Entrevista com o consultor em cerâmica vermelha Emerson Dias
Ano 5
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Junho/2014
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Edição 50
www.novacer.com.br
Sustentabilidade
Iniciativas sustentáveis aumentam o desempenho ambiental da produção do setor
Belém receberá 43º Encontro Nacional
Fiesc lança manual para uso eficiente de energia
Vendas no setor em SP fecham em baixa no primeiro trimestre
De 30 de julho a 02 de agosto de 2014 Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia
www.anicer.com.br/encontro43 PROGRAMAÇÃO DO 43º ENCONTRO NACIONAL TRAZ PALESTRANTES DO BRASIL E DO EXTERIOR QUARTA-FEIRA - 30 DE JULHO
SEXTA-FEIRA - 01 DE AGOSTO
12h às 21h - Expoanicer
12h às 21h - Expoanicer
9h - CLÍNICA 1 : “Melhore o seu produto, otimizando matérias-primas e
9h - CLÍNICA 5 : “Transformando desafios ambientais em oportunidades”
processos produtivos”
David Mai Wai Zee - Professor da UERJ, Engenheiro Civil, Geógrafo e
Vagner Oliveira e Max Piva - Assessoria Técnica da Anicer
Consultor Técnico
11h - CLÍNICA 2 : “Melhora da eficiência energética no processo de
14h - MINICURSO 4 : “A aplicação e o potencial das biomassas na produção
fabricação. Fornos mais econômicos no consumo de energia. Aditivos
de cerâmica”
energeticamente ativos. Novos processos.” Jorge Velasco - AITEMIN (Espanha) 14h - MINICURSO 1 : “NR-12: Como atender à norma de segurança em máquinas e equipamentos.”
NC Design - (48) 3045-7865
Marcus Vinícius O. Maurício - Especialista em Segurança do Trabalho - Sesi/RJ
Edvaldo Maia e Isac Medeiros - Assessoria Técnica da Anicer 15h30 - FÓRUM 2 : “Inteligência do sucesso” Dr. Jô Furlan - Médico, escritor e professor • Solenidade Oficial de Abertura, entrega de certificados PSQs
15h30 - MINICURSO 2 : “Licenciamento ambiental e gerenciamento
e Prêmio Jovem Ceramista 2014
de resíduos”
• 2º Encontro Nacional do Sesi para Cerâmica Vermelha
Moisés Fernandes - MAmbiental
• 12º Encontro Nacional dos Laboratórios do Senai de Cerâmica Vermelha
QUINTA-FEIRA - 31 DE JULHO
• Visitas Técnicas - Oportunidade de conhecer duas das mais importantes
12h às 21h - Expoanicer 9h - CLÍNICA 3 : “Vendas: investimento técnico é um bom negócio.” Juan Carlos Germano - Cerâmica Pauluzzi (RS), Rivanildo Samuel Hardman
fábricas do Pará: Cerâmica Vermelha e Cerâmica Barreira. As visitas são coordenadas e os ônibus partem dos hotéis oficiais (almoço incluso)*. • Roteiro para elas - Passeio cultural com 4 horas de duração, seguido de almoço de confraternização*.
Junior - Cerâmica Vermelha (PA), Constantino Frollini Neto - Cerâmica City
* Os interessados devem adquirir o ticket de participação diretamente com a
(SP) e Luis Lima - Cerâmica Argibem (RJ)
Dio Viagens: 0800 031 9107
11h - CLÍNICA 4 : “Desafios e oportunidades dos produtos cerâmicos para a construção sustentável” Roberto Díaz - AITEMIN (Espanha) e Victor Francisco - CTCV (Portugal) 14h - MINICURSO 3 : “Desenvolvimento de novos produtos frente às necessidades do mercado”
SÁBADO- 02 DE AGOSTO 20h30 • Solenidade de Encerramento • Prêmio João-de-Barro • Show de Gaby Amarantos
Marcos Serafim - Gerente de Inovação e Design - Centro Cerâmico do Brasil/CCB 15h30 - FÓRUM 1 : “Automação no Brasil e na Europa: Como aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos” Anfamec (Brasil) e VDMA - Associação Alemã de Máquinas (Alemanha)
A cantora Gaby Amarantos , nascida e criada na periferia de Belém, será a grande atração da festa de encerramento com sua brasilidade e figurino exuberante. No repertório, hits como “Xirley” e “Ex my love”, além de um passeio vasto pela música brasileira imprimindo seu estilo a hits de outros artistas e gêneros como o pop, o samba, o sertanejo e o axé music.
SUMÁRIO
MEIO AMBIENTE 16: Sustentabilidade na cerâmica vermelha
EDITORIAL
FEIRAS
ENTREVISTA
DESENVOLVIMENTO
12: Carta ao Ceramista
24: Belém receberá o 43º Encontro Nacional
28: A tecnologia no setor
36: Fiesc lança manual para uso eficiente de energia
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Jesus Cristo, O Messias
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Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados
SUMÁRIO
Junho 2014 ECONOMIA E NEGÓCIOS
ARTIGO TÉCNICO
38: Vendas no setor em SP fecham em baixa no primeiro trimestre
ERRATA
42: Avaliação da Conformidade dos Blocos Cerâmicos Produzidos na Região de Toledo (PR)
Ensaios cerâmicos garantem qualidade e diferenciação
MEIO AMBIENTE 34: Empresa é destaque por compromisso ambiental
Informamos que a foto publicada na página 16 da revista de março – edição 47 – foi cedida pela cerâmica Salema. A NovaCer não publicou o nome do autor da imagem na foto. A fotografia publicada na matéria “Ensaios cerâmicos garantem qualidade e diferenciação” foi registrada pelo diretor da Salema, João Neto. Agradecimentos ao próprio Neto, que nos alertou do erro.
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EDITORIAL
Carta ao Ceramista A sustentabilidade na indústria cerâmica foi o tema que ganhou destaque na edição de junho. Segundo especialistas, para uma empresa ser sustentável ela deve ser economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. Na reportagem especial, confira dicas de profissionais de como ser tornar uma indústria sustentável e que iniciativas podem ser tomadas para aumentar o desempenho ambiental da produção do setor. Confira ainda na edição deste mês uma matéria com informações sobre a programação do 43º Encontro Nacional da Indústria Cerâmica, que este ano ocorrerá de 30 de julho a 2 de agosto, no Belém do Pará. Saiba sobre as clínicas, fóruns e minicursos que nortearão o evento deste ano, além das visitas técnicas, Expoanicer e festa de encerramento. Nesta edição, confira também uma matéria sobre o manual para uso eficiente de energia, lançado pela Fiesc. O material traz recomendações de uso eficiente e dicas para a detecção de problemas. A publicação mostra que a conservação de energia na indústria deve ser ini-
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ciada por uma campanha de conscientização, com a motivação de todos os empregados, através da distribuição de folhetos, cartazes, manuais e notícias em jornais internos. Com o tema tecnologia no setor, a entrevista especial deste mês é com o consultor em cerâmica vermelha Emerson Dias. Saiba na entrevista sobre os tipos de tecnologias impreenscídiveis na indústria cerâmica, sobre a importância de as cerâmicas modernizarem seus parques fabris e sobre as dificuldades de implantar novas tecnologias, entre outros assuntos. Leia também na edição deste mês o artigo técnico intitulado Avaliação da Conformidade dos Blocos Cerâmicos Produzidos na Região de Toledo (PR) . O trabalho foi apresentado no 57ª Congresso Nacional de Cerâmica, de 19 a 22 de maio de 2013, em Natal, no Rio Grande do Norte. Aproveite a leitura!
A Direção
MEIO AMBIENTE
Sustentabilidade na cerâmica vermelha Desenvolvimento sustentável significa a integração do desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente e a justiça social. A afirmação é da especialista em Direito Ambiental, Fernanda Duarte. Conforme ela, muitas vezes, o tema da sustentabilidade é restringido ao aspecto ambiental, mas seu conceito mais completo abrange os aspectos sociais e econômicos. Para que uma indústria cerâmica promova o desenvolvimento sustentável, segundo a especialista, em primeiro lugar, é preciso planejamento e conhecimento dos impactos ambientais e sociais do seu negócio. “Para iniciar a aplicação deste conceito na atividade, a empresa deve atender à legislação e às normas vigentes no país. O atendimento às exigências legais estabelece o fundamento básico para a conformidade ambiental e para o seu relacionamento com a sociedade, possi-
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bilita que a empresa seja inserida no mercado competitivo e cria condições para a melhoria de seu desempenho econômico”, relatou. Conforme o auditor ambiental e especialista na área ambiental Abdel Hach, o melhor caminho para que uma empresa de cerâmica vermelha possa atender aos quesitos básicos de sustentabilidade com qualidade é modernizar seu processo produtivo, se associar em cooperativas, se especializar, se qualificar e, principalmente, entender do seu negócio como empresa não como "negócio de família". “O papel da ciência na elaboração de uma ordem ambiental equilibrada está na execução de estratégias de convenção de atividades produtivas com qualidade. Se produz o que se vende, se produz com qualidade e se tira do meio ambiente o necessário e exclusivo para produzir, sem perdas”, acrescentou.
as cerâmicas ainda absorvem e eliminam resíduos de outros segmentos”, disse. A especialista em Direito Ambiental ainda complementou que este tipo de prática, assim como outras ligadas à recuperação de áreas de extração, uso racional de matéria-prima e valorização da qualidade dos produtos - com a redução de desperdícios e a incorporação de novas atividades comerciais - têm gerado resultados econômicos positivos e melhorado as condições do trabalho. “Estes resultados são fortes indicativos de que estamos no caminho certo para transformar os desafios futuros em oportunidades”.
MEIO AMBIENTE
Para a engenheira ambiental Cíntia Casagrande, a sustentabilidade no setor de cerâmica vermelha é alcançada mediante o cumprimento das condicionantes exigidas em um licenciamento ambiental. “É usual que cada exigência constitua um programa de gestão ambiental, podem-se citar como exemplos os programas de gerenciamento de resíduos sólidos, programas de conscientização e capacitação de pessoal na área ambiental, através de cursos e palestras”, relatou. Na avaliação de Fernanda, no que se refere à sustentabilidade a indústria de cerâmica vermelha brasileira tem avançado bastante em relação à redução de gases poluentes, como resultado do consumo de energia renovável e da adoção de processos mais sustentáveis. “Hoje, as biomassas renováveis descartadas pela agroindústria, os resíduos da indústria moveleira e as podas de árvores de parques e jardins e lenha de áreas de manejo têm sido adotados massivamente como combustível nos fornos das indústrias cerâmicas. Além de não desmatarem as florestas e utilizarem combustíveis que emitem menos gases de efeito estufa,
Importância de ser sustentável Ser sustentável é fator de competitividade no contexto comercial atual. Além de se tratar de um diferencial mercadológico, muitas soluções possibilitam ainda maior lucratividade, segundo a especialista em Direito Ambiental, Fernanda Duarte. “Podemos perceber um mercado cada vez mais exigente em relação às questões ambientais e sociais. Logo, o comprometimento com essas questões se traduz em vantagens competitivas e acesso a mercados”, contou. Fernanda ainda ressaltou que construtoras e incorporadoras, com objetivo de incorporar atributos de sustentabilidade em sua estratégia, assumem compromissos para uma atuação responsável junto à sua cadeia de valor, principalmente em relação aos seus fornecedores. “Com isso, além de aspectos ligados ao desempenho ambiental, exigem que seus fornecedores se preocupem com as questões sociais, a exemplo do relacionamento da empresa
com a comunidade do entorno e com o público interno (colaboradores)”, disse. A engenheira ambiental Cíntia Casagrande complementou que as empresas precisam antecipar e satisfazer as necessidades dos clientes e da sociedade, de forma que obtenham lucro aliado à sustentabilidade. “Precisam não apenas olhar para os processos internos de produção, mas também aos impactos por eles gerados e a forma com que estes sejam solucionados”, acrescentou. Conforme Cíntia, na maioria das empresas, quando um sistema de produção aliado à sustentabilidade ambiental é bem implantado, a empresa obtém lucro. “Isso motiva os proprietários e colaboradores a investirem em técnicas cada vez mais ecoeficientes. Com isso, é possível desenvolver a parte econômica de uma empresa sem afetar o equilíbrio ambiental”, disse a engenheira.
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MEIO AMBIENTE
Como ser sustentável Levando em consideração o conceito do Triple Bottom Line (tripé da sustentabilidade), para que uma empresa seja considerada sustentável ela deve ser economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa, conforme a a especialista em Direito Ambiental, Fernanda Duarte. “É preciso ter em mente que esse é um processo evolutivo, composto por indicadores econômicos, ambientais e sociais, impulsionado por uma tendência de mercado irreversível. O tema está na agenda das empresas de todo o mundo. Portanto,
independente do porte da empresa, faz-se necessário um despertar consciente, no sentido de rever atitudes e implementar novas ações”. “É claro que para as Micro e Pequenas Empresas (MPE), como a maioria das indústrias cerâmicas brasileiras, os desafios devem ser proporcionais ao tamanho de seu impacto e da sua capacidade financeira”, acrescentou Fernanda. Para guiar e incentivar as MPEs, o Instituto Ethos, em parceria com o Sebrae, desenvolveu os Indicadores Ethos-Sebrae de RSE para Micro e Pequenas Empresas, uma ferramenta de auto avaliação e aprendizado da gestão empresarial no que se refere à incorporação de práticas de sustentabilidade, estruturados em forma de um questionário e disponibilizado gratuitamente para as empresas desde o ano de 2000.
Segundo a engenheira ambiental Marisa Almeida Fernandes, uma empresa sustentável é aquela que consegue equilibrar os três pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Para isso, algumas iniciativas podem aumentar o desempenho ambiental da produção do setor, como a racionalização da energia e matérias-primas, minimizando as emissões gasosas, líquidas e resíduos. Também são iniciativas ambientais que podem trazer melhorias para a produção da cerâmica, conforme a especialista em Direito Ambiental, Fernanda Duarte, a racionalização do consumo de combustível, a substituição ou uso de fontes de energia limpa e renovável, eficiência energética, destinação adequada, reciclagem ou reutilização de resíduos, consumo racional de água, controle e mitigação de emissão de gases atmosféricos e recuperação das áreas exploradas. “A promoção de medidas de redução do consumo de recursos naturais e estratégias e de racionalização da energia, uma vez que esta indústria é consumidora intensiva, aliadas a políticas de valorização de resíduos são fatores relevantes para melhorar a sustentabilidade do
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seu produto. Ambas as políticas de sustentabilidade e os quesitos de qualidade tem de estar interligados. Importa a indústria estar atenta aos requisitos e promover a formação e informação dos seus colaboradores”, acrescentou Marisa. Os benefícios obtidos a partir da implantação de um sistema de gestão ambiental dentro da empresa cerâmica também é uma iniciativa que pode contribuir, segundo a engenheira ambiental Cíntia Casagrande. “A gestão ambiental auxilia a empresa a visualizar oportunidades de melhoria e redução da poluição, levando a um gerenciamento mais racional, o que permite a redução dos custos”, relatou. Conforme o auditor ambiental e especialista na área Abdel Hach, não há uma receita única que possa servir para todas as indústrias, cada uma delas tem sua particularidade e a solução e sua iniciativa começam pela necessidade de reduzir o custo operacional e aumentar a lucratividade de maneira ecológica. “Não há milagres na matemática ou na economia ambiental, reduzir os custos operacionais é resultado do planejamento, da capacitação dos funcionários, resultam a uma gestão de resultados de recursos renováveis e não renováveis”, disse.
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Iniciativas para ser sustentável
MEIO AMBIENTE 20
Responsabilidade social A responsabilidade sócio ambiental ou responsabilidade social corporativa também contribui para o desenvolvimento sustentável de uma empresa. Conforme a especialista em Direito Ambiental, Fernanda Duarte, a responsabilidade social pode ser entendida como uma forma de gestão focada em objetivos compatíveis com o desenvolvimento sustentável, além de ter capacidade de ouvir as diferentes partes interessadas e de estar fundamentada em valores éticos e transparentes. Segundo Fernanda, a responsabilidade social está relacionada a compromissos ligados tanto aos fatores externos quanto aos internos. “Internamente, as práticas socialmente responsáveis estão associadas com as condições de trabalho, a gestão dos recursos humanos e a racionalização do uso de recursos naturais, por exemplo. Já a dimensão externa está associada ao relacionamento com as comunidades locais, com os clientes e fornecedores, com os financiadores, observando os princípios dos direitos humanos como a promoção
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da diversidade e da igualdade social, por exemplo”, explicou. Conforme a engenheira ambiental Cíntia Casagrande, a questão ambiental deve ser tratada como integrante da responsabilidade social, pois as questões socioambientais são indissociáveis. “Para que uma empresa tenha responsabilidade socio ambiental, é necessário a incorporação de novos conceitos e maneiras de administrar com a capacidade de antecipar áreas críticas e tomar medidas preventivas em vez de corretivas. As iniciativas para atingir objetivos e metas sociais, ambientais e éticas podem ser tomadas em vários setores do empreendimento, com o apoio da alta administração”, relatou. Conforme o auditor ambiental especialista na área, Abdel Hach, a responsabilidade social corporativa se apresenta como um tema cada vez mais importante no comportamento das organizações e exerce impactos nos objetivos, missão, valores, cultura, estratégias e no próprio significado atual das empresas. Hach acrescentou ainda que
isso, é o compromisso da empresa em contribuir com o desenvolvimento, o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida dos seus colaboradores internos e externos e a comunidade em geral; começa com o respeito aos que trabalham na organização, aos seus valores, às culturas e às crenças. Com o respeito às condições de trabalho oferecidas pela própria organização. Continua com a preocupação em participar como membro da vida da comunidade local, da cidade, do país, do planeta”.
MEIO AMBIENTE
as empresas precisam compreender que a responsabilidade social é uma realidade e que dela também dependerá para garantir o seu desenvolvimento sustentável. “Responsabilidade Social não é simplesmente fazer doação de dinheiro ou bens materiais a favor de pessoas ou instituições que trabalhem com causas sociais. Não é dar aula de reforço escolar para moradores de favelas só porque você tem uma rede de escolas; não é fazer campanhas para arrecadar roupas ou alimentos não perecíveis e entregá-los às instituições ou às pessoas carentes. Isso é longe de ser Responsabilidade Social isso é simplesmente filantropia. Responsabilidade Social é muito mais que
Reaproveitamento de resíduos sólidos: uma prática sustentável A empresa que reutiliza resíduos sólidos desenvolve uma prática sustentável, conforme a especialista em Direito Ambiental Fernanda Duarte. “Muitas vezes, a reutilização permite que indústria de cerâmica reduza os custos, a quantidade de matéria-prima utilizada e o consumo de combustível, além de evitar que estes resíduos tenham destinação ecologicamente incorreta ou mais agressiva ambientalmente”, explicou. Fernanda explicou ainda que na produção de blocos, telhas e demais produtos cerâmicos, é possível incorporar resíduos em duas etapas do processo produtivo: na preparação de massa e na queima. “Na preparação de massa, o resíduo é misturado à matéria-prima. Nessa etapa, é importante conhecer as características físico-químicas do material, sua homogeneidade e o seu comportamento nos processos de secagem e queima. Na queima, o resíduo é usado como combustível. Na maioria dos casos, as empresas transitam para uma matriz energética verde e substituem combustíveis fósseis por combustíveis renováveis”, acrescentou. Conforme o auditor ambiental e especialista na área Abdel Hach, o processo de produção com o uso de resíduos é um pro-
cesso de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender as necessidades e as aspirações humanas. “Um empresa é considerada sustentável no mercado quando se preocupa com o futuro, aplicando um tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo”. Assim, segundo Hach, o desenvolvimento sustentável é um objetivo a ser alcançado não só pelas nações ‘em desenvolvimento’, mas também pelas industrializadas, atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. “Ele contém dois conceitos chaves. São eles o conceito de ‘necessidades’, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; e ‘a noção das limitações’, que o estágio da tecnologia e da organização social impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender as necessidades presentes e futuras”.
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MEIO AMBIENTE
Outras boas práticas ambientais Substituir componentes / matérias-primas de fontes não renováveis por outras de fontes renováveis; reduzir materiais utilizados; otimizar técnicas de produção; não gerar resíduos ou minimizar a geração dos mesmos; utilizar resíduos da própria indústria cerâmica como matéria-prima; minimizar o consumo de água de processo produtivo e reaproveitar esta água internamente; minimizar o consumo de energia de processo produtivo; substituir fontes de energia tradicionais por fontes alternativas, que não poluam ou poluam menos; otimizar a vida útil do produto; otimizar os sistemas de distribuição; reduzir o impacto durante o uso do produto; diminuir o impacto do produto no meio ambiente após a sua vida útil; diminuir emissões atmosféricas decorrentes de transportes de matérias-primas da fonte ao local do processo produtivo e de distribuição do produto acabado.
Impactos ambientais Para minimizar os impactos da extração de argila, o minerador deve executar o Plano de Recuperação de Área Degradadas (PRAD) já elaborado para a retirada da licença ambiental, conforme a especialista em Direito Ambiental Fernanda Duarte. “O documento deve conter soluções para danos gerados pela exploração, tais como a recuperação do solo exposto com a mesma vegetação suprimida na extração e a drenagem da água pluvial para o interior das cavas de modo a evitar erosão, por exemplo”. “No caso da extração de lenha nativa, mesmo com autorização do órgão ambiental, sugiro que a empresa elimine essa prática. Ou seja, não retire mais lenha de mata nativa e invista em lenha proveniente de áreas de manejo ou reflorestamento, e adeque seu processo para substituição da lenha por resíduos de biomassas alternativas”. Já no caso de emissão de GEE (gases de efeito estufa), Fernanda propõe que a empresa comece por realizar o inventário das fontes fixas (chaminés). “O inventário contabiliza precisamente as emissões, o que permite a comparabilidade e o gerenciamento das mesmas. A partir daí, pode-se estabelecer um plano de mitigação, com instalação de filtros, por exemplo”, relatou. Conforme a engenheira ambiental Cíntia Casagrande, todas as atividades que geram serviços ocasionam impactos ambientais em seu dia a dia, seja em maior ou
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em menor escala, tais como o consumo de água, geração de resíduos sólidos, líquidos, poluição atmosférica, além de alterações nos ecossistemas e ambientes naturais. “Muitos impactos poderiam ser evitados ou minimizados, caso a empresa empregasse medidas de equilíbrio econômico e ambiental, ou seja, gerar mais produtos e serviços com menor uso dos recursos e diminuição da geração de resíduos e poluentes. Muitas empresas aderiram o uso de “circuito fechado”, ou seja, os resíduos retornam ao processo produtivo em forma de matéria-prima e praticamente nada é jogado fora. Além de economizar os recursos, ainda evita a poluição e aumenta os lucros”, contou. Segundo o auditor ambiental e especialista na área Abdel Hach, “quando uma indústria cerâmica, durante seu processo produtivo, emite poluentes na atmosfera, este ato, somente se justifica por ignorância operacional, pois há tecnologias de baixo custo que minimizam esta emissão na atmosfera”. “O planejamento, a educação ambiental, a capacitação dos envolvidos no setor operacional, comercial e administrativo, ou seja, todos os colaboradores devem passar por uma padronização ecológica, sem impor a preservação ambiental como uma ideologia fanática, mas, como uma ferramenta para reduzir o custo operacional e aumentar a vida útil da indústria a baixo custo, minimizar os impactos negativos no que tange a imagem ecológica da empresa de cerâmica”, relatou. NC
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FEIRAS
Belém receberá o 43º Encontro Nacional Evento será de 30 de julho a 2 de agosto, no Hangar - Convenções e Feiras da Amazônia
Hangar - Convenções e Feiras da Amazônia
O Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha chega à sua 43ª edição. Neste ano, o evento ocorrerá de 30 de julho a 2 de agosto de 2014, na cidade de Belém, no Pará. O maior evento do setor na América Latina e um dos maiores do mundo será realizado no Hangar - Convenções e Feiras da Amazônia, que oferece uma área de mais de 8,5 mil metros quadrados totalmente climatizada. O objetivo do Encontro Nacional é promover o debate entre empresários, sindicatos, associações, pesquisadores, fornecedores, instituições públicas e privadas, organizações internacionais e consumidores. Automação, Norma de Desempenho, Normas Técnicas, Novos Produtos, Eficiência Energética e Meio Ambiente são os temas que devem nortear as clínicas e os fóruns deste Divulgação / Hangar
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ano. Serão seis clínicas tecnológicas, dois fóruns empresariais e quatro minicursos gratuitos a todos os participantes do evento. Além disso, a programação também contará com visitas técnicas a duas cerâmicas locais; Prêmio Jovem Ceramista; Encontros do Sesi, Senai e Sebrae; e Prêmio João-de-Barro, que prestigia personalidades e empresas que mais se destacaram ao longo do ano no setor. Integrada com a programação do evento, haverá ainda o lançamento do projeto de cooperação internacional da Rede Iberoamericana de Desenvolvimento Sustentável da Indústria Cerâmica. Aprovada recentemente e com o financiamento do Programa Iberoamericano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CYTED), sob a coordenação do Centro Tecnológico da Espanha (Aitemin), a rede vai focar no desenvolvimento sustentável, com linhas prioritárias a melhores técnicas de gestão sustentável. O Encontro Nacional, promovido pela Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), ainda contará com a maior Exposição de Máquinas, Equipamentos, Automotivos, Serviços e Insumos para a Indústria Cerâmica (Expoanicer) voltada para o setor em toda América Latina. A feira reúne expositores de várias nacionalidades que apresentam as últimas novidades em tecnologia e serviços no mercado. Só na última edição 110 estandes abrigaram 93 marcas do Brasil e de outros nove países, responsáveis pela movimentação de R$ 48 milhões em negócios, e o número de participantes foi de aproximadamente 3.082 entre congressistas e visitantes. “Esperamos atender plenamente às expectativas de nossos congressistas e expositores, realizando um evento de altíssima qualidade em um ambiente propício para a troca de informações e para a realização de bons negócios. E o que é melhor, tudo isso unido à cultura exuberante do Pará e da Floresta Amazônica”, disse o presidente da Anicer, César Vergílio Gonçalves.
FEIRAS
Visitas técnicas Cerâmica Barreira / divulgação
As tradicionais visitas técnicas realizadas durante os Encontros Nacionais acontecerão este ano em duas das mais importantes fábricas do Estado do Pará: na Cerâmica Vermelha e na Cerâmica Barreira. Inaugurada em agosto de 1998, no município de Inhangapí (PA), a Cerâmica Vermelha abastece o Estado com blocos de vedação de seis e oito furos, blocos estruturais, meio bloco, tijolos maciços, elementos para lajes, canaletas e telhas coloniais. Já a Cerâmica Barreira, fundada em 1° de setembro de 1992 na cidade de São Miguel do Guamá (PA), é referência na fabricação de telhas, ocupa posição de destaque na economia local por ser a empresa que mais gera postos de trabalho (200 colaboradores), com os maiores investimentos em tecnologia. O ingresso para as visitas técnicas já está
Cerâmica Barreira vai ser uma das empresas a receber os participantes do Encontro Nacional deste ano disponível na Dio Viagens. O investimento é de R$ 120. O valor inclui acompanhamento de consultor cerâmico especializado, transporte em ônibus luxo com guia turístico, seguro de viagem e almoço na Churrascaria Esplanada, em Santa Maria do Pará.
Clínicas técnologicas - “Melhore o seu produto, otimizando matérias-primas e processos produtivos”; - “Melhora da eficiência energética no processo de fabricação. Fornos mais econômicos no consumo de energia. Aditivos energeticamente ativos. Novos processos”; - “Vendas: investimento técnico é um bom negócio”; - “Desafios e oportunidades dos produtos cerâmicos para a construção sustentável”; - “Transformando desafios ambientais em oportunidades”; - “Klimabloc/PR Ceramic: um caso de inovação e criatividade na indústria de cerâmica vermelha europeia”. Fórum - “Automação no Brasil e na Europa: Como aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos”; - “Inteligência do sucesso”. Minicursos - “NR-12: Como atender à norma de segurança em máquinas e equipamentos”; - “Licenciamento ambiental e gerenciamento de resíduos”; - “Desenvolvimento de novos produtos frente às necessidades do mercado”; - “A aplicação e o potencial das biomassas na produção de cerâmica”.
Confira a programação completa no site do Encontro Nacional
Clínicas técnologicas, fóruns e minicursos
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FEIRAS
A cidade de Belém Capital do estado do Pará, Belém está localizada na região norte do Brasil e possui a maior densidade demográfica da região, sendo uma das dez cidades mais movimentadas do país. O clima em Belém é tipicamente equatorial, quente e úmido, influência direta da floresta amazônica, onde as chuvas são constantes. A temperatura média anual na cidade é de 26ºC e as mangueiras existentes nas ruas da cidade ajudam a amenizar o calor, principalmente, nos meses mais quentes, de julho a novembro, quando a temperatura pode chegar a 35ºC. A gastronomia de Belém agrega sabores africanos, portugueses, alemães, japoneses, libaneses, sírios, judeus, ingleses, barbadianos, espanhóis, franceses e italianos, além de possuir uma forte influência indígena, que pode ser
vista em pratos típicos como: pato no tucupi com jambu, tacacá, maniçoba e o açaí. Conhecida como Cidade das Mangueiras, em janeiro e fevereiro, época da safra de manga, Belém é inundada pelo fruto. Também conhecida como Portão de Entrada da Amazônia, a cidade possui uma exuberante natureza, entrincheirada em meio a edificações modernas e antigas do local, que desponta como grande roteiro turístico do Brasil e exerce significativa influência nacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. Conta com importantes monumentos, parques e museus, como o Theatro da Paz, o Museu Paraense Emílio Goeldi, o mercado do Ver-o-Peso, e eventos de grande repercussão, como o Círio de Nazaré.
Gaby Amarantos encerrará Encontro Nacional deste ano A cantora Gaby Amarantos, nascida e criada na periferia de Belém, será a grande atração da festa de encerramento do 43º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha. Conhecida por sua exuberância e por seu figurino extravagante, foi uma das responsáveis pelo surgimento e difusão do tecnobrega, ritmo que virou febre na Região Norte do Brasil. Ficou conhecida nacionalmente após lançar a música "Hoje Eu Tô Solteira", uma versão da música "Single Ladies", da cantora americana Beyoncé, e escrita pela banda paraense Banda Os Brothers. O sucesso da música rendeu a Gaby o
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apelido de "Beyoncé do Pará". Com seus “riffs” acelerados de guitarra brega com beats eletrônicos, temperando o caldeirão sonoro que deu origem ao Tecnobrega, Gaby irá marcar presença no evento com sua brasilidade e seu figurino. No repertório, hits como “Xirley” e “Ex my love”, além de um passeio vasto pela música brasileira, imprimindo seu estilo a hits de outros artistas e gêneros, como o pop, o samba, o sertanejo e a axé music. Festejada onde quer que vá, a cantora em 2012, foi indicada ao Grammy Latino e venceu em quatro das cinco categorias do MTV Music Award. Já no Prêmio Multishow faturou na categoria Novo Hit, por “Ex Mai Love”, na Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) foi escolhida como a melhor cantora de 2012 e entre as melhores do ano. Isso tudo após, em 2011, ser eleita pela revista “Época” como uma das 100 personalidades mais influentes do país. NC
ENTREVISTA
A tecnologia no setor A entrevista especial deste mês é com o consultor em cerâmica vermelha Emerson Dias. O profissional tem mais de 20 anos de mercado, MBA em Qualidade e Gestão de Processos pela PUC do Rio de Janeiro, é tecnólogo em Gestão da Qualidade pela CBTA/SP e técnico em Cerâmica pela Escola Senai Mario Amato. Dias também é diretor da Emerson Dias Consultoria e Gestão Empresarial, especialista em eficiência energética pelo CTCVCoimbra/PT e auditor de Alvenaria sustentável pela Fundação Vanzolini/SP, responsável pela qualificação ao PSQ/certificação ISO 9001 de cerâmicas em todo o território nacional. Na entrevista, o consultor fala sobre a tecnologia na produção cerâmica
Revista NovaCer - Que tipo de tecnologias são imprescindíveis hoje numa indústria de cerâmica vermelha? Emerson Dias - A palavra tecnologia tem origem no grego "tekhne" que significa "técnica, arte, ofício" junto com o sufixo "logia" que significa "estudo". Assim, tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de pesquisa. E na indústria cerâmica acredito que o imprescindível seria aplicar tal conhecimento para obtenção do resultado positivo através do incremento da figura do técnico em cerâmica, da automação, da mecanização, do planejamento estratégico e do controle de suas operações. NC - Qual a importância das cerâmicas modernizarem seus parques fabris? ED - A importância de se manterem “ATIVAS” nos próximos anos, sabemos que de 1900 a 1945 tudo mudava a cada 50 anos, de 1980 a 1990 tudo mudava a cada 10 anos e a partir de 2006 tudo muda a cada dois
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anos.Desta forma, acompanhar/superar esta velocidade de mudança requer conhecimento e percepção apurada de como o mercado o qual estamos inseridos se movimenta e para isso precisamos modernizar nossa gestão, nossos processos e nossos controles... Nada mais é estático e nada mais é como “nossos pais faziam”. NC - Para automatizar a cerâmica, o ceramista deve contar com um técnico ou engenheiro formado na área de cerâmica, por quê? ED - Entendo, que hoje deter conhecimento é fundamental para o sucesso de qualquer empresa, e se acercar de pessoas que possam ter este conhecimento é fundamental para formação da opinião do empresário/ ceramista. Mais do que nunca a figura do técnico em cerâmica se faz necessário para operacionalizar suas ideias e projetos bem como também controlar as fases do processo de fabricação. É sabido que cerâmicas que possuem esta figura em seu quadro de colaboradores conseguem obter resultados mais satisfatórios em curto espaço de tempo. Sou um incentivador junto às escolas
ENTREVISTA
técnicas para inserção de alunos no setor cerâmico, sou um dos criadores do “Prêmio Jovem Ceramista” que tem como objetivo desenvolver o interesse de alunos no setor cerâmico. Hoje isso é uma realidade, basta perceber que os últimos ganhadores estão todos trabalhando em cerâmicas localizadas no Rio de Janeiro, Paraíba e São Paulo, entre outras regiões. NC - Que tipo de melhorias um profissional da área de cerâmica pode levar a uma indústria de cerâmica vermelha? ED - As mais diversas possíveis desde a qualificação do pessoal envolvido através do treinamento, implantação do controle de processo, planejamento estratégico, dimensionamentos de equipamentos, contato com o cliente e desenvolvimento de produtos. Em todas estas etapas, o ceramista poderá colher bons frutos através da figura do técnico em cerâmica. Hoje vemos diversos cursos técnicos e até mesmo um de graduação em engenharia cerâmica que formam profissionais anualmente possibilitando, assim, o acesso do ceramista ao meio acadêmico. Com a aproximação das cerâmicas às escolas formadoras, teremos condições de formar um profissional cada dia mais adequado às necessidades/oportunidades do setor de cerâmica vermelha. E não podemos esquecer até mesmo aquelas formações que fazem parte da cadeia da construção. Imaginem um técnico em edificações atuando no setor de vendas (o contato com o cliente na melhor aplicação do produto não seria otimizada? ... Pensem nisso!) NC - O que o ceramista deve avaliar na hora de modernizar sua indústria? ED - O ceramista deve avaliar “onde ele quer estar daqui a tantos anos”. Para isso, ele deverá realizar o seu planejamento estratégico e acompanhá-lo anualmente para que possa realizar correções ou manutenções ao longo de seu desenvolvimento. Deve se acercar de pessoas com qualificações técnicas necessárias e não só contar com a percepção comercial que possui ou informada por vendedores. Deve avaliar seu processo e identificar principalmente o payback
(retorno) do investimento e por fim tomar a decisão baseada em três pilares: técnico, financeiro e eficiência produtiva. NC - Quais devem ser as condições mínimas de uma indústria para ela se modernizar? ED - A condição mínima é a de perceber que deve melhorar continuamente, a pequena
"A empresa não pode modernizar só pensando em reduzir pessoal, tem que pensar que está modernizando para se manter 'ATIVA'"
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ENTREVISTA
mais amplo da palavra, para se manter “ATIVA”. NC - No que o ceramista precisa estar atento para não errar na hora de comprar um equipamento que venha facilitar a produção em sua fábrica? O que é preciso avaliar? ED - Deve ficar atento com o seu dimensionamento. Percebi, ao longo dos anos, muitos erros de dimensionamento em equipamentos que provocaram elevado custo aos ceramistas. Por falta do apoio de um profissional ou de uma consultoria técnica no momento do dimensionamento desta mudança, equipamentos são subdimensionados provocando perdas futuras, onde o ceramista só consegue perceber quando não há mais possibilidade de buscar uma outra alternativa que não seja a aquisição de um novo equipamento. Por isso, a consultoria técnica se faz necessária para que possa avaliar de forma técnico-comercial toda esta negociação, cabendo ao ceramista apenas a função de “finalizar a aquisição”.
empresa deve entender que dificilmente concorrerá com a grande a níveis de produção. Assim o empresário deve modificar o seu modelo de negócio passando atuar onde a grande empresa tem inúmeras dificuldades. Por que esta pequena cerâmica não pode produzir aquilo que mais dificulta o processo de fabricação da grande? Assim ganham todos e elimina o que hoje vemos no mercado, onde quase todos perdem juntos. A empresa não pode modernizar só pensando em reduzir pessoal, ela tem que pensar que está modernizando, no sentido
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NC - Atualmente ceramistas tem comprado automatismos, mas não sabem administrar o equipamento? Ao que se deve esta questão e como solucionar este problema? ED - A falta de conhecimento. Acredito que a solução está em o ceramista contar com um apoio técnico na elaboração do projeto, da instalação e do funcionamento deste para que, assim, se tenha tudo equalizado. Cabe aos fornecedores atuar com um serviço de pós-venda que atue com treinamento no processo de manutenção corretiva/preventiva, operação e controle. Só a figura do mecânico para o fornecedor não é mais suficiente para atender bem ao setor cerâmico. NC - Cite exemplos de cerâmicas que são modelos em tecnologia no Brasil? ED - Em um setor pulverizado como o setor de cerâmica vermelha, que está inserido em praticamente todos os municípios, fica difícil elencar nomes, mas sabemos que hoje temos em cada estado da federação algumas cerâmicas que possuem modelos adequados de investimento em tecnologias e o que as difere das demais é apenas a execução
NC - O ceramista deve sempre se preocupar em investir em equipamentos modernos? Por quê? ED - Sim, para que busque sua eficiência operacional, visto que sua margem de lucro vem se reduzindo ano após ano. Se isso vem ocorrendo, todo ceramista deve buscar reduzir seus custos operacionais e uma excelente ferramenta para isso é a modernização de suas plantas. Por isso, a depreciação de seus equipamentos deve ser mais um item para definição do custo de fabricação, pois sem isso dificilmente terá condições de se modernizar. NC - Como ser uma empresa moderna hoje? ED - Assistimos todos os dias empresas “encerrando suas atividades”. Mas por outro lado também vemos outras ampliando, aumentado a sua participação, abrindo filiais. Dessa forma, isto mais do que prova que existem horizontes favoráveis, oportunidades, boas perspectivas para o desenvolvimento dos negócios e de novas ideias. A empresa moderna deve estar continuadamente exercitando formas novas ou já usuais de manter-se no mercado, mas não só manter-se, isso só já não basta, pois as que pensam assim têm uma grande probabilidade de perder espaço para a concorrência, mas devem sim conquistar a fidelização diária de seu cliente. É muito importante a empresa ser competitiva, que entre em campo para ganhar, claro, podendo vir a perder algumas partidas, não se pode ganhar sempre, mas o importante é estar sempre no páreo, buscando as primeiras colocações. O foco deve ser o aperfeiçoamento, o amadurecimento, a melhoria contínua em tudo o que se presta a fazer. A premissa básica é ser competitivo, a partir daí, estratégia, planos, métodos, devem ser colocados em prática, visando o alcance de resultados ótimos, expressivos e com certeza promissores.
ceramista em implantar novas tecnologias dentro de sua indústria? ED - Falta de conhecimento, falta de planejamento, limitação ou inexistência de uma linha de crédito específica para o setor. Estas são algumas das dificuldades enfrentadas pelo setor que fazem com que tenhamos um atraso no desenvolvimento de nossas plantas. E tudo isso provoca um elevado índice de perdas e de baixa eficiência operacional. NC - A máquina substitui a mão de obra? Até que ponto isto é válido? ED - Em muitos casos sim, mas percebemos que diferentemente do que ocorreu nos países europeus, no Brasil, o trabalho possui também uma conotação social e assim não conseguiremos eliminar a figura do homem de nossas cerâmicas. Acredito também que não há uma eliminação da mão de obra apenas ocorre uma adequação, onde esta se qualifica para controlar e operacionalizar a máquina. É nisso que nossos colaboradores devem estar atentos, caso contrário irão buscar outras alternativas.
ENTREVISTA
completa de seu planejamento estratégico, que é focado em resultado e eficiência operacional.
NC - Qual a sua avaliação sobre uso de tecnologias no setor de cerâmica vermelha do Brasil atualmente? Está melhorando? Como você vê esta questão hoje? ED - Percebo um atraso de 40 anos em relação ao nível tecnológico visto em países europeus, mas também tenho conhecimento que nossa realidade nunca será igual a encontrada nestes países (Itália, Portugal, etc). Nossos níveis de exigência tem se aperfeiçoado e isso provocou uma movimentação dos fabricantes de máquinas brasileiras a buscarem parceiros estrangeiros e assim criarem grupos ou join-venture que possibilite este intercâmbio de conhecimento. Agora, estas organizações criadas devem
O foco deve ser o aperfeiçoamento, o amadurecimento, a melhoria contínua em tudo o que se presta a fazer
NC - Quais as principais dificuldades do
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ENTREVISTA
ter a percepção de que não podem criar elefantes-brancos com preços estratosféricos, precisam adequar necessidades/ possibilidades para ofertar um equipamento cada dia mais eficiente energeticamente, operacional, produtivo e custo compatível à realidade nacional. NC - Que dicas você dá ao ceramista que quer modernizar sua indústria? ED - Buscar informação através de uma análise de mercado em que atua e conhecer outras realidades, estas seriam as dicas que poderiam vir acompanhadas de recomendações tais como: evitar como uma única informação a amizade que possui com o vendedor, realizar o seu planejamento estratégico e acompanhá-lo anualmente de forma a realizar adequações em caso de necessidade e, acima de tudo, não adotar como certeza de sucesso algo que viu em uma outra cerâmica, pois isso dificilmente acontece. NC - Como o ceramista está reagindo quando o assunto é modernizar sua indústria? ED - Com velocidade, mas isso pode levar a compras erradas que num futuro próximo trará grandes dificuldades. Identifica-se apenas a preocupação em modernizar com ênfase em redução de pessoal a nível operacional. Mas se vê pouca/nenhuma preocupação em modernizar suas ações de
Caminhamos muito, mas nossa caminhada ainda é longa, precisamos aumentar nossos índices de conformidade, atender o cliente antes, durante e pós-venda, atuar de forma associativa ou até mesmo se fazer presente diante às instituições do governo/indústria
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gestão, o que é de suma importância. Por isso, o planejamento estratégico se faz necessário e primordial em qualquer fase do processo. NC - Quais as consequências para as empresas que não investem em tecnologia para sua fábrica? ED - As consequências são diversas, dentre elas estarem mais suscetíveis às influências de crises econômicas, perdas de mercado, aumento dos custos e até mesmo a possibilidade do encerramento de suas atividades. Há casos de cerâmicas que aproveitam a internet para enviar e-mails, pesquisar preços e fornecedores e pagar contas. Mas são poucas as que têm site e que vendem pela web. Ferramentas de marketing utilizando rede sociais para aproximação com o mercado são pouco utilizadas até então. Mas a melhora dos resultados está além da parafernália eletrônica. “Não adianta comprar só por comprar. O empresário precisa se capacitar para tomar a decisão correta quanto ao que adquirir e de que forma utilizar”. NC - O que é fundamental para uma empresa de sucesso? ED - Se eu pudesse dar dicas aos ceramistas, estas seriam: organize-se, faça mais com menos, assuma riscos, reconheça sua equipe e tenha foco, pois, muitas vezes, o negócio começa errado porque a pessoa abraça uma ideia da qual não gosta ou que o mercado não está pronto para receber. Para não ter que abandonar o barco, os especialistas sugerem ter um objetivo claro desde o início. Tenha um propósito e descubra o que o seu negócio representa para você, o cliente e o mercado. Se mesmo assim o negócio não for para frente, admita que é hora de desistir. É preciso enxergar a empresa como algo financeiro e não sentimental. NC - O que tem a dizer sobre o setor cerâmico brasileiro? ED - Trata-se de um setor alinhado com as políticas do governo no que tange o social. Em diversas cidades brasileiras se faz presente como a base econômica, seus ín-
NC - O que acredita ser o maior desafio do ceramista quanto a modernização de sua fábrica? ED - Talvez o maior desafio está na modernização da gestão. Gestão é o ponto de partida para que outras coisas aconteçam como a inovação e a própria capacidade de alcançar desafios. Por meio da modernização da gestão, é possível trabalhar com um nível de acerto maior – menor risco –, facilitando o acesso ao conhecimento e às informações mais estratégicas. A maioria dos insucessos é proveniente da falta de uma boa gestão. NC - Quais países hoje são referência no setor de cerâmica vermelha? ED - Vou citar aqueles em que tive oportunidade de conhecer, que são: Itália, Portugal, Nicarágua, Argentina, Colômbia, Paraguai e Peru. Dentre este países visitados, destaco a Europa por entender que ali estão boas práticas de gestão, excelente nível tecnológico e conhecimento de processo de fabricação. Acredito que o ceramista ao visitar estes países não deve focar suas atenções em buscar no Brasil os equipamentos que lá existem, deve sim, ater atenção no princípio, no fundamento técnico em que as etapas do processo de fabricação acontecem, adequando as necessidades à nossa realidade. Percebi nestas visitas que 80% do trabalho realizado na fabricação de qualquer produto está na preparação de massa
"Gestão é o ponto de partida para que outras coisas aconteçam como a inovação e a própria capacidade de alcançar desafios"
e aqui no Brasil isso dificilmente acontece.
ENTREVISTA
dices de qualidade a cada ano se elevam (não na velocidade que nós técnicos gostaríamos) na medida que mais empresários se aprimoram. Nossos eventos técnicos a cada ano se solidificam como uma ferramenta de conhecimento, trocas de ideias e perspectiva de modernização. Caminhamos muito, mas nossa caminhada ainda é longa, precisamos aumentar nossos índices de conformidade, atender o cliente antes, durante e pós-venda, atuar de forma associativa para que assim possamos nos aproximar dos benefícios ou até mesmo se fazer presente diante às instituições do governo/ indústria. Ao meu ver, a palavra de ordem seria ORGANIZAÇÃO, para que assim se faça e se mostre realmente forte.
NC - O que mudou do oleiro de 20 anos atrás para o ceramista atual? ED - Muitas mudanças ocorreram no setor ao longo dos últimos anos e muitas ainda deverão ocorrer. O mais importante é estar preparado para estas mudanças. E isso só se consegue quando estamos ancorados por pessoal habilitado e controle de gestão. O grande desafio para os próximos anos será entender que o mercado está cada vez mais disputado e só palavras não são suficientes para convencer o cliente, é preciso medir tecnicamente seus desempenhos para que possa desafiar os produtos concorrentes de forma profissional (gestão de operações e conhecimento técnico). NC - Se tivesse que dar um conselho aos empresários do setor, qual seria? ED - PROFISSIONALIZAÇÃO, este seria o meu conselho. Não podemos gerenciar nosso negócio como fazíamos há 20 anos. É preciso buscar conhecimento técnico, melhorar técnicas de gestão exigindo o mesmo de quem os representa e buscar parceiros que possuem ou apresentem conhecimento técnico suficiente para melhoria de nosso negócio. Pois só manter, como dito antes, não é suficiente. Buscar a Eficiência Energética seria outro conselho, pois estamos à beira de um outro período de apagão, temos também neste item a possibilidade de dar uma enorme resposta de processo sustentável, pois se reduzirmos 18kwh/ton. em nossas 6903 cerâmicas, seríamos capazes de reduzir o corte de 7.000.000 de pés de eucaliptos. NC
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MEIO AMBIENTE
Empresa é destaque por compromisso ambiental A cerâmica Barroca, de Morro da Fumaça (SC), empresa produtora de tijolos, foi a empresa destaque do mês de abril de 2014. A indústria recebeu um troféu da Casag Consultoria Ambiental por cumprir com as exigências ambientais. Conforme o empresário, Augusto de Agostim, “o troféu tem um grande significado para a empresa e, sem o comprometimento dos funcionários, nada disso seria possível”.
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A Barroca participa do programa de Educação ambiental com o objetivo de atingir a sensibilização sobre a importância da conservação dos recursos ambientais, trata seus efluentes líquidos e gasosos; destina os resíduos sólidos a locais ambientalmente corretos e promove a organização e limpeza no ambiente de trabalho. As empresas que colocam em prática as normas ambientais e que fazem parte do grupo da Casag Consultoria Ambiental têm seus trabalhos reconhecidos. Uma vez por mês uma empresa é destaque e recebe um troféu pelo comprometimento com meio ambiente. A escolha da empresa se dá por meio de vistorias e verificação do cumprimento da legislação ambiental. Aquela que obtiver a maior pontuação será a empresadestaque do mês. De acordo com a engenheira ambiental, Cíntia Casagrande, a Casag Consultoria Ambiental acredita que o reconhecimento das empresas, através da entrega de um troféu, motiva todos os colaboradores a desempenharem suas atividades com êxito, incluindo a sustentabilidade ambiental na rotina de trabalho. NC
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Fiesc lança manual para uso eficiente de energia O material traz recomendações de uso eficiente e dicas para a detecção de problemas
Um Manual de Uso Eficiente de Energia foi lançado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). O material traz informações sobre sistemas de refrigeração, motores elétricos, fornos e estufas, entre outros componentes industriais com grande demanda de energia elétrica. São recomendações de uso eficiente e dicas para a detecção de problemas. "A implantação de programas e ativi-
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dades de conservação e uso eficiente de energia pela indústria deve ser cada vez mais estimulada, considerando-se os desafios que a expansão do setor energético já vem enfrentando para atender a demanda socioeconômica em todas as regiões do país", afirmou o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte. Ele ainda acrescentou que "é importante a indústria se antecipar e buscar a redução do consumo para evitar o racionamento, pois ele teria consequências dramáticas, com efeitos na produção, nas vendas e até no emprego". A publicação mostra que a conservação de energia na indústria deve ser iniciada por uma campanha de conscientização, com a motivação de todos os empregados, através da distribuição de folhetos, cartazes, manuais e notícias em jornais internos. Recomenda-se o envolvimento de todos os níveis hierárquicos com definição de responsabilidades. O material levantado pela Fiesc para esta publicação serviu como base para o guia “Eficiência Energética na Indústria: Entre Nesta Corrente”, publicado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O documento catarinense integra o Plano Sustentabilidade para a Competitividade da Indústria, da Fiesc, que incluirá palestras de sensibilização nos principais centros consumidores de energia. Apesar de ter apenas 3,8% do número total de consumidores, a indústria é responsável por aproximadamente 45% do consumo de energia elétrica do Estado. Segundo dados da CNI, motores elétricos, refrigeração, ar comprimido e iluminação respondem por 50% dos gastos com energia nas indústrias. O manual e mais informações sobre os serviços das Fiesc podem ser obtidos no site da Federação (www.fiescnet.com.br), no menu Energia.
A campanha de incentivo ao uso eficiente da energia das empresa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) começou no dia 5 de maio e é dirigida a mais de dois mil líderes empresariais e representantes do governo. As dicas de economia são apresentadas por meio de folheto e cartilha com sugestões para o uso racional da energia em motores elétricos, sistemas de refrigeração, de ar comprimido, de iluminação, de bombeamento de água e outros. Conforme a CNI, o consumo dos motores elétricos e dos sistemas de refrigeração, de ar comprimido e de iluminação representa mais de 50% dos custos com energia da indústria. “A cartilha reforça as iniciativas da CNI de estímulo à eficiência energética e ajuda as empresas a reduzir os impactos que o aumento dos preços da energia, provocado pelo acionamento das termelétricas, terá sobre os custos de produção e a competitividade da indústria”, afirmou o especia-
lista da Unidade de Infraestrutura da CNI, Rodrigo Garcia. Segundo Garcia, as ações propostas não comprometem a qualidade dos produtos e nem o ritmo de produção das indústrias. Com 40 páginas, a cartilha está disponível no Portal da Indústria e contém recomendações práticas para economia de energia nos processos industriais. “Em qualquer sistema de distribuição de energia elétrica há perdas que podem alcançar valores elevados. Essas perdas aquecem o ambiente, tornando, em muitos casos, necessária a instalação de ventiladores e exaustores, elevando ainda mais o consumo de energia”, diz a publicação. Conheça melhor a campanha da CNI e acesse a cartilha, folder ou o cartaz que foram criados. Os materiais estão disponíveis para download no Portal da Indústria. NC
D E S E N VO LV I M E N T O
Campanha da CNI
Fonte: Fiesc e Portal da Indústria.
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ECONOMIA E NEGÓCIOS
Fotos: Alex Barreto / Portal Regional
Vendas no setor em SP fecham em baixa no primeiro trimestre Por: Alex Barreto Portal Regional
Empresas estão com mais de 1 milhão de peças empilhadas no pátio esperando venda
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Empresários do maior polo cerâmico do estado de São Paulo, responsável pela produção diária de milhões de peças de tijolos, telhas e lajotas, estão preocupados com a quantidade de material estocado no pátio das indústrias em detrimento da baixa nas vendas neste primeiro trimestre do ano. Se o que está ruim pode piorar, o palpite de muitos desses empresários é um segundo semestre cheio de incertezas com a Copa do Mundo e eleições presidenciais, época em que apoio da esfera governamental costuma ser adiada para o ano que vem. Em Presidente Epitácio, a Cerâmica Romana está com 1 milhão de peças de tijolos empilhadas no pátio esperando venda. A mesma realidade em Panorama, na Cerâmica Modelo com 1,3 milhões de peças de telhas e lajotas. Em Paulicéia, as cerâmicas
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Estoque de lajotas e telhas na cerâmica Modelo, em Panorama, chega a mais de 1 milhão de peças
São Paulo e Rabeschini também somam 1,3 milhões de peças. Segundo o diretor da Cooperativa das Industrias Cerâmicas do Oeste Paulista (Incoesp), Milton Salzedas, em maio nunca foi comum estas indústrias passar com todo este material estocado. Ele antecipou ainda que o setor teme com a chegada do mês de junho,
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início da Copa do Mundo. "Em outras épocas esperávamos passar o período de carnaval para vender toda a produção, e o reflexo nesse ano está sendo refletida na redução da mão de obra com a dispensa de funcionários em todo setor", afirmou. Salzedas comentou que a Incoesp deverá pedir uma audiência com o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, para reforçar antigos pedidos encaminhados ao Palácio dos Bandeirante na capital paulista. Entre tantos assuntos a serem debatidos figura tópicos como pauta fiscal com estados vizinhos, uso do bloco de cimento na construção de casas do CDHU, logística para escoação de material, incentivos fiscais do governo para o setor. O setor oleiro-cerâmico da região Oeste paulista pretende tomar postura idêntica a dos empresários do estado do Rio Grande do Sul, que em audiência na sede do governo gaúcho foi fixado pelo governador Tarso Genro, prazo de um mês para que ele pudesse apresentar proposta de política de incentivos ao setor daquele Estado, que enfrenta os mesmos problemas de São Paulo. NC
ARTIGO TÉCNICO
Avaliação da Conformidade dos Blocos Cerâmicos Produzidos na Região de Toledo (PR) Trabalho apresentado no 57º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 19 a 22 de maio de 2013, em Natal, no Rio Grande do Norte
Introdução Resumo O déficit habitacional e o aquecimento do setor da construção civil nos últimos anos provocou o surgimento de novas empresas no setor. Porém, várias patologias são constatadas em obras recém-construídas, devido à falta de qualidade dos materiais empregados. A baixa resistência à compressão e alta absorção dos blocos cerâmicos são frequentemente associados ao surgimento de fissuras nas alvenarias. Nesse contexto, este trabalho efetua uma análise da qualidade dos blocos cerâmicos de vedação produzidos no município de Toledo (PR), com o objetivo de verificar o atendimento aos requisitos normativos com relação às características geométricas, físicas e mecânicas. As análises foram efetuadas a partir da realização de ensaios, determinação das propriedades citadas conforme apresentado pela NBR 15270:05(1), em amostras coletadas em cada fábrica. Espera-se com os resultados apresentar uma avaliação sobre os blocos analisados quanto ao atendimento das características citadas, procurando contribuir para a melhoria da qualidade desses materiais.
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CAVALHEIRO, F.N.; SCHONE, G.F.; BRESSIANI, L.; SAVARIS, G. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Rua Cristo Rei, Toledo, PR
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A indústria da cerâmica é umas das mais antigas do mundo, em função da facilidade de fabricação e abundância de matéria-prima. Na época do descobrimento já eram fabricados tijolos maciços e telhas. Inicialmente estes produtos eram produzidos manualmente, através da mão de obra escrava(2). Porém, apesar de antigo, o processo de fabricação destes produtos sofreu poucas transformações ao longo dos anos. Isso pode ser constatado pelo fato de que a tecnologia utilizada até os dias de hoje na produção de telhas e blocos cerâmicos foi desenvolvida nas décadas de 1950 e 1960(3). Os materiais cerâmicos são empregados em larga escala na construção civil. Isto se deve às propriedades destes materiais, tais como resistência e durabilidade, bem como pela tradição e flexibilidade nos processos de fabricação(4). A grande utilização destes materiais nos últimos anos também se deve ao aquecimento do setor da construção civil e ao surgimento de vários programas de financiamento habitacional. Com isso, muitas empresas entraram no setor, com o objetivo de fornecer produtos e serviços, em função da alta demanda no mercado. Por outro lado, estudos mostram que muitas obras apresentam patologias, poucos anos após a edificação ser executada. A qualidade e desempenho da alvenaria afeta diretamente os demais subsistemas,
Materiais e métodos Delimitação da pesquisa Para atingir os objetivos deste trabalho, primeiramente foram selecionadas as fábricas de blocos cerâmicos da região de Toledo (PR). Esta seleção foi efetuada através da relação de empresas cadastradas no Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olarias do Oeste do Paraná, onde foram identificadas 15 fábricas. Porém, durante a coleta de dados foi constatado que três fábricas não produziam blocos cerâmicos, ficando a pesquisa limitada a 12 empresas.
Todos os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 15270(1), que trata dos requisitos e métodos de ensaio para análise de blocos cerâmicos. A seguir estão descritos os procedimentos utilizados para realização dos ensaios, os quais foram realizados no laboratório de materiais de construção da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O ensaio de identificação consiste em analisar se os blocos cerâmicos apresentam informações referentes à identificação da indústria e as dimensões do bloco, devendo ser avaliado cada bloco e anotadas as inconformidades encontradas. A análise das características visuais consiste em verificar se os blocos cerâmicos apresentam defeitos sistemáticos, tais como quebras, superfícies irregulares ou deformações que impeçam o seu emprego na função especificada. Da mesma forma que no ensaio anterior, cada bloco foi analisado, sendo anotadas as irregularidades. O ensaio das características geométricas consiste em verificar o atendimento das especificações da norma, com relação às medidas das faces (dimensões efetivas), espessura dos septos e paredes externas dos blocos, desvio em relação ao esquadro e planeza das faces. As medições contemplaram os pontos indicados na figura 2. O ensaio das características físicas con-
ARTIGO TÉCNICO
como estruturas, instalações, esquadrias, revestimentos e impermeabilização. Por isso, antes da utilização de blocos cerâmicos faz-se necessária à verificação das suas características geométricas, físicas e mecânicas para determinar suas condições de aplicação. Desta forma, o objetivo deste trabalho é verificar o atendimento aos requisitos normativos com relação às características geométricas, físicas e mecânicas de blocos cerâmicos da região de Toledo (PR). As análises buscaram avaliar estas propriedades, em função das mesmas serem exigências normativas obrigatórias para avaliação das conformidades do material.
Figura 1: Blocos coletados para análise
Coleta de amostras A coleta das amostras foi efetuada diretamente nas fábricas selecionadas. Cada fábrica recebeu um código, de A1 até A15, sendo posteriormente retiradas da pesquisa as fábricas sem produção de blocos cerâmicos. Foram coletados 13 blocos cerâmicos em cada empresa. A pesquisa foi limitada a análise das propriedades dos blocos cerâmicos de 9x14x19cm. Os blocos foram selecionados de forma aleatória, posteriormente sendo organizados e identificados de acordo com código que representa a empresa (figura 1). Ensaios
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ARTIGO TÉCNICO
estufa durante 24 horas à temperatura de 105°C, sendo então pesados para obtenção da massa seca e depois submersos em água à temperatura ambiente por um período de 24 horas, para obtenção da massa úmida. A figura 3 apresenta imagens dos blocos na estufa e no recipiente com água. Através das informações sobre a massa úmida (mu) e massa seca (ms), foi possível determinar o índice de absorção dos blocos (I), através da equação (A) a seguir:
Figura 2: Características geométricas dos blocos cerâmicos.
Figura 3: Ensaio de absorção
( A)
O ensaio das características mecânicas teve por objetivo determinar a resistência à compressão dos blocos. O mesmo foi realizado com os 13 blocos de cada empresa. Para isso, inicialmente foi efetuado o capeamento com argamassa dos corpos de prova, com objetivo de regularizar as faces de trabalho. Após isso, os blocos foram imersos em água por um período de 6 horas. Em seguida, foi efetuado o ensaio de resistência à compressão utilizando uma máquina de ensaio universal. A figura 4 apresenta os blocos capeados e durante o ensaio de compressão.
Resultados e discussões A seguir são apresentados os resultados para cada ensaio efetuado. As análises são efetuadas comparando-se os resultados obtidos com as especificações da NBR 15270(1). Figura 4: Procedimentos para avaliação das características mecânicas
siste em determinar o índice de absorção dos blocos. De acordo com a NBR 15270(1), este ensaio deve ser realizado em 6 blocos através da determinação da massa seca (ms) e massa úmida (mu) de cada bloco. Para isto, os blocos foram submetidos primeiramente ao processo de secagem em
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Ensaio de identificação Como citado anteriormente, os blocos cerâmicos devem conter as informações gravadas em uma de suas faces externas. De acordo com a NBR 15270(1), o não atendimento do item de identificação em qualquer bloco é suficiente para a rejeição do lote. Analisando os blocos coletados foi possível constatar que apenas uma empre-
Características visuais As características visuais dos blocos foram analisadas com o objetivo de verificar a existência ou não de defeitos sistemáticos. Nesta análise, os blocos produzidos por 7 fábricas apresentaram trincas, quebras, superfícies irregulares e deformações. Características geométricas Após a realização das medições apresentadas na figura 2, são apresentados os resultados com relação às dimensões efetivas, espessuras das paredes externas e septos, desvio em relação ao esquadro e planeza das faces. Com relação às dimensões efetivas, a análise buscou verificar se as dimensões de largura, comprimento e altura, atendem as especificações da NBR 15270-3 (2005). Estas dimensões, de acordo com a referida norma, devem ser de 90x190x140mm, devendo o lote ser rejeitado quando estes valores ultrapassarem a tolerância de ±5mm (para dimensões individuais) e ±3mm (relacionadas à média das dimensões efetivas). Desta forma, a tabela 1 a seguir apresenta o número de não conformidades em cada empresa, referente à análise das dimensões efetivas individuais. É possível constatar que 6 empresas apresentaram não conformidades de acordo com este critério. De acordo com a NBR 15270(1), o lote deve ser rejeitado se o número de não conformidades do mesmo for acima de 2. Desta forma, as empresas A2 e A12 não atendem esta especificação. A tabela 1 apresenta a largura média calculada das dimensões dos blocos estudados podendo ser verificado que as empresas A2, A11 e A12 e A13 não atendem as especificações da norma. Com relação às paredes externas e septos dos blocos, de acordo com a NBR 15270(1), as espessuras mínimas devem ser de 7 e 6 mm, respectivamente. Já os valores do desvio com relação ao esquadro e da planeza das faces devem ser de no má-
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sa não apresenta estas informações e das demais fábricas e cinco apresentavam os dados de forma ilegível.
ximo 3 mm. A tabela 3 a seguir apresenta o número de não conformidades para estas análises. Como citado anteriormente, de acordo com a NBR 15270(1), o lote deve ser rejeitado se o número de não conformidades para as características geométricas for acima de 2. Desta forma, as empresas A3, A6, A9 e A11 não atendem as especificações com relação às espessuras das paredes externas e septos internos. Com relação ao desvio, todas as empresas poderiam ter seus lotes aceitos, visto que o número de não conformidades está dentro do especificado em norma. Já com relação à planeza das faces, as empresas A6, A11 e A15 não atendem os requisitos normativos. Características físicas De acordo com a NBR 15270(1), o índice
Dimensões H
L C
A1 -
A2 12 6
Empresa A3 A4 A6 A8 A9 A10 1 1 L = largura; H = altura; C = comprimento
A11 1 -
A12 1 3
A13 1 -
A15 -
Tabela 1: Número de não conformidades das dimensões efetivas
Dimensões L H
C
Dimensões L H
C
Empresas A3 A4 89, 92 89, 31 138, 54 140, 23 189, 69 187, 23
A1 89, 53 141, 92 192, 00
A2 86, 38 133, 08 195, 46
A6 88, 38 140, 85 188, 15
A8 92, 31 138, 38 188, 23
A9 88, 08 137, 38 190, 46
Empresas A10 A11 A12 A13 94, 46 90, 77 92, 38 90, 54 141, 23 143, 69 141, 62 144, 38 190, 85 189, 31 194, 77 190, 15 L = largura; H = altura; C = comprimento
A15 88, 85 138, 31 190, 77
Tabela 2: Largura média das dimensões dos blocos P aredes externas Empresas A1 A2 A3 A4 A6 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A15
S uperior Inferior 1 -
-
Lateral Direita
Lateral Esquerda
-
5 7 -
S epto interno 5 5 -
Desvio em P laneza relação das ao faces esquadro 1 1 2 -
2 2 4 1 4 1 2 3
Tabela 3: Número de não conformidades nas espessuras dos septos e paredes externas, desvio e planeza das faces
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de absorção não deve ser inferior a 8% e nem superior a 22%. Os resultados de absorção para os blocos da pesquisa podem ser visualizados na figura 9. A recomendação da norma é que o lote seja rejeitado caso o número de não conformidades para o índice de absorção seja superior a 1. Desta forma, é possível constatar que as empresas A9 e A13 apresentaram
Figura 9: Índices de absorção
A1
Resistências médias 2, 04 Desvio padrão 1, 15 Coeficiente de variação 56, 40
Empresas A8 A9
A10
A11
A12
A13
A15
1, 43
2, 62
0, 47
0, 44
1, 18
1, 43
0, 36
2, 42
1, 07
1, 32
0, 12
0, 18
0, 46
0, 87
0, 13
1, 00
25, 85 34, 50 74, 78 50, 19 26, 30
41, 07
39, 30 61, 00 35, 81 41, 40
A2
A3
A4
A6
1, 08
0, 85
0, 67
0, 63
0, 22
0, 23
58, 60
Tabela 4: Resistência à compressão
Figura 10: Número de blocos com resistência abaixo de 1,5 MPa
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os índices de absorção de todos os blocos da amostra, acima do limite especificado na norma. A empresa A15 apresentou os maiores índices de absorção. A empresa A10 apresentou dois blocos com índices acima de 22%, enquanto a empresa A11 apresentou apenas um bloco com índice acima do máximo. A informação sobre a absorção dos blocos é importante para definição da argamassa, pois uma boa aderência será obtida entre a combinação dos dois componentes, ou seja, bloco e argamassa. Assim, um bloco com alta absorção irá retirar grande parte da água da argamassa, reduzindo sua resistência. Da mesma forma, se um bloco absorver pouco da água de amassamento da argamassa haverá um prejuízo na aderência(5). Características mecânicas A resistência característica à compressão é a principal propriedade de um bloco. Ela é fundamental para a resistência da parede, que geralmente está mais susceptível a carregamentos verticais que horizontais, como vento e sismos(5). Utilizando os resultados do ensaio de compressão foram calculadas as resistências médias apresentadas na tabela 4. De acordo com a NBR 15270(1), a resistência mínima para blocos cerâmicos de vedação é de 1,5 MPa. Desta forma, constatou-se que apenas três empresas apresentaram médias com resistências acima do especificado, ou seja, as empresas A1, A8 e A15. Porém, a recomendação da norma para aceitação do lote é de que o número de não conformidade seja de no máximo 2. A figura 10 apresenta o número de blocos com resistências inferiores à especificação da norma. Desta forma, é possível constatar que apenas as empresas A8 e A15 atendem a esta recomendação. Vale destacar que apenas duas empresas (A3 e A9) apresentaram coeficientes de variação para a resistência à compressão abaixo de 30% (25,85% e 26,30, respectivamente). As demais apresentaram coeficientes de variação entre 40 e 60%, sendo constatados valores de até 75%.
Análises
Identificação Defeitos visuais Dimensões efetivas individuais Dimensões efetivas médias - Largura Dimensões efetivas médias Comprimento Dimensões efetivas médias - Altura Espessura das paredes e septos Desvio em relação ao esquadro e planeza Índice de absorção Resistência Número de não conformidades
Empresas A1 A2 A3 A4 A6 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A15 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
x
x
x
x x 1
x 7
x 3
x 3
x 4
x x
1
x x 4
x x 5
x
x x 6
x 5
x
x x 5
x x 4
Tabela 5: Análise geral das não conformidades nas empresas
Conclusão Os resultados obtidos no trabalho permitem a conclusão de que os blocos produzidos pelas fábricas da região de Toledo não atendem as especificações das normas. Dentre as empresas analisadas, todas apresentaram problemas que levariam à rejeição de seus lotes. Em alguns casos os resultados foram mais críticos, de forma que seus blocos não poderiam ser usados para a execução de paredes de alvenaria de vedação. Considerando a identificação do produto através da marcação na lateral dos blocos verificou-se que a maioria das empresas apresenta identificação, porém de forma ilegível, necessitando a adequação na forma
de impressão das informações nos blocos de forma a atender este quesito da norma. De acordo com os resultados, a empresa A8 possui o produto de melhor qualidade, pois a única verificação que não atendeu as especificações da norma foi a identificação da empresa e das dimensões do bloco, fato este que não interfere na resistência da alvenaria. Desta forma, os dados apresentados permitem a conclusão de que o processo produtivo das indústrias da região de Toledo (PR) deve ser melhorado como forma de reduzir as patologias encontradas nas alvenarias de vedação.
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Após a análise das propriedades apresentadas anteriormente, os resultados gerais são apresentados na tabela 5. A mesma apresenta os itens que não foram atendidos satisfatoriamente pelas empresas. É possível constatar que todas as empresas apresentaram irregularidades, que ocasionariam a rejeição de seus lotes. Algumas empresas apresentaram poucas irregularidades, como é o caso das empresas A1 e A8. Por outro lado, outras apresentaram problemas em várias análises, como é o caso das empresas A2 e A11.
Referências (1) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação - Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro. ABNT 2005. (2) ANICER – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CERÂMICA. Telhas Cerâmicas. Manual técnico. Porto Alegre: 2000. (3) BASTOS F. A. Avaliação do processo de fabricação de telhas e blocos cerâmicos visando a certificação do produto. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. (4) FRANCO, L.S. Tecnologia dos processos construtivos de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos. Anais EPUSP, Ser. A, Pt. 5. São Paulo, p. 65-76, 1988. (Franco, 1988). (5) PARSEKIAN, G. A.; SOARES, M. M. Alvenaria estrutural em blocos cerâmicos – Projeto, Execução e Controle. 1 edição. 2011. NC
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Definidos critérios para APL do setor do Norte Goiano O Comitê Técnico do Processo Prospectivo do Desenvolvimento Competitivo e Sustentável do Arranjo Produtivo Local (APL) de Cerâmica Vermelha do Norte Goiano apresentou em abril o resultado da segunda oficina de aprofundamento das variáveis-chaves, que são fundamentais para definição daquelas que são motrizes e que influenciam na construção dos cenários possíveis, desejáveis e realizáveis do referido APL em 2034. Na oficina, além de planejar, implantar e executar um plano de ação para o desenvolvimento do APL, foram apresentadas 14 variáveis para a prospecção e construção de cenários futuros e elaboração de planejamento estratégico para o desenvolvimento competitivo e sustentável (econômico, social legal e ambiental) de APLs, abordando diretrizes que possam trazer benefícios para a sociedade, aumentando a riqueza e o bem-estar da comunidade local, por meio da promoção da cultura da inovação e da cooperatividade dos empreendimentos e das instituições técnico-científicas que lhes são associados, no período de 20 anos, ou seja, até 2034.
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Ficou decidido que a Associação dos Ceramistas do Norte do Estado de Goiás (Asceno) fará reuniões em duas regiões (Porangatu e Uruaçu), onde serão discutidas a elaboração da logomarca da associação, que será a identificação do APL x Prospectiva, e também será elaborado um Banco de Dados Geográfico. Além disso, serão aprofundadas algumas das variáveis restantes, que seriam entregues até o dia 15 de maio deste ano. O projeto faz parte do trabalho de apoio ao desenvolvimento dos APLs de base mineral, realizado de uma forma conjunta pela Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM-MME), Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) - que o estabeleceu como projeto piloto, em conjunto com a Asceno e Instituto para o Desenvolvimento Sustentável (IDS), o APL de Cerâmica Vermelha do Norte Goiano. Caso esta experiência seja bem sucedida, deverá ser repassada para outros APLs de base mineral. NC Fonte: Ministério de Minas e Energia.
Um curso sobre Cálculo em Alvenaria Estrutural para Blocos Cerâmicos será realizado nos dias 15 e 16 e 29 e 30 de agosto na sede da Associação das Cerâmicas Vermelhas de Itu e Região (Acervir), em São Paulo. O palestrante será o engenheiro civil Guilherme Aris Parsekian. O investimento é de R$ 600. O valor inclui apostila, certificado, almoço no sábado e coffee. O objetivo do curso é abordar aspectos referentes ao cálculo de alvenaria estrutural em blocos cerâmicos. As aulas ocorrerão das 18 às 22 horas, no dia 15 e 29, e das 9 às 17 horas, nos dias 16 e 30 de agosto. Entre os conteúdos do primeiro módulo do curso, dias 15 e 16, estão Materiais e Componentes: blocos, argamassa (características e tipos), graute, armadura, resistência dos
elementos; Noções sobre o comportamento da alvenaria: concepção estrutural, estabilidade lateral, efeito arco, dimensionamento à compressão; e Distribuição das ações verticais em edifícios. O segundo módulo – dias 29 e 30 – abordará Resistência à flexão e cisalhamento; Exemplo de dimensionamento completo de uma parede de edifício residencial; Projeto de alvenaria: modulação horizontal e vertical, detalhes construtivos, instalações, distribuição de cargas; e Resolução do projeto conceitual. Para informações e inscrições: acervir@ acervir.com.br / (11) 4024-3294.
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AL.
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