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“Antes do Amanhecer”
Uma mistura de temas e trabalhos, em torno da mulher. Ao todo, 41 obras, entre telas e peças em aço compuseram a mostra apresentada por Josete Fernandes na SRNOM. A inauguração aconteceu no dia 15 de setembro e a exposição esteve patente até ao final do mês.
EXPOSIÇÃO
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“Fragrâncias”, “O Beijo”, ou “Antes do Amanhecer” são alguns dos nomes de séries de trabalhos produzidos por Josete Fernandes e apresentados nos corredores do Centro de Cultura e Congressos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) entre 15 e 30 de setembro. Para esta exposição, a artista fez uma “seleção de trabalhos, cronológica e tematicamente diversos” e trouxe 41 obras, entre telas e peças em aço. Se na série “O Beijo”, aceitou o desafio de “libertar amor através da arte na altura do confinamento”, na Texto Catarina Ferreira › Fotografia Medesign série “Antes do Amanhecer” apresentou temáticas mais Telas e ‘personagens fora da tela’ de Josete intimistas e reflexivas e apresentou-as em molduras mais pequenas. “Desenvolvi estas telas durante o último ano, Fernandes tecnicamente não seguem uma linha de desenho condutora, os personagens nascem da mistura quase espontânea de tinta através da cor e da mancha. O nome da série, “Antes do Amanhecer”, reflete o período de maior introspeção, reflexão sobre o “Eu” e o “Outro”. Considero estas telas uma resposta a mim mesma e um amadurecimento a nível artístico e pessoal”, confessou a autora.
PINTURAS EM AÇO É através de uma linha condutora, em que “a tinta anda atrás da linha e essa linha é completada ou camuflada pela cor”, que Josete Fernandes, licenciada em Pintura, faz uma interação artística vincada. Descrevendo o seu processo criativo como “trabalhoso”, a artista traça sempre um objetivo para o projeto e nunca parte para a tela em branco. Um exemplo disso mesmo são os quadros que remetem para as suas raízes. “Eu sou de Cedães, Mirandela, há uns anos voltei à minha aldeia para cuidar dos meus pais quando eles adoeceram. Essas telas surgiram nesse período, recordam que eu cresci num meio rural, fui para o meio urbano e regressei a casa. Há uma fusão de rural com urbano, uma grande mudança que passei para as telas”, explicou durante a inauguração. Na maioria das obras, evidencia-se o acrílico mas a artista também “gosta de trabalhar com outros materiais”, como cimento-cola, poliuretano, madeira e aço. Para esta mostra, Josete Fernandes trouxe também “pinturas em aço”, uma nova técnica de pintura a esmalte sobre aço recortado a laser. “São os meus personagens fora da tela”, revelou. Este processo teve início em 2021, quando realizou um “funeral” no Cemitério de Arte de Morille, em Salamanca. “Enterrei uma obra, “A Reprodutora”, e na sepultura ficou erguida uma “Nova Mulher” em aço, com 180cm de altura. É o ciclo da vida a cumprir-se, em que se enterra uma Vida e nasce outra mais Forte. Gostei muito da experiência, de toda a performance do funeral e especialmente de criar essa peça em aço. As peças aqui expostas são figuras que vivem sem o fundo da tela, criam um grande impacto pelo movimento da linha, pela mistura do recorte e da pintura”, afirmou a artista. A mulher é a figura principal dos seus trabalhos e Josete Fernandes representa-a em vários estados, “num envolto de sentimentos”, onde também as aves têm lugar para transmitir a liberdade e a justiça. n