4 minute read
«VI Meeting Medical Education»
30.OUT.2021 VI MEETING MEDICAL EDUCATION
Educação Médica e Política Educativa
Advertisement
A RESPOSTA DA EDUCAÇÃO MÉDICA À PROBLEMÁTICA DA INDIFERENCIAÇÃO MÉDICA E POSSÍVEIS CARREIRAS ALTERNATIVAS À MEDICINA CLÍNICA
A assinalar a sua 6.ª edição, o Meeting Medical Education, uma organização do NENUM (Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho), apresentouse como um espaço privilegiado para a discussão dos assuntos que estão na ordem do dia sobre a realidade formativa da Medicina em Portugal. O evento ocorreu no dia 30 de outubro e contou com a presença de Manuel Gonçalves Pinho, em representação do CRNOM.
Texto José Rui Baptista › Fotografia Digireport “Know Me, Inspire Us”. Foi este o lema escolhido pelo Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho (NEMUM) para a VI edição do Meeting Medical Education (Meeting ME) que aconteceu no dia 30 de outubro, na Escola de Medicina da Universidade do Minho. Esta edição “visa retratar a realidade da Educação Médica e Política Educativa, no contexto nacional, salientando não só as suas fragilidades, mas valorizando também as suas conquistas, propondo soluções efetivas e delineando os próximos passos em direção ao seu crescimento e inovação”, podia ler-se no texto de apresentação do evento. O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) esteve representando por Manuel Gonçalves Pinho no debate “I’m an unspecialized physician... and now what?”, moderado por Vasco Cremon de Lemos, membro da direção da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), painel que integrou ainda Henrique Cyrne de Carvalho e Maria de Belém Roseira.
CARREIRAS MÉDICAS ALTERNATIVAS DEVEM COMPLEMENTAR O SNS Na perspetiva de Manuel Gonçalves Pinho, a formação pré-graduada é um tema com “enorme importância”, sobretudo num período em que “há um acumular de colegas que não conseguem entrar na especialidade que pretendiam”, um cenário que os força a descobrir carreiras alternati-
Atualmente, as estatísticas acerca do número de médicos indiferenciados, da aparente falta de médicos e outras relacionadas com esta problemática são pouco tranquilizadoras. Nesta mesa redonda, o debate centrar-se-á na necessidade de demonstrar as alternativas existentes para a carreira médica e na importância de uma formação médica abrangente e compreensiva, como resposta à crescente necessidade de adaptabilidade e multivalência dos profissionais de saúde. Assim, pretende-se compreender o papel da Educação Médica e, em particular, das Escola e dos currículos médicos, na atenuação deste problema, e perceber se a preparação dos estudantes para os percursos complementares ou carreiras alternativas da profissão médica, visando uma gestão de expectativas dos futuros profissionais e respondendo às necessidades do Serviço Nacional de Saúde, poderão fazer parte da solução.
Meeting ME
vas, nas quais não pensariam enveredar no início do seu percurso académico. “Estas carreiras alternativas devem complementar o SNS, mas também a oferta que a profissão médica pode oferecer à sociedade”, afirmou o psiquiatra. Durante o debate, o vogal do CRNOM salientou o trabalho que a Ordem dos Médicos tem feito para garantir uma maior qualidade na formação pós-graduada, através do Fundo de Apoio à Formação Médica. Destacando que esse projeto tem tido “resultados bastante positivos”, Manuel Gonçalves Pinho sublinhou que esta é uma das soluções para aumentar a capacidade formativa, mas deixa um aviso: “A questão é que nós temos aumentado o número de vagas, mas os hospitais e os serviços não vão aumentando assim tanto. Existe vontade para conseguir garantir que os colegas tenham acesso a mais vagas, mas também tem que ser garantida a qualidade da formação, porque nós estamos a formar especialistas que vão tratar as pessoas no dia de amanhã.”
“TEMOS A RESPONSABILIDADE DE CRIAR CONDIÇÕES PARA OS FUTUROS MÉDICOS” Dar aos alunos de Medicina as melhores condições para concluírem a sua formação, mas também para estarem preparados para os desafios do futuro é um tema que está no topo das prioridades de Henrique Cyrne de Carvalho. Enquanto presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), apontou que as escolas médicas têm o dever de “prever as condições de modificação daquilo que é o mercado de trabalho dos médicos no século XXI”. Nesse ponto, o diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) sublinhou que é necessário promover condições de formação que valorizem o modelo atual e que permitam abrir oportunidades a novas especialidades. “Temos que largar o conceito de só fazermos aquilo para o que formos inicialmente destinados. Nós temos essa responsabilidade social e moral. Quem forma tem que pensar que este é, indiscutivelmente, um desígnio que tem de acompanhar e desenvolver”, comentou.
TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
NO CENTRO DOS CUIDADOS DE
SAÚDE
Ao longo da sua experiência na área da Saúde, Maria de Belém
Roseira desde cedo entendeu a necessidade, fruto da alteração da formação pré-graduada, de se introduzirem novas competências
“que a evolução da sociedade veio aconselhar como sendo necessárias para o exercício da profissão médica”. Neste contexto, referiu que as tecnologias de informação ocuparão um lugar central na prestação dos cuidados de saúde e que, por consequência, a comunicação passará a ser uma vertente fundamental. Reconhecendo as vantagens que isso trará à Medicina, a antiga Ministra da Saúde alertou para o facto de que a “relação sagrada” entre médico e doente nunca pode ser colocada em segundo plano. “Nós temos de perceber que o diagnóstico feito com base nas tecnologias retira ao médico o que de mais sagrado existe no exercício da Medicina – que é uma ciência, mas também uma arte – que é a relação médico-doente. Ela é indispensável para a construção da confiança do doente no seu médico. Há um conjunto de valores intangíveis que não podem ficar de fora”, alertou a oradora. n