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EDITORIAL
A pandemia não justifica tudo
António Araújo Presidente do CRNOM
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editorial
Estamos praticamente a meio da XIV Legislatura da Terceira República Portuguesa e do mandato do XXII Governo Constitucional. Simultaneamente, encontramo-nos num período indefinido da pandemia, essa usurpadora de atenções, que a tudo serve de justificação.
Para lá de uma fraca gestão desta crise sanitária, temos um governo que nada fez pela Saúde dos portugueses. Um Ministério da Saúde que agoniza, numa inação sem paralelo, incapaz de agir para lá do estritamente necessário.
Nunca tínhamos assistido a um exercício tutelar do Ministério da Saúde tão sofrível, sem reuniões com as associações representativas dos profissionais que superintende, sem diálogo, inovação ou reformulação, que não debate a restruturação das unidades de saúde e do sistema de saúde. Este ministério limita-se a “existir”, dependente do efeito “pandemia”.
Infelizmente, estamos a desperdiçar tempo precioso para uma profunda restruturação do Sistema de Saúde Português, em geral, e do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em particular. Porque, quanto mais o tempo passa, mais difícil e profunda vai ter de ser a restruturação.
Acresce a esta esterilidade o facto de assistirmos a um Ministério da Saúde que é incapaz de lutar por uma maior fatia dos fundos europeus, linhas de financiamento que permitissem a restruturação efetiva das unidades de saúde envelhecidas e decrépitas, o seu reequipamento e a sua modernização.
Torna-se difícil criticar esta Ministra, porque sem iniciativas ou ações, escu-
Para lá de uma fraca gestão desta crise sanitária, temos um governo que nada fez pela Saúde dos portugueses. Um Ministério da Saúde que agoniza, numa inação sem paralelo, incapaz de agir para lá do estritamente necessário. Nunca tínhamos assistido a um exercício tutelar do Ministério da Saúde tão sofrível…
No entanto, o tempo passa e os profissionais de saúde que resistiram e que continuam a resistir até ao limite das suas capacidades, reconhecidos por toda a população e, em teoria, pelo governo, não tiveram qualquer retorno desta dedicação. Pelo contrário, a Ministra da Saúde vota-os ao desprezo, remete-se ao silêncio da sua inação, da sua mediocridade, da sua falta de capacidade de liderança e da sua falta de visão para o sistema de saúde.
dando-se atrás da pandemia, pouco ou nada há a criticar, sendo até deselegante fazer qualquer apreciação. No entanto, o tempo passa e os profissionais de saúde que resistiram e que continuam a resistir até ao limite das suas capacidades, reconhecidos por toda a população e, em teoria, pelo governo, não tiveram qualquer retorno desta dedicação. Pelo contrário, a Ministra da Saúde vota-os ao desprezo (sim, porque não dialogar e não tentar melhorar as condições de formação e de trabalho a quem demonstra uma dedicação ímpar, é desprezar), remete-se ao silêncio da sua inação, da sua mediocridade, da sua falta de capacidade de liderança e da sua falta de visão para o sistema de saúde.
Esta pandemia não justifica tudo, apenas expõe a mediania de quem nos lidera!
Apesar de todos os condicionalismos impostos e considerando todas as medidas de segurança recomendadas, o Conselho Regional do Norte tem vindo a organizar todas as atividades habituais, embora adaptadas aos tempos que vivemos.
Tivemos o Dia do Médico, a 18 de junho, com a entrega do Prémio Daniel Serrão aos jovens médicos que obtiveram a melhor média final de curso numa das três escolas médicas do Norte do país em 2019 e 2020, bem como a homenagem aos médicos que completaram 50 anos de inscrição na Ordem dos Médicos (OM) em 2020 e 2021. Ficou por se realizar a homenagem aos colegas que completaram 25 anos de inscrição na OM e que se efetuará logo que as condições o permitam.
Continuamos a sublinhar projetos inovadores em saúde na região norte, em colaboração com os Conselhos das Sub-Regiões, desta vez com o serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e com a Unidade Clínica de Ambulatório Médico do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Iniciámos uma nova rubrica “Conversas a Norte”, ciclo de pequenas conversas informais onde os convidados, personalidades não-médicas e não-políticas da região norte, são desafiados a falar sobre as suas vidas e as suas áreas, sendo proibido abordar política ou COVID. Tivemos o privilégio de conversar com o arqueólogo e historiador Joel Cleto, os irmãos velejadores olímpicos Diogo e Pedro Costa, o músico Pedro Abrunhosa, o escritor Afonso Reis Cabral, a investigadora Joana Neto Lima, o detentor de 2 estrelas Michelin Chef Rui Paula e o Bispo do Porto, D. Manuel Linda.
Realizámos a XVIII Arte Médica e a XII Arte Fotográfica, espaços de mostra da criatividade dos médicos, este ano numa edição virtual.
Comemorámos, a 15 de maio, os 40 anos da Casa do Médico, um dos momentos mais importantes da nossa história. Nessa data, em 1981, foi aprovada, em Assembleia Geral, a compra da Quinta de Arca d’Água, onde se viria a edificar o atual complexo de que todos nós nos orgulhamos e de que podemos desfrutar. A todos os colegas que participaram ativamente na concretização deste projeto, o nosso Muito Obrigado.
Por último, mas não de menor importância, estamos a entrar na época de verão, altura privilegiada para férias. A todos os que as irão gozar neste período, que tenham umas férias relaxantes e seguras.
António Araújo