Entrevista com o novo presidente da Anicer, Natel Henrique Farias de Moraes
Ano 6
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Março/2016
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Edição 71
www.novacer.com.br
Segurança no Trabalho Conscientizar os trabalhadores aumenta segurança no ambiente profissional
Sindicer-PR altera data e local da Expocer 2016 Como a tecnologia pode ajudar em tempos de crise Comissão de estudo discute NBR 15.270 em São Paulo
O forno pode ser construído nos tamanhos de: 18,0m x 3,0m x 2,8m / 18 ,0m x 4,0m x 2,8m / 20,0m x 3,0m x 2,8m 20 ,0m x 4,0m x 2,8m / 24,0m x 3,0m x 2,8m / 24 ,0m x 4,0m x 2,8m
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SUMÁRIO
SEGURANÇA 14: Segurança no trabalho: a importância da prevenção
EDITORIAL
FEIRAS
DESENVOLVIMENTO
TECNOLOGIA
12: Carta ao Ceramista
19: Sindicer-PR altera data e local da Expocer 2016
20: Comissão de estudo discute NBR 15.270 em São Paulo
22: Como a tecnologia pode ajudar as empresas em tempos de crise
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Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados
ENTREVISTA
ARTIGO TÉCNICO
TECNOLOGIA
24: Unidos pelo setor
30: Estudo das eflorescências nas alvenarias através da condutividade elétrica
28: Cerâmica de SP economiza após investir em automação
SUMÁRIO
Março 2016
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EDITORIAL
Carta ao Ceramista A NovaCer conversou neste mês com especialistas em segurança do trabalho. Não é novidade para ninguém que todo ambiente de trabalho oferece riscos, e nas empresas de cerâmica vermelha não é diferente, e a atenção deve ser redobrada para melhorar a segurança no ambiente profissional. Foi pensando nisso, que neste mês a reportagem principal traz informações sobre os riscos de acidentes nas cerâmicas e sobre como implantar a cultura de segurança dentro das fábricas, evitando prejuízos tanto para empresários como para os colaboradores. Neste mês, a NovaCer ainda traz informações acerca da segunda reunião de 2016 da Comissão de Estudo Especial de Cerâmica Vermelha (ABNT/CEE-179), realizada na Acervir, em SP. O encontro serviu para discutir a revisão da ABNT NBR 15.270 – Componentes Cerâmicos. O gerente técnico da Anicer e secretário da ABNT/CEE-179, Bruno Frasson, afirmou que a reunião marcou o fechamento da revisão.
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Outro assunto importante abordado nesta edição foi a mudança da data e local de realização da Expocer. O evento que estava marcado para ocorrer em maio, agora será de 26 a 28 de outubro. O local do evento também mudou. Antes seria realizado no Centro de Eventos Expo Unimed Curitiba, agora será no Centro de Eventos Expo Renault Barigüi. O novo presidente da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), Natel Henrique Farias de Moraes, foi o entrevistado especial deste mês. Eleito para comandar a associação para o triênio 2016-2019, ele fala da importância da união do setor, dos planos para a associação e do papel da Anicer. O empresário também é presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmicas do Estado de Mato Grosso do Sul (Sindicer-MS) e dono de indústrias do setor em Rio Verde e Campo Grande, também de MS. Aproveite a leitura! A Direção
SEGURANÇA
Segurança no trabalho: a importância da prevenção Acidentes representam perdas enormes tanto para as empresas como para os trabalhadores Todo ambiente de trabalho oferece riscos. Nas empresas de cerâmica vermelha não é diferente e a atenção deve ser redobrada para melhorar a segurança no ambiente profissional. Mesmo sabendo disso, com o tempo, o trabalhador se acostuma e esquece do perigo. É necessário, contudo, lembrar que acidentes no trabalho representam perdas enormes tanto para as empresas, em termos financeiros, como para a vida dos trabalhadores. Afinal, conforme o mágico francês Eric
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Chartiot, “o dedo que perdemos no trabalho não cresce chegando em casa”. “Os acidentes no ambiente profissional se refletem imediatamente em sofrimento na vida das pessoas. Um acidente no trabalho pode representar a perda de um pai, de uma mãe, a invalidez permanente de um filho, a incapacidade de seguir uma carreira promissora, etc. A importância da segurança no trabalho se reflete no nível de felicidade na vida das pessoas, simplesmente assim”, completou Chartiot. Um dos passos para melhorar a segurança de todos no trabalho, conforme o especialista, é o uso do Equipamento de Proteção Individual. Porém, a principal dificuldade está na mudança de comportamento físico e ninguém gosta de fazer isso. “O uso de um equipamento de segurança provoca mudanças de com-
SEGURANÇA
portamento que temos que aceitar por uma razão simples: o EPI pode salvar nossa vida. Sem dúvida, temos que reconhecer que, em certos casos, o EPI pode provocar um certo desconforto. No entanto, a verdadeira escolha não é entre um certo conforto ou um certo desconforto... a verdadeira escolha pode ser entre a vida e a morte”, esclareceu o mágico francês. Para Chartiot, é preciso conhecer e aplicar as normas de segurança, usar os equipamentos, formar e mostrar aos outros como se proteger, ou seja, criar uma verdadeira cultura da segurança na empresa. O professor e técnico de Segurança do Trabalho, Marcos Hister, conta que o Ergonomista Francês Daniellou ensina que muitas empresas são “tagarelas e surdas”, ou seja, falam em procedimentos, regras, reforço de treinamento, obrigatoriedade de uso de EPI, porém não ouvem o trabalhador. “Para que um trabalhador incorpore o uso de equipamentos, é necessário que a empresa propicie condições para o uso. O valor do uso de equipamentos de segurança está diretamente ligado à cultura organizacional adotada pela empresa. Exemplo: quando um trabalhador é encontrado sem um equipamento de segurança, é comum que o especialista tenha um olhar externo ao fato e julgue seu comportamento como inadequado e o recomende punição (adertência). Porém, se este profissional tiver um olhar para dentro do trabalho, conhecer o trabalho real e buscar entender o porquê este trabalhador tem esse comportamento, vai perceber quais as motivações para o não uso e, junto com o trabalhador, procurar soluções”, completou Hister, que também é mestrando em “Trabalho Saúde e Ambiente”. De acordo com o engenheiro de Segurança do Trabalho, Kelson Silva de Almeida, os equipamentos de proteção são divididos principalmente em dois grupos. O primeiro são os equipamentos de proteção individual (EPI), destinados a neutralizar ou atenuar um possível agente agressivo contra o corpo do trabalhador; evitam lesões ou minimizam sua gravidade e protegem o corpo contra os efeitos de substâncias tóxicas, alérgicas ou agressivas, que causam as doenças ocupacionais. Tam-
bém existem os equipamentos de proteção coletiva (EPC), destinados à preservação da integridade física e da saúde dos trabalhadores, assim como a de terceiros. “Inicialmente os equipamentos de proteção são uma obrigação legal dos empregadores para com os trabalhadores, assim como dos mesmos de utilizá-los. Embora seja uma obrigação, a utilização dos equipamentos deve ser vista pelos trabalhadores como forma a garantir a sua saúde e a sua própria proteção, podendo assim evitar alguma consequência negativa em caso de acidente. Além disso, o uso adequado dos equipamentos evita a exposição a doenças ocupacionais, evitando comprometer a capacidade de trabalho e, em alguns casos específicos, a qualidade de vida dos trabalhadores em alguma parte da vida". Dessa forma, conforme Almeida, os trabalhadores devem valorizar os equipamentos como algo essencial em sua vida profissional, a fim de evitar transtornos tanto para ele quanto para a empresa em que trabalha. Desse modo, desempenhará as suas atividades com mais qualidade, segurança e eficiência.
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SEGURANÇA
Cultura de segurança na empresa Uma forma de sensibilizar os trabalhadores, conforme o técnico em segurança do trabalho, Marcos Hister, é mudar o conceito de treinamento para capacitação. “Não treinamos e nem adestramos pessoas, mas capacitamos pessoas, dando a elas empoderamento”. "Acredito que o mais importante é criar uma verdadeira cultura da segurança na empresa. Formando, informando, escutando seus funcionários, realizando as mudanças necessárias para melhorar a segurança de todos. Isto exige paciência, trabalho e investimento, mas os resultados são muito maiores”, complementou o mágico francês Eric Chartiot.
Riscos na cerâmica vermelha Os fatores de risco de uma cerâmica vermelha estão presentes em cada etapa da produção desde a extração da argila até o queima do tijolo ou telha, conforme o técnico em segurança do trabalho Marcos Hister. “Podemos elencar alguns tais como riscos de LER/DORT por esforço repetitivo e movimentação manual de materiais, riscos de doenças respiratórias na inalação de poeiras e fuligem, riscos de tombamento dos equipamentos de transporte de carga, risco de picadas de animais peçonhentos e riscos de amputações de membros superiores e inferiores em polias, correias e partes giratórias de maquinário de produção, entre outros”. Os riscos são muitos, porém, conforme Hister, infelizmente os trabalhadores não são envolvidos no processo de negociação das condições por eles vivenciadas. “Nestes dez anos de atuação em olarias e cerâmicas vermelhas já presenciei muitos casos de acidentes como, por exemplo, uma trabalhadora que foi escalpelada, ou seja, perdeu todo coro cabeludo ao ficar presa em uma correia da esteira de uma olaria. Outro caso foi de um trabalhador que teve a mão amputada em uma maromba. Também já presenciei crianças trabalhando em cerâmicas e até uma morte de um proprietário de uma olaria que perdeu a vida quando foi esmagado por um trator improvisado para carregar tijolos”, con-
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tou Hister. Para que acidentes como estes sejam evitados, conforme Chartiot, cada funcionário deve se sentir presidente da CIPA e responsável pela segurança de todos. “No entanto, também ressalto que cabe à empresa criar o ambiente propício para que cada um se sinta assim. É muito importante que a empresa mostre que a segurança é uma responsabilidade de todos”. De acordo com Hister, a primeira obrigação parte da empresa adotar medidas coletivas de segurança. “A norma regulamentadora nº 9, da Portaria 3214/78, é clara quando menciona que primeiramente os fatores de riscos presentes nos ambientes de trabalho devem ser eliminados e neutralizados na fonte. Enquanto essas medidas estão sendo implementadas se adotam provisoriamente o uso de EPI, porém, no Brasil, a exceção virou regra e o que se vê é a “EPEISAÇÃO”, no qual a empresa gasta a grande parte de seu orçamento em equipamentos que, no máximo, evitam a lesão, mas não evitam as causas reais dos acidentes”, contou. Conforme Chartiot, o número que mais me impressiona quando se fala em segurança no trabalho é que 90% dos acidentes poderiam ser evitados. “Como? Por uma simples mudança de comportamento. Muitos dizem que acidentes são uma fatalidade. A realidade está longe disso. Acidentes acontecem porque nós deixamos eles acontecerem ou até provocamos eles. A responsabilidade é nossa”, concluiu.
O acidente de trabalho é um evento indesejado e inesperado, que provoca no trabalhador uma lesão corporal ou perturbação funcional que causa perda ou redução de sua capacidade para o trabalho ou, em alguns casos, pode causar a morte, conforme o engenheiro de segurança do trabalho Kelson Silva de Almeida. Segundo ele, quando o evento não gera nenhum dano, trata-se de um incidente ou quase acidente. “Os acidentes, normalmente, são causados por fatores conhecidos, previsíveis e controláveis, assim pode-se atuar nestes pontos para evitar que os mesmos ocorram. As causas de um acidente são divididas em três grandes grupos: a condição insegura, o ato inseguro e fator pessoal de insegurança”. Conforme Almeida, a condição insegura está ligada a fatores ambientais de risco a que o
trabalhador está exposto como iluminação inadequada no local; o ato inseguro é uma ação voluntária ou não do trabalhador que por negligência provoca o acidente, como deixar de observar normas de segurança; já o fator pessoal trata-se de casos em que o trabalhador executa as tarefas com má vontade ou com más condições físicas, como embriagado. “Assim pode-se listar formas de evitar acidentes no local de trabalho: as empresas devem realizar treinamentos de segurança periodicamente e inspeções ao local de trabalho, os trabalhadores devem realizar as funções usando o método apropriado; seguir regulamentos, sinalizações e instruções; valorizar sua vida e a dos outros; usar ferramentas apropriadas; ler os manuais antes de operar algo. Estas são formas simples de evitar acidentes dentro de um local de trabalho”.
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SEGURANÇA
Evite acidentes
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SEGURANÇA
Em 2015, o IBGE divulgou um dado alarmante que cerca de 5 milhões de trabalhadores brasileiros se acidentam anualmente. “Esse número supera os dados oficiais divulgados pela Previdência Social e nos fazem refletir o quanto os acidentes de trabalho impactam, sejam emocionalmente (ao trabalhador e familiares), socialmente (impostos, e gastos com afastamento e tratamento) e financeiramente (multas e custos para as empresas)”, disse Hister. Conforme o técnico em segurança, para que os acidentes de trabalho sejam superados é preciso ampliar o olhar para suas causas e estabelecer políticas públicas integradas. “O primeiro passo para se evitar um acidente do trabalho inicia dentro das organizações produtivas, pois os riscos presentes nos ambientes de trabalho são conhecidos e vivenciados diariamente. Em seguida, partimos para ações conjuntas de instituições em nível municipal, depois regional, estadual e federal”. “Temos que continuar batendo na mesma
tecla: só uma mudança de comportamento por parte de cada um é capaz de reduzir o número de acidentes no trabalho. O problema é que muitos ainda enxergam o respeito às normas de segurança como algo negativo. Muitos responsáveis de segurança nas empresas onde trabalho me contam que os funcionários colocam o EPI ao ver o técnico em segurança chegar, mas o retiram assim que este virou as costas. Esse comportamento infantil é a principal causa de acidentes. Me parece fundamental que as pessoas saibam quem elas estão enganando realmente: elas mesmas e as suas famílias, que as esperam depois do serviço”, disse o mágico francês Eric Chartiot. “Quando um funcionário se machuca e deve ficar afastado do trabalho, no outro dia alguém assume sua posição na empresa. É assim mesmo, a empresa não pode parar. Deixo a pergunta para quem nos lê: Como fica em casa? Também tem alguém para substituir o pai, a mãe?”, questionou.
Investimento e não custo Segundo o engenheiro de segurança do trabalho Kelson Silva de Almeida, não se deve pensar em gasto quando se fala em segurança, mas sim em investimento. “Assim, investir em segurança ajuda na redução de custos a longo prazo, o investimento inicial é um pouco mais elevado, mas ao longo do tempo irá fornecer resultados de forma crescente”, disse. A redução dos custos, conforme ele, acontece pela diminuição de gastos em licenças
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médicas ou indenizações em processos judiciais em acidentes que seriam evitados com o investimento em segurança. “Outro ponto a se pensar na redução de custos é na diminuição de interrupções e tempos de parada em caso de acidentes que poderiam não ocorrer”, acrescentou. Cada vez mais os empresários estão se conscientizando a respeito da segurança do trabalho e assim buscando os profissionais especializados na área. “É obrigatório para indústrias cerâmicas classificadas em grau de risco 4, com mais de 50 empregados, manter um técnico de segurança no local de trabalho. Já outras empresas menores devem buscar um profissional de segurança no trabalho para prestar assessoria na empresa e ministrar treinamentos para os trabalhadores”, disse Almeida. “Um serviço especializado em prevenção de acidentes consegue mediar às necessidades de uma empresa e o conhecimento de profissional capacitado é primordial para que as melhorias sejam implantadas”, finalizou o técnico em segurança do trabalho Marcos Hister. NC
FEIRAS
Fotos: Sindicer-PR
Sindicer-PR altera data e local da Expocer 2016 O Sindicer-PR, junto com a Monte Bello Eventos, alterou a data e o local da realização da sexta edição da Feira de Fornecedores para a Indústria Cerâmica & Mineral (Expocer). O evento, inicialmente agendado para o mês de maio de 2016, no Centro de Eventos Expo Unimed Curitiba, foi transferido para os dias 26, 27 e 28 de outubro, no Centro de Eventos Expo Renault Barigüi. Segundo a organização, o intuito da mudança foi atender os expositores e melhor recepcionar os visitantes que serão convidados em todo o território nacional e países da América do Sul. O objetivo foi também de alinhar a Expocer no calendário nacional de eventos do setor. “Desta forma esperamos contar com a presença da indústria fornecedora de máquinas, equipamentos, tecnologias e serviços para promover o maior evento do setor cerâmico e mineral do sul do Brasil”, comentou a organização. Outras informações sobre a feira deste ano podem ser obtidas pelo telefone (41) 3203-1189 ou pelos e-mails: montebello@ montebelloeventos.com.br ou sindicer. ctba@uol.com.br. NC
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D E S E N VO LV I M E N T O
Comissão de estudo discute NBR 15.270 em São Paulo A segunda reunião do ano da comissão foi realizada no dia 23 de fevereiro, na sede da Acervir
Fotos: Acervir
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A segunda reunião do ano de 2016 da Comissão de Estudo Especial de Cerâmica Vermelha (ABNT/CEE-179) foi realizada no dia 23 de fevereiro, na sede da Associação das Cerâmicas Vermelhas de Itu e Região (Acervir), em São Paulo. O encontro serviu para discutir a revisão da ABNT NBR 15.270 – Componentes Cerâmicos. Participaram da reunião aproximadamente 40 pessoas, entre ceramistas, representantes de laboratórios e da sociedade civil. Segundo o gerente técnico da Anicer e secretário da ABNT/CEE-179, Bruno Frasson, a reunião marcou o fechamento da revisão. “Nesta última reunião, foi finalizada a discussão da antiga parte 3 (Métodos de ensaio), passando agora a ser a parte 2 da norma no projeto de norma. Além disso, discutimos as tolerâncias dimensionais de septos e paredes para blocos de vedação convencional. As discussões sobre a norma se iniciaram em fevereiro/2015, já as revisões são feitas desde abril/2015”, disse. Conforme o gerente técnico da Anicer, as alterações na norma seguem os preceitos internacionais de atualização de Normas Técnicas. “A ABNT revisita o conteúdo de suas Normas Brasileiras a cada cinco anos da sua publicação ou a última confirmação quando for o caso. Este processo é denominado de Análise Sistemática”. Além disso, conforme Frasson, houve necessidade de mudança, já que de 2005 (ano de publicação NBR da 15.270) até hoje, o mercado mudou. “A norma estava defasada em alguns aspectos e também desalinhada com relação a portaria 558/2013 do Inmetro, ou seja, no quesito identificação, a norma tinha um requisito e a portaria outro” explicou. A última reunião para discutir possíveis mudanças, até o fechamento desta edição, ocorreu no dia 23 de fevereiro, contudo, já houveram outras sete reuniões ao longo de 2015. “Passamos 2015 discutindo a revisão da NBR
Estudo Especial de Cerâmica Vermelha (ABNT/ CEE-179) tem como objetivo promover discussões a fim de modernizar e atualizar as normativas à realidade do setor no mercado e reúne fabricantes, consumidores e neutros”, finalizou Frasson.
Principais mudanças propostas no projeto da norma
D E S E N VO LV I M E N T O
15.270 – Componentes Cerâmicos e, na reunião do dia 23, praticamente se consolidou o que vinha sendo discutido”, pontuou Frasson. “Tivemos reuniões com mais de 60 participantes”, esclareceu. Outras reuniões serão agendadas ainda neste ano. Depois disso, a norma será disponibilizada para consulta pública por 60 dias. O objetivo da comissão é a normalização no campo de cerâmica vermelha industrializada, compreendendo tijolos, blocos, telhas, componentes para lajes, componentes vazados de alvenaria, tubos e conexões cerâmicos, no que diz respeito à terminologia, requisitos, métodos de ensaio e procedimentos. “A Comissão de
As principais mudanças propostas no projeto da norma, conforme Frasson, são: • A parte 1 foi unificada com parte 2, e ficará da seguinte forma: Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação — Terminologia e requisitos; Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação — Métodos de ensaio. • Os blocos cerâmicos serão comercializados por unidade e não mais por milheiro; • Os blocos cerâmicos serão comercializados conforme sua aplicação – VED15, VED30, EST40, EST60 e acima. As denominações 15, 30, 40, e assim por diante, indicam a resistência característica mínima do bloco em kN/cm². A classificação VED indica uso exclusivo para vedação. A classificação EST indica uso para vedação e estrutural. • Para alvenaria convencional ou racionalizada, os blocos de vedação certificados ou qualificados pelo PSQ – Programa Setorial da Qualidade, podem ser dispensados de inspeção na obra, exceto para o requisito de aspectos visuais. • Limite máximo de absorção de água, passou de 22% para: - 20% para blocos para alvenaria racionalizada e estrutural - 25% para blocos de vedação. • Inclusão dos ensaios de densidade aparente e de eflorescência, ambos com caráter informativo, ou seja, não serão obrigatórios. Contudo, serão de grande importância para respaldo dos ceramistas. “É importante ressaltar que o projeto de norma ainda será submetido à Consulta Nacional para apreciação da sociedade por 60 dias. Durante esse período, qualquer pessoa ou entidade interessada pode se manifestar, sem qualquer ônus, a fim de recomendar à CEE-179 a aprovação do texto como apresentado; a aprovação do texto com sugestões; ou sua não aprovação, devendo para tal apresentar as objeções técnicas que justifiquem sua manifestação. Nesta fase, é tratado como projeto de norma e não possui valor normativo. Nesse interim a 15.270:2005 norma continua em vigor”, ressaltou Frasson. NC
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TECNOLOGIA
Como a tecnologia pode ajudar as empresas em tempos de crise A automatização é fundamental para a otimização do processo produtivo na indústria
Em tempos de crise, como o atual momento que vive o Brasil, investir em automação se torna um desafio ainda maior. Porém, conforme o engenheiro e arquiteto técnico, na Espanha, Roberto Diaz Rubio, a tecnologia é um fator de grande importância. “A automatização é fundamental para a otimização do processo produtivo – fator fundamental para a melhora da qualidade do produto – e
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para alcançar aumento de rentabilidade, produção e eficiência, assim como uma redução de custos”, disse ele, que também é mestre em Avaliação de Impacto Ambiental, mestre em Inovação Tecnológica em Construção e assessor em cerâmica. Rubio ainda afirmou, tomando como referência a experiência vivida em outros países, que é possível investir em tempos de crise. Ele acrescentou que a automatização de qualquer processo produtivo não deve ser considerada como uma despesa, mas um investimento que vai proporcionar redução de custos e otimização do processo de produção. “A automação sempre significa um aumento da eficiência do processo, e isto vai significar, em todos os casos, uma maior rentabilidade e benefício para as empresas. O importante é ter a percepção da oportunida-
mentada com a experiência adquirida no setor cerâmico em quase 20 anos de profissão, me permitiu ter uma visão global de todos os fatores que influenciam o "sucesso" de uma construção com cerâmica estrutural, que vai desde uma boa escolha e controle de matérias-primas, para o potencial de reutilização do produto no final da sua vida útil, mediante as condições de fabrico, até o projeto arquitetônico e a qualidade da execução da solução de construção”, disse. “Assim, a indústria cerâmica, como um espelho da realidade social, deve ser concebida como um setor global e moderno, onde qualquer modificação dos parâmetros do produto (dosagem de matérias-primas, temperatura, etc.) terá sua resposta no comportamento e desempenho do produto cerâmico durante toda a vida útil do edifício. É essencial ter um processo de produção moderno, padronizado, controlado, a fim de oferecer um produto de qualidade e adaptado às necessidades do mercado, o tempo todo”, acrescentou. Rubio ainda falou que o ceramista brasileiro, como um empreendedor na indústria da construção, deve estar ciente, que a automação da indústria da construção não é uma visão futurista, e sim uma realidade atual, e que os requisitos técnicos, funcionais, ambientais e design, só são possíveis com processos automatizados, padronizados e eficientes. “Estamos na era da tecnologia, onde a automação ajuda a alcançar a otimização do processo, gerar valor e aumentar a rentabilidade da empresa, mesmo em tempo de crise”, finalizou.
TECNOLOGIA
de fornecida pela automação, por pequena que seja, para maior eficiência do processo de produção”, complementou. Também é preciso rejeitar, segundo o engenheiro, o mito de que a automação significa perda de empregos na indústria, por uma menor necessidade de mão de obra. “No ambiente global em que vivemos, é fundamental ser capaz de simplificar as operações produtivas, neste caso, por meio da automação, para alcançar maior especialização de postos de trabalho, de modo que se reduza erros, permitindo ser mais eficiente. Por outro lado, a redução de mão de obra destinadas a tarefas de baixo valor agregado (abrangidos pelo processo de automatização), vai permitir à empresa, independente de seu tamanho, demandar recursos humanos para que desenvolvam atividades de maior valor agregado, como controle de qualidade e desenvolvimento de novos produtos. Portanto, a automação sempre assumirá um aumento da qualificação e nível de conhecimento dos recursos humanos da empresa, nunca uma perda de postos de trabalho”, esclareceu. De acordo com Rubio, a automatização significa eficiência de processo e, na indústria cerâmica, a eficiência no processo produtivo também resulta em um menor impacto ambiental e redução da poluição. Ainda segundo o arquiteto, a automatização também permite flexibilidade de adaptação a novos produtos exigidos pelo mercado. Para o ceramista, fabricar produtos inovadores, de baixo impacto ambiental, representa uma vantagem competitiva significativa e um importante diferencial. "Minha formação como arquiteto, comple-
Benefícios da automação -Eficiência no processo de produção. Racionalização de energia e matérias-primas; -Redução dos custos de operação e manutenção; -Trabalhos mais especializados e maior qualificação. Incorporação do conhecimento na cadeia de valor da empresa; -Melhoria da qualidade do produto e a padronização do processo; -Flexibilidade no desenvolvimento de novos produtos. Menor impacto ambiental. NC
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ENTREVISTA
Unidos pelo setor A entrevista especial deste mês é com o novo presidente da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), Natel Henrique Farias de Moraes. Eleito para comandar a associação para o triênio 2016-2019, ele fala da importância da união do setor, dos planos para a associação e do papel da Anicer. O empresário também é presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmicas do Estado de Mato Grosso do Sul (Sindicer-MS) e dono de indústrias do setor em Rio Verde e Campo Grande, também de MS. Temos que levar o papel de continuar disseminando o nome da Anicer nos vários âmbitos do cenário nacional. Vamos continuar a integrar o setor, unindo as associações, sindicatos e demais entidades governamentais e privadas. Num panorama de mais de 6 mil empresas em todo o país, nosso diferencial é ser competitivo no mercado, pois temos o bloco cerâmico como um produto de qualidade superior e referência de mercado, que vem se fortalecendo com programas de qualificação, como o PSQ/ PBQP-H.
Foto: Divulgação / Anicer
NC - É a primeira vez que o senhor assume a presidência da Anicer? O que acredita ser seu maior desafio como novo presidente da associação? NHFdM - Sim, é a primeira vez. Temos vários desafios para os próximos anos. Um dos nossos maiores desafios é restabelecer a parceria com os fabricantes de máquinas e equipamentos (Anfamec). Acredito que juntos poderemos contribuir muito para o setor de cerâmica vermelha.
NC - Qual o papel da Anicer no desenvolvimento do setor? Natel Henrique Farias de Moraes - A cerâmica é um segmento importante na cadeia da construção civil e, como todo segmento desse porte tem demandas grandes, a Anicer exerce um papel muito grande sobre o setor: o de representá-lo diante de todas as entidades nacionais.
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NC - Atualmente a Anicer tem quantos associados? Como pretende aumentar este número? NHFdM - Contamos hoje com 177 associados. Primeiro vamos ouvir o ceramista, saber o que ele precisa. A Anicer precisa fazer parte da vida cotidiana do ceramista, ser uma associação útil para o seu associado. Não estou dizendo que hoje não é útil,e sim que, para uma certa quantidade, ela atende as necessidades, entretanto, pode ser que para outra parte, não atenda. Logo, temos
NC - Como entrou no mercado de cerâmica vermelha? O que produz? NHFdM - Eu não entrei no mercado de cerâmica vermelha, eu nasci neste setor. Sou a 4ª geração da família envolvida com cerâmica. Desde criança eu, minhas irmãs e meus primos brincávamos no fundo da cerâmica, era uma bagunça ir ao estoque de argila, principalmente quando chovia. NC - Qual o maior benefício em se associar a uma instituição como a Anicer? NHFdM - O maior benefício em ser um sócio Anicer é fazer parte de uma associação que tem reconhecimento nacional em todos os órgãos ligados ao setor e que contribui diariamente pela expansão do segmento. Com 24 anos de serviços prestados à indústria de cerâmica vermelha, a Anicer atua como representante do setor, sempre em busca de benefícios e melhores condições. Para tanto, representa e defende os interesses do ceramista, buscando oportunidades para enfatizar a posição de destaque que tem hoje na cadeia produtiva da construção civil. NC - O que a Anicer oferece aos seus associados? NHFdM - Entre os benefícios já citados na resposta anterior, o associado Anicer também conta com recebimento gratuito das publicações da associação (Revista e Intervalo Cerâmico), boletins de notícias sobre o setor, desconto nas Clínicas do Encontro Nacional, gratuidade no acesso à Expoanicer, desconto na taxa de adesão e renovação do PSQ e desconto no ingresso a delegações internacionais, entre outros. Além disso, a associação está sempre oferecendo consultorias para o desenvolvimento das cerâmicas em todo o Brasil, com parcerias importantes e preços acessíveis às micro e pequenas empresas cerâmicas, como o ANSE (Anicer na sua Empresa), o Conheça o seu Produto pela Avaliação da Conformidade e o Cerâmica Sustentável é + Vida, que já atendeu a mais de 400 cerâmicas em todo o País e tem como meta alcançar o atendimento a 600 cerâmicas NC - Quais as novidades do 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha que em
2016 será realizado em São Paulo? NHFdM - Os encontros nacionais sempre trazem novidades. Minha visão é muito simples: o Encontro Nacional é um evento onde o ceramista tem que ir, não somente para reencontrar os amigos, mais sim para participar de algo que terá toda uma estrutura preparada para ajudá-lo a ter resultados diretos na empresa. Veja bem, queremos ter palestras e clínicas com temas que façam parte da vida do ceramista, mas ele não tem noção de como resolver e precisa de algumas outras orientações. Queremos poder levar palestrantes que irão contribuir nas decisões que os ceramistas irão tomar em sua empresa. O momento é de crise, mas é na crise que também fazemos bons negócios. Desde o final do ano passado, a Anicer vem convidando os associados da Anfamec para que ampliem a sua participação na Expoanicer, exibindo máquinas e equipamentos, pois tanto os ceramistas como os fabricantes precisam estar unidos para superar essa crise e o Encontro Nacional é o ambiente mais propício para resolvermos as nossas diferenças e fazermos um evento muito proveitoso para ambas as partes. Claro que teremos novidades, que serão divulgadas nos próximos meses, conforme o plano de comunicação do Evento.
ENTREVISTA
que nos estruturar para trazer novos ceramistas.
NC - Como avalia a indústria de cerâmica vermelha brasileira? NHFdM - É um segmento formado por micro e pequenas empresas, como a grande maioria de outros segmentos no Brasil, logo, atendem as mesmas responsabilidades de uma grande empresa, como por exemplo: todo ceramista é minerador por natureza, porém, ele segue as mesmas regras de mineração que uma grande mineradora. Isso é apenas um fator, mas existem muitos outros que fazem do empresário deste setor um grande lutador. Na minha avaliação, é um setor que está sempre em desenvolvimento, que tem uma capacidade muito forte de assimilar mercado e onde os empresários são grandes lutadores. NC - Como está o cenário atual e como a Anicer pode atuar para melhorar? NHFdM - O cenário é desafiador e sabemos que teremos um ano um pouco menos negativo, mas ainda com muitas dificuldades. Com a queda dos investimentos nos programas habitacionais, o setor vive um cenário de muitas
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ENTREVISTA
demissões e fechamentos de parques fabris. Nós, da Anicer, teremos um trabalho árduo pela frente e iremos monitorar as cinco regiões do país para ajudar o ceramista neste momento delicado. Além disso, também iremos buscar o diálogo junto ao governo federal na tentativa de reaquecer os programas habitacionais. NC - O que gostaria de dizer para o ceramista Cesar Vergílio Oliveira Gonçalves, quem o senhor vai suceder? NHFdM - Suceder o Cesar é uma tarefa muito difícil, ele é uma pessoa extremamente apaixonada pela Anicer e pela Cerâmica Vermelha. Se dedicou muito para que a associação tivesse um lugar de destaque no cenário nacional. Muitas vezes, deixou os seus afazeres particulares para se dedicar às ações que competem ao cargo de presidente da instituição. O Cesar é um grande presidente e tem toda a sua história de conquistas para o setor. Tenho uma responsabilidade muito grande em sucedê-lo e só posso agradecer pelo seu apoio e pelas palavras de incentivo. NC - Quais são as perspectivas da associação em relação ao crescimento do mercado em 2016? NHFdM - Nossa perspectiva é de confiança de que dias melhores virão. Teremos um ano difícil, com toda esta instabilidade política, mas estamos esperançosos de voltar a crescer ainda no segundo semestre de 2016. O ano passado foi um ano muito movimentado, em que o Brasil se viu em meio à crise econômica/política e a expectativa para este ano é de mais dificuldades e muitas incertezas. Entretanto, tudo vai depender do governo federal recuperar a governabilidade. Acredito que se resolvermos a crise política, com certeza, o cenário fica menos pessimista para o mercado econômico. O governo já anunciou que fará um programa para reaquecer a construção civil, isso ajudaria o setor que, uma vez estimulado, tem capacidade de reagir rapidamente e, com isso, criar mais emprego e renda. NC - Quais são os projetos que estão sendo desenvolvidos pela entidade que podem ser destacados? NHFdM - A continuidade em destacarmos a importância do PSQ para os produtos cerâmicos; o fortalecimento da nossa parceria com a Anamaco, para aumentarmos a co-
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brança do PSQ dos produtos vendidos em lojas de materiais de construção; e projeto de assessoria para formação de preço e custo gerencial, entre outros. NC - O que o senhor espera concluir, de projetos e atividades para o setor, até o fim do mandato? Qual a sua meta? NHFdM - A expectativa é sempre entregar um mandato pelo menos um pouco melhor do que quando assumimos. As expectativas são grandes e os desafios maiores ainda. Temos a meta de concluir todos os programas já assumidos pela diretoria anterior e dar início a novos projetos. Temos ainda como meta alavancar o setor cerâmico no cenário nacional, ampliando as empresas qualificadas no PSQ/ PBPQ-H e levando projetos de consultorias que vão fazer a diferença no cotidiano da indústria. NC - Como o senhor analisa o atual cenário da política brasileira? De que forma tem afetado o setor? NHFdM - Veja bem, a crise política tem várias vertentes e muitas explicações, mas a razão principal é que acabou o dinheiro, e na casa onde falta pão todo mundo briga e ninguém tem razão. Como já disse, não será uma tarefa muito fácil, pois o cenário da construção civil está muito difícil. O governo federal precisa incentivar novos programas habitacionais e, em paralelo, a Anicer deve continuar unindo o setor para trabalharmos em conjunto, pois o que vemos são muitas entidades trabalhando de maneira independente. A cerâmica vermelha brasileira é formada principalmente por pequenas empresas que sempre têm dificuldades na obtenção de créditos, então, conscientizar o ceramista da importância de buscar a qualificação de seus produtos para participação em obras do governo federal, será uma das nossas principais metas. NC - O que os ceramistas brasileiros devem seguir como exemplo dos ceramistas europeus? NHFdM - Na Europa, vi fábricas altamente modernas e produtivas. Acho que os produtos feitos pelos ceramistas europeus são de uma qualidade impecável e acredito que devemos ter esse conceito de qualidade para os nossos produtos. NC
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TECNOLOGIA
Cerâmica de SP economiza após investir em automação Proprietário da indústria investiu em automações para melhorar o processo produtivo da fábrica
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Com o intuito de diminuir custos, o empresário Vicente Antonio Elias, proprietário da cerâmica Mariah, de Tatuí, São Paulo, investiu em automações para melhorar o processo produtivo da fábrica. O ceramista adquiriu um descarregador de vagonetas do secador mecânico e um carregador de vagões do forno com pinças sobre ponte rolante. Os equipamentos, fornecidos pela Thermo Industrial, empresa fabricante de equipamentos localizada em Brusque (SC), proporcionaram economia de mão de obra na empresa do ceramista. O descarregador de vagonetas do secador proporcionou economia de cinco homens. Também houve economia com a diminuição das quebras provenientes do manuseio e na pinça, onde a economia foi em torno de dez homens. “A diminuição de
TECNOLOGIA
quebras em função do manuseio e uma melhora na queima e economia de combustível foi de 4 a 5% em função dos espaços deixados entre cargas, que manualmente não se consegue deixar. Além disso, houve uma redução de 80% no risco de queda de carga dentro do forno”, contou o diretor da Thermo, Amarildo da Silva. “Os equipamentos, em funcionamento na cerâmica desde janeiro de 2016, trouxeram ainda benefícios como redução no desperdício de matéria-prima em relação ao produto final, rapidez no processo e qualidade para a cerâmica Mariah”, confirmou o proprietário da empresa que está no mercado desde de 1994, e hoje fabrica 7 mil toneladas de blocos, capa de lajes e tijolos.
Os equipamentos Segundo Silva, o descarregador de vagonetas do secador faz a descarga das vagonetas automaticamente e o carregador de vagões a carga dos vagões do forno túnel. Já a pinça faz a carga dos vagões do forno e pode ser adaptada em robôs ou ponte rolante, que é o caso da cerâmica Mariah. Os benefícios destes automatismos são di-
minuição de mão de obra, menor contato com os materiais e redução de quebras em função do manuseio. “Hoje a automatização das cerâmicas é questão de sobrevivência, pois permitem maior produção e diminuição significativa no custo final dos produtos”, finalizou o proprietário da Thermo. NC
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Estudo das eflorescências nas alvenarias através da condutividade elétrica Trabalho apresentado no 59º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 17 a 20 de maio de 2015, Aracaju
I. J. C. Ribeiro¹, J. R. P. Leite¹, C. J. B. Melo¹, R. F. Leal¹, A. A. M. Oliveira¹ ¹Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, Campus Monteiro
Introdução Resumo Muitas são as manifestações patológicas que afetam as edificações, entre elas estão aquelas provocadas por sais solúveis, presentes no solo, na água subterrânea e nos materiais de construção e, geralmente, identificados por manchas esbranquiçadas conhecidas como eflorescências. Esse tipo de patologia tem causado prejuízos aos moradores e construtores, pois muitas edificações são reformadas anualmente e o problema persiste. O objetivo da pesquisa é determinar a porcentagem de sais eflorescentes e, para isso, foram coletadas amostras de alvenarias e rebocos em doze edificações doentes e, através da metodologia da EMBRAPA (1997) - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, realizar o ensaio de condutividade elétrica e verificar qual a porcentagem de sais presentes, formulando limites inferiores e superiores que provocam esse tipo de patologia. Os resultados variaram de 0,25% a 46,91% e foram coerentes com as observações in loco, mostrando que esse valor mínimo é passível de provocar manchas e destruição do reboco.
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Muitas cidades do interior do estado da Paraíba apresentam edificações com manifestações patológicas ocasionadas por sais solúveis. Esse tipo de problema patológico causa prejuízos aos moradores, pois a maioria faz a manutenção e, em menos de um ano, o problema volta a aparecer, provocando a destruição do revestimento e, em alguns casos, danificando a alvenaria de blocos cerâmicos. Medidas que visam ocultar os problemas como a instalação de elementos impedindo a visualização dos danos funciona como um paliativo, permitindo a funcionalidade da edificação por pouco tempo(1). Os sais solúveis, responsáveis pela ocorrência desse tipo de manifestação patológica, estão presentes no solo, na água subterrânea, nos materiais de construção e na atmosfera, provocando manchas esbranquiçadas nas superfícies das alvenarias denominadas de eflorescências e, durante os ciclos de molhagem e secagem, provoca a desagregação do revestimento(2). Durante observações e pesquisas nas edificações da cidade de Monteiro-PB, foi constatado que 90% das residências visitadas apresentavam manifestações patológicas e a maioria se origina da presença de sais solúveis(3). Tendo em vista a grande quantidade de problemas gerados por sais, priorizamos como objetivo pesquisar a quantidade de sais que é capaz de destruir revestimentos e alvenarias, portanto o propósito do trabalho é determinar a condutividade elétrica através da metodologia da
Revisão bibliográfica Os sais solúveis são os principais agentes da degradação dos materiais de construção porosos, e um motivo de grande frustração para as pessoas envolvidas na construção e conservação das edificações. Esse tipo de manifestação, além de afetar esteticamente o ambiente interno e externo, causa problemas de insalubridade e contribuem no aceleramento e deterioração dos materiais de construção contaminados(4). A ação dos sais solúveis em edifícios antigos é hoje considerada uma das principais causas de degradação, causando problemas de nível estético, de diminuição das condições de habitabilidade, de perda de vestígios históricos e da possível diminuição da segurança estrutural do edifício. Embora a degradação por sais solúveis seja um problema muito frequente nas construções antigas, muitas vezes os técnicos que o tentam solucionar não possuem o conhecimento suficiente na área para darem uma eficiente resposta ao mesmo. Assim sendo, ocorrem ações de controle e reparação de anomalias que são mal planejadas ou deficientemente executadas e, por isso, podem levar ao agravamento do problema ou a reparações recorrentes que implicam gastos monetários avultados(5).
Os sais no solo e na água provocam problemas nas edificações, principalmente nos rebocos, quando migram através da alvenaria por meio da umidade ascendente, formando depósitos nas superfícies das peças, geralmente de cor branca, denominado de eflorescência, ocorrendo após vários ciclos de molhagem e secagem em ambientes com intensa evaporação(6). Os sais originam-se durante o processo de formação do solo ou então são trazidos por movimentos de águas subterrâneas. O termo sais solúveis quando aplicado a solo, designa aqueles constituintes que apresentam apreciável solubilidade em água. Do ponto de vista agronômico, um solo se torna salinizado quando apresenta uma alta concentração de sais solúveis ou de sódio trocável ou ambos, ou seja, quando a condutividade elétrica apresenta valores superiores a 4,0 mmhos/cm a 25ºC, pH abaixo de 8,5 e Porcentagem de Sódio Trocável abaixo de 15% (solo salino) e isso ocorre quando as condições climáticas são desfavoráveis(7). Do ponto de vista da construção, a Associação Brasileira de Normas Técnicas(12) estabelece o teor de sais na água de amassamento do concreto armado, cujos valores de cloretos e sulfatos não deve exceder 1000 mg/l e 2000 mg/l, respectivamente, podendo baixar para 500 mg/l no caso de concreto protendido e para o concreto simples, os cloretos podem chegar a 4500 mg/l e além de outras características a norma adota pH igual ou superior a cinco. Como afirma Ribeiro(1), nem todos os sais causam problemas para as edificações, sendo necessário atender as características de solubilidade e higroscopicidade. O grau de solubilidade é a capacidade dos sais se dissolverem em meio aquoso e a higroscopicidade é a condição em que o sal adsorve água do meio ambiente. Ainda segundo Ribeiro(1) os sais podem aumentar de volume, causando efeito similar ao do gelo, sendo que esta condição só acontece mediante temperatura elevada e umidade frequente. A gravidade que as eflorescências podem apresentar varia conforme o local onde se depositam os sais. Em geral não apresentam danos que interfiram na integridade
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ARTIGO TÉCNICO
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)(11) e, a partir dela, quantificar a porcentagem de sais nos revestimentos e alvenarias doentes e, para tanto, foram coletadas amostras de rebocos e alvenarias afetadas por patologias de sais solúveis em edificações de vários bairros da cidade, verificando a porcentagem mínima e máxima de sais que provocam eflorescências. As edificações foram escolhidas por apresentarem alta destruição do revestimento (reboco) e pelo livre consentimento dos moradores em fornecer as amostras, como também por convite direto à equipe para solucionar seus problemas.
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das paredes, podendo originar apenas danos estéticos. No entanto, estes sais podem ser reabsorvidos e migrarem para o interior das paredes e por sua vez recristalizarem criando criptoflorescências. O fenômeno de criptoflorescência provoca estragos em paredes antigas, uma vez que são normalmente constituídas por materiais porosos e hidrófilos, sendo de fácil absorção e acumulação de água e sais no seu interior e são constituídas por argamassas com pouca coesão, estando susceptíveis às pressões que as criptoflorescências exercem. Na maioria dos edifícios antigos, as paredes exteriores, onde muitas vezes se apresentam depósitos salinos, têm funções estruturais, tornando os efeitos dos sais ainda mais graves(8). Segundo pesquisa desenvolvida por Ribeiro(2), a quantidade de sais presentes em blocos cerâmicos furados suficientes para provocar eflorescências, variou de 0,004% a 0,176%, obtidos a partir do ensaio de condutividade elétrica e, quando comparados com o ensaio de eflorescência(9) apresentou boa correlação linear, ou seja, quanto mais manchas de sais tinha o bloco, mais elevada a condutividade elétrica e, consequentemente maior quantidade de sais. Cabe salientar, como exposto por Menezes et al.(10), que a formação de eflorescências está relacionada a fatores de relativa complexidade, não sendo possível estabelecer um percentual de sais solúveis como limite único para todas as peças cerâmicas e para todas as circunstâncias. Uma solução salina tem a propriedade de conduzir corrente elétrica, uma vez que os sais podem se dissociar em cátions e ânions, sendo possível estimá-los a partir da medida desta corrente elétrica. Desta forma, mede-se, por meio de aparelho apropriado, denominado condutivímetro, a condutividade elétrica (CE) da solução do solo, fornecendo parâmetros para a estimativa da salinidade do substrato de um material qualquer, podendo ser medida por contato, fazendo passar uma corrente elétrica em eletrodos isolados, ou indiretamente, com o uso de corrente induzida por um campo magnético, sem contato com o solo(6).
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Materiais e métodos A metodologia desenvolvida durante a pesquisa foi realizada através de vistorias nas casas, observações visuais, fotografias e coleta das amostras com o auxílio de espátula e potes de polietileno com capacidade de armazenar 40g. A extração das amostras de sais solúveis nas alvenarias foi realizada por meio da raspagem da área afetada, da qual foi retirada cerca de 40g de reboco e/ou alvenaria, acondicionados em recipientes para serem analisados em laboratório. Através da metodologia da EMBRAPA(11), determinamos a condutividade elétrica, usando o condutivímetro de bancada para soluções aquosas Tecnopon, modelo CA 150, com faixa de leitura de 0 a 20 000 S.cm-1 (4 escalas), célula de condutividade tipo caneta e constante de eletrodo 1,0. As amostras de sais utilizadas nessa pesquisa foram retiradas de edificações com grau elevado de manifestação patológica, como podemos ver nas figuras 1 e 2. Os depósitos de sais observados nas edificações se apresentaram em formas de cristais prismáticos e a maioria eram eflorescências pulverulentas que formam agregados pouco coesos com o substrato e apresentam grãos muito finos. Muitas edificações apresentavam grande quantidade de cristais nas paredes até cerca de 1,20 m de altura, como também pontos escuros nas juntas das peças cerâmicas que revestiam banheiro e cozinha. A maioria das edificações era conjugada e com deficiência na ventilação e iluminação natural. As edificações foram escolhidas por apresentarem grande incidência de eflorescências e os moradores concordarem com a retirada da amostra. Algumas residências apresentaram eflorescências na alvenaria, pois todo o revestimento já tinha caído, como mostrado na figura 2. Para determinar a massa da amostra, foi usada a balança do tipo Marte com massa mínima de 0,5 g e precisão de 0,01g. Para obtenção do extrato solúvel, foi misturado 20g de amostra com 20 ml de água destilada e filtrada em papel filtro com diâmetro
Figura 1: Depósito salino com cristais pontiagudos no revestimento
Resultados e discussões
Figura 2: Eflorescências pulverulentas na alvenaria
Os resultados de condutividade elétrica e porcentagem de sais totais estão na Tabela 2. A porcentagem de sais foi determinada pela equação (A), com dados oriundos de Richards(7) e adaptado por Ribeiro(2.
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de 15,0 cm, gramatura de 80 g/m, espessura de 205,0 µm e permeabilidade ao ar de 14,0 l/s.m². O filtro foi adaptado a um funil acoplado a uma proveta para a filtração. O extrato obtido foi usado para determinar a condutividade elétrica e o pH, através do Phmetro digital de bancada PH-016 da marca Homis. Os dados das amostras, referentes ao tipo e localização da edificação, estão na tabela 1.
% Sais = CE x 640 x VA x 100 10³ x P
Onde, CE é o valor da condutividade elétrica (mS/cm); 640 é o fator de transformação em ppm (mg/l); VA é o volume de água destilada adicionada ao extrato (l); P é a massa da amostra (g). A análise da condutividade elétrica da amostra 13 referente à água destilada e amostra 14 referente à água de abastecimento, serviram para comparar com os resultados das outras amostras, pois a condutividade elétrica da água destilada deve ser aproximadamente zero. O valor obtido foi 0,028 mS/cm, o que corresponde 0,000028 S/cm que é praticamente zero, visto que adotamos duas casas decimais. Da mesma forma conferimos a água de abastecimento que apresentou 1,49 mS/cm, sendo inferior ao menor valor obtido nas amostras. Como podemos constatar na tabela 2, todas as amostras apresentaram quantidades significantes de sais, variando de 3,88 mS/
cm (0,25%) a 733,00 mS/cm (46,91%), correspondendo a valores mínimos e máximos. Se comparados aos valores encontrados na literatura teremos 0,02 mS/cm (0,004%) até 0,74 mS/cm (0,176%) que foram determinados por Ribeiro(2) em blocos cerâmicos furados fabricados no estado da Paraíba. É notável que a quantidade de sais nas alvenarias danificadas tende a aumentar, como também foi comprovado por Ribeiro(1) ao analisar tijolos danificados e não danificados em uma mes-
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ARTIGO TÉCNICO
Amostra
Tipo de
Localização da
Localização da
edificação
edificação
amostra
01
Unifamiliar padrão popular
Rua dos Pereiros
Parede da sala e do quarto
02
Unifamiliar padrão popular
Rua Aguinaldo Mendes de Lima
Parede da sala e do quarto
03
Unifamiliar de padrão alto
Rua Coronel Manoel Rafael
Paredes dos quartos, da sala e varanda
04
Unifamiliar padrão popular
Rua Doroteu Ferreira
Parede da sala, do quarto e da cozinha
05
Unifamiliar de padrão popular
Rua Paulo Tomás de Aquino
Parede da sala em grande quantidade e varanda
06
Unifamiliar de padrão popular
Rua do canal
Parede da sala.
07
Unifamiliar de padrão médio Unifamiliar de padrão médio
Rua Inocêncio Lopes de Almeida Rua Manoel Teotônio
Parede da sala
09
Unifamiliar de padrão médio
Rua José Leite de Sousa
Parede do quarto
10
Unifamiliar de padrão popular Unifamiliar de padrão popular Instituto Federal (escola)
Rua José Augusto Gomes Rua Antenor Navarro Rodovia PB 264, Vila Santa Maria
Parede da sala
08
11 12
Parede da cozinha
Parede da sala e dos quartos Parede da rampa principal de acesso aos blocos de aulas
Tabela 1 - Dados referentes às amostras coletadas na cidade de Monteiro-PB
Amostra
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13* 14**
Condutividade Elétrica/25°C (mS/cm) 18,93 566,20 504,30 30,91 24,18 511,70 733,00 3,88 212,40 120,80 16,55 126,70 0,028 1,49
Quantidade de Sais Totais (mg/l) 12115,20 362368,00 322752,00 19782,40 15475,20 327488,00 469120,00 2483,20 135936,00 77312,00 10592,00 81088,00 -----
% Sais Totais
pH
1,21 36,24 32,27 1,98 1,55 32,75 46,91 0,25 13,59 7,73 1,06 8,11 -----
5,48 4,28 6,43 7,81 7,68 4,44 5,14 7,95 6,90 7,72 8,90 7,98 -----
Tabela 2 - Condutividade elétrica, pH e sais totais
* Valor determinado diretamente na água destilada ** Valor determinado diretamente na água potável (abastecimento da cidade)
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ma parede e os teores de sais aumentaram quando aparecem as eflorescências. Os valores mínimo e máximo da condutividade elétrica foram 3,88 mS/cm na amostra 08 e 733,00 mS/cm na amostra 07, correspondendo a 2483,20 mg/l e 469120,00 mg/l, respectivamente. Ao conferir a normatização da Associação Brasileira de Normas Técnicas sobre o teor de sais no concreto armado(12), constatamos que o limite para os sais cloretos e sulfatos não deve exceder 1000 mg/l e 2000 mg/l. Portanto, a alvenaria e reboco afetados por sais podem prejudicar o concreto armado, pois apresentaram quantidades superiores de sais e, normalmente a alvenaria está junto a peças estruturais de concreto armado. Mesmo sabendo que os valores encontrados na pesquisa correspondem ao teor total de sais, mas é um valor extremamente alto que pode provocar a destruição do revestimento e da alvenaria e afetar a armadura, visto que a umidade ascendente pode lixiviar os sais para o interior das peças. Os valores de pH variaram de 4,28 (amostra 02) até 8,90 (amostra 11). De acordo com a ABNT (12) apenas a amostra 02 e 06 apresentaram valores inferiores a cinco, mas do ponto de vista agronômico, todas as amostras tem pH inferior a 8,50, com exceção da amostra 11.
Conclusões correspondendo a valores mínimos e máximos. Se comparados aos valores encontrados na literatura teremos 0,02 mS/ cm (0,004%) até 0,74 mS/cm (0,176%) que foram determinados por Ribeiro(2) em blocos cerâmicos furados fabricados no estado da Paraíba. É notável que a quantidade de sais nas alvenarias danificadas tende a aumentar, como também foi comprovado por Ribeiro(1) ao analisar tijolos danificados e não danificados em uma mesma parede e os teores de sais aumentaram quando aparecem as eflorescências. Os valores mínimo e máximo da condutividade elétrica foram 3,88 mS/cm na amostra
pesquisa correspondem ao teor total de sais, mas é um valor extremamente alto que pode provocar a destruição do revestimento e da alvenaria e afetar a armadura, visto que a umidade ascendente pode lixiviar os sais para o interior das peças. Os valores de pH variaram de 4,28 (amostra 02) até 8,90 (amostra 11). De acordo com a ABNT (12) apenas a amostra 02 e 06 apresentaram valores inferiores a cinco, mas do ponto de vista agronômico, todas as amostras tem pH inferior a 8,50, com exceção da amostra 11.
Referências
ARTIGO TÉCNICO
08 e 733,00 mS/cm na amostra 07, correspondendo a 2483,20 mg/l e 469120,00 mg/l, respectivamente. Ao conferir a normatização da Associação Brasileira de Normas Técnicas sobre o teor de sais no concreto armado (12), constatamos que o limite para os sais cloretos e sulfatos não deve exceder 1000 mg/l e 2000 mg/l. Portanto, a alvenaria e reboco afetados por sais podem prejudicar o concreto armado, pois apresentaram quantidades superiores de sais e, normalmente a alvenaria está junto a peças estruturais de concreto armado. Mesmo sabendo que os valores encontrados na
(1) RIBEIRO. A. G. Ação de sais minerais solúveis em alvenaria de tijolos cerâmicos no município de Petrolina- PE. Dissertação (mestrado em engenharia civil) - Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2013, 144p. (2) RIBEIRO, I. J. C. Os sais solúveis na construção civil. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), 1996. Centro de Ciências e Tecnologia. UFPB, Campina Grande, 1996, 80 p. (3) LEITE, J. R. P.; SILVA, A. M. L.; RIBEIRO, I. J. C. Análises patológicas nas residências da cidade de Monteiro – PB. VIII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, Salvador, 2013. (4) BIANCHIN. A. C. Influência do proporcionamento dos materiais constituintes no desempenho de argamassas para reboco de recuperação de alvenarias contaminadas por umidade e sais. Dissertação (mestrado em engenharia civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999, 153p. (5) PUIM, P. G. A. C. Controle e reparação de anomalias devidas à presença de sais solúveis em edifícios antigos. Dissertação de Mestrado. Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2010. (6) FERNANDES, P. H. C. Estudo sobre a influência do massará no processo de formação de salitre em rebocos na região de Teresina – PI. Dissertação de Mestrado, UFRN, Natal, 2010. (7) RICHARDS, L. A. et al. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington: United States Salinity Laboratory, 160 p. USDA. Agriculture Handbook, 60, 1954. (8) TUNA, J. M. R. Caracterização in-situ de eflorescências e de outros compostos salinos em paramentos. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, 2011, 174 p. (9) ASTM C-67-92a - American Society Testing and Materials. Standard test methods of sampling and testing brick and structural clay tile, 2013. (10) MENEZES, R. R.; FERREIRA, H. S.; NEVES, G. A.; FERREIRA, H. C. “Sais solúveis e eflorescências em blocos cerâmicos e outros materiais de construção – revisão”. Cerâmica, v.52, 2006. pp. 37-49. (11) EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual de métodos de análise de solo. 2 ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1997. 212 p. (12) ABNT NBR 15900- Água para amassamento do concreto. Parte 1: Requisitos. Rio de Janeiro, 2009. NC
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