistemas diferentes.

comporão parte dessa máquina. Adicionarão atenuação radiológica, como blindagem

Exoesqueletos robóticos do tipo braço, com sensação

para as centrais que controlarão as funções de seu

(feedback sensorial) que se move em resposta aos

modelo e também como brinde para nos proteger do

comandos cerebrais emitidos por meio da interface

celular que hoje nos afeta com sua irradiação (11)

neural foram testados com macacos em comparação

local.

Referências: (1) Belmiro Ivo Lunz, Reflexões sobre Sustentabilidade e Singularidade-Revista Internacional do Conhecimento, Ano 1, Volume 1, Número 2, 2011, site: http://revistainternacionaldoconhecimento.wordpress.com/ (2) YouTube - Experiência em Bob Cat!, Publicado 26 maio 2010 ,www.youtube.com/watch?v=Szvksc4PKSk4 min - Vídeo enviado por PrqAventuraSniper (3) No episódio “Rosey The Robot”, o seu número de modelo é revelado como XB-500. (4) Issac Azimov, O Homem Bicentenário , disponível no site: www.cienciamao.usp.br/.../cfc.php?cod=_ohomembicenten... - Em cache O texto o homem bicentenário nos mostra um lado do robô que não imaginamos que exista: o lado humano, autodidata, motivado, que busca a liberdade acima de ... (5) Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR , Exército dos Estados Unidos cria homens de ferro da vida real ,26/04/2011 | 09h24 | Exoesqueleto Site : http://www.diariodepernambuco.com.br/nota.asp?materia=20110426092414 (6) Ricardo Westin, AS MÁQUINAS DE ANDAR, Tecnologia . Veja,Editora ABRIL 2223-ano44,n.26-29 de junho de2011 (7) site: http://www.techlider.com.br/2009/04/honda-apresenta-exoesqueleto-robotico-para-ajudar-deficientes/ (8) Folha.com , Estudante paraplégico “anda” em formatura usando exoesqueleto, site http://noticias.bol.uol.com.br/ internacional/2011/05/17/estudante-paraplegico-quotandaquot-em-formatura-usando-exoesqueleto.jhtm disponivel em17/05/2011 (9) Fábio de Castro, DINAMICA DO EXOESQUELETO, publicado em 21/07/2011, site http://agencia.fapesp.br/14211#.TirePETEq1c. email (10) inovacaotecnologica, Exoesqueleto robótico melhora controle de equipamentos pelo cérebro, Robótica, Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/12/2010, site www.inovacaotecnologica.com.br/.../noticia.php?...exoesq... - Em cache + Notícias | Exército dos Estados Unidos cria homens de ferro da vida real (11) Fernando Antonio Santos Beiriz ,TELECOMMUNICATION SYSTEMS AND THE SUSTAINABILITY, Revista Internacional do Conhecimento, http://revistainternacionaldoconhecimento.wordpress.com/Ano 1, Volume 1, Número 2, 2011

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URBANIZAÇÃO: o intercâmbio Brasil-Canadá Professores Doutores ELOISA ARAUJO | Departamento de Urbanismo | GERÔNIMO LEITÃO | Departamento de Arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF)

Oficina Integrada de Projeto, com participação de alunos e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo e da School of Architecture and Landscape Architecture at the University of British Columbia, mostra experiência da comunidade Caranguejo, em Niterói Entre os dias 5 e 17 de maio deste ano, foi realizada uma Oficina Integrada de Projeto, com a participação de alunos e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo e da School of Architecture and Landscape Architecture at the University of British Columbia, Canadá, coordenada pelos professores Gerônimo Leitão (EAU-UFF) e Blair Satterfield (UBC).

A oficina contou ainda com a participação dos professores Eloísa Araújo, Pedro da Luz e do arquiteto Tom Caminha (ex-aluno da Escola), tendo como tema o desenvolvimento de um Plano Geral de Intervenções Urbanísticas na comunidade Caranguejo, situada no Largo da Batalha, em Niterói. A realização dos trabalhos teve o apoio da Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura de Niterói – através da secretária Cristina Monnerat e da arquiteta Patrícia Barros –, e, também, da direção da Associação de Moradores do Morro do Caranguejo – através do seu presidente, Maurício Bonifácio, e do seu vicepresidente Carlos Xororó. Na primeira etapa da Oficina UBC – EAU foram realizadas exposições, no auditório do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, que tiveram por objetivo familiarizar os estudantes canadenses com questões referentes à produção do habitat nos assentamentos

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Alunos da Escola de Arquitetura e Urbanismo/UFF e Universidade British Columbia/Canadá na Comunidade Pedra do Sal/RJ Visita das equipes às comunidades do Caranguejo/Niteróri-RJ e Parque Royal na Ilha do Governador/RJ urbanizada pelo Programa Favela - Bairro


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informais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, bem como apresentar um painel sobre experiências recentes de programas de urbanização de favelas cariocas. Também foi proporcionada aos alunos uma visita guiada ao centro da cidade do Rio de Janeiro, possibilitando uma visão abrangente da produção do espaço urbano na área central do núcleo metropolitano, a partir do contato com elementos da estrutura urbana dos períodos colonial, imperial e republicano e seus contrastes com a cidade contemporânea. Em seguida, foi feita uma visita à comunidade Parque Royal, na Ilha do Governador, na cidade do Rio de Janeiro, quando os participantes da Oficina Integrada de Projeto tiveram a oportunidade de conhecer as obras de infraestrutura de saneamento básico, bem como os equipamentos comunitários e unidades de reassentamento construídos pelo Programa Favela/Bairro, implementado na década de 1990 pela prefeitura carioca. Concluída essa etapa de caracterização dos principais problemas observados nas favelas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e conhecidas as soluções desenvolvidas por programas de urbanização diversos, os cinco grupos – formados por alunos brasileiros e canadenses – iniciaram os trabalhos de levantamento de dados físicos e sociais da comunidade do Morro do Caranguejo, visando obter os subsídios necessários à elaboração de um Plano Geral de Intervenções Urbanísticas. Em visita guiada por membros da Associação de Moradores, alunos e professores realizaram entrevistas com moradores locais e produziram uma extensa documentação fotográfica que seria utilizada, posteriormente, para representar as intervenções propostas.

Comunidade do Morro do Caranguejo/Niterói-RJ: Área de intervenção urbanística

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Um dos planos gerais de intervenção urbanística apresentados pelos alunos

Encerrada a fase de diagnóstico, os grupos iniciaram o desenvolvimento das propostas arquitetônicourbanísticas, na sala 11 do Casarão da Escola de Arquitetura e Urbanismo – espaço destinado para uso exclusivo do Atelier Integrado de Projeto, durante as duas semanas de suas atividades.

Proposta de uso de recreação e lazer para a área non edificandi sob as redes de alta tensão

Via de pedestres projetada no limite da Comunidade

Embora bastante diferenciadas entre si, as cinco propostas tratavam, basicamente, dos mesmos problemas observados na etapa de diagnóstico: remoção de famílias que ocupam área non edificandi sob a rede de alta tensão que secciona a comunidade, com a previsão de reassentamento desses moradores em outras áreas no interior da própria comunidade e a proposição de novos usos para a faixa liberada; melhoria das condições de acessibilidade no interior da comunidade; implantação de creche, equipamento de 36 | MEMO online • Set 2011


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Via de pedestres projetada no limite da comunidade

Unidades habitacionais de reassentamento proposta pelos alunos

promoção social e espaços de recreação e lazer; proposição de execução de obra de contenção de encosta, de modo a eliminar um quadro de risco observado atualmente; e, por último, no que diz respeito à infraestrutura de saneamento básico, a implantação de um castelo d’água, de modo a regularizar o abastecimento no local, além de dispositivos de drenagem de águas pluviais.

Castelo d’água proposto por uma das equipes para a regularização de abastecimento de água na comunidade

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IL 23 = 2.410 = US$ 0,00137/t.km 35 x 501 x 100

Apresentação dos projetos para as lideranças comunitárias do Morro do Caranguejo e técnicos da Prefeitura da cidade de Niterói

Os estudos desenvolvidos foram apresentados aos representantes da comunidade e da Prefeitura Municipal de Niterói, em seminário realizado no Auditório do Chalé, que contou, ainda, com a presença de outros alunos dos cursos de graduação e pós-graduação, bem como outros professores. As propostas foram bem recebidas e disponibilizadas para a direção da Associação de Moradores do Morro do Carangueijo e para a Prefeitura Municipal de Niterói, com o objetivo de fornecer subsídios para eventuais intervenções futuras na comunidade, promovidas pelo Poder Público.

Unidades habitacionais de reassentamento propostas pelas equipes

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Essa experiência, desde a concepção do diagnóstico, parte subjetiva da formulação das proposições, à concepção do projeto, parte objetiva, permitiu aos alunos entrar em contato com uma metodologia específica para a elaboração de projetos de urbanização de favelas - o que foi particularmente valorizado pelos alunos canadenses.

Perspectiva de uso das áreas liberadas pelo reassentamento de moradias em áreas de risco

Projeto da Nova Associação de Moradores do Morro do Caranguelo/Niterói-RJ

Projeto de Unidade de Saúde no Morro do Caranguelo/Niterói-RJ

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Ainda durante as etapas de desenvolvimento dos planos gerais de intervenção urbanística, alunos e professores – brasileiros e canadenses – puderam trocar experiências, discutir particularidades da localidade de projeto, apresentar soluções com enfoques diferenciados.

A realização da Oficina Integrada de Projetos pretende ser a primeira etapa de uma série de atividades regulares de intercâmbio entre a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a British Columbia University, sendo prevista a implementação de uma nova oficina, em 2012.

Interação das equipes Brasil e Canadá

Presença dos alunos A Oficina Integrada de Projeto contou com a participação dos alunos Alexandra Kusiaki, Guy Mclintock, Kathy Chang, Nicole La Housse de La Louviere, Martina Caniglia, Avery Titchkowsky, Derrick Travis, Mahbob Biazi, Neda Barbazi, Josimar Dominguez, Dave Harlander, Alecsandra Skibicki, Mark Francis, Poyan Tauabod, Heba Mileki (BCU) e dos alunos Andreza Francisco, Camila de Almeida, Camila Cardoso, Clara Bucley, Daniela Manfredi, Diego Curcio Dias, Flavia Moraes, Gilmara Conti, Helena Mello, Jeferson Costa, Juliana Meireles, Jessica Rocha, Laís Salviano Valente, Liza Ferreira de Souza, Lucas Costa, Rafael de Souza, Pedro Pinela, Thiago Silva Berto e Victor Hugo Clemente (EAU).

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SANEAMENTO: passos da história do Rio de Janeiro Professores ANA L. T. SEROA DA MOTTA, MARGARETH A. DE AZEREDO, MARCO LEAO GELMAN | UFF – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Artigo faz descrição sobre as primeiras intervenções e evolução da política pública de saneamento na cidade, no período 1863/2007. Rio de Janeiro foi a terceira cidade do mundo a ser dotada de esgostos sanitários, depois de Londres e Hamburgo A constituição dos serviços de saneamento básico no Rio de Janeiro se deu com o surgimento das questões sanitárias quando a cidade era a capital do Império, em meados do século XIX. Até este momento todas as intervenções realizadas não chegavam a se classificar como uma política de saneamento. Tratava-se de ações que alcançavam apenas áreas localizadas em obras pontuais e descontínuas. Não havia nesta época instituições e organizações do Estado no que diz respeito a questões urbanas e de infraestrutura (SILVA, 2002). Os antecedentes do saneamento da cidade do Rio de Janeiro foram marcados por uma situação que foi se agravando e culminou em um estado considerado gravíssimo por todos os entendidos. Ocorriam várias epidemias de, por exemplo: varíola, tifo, além da febre amarela trazida do exterior para o Brasil, causando verdadeiros surtos, e acabando com muitas vidas (SILVA, 2002). No Rio de Janeiro, cidade portuária importante para a economia agroexportadora, núcleo da gestão administrativa, porta de entrada do Império e centro do país, era necessário que as primeiras intervenções ocorressem e o ponto de partida

Figura 01 - Saneamento executado por “tigres”

foi a epidemia da febre amarela que ocorreu de 1849 até 1851 (MARQUES, 1995).

Em função do surto epidêmico ocorrido em 1849, foi

Com todas essas epidemias, houve o inicio das

criada a Junta Central da Higiene Pública em 1851.

intervenções no saneamento básico da cidade. Antes,

Ela seria responsável pela organização e exercício

conforme se observa na figura 01, o esgotamento

da política sanitária em terra, monitorando todos os

era efetuado através dos “tigres”, escravos, que à

espaços potencialmente perigosos da cidade.

noite, carregavam tonéis de excreta das habitações

Nos relatórios da Junta era citado o estado de

até o mar, lançando-os em frente ao Largo do Paço

insalubridade em que se encontrava a cidade, sendo

(MARQUES, 1995).

as causas, listada a seguir (SILVA, 2002):

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• Despejos dos resíduos, unidos aos esgotos, despejos

O sistema de esgotamento da City era o misto ou

orgânicos e a umidade;

separador parcial, no qual a rede de esgotos dos

• Os rios que trajetam pela cidade carregados de

prédios recebia os despejos sanitários e as águas

imundícies;

pluviais dos pátios internos e telhados. Ocorria em

• O matadouro; o lixo das ruas e das praias;

dias de chuva, em face do grande volume das águas

• Os cemitérios;

coletadas transbordamentos e alagando das ruas,

• As fábricas e estabelecimentos industriais e

o que trazia transtornos à cidade. Até 1887, a City

• A umidade nociva pela falta de escoamento para

tinha construído as seguintes Estações de Tratamento:

as águas pluviais e do esgotamento sanitário.

Arsenal, Gamboa, Glória, São Cristóvão, Botafogo e

Neste contexto, o município do Rio de Janeiro foi se expandindo com destaque para suas condições antihigiênicas, a inexistência de um planejamento, ruas

Alegria. A figura 02 mostra o prédio onde foi instalada a Casa de Máquinas e a ETE Alegria, construído em 1884 (SILVA, 2002, VI, p.128).

construídas com graves erros de saneamento básico.

As condições sanitárias do Rio de Janeiro continuavam

Os terrenos planos estavam localizados em sua

a ser preocupantes e as críticas aos serviços da City

maioria abaixo do nível da maré. A cidade teve a sua

não cessavam. As deficiências encontradas exigiram

expansão entre lagoas e pântanos e eram comuns os alagamentos causados pelas fortes chuvas que não eram escoadas adequadamente.

Diante deste quadro, o Imperador D. Pedro II cria a Lei 884 de 01.10.1856, autorizando o governo a contratar uma empresa de serviço de limpeza e esgoto para a cidade do Rio de Janeiro. Em 25 de abril de 1857, foi assinado um contrato com os empresários

Figura 02: Prédio da Casa de Máquinas e da ETE da Alegria, construído em 1884. Fonte: Silva (2002).

João Frederico Russel, Joaquim Pereira Vianna de Lima Junior e o inglês Edward Gotto. Trata-se de um

a formação de comissões com a finalidade de formar

marco decisivo para o saneamento da cidade. Mais

relatórios e detectar os problemas e as fragilidades

tarde este contrato foi transferido para a empresa

do sistema adotado. A qualidade dos serviços

inglesa Companhia City (CITY, 1940).

apresentados deixava a desejar e não estavam acompanhando o ritmo com que a cidade crescia,

O Rio de Janeiro foi a terceira cidade do mundo a

causando grande insatisfação, sendo taxados de

ser dotada de rede de esgotos sanitários, precedida

serviços caros e ineficientes. O tratamento dos

por Londres (1815) e Hamburgo (1842). Somente

afluentes era precário. Para agravar a ineficiência

Londres, como capital se antecipou ao Rio de Janeiro,

da City, a descarga das lamas deixou de ser feita

na construção de suas redes de esgotos. (CEDAE).

com frequência. Era comum que as lamas ficassem Set 2011• MEMO online | 43


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sofrendo fermentação e putrefação. Isto aumentava o teor da matéria orgânica em suspensão no esgoto efluente em vez de reduzi-lo, sendo este material jogado diretamente no mar (SILVA, 2002, pg. 130 VI).

Foi criada em 1924, a Inspetoria de Água e Esgoto ficando com o encargo de executar, por administração direta, o esgotamento de Ipanema, Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas, Leblon e Penha. Já os serviços que abrangiam o trecho do coletor predial, entre o limite da propriedade e o coletor público de esgotos seriam à custa do proprietário. (SILVA, 2002, p 255. VI).

No decorrer da atuação da City como responsável pelo saneamento no município do Rio de Janeiro, os critérios utilizados pela empresa inglesa eram considerados precários e com isto foi gerando um aumento no grau de insatisfação. Seus serviços eram deficientes e não atendiam à nova realidade da cidade e por este motivo as negociações foram encerradas em 1934. Na figura 03 demonstra-se a localização das primeiras redes de esgotamento sanitário.

Em 1937, a Inspetoria de Água e Esgoto (IAE) através da Lei nº. 378 foi substituída pelo Serviço de Águas e Esgoto do Distrito Federal (SAEDF). Ele deu andamento nas obras não concluídas pela Inspetoria realizando os serviços da rede de esgotos da Penha e Olaria; a Estação de Tratamento da Penha; os projetos das redes de esgotos da área marginal da Lagoa Rodrigo de Freitas; a Estação de Tratamento da Urca; as instalações domiciliares dos subúrbios da Leopoldina e zonas suburbanas (SILVA, 2002).

A City continuou a explorar os serviços já contratados até o ano de 1947, quando terminou seu contrato. Neste momento ocorreu a transferência dos serviços para a Prefeitura do Distrito Federal. Ficando responsáveis pelos serviços seu Departamento de Águas e Esgotos (DAE), da Secretaria Geral de Viação e Obras. A DAE tinha o privilégio de elaborar projetos das instalações prediais dos prédios, cabendo aos instaladores a execução dos projetos aprovados. A partir dos anos 50 se deu um movimento urbano acelerado. Foi necessário Figura 03- As primeiras redes de esgotamento sanitário no município do Rio de Janeiro (1857 a 1935).

criar um departamento que se encarregasse de gerir tanto a parte urbana, quanto aquela relacionada ao esgoto, uma vez que ambas

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estavam intrinsecamente ligadas. Desta forma em

do IO - trecho Botafogo-Arpoador; Alargamento

1957 foi criada a Sursan - Superintendência de

da Praia de Copacabana;Trecho do IO - Avenida

Urbanização e Saneamento. Ela foi constituída

Atlântica; IO - Avenida Princesa Izabel; Elevatória

pelo Departamento de Esgotos Sanitários (DES) e

Bombas Parafuso; Elevatória André de Azevedo;

Departamento de Urbanização (DU) tendo atribuições

Reforma e ampliação da Elevatória de Botafogo; ETE

ligadas ao DES.

da Penha-Ampliação; ETE da Ilha do Governador; Cidade Universitária – Rede de esgotos e elevatória;

Até 1960, a rede de esgotos sanitários do antigo

Rede de esgotos e elevatória da Ilha do Fundão;Rede

Estado da Guanabara era de 1.142 km. O DES/

de esgotos de Pedra de Guaratiba; Elevatória de

SURSAN, em 1961, construiu 39 km, elevando o total

Manguinhos; Elevatória de Timbó; IO - Zona Sul-

para 1.181 km. Em 1965, o DES passou a chamar-

Construção no Morro de Cantagalo; ETE da Cidade

se Departamento de Saneamento, com a mesma

de Deus; Equipamentos Especiais para limpeza de

sigla DES. A partir deste ano, este Departamento

rede de esgotos; Canalização do Rio Berquó e obras

deu continuidade ao plano de Obras Prioritárias

complementares e Obras de emergência devido aos

do Estado da Guanabara, realizando as seguintes

temporais de 1961.

construções (SILVA, 2002, p.97. VII): Construção A Lei 2.097 de 16.09.1972 autorizou o Poder Executivo a criar uma empresa pública, destinada a exercer as atividades que cabiam ao Estado, ligadas aos problemas dos esgotos. Desta forma foi criada a ESAG - Empresa de Saneamento da Guanabara. Esta empresa teve como atribuição executar serviços relativos à coleta, transporte, tratamento e disposição final dos esgotos.

Em agosto de 1973, a ESAG deu início a construção do Emissário Submarino de Ipanema. O projeto previa o lançamento de 6m3/s de esgotos no Oceano Atlântico. Isto foi feito através de uma tubulação de 2,40m de diâmetro, 4.325m de comprimento e 28m de profundidade, lançando os dejetos nas proximidades das Ilhas Cagarras. Previa-se nesta Figura 04- Parte da construção do Interceptor Oceânico na Av. Atlântica. Álbum de construção do IO, Departamento de Saneamento/ SURSAN, 1971(SILVA, 2002, VI).

época que o volume poderia chegar em 2000 a 12m3/s (CEDAE).

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Já em 1974, por força da Lei de nº. 20, houve a

ser gestor das políticas de saneamento, cabendo este

junção dos estados e territórios. Neste momento ficou

papel ao Estado até 2007. Neste momento, através

estabelecido que os estados da Guanabara e do Rio

de um convênio entre o estado e o município, foi

de Janeiro passariam a constituir o estado do Rio de

passada para a Prefeitura, através da Rio Águas, a

Janeiro. Houve em 1975 a fusão da ESAG, SEDAG e

gestão da AP5, região que envolve 21 bairros da

SANERJ. Com esta união, foi criada em 1º de agosto

Zona Oeste da cidade.

de 1975 a Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE, que absorveu a companhia Estadual de

Desta forma, o município atualmente tem a sua

Águas da Guanabara – CEDAG, a Empresa de

gestão no setor de saneamento básico realizado por

Saneamento da Guanabara – ESAG e a Companhia

duas empresas que, além de serem responsáveis pelas

de Saneamento do Rio de Janeiro – SANERJ. Com

aprovações de projetos e licenciamento das unidades

a criação da CEDAE, os setores de água e esgotos,

a serem implantadas pela expansão urbana, são

que ao longo de sua história estiveram a maior parte

responsáveis pela implantação de novas redes e pelo

do tempo separados, ficaram juntos para facilitar

sistema de tratamento e destinação final dos rejeitos.

os objetivos do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA).

Hoje a Cedae e a Rio Águas seguem cada uma com a sua maneira de administrar, adotando técnicas e

Através deste plano o governo federal, o estado e

formas diferenciadas que estão diretamente ligadas

os municípios reuniam recursos financeiros para

a todas as intervenções e ações que fazem parte da

solucionar seus problemas de saneamento básico

administração do saneamento básico do município

(CEDAE). O município do Rio de Janeiro deixou de

do Rio de Janeiro.

Referências Bibliográficas: CEDAE, A história do tratamento de esgoto no Rio de Janeiro disponível em www.cedae.com.br, acessado em. 18/10/2009. CEDAE, O Emissário Submarino de Ipanema. Álbum (da Construção da Obra, Rio de Janeiro - Arquivo do Engenheiro Luiz de Souza Botafogo) apud SILVA, José Ribeiro da. Os Esgotos do Rio de Janeiro. VI. 2002. CITY. Noticia sobre os esgotos da cidade do Rio de Janeiro, Correio da Manhã, 15.11.1940 apud SILVA, José Ribeiro da. Os Esgotos do Rio de Janeiro. VI. 2002. MARQUES, Eduardo César. Da higiene à construção da cidade: O Estado e o saneamento no Rio de Janeiro, 1995. SILVA, José Ribeiro da. Os Esgotos do Rio de Janeiro. VI. 2002. SILVA, José Ribeiro da,.Os Esgotos do Rio de Janeiro. VII. 2002.

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Solução SUSTENTÁVEL no meio do caminho... TFG | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF | Aluna BEATRIZ TURL S. R. DE ALMEIDA

Econômico, saudável e sem gerar emissões de gases na atmosfera, o uso da bicicleta para mobilidade urbana não tem contraindicação. Projeto Final de Graduação sobre Mobilidade Urbana Sustentável apresenta Proposta de Sistema Cicloviário para Niterói

PELAS CICLOVIAS... NITERÓI REFAZ SEU CAMINHO Este trabalho é resultado da tradução de uma questão observada pela autora antes de ingressar na universidade: a insegurança para os ciclistas em Niterói. A partir do aprendizado ao longo do curso, a visão da autora quanto à questão das bicicletas em Niterói foi ganhando razões, e através do conhecimento obtido pode perceber o que faltava, e como poderia ser solucionado. A cidade que continua a crescer não encontra solução para o trânsito e muito menos para as bicicletas, pois não existe espaço nas vias nem equipamentos adequados. Sendo assim, no trabalho é mostrado as possibilidades de movimentação no município, visando a melhoria das condições de trânsito com inserção de um sistema cicloviário, em consonância com os conceitos de sustentabilidade. Este trabalho acadêmico é um esforço em solucionar uma questão atual com perspectiva de oferecer segurança aos ciclistas e alcançar mais pessoas a usarem a bicicleta como meio de transporte.

“[...] o conhecimento nunca é um reflexo ou espelho da realidade. O conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução. Mesmo no fenômeno da percepção, através do qual os olhos recebem estímulos luminosos que são transformados, decodificados, transportados a um outro código, que transita pelo nervo ótico, atravessa várias partes do cérebro para, enfim, transformar aquela informação primeira em percepção.”

Edgard Morin – Os sete saberes necessários para a educação do futuro. (Egdar Morin é antropólogo, sociólogo e filósofo francês)

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JUSTIFICATIVA A mobilidade urbana em Niterói tem sido um grande problema para todos. A população que sofre em congestionamentos diários. Para resolver a questão da mobilidade urbana, é preciso identificar os pontos críticos de circulação, origens e destinos dos moradores. Além disso, oferecer alternativas eficazes para a redução dos congestionamentos. “O automóvel contribui para um desperdício do espaço urbano, consome imensos recursos e constitui um peso para o ambiente.” - Comissão Européia, Cidades para bicicleta, Cidades de futuro. A citação acima, assim como o gráfico comparativo do espaço ocupado em via pública, mostra que o automóvel é o maior responsável pelos congestionamentos. “Os transportes públicos não constituem a única alternativa ao automóvel.” - Comissão Européia, Cidades para bicicleta, Cidades de futuro.

OBJETIVO Propor o sistema cicloviário como solução sustentável e integrá-lo aos outros modais.

Na “pedalada” certa “O trabalho Proposta de Sistema Cicloviário apresentado com muito empenho e competência por Beatriz Turl constitui um tema de grande atualidade. Também é relevante exemplo de excelente contribuição acadêmica e profissional do campo da Arquitetura e Urbanismo para as questões do planejamento de nossas cidades. Tendo em vista os antigos e conhecidos problemas de mobilidade urbana no Brasil e no mundo, propõe soluções para novos desafios a serem superados visando a melhoria da qualidade da vida urbana. Para tanto, a abordagem do projeto tem como concepção básica os princípios da sustentabilidade socioambiental urbana, ampliando os limites de uma visão restrita e convencional, e cujo foco principal se fundamenta em criteriosa metodologia científica, ampla pesquisa de campo e adequado diagnóstico. Assim, o trabalho enfatiza a importância do sistema cicloviário no contexto da mobilidade urbana, apresentando propostas de qualidade técnica e com parâmetros humanísticos para a cidade de Niterói, que poderá refazer seus caminhos diante de um crescente processo de expansão da malha urbana.”

Orientador Professor Jorge Crichyno | Arquiteto e Urbanista Set 2011• MEMO online | 49


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Gráfico modo de transporte x tempo de viagem

Fonte: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana - Caderno de referência para elaboração de:Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades

BENEFÍCIOS DA BICICLETA Econômica: baixo custo de aquisição e manutenção | Eficiência energética: a bicicleta requer um consumo muito pequeno de energia | Contribuição à saúde: o “motor” da bicicleta é o próprio corpo; estudos mostram que pessoas fisicamente ativas tendem a apresentar menos doenças | Social: a bicicleta é o veículo individual que mais atende ao princípio da igualdade, acessível a quase todas as camadas econômicas, de idade e condições físicas | Rapidez: estudos comprovam que para distâncias de até 5km em áreas mais adensadas da cidade a bicicleta é o transporte mais rápido | | Menor necessidade de espaço público.

Comparação dos diversos meios de transporte do ponto de vista ecológico em relação ao automóvel particular para uma deslocação equivalente em pessoas/ quilómetro Base = 100 (automóvel particular sem catalisador) Gráfico comparativo de consumo de espaço ocupado em via pública por 150 pessoas:

Fonte: Empresa Municipal de Transportes de Madrid (Espanha)

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Gráfico comparativo de Consumo:

Fonte: Relatório UPI, Heidelberg, 1989, citado pelo Ministério alemão dos transportes.


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CONCEITOS Sustentabilidade Oficialmente, o conceito de sustentabilidade foi usado pela primeira vez em 1979 na Assembleia Geral das Nações Unidas. Após muitas reuniões, em 1987, foi publicado o documento Nosso Futuro Comum, que contém a definição mais clássica: “sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Hoje em dia, o termo sustentabilidade tem sido muito utilizado, mas é preciso ter cautela quanto à polissemia deste termo. Henri Acselrad, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – IPPUR/UFRJ e pesquisador do CNPq, afirma: “Designaremos por sustentabilidade, pois, a categoria através da qual, a partir da última década do século XX, as sociedades têm problematizado as condições materiais da reprodução social, discutindo os princípios éticos e políticos que regulam o acesso e a distribuição dos recursos ambientais – ou num sentido mais amplo, os princípios que legitimam a reprodutibilidade das práticas espaciais.”

Mobilidade Urbana Sustentável “Mobilidade Urbana Sustentável: é o resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que visam proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização dos modos de transporte coletivo e não motorizados, de forma efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável.” Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana - Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana. Desta forma, o uso da bicicleta colabora com o desenvolvimento urbano sustentável da cidade, pelos benefícios que a mesma oferece, e está de acordo com os cinco pilares sustentáveis: Ambiental, Social, Tecnológico, Cultural e Econômico. Set 2011• MEMO online | 51


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Importância da Mobilidade Urbana Cada cidade se forma através de um sistema espacial complexo, no qual há uma montagem de áreas funcionais, entre estes espaços há um outro espaço mediando as ações entre os mesmos, dedicado à circulação. A malha viária deve acompanhar o fluxo do trânsito e os tipos de transporte utilizado na cidade. Para uma cidade estar bem planejada é preciso que a mobilidade urbana seja uma prioridade, considerando todos os modais que são usados pela população, para assim propor espaços específicos para cada um destes na malha viária. A mobilidade urbana pode promover uma melhor interação entre os espaços da cidade.

Mapa Conceito A área projeto é delimitada de acordo com as entrevistas, sendo assim os bairros próximos ao Centro, a maioria dos entrevistados responderam que moram nesta área. Na área projeto estão as principais ligações com o município do Rio de Janeiro , sendo a ponte Rio-Niterói e a Estação das Barcas.

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Referências internacionais Amsterdam – Países Baixos Famosa pelo mundo inteiro por suas bicicletas, Amsterdan é considerada por muitos ciclistas a melhor cidade do mundo para andar de bicicleta. A infraestrutura de ciclovias e bicicletários deixam os ciclistas seguros para usar como meio de transporte, e se tornou uma referência. Amsterdan possui 400km de ciclovias e 40% de todas as deslocações sãos feitas em bicicleta. Outras cidades onde a bicicleta é muito utilizada como meio de transporte: Copenhagen (Dinamarca), Pequim (China), Paris (França).

Bicicletário em frente a Central de Trem de Amsterdan, estimativa de 20.000 bicicletas estacionadas. Fonte: http://www.streetsblog.org/2006/

Bogotá é considerada a melhor cidade para andar de bicicleta na América Latina Situação antes e depois da mudança estrutural em via urbana, com a retirada de espaços de estacionamento de automóveis para ampliação dos espaços de pedestres e de ciclistas, Bogotá – Colômbia, 2003. antes

depois

Fonte: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana - Caderno de referência para elaboração de: Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades

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Caracterização da cidade: ocupação e mobilidade

Mapa de Niterói sobreposto de áreas verdes, malha viária e limites dos bairros

O mapa de topografia junto aos demais mostra que em alguns pontos o relevo acentuado não permite a expansão dos bairros e restringe sua comunicação com os demais. Outras cidades que dela dependem para o desenvolvimento, como São Gonçalo. A Ponte Rio-Niterói é um acesso amplamente utilizado, permite a integração de Niterói e demais municípios vizinhos ao estado do Rio de Janeiro. A Universidade Federal Fluminense movimenta a cidade e atrai estudantes de todas as partes do estado e até de outros lugares, também atua como grande empregadora. Pode ser, portanto, uma grande propulsora do desenvolvimento da cidade uma vez que oferece serviços à população. O centro de Niterói possui caráter transitório. Icaraí já é um centro da região Praias da Baía. Além da grande densidade populacional, também concentra muitos serviços como escolas, clínicas, comércio e escritórios. Os bairros em torno de Icaraí têm caráter residencial, e são muito semelhantes a este, inclusive pelo traçado.

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Entrevistas Foi formulado um questionário a fim de traçar o perfil dos moradores que usam a bicicleta ou que gostariam de usar, e saber quais são suas percepções. Ao todo 77 pessoas responderam

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Diretrizes para projeto Após as pesquisas realizadas, concluiu-se que deve

Para integrar o sistema cicloviário aos outros modais,

ser implantada ciclovia em Niterói, pois há demanda,

haverão bicicletários nos pontos de ônibus de maior

e esta precisa ser estimulada. A área projeto localiza-

fluxo de passageiros e no terminal rodoviário.Para

se na proximidade do Centro, sendo contemplados

longas distâncias, terá a opção de combinação

os bairros Santa Rosa, Icaraí, Ingá, São Domingos,

de modais. O sistema também estará integrado

Gragoatá, Pé Pequeno, Ponta D’Areia, Fátima, Vital

à Estação das Barcas, para facilitar ao ciclista o

Brasil, além das áreas comerciais que também devem

deslocamento até o Rio, carregando sua bicicleta na

ser alcançadas pelo sistema e ganharão bicicletários

barca ou deixando-a no bicicletário.

nestes locais. As vias coletoras serão contempladas com o circuito As escolas de ensino médio, inclusive a UFF, devem

secundário, integrada ao circuito principal, levando

ser ponto chave no sistema cicloviário, oferecendo aos

as ciclovias até as residências dos ciclistas. Ainda que

estudantes e professores um caminho seguro. Muitas

a área projeto esteja localizada nas proximidades do

dessas escolas já possuem seu próprio bicicletário no

Centro, as demais áreas serão integradas a partir de

interior das mesmas.

eixos que se iniciam na área projeto.

Mapa de condicionantes O mapa de condicionantes a seguir mostra os eixos principais da cidade, sendo os intermunicipais e os municipais. Também destaca os campi da UFF, e seleciona uma área projeto.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Proposta para ciclovia na Avenida Roberto Silveira

Proposta para ciclovia no Largo do Marrão

Proposta para ciclovia na Miguel de Frias com a Praia de Icaraí

Proposta para ciclovia na Miguel de Frias com a Praia de Icaraí

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Proposta para ciclovia em frente às Barcas

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Comunicação e Espaço Urbano: A CIDADE, a CULTURA e o LIXO HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA | Bióloga Mestre em Ciências Ambientais | UFF

Artigo analisa a questão do desenvolvimento e o lixo na contemporaneidade. “O lixo surge e se multiplica como resultado também de uma tecnologia apressada, que o produz na mesma medida em que se lança novos produtos no mercado” Desde quando nós, humanos, existimos interferimos no ambiente. Criamos e desenvolvemos meios para a nossa sobrevivência, e com isso, além de modificarmos a paisagem que nos cerca, construindo e edificando, também produzimos o que daqui a algum tempo, aparentemente já não mais nos servirá: o lixo. Isso, devido também, às constantes mudanças que ocorreram no ‘pensamento’ humano, da organização das ideias e das culturas. Exemplificando: se na Grécia antiga haviam ideais que os levavam a edificar os seus ‘prédios’ e monumentos de uma determinada forma, tanto o pensamento romano quanto o medieval destoaram completamente, fazendo surgir construções ligadas mais às necessidades, do que pura e simplesmente à filosofia e às crenças. Estabelecendo então um tipo diferente de relação entre o ser humano e a natureza.

Pensar na relação entre o desenvolvimento das civilizações, das culturas e das cidades normalmente não nos remete ao tema lixo, mas sim a muitos outros temas que são de certa forma atrativos como, por exemplo: o desenvolvimento arquitetônico, artístico, cultural, político, religioso, econômico etc. Porém, o lixo sempre esteve lá. Se antes, nas primeiras civilizações, comumente em forma de matéria orgânica em decomposição e dejetos oriundos das moradias e espalhados pelas vias públicas; atualmente, além de ainda apresentar-se sob essa mesma forma em diversos lugares onde o ‘governo’ não faz a diferença, como: favelas e comunidades carentes. O lixo surge e se multiplica como resultado também de uma tecnologia apressada, que o produz na mesma medida em que ‘lança’ novos produtos no mercado.

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É praticamente impossível viver na atualidade e manter os olhos fechados para a enorme proporção de lixo que existe ao nosso redor. Antes, um problema predominantemente característico das grandes cidades, mas que, com o passar do tempo, como tantos outros eventos da modernidade, atingiu o status de ‘problema global’, acumulando-se em todos os cantos do mundo onde haja indícios de consumo. Pode-se dizer que está ocorrendo o surgimento de uma nova cultura, que modifica ou altera quase todas as outras, que homogeneiza: a cultura do lixo. O que quebra hoje já não é mais enviado para o conserto, mas sim, na medida do possível, é imediatamente substituído, e o seu destino não é preciso nem mencionar. Porém, são diversos os fatores intrincados na relação entre a humanidade e a produção do lixo, não se podendo identificar uma única causa, como por exemplo: o efeito da ação do capitalismo na sociedade. O que não é uma verdade absoluta, já que o regime capitalista acelera a sua produção, mas não é a sua única fonte, sendo a sua existência independente de regime econômico. Afinal, se assim fosse, os sambaquis não existiriam, ou então em Cuba não existiria lixo...

Um outro fator referente ao lixo, e muito relevante, diz respeito às propagandas e modismos ambientalistas, característicos dos séculos XX e XXI, nas quais se prega com a maior naturalidade a possibilidade de existir um mundo sem lixo, ou ainda, que exista uma fórmula efetiva contra o fenômeno do crescimento da produção de lixo nas cidades (alternativas: reciclagem, compostagem, lixões, aterros sanitários etc.). Longe de querer parecer pessimista, mas sobre a relação entre a humanidade e o lixo, são óbvias as palavras de Eigenheer (2003 p. 29 p.) que dizem: onde está um, está também o outro. De modo a existirem remediações, mas não uma solução imediata para todo o lixo que é produzido nas cidades. Existem necessidades básicas como alimentação, vestuário e moradia, que, por mais básicas que sejam, são também grandes geradoras de resíduos, e ainda que esses sejam reaproveitados, reduzidos e reciclados sempre existirão. Há sim a possibilidade de inovar e desenvolver e construir ‘coisas ambientalmente corretas’, e que ainda beneficiem o mercado, porém, a cultura que se instaurou em nível global nem sempre consegue alcançar esses passos, isso devido a uma série de fatores dentre os quais estão: insuficiência na fiscalização das indústrias, diminuição de lucros a curto prazo, a necessidade de crescimento econômico das grandes potências mundiais e desprezo pelas necessidades do ‘planeta’ (e principalmente dos seres vivos), e por ai vai...

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Fato é que, agora já não há muito tempo para mudar essa realidade já estruturada e baseada na desestrutura. O crescimento populacional desordenado, e a falta de uma cultura voltada para o consumo consciente, aliados à aceleração econômica (importação/exportação) produzida pelo mercado mundial, tornam todo esse processo inalcançável, ou seja: produção, consumo e lixo... E num piscar de olhos deixa-se de construir ou preservar o que mais interessa, algo que ‘fique’, algo ‘durável’ e que futuramente faça algum sentido real para as culturas já tão afetadas.

O lixo dos tempos atuais, diferente do de tempos atrás, deixa de ser apenas o que fede e ‘enfeia’ as cidades, e passa a ser visto de modo diferente, dependendo do ponto de vista, e do grau de interesse, ou seja: se para uns ‘aquilo’ saiu de moda e não serve mais; “ não vale a pena ser consertado”; ou quando: “o mais moderno é melhor, pode jogar esse no lixo”... Para outros servirá como fonte de sustento. Se para as autoridades um lixão é a solução, pois se economiza muito (ao contrário dos métodos mais adequados – aterro sanitário), para a população vizinha será um gerador da alteração da paisagem natural, além de ser fonte potencial de doenças e poluição. E ainda se para outros o lixão cheira mal e atrai ratos, moscas e urubus... Haverá ainda os que buscam ali o seu alimento todos os dias... O lixo passou a ser um negócio lucrativo, e disputado, não apenas pelos inúmeros catadores do dia a dia, mas principalmente pelos altos valores destinados ao seu tratamento, levando políticos e concessionárias a ambicionar ‘o controle do lixo’, e obviamente os recursos financeiros que vêm junto dele.

Mas o que ninguém quer é o lixo nas suas cidades. Pagam para que joguem o seu lixo nas cidades vizinhas – veja-se o caso de Duque de Caxias , que recebe todo o lixo da cidade do Rio de Janeiro e de outras cidades (cerca de cinco mil toneladas ao dia). E, que desde o ano de 2004, já não possui mais estrutura física para suportá-lo, podendo inclusive gerar um desastre ambiental de grandes proporções, com o assoreamento de rios e por consequência desses, a inundação de cidades circunvizinhas, inclusive de algumas que jogam ali o seu lixo. Nas cidades, atualmente o lixo passou a ser uma espécie de moldura para as construções e pontos turísticos, mas que, porém, já não é mais tão perceptível, tornando-nos por muitas vezes insensíveis a sua presença persistente, banalizada.

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A TECNOLOGIA E O LIXO

Atualmente quando se pensa em tecnologia, fácil é ter à ideia de computadores e máquinas de última geração. Mas a tecnologia na realidade sempre existiu. Ao pé da letra, tecnologia é nada mais que: “um conjunto de conhecimentos que se aplicam a um determinado ramo de atividade”. De modo que a mesma evolui ao passo que ocorrem as transformações sociais e culturais nas mais diversas civilizações. Da invenção da roda a nanotecnologia.

Trazendo a tecnologia para o assunto lixo, pode-se dizer que a mesma empregada na destinação deste encontra-se em um estado estacionário, ou seja, mesmo tendo havido a evolução de alguns métodos para a destinação do lixo, os mesmos nem sempre são utilizados. Sendo prevalecentes os métodos primitivos, que de diversas formas atingem tanto ao ambiente quanto a população, tornando algumas cidades vítimas de seu sistema de destinação do lixo, esgoto e resíduos de modo geral. Fato esse observável quando confrontamos registros dirigidos há tempos atrás, e registros atuais. Que narram o estado da poluição em determinadas cidades, nos remetendo senão a maneira inadequada de ‘despejo’, como no exemplo abaixo, que data do século XIX, citando o depósito incorreto de esgoto e demais detritos na cidade do Rio de Janeiro, e em praias tanto do Rio quanto de Recife:

(...) As lojas da Rua do Ouvidor expunham, segundo Joaquim Manoel de Macedo, além da “última moda parisiense” os perfumes que deveriam torná-la a mais cheirosa da cidade. As essências acondicionadas em belos frascos não conseguiam, porém eliminar os odores fétidos provenientes dos barris com fezes, que os escravos levavam destampados, principalmente à noite, para despejar no mar. As praias do Rio de Janeiro e do Recife eram locais, até primeira metade do Oitocentos, desagradáveis para passear ou tomar banhos salgados, pois transformavam-se em lugares de despejos desses barris que, na palavra do sociólogo Gilberto Freyre, estavam transbordando de excremento, lixo e porcaria das casas e das ruas. (MACHADO, Humberto F. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1999. p. 295)

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Mais atualmente (séculos XX e XXI) os exemplos são muitos para confrontar ao supracitado, porém, existem alguns que são ‘clássicos’ do Rio de Janeiro, como a poluição das praias, por exemplo, que atingiu visibilidade internacional como narra a reportagem abaixo: (...) Uma grande reportagem publicada neste sábado (28 de abril, 2007) pelo diário britânico The Guardian relata os problemas de poluição enfrentados pelas praias e canais na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, esgoto, algas e lixo mancham praias do Rio, diz jornal britânico. “Ao lado das fétidas margens do canal do Cunha, no Rio, é difícil acreditar que 30 anos atrás esse era um caminho feito por golfinhos, e que há dois séculos a família real portuguesa nadava ali, cercada por intocadas faixas de areia”, afirma a reportagem. O jornal observa, porém, que hoje o que é possível ver por lá são coisas como “uma carcaça de um Fusca abandonado em meio à lama preta” e que “o ar é permeado com o cheiro ácido de esgoto que flui a partir do Complexo da Maré, uma grande favela não muito longe do aeroporto internacional”. “O canal é um dos afluentes da Baía de Guanabara, ponto principal de uma das cidades naturalmente mais belas do mundo”, afirma o jornal, lembrando que o problema afeta também as praias nas áreas mais ricas da cidade.

Segundo o jornal, os ambientalistas elogiaram o plano do governo do Rio, mas advertem que “200 anos de poluição não podem ser revertidos em quatro anos de governo”. (Disponível em: http://www.bbc.co. uk/ portuguese/reporterbbc/story/2007/04/070428_riopraiasguardianrw.shtml. Acesso em: 09/07/2008). Comparando as duas citações anteriores, torna-se inevitável refletir sobre as tantas transformações que a cidade do Rio de Janeiro sofreu ao longo desses séculos (pavimentação, edificação, diminuição da área verde etc.) e, além disso, o quanto a tecnologia em termos de descarte e despejo de lixo e esgoto evoluiu. Agora há (quase sempre) tanto sistemas de esgoto quanto de água encanados nas residências, e por tanto, meios que permitem uma melhor higiene e bem estar tanto em nível pessoal quanto na cidade. A questão é: tanto o lixo, quanto o esgoto continuam sendo lançados nos mesmos lugares que antes, mudaram apenas as formas de destinação. Já não são mais os escravos que se encarregam desse trabalho ‘sujo’... Agora temos os garis e os catadores para o lixo, e os dutos que desembocam nas praias e mares para o esgoto. A inevitável conclusão a que se pode chegar é sim chocante, mas como disse: inevitável. O lixo sempre estará presente, e em todos os lugares, principalmente onde haja maiores aglomerações de pessoas, como as

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grandes cidades. A tendência natural é a de que cada dia mais sejam produzidas novas toneladas de lixo em nível global – isso devido ao desenvolvimento relâmpago de alguns países, que antes eram ditos de terceiro mundo, e que agora estão dispostos a produzir, e por tanto, consumir tanto quanto as grandes potências (crescimento zero... Nem pensar...).

A forma pela qual o lixo é destinado já movimenta uma enorme quantia em dinheiro – pelo menos no Brasil. Por qual motivo então haveria interesse político em modificar esse panorama? A não ser para parecerem (fachada...) ecologicamente corretos e assim arrecadarem mais votos? De modo que, a situação em que grandes e belas cidades do mundo – não apenas o Rio de Janeiro - se encontram não irá se alterar a menos que haja uma medida tecnológica e inovadora em termos de destinação de lixo, e além disso, que haja também o interesse em se aplicar esse novo método pensando-se não apenas nos altos custos que provavelmente tornarão essa saída inviável, mas principalmente em se conservar as cidades limpas e em condições de futuramente serem lembradas como parte da nossa memória, mas com a consciência limpa.

1 Novo cessar fogo na batalha do lixo. O Globo, Escrito por Dimmi Amora, 03/01/2008. Disponível em: http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=13004. Acesso em 05/07/2008.

REFERÊNCIAS 1. DA COSTA, Fernando Braga. “Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social” Rio de Janeiro: Globo. Disponível em: : http://lista s.cev.org.br /pipermail/cevnegro/ 2005-Jánuary.txt. Acesso em 09/07/2008 às 07h36min AM. 2. EIGENHEER, Emílio Maciel. Lixo, Vanitas e Morte Considerações de um observador de resíduos. Niterói: EdUUF, 2003. p. 21 3. ____________ et al. Reciclagem: mito e realidade. Rio de Janeiro: In fólio, 2005. 4. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio/Dicionário eletrônico. Positivo. 5. O GLOBO. Novo cessar fogo na batalha do lixo. 03/01/2008. Disponível em: http://ademi. webtexto.com.br/a rticle.php3?id _ article=13004. Acesso em 05/07/2008 às 21h30min PM

6. MACHADO, Humberto F. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1999. p. 295 7. THE GUARDIAN. No Rio de Janeiro esgoto, algas e lixo mancham praias. 04/2007 Disponível em: http://www.bbcco.uk/portuguese/ reporterbbc/story/2007/04/070428riopraiasguardianrw.shtml. Acesso em: 09/07/2008.

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Honrarias para um grande trabalho Professor HEITOR LUIZ MURAT DE MEIRELLES QUINTELLA | UFF - UENF

Com uma obra desenvolvida ao longo de 40 anos de trabalho, professor e pesquisador assumiu em novembro cadeira no Instituto Histórico e Geográfico de Niterói (IHGN) e recebeu título de Doutor Honoris Causa em Belas Artes Redação da Revista MEMO Com uma obra desenvolvida ao longo de 40

O professor tem trabalhos que cobrem diversos

anos, o professor Heitor Luiz Murat de Meirelles

campos de História, entre os quais se destacam

Quintella recebeu, no mês de novembro de 2011,

História e Filosofia da Ciência e Tecnologia, História

duas honrarias dignas de um grande trabalho.

da Cultura Organizacional Fluminense e História

Associado da Universidade Federal Fluminense

do Comportamento de Consumo Carioca. Sua

(UFF) e pesquisador convidado do projeto Análise e

atividade engloba ainda o uso pioneiro de Arte

Melhoria de Sistemas de Produção da Engenharia de

Digital em Estudos de História, Iconografia e Contos

Produçao da Universidade Estadual Norte Fluminense

de sociedades ágrafas brasileiras e das Américas.

(UENF), ele assumiu cadeia no Instituto Histórico e

No

Geográfico de Niterói (IHGN) e recebeu o título de

patronímica do campista Alberto Ribeiro Lamego

Doutor Honoris Causa em Belas Artes.

Filho. O professor Heitor Quintella sucede ao

IHGN,

Heitor

Quintella

assumiu

cadeira

acadêmico, executivo de estaleiros e pintor mineiro Péricles de mello da Rocha Sodré, notabilizado por suas marinhas da Baía de Guanabara. As solenidades aconteceram na Fundação Educacional Municipal de Niterói e da Camara Municipal de Niterói. Ao longo de sua trajetório de quatro décadas, o professor contou com o apoio de entidades como a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), University of Newcastle, UFF, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e UENF e das academias Brasileira de Letras, Academia de Letras de Brasília, Academia Itapirense de Letras e da International Academy of Letters.

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Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda | Rio de Janeiro Alunos IRLAN GUIMARÃES, MIGUEL VIÑAS, PEDRO EISENBERG, RAMON CHAVES, VINÍCIUS BARBOSA E VÍTOR ROCHA | Escola de Arquitetura da UFF - Rio de Janeiro - RJ

Projeto contemplado com a menção honrosa em concurso promovido pela Universidade Federal Fluminense (UFF), a pedido do Polo Universitário de Volta Redonda. O museu da ciência de Volta Redonda foi projetado para ser um monumento para a cidade e seu entorno. Incentivados com a proposta e o tema do concurso do Museu de Ciência de Volta Redonda, os estudantes de arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF) Irlan Guimarães, Miguel Viñas, Pedro Eisenberg, Ramon Chaves, Vinícius Barbosa e Vítor Rocha, sob a orientação do professor José Carlos Xavier, apresentaram um projeto de destaque, contemplado com a menção honrosa.

Promovido pela Escola de Arquitetura da UFF, em Niterói, a pedido do Polo Universitário de Volta Redonda, o concurso contou com o apoio da Escola Luciana Nemer, chefe do departamento do Curso de Arquitetura e Urbanismo, entregando o prêmio de menção honrosa aos alunos Ramon Miranda, Irlan Guimarães, Pedro Eisenberg, Vinícius Ferreira e Miguel Viñas.

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Perspectiva posterior do Museu da Ciência


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de Engenharia da UFF e do Instituto Aço Brasil,

seus alunos terão a possibilidade de adquirir

que ministrou um curso de projeto em aço para os

conhecimento por novos métodos de ensino, a

participantes com o arquiteto Sidnei Palatnik.

exemplo do laboratório, onde, fora da sala de aula, a prática tornará o aprendizado de mais fácil

O terreno localiza-se no bairro de Laranjal ao lado

entendimento e recreativo. Entretanto, não só aos

da escola Getúlio Vargas. Assim, com a implantação

alunos, o Museu estará de portas abertas a qualquer

do Museu, que também conta com um planetário,

um que queira conhecê-lo.

Perspectiva interior do Museu da Ciência

Partindo de um conceito embasado na ciência e estruturado no aço, o volume foi sofrendo alterações até atingir a forma final. Foi, então, através de processos físicos que ele tomou proporções de museu.

A evolução, esquematizada ao lado, representa esse processo e ocorre da seguinte forma: uma esfera de metal de 12 m de diâmetro, colide primeiramente com um anteparo vertical, também em metal, quando começa a perder velocidade e choca-se a seguir com um segundo anteparo vertical, paralelo ao primeiro, e este torna sua velocidade nula, deixando-a presa no eixo central, com cada semiesfera para um lado do mesmo. Evolução da forma >

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Perspectiva noturna

O museu da ciência de Volta Redonda foi projetado para ser um monumento para a cidade e seu entorno. Desde o princípio houve a preocupação de apresentar uma forma marcante, integrando espaços e facilitando fluxos. Os elementos presentes na proposta instigam a curiosidade dos visitantes, o que os leva a refletir sobre conceitos da ciência e da física. Tal curiosidade é a responsável pelas grandes descobertas que se traduzem na evolução do homem e da tecnologia: são os questionamentos que impulsionam a humanidade, e não as soluções.

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SUSTENTABILIDADE: na luz da ENERGIA SOLAR JEAN MARC SASSON | Advogado e Gestor Ambiental

Cidades do mundo inteiro já perceberam a vantagem de se investir em energia solar, especialmente no que se refere a coletores solares para aquecimento de água. Lista inclui Eindhoven, Roma, Oxford, São Paulo e, agora, Rio de Janeiro Ela é a melhor. É a energia que considero mais

Assim, não precisaríamos desviar rios ou sequer

renovável e mais limpa. Ela é a responsável pela

construir usinas hidrelétricas gigantescas como a

vida terrestre. Sem ela o Planeta Terra seria como

de Belo Monte, cujo custo ambiental é imenso.

Marte ou Júpiter, planetas inabitáveis. Sem ela não

Para cada metro quadrado instalado de coletor

há fotossíntese, implicando no aumento do efeito

solar seria possível evitar a inundação de 56 metros

estufa por impossibilitar o sequestro de carbono da

quadrados de terras férteis na construção de uma

atmosfera. É a energia cuja fonte, nada mais ou nada

usina hidrelétrica.

menos, é o centro da Via Láctea. Esta fonte energética emite no nosso planeta 1400

Na verdade, o único momento de impacto ambiental

watts/s, equivalente à 14 lâmpadas de 100 watts

desta energia é na fabricação dos coletores solares

cada. Essa quantidade de energia corresponde à

que é facilmente controlável. Ocorre, no entanto, que

queima de 2.1020 galões de gasolina por minuto,

se despende mais energia na fabricação dos painéis

mais de 10 milhões de vezes a produção anual de

solares do que são capazes de gerar.

petróleo do nosso planeta. Se considerássemos o

Assim, com prejuízo das regiões de latitudes médias e

valor de US$ 3718,00, preço referente a maio de

altas como na Noruega, Finlândia, sul da Argentina

2011 do galão de gasolina americano, obteríamos

e Chile, cujo inverno há pouquíssima ou quase

um preço de US$ 7436.1020 por toda essa energia

nenhuma incidência de luz solar, bastaria construir

produzida. Apesar deste preço, cujo dinheiro não

painéis solares em cada residência para que todos

caberia nos cofres do Banco Central Brasileiro, essa

habitantes terrestres tivessem acesso à energia sem

potência é fornecida totalmente de graça pelo Sol.

impactar o meio ambiente. Mas isso, atualmente,

Não pagaríamos nenhum centavo por ela. Há, na

seria utópico.

verdade, praticamente um único investimento, aquele destinado à construção dos painéis, cujo preço varia

A energia solar residencial pode ser feita através da

de acordo com sua capacidade. Após a construção,

instalação de painéis solares fotovoltaicos para a

se gasta minimamente na manutenção destes

geração de energia elétrica e através da instalação de

equipamentos.

painéis solares para o aquecimento de água. Nestes

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painéis, a energia é produzida através da luz solar

Nacional sobre Mudança do Clima. O BNDES vai

absorvida por células fotovoltaicas onde a corrente

operar linhas de crédito reembolsáveis a governos,

flui entre camadas com cargas opostas.

empresas públicas ou privadas para a redução de

Contudo, a capacidade deste sistema ainda é muito

emissões de gases-estufa e também de adaptações a

baixa, variando de 16% aos 30% em razão do

situações provocadas por mudanças climáticas.

grande custo da tecnologia e do baixo investimento.

A geração de energia renovável está no foco deste

Quanto maior o rendimento, mais cara se torna a

investimento. Há previsão para o desenvolvimento

produção de eletricidade, e neste caso inviabilizaria

tecnológico e cadeia produtiva de energia solar para

o investimento em energia solar residencial. Mas nem

todo o Brasil, especialmente para as regiões isoladas

tudo está perdido.

do sistema integrado de energia elétrica, como no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Para o aquecimento de águas sanitárias, é totalmente viável e mais simples. Nesta forma de energia, o

Este Fundo será fundamental para desenvolver

calor gerado pelo sol é aproveitado simplesmente

a política de desenvolvimento de energia solar.

como energia térmica, ajudando a economizar na

Existem nele dois tipos de financiamentos: os não

conta de eletricidade. E é nesta segunda opção que

reembolsáveis e os reembolsáveis. No primeiro

o governo federal está focando seus esforços. Como

estimulam-se estudos de potencial de utilização e

a intenção é manter em 2020 o mesmo nível de

incentivo à busca de novos materiais, incluindo a

emissão de CO2 que em 2005, planejam diminuir o

geração de energia por células fotovoltaicas. Já

consumo elétrico em 17% do horário de pico através

no segundo incentivam-se a ampliação do uso de

do incentivo à instalação de coletores solares para o

coletores solares, principalmente para aquecimento

aquecimento da água.

de água.

A meta estipulada pelo governo é de 15 milhões de

Cidades do mundo inteiro já perceberam a vantagem

m² de áreas com coletores solares até 2015. Hoje

de se investir em energia solar, especialmente no que

são apenas 6,24 milhões de m². Pretende-se aliar os

se refere a coletores solares para aquecimento de

programas de política pública Minha Casa Minha Vida

água. Eindhoven na Holanda, Roma na Itália, Oxford

e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

na Inglaterra, São Paulo e agora o Rio de Janeiro

Já alcançaram a primeira meta de 40 mil unidades

são algumas cidades do mundo que se obrigaram

habitacionais com os sistemas de aquecimento solar.

legalmente a utilizar energia solar através de políticas

Para a segunda pretendem atingir outras 260 mil.

públicas. O estado do Rio de Janeiro aprovou a lei

Para financiar esta medida, o Ministério do Meio

estadual 5.184 que obriga prédios públicos a utilizar

Ambiente firmou contrato com o Banco Nacional de

esta fonte para o aquecimento de 40% da água

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a

consumida. A lei publicada em 2008 afirma ainda

aplicação de R$ 233.727.463,00 por meio do Fundo

que todo edital de licitação para obras de construção

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ou reforma de prédio público deverá alertar sobre

(GW) instalados, correspondendo a um crescimento

a obrigatoriedade da instalação do sistema de

de 6% em relação ao ano anterior. Isso gerou US$

aquecimento. Edificações que apresentarem alguma

38 bilhões em receitas globais em 2009 e levantou

inviabilidade técnica para a adaptação ficarão isentas

mais de US$ 13,5 bilhões em aportes de capital, por

do seu cumprimento. Já a lei paulista vai além. Obriga

investimento ou por empréstimos, 8% a mais do que

desde 2007 todas as novas edificações, incluindo

o ano anterior.

hospitais, escolas, clubes entre outras edificações, a instalar coletores solares para aquecimento de água.

Segundo projeções da Agência Internacional de

Devo mencionar ainda a tramitação do Projeto de Lei

Energia, a tecnologia solar vai gerar 3 mil GW

1859/2011 que pretende regulamentar a inserção de

de energia em 2050, correspondendo a 11%

sistemas fotovoltaicos na matriz energética brasileira.

da eletricidade no mundo, contra 900 MW em

Assim, a exemplo de Portugal, implantaria no país

2030. Porém, todos os investimentos são de países

um sistema de medição e venda de energia, que

emergentes e desenvolvidos que detêm as maiores

além da possibilidade de gerar parte da energia que

populações mundiais e cujos habitantes brigam por

consome, o consumidor poderá vender o excedente a

cada centímetro de terra agricultável e habitável.

concessionária de energia da sua região.

Assim, vislumbro na África, principalmente na região saariana, a principal área para receber investimentos.

Mas não só a iniciativa pública percebeu as

Esta região localiza-se no trópico equatorial, incidindo

vantagens. A MPX, empresa energética da holding

luz solar o ano inteiro. É uma região infértil, devastada

EBX – empresa genuinamente brasileira, investiu

e com poucas condições de habitação. Nada melhor

cerca de R$ 10 milhões, fora o aporte de R$ 1,2

do que ser o foco mundial para receber investimentos

milhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento

bilionários para instalação de coletores solares. Além

(BID), na primeira usina solar do Brasil.

de produzir energia limpa, desenvolveria a economia

Inaugurada em junho em Fortaleza (CE), poderá ter

dos países locais que são hoje um dos mais pobres

sua potência duplicada para 2 MW. Com a potência

do planeta.

já instalada de 1 MW, esta usina tem a condição de abastecer 1,5 mil famílias da região. Ela ocupa uma

Não se tem hoje no mundo fonte tão abundante de

área de 12 mil metros quadrados e conta com 4.680

energia, principalmente por se tratar de uma alternativa

painéis fotovoltaicos. A empresa pretende aumentar a

renovável e limpa. Não podemos desperdiçar

capacidade para 5 MW nos próximos anos e projeta

tamanha oferta, ainda mais com a crescente demanda

ter em um futuro próximo a capacidade de 50 MW.

energética mundial. Os investimentos devem crescer ao passo que a tecnologia se torne mais barata. Essa

Certamente isso é uma tendência. A capacidade

é a minha esperança.

das usinas solares fotovoltaicas no mundo atingiu

Que o Sol ilumine o caminho do desenvolvimento

um novo recorde em 2009, com 6,43 gigawatt

sustentável.

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Afinal: O que é SUSTENTABILIDADE? Sustentabilidade é uma intenção louvável que precisa ser complementada com a indicação de um setor melhor definido Professor ROBERTO ROCHA E SILVA | Estácio de Sá – RJ Sustentabilidade é uma intenção louvável que precisa ser complementada com a indicação de um setor melhor definido. Já ouvi, muitas vezes: o Brasil é um exemplo para o mundo, em relação à sua legislação ambiental! Com certeza! Temos muitas leis que “protegem” a natureza. Mas quando você verifica a aplicação prática dessas mesmas leis, descobre que ainda estamos muito longe de uma realidade ideal. Se desejarmos realmente realizar alguma coisa será preciso que, ao lado dos discursos teóricos, possamos colocar em prática as orientações preconizadas. E como fazer isso? A sugestão que oferecemos é a seguinte: sempre que desejarmos iniciar uma ação sustentável, que ela identifique - de imediato - qual a orientação legal pertinente, que pode ser oriunda de alguma política nacional já regulamentada. Por exemplo, para a sustentabilidade hídrica devemos começar conhecendo a Política Nacional de Recursos Hídricos e outras normas que possam estar relacionadas a ela; para a sustentabilidade de práticas educativas relacionadas

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ao ambiente, vamos começar conhecendo a

fazer, simplesmente porque é desnecessário. Serão

Política Nacional de Educação Ambiental e outras

úteis em questões que não tenhamos conhecimentos

normas relacionadas a ela; para a sustentabilidade

especializados na área ou não exista nenhuma

climática, devemos começar com a Política Nacional

orientação legal a respeito. Por exemplo, podemos

de Mudanças Climáticas; para a sustentabilidade

saber quais são as espécies nativas a serem

ambiental devemos consultar a Política Nacional de

plantadas nas margens dos rios de uma mesma bacia

Meio Ambiente; para as questões de saúde, começar

hidrográfica, simplesmente visitando um herbário

com a Política Nacional de Atenção à Saúde, o

(onde existem amostras de exemplares coletados

próprio Sistema Único de Saúde – SUS e outros

em diversas áreas), consultando artigos científicos

mais. Muitas questões ambientais foram orientadas

ou percorrendo áreas próximas com matas ciliares

também pelas contribuições de muitos pesquisadores

preservadas. O mesmo ocorre nas reservas legais.

em conferências internacionais. Você se lembra da Eco-92?

No Brasil existem diversos projetos, manuais e exemplos de sucesso de conservação de áreas

A partir de orientações nacionais, passamos para

degradadas. Recuperação é utilizar as espécies

o nível estadual, em busca de Políticas Estaduais

nativas - não necessariamente daquele ecossistema

e outros documentos da mesma área de interesse.

específico e Restauração é feita com base exclusiva

Fazer o mesmo procedimento. Na terceira etapa,

em espécies nativas, adaptadas e especializadas

vamos examinar o Plano Diretor, já a nível municipal.

para cada ecossistema. Matas ciliares das áreas

Dessa forma teremos todo um embasamento

de preservação permanentes são constituídas por

legal das ações de sustentabilidade divididas por

espécies nativas adaptadas a esses ecossistemas

grandes áreas ou setores mais específicos conforme

com base em milhares de anos de evolução. Nesse

os recursos disponíveis, seja de equipamentos,

caso a vegetação original não pode ser substituída

capacitação ou de pessoal. Muitas vezes temos gente,

por espécies exóticas em suas funções específicas.

mas as pessoas precisam de capacitação. Ou ainda:

Nem mesmo por nativas que não estão adaptadas às

temos gente, poder de capacitação, mas não temos

margens de rios, lagos, sob constante alagamento e

equipamentos. E ainda mais. Temos gente, temos

com saturação de água no solo.

poder de capacitação, temos os equipamentos, mas não temos motivação. É um grande desafio na

Concluindo: para orientar a administração pública

verdade, juntar todas essas possibilidades.

ou privada – sustentáveis - podemos contar com políticas e planos já existentes, e simplesmente,

No entanto, entendo que há um caminho viável. Não

cumpri-los. O Plano Diretor (como o próprio nome

é nenhuma viagem ao Sol. As orientações já estão

indica) é quem direciona as ações das prefeituras,

previstas na legislação. Depende sim de vontade

com base ainda nas políticas estaduais, nacionais

política, seja do Poder Público, seja do privado. Se

e documentos internacionais. Não temos que

não existir orçamento para cumprir toda a legislação

inventar demais. Muitas orientações já existem, mas

vigente, que se atendam as prioritárias em cada

são negligenciadas. A propósito: você já deu uma

secretaria específica. O importante é que, na grande

olhada no Plano Diretor do seu município para ver

maioria dos casos, não precisamos de consultores

o que ele diz sobre alguma área que lhe interesse

internacionais ou nacionais para nos dizer o que

especificamente?

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Conflitos SOCIOAMBIENTAIS, discurso e perspectivas: O case Jardim Botânico do Rio de Janeiro PABLO AMARAL MANDELBAUM | UFF “O presente texto se inscreve em perspectiva oposta à dos pressupostos do consensualismo e do autoritarismo ecológicos, pretendendo explorar as possibilidades do desenvolvimento de um olhar sobre a questão ambiental que se faça sensível ao papel da diversidade sociocultural e ao conflito entre distintos projetos de apropriação e significação do mundo material. (Ascelsrad, Henry)”. Este artigo pretende fomentar reflexões e estudos sobre conflitos ambientais em geral e particularmente, quanto ao caso de conflito instaurado entre a comunidade do Horto Florestal e o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IPJB). Este Instituto almeja a remoção de 589 antigas famílias do local com a alegação de que as mesmas estão dentro de um território ambientalmente protegido.

Segundo o atual presidente do IPJB, a ocupação da região por trabalhadores do Jardim Botânico foi uma politica de vários administradores da instituição que inclusive cedeu terrenos e materiais para várias das casas que hoje estão no foco do problema. “... Olha, essa questão começou antes de a gente nascer e talvez continue depois que a gente morra. Começou com os antigos diretores, na primeira metade do século XX. Diretores do Jardim Botânico que convidaram funcionários a morar ali, em terras da União” (Presidente do IPJB, Litsz Vieira, em entrevista ao site “O ECO.

http://www.oeco.com.br/reportagens/10936-

oeco14061; 30 de setembro de 2005).

Mas por que o Jardim Botânico precisava ter empregados morando no seu território? Isto era realmente necessário? Uma breve contextualização histórica pode esclarecer que o fundamento para esta política da Instituição era a ideia de aproveitar a proximidade de seus empregados 84 | MEMO online • Set 2011


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para resguardar o patrimônio do Jardim Botânico.

No caso em questão, esta segregação é percebida

Lembremos que na época o local era constantemente

quando constatamos que existem casas de alto

ameaçado por incêndios e inundações sazonais, o

padrão (Condomínio Canto e Mello, em APP e

transporte para o local era dificílimo, não havia

acima da reserva de Mata Atlântica do IPJB) e duas

corpo de bombeiros e os diretores dispunham

instituições (Serpro e Light), que, apesar de estarem

de poucos empregados. Além disto, a região era

praticamente na mesma área dos antigos moradores,

pouco povoada, com muitos brejos e de baixíssimo

não sofrem as mesmas ações de despejo por parte

valor imobiliário. Podemos afirmar que o início da

do Jardim Botânico. Também percebemos certa

ocupação foi não só incentivada, mas se deu por

incoerência neste discurso “ambientalista”, quando,

uma necessidade da Instituição: ter empregados

apesar de requerer a área - alegando necessidade

próximos, sempre a sua disposição, para se doarem

de preservação ambiental - constatamos que o

ao Jardim Botânico e protegerem seu patrimônio fora

próprio Jardim Botânico promoveu cortes de árvores

de seu turno oficial de trabalho (Bizzo,2005).

seculares na região e, sem as devidas medidas técnicas, destinou impropriamente na área dois

O terreno disputado é de responsabilidade da

locais para decomposição de material vegetal e

Secretaria de Patrimônio da União, que invocando

produção de húmus que estão contaminando com

a função socioambiental dos imóveis da União

chorume o solo e o precioso Rio dos Macacos, que

demonstrou interesse no processo de regularização

passa dentro do próprio Jardim. A maior justificativa

fundiária da região, fato que desagradou aqueles que

explícita da remoção dos moradores reside na questão

desejam a retirada imediata dos moradores. Após

preservação ambiental da região. Será então que o

diversas tentativas de despejo, impedidas por medidas

ambientalismo está sendo usado para “higienização

judiciais, articulação política e resistência física, a

social”? Ou até para incremento da especulação

decisão sobre a questão está delegada a uma comissão

imobiliária na região? Segundo Litsz Vieira, “A solução

interministerial multirepresentativa, que estuda o caso

é encontrar uma área onde a Caixa Econômica possa

e apresentará soluções definitivas para o conflito.

construir casas para essas pessoas, mas vai ser difícil

Os conflitos sociais e a manipulação ideológica do discurso ambientalista

encontrar espaço (...) Uma possibilidade é uma área na Gamboa, mas há outras.

Os conflitos ambientais são fenômenos que ganham

O governo estadual está fazendo um projeto

cada vez mais importância, tornando-se bastante

habitacional em Guaratiba ou Sepetiba, na Zona

frequentes na sociedade pós-moderna. Porém, no

Oeste. Mas são apartamentos pequenos e eles não

tratamento dado à questão ainda identificamos

querem sair do Horto.” (http://www.oeco.com.br/

o predomínio de um discurso que promove a

reportagens/10936-oeco14061).

descontinuidade entre os aspectos ecológicos e os humanos e que parece fundamentar políticas de

A pergunta que fica é: por que os moradores não

remoção baseadas no que chamamos de segregação

poderiam ali viver, com restrições, e serem os maiores

socioambiental.

protetores do Jardim Botânico? Set 2011• MEMO online | 85


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Eles não deveriam ser fomentados e qualificados

pelo homem e a natureza (... ) não são possíveis ações

para defenderem o meio ambiente em que vivem há

ditas de desenvolvimento, sejam de preservação ou

tanto tempo?

modificações sobre o meio ambiente, dissociadas

Assim faz o premiado Programa Bolsa Floresta, que

do homem que o habita, e, por conseguinte, de sua

implementa uma série de atividades pioneiras com as

dinâmica cultural” (Maciel, 1992).

populações das florestas no campo da conservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Foto aérea comunidade Caxinguelê Horto Acúmulo de chorume e material em decomposição de maneira inadequada, sem impermeabilização e proteção do solo

Portanto, é preciso um esforço no sentido de romper as fronteiras artificiais que separam a questão

A concepção de que é impossível ao homem viver

ambiental da questão social, pois entendemos

em compasso com o meio ambiente nos parece

que estes problemas são ou estão intrinsecamente

ultrapassada e atravanca o desenvolvimento de

relacionados e nos parece impossível compreendê-

políticas públicas sustentáveis.

los através de olhares que primam pela separação

Esta perspectiva preservacionista que insiste na

de seus componentes essenciais. Definitivamente,

separação homem-ambiente restringe a capacidade

não podemos nem entendê-los, nem resolvê-los,

de análise da questão quando insiste em desprezar,

separadamente.

metodologicamente, os complexos aspectos históricos e socioculturais que em nosso ponto de vista são indissociáveis do objeto de estudo.

Sustentamo-nos na ideia de que todo conflito ambiental é necessariamente social, portanto, é socioambiental, pois envolve grupos, comunidades

Considerando esta problemática acima descrita,

e instituições da sociedade. Ele acontece em um

buscamos em Maciel uma concepção de meio

contexto histórico onde predominam determinadas

ambiente potencializada, capaz de ultrapassar antigas

formas de produção, determinados valores, interesses

dicotomias e desconstruir a falsa oposição entre

e visões sobre a maneira de agir e de se apropriar

homem e natureza: “O meio ambiente não pode ser

do território, com variadas significações quanto à

considerado como um dado isolado, mas sim como

utilização dos recursos naturais e quanto à repartição

um dado de cultura de uma comunidade, isto é, como

de seus benefícios (Acselrad,Henri,2004).

um processo de interação entre o sociocultural, gerado 86 | MEMO online • Set 2011


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O caso de conflito socioambiental que apontamos

privado que coloniza o espaço público, espremendo

tem a particularidade de acontecer em uma das mais

e expulsando o que quer que não possa ser expresso

antigas instituições do Brasil. Entender o conflito sem

inteiramente, sem deixar resíduos, no vernáculo dos

analisar a história do IPJB e da população da região

cuidados, angústias e iniciativas privadas” (Bauman,

seria olhar o problema de maneira superficial.

2001. Pág.49).

Sugestões teóricas para estudo do conflito

Acreditamos

- Refletir criticamente se o conflito socioambiental

financeira” da autarquia residem os indícios desta

entre o Jardim Botânico e a comunidade do Horto

apropriação do público pelo privado. Isto ocorre em

pode ter sido incentivado por uma tendência de:

algumas situações, como a escolha de ONGs para

“colonização do espaço público pelo privado”.

se instalarem dentro do JB. Uma delas foi escolhida

O Jardim Botânico é uma das mais antigas instituições

para se fixar no território do Jardim (que alega não

brasileiras, com 200 anos recém-celebrados e sua

ter espaços) com a condição de que “a ACMA

história está entrelaçada com a história do Brasil.

remunerará o IPJB pela utilização do “Galpão do

Compreender as diversas mudanças nas finalidades,

Patrimônio” no valor de 5% do valor da totalidade

nos discursos e nas condutas da Instituição ao longo

da arrecadação das atividades culturais e ambientais

dos tempos nos auxiliaria a entender melhor as

que serão desenvolvidas no local” (Relatório de

complexidades deste conflito socioambiental. Afinal,

Gestão, ano 2005). Além deste estranho critério de

será que esta instituição restou incólume perante às

remuneração, por que ceder sem licitação a cessão

transformações de uma “modernidade sólida” para

de um espaço público tão privilegiado? Será que

uma “modernidade líquida?” (Bauman, 2001).

estes são indícios da colonização do espaço público

Poderemos identificar em sua configuração atual a

pelo privado?

manifestação de características essenciais do mundo pós-moderno? Por exemplo, podemos perceber dentro da Instituição, “o privado colonizando o espaço público?” Pois, segundo este autor: “(...) não é mais verdade que o ”público“ tente colonizar o “privado”, é justamente ao contrário: é o

que

na

chamada

“autonomia

Hoje em dia o IPJB arrecada verbas vendendo mensalidades que dão direito a uma carteira de sócio e esta permite aos que pagam frequentar o IPJB todos os dias que desejarem, como funciona um clube. Seria este também um indício da diminuição do caráter público da instituição?

Inundação JB - Foto Evandro Teixeira

Podemos elencar a tão pouco discutida cobrança de ingressos para acesso ao Jardim como uma forma contundente de se manter privado um espaço essencialmente público. Por que ela cobra entrada se é local público de pesquisa e contemplação? Já que recebe dinheiro do governo, de emendas parlamentares e de diversos patrocinadores, por que insistem na cobrança de ingressos? Set 2011• MEMO online | 87


MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Para responder com assertividade seria necessário

principais do debate, bem como, as tendências para

entender mais sobre as formas de captação e a

resolução do problema.

maneira como são decididas e gerenciadas as

- Pontuar e analisar nos discursos, através de pesquisa

aplicações dos recursos. Para um olhar mais apurado

participativa com os atores sociais envolvidos,

da questão financeira do Jardim, convém observarmos

as justificativas oferecidas para a remoção ou

a amplitude e o alto grau de autonomia financeira

permanência dos moradores na região.

propiciada pela regulamentação da autarquia, pois o IPJB tem o direito de receber por serviços de “qualquer

Com essa abordagem de pesquisa poderíamos

natureza prestado a terceiros”. Pode receber sobre:

perceber onde se assentam os discursos para remoção

“as rendas de qualquer natureza, resultantes do

ou permanência da comunidade. É fundamental

exercício de atividades afins que lhe sejam afetas ou

identificar e analisar os argumentos para verificar se o

da exploração de imóveis sob sua jurisdição” (Nº 233,

viés preservacionista e a descontextualização histórica

sexta-feira, 7 de dezembro de 2001 Diário Oficial da

do conflito estão sendo usados como fundamentos

União – Seção 1 ISSN 1676-2339 9).

para a remoção dos moradores.

Aparentemente, parece-nos que o IPJB ganhou ares

Por outro lado, gostaríamos de entender onde se

empresariais na mesma medida que lhe foi permitida

fundamentam os discursos para a permanência dos

arrecadar fundos de diversas maneiras. Ao que tudo

moradores no local para verificar outra hipótese:

indica, a lógica capitalista do lucro, da produtividade

se o movimento dos moradores pode se apoiar no

e da eficiência parece ter encontrado morada neste

campo teórico da “Justiça Ambiental”. Acreditamos

verde e nobre espaço público.

que alguns conceitos produzidos por esta perspectiva,

Para validar esta hipótese teríamos de discutir o perfil

como o de “racismo ambiental” (Rede Brasileira

institucional atual e compará-lo com os de outros

de Justiça Ambiental), podem sustentar o discurso

tempos históricos. Desta forma poderíamos identificar

da comunidade, além de nos auxiliar a entender

as principais mudanças que ocorreram na instituição

criticamente este conflito.

e verificar se algumas das características de uma “modernidade

fluida”

(Bauman,2001)

atuaram

Indicação de Metodologia

dentro do Jardim Botânico, contribuindo no processo

No princípio a temática ambiental foi marcada por um

de deflagração do conflito socioambiental.

paradigma hegemônico notadamente preservacionista.

– Levantar e analisar a documentação referente ao

Este biologismo naturalista obnubilava a multiplicidade

conflito socioambiental.

de olhares possíveis, predominando então um

Analisar criticamente: as produções elaboradas pelo

monodisciplinarismo

Jardim, pela Associação de Moradores do Horto

positivista que restringia os objetos de estudos das

(AMAHOR), pela Associação de Amigos do Jardim

pesquisas acadêmicas da época.

metodológico

de

origem

Botânico, por autoridades, especialistas e pela imprensa. Desta forma poderemos entender melhor a

Vale pontuar que este viés insiste em tratar o meio

gênese do conflito, seu desenvolvimento e as questões

ambiente como um dado isolado, desprezando as

88 | MEMO online • Set 2011


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complexas relações entre homem, cultura, sociedade

referencial teórico, aconselhamos as contribuições de

e natureza. Rompendo com esta tradição acadêmica,

autores como: Baumman, Henri Acselrad, Boaventura

afirmamos a necessidade de estudos interdisciplinares,

dos Santos, Corccuf, Maciel, Alien, entre outros que

perpassando, interagindo e dialogando com os vários

devam surgir ao longo dos estudos.

campos do saber necessários ao desvelar crítico dos casos de conflitos socioambientais.

Para pensar sobre as diversas dimensões referentes ao conflito, aconselhamos o uso de uma pesquisa participativa. Parece-nos pertinente uma metodologia participante que prima por uma aproximação maior com o universo dos atores sociais envolvidos. Esta aproximação, com os atores e com o conflito, nos instiga a tomada de um posicionamento políticoteórico-ideológico, mas este posicionamento, ao contrário do que possa parecer, não deve comprometer a criticidade do estudo. Para tal, vejamos Boaventura, que nos diz: “A tradição da sociologia é neste domínio ambígua. Tem oscilado entre a distância crítica ao poder constituído e o comprometimento orgânico com ele, entre o guiar e o servir.

Justificativa relevância e possíveis contribuições do estudo Quanto à relevância do objeto, sabemos que casos de conflito socioambientais se intensificam a cada dia em nosso país, tão vasto em território, em recursos naturais e em problemas sociais. Analisá-los criticamente possibilita encontrar soluções, não só legais, mas legítimas para seu equacionamento. Legitimidade é justiça e “fazer justiça” com as populações historicamente desfavorecidas é um dos desafios mais contumazes que se colocam para a sociedade brasileira. Este

estudo

também

poderá

demonstrar

sua

importância acadêmica ao questionar a imposição da dicotomia entre o homem e natureza, colaborando assim com as produções situadas dentro das novas sociologias (Corcuff, 2001).

Os desafios que nos são colocados exigem de nós

Por fim, este projeto ganhará relevância quando

que saiamos deste pêndulo. Nem guiar, nem servir.

esclarecer os principais discursos utilizados no caso

Em vez de distância crítica, a proximidade crítica. Em

em questão, podendo contribuir para outros estudos

vez de compromisso orgânico, o envolvimento livre.

de conflitos socioambientais ao gerar um olhar sobre

Em vez de serenidade autocomplacente, a capacidade

a questão que não despreza os aspectos socioculturais

de espanto e de revolta” (Santos, 2001).

e políticos do problema. Acreditamos que estudos como este são necessários para reduzir os casos

A pesquisa participativa em consonância com uma

de “segregação socioambiental”. São fundamentais

postura de “proximidade crítica” parece ser capaz

também para diminuir o potencial de ação dos falsos

de potencializar nossas análises sobre este objeto de

consensos, das intransigências, tão devastadores, em

estudo tão complexo e ramificado. Para compor o

tempos tão velozes, em dias tão escorregadios.

Para ler as referências bibliográficas deste artigo, vide site. WWW.REVISTAMEMO.COM.BR

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