Entrevista com a gerente de meio ambiente da Anicer, Fernanda Duarte
Ano 4
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Fevereiro/2014
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Edição 46
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Eflorescência O desafio de proteger a cerâmica
Cerâmica do Belém do Pará conquista certificação ISO 9001 Tijolos aparentes: a beleza das peças sem revestimento Cerâmica da Paraíba recebe troféu por qualidade em gestão
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SUMÁRIO
DESENVOLVIMENTO 16: Eflorescências: o desafio de proteger a cerâmica
EDITORIAL
ARQUITETURA CERÂMICA
ENTREVISTA
12: Carta ao Ceramista
24: Tijolos aparentes: a beleza das peças sem revestimento
30: A licença ambiental e seus desafios no setor
Diretor Geraldo Salvador Junior
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Redação Juliana Nunes
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Impressão Gráfica Coan
Jornalista Responsável Juliana Nunes - SC04239-JP
Tiragem 3500 exemplares
Jesus Cristo, O Messias
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NovaCer • Ano 4 • Fevereiro • Edição 46
36: Projeto auxilia empresários quanto à gestão estratégica
Diagramação & Arte Jefferson Salvador Juliana Nunes
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GESTÃO
Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados
MEIO AMBIENTE
ARTIGO TÉCNICO
40: Estudo reaproveita lodo e lama para fazer tijolos
42 : Estudos preliminares de caracterização de argila de uma cerâmica de Porciúncula - RJ
SUMÁRIO
Fevereiro 2014 DESENVOLVIMENTO 28: APL do norte de Goiás faz planejamento estratégico
DESENVOLVIMENTO 38: Cerâmica do Belém do Pará conquista certificação ISO 9001
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EDITORIAL Igreja Kansas City, no estado do Missouri, nos Estados Unidos
Carta ao Ceramista O tema que ganhou destaque na edição deste mês foi o surgimento de eflorescências nas peças de cerâmica vermelha. Esta patologia observada em telhas não esmaltadas e tijolos aparentes são depósitos de sais solúveis que surgem nas superfícies dos materiais, resultantes da migração e posterior evaporação de soluções aquosas salinizadas. No setor, segundo profissionais, o fenômeno é um problema, pois quando acontece pode interferir em vários aspectos das características do materiais. Além do defeito estético, estudos relatam que a eflorescência pode diminuir a vida útil do material e aumentar a absorção de água. Na reportagem, confira a divergência de opiniões de especialistas acerca desta patologia, que é estudada desde os anos 30 e ainda hoje inquieta pesquisadores e fabricantes de produtos cerâmicos. A dificuldade de neutralizar este fenômeno ainda persiste, exatamente por conta da complexidade do mecanismo de seu surgimento.
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O uso de peças cerâmicas sem revestimento foi outro tema que ganhou espaço nesta edição. Confira na reportagem, a beleza dos tijolos sem revestimento em paredes tanto externas como internas, trazendo elegância a qualquer tipo de cômodo, combinando tanto em obras rústicas como em contemporâneas. Neste mês, a entrevista especial é com a gerente de meio ambiente da Anicer, Fernanda Duarte. Entenda na entrevista quais os desafios do setor quanto a licenciamento ambiental, tipos de sanções e procedimentos para regularização, entre outros assuntos. Confira ainda o projeto que auxilia empresários do setor quanto à gestão estratégica. Intitulado Reflexões sobre gestão, o projeto é realizado em cerâmicas do Ceará, com o objetivo de conscientizar ceramistas quanto à importância do conhecimento do custo de produção de seus produtos e sua influência no preço final. Aproveite a leitura! A Direção
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Eflorescências: o desafio de proteger a cerâmica Umas das principais patologias observadas em produtos cerâmicos, como as telhas não esmaltadas e os tijolos aparentes, é o surgimento de eflorescências. Esta patologia são depósitos de sais solúveis que surgem nas superfícies dos materiais cerâmicos, resultantes da migração e posterior evaporação de soluções aquosas salinizadas. Trata-se de um pó branco, produto da lixiviação desde o interior em direção à superfície da peça. O surgimento da eflorescência depende da existência, ao mesmo tempo, de sais solúveis, de água e o transporte (por capilaridade) da solução até a superfície. “Através da umidade (água que penetrou na peça) os sais contidos no material são dissolvidos e, quando acontece a evaporação desta água, que ocorre por secagem natural, os sais migram junto para a superfície do produto e, quando sofre contato com o ar, cristalizam-se e ficam depositados nas superfícies, o que provoca as conhecidas manchas brancas”, explicou o tecnólogo em cerâmica, Vitor de Souza Nandi. De acordo com o engenheiro cerâmico Vitor da Costa, as eflorescências dividem-se em três
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tipos. São elas eflorescências de matérias-primas, que se verificam já com as argilas em parque; eflorescências de secagem, que ocorrem durante o processo de secagem pela ação do ar industrial; e as de queima que se formam durante o próprio processo de queima. Há ainda um tipo de eflorescência destrutiva, a criptorescência. As peças com esta patologia quando expostas em área, como maresia, se esfarelam. Conforme a consultora em cerâmica vermelha Celina Monteiro, “ocorre uma espécie de lixamento na peça e ela vai se destruindo”. Segundo Celina, uma das grandes vilãs para o surgimento da eflorescência é a gipsita (CaSO2H2O), um mineral formado basicamente de cál4 cio e que pertence ao grupo dos sulfatos. Os sais de cálcio e de magnésio são os mais apontados por vários estudiosos como causadores de eflorescência, devido à solubilidade destes sais. “Os sais de cálcio e de magnésio são mais indesejáveis pela facilidade com que se transformam em eflorescências permanentes de forno. É possível outros sais causarem o surgimento do fenômeno, como os sais de vanádio. Neste caso, nor-
problema de processamento da operação de secagem, que resulta em uma maior ou menor concentração dos sais nas argilas. Celina complementou que é porque a matéria-prima já estava contaminada por sais, então vão surgir durante a secagem. "Este tipo de eflorescência é irreversível e nem adianta hidrofugação. A eflorescência já na secagem é a mais difícil de combater, portanto, o fabricante já deveria saber se a argila tem estes sais. Às vezes, o ensaio apresenta porções mínimas, menos de 1 ppm, que significa menos de 0,01%, mas o suficiente para causar eflorescência depois de expor esta peça ao meio ambiente". Uma secagem mais rápida, conforme Nandi, poderia ajudar a solucionar o problema, pois limita o aparecimento deste defeito. No entanto, em função da alta retração existente na maioria das argilas utilizadas nas cerâmicas vermelhas, fica difícil de ser realizada. “Uma queima mais elevada também auxilia na redução do aparecimento de eflorescência, mas, mais uma vez o setor não se enquadra neste quesito em função de seus produtos, na maioria das vezes, trabalharem abaixo de 1000ºC”, explicou Nandi.
Exemplo de eflorescência de Vanádio
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malmente, a tonalidade da eflorescência é amarelada, podendo escurecer para verde ou preta”, acrescentou a consultora. “As eflorescências de vanádio se manifestam-se sobretudo quando o produto já está aplicado e após as primeiras chuvas ou tempo mais úmido. Elas ocorrem quando há presença de óxido de vanádio (V2O5) nas argilas em teores, muitas vezes, inferiores a 0,01%. Em alguns casos, há também a presença de óxidos de manganês, que promove o mesmo tipo de eflorescência. O vanádio e o manganês dão colorações diferentes de eflorescências: vanádio esverdeado e o manganês, um depósito meio amarelado de ferrugem. Nem sempre ocorrem cumulativamente”, explicou Costa. Conforme ele, a origem da eflorescência nem sempre é fácil de identificar e, muitas vezes, a resolução do problema torna-se complexa. As ocorrências das eflorescências não têm fim e a possibilidade de formação é vasta, conforme o engenheiro cerâmico, que já acompanhou de perto casos de eflorescências. “Acompanhei um processo em que de um dia para o outro começou a aparecer eflorescências nos tijolos de uma fábrica. Como foi de uma hora para outra e não coincidente com a utilização de nova argila ou qualquer mudança tecnológica, desconfiou-se que poderia ser de algum motivo aleatório. No fim de muitos ensaios, testes e experiências, o pó branco continuava a aparecer na superfície dos tijolos, mesmo após queima. Algum tempo depois, alguém teria encontrado o caminhão que fornecia a serragem carregado com desperdícios de obra de construção civil, madeira e sacos de gesso e aparas de gesso cartonado, o que levou a concluir-se que resíduos de gesso (sulfato de cálcio bi-hidratado) eram a causa da contaminação do forno e a de ocorrência das eflorescências”. Conforme o tecnólogo em cerâmica, Vitor Nandi, o processo de fabricação também pode contribuir em algumas situações, principalmente, quando se trata de secagem e de queima. Quando a eflorescência surge durante a secagem, conforme Celina, a peça já sai do secador esbranquiçada na superfície. “Às vezes, são condições da atmosfera do secador, pode ter sulfato por conta do ambiente do secador”, explicou. Para Costa, pode acontecer, mas é difícil que eles resultem da queima de combustíveis ou da contaminação das paredes do secador. “Penso que, na maioria das vezes, o que se passa é um
Detalhes de criptorescência em telhas expostas na área litorânea do Piauí
Foto: Fortes, H.R.T.C.; Monteiro, C.M.; Oliveira, A.A NovaCer • Ano 4 • Fevereiro • Edição 46
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Foto: Asociación Nacional de Fabricantes de Ladrillo y Derivados de la Arcilla
Detalhes de eflorescência em tijolos à vista
Evaporação de água de massa argilosa úmida: (a) na película líquida superficial; (b) na boca dos poros; (c) no interior dos poros e transporte de vapor de água até a superfície
Celina em seu artigo "Influência da gipsita no surgimento de eflorescência em telhas cerâmicas” diz que estudos realizados por Brownell (1955) com sulfato de cálcio marcado com enxofre radioativo (S35), para examinar como se acumulam os sais na superfície dos tijolos na secagem, demonstram que a velocidade de secagem afeta a quantidade de eflorescências formadas e também sua distribuição sobre a superfície dos tijolos. “Na secagem rápida, a eflorescência aparece distribuída de modo mais homogêneo e, às vezes, menos visível”. Segundo este mesmo autor, referenciado no artigo da consultora, quando a secagem é lenta, os sais tendem a se concentrar nas proximidades dos vértices e das arestas, onde a velocidade de evaporação é maior e as eflorescências se fazem mais visíveis. A distribuição de eflorescência de secador na superfície das peças cerâmicas depende, basicamente, de cinco condições que afetam a velocidade de secagem. Em outras palavras, há fatores condicionantes e intervenientes na distribuição dos sais na superfície das peças. São eles geometria das peças; geometria do empilhamento das peças no secador; geometria e intensidade dos fluxos de ar; geometria e intensidade dos fluxos de calor; e condições higrométricas. No entanto, para Costa, as eflorescências de secagem estão em geral relacionadas com secagem rápida e, por isso, se for acelerada esta
(a) (b) Fonte: VERDUCH e SOLANA, 2000
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(c)
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operação, o defeito, além de persistir, tem tendência ainda a ser mais visível. A deposição dos sais na superfície da peça dá-se porque ocorre um transporte rápido da umidade (água) com sais solúveis para a superfície onde ali é evaporada. Se a peça for aquecida mais lentamente, de modo a que a evaporação da água se dê no seio da parede da peça, a deposição dos sais fica nos interstícios da parede e não vem para a superfície”, opinou o engenheiro. “(Porém), já pude constatar que, com uma secagem mais rápida e muito bem controlada, conseguimos diminuir em até 20% o aparecimento de sais na superfície da peça, principalmente quando se trabalha com secadores rápidos que secam em 2 e 3 horas (balancin é um exemplo), mas concordo que, em várias literaturas bem como em laboratório, o resultado saia, muitas vezes, contraditório”, explicou Nandi. Por ser ainda um tema complexo, para solucionar o problema, conforme Nandi, é necessário que o ceramista venha tratar o problema já na parte de extração e preparação de massa do que na secagem. Quando o defeito surgir durante o processo de secagem, a recomendação é buscar ajuda mais técnica. O armazenamento feito de forma inadequada é outro fator que, segundo Nandi, pode acarretar no afloramento deste defeito com mais rapidez, principalmente se estiver exposto ao tempo. “O armazenamento deve ser feito em local coberto e isento de muita umidade e, para garantir, deve-se realizar a paletização e plastificação do material”, relatou. No entanto, vale ressaltar que isso não irá eliminar o problema, pois, segundo Costa, se o problema não ocorre ali no estoque da fábrica, vai acontecer com o produto colocado em obra. Porém, é necessário, segundo Nandi, garantir a qualidade do produto, principalmente, na fábrica, já que o produto é o marketing do ceramista. "Não necessariamente careça estar em pavilhão coberto, mas deve-se buscar a conscientização de que devam estar paletizados e plastificados, já que as normas, principalmente, a nova norma de desempenho praticamente obriga o desenvolvimento de melhorias tanto no processamento como na estocagem", esclareceu. O importante, conforme Costa, é transmitir que não há uma receita para a situação. Como cada caso é um caso, o ceramista precisa contar com uma equipe técnica para solucionar ou pelo menos diminuir a incidência do problema.
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Como identificar o problema
Detalhe de eflorescência em telhas cerâmicas extrudadas
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Normalmente, para identificar este tipo de problema, utiliza-se a análise visual observando o esbranquiçado do material, porém, já existem equipamentos e métodos mais precisos que ajudam na verificação de sais. “Entre eles, está, por exemplo, a Análise Quantitativa por Espectrometria de Fluorescência de Raios-X (mais conhecida como análise química), que identifica os óxidos presentes nas matérias-primas, onde é possível observar se há presença de CaO (Cálcio) e MgO (Magnésio), já que são os principais causadores desse tipo de defeito”, afirmou Vitor Nandi. Outro ensaio utilizado para verificação de sais solúveis é o de Análise de Sais Solúveis por Gravimetria, Fotometria de Chama e Tritrimetria, conforme técnico. “Antigamente, dizia-se que a difração de raio-X e a questão da análise química eram ensaios complementares, mas, para o caso de surgimento de eflorescência, é importantíssimo que o ceramista faça uma difração e peça para que, no ensaio, sejam identificados todos os picos, pois, normalmente, eles identificam somente os picos dos argilominerais. Já os de menor intensidade, aqueles que aparecem menos, eles não identificam. A quantidade de gipsita na argila, mesmo que mínima, já pode causar eflorescência na peça”, disse a consultora em cerâmica vermelha Celina Monteiro. Para o engenheiro cerâmico Vitor Costa, é natural que nem todas as fábricas possam ter um laboratório equipado. “No entanto, já não é natural é que as fábricas não recorram à ajuda de um laboratório ou de um centro
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de apoio industrial do setor, que lhes possa dar uma ajuda pontual na resolução destes problemas”, aconselhou. Conforme Costa, uma operacionalidade que preveja boa uniformização do barro bem como a fragmentação antes de sazonamento também é uma boa prática recomendável para evitar eflorescências. “Quanto mais refinado estiver o barro, mais facilmente é homogeneizado e, muitas vezes, caso haja substâncias solúveis em água que estejam presentes, podem ser eliminadas ou mesmo passivadas durante o sazonamento. Um Plano de Lavra bem feito é muito importante para se garantir menos problemas no futuro, quando for utilizar este barro/argila”, disse o engenheiro cerâmico. Um processo de fabricação bem estruturado é sempre importante e meio caminho andado para evitar eflorescências. "Fazer uma caracterização dos barros recebidos, comprados ou que se estão a explorar é também necessário para poder prever etapas ou processos que evitem a formação das eflorescências. Neste âmbito, a necessidade de fazer uma exploração bem planejada e relacionando as argilas que se estão a explorar é essencial. Muitas vezes, as eflorescências são evitáveis nesta fase. Rejeitar uma ou outra camada de barro que possa conter produtos que possam contaminar o barro, é uma boa prática”, informou Costa. Procedimentos de moagem a seco e de conformação com baixa umidade também potencializam a não ocorrência de eflorescências, conforme Costa. "Processar uma secagem adaptada ao tipo de argila que se tem e dos produtos fabricados é outra maneira de evitar secagens bruscas que, muitas das vezes, são causadoras de eflorescências. Finalmente ter um processo de cozedura bem controlado, em que os produtos entram no forno com umidade residual baixa, é indispensável para evitar este tipo de defeito. A utilização do pré-forno evita muitos problemas de produção e, muitas vezes, até promove aumentos de produção, porque permitirá uma aceleração no início do ciclo de queima", relatou.
Celina, cabe as universidades e a profissionais da área, além de informar sobre o fenômeno, realizar pesquisas que no processo produtivo já se eliminasse essa condição de transporte ou neutralizasse os sais.
Detalhe de eflorescência em telhas cerâmicas na cidade de Bogotá Colômbia
Foto: Asociación Nacional de Fabricantes de Ladrillo y Derivados de la Arcilla
Consumidor quer durabilidade A escolha por materiais de cerâmica para a cobertura ou construção de casas, edifícios e ambientes em geral, muitas vezes, é motivada pela beleza e rusticidade do resultado que estas peças proporcionam. Mas a expectativa inicial pode ser substituída pela decepção, se as peças apresentarem manchas em curto período de tempo. A durabilidade e o conforto térmico das telhas cerâmicas são indiscutíveis, porém, como esperado, os consumidores desejam que a cobertura de suas residências, por exemplo, não apresentem esta patologia e nem demande trocas, conforme Celina. “Quando elas são inevitáveis, o ceramista, muitas vezes, assume o custo de trocar a cobertura das casas dos clientes por apresentarem eflorescência num espaço curto de tempo, ou seja, menos de seis meses após sua colocação”, relatou a consultora em cerâmica vermelha. No setor, conforme o tecnólogo em cerâmica, Vitor de Souza Nandi, a eflorescência é um grande problema, pois em sua produção quando acontece, pode vir a interferir em vários aspectos das características do material como, por exemplo, na redução da
resistência mecânica, principalmente, quando a água evapora levando os sais e deixando no seu lugar os poros que interferem na resistência. “Alguns estudos relatam a diminuição da vida útil bem como o aumento da absorção d’água em função dos poros formados, além do defeito estético, já que pode ser observado a olho nu. Neste caso, o fenômeno interfere diretamente na venda dos produtos”.
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Outro ponto fundamental é o controle de matérias-primas, não apenas para eflorescência, mas para outros tipos de defeitos, pois a cerâmica que não conhece suas matérias-primas não conhece seus produtos, de acordo com o tecnólogo em cerâmica, Vitor de Souza Nandi. “Com o controle, você previne um problema futuro que, muitas vezes, poderia lhe custar muito caro se fosse colocado em produção. O investimento para controlar suas matérias-primas não chega a 1% do seu custo total, então a prevenção é a melhor solução para este e outros defeitos”. É essencial identificar de cara se a argila tem sais solúveis. Para isso, segundo
Fachada de um prédio apresentando eflorescência
Foto: Asociación Nacional de Fabricantes de Ladrillo y Derivados de la Arcilla NovaCer • Ano 4 • Fevereiro • Edição 46
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Hidrofugantes Foto: Asociación Nacional de Fabricantes de Ladrillo y Derivados de la Arcilla
Aplicação de hidrofugante por meio de pulverizador
Ainda nos anos 30 do século passado, pesquisadores já estudavam o surgimento das eflorescências nas peças cerâmicas. Mesmo assim, o tema ainda continua inquietando pesquisadores e fabricantes de produtos cerâmicos. Segundo a consultora em cerâmica vermelha Celina Monteiro, nos anos 50, significativo número de trabalhos
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sobre o comportamento da eflorescência é editado, em especial, por parte de alemães, franceses e espanhóis. Os materiais cerâmicos mais estudados são os blocos cerâmicos. Transcorridos mais de 50 anos da publicação do primeiro artigo sobre a formação de eflorescência e cristalização nas alvenarias, a dificuldade de neutralizar este fenômeno ainda persiste, exatamente por conta da complexidade do mecanismo de seu surgimento. Diante do desafio de minimizar as eflorescências nesses produtos, surgem o uso de hidrofugantes, que vêm atuando como medida paliativa, visando intervir no mecanismo de surgimento de eflorescência, conforme a consultora em cerâmica vermelha. “Seu emprego, no entanto, onera o custo final do produto em até 25% e, por conseguinte, inviabiliza sua compra por significativa parcela da população. Segundo fabricantes, o hidrofugante reage com o substrato, que pode ser um material cerâmico, eliminando um dos fatores condicionantes do mecanismo do fenômeno: a condição de transporte (capilaridade). A durabilidade do produto também é discutível, não se tendo conhecimento na literatura brasileira de telhados hidrofugados com mais de 5 anos”, disse Celina. No caso das telhas, o engenheiro cerâmico Vitor Costa falou sobre soluções para minimização do problema. “O "flexing", muitas vezes utilizado como processo de decoração das telhas, pode ser um bom exemplo para minimizar os problemas de eflorescências. Com este processo, há uma densificação superficial da telha, que além de outros benefícios, promove menor porosidade superficial da cara virada para cima, proporcionando um melhor escorrimento da água pluvial e menor penetração no seu seio”. Além desta técnica, o engenheiro cerâmico informou que há outras que promovem um pico de temperatura no final do ciclo de queima com o objetivo de densificar superficialmente e, muitas vezes, até chegar pontualmente à temperatura de transformação dos carbonatos, diminuindo a incidência das manchas brancas na superfície. NC
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Foto: Thiago Henrique
Tijolos aparentes: a beleza das peças sem revestimento Peças cerâmicas proporcionam um clima rústico e aconchegante aos ambientes
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Capazes de conferir conforto térmico e acústico e proporcionar um clima rústico e aconchegante aos ambientes, os tijolos aparentes atraem por seu charme, beleza e textura únicos. Bastante utilizados em paredes externas de casas nas décadas de 70 e 80, eles agora também marcam seu lugar no interior das residências, sendo tão versáteis que podem trazer beleza e elegância a qualquer tipo de cômodo, combinando tanto em obras rústicas como em contemporâneas. “O tijolo maciço é uma material construtivo muito interessante para obras contemporâneas. A sua durabilidade e textura, bem como as suas capacidades térmicas, se enquadram bem em obras novas, pois tem na sua gênese um caráter bem abstrato que pode beneficiar a obra moderna”, relatou o
Foto: Wagner Silveira
nam com um visual moderno. Érica informou que os tijolos aparentes pintados são um tipo de textura rústica com visual mais uniforme. “São ótimos para se brincar com a iluminação sobre a textura irregular. Temos uma opção de pintura que são os tijolos aparentes caiados ou patinados, que permitem observar a cor natural dos tijolos, mas são suavizados com o efeito em geral branco. É uma opção que transforma o rústico em bucólico (campestre, rural, gracioso) e fica bem agradável em ambientes internos”. Pintando o tijolinho de branco, o ambien-
ARQUITETURA CERÂMICA
arquiteto português Ricardo Vieira de Melo. Embora o tijolo de cerâmica tenha ficado relegado por algum tempo a ambientes rústicos, conforme a designer de interiores Érica Marina, hoje tem se visto a retomada do material de forma mais abrangente. “Muitas casas com visual moderno ou despojado usam o tijolo aparente hoje em dia. Aliás, devido à tendência atual, de misturarmos estilos, não temos limites para a aplicação de qualquer tipo de acabamento”, contou. Conforme o arquiteto paisagista Ronaldo Kurita, os tijolos aparentes têm textura e cores em tons terrosos que proporcionam ambientes bem aconchegantes. Para a arquiteta e urbanista Diana Knychala do Carmo, um ambiente agradável deve retratar a pessoa que vive nele, é preciso ter memória, com objetos, móveis ou materiais que representem algum significado para a pessoa que o habita. “O tijolo aparente é um material que pode ser usado em qualquer ambiente, sem restrições, basta que a pessoa goste e se sinta bem em ver este material”, acrescentou a arquiteta. Segundo Érica, é possível deixar o ambiente aconchegante e agradável sempre que houver uma composição do material com o restante da decoração. “O tijolo em sua cor e aspecto natural ou os tijolos de demolição pedem uma decoração menos carregada. Já as versões pintadas combi-
Projeto realizado pela arquiteta e urbanista Diana Knychala do Carmo
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te deixa de ser rústico e adquire um aspecto mais clean, conforme Diana. “O tijolo aparente pintado de branco, por exemplo, fica muito interessante em construções no litoral. Traz frescor, serenidade e aconchego”, explicou Kurita. Atualmente, a procura por diversos tipos de acabamento está em alta, adequando o projeto à personalidade do cliente. Acabamentos antes tradicionais, como o tijolo aparente e o ladrilho hidráulico, ganharam ares modernos e estão sendo cada vez
Dica para o ceramista Para a designer de interiores, Érica Marina, muitas indústrias já utilizam um controle de qualidade bem adequado para o material, portanto, a designer de interiores sugere melhorias quanto à estética do material. “Seria interessante pesquisar a variação da coloração natural do tijolo de barro cozido por meio de pigmentos, para proporcionar um material já colorido antes mesmo do assentamento. A combinação da textura natural com pigmentos coloridos pode trazer mais possibilidades de acabamento e, por
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isso, mais interesse no material, por ampliar seus usos e suas potencialidades. Já vi disponibilidade deste material por fabricantes chineses, então acredito que os fabricantes brasileiros podem trazer essa opção para o mercado nacional e até superar em qualidade”, sugeriu. Para o arquiteto paisagista Ronaldo Kurita “o mais importante é existir uma variedade de tamanhos e tonalidades, assim o mesmo material poderá se encaixar em situações e diferentes projetos”, finalizou. NC
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mais aceitos dentro dos ambientes, conforme Érica. “É tendência, com certeza”, confirmou a design de interiores. “O tijolo aparente está sendo muito usado como revestimento interno, prova disso é que estão sendo lançados muitos materiais artificiais tentando imitar o tijolo cerâmico. Acredito que, além de tendência, é um material consolidado e que pode se encaixar em qualquer projeto e em qualquer época, desde que bem integrado com os outros materiais que compõem o ambiente”, explicou o arquiteto paisagista Ronaldo Kurita. Além disso, este simpático material feito de barro apresenta inúmeras vantagens, entre elas, resistência, durabilidade e o conforto térmico e acústico, conforme Diana. Outro benefício, de acordo com Kurita, “é o fato de que em um mesmo material você obtém estrutura+vedação+revestimento. Isso torna a construção mais rápida, mais limpa e mais barata”. Segundo Diana, atualmente, os materiais mais rústicos, como o tijolo aparente, são tendência forte, que podem ser utilizados tanto juntos como separados, mas estão inclusos em diversos projetos. “Hoje usa-se muito em ambientes bem modernos evidenciar a estrutura da obra ao invés de escondê-la”, contou.
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D E S E N VO LV I M E N T O
APL do norte de Goiás faz planejamento estratégico Em torno de 43 empresas de 22 municípios do norte de Goiás fazem parte do projeto
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Com a intenção de somar esforços para melhoria da competitividade, do desenvolvimento local, das condições ambientais e da saúde e segurança do trabalho das empresas do setor de cerâmica vermelha e da inclusão social e produtiva, um projeto, intitulado Planejamento Estratégico do Arranjo Produtivo Local de Cerâmica Vermelha do Norte de Goiás, é realizado no norte goiano. O analista de infraestrutura e assessor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (DTTM/SGM/MME), Enir Sebastião Mendes, informou que o objetivo é realizar a avaliação, construção de cenários e prospecção de futuro do APL de Cerâmica Vermelha do Norte Goiano, com a utilização da metodologia do Processo Prospectivo,
o desenvolvimento sustentável e competitivo do setor de cerâmica vermelha do norte Goiano, trazendo benefícios para sociedade e a validação de metodologia de avaliação, construção de cenários e prospecção de futuro visando a estruturação e o desenvolvimento de um APL, que poderá ser replicada aos demais APLs de base mineral, distribuídos em todo o território nacional. Em torno de 43 empresas fazem parte do planejamento. O APL abrange 22 municípios da região norte do estado de Goiás. São eles Alto Horizonte, Barro Alto, Campinorte, Campos Verdes, Carmo do Rio Verde, Crixás, Estrela do Norte, Goianésia, Ipiranga de Goiás, Itapaci, Mara Rosa, Minaçu, Mutunópolis, Niquelândia, Nova Iguaçu de Goiás, Porangatu, Rialma, Rubiataba, Santa Terezinha de Goiás, São Miguel do Araguaia, Trombas e Uruaçu. NC
Seminário realizado nos dias 24 e 25 de janeiro, em Uruaçu (GO) - primeiro módulo de oficinas do projeto
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D E S E N VO LV I M E N T O
que visa promover o desenvolvimento sustentável (social, legal, econômico e ambiental) e a competitividade da indústria de cerâmica vermelha situada no norte do estado de Goiás, organizada em arranjo produtivo local e gerando benefícios para a sociedade. Conforme o analista de infraestrutura do DTTM/SGM/MME José Augusto Vieira Costa, entre as ações do projeto estão o primeiro módulo de oficinas, que ocorreu nos dias 24 e 25 de janeiro de 2014; reuniões de avaliação ao longo dos meses de março/abril/ maio, com os coordenadores responsáveis pelas análises das variáveis chaves para o desenvolvimento sustentável e competitivo do arranjo produtivo de cerâmica vermelha do norte goiano; o segundo módulo de oficinas; a elaboração de relatório do processo prospectivo de avaliação e construção de cenários futuros para o APL, que constem Cenário Global, Análise de Riscos, Plano de Ações e Cronograma para o desenvolvimento sustentável e competitivo do setor de cerâmica vermelha do Norte Goiano; e reunião final de apresentação do Cenário Global, Análise de Riscos, Plano de Ações e Cronograma para o desenvolvimento sustentável do setor de cerâmica vermelha do norte Goiano. Estas ações devem ser concluídas até agosto de 2014 e são conduzidas pela Associação dos Ceramistas do Norte do Estado de Goiás (Asceno) e pelo Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (DTTM/SGM/MME), com a orientação metodológica do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável (IDS), consultoria contratada para a realização das oficinas, e apoio da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCTI); e, da Rede Goiana de APL, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnológico e Inovação (Sectec-GO). Conforme analista de C&T e diretor do DTTM/SGM/MME, Elzivir Azevêdo Guerra, os principais resultados esperados são a proposição de Plano de Ações e Cronograma para
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ENTREVISTA
A licença ambiental e seus desafios no setor Os desafios do licenciamento ambiental na indústria cerâmica no país são inúmeros. São muitas as dúvidas que cercam este setor que se esforça para licenciar sua atividade, mas tem dificuldades quanto ao processo. Nesta entrevista, com a gerente de meio ambiente da Anicer, Fernanda Duarte, entenda sobre as licenças existentes, tipos de sanções e procedimentos para regularização das empresas. Fernanda é formada em Direito pela Faculdade Mackenzie-Rio, especialista em Direito Ambiental pela UCAM e tem MBA em Economia e Gestão da Sustentabilidade pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Revista NovaCer - O que é licenciamento ambiental? Fernanda Duarte - O licenciamento ambiental é um ato administrativo em que o órgão ambiental competente, na maioria dos casos, o órgão ambiental estadual, estabelece condições e restrições de controle ambiental para instalação e operação de um empreendimento. Essas condições devem ser obedecidas por empresas cuja atividade seja considerada potencialmente poluidora. NC - Quais os desafios do licenciamento ambiental na indústria cerâmica? FD - O licenciamento ambiental hoje ainda é um desafio, embora seja uma obrigatoriedade legal. Mas, atualmente, o maior desafio para a indústria de cerâmica é entender qual a importância de licenciar sua atividade, pois, com o licenciamento ambiental, o ceramista consegue entender quais são os principais gargalos de sua atividade, levando em consideração a poluição ambiental ou a degradação do meio ambiente. Portanto, o principal desafio é entender a importância do licenciamento ambiental e não
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enxergá-lo só como uma legislação a ser seguida para se livrar do órgão ambiental e não sofrer com as fiscalizações. O licenciamento ambiental é importante para o empresário conhecer os riscos ambientais da sua atividade e poder agir preventivamente. NC - Quais as principais dificuldades por parte dos órgãos ambientais em liberar licenças ambientais? FD - Entre as principais dificuldades do órgão ambiental, ou seja, o agente público que licencia determinada atividade para que ela possa operar, está a demora para análise dos processos. O órgão também possui quadro técnico muito reduzido e precisa de melhorias na sua estrutura. Além disso, o escopo metodológico dessa atividade não é padronizada, então os diagnósticos acabam ficando demorados, as avaliações são morosas e os custos podem ser elevados. Muitas vezes, por desconhecimento do processo e da realidade do setor, o órgão ambiental estabelece condições que requerem alto investimento financeiro. Dependendo da estrutura fabril da empresa, uma condi-
ENTREVISTA cionante pode gerar um custo alto e isso é algo que atrapalha. NC - E quais as principais dificuldades para o ceramista conseguir licença ambiental? FD - Uma delas é a falta de conhecimento das exigências legais. Penso que já estamos avançando para um cenário positivo, onde o ceramista sabe que existem leis ambientais e sabe o que é e o que não é obrigação, porém, temos ainda uma parcela grande do setor que não conhece as exigências legais. Além disso, daqueles que conhecem, falta um planejamento para compatibilizar os prazos relacionados às obrigações, pois existem condições nas licenças que precisam ser cumpridas dentro do prazo. Portanto, dentre as dificuldades, estão a falta de planejamento para atender a validade dessas licenças e o próprio não atendimento às condicionantes das mesmas. NC - Por que o ceramista deve se preocupar com a regularização ambiental? FD - Em primeiro lugar, porque é uma obrigatoriedade legal. A empresa que funciona
sem licença ambiental está sujeita a advertências, multas e paralizações, entre outros tipos de sanções administrativas. O não cumprimento do licenciamento também é considerado um crime pela lei de crimes ambientais, sendo que há até pena de detenção e multas nesses casos. A regularização é um ato de responsabilidade social empresarial, pois você reconhece seus direitos e obrigações e, de alguma forma, aquela exigência torna-se uma referência de acompanhamento de seu processo e do dano que você está causando, além de diminuir a possibilidade de um dano ambiental. NC - O não cumprimento da regularização ambiental pode ocasionar em que tipos de sanções administrativas ou criminais? FD - O não cumprimento da regularização pode acarretar em sanções administrativas, como advertências, multas e até paralização temporária ou definitiva da atividade. O ceramista pode ainda responder diante da lei de crimes ambientais. Para estes casos, há uma pena de detenção que varia de seis NovaCer • Ano 4 • Fevereiro • Edição 46
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ENTREVISTA
a empresa teria direito a uma notificação em caráter orientativo e, somente numa segunda vistoria ela sofreria uma autuação. Desta forma, o empresário deve se valer disso, não de uma forma autoritária, mas de maneira colaborativa. Em caso de multa, o empresário deve explicar que a indústria está enquadrada no estatuto das MPEs e, assim, solicitar um prazo de 60 a 90 dias para apresentar o protocolo de licença ambiental. Além disso, vale argumentar o valor, sempre se valendo do fato de ser uma pequena ou média empresa que tem capacidade contributiva diferente de uma grande empresa.
meses a um ano ou multa. NC - Em caso de fiscalizações, como uma cerâmica não legalizada deve agir? FD - Vou usar a frase de uma parceira nossa do Rio Grande do Norte, que ministrou palestra sobre licenciamento ambiental no último Encontro Nacional, no Recife. A primeira dica que ela dá é “fique calmo”. Só de saber que seremos fiscalizados, já é normal ficarmos nervosos. Até mesmo quando está tudo certo, existe aquela preocupação por conta da abordagem dos organismos fiscalizadores praticada no Brasil. Portanto, se você está ilegal, primeiro mantenha calma e procure colaborar com o fiscal. Uma segunda dica é guardar seus documentos de maneira acessível para apresentar ao fiscal. Minha recomendação é manter tudo organizado e em dia, conforme as exigências legais. Vale destacar também que o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte estabelece natureza prioritariamente orientadora na fiscalização às indústrias enquadradas nesse regimento e determina o critério de dupla visita para lavratura de autos de infração. Ou seja, em uma primeira visita, em caso de ilegalidade,
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NC - Por que o ceramista deve licenciar sua atividade? FD - Porque é uma obrigatoriedade legal e um ato de responsabilidade social empresarial. Outro motivo é porque, de alguma forma, esta licença respalda o ceramista de eventuais conflitos que tenha com a comunidade ou com os próprios órgãos ambientais e com o Ministério Público. NC - Quais as fases do licenciamento ambiental? FD - O licenciamento está divido em três etapas. A primeira é a licença prévia, que é quando se tem a intenção de construir e instalar o empreendimento, aprovando a localização e concepção da fábrica. A segunda é a licença de instalação. Esta dá autorização para instalar a fábrica. Nesta etapa, já são determinadas medidas de controle ambiental e demais condicionantes. E em terceiro vem a licença de operação, que está ligada à operação da fábrica e aos agravos que essa operação pode causar. Essa licença de operação é renovável. O tempo de validade da licença dependerá, na maioria das vezes, do órgão ambiental de cada estado. NC - O que deve fazer o ceramista que tem a cerâmica instalada e operando e não possui licença? FD - Ele deve procurar o órgão ambiental para iniciar a sua regularização. Se ele já está operando, entrará com um processo de regularização que avaliará a instalação e
NC - Qual a documentação exigida para obter licenciamento ambiental? FD - São exigidos uma série documentos, sendo que cada fase exige determinado tipo de documentação. É importante que o ceramista procure o órgão ambiental para saber quais são estes documentos, que vão desde os mais básicos até outros que devem ser feitos por profissionais habilitados. NC - Que dicas você pode dar ao ceramista sobre licenciamento ambiental? FD - Minha dica vai para os empresários que já obtiveram a licença ambiental de operação da sua fábrica: fique atento ao prazo de renovação. Desde dezembro de 2011, existe uma lei que estabelece que, quem faz o requerimento de renovação da licença dentro do prazo, que é de antecedência mínima de 120 dias antes do vencimento, terá sua licença automaticamente prorrogada até a resposta definitiva do órgão ambiental. Dessa forma, não há mais desculpas em dizer que o órgão ambiental demora demais. Não deixe passar o prazo de renovação de sua licença, pois se fizer dentro do prazo, enquanto o órgão não der uma resposta definitiva, sua licença continuará válida. NC - Como o ceramista pode acompanhar o processo de legalização? FD - Ele acompanha junto ao órgão ambiental. Hoje, a maioria dos órgãos ambientais já tem acompanhamento do processo no próprio site. O ceramista recebe o número do protocolo pelo qual consegue acompanhar todo o processo, tanto nos órgãos ambientais como no DNPM, que é a primeira fase da licença de extração. NC - Que tipos de licenças existem para o setor de cerâmica vermelha? FD - No caso da indústria cerâmica, são necessários dois tipos de licenças. Uma é a licença para indústria, que é com o órgão ambiental. A outra é a licença de extração, que é o registro de licença para retirada de
argila. Essa licença está ligada ao órgão ambiental e ao DNPM. NC - Quais os impactos ambientais gerados pelo setor? FD - É obvio que nosso setor causa impactos ambientais. Mas uma coisa é analisarmos estes impactos isolados do contexto da indústria da construção civil, por exemplo. Outra coisa é analisar dentro do contexto da construção civil. Dessa forma, eu diria que estes impactos existem mas, se comparados com os de outras indústrias, são muito pequenos. Um deles, por exemplo, acontece na fase de extração da argila, pois a retirada da matéria-prima degrada o meio ambiente. Entretanto, esta é considerada uma atividade de baixo impacto, o que permite a recuperação das áreas com finalidades sociais e ambientais diversas. Atualmente, a indústria cerâmica constrói nessas áreas espaços de lazer para os seus próprios funcionários ou comunidade do entorno, como desenvolve atividades econômicas, como piscicultura e áreas de reflorestamento, entre outras atividades.
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a operação da fábrica. Nesse caso, dependendo do órgão ambiental, ele entrará com o pedido de licença de regularização.
NC - Qual o custo-benefício de estar legalizado? FD - O custo benefício de estar legalizado é que, além de estar respaldado para uma possível fiscalização, o ceramista conhece quais são os riscos ambientais do seu empreendimento e, dessa forma, acaba diminuindo o risco de um dano ambiental. NC - Que medidas o ceramista pode tomar para evitar agressões ao meio ambiente? FD - Há várias ações práticas e simples que o ceramista pode fazer para não degradar o meio ambiente. Além de atender às exigências legais e adotar uma política preventiva de controle ambiental, uma delas, por exemplo, é fazer a gestão de resíduos da sua empresa. Alguns já fazem, outros não, mas recomendo que o ceramista fique atento de forma a dar a destinação adequada a todo tipo de resíduo gerado pela sua atividade. NC - O ceramista que obtém a licença am-
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ENTREVISTA
biental está livre da questão ambiental e seus riscos? FD - Não. Esse, muitas vezes, é o pensamento do empresário. O ceramista está livre de ter problemas com o órgão ambiental ou com o Ministério Público, por exemplo, mas não está livre de um dano ambiental, pois é possível se descuidar de alguma condicionante, por exemplo, e acabar causando um dano ao meio ambiente. É preciso ter um olhar responsável para sua atividade num todo e lembrar que o meio ambiente equilibrado está diretamente ligado à qualidade de vida da sociedade. NC - Que tipo de boas práticas ambientais uma cerâmica pode adotar para se tornar sustentável? FD - As boas práticas vão desde as mais simples, como coleta seletiva de lixo, economia de papel, redução do consumo de água, reutilização ou destinação correta dos resíduos, até às mais complexas, como transitar para uma matriz energética verde, por exemplo, substituindo o combustível fóssil não renovável por um combustível renovável. São várias as práticas possíveis. A ideia é o ceramista mudar o olhar e entender que existem ações das mais simples às
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mais complexas para se atuar com responsabilidade socioambiental. NC - Uma avaliação do setor quanto ao licenciamento ambiental? FD - O licenciamento ambiental ainda é um desafio para o setor, mas existe um esforço grande do segmento para se regularizar e para entender a importância dessa exigência legal. O licenciamento ambiental ainda não é prioridade nas indústrias, mas acredito que o cenário está se tornando cada vez mais positivo, até por conta das fiscalizações e exigências, o empresário não tem para onde fugir. A Associação Nacional tem trabalhado para melhorar e mudar esse cenário, através do projeto “Cerâmica Sustentável é + Vida”, desenvolvido em parceria com o Sebrae. Esse projeto oferece consultoria em licenciamento ambiental para orientar o empresário a conseguir as licenças tanto de extração como de operação. Por meio do projeto, o consultor vai à empresa e analisa minuciosamente toda a documentação disponível, com base na legislação aplicável e, a partir disso, elabora um plano de ação que indicará um passo a passo para regularização, bem como uma estimativa de custo e tempo para obtenção da licença. NC
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Projeto auxilia empresários quanto à gestão estratégica Intitulado Reflexões sobre Gestão, o projeto é realizado em cerâmicas do estado do Ceará
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Um projeto intitulado Reflexões sobre Gestão é realizado em cerâmicas do Ceará. O objetivo do trabalho, desenvolvido pela Anima Consultoria Empresarial, em parceria com a cerâmica Marbosa, é conscientizar os empresários do setor de cerâmica vermelha quanto à importância do conhecimento do custo de produção de seus produtos e sua influência no preço final. O projeto conta com um ciclo de palestras e reuniões com os principais ceramistas do Ceará, abordando aspectos de gestão estratégica que possam contribuir diretamente no crescimento do setor. Além disso, prevê ações de participação em eventos do setor, busca envolver de fato os ceramistas na construção de informações de custos dentro de sua empresa e auxilia na definição de preço e de decisões estratégicas de crescimento.
GESTÃO
De acordo com a empresária Ana Alves, diretora executiva da Anima Consultoria Empresarial, a falta de informação sobre custos de produção/serviços não é privilégio deste setor. Ainda é comum, conforme ela, empresários que não conhecem os dados de sua empresa e, assim, não conseguem decidir com menores riscos. “O setor de cerâmica vermelha, segundo dados do Banco Nordeste em Informe Setorial - 2010, possui 18% de sua produção no Nordeste e, apesar de ser uma atividade rentável e de grande apelo social, se apresenta com foco difuso, processos produtivos semiartesanais, com elevado índice de desperdício, problemas ambientais e falta de profissionalização de sua estrutura produtiva e administrativa”, disse Ana. Segundo ela, esses fatores aliados ao grande tempo de atividade das principais empresas – muitas herança de várias gerações – acabam por definir um cenário de poucas inovações e informações no processo de gestão das empresas. “A manutenção de definição de preços apenas com base na concorrência, sem levar em consideração seus custos reais de produção, traz verdadeiros gargalos para o setor, pois apresenta empresas que não sabem
se lucram ao vender, mas que comercializam para não perder a venda, enfraquecendo toda a cadeia do setor”. Neste cenário, segundo Ana, torna-se imprescindível a intervenção no processo produtivo com base em informações devidamente concentradas e organizadas para demonstrar o custo do produto e sua margem de lucratividade.
O projeto O projeto Reflexões sobre Gestão surgiu após a Anima Consultoria iniciar um trabalho de consultoria em gestão na cerâmica Marbosa, uma das empresas líderes do setor no Ceará. Após diagnóstico sobre as demandas da empresa, foram construídas e implantadas ferramentas de gestão capazes de organizar e dar transparência à diretoria para decisões estratégicas. “Identificamos também a necessidade da empresa conhecer seu custo de produção, na medida em que esta informação de fato pode determinar os rumos da empresa, tanto em definições de preços, como em investimentos em inovação tecnológica, por exemplo”, contou Ana.
Com base nestas necessidades, foi possível criar uma metodologia específica de elaboração de custos de produção para o setor, considerando inúmeros indicadores, como consumo de lenha por milheiro, controle de quebras de tijolos crus e queimados, consumo de barro por milheiro e produtividade, entre outros. Por ter desenvolvido esta metodologia, a Anima Consultoria decidiu, juntamente com a cerâmica Marbosa, compartilhar esta ferramenta metodológica de definição do custo do tijolo e sua margem de lucratividade. “Assim, criamos o projeto e iniciamos as atividades, onde os ceramistas podem participar sem qualquer custo e, caso se interessem, podem implantar esta metodologia em sua empresa”. NC
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Cerâmica do Belém do Pará conquista certificação ISO 9001 A empresa Cerâmica Vermelha Indústria e Comércio Ltda, localizada na cidade de Inhangapí, Grande Belém do Pará, conquistou a certificação ISO 9001 por atender a todas as exigências de gestão de processos contidas na norma. A indústria, fabricante de blocos seis e oito furos, tijolos maciços e elementos para lajes, recebeu a certificação em novembro de 2013. Segundo o gerente geral da empresa, Thiago Cavalcante, há pelo menos 10 anos a empresa sonhava com esta conquista. Porém, conforme ele, foram 20 meses de trabalho árduo até a certificação. “Este certificado é a garantia de que nosso nível de atividade está compatível com as exigências internacionais de gestão, pois a ONU – Organizações das Nações Unidas, órgão responsável pelo cumprimento da lei ISO 9001 e concessão deste certificado, visa nivelar empresas em todo mundo em um nível de gestão semelhante como uma garantia de qualidade ao mercado global. No Brasil, poucas indústrias cerâmicas alcançaram este reconhecimento”,
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relatou o gerente. Para obter a certificação, conforme Thiago, foi preciso idealizar um Sistema de Gestão da Qualidade com Manual, Procedimentos, Documentos e Formulários de monitoramento para realizar os devidos registros referente a todas as atividades organizacionais em todos os departamentos. “Após isso, formamos um comitê da qualidade para conscientizarmos os líderes (encarregados) dos processos sobre o nível de gerenciamento que queríamos atingir para então implementarmos dentro de um período de 12 meses o nosso sistema de gestão”, explicou. Conforme o gerente geral da empresa, o certificado tem validade de três anos a contar da data de sua expedição, uma vez que a empresa comprove o comportamento de melhoria contínua através do cumprimento das exigências da lei. “Isto é fiscalizado anualmente por um auditor externo do órgão certificador através de uma semana de auditoria em todos os departamentos. Caso seja encontrada alguma não conformidade (discordância) com os parâmetros de exigência internacional da norma ISO 9001, a certificação pode ser suspensa podendo até ser cassada, uma vez que a retratação e correção da falha por parte da empresa certificada não seja aceita pela cúpula de consultores da ABNT”, esclareceu Thiago. Para ele, um dos benefícios de ter uma certificação como esta na empresa, é o “reconhecimento mundial de que a Cerâmica Vermelha é uma empresa confiável quanto ao seu grau de responsabilidade com os seus colaboradores e parceiros, buscando sempre a melhoria contínua em seus processos organizacionais a fim de transformá-la em satisfação plena das necessidades de seus clientes”. A certificação ISO 9001 é concedida a todas as empresas que se candidatam a um órgão certificador, credenciados pela ONU e que tenham a sua forma de gerenciar os processos aprovada por este órgão. No caso da Cerâmica Vermelha, o órgão certificador foi a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NC
MEIO AMBIENTE
Estudo reaproveita lodo e lama para fazer tijolos Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP) estudou o aproveitamento do lodo de esgoto e da lama vermelha para produção de tijolos, telhas e blocos cerâmicos. A pesquisa foi realizada pelo engenheiro de materiais Cristian Camilo Hernández Díaz e teve como o objetivo acabar com o acúmulo destes resíduos poluentes depositados no meio ambiente. Segundo o engenheiro, o estudo foi realizado devido à necessidade de criar tecnologias alternativas e diminuir o impacto ambiental. “O lodo de esgoto geralmente é depositado num aterro sanitário, diminuindo a vida útil deste. A lama vermelha é levada para lagoas especiais, mas a alta alcalinidade desse resíduo gera um problema ambiental”, explicou. O engenheiro de materiais contou que o lodo de esgoto utilizado na pesquisa foi retira-
do de uma estação de tratamento de esgotos da cidade de Franca, em São Paulo. Já a lama vermelha é originária de uma planta industrial localizada no Pará. Esse segundo material resulta de um processo denominado bayer, que serve para produzir a alumina, componente da bauxita, principal minério do alumínio. Além de dar um destino ambientalmente correto a estes dois resíduos, a incorporação dos materiais à massa cerâmica, faz ainda com que haja um menor consumo dos recursos naturais (as argilas), ajudando na preservação por um tempo maior. “Atualmente, há uma necessidade de fazer produtos e processos ambientalmente corretos. A adição de resíduos, cumprindo os parâmetros de qualidade, ajuda a promover a cerâmica como um produto ecológico”, relatou o engenheiro de materiais.
A pesquisa
SAPESP, 2006
Foto da ETE de Franca - SP mostra os diferentes setores de funcionamento
Desenvolvida durante mestrado na Escola Politécnica da USP, Díaz explicou que, para esta pesquisa, foram estudadas várias composições. No entanto, a composição com melhores resultados foi com adição de 45% de lama vermelha e 10% de lodo de esgoto. “Logicamente, essas porcentagens dependem da argila empregada e das características dos resíduos”, explicou. A pesquisa foi realizada com corpos de
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prova prensados em um molde metálico com dimensões 60X20mm e uma massa de 9.5g aproximadamente. Segundo Díaz, foram feitos 30 corpos de prova de cada mistura e da argila para ter uma referência. “No laboratório onde foi feita a pesquisa se tem como procedimento fazer os testes com os corpos de prova com essas dimensões, para facilitar a medida das propriedades, como resistência à flexão, absorção de água, porosidade e contração”. Segundo ele, os resultados de algumas misturas foram positivos, superando os valores requeridos para esses tipos de produtos. “Atualmente há muitos projetos que visam à incorporação de resíduos na fabricação de materiais para diminuir o consumo de matérias-primas e diminuir a quantidade de rejeitos. A minha pesquisa é mais uma opção para ajudar a preservar a natureza, ora pela diminuição do consumo dos recursos naturais, ora pela diminuição da quantidade de rejeitos a necessitarem de disposição final”. NC
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ARTIGO TÉCNICO
Estudos preliminares de caracterização de argila de uma cerâmica de Porciúncula - RJ Trabalho apresentado no 54º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 30 de maio a 2 de junho de 2010, Foz do Iguaçu, Paraná
Resumo
Figura 1- regiões do estado do Rio de Janeiro
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O município de Porciúncula localiza-se no Noroeste do estado do Rio de Janeiro a 348 quilômetros da capital e conta com uma população de 18.444 habitantes (IBGE, 2009) [1]. Visando conhecer melhor as propriedades e determinar os processos produtivos mais adequados para aplicação da argila extraída em uma cerâmica do município, foi realizada neste trabalho a caracterização tecnológica preliminar deste material. Sendo assim, foram feitos ensaios nos laboratórios da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), que resultaram na determinação das características físicas, químicas e mineralógicas. Para tal estudo, foram feitos ensaios de granulometria, limite de Atterberg, análise química por fluorescência de raios-X, identificação mineralógica por difração de raiosFonte: TCE RJ 2004 [2] MODIFICADO
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G. P. Gonçalves 1, J. Alexandre 2, N. S. Dias Júnior 3, R. B. Anderson 4, G. C. Xavier 5 Laboratório de Engenharia Civil – LECIV Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
-X, além de ensaios físicos em corpos de prova extrusados e queimados em diversas temperaturas. Os resultados obtidos mostraram a composição física e mineralógica da matéria-prima e algumas propriedades físicas, como resistência e teor de umidade.
Introdução O município de Porciúncula pertence à Região Noroeste Fluminense (figura 1), que também abrange os municípios de Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema, Natividade, Santo Antônio de Pádua, São José do Ubá e Varre-Sai. O município tem uma área total de 301,5 quilômetros quadrados, correspondentes a 5,6% da área da Região Noroeste Fluminese, e fica localizado a 348 quilômentros da capital estadual [2]. A principal rodovia que cruza o município é a RJ-220, onde se encontra uma fábrica de cerâmica vermelha, próxima a entrada da cidade. A indústria de cerâmica vermelha em Porciúncula emprega 45 trabalhadores. Os produtos fabricados são tijolos cerâmicos de diversas dimensões, porém, não há relatos de estudos referentes à matéria-prima que é utilizada na empresa. O conhecimento da matéria-prima contribui diretamente para a melhoria das propriedades do produto final, possibilitando ao fabricante flexibilidade, redução de custos na produção e aumento no valor do bem acabado [3], além de uma melhor qualidade do seu produto.
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ARTIGO TÉCNICO
Este trabalho tem como objetivo a caracterização da argila extraída, usada como matéria-prima na Olaria do município, visando conhecer melhor suas propriedades e determinar os processos produtivos mais adequados para sua aplicação. Por isso, foram realizados os ensaios de granulometria, limites de consistência, análise da composição química e ensaios tecnológicos nos laboratórios de Engenharia Civil (LECIV), e difração de raios-X no laboratório de Materiais Avançados (LAMAV) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), que resultaram na determinação das características físicas, químicas e mineralógicas.
Materiais e métodos A amostra utilizada neste trabalho foi coletada em jazida de argila para fins cerâmicos. A argila utilizada na olaria para fabricação dos tijolos é extraída com auxílio de uma máquina retroescavadeira com uma profundidade máxima de escavação de 4 metros. Um dos locais da extração situa-se na região denominada Capivara, bem próximo ao primeiro distrito do município (Porciúncula). O material coletado foi encaminhado ao Laboratório de Engenharia Civil (LECIV), onde foram homogeneizadas e quarteadas, em seguida foram geradas alíquotas. A análise granulométrica consiste em um processo que permite quantificar cada fração do solo compreendida entre diâmetros pré-fixados por norma e exprimi-las como porcentagem em relação à amostra total. O ensaio foi realizado através da combinação de peneiramento com sedimentação, de acordo com a ABNT NBR - 7181 Fonte: LECIV/CCT/UENF
Figura 2 - Equipamento Shimadzu EDX-700
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- DEZ/1984 [4]. A etapa de sedimentação, empregada para partículas menores que 0,074 mm, baseia-se na lei de Stokes (1850) a qual estabelece uma relação entre o diâmetro da partícula e sua velocidade de sedimentação em um meio líquido de viscosidade e massa específica conhecidos. Foi utilizado como defloculante o hexametafosfato de sódio, que mostrou eficiência na dispersão das partículas. Foram calculados também os limites de consistência ou limites de Atterberg, para permitir uma análise em relação à plasticidade, propriedade importante para a produção de cerâmica. Os procedimentos de ensaio foram feitos de acordo com a NBR 645984 (Determinação do Limite de Liquidez) [5] e NBR 7180/1984 (Determinação do Limite de Plasticidade) [6]. A composição química das amostras foi realizada através de Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios-X (EDX), analisada em um equipamento Shimadzu EDX700 (figura 2), sob a condição de ajuste de “vácuo de dois canais”. A composição mineralógica foi obtida por difração de raios-X (DRX), utilizando o aparelho modelo URD-65, SEIFERT, anodo de Co, 40 kV / 30mA, com ângulo de varredura de 2 (6,5 a 80°) e passo de 0,02 por 2s de tempo de acumulação. Tanto na análise mineralógica quanto na química, as amostras foram analisadas na forma de pó, sendo passadas em peneira de numeração 325 da ABNT e armazenadas em estufa, em uma cápsula pequena, para posterior análise. Para a execução dos ensaios físicos em corpos de prova extrusados, foi realizado um peneiramento com o restante da amostra, sendo esta passada em peneira de numeração 10 pela ABNT. A argila foi misturada com água para se obter o teor ideal de umidade para a extrusão. Os corpos de prova assim obtidos foram colocados em estufa a 110 ºC até massa constante e depois queimados em forno estático às temperaturas de 500 ºC, 750 ºC e 950 ºC e 1050 ºC. Mediu-se absorção de água, massa específica aparente, peso imerso, porosidade aparente e tensão de ruptura à flexão.
A tabela 1 e a figura 2 indicam as características granulométricas do solo. A curva de distribuição granulométrica mostra o tamanho dos grãos, correspondente à fração granulométrica de areia, silte e argila, apresentados na tabela 1. Percebe-se que a fração mais presente é a argila (diâmetro abaixo de 0,002mm), porém quase não há diferença em relação ao silte. Seus valores respectivamente são 45,5% e 43,9%. A tabela 2 corresponde ao Limite de Liquidez (LL); de Plasticidade (LP) e do Índice de Plasticidade (IP). O índice IP é calculado pela diferença entre o LL e LP, dando uma indicação da variação do teor de água (%) dentro da qual a massa de argila permanece dentro do estado plástico. Tem-se ainda o Índice de Atividade (AC), proposto por Skempton [7], que é definido pela razão entre o IP e a porcentagem (%) da fração argila (tamanho de partículas de diâmetro equivalente menor do que 2µ m) do solo, obtida na curva de distribuição granulométrica. Os resultados obtidos para os limites de consistência foram os seguintes: limite de liquidez igual a 74,6 %, limite de plasticidade de 36,8 % e índice de plasticidade igual a 37,7%. Pelos resultados, nota-se que o solo é altamente plástico, segundo JENKINS [8], IP>15. A argila pode ser classificada como inativa (Ac<0,75), ativa (Ac>1,25) ou normal (entre 0,75 e 1,25). O material estudado é considerado, segundo essa classificação, como normal. Segundo Grim [9], o Índice de Atividade (AC) deve ser entendido como o grau de plasticidade da fração argila e os seus valores podem ter alguma relação com os argilominerais presentes e, em consequência, servir de indicação do grupo dos argilominerais mais comuns. Quando esse índice, por exemplo, for menor que um (Ac<1,0), indica que há caulinita bem cristalizada presente na
FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS E CLASSIFICAÇÃO UNIFICADA Pedregulho Grosso Médio -
Fino
Grossa
Areia Média
Fina
-
1,4
3,1
6,1
-
Silte
Argila Classificação (USCS)
43,9
MH
45,5
Tabela 1 - Características granulométricas da matéria-prima
Figura 2 - Curva granulométrica do solo
ARTIGO TÉCNICO
Resultados e discussão
L imites de atteberg L L (%)
L P (%)
IP (%)
74,6
36,8
37,7
Ac 0,83 ( N o r m a l)
Tabela 2 - Limites de consciência e densidades dos solos massa da argila. Isto pode ser comprovado observando o difratograma gerado da matéria-prima estudada na figura 3. A distribuição granulométrica (tabela 1) junto com os resultados de limites de consistência de Atteberg (tabela 2) permitem classificar os solos ensaiados, de acordo com o Sistema Unificado de Classificação de Solos e a Carta de Plasticidade que estabelece enquadrar o solo dentro de um grupo em função do IP, do LL e da fração argila sugeridos por Casagrande [11]. A argila em estudo foi classificada como MH “Siltes inorgânicos (Solos finos siltosos ou arenosos, micáceos ou diatomáceos siltes elásticos). A tabela 3 apresenta a composição quí-
Tabela 3 - Composição química da argila
S iO 2
45,896
Al2 O 3
41,194
F e2 O 3
9,077
S O 3
1,564
TiO 2
1,087
K 2
O
0,875
CaO
V2 O
0,144
0,078
5
MnO
CuO
0,045
0,033
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mica analisada. Observa-se uma composição típica de argila para cerâmica vermelha [11], com predominância de SiO2 e Al2O3 e alto teores de Fe2O3. Os padrões de difração de raios-X do material analisado estão na figura 3. O difratograma apresentou basicamente as seguintes fases cristalinas: caulinita, quartzo e ilita. Com base nos padrões de difração e na composição química, observa-se que a amostra apresentou caulinita bem cristalizada com uma grande intensidade nos picos de difração e sua presença significativa é inferida a partir do elevado teor de óxido de alumínio presente na composição química. Observa-se que este alto teor de Al2O3 tende a aumentar a refratariedade da massa.
Figura 3 - Difração de raio-X da matéria-prima estudada Temperatura (ºC) 500 750 950 1050
Absorção de água (%)
Resistência à flexão (MPA)
Porosidade Aparente (%)
26,09 29,92 28,72 24,83
2,06 2,20 2,53 3,76
39,99 43,97 44,25 40,98
± ± ± ±
0,71 0,32 0,53 1,11
± ± ± ±
0,40 0,31 0,34 0,71
± ± ± ±
0,75 0,41 0,67 1,15
Variação linear (%) 0,12 1,48 2,68 4,55
± ± ± ±
0,08 0,32 0,44 0,51
Tabela 4 - Ensaios tecnológicos em corpos de prova extrusados, queimados em diversas temperaturas
Figura 4 - Absorção de água (a) e módulo de ruptura à flexão (b)
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Massa específica aparente (g/cm³) 1,53 ± 0,02 1,47 ± 0,00 1,54 ± 0,01 1,65 ± 0,03
O SiO2 encontrado na tabela 3 apresenta como mineral o quartzo (figura 3). Este mineral aumenta a refratariedade da argila e reduz a retração na queima, além de ser muito resistente aos ataques mecânicos e químicos [12]. O percentual ideal para uso deste mineral em fabricação de tijolos deve estar entre 45 e 55% [12] [13]. A tabela 4 apresenta, em resumo, a média dos valores dos ensaios, com os seus respectivos desvios padrão, em corpos de prova extrusados para determinação de absorção de água, resistência à flexão, porosidade aparente, variação linear e massa específica aparente. A figura 4 determina a absorção de água (a) e o módulo de ruptura à flexão (b) dos corpos de prova produzidos por extrusão após queima a 500ºC, 750ºC, 950ºC e 1050 ºC. Os corpos de prova queimados a 750ºC apresentam maior porcentagem de absorção de água. Segundo dados da literatura [3], que indicam absorção de água inferior a 25% para os corpos de prova de argilas para produção de blocos cerâmicos, verifica-se que os corpos de prova queimados a 1050ºC apresentaram valores satisfatórios. Souza Santos [11] indica os valores-limites recomendados, determinados em laboratório, para que uma massa cerâmica possa ser usada para fabricação de tijolos, telhas e ladrilhos de piso. Os valores de resistência à flexão, r (MPa) mostrados na Tabela 4 e na figura 4 (b), evidenciam que os corpos de prova, queimados à temperatura superior a 500ºC, fornecem valores dentro da faixa, estabelecida pelo mesmo autor, para uso em tijolos de alvenaria ( r > 2,0 MPa). Os corpos de prova queimados a 1050ºC foram os mais resistentes. A porosidade aparente, figura 5 (a), comportou-se de forma semelhante ao gráfico da figura 4(a), observa-se que há pouca variação das porcentagens de 750ºC para 950ºC se comparado com as outras 2 temperaturas (500ºC e 1050ºC). Segundo dados da literatura [12], a porcentagem máxima da porosidade aparente para as argilas brasileiras apresentam em média, resultados de 5 a 43%. Os corpos de prova queimados nas temperaturas de 750ºC e 950ºC, respectivamente 43,97 e 44,25, ficaram um pouco aci-
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Figura 5 - Porosidade aparente (a) e variação linear (b)
Figura 6 - Massa específica aparente
ma da faixa apresentada por [12]. Nas temperaturas de 500ºC e 1050ºC, esses valores foram satisfatórios (39,99 e 40,98). Os valores de variação linear (VL), apresentados na figura 5 (b), mostram-se satisfatórios, variando de 0,12 a 4,55%, estando dentro dos padrões estabelecidos por Souza Santos para corpos de prova extrusados (limites inferiores a 14%, quando queimados a 950ºC). O valor baixo apresentado nos corpos de prova queimados a 500ºC (VL = 0,12) pode ser referente ao caráter refratário de material composto de SiO2 + Al2O3, obtendo um valor de 87,09%. A massa específica aparente (figura 6) apresenta o menor valor para temperatura de queima a 750ºC (1,47%), elevando para temperaturas maiores, 950ºC (1,54%) e 1050ºC (1,65%). O aumento dessa massa específica no intervalo de 750ºC a 1050ºC, demonstrado na figura 6, pode ser ratificada por uma maior sinterização que ocorre com o aumento da temperatura de queima. Segundo Borosch, sinterização é o processo no qual a temperatura de processamento é menor que a sua temperatura de fusão, na qual as pequenas partículas do material se ligam entre si por difusão no estado sólido, diminuindo a quantidade de poros, deixando o produto mais resistente e denso, conforme pode ser conferido nas figuras 4, 5 e 6.
Conclusão O presente trabalho teve como objetivo a caracterização tecnológica preliminar da argila de uma cerâmica do município de Porciúncula. Os resultados permitem as seguintes conclusões: - A fração granulométrica encontrada em maior quantidade é a de argila com um teor de 45,5%. - O material apresentou alta plasticidade, com um IP > 15%. - O material possui composição mineralógica da fração argila constituída de caulinita, quartzo e ilita. Este resultado caracteriza esta fração argilosa como caulinítica, que possui em sua estrutura molecular alto teor de alumina e sílica, comprovado por meio do ensaio de análise quí-
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mica. - Os ensaios tecnológicos mostraram melhores resultados para os corpos de prova extrudados e queimados nas temperaturas de 1050ºC. Isso ocorre devido a uma maior sinterização nesta temperatura fazendo com que haja um aumento da resistência mecânica, maior densidade, ou seja, menor número de poros e consequentemente o aumento de sua resistência à ruptura. - Os corpos de prova queimados a 500ºC obtiveram uma variação linear muito baixa (VL=0,12%), isso pode ocorrer devido ao caráter refratário do material composto de SiO2 e Al2O3 (87,09%).
[1] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, acesso em 13 abril. [2] TCE RJ. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Secretaria-Geral de Planejamento. Estudo Socioeconômico, Porciúncula (2004). Disponível em: Prefeitura Municipal de Porciúncula. Acesso em: 20 maio 2006. [3] MACEDO, R. S.; MENEZES, R. R.; NEVES, G. A.; FERREIRA, H. C. Estudo de argilas usadas em cerâmica vermelha. Cerâmica 54 (2008) 411-417. [4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR 7181: Solos – Análise granulométrica: método de ensaio. Rio de Janeiro, 1984. [5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR 6459: Determinação do limite de liquidez - método de ensaio. Rio de Janeiro, 1984. [6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA E NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR 7180: Determinação do limite de plasticidade método de ensaio. Rio de Janeiro, 1984. [7] SKEMPTON, A. W. The colloidal activity of clays. 3rd. International Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering, Switzerland, 1953, Proceedings vol. 1, 57 pp. 54º Congresso Brasileiro de Cerâmica, 30 de maio a 02 de junho de 2010, Foz do Iguaçu, PR, Brasil [8] CAPUTO, H. P. Mecânica dos Solos e suas aplicações, V. 1, Livros Técnicos e Científicos . Editora S. A. 1988. [9] GRIM, R. E. Applied clay mineralogy. McGraw Hill, Inc., New York, 1962. [10] CASAGRANDE, A. Classification and identification of soils. Transactions, American Society of Civil Engineers, vol. 113, 901:991 pp. [11] SOUZA SANTOS, P. Ciência e Tecnologia de Argilas, 3ª Ed., Vol. 1, Edgard Blücher, S. Paulo, SP (1992) 4. [12] ROCHA, C. A. E.; FERREIRA, J. R.; MAURI, J.; ALEXANDRE, J. Caracterização química e mineralólica de um solo analisando as frações areia, argila e silte. Anais do 51º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Salvador-BA, 2007. [13] VIEIRA, C. M. F.; DE HOLANDA, J. N. F.; PINATTI, D. G. Estudo de massa cerâmica vermelha; Anais do 42º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Poços de Caldas – MG. V.1. p. 275-278, 1998.
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