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XXXI Congresso Nacional de Coloproctologia

ATUALIZAÇÃO PERMANENTE PARA PRESTAR OS MELHORES CUIDADOS DE SAÚDE

Dar respostas concretas aos desafios que vão surgindo na atividade clinica diária foi o principal objetivo da comissão organizadora do XXXI Congresso Nacional de Coloproctologia. O evento aconteceu nos dias 24 e 25 de novembro na cidade do Porto e contou com a presença do presidente do CRNOM, Texto Catarina Ferreira › Fotografia Medesign António Araújo, na sessão de abertura e na conferência “Recertificação de competências médicas”. “Foi nossa intenção criar um programa científico não só abrangente, como também pragmático e objetivo, englobando não apenas estados de arte, mas igualmente, procurando dar respostas concretas a vários desafios que nos são colocados na nossa atividade clínica diária. Procuramos ainda que fosse ao encontro de colegas em diferentes fases da sua experiência clínica, dos jovens internos de Cirurgia e Gastrenterologia, aos experientes especialistas”, assegurou Fernando Castro Poças. O presidente do XXXI Congresso Nacional de Coloproctologia e especialista em Gastrenterologia inaugurou o primeiro dia do evento, a 24 de novembro. Organizado pela Sociedade Portuguesa de Coloproctologia, o encontro teve lugar no Hotel Pestana Douro, em Gondomar, e promoveu a partilha científica e o convívio entre colegas. Na sessão de abertura, António Araújo felicitou a comissão organizadora pelas 31 edições deste congresso e enalteceu a capacidade de resiliência. “Fala-se muito da resiliência no Serviço Nacional de Saúde e há que prestar homenagem aos médicos e profissionais de saúde por esse mesmo valor. Porque apesar de todas as dificuldades que enfrentamos no dia a dia, temos o dever de privilegiar a educação e continuamos a lutar pela formação contínua, não só da nossa como dos colegas mais jovens”, afirmou o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM). Reconhecendo que estamos a atravessar “momentos difíceis na saúde”, exaltou a importância deste tipo de iniciativas que cumprem uma das obrigações dos médicos: contribuir para a formação e educação dos médicos mais novos. Além disso, António Araújo considerou que o que caracteriza este congresso é a multidisciplinariedade. “Nenhum de nós hoje consegue trabalhar isoladamente, cada vez mais dependemos uns dos outros, porque não temos o conhecimento absoluto

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de determinada área. É com o saber dos outros colegas e especialidades que, em equipa, conseguimos encontrar o melhor tratamento e orientação clínica para os nossos doentes. É uma obrigação nossa e cumprimos todos os dias”, defendeu. O também diretor do serviço de Oncologia do Centro Hospitalar e Universitário do Porto (CHUP) elogiou a “dedicação e empenho em prol dos doentes” da colega Anabela Rocha, presidente de honra do congresso. A sessão de abertura contou ainda com a presença de Francisco Portela, presidente da Sociedade Portuguesa de Coloproctologia, Paulo Costa, presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia, Guilherme Macedo, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, João Ramos de Deus, presidente da Comissão de Honra do Congresso e Marco Martins, presidente da Câmara Municipal de Gondomar.

RECERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS MÉDICAS No segundo dia do evento, a 25 de novembro, António Araújo foi o orador convidado para a conferência “Recertificação de competências médicas - Mito ou Realidade?”, moderada pelo presidente, Fernando Castro Poças, que admitiu “ser o convidado indicado para proferir considerações sobre o tema”. Apesar de considerar este um “tema muito controverso e com várias posições”, o presidente do CRNOM dissertou sobre a aquisição de competências médicas ao longo do curso de Medicina e do internato, quer em formação geral como específica. No entanto, é obrigação do médico “estudar e atualizar-se” durante toda a vida profissional. Da teoria à prática, essa aquisição não passa apenas pelo conhecimento técnico mas também pela capacidade de execução. Nesse sentido, António Araújo destacou os quatro pilares fundamentais que um médico deve ter, entre eles, o conhecimento, a investigação, a gestão e o ensino. “Esta questão da recertificação de competências médicas, resume-se sobretudo às competências clínicas. Estão ligados dois conceitos: a educação médica contínua e o desenvolvimento profissional contínuo. Um assunto complexo e polémico, que traz posições extremadas e, por vezes, com pouca razão. E a recertificação aplica-se aos médicos que já terminaram a pós-graduação e durante toda a sua carreira profissional. É uma confirmação de qualificações profissionais que assegurem a continuidade da atividade clínica em toda a sua extensão”, explicou o orador. Ao longo da apresentação, António Araújo tratou alguns conceitos e definições dos termos abordados como a recertificação, apreciação da qualidade das ações formativas, o método de créditos e número de horas no programa de formação. Assim, assumiu as principais diferenças na realidade do exercício da Medicina na Europa e nos Estados Unidos da América e a dificuldade em compatibilizar os diferentes sistemas de saúde europeus. “Todos nós temos a necessidade de atualização permanente, até das legis artis, para que possamos prestar os melhores cuidados de saúde aos nossos doentes. Mas não é o facto de somar créditos nos eventos que faz de nós melhores médicos ou especialistas. Em Portugal, a recertificação não é uma questão, neste momento. A maioria dos nossos cidadãos têm confiança nos médicos, somos talvez a classe profissional em que mais confiam. E a recertificação ao estilo americano teria custos muito elevados, conduzindo à criação de lobbys. Por isso, consideramos que a política de recertificação, com base em exames, não é a ideal, uma vez que já somos suficientemente avaliados ao longo da carreira”, reforçou. O convidado defendeu a posição e preocupação da Ordem dos Médicos neste processo, comentou o sistema de formação em Portugal, bem como a valorização e desenvolvimento do capital humano. Seguiu-se um momento de questões e debate promovido por Fernando Castro Poças, que se estendeu aos participantes do congresso. Ao ser questionado sobre o motivo para a recertificação não se colocar como questão em Portugal, António Araújo garantiu que este não é um assunto que esteja em discussão porque existem outras prioridades e carências. “A existir recertificação no futuro, não deverá ser através de uma coleção de créditos, que é um sistema falacioso. Devemos fazer prova do que fazemos através dos atos médicos praticados”, rematou. n

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