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SOPEAM – Encontro de Outono

Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos

Encontro de Outono

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GONDOMAR, 14- 16 OUTUBRO

Texto Catarina Ferreira › Fotografia Medesign

CARLOS MOTA CARDOSO, EM REPRESENTAÇÃO DO CRNOM, PROFERIU A CONFERÊNCIA “O PAPEL DA ARTE E DA CIÊNCIA NA MEDICINA DE HOJE”

Depois de ter sido adiado durante dois anos, o Encontro de Outono da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos (SOPEAM) realizou-se nos dias 14, 15 e 16 de outubro. A comissão organizadora escolheu a cidade de Gondomar para este encontro lúdico que privilegiou a cultura e divulgou a arte dos médicos participantes.

Apresentado como sendo “um evento de todos os que se associaram ao projeto e tornaram-no uma realidade”, o Encontro de Outono da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos (SOPEAM) realizou-se nos dias 14, 15 e 16 de outubro. Quem o disse foi António Barbedo, médico psiquiatra, que juntamente com a esposa Virgínia Barbedo, especialista em Hematologia Clínica, organizaram mais uma edição deste encontro. A sessão de abertura teve lugar na Casa Branca de Gramido, em Gondomar, no segundo dia do evento, e entre vários agradecimentos, contou com algumas partilhas e reflexões dos participantes.

“Com Hipócrates, a ciência entrou definitivamente no campo da Medicina. Mas este pensador teve o cuidado de introduzir a ciência sem deixar sair a arte. A arte médica ou a arte do encontro foi promovida no contexto da abordagem da pessoa”

Carlos Mota Cardoso

Nesta sessão, António Barbedo dedicou o evento à esposa, uma vez que fez a planificação dos três dias “na sua cidade” e escreveu “Gondomar - Histórias, Lendas e Curiosidades” sem “grande preocupação histórica ou literária” – um livro entregue a todos os participantes. Teresa Couceiro, técnica superior da Divisão da Cultura da Câmara Municipal de Gondomar e responsável pela Casa de Gramido agradeceu o facto de terem escolhido esta cidade. “Para nós, município, é de salutar o interesse em realizarem o encontro em Gondomar. Costumo dizer que não há educação sem cultura e que não há cultura sem educação. E é muito bom termos estes exemplos de pessoas que têm uma profissão tão exigente e ainda se dedicam às artes ou à escrita”, acrescentou. Já Maria José Leal, presidente da SOPEAM, recordou que este projeto acabou por ser adiado pela pandemia mas que voltou “em boa hora”. “É um enorme gosto estar aqui e só com dedicação é que se organiza algo desta dimensão”, completou, dirigindo-se aos organizadores. Em representação do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Carlos Mota Cardoso saudou todos os presentes e fez uma reflexão sobre o contributo dos médicos artistas, “que dedicam horas da sua vida à escrita, fotografia, escultura, pintura, entre outros movimentos culturais”. Intitulada “O papel da Arte e da Ciência na Medicina de hoje”, a conferência do médico psiquiatra focou-se no equilíbrio entre a ciência e a arte, “que não é fácil”. “Se pensarmos na evolução destas duas vertentes ao longo da história, percebemos que a doença não era muito abordada do ponto de vista científico. (...) Com Hipócrates, a ciência entrou definitivamente no campo da Medicina. Mas este pensador teve o cuidado de introduzir a ciência sem deixar sair a arte. A arte médica ou a arte do encontro foi promovida no contexto da abordagem da pessoa. E com esta arte da Medicina, a ciência ganha um maior impulso”, recordou Carlos Mota Cardoso. Ao longo da sua exposição, abordou a importância da empatia na relação médico-doente, uma vez que “estamos diante de uma pessoa, mais do que uma fórmula química ou máquina, há uma pessoa que sofre e tem receio da finitude. Portanto, a empatia médica é fundamental para percebermos e aliviarmos o sofrimento dos doentes”. Para o especialista em Psiquiatria, se a arte é considerada “um elemento individual que alia a técnica e pode ser treinada”, também o jovem médico pode e deve perceber este encontro muito sério com um ser único que sofre, “estabelecendo a arte médica”, terminou.

52.º ANIVERSÁRIO DA SOPEAM Neste encontro, que recordou os 52 anos da SOPEAM, António Roma Torres, Maria José Leal e Mariana Bettencourt foram alguns dos participantes que fizeram reflexões. Entre a leitura de textos e poemas e a apresentação de trabalhos, abordaram o seu percurso ligado à arte ao longo dos últimos anos. No mesmo local, foi inaugurada também uma exposição de artes plásticas, com pinturas, esculturas e tapeçarias de vários artistas médicos, como Helena Melo, Virgínia Barbedo, Isabel Alvim, Luísa Quintela, Isabel Barbedo, Fernando Torgal, entre outros. A organização e curadoria ficou a cargo de Pedro Miguéis e Cristina Moisão. n

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