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“Segundo os Segundos”

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“Anódino”

“Anódino”

EXPOSIÇÃO

‘Segundo os Segundos’

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Poesia visual de Pedro Oliver

Mais do que um pintor, Pedro Oliver considera-se um poeta visual. A sua pintura distingue-se pela fluidez, criada pelo movimento de traço único em que o pincel gira sobre si próprio. A exposição “Segundo os Segundos” esteve patente na SRNOM de 14 de julho a 6 de agosto.

Texto Catarina Ferreira › Fotografia Medesign

Natural de Palma de Maiorca, em Espanha, Pedro Oliver tem um grande carinho pela cidade do Porto, onde expôs em 1996 e mais tarde, em 2012. Este ano, esteve de volta, desta vez nos corredores do Centro de Cultura e Congressos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) onde apresentou pela primeira vez a sua mais recente mostra. “Segundo os Segundos” deu nome a esta exposição de pintura que, tal como o título, tem várias interpretações. Desde cedo que o artista conjuga a pintura, escultura, animação e fotografia e a sua estética aproxima-se do universo do graffiti. Imagina, critica e faz poesia com a sua obra, através da conceção e repetição de imagens, criando a sua própria linguagem. “Esta série tem quadros muito emocionais, feitos em muito pouco tempo, em que conto as pinceladas, desenhadas de forma seguida. Todos feitos com um único traço mas com movimentos diferentes. Trabalho muito a fórmula impossível de um só traço, sem soltar o pincel, criando algum volume ou desvanecendo. São peças muito parecidas mas muito diferentes”, confessa o artista. Ao todo, 31 pinturas acrílicas com algumas misturas compõem esta mostra, essencialmente a branco e negro, “preservando a essência do que se quer contar de forma concreta”. O processo criativo de Pedro Oliver revela-se curioso e imediato, uma vez que este estilo “não permite pensar”, exige que o pintor esteja completamente concentrado e deixe fluir o movimento enquanto a tinta está fresca. “Nunca sei como vai terminar, eu bailo com o pincel, ele gira totalmente sobre si próprio. Nesta seleção há um denominador comum que são as curvas e os círculos. Começa com a ideia de um círculo mas envolve trabalhar com todo o corpo para dar as voltas e obter um bom resultado. Além disso, são todos diferentes, é impossível fazer um círculo igual ao outro. Mesmo que a meio queira mudar a intenção, não posso pensar, tenho que continuar, deixar fluir e no fim é que aprecio o resultado”, explica o autor. Apesar de se executarem rapidamente, estas obras especiais exigem muito tempo de ensaio e reflexão. Durante o processo, Pedro Oliver admite “aproveitar a magia do momento” e deixar-se surpreender, até porque “sem surpresa, não há obra”. O resultado assemelha-se a uma “poesia visual” e o artista reforça que “mais do que um pintor, considero-me um poeta visual”. É também um “investigador de arte”, o seu processo de aprendizagem é constante e absorve todos os significados. Destaca o volume abstrato e os traços de hiper-realismo das suas obras, uma vez que num único traço “também é possível criar vários tipos de volume”, sem soltar o pincel. “É um processo muito curioso e cada peça conta uma história”, acrescenta. A exposição esteve patente entre 14 de julho e 6 de agosto e ficou marcada pela surpresa e fluidez. n

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