Revista Novacer Edição 66 Outubro 2015

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Entrevista com o engenheiro civil e professor da UFSCar Guilherme Aris Parsekian

Ano 6

Outubro/2015

Edição 66

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44º Encontro Nacional Feira realizada no Rio Grande do Sul reuniu empresários do setor interessados em inovação, tecnologia e conhecimento

Cerâmica de SP é referência em qualidade

Conheça a proposta dos 8Is para melhoria contínua

Ceramistas participam de curso sobre secagem e queima


O forno pode ser construído nos tamanhos de: 18,0m x 3,0m x 2,8m / 18 ,0m x 4,0m x 2,8m / 20,0m x 3,0m x 2,8m 20 ,0m x 4,0m x 2,8m / 24,0m x 3,0m x 2,8m / 24 ,0m x 4,0m x 2,8m

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SUMÁRIO

FEIRAS

16: Encontro Nacional de Cerâmica é realizado no Rio Grande do Sul

EDITORIAL

GESTÃO

DESENVOLVIMENTO

ENTREVISTA

12: Carta ao Ceramista

24: Proposta dos 8Is para melhoria contínua

28: Há 28 anos no mercado, cerâmica de SP é referência em qualidade

32: Alvenaria Estrutural

Diretor Geraldo Salvador Junior

direcao@novacer.com.br

revista@novacer.com.br Av. Centenário, 3773, Sala 804, Cep: 88801-000 - Criciúma - SC Centro Executivo Iceberg Fone/Fax: +55 (48) 3045-7865 +55 (48) 3045-7869

Comercial Moara Espindola Salvador

comercial@novacer.com.br

Administrativo Financeiro Felipe Souza

financeiro@novacer.com.br

Jornalista Responsável Juliana Nunes - SC04239-JP

redacao@novacer.com.br

Diagramação & Arte Jefferson Salvador Juliana Nunes

arte@novacer.com.br

Redação Juliana Nunes

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Fotografia & Marketing Digital Natanael Knabben revista@novacer.com.br

Impressão Gráfica Soller Tiragem 3500 exemplares

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Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados


DESENVOLVIMENTO

ARTIGO TÉCNICO

38: Ceramistas participam de curso sobre secagem e queima

40: AAvaliação das propriedades tecnológicas de uma massa cerâmica estrutural com adição de resíduo de telha

SUMÁRIO

Outubro 2015 GESTÃO 46: Empreendedorismo jovem e de sucesso

SEGURANÇA 49: Sindicer promove curso sobre Fiscalização do Trabalho

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Comentários, sugestões de pauta, críticas ou dúvidas podem ser encaminhadas para os e-mails redacao@novacer.com.br ou direcao@novacer.com.br Na internet Todas as edições podem ser visualizadas no site www.novacer.com.br Anuncie na NovaCer Divulgue sua marca. Atendimento pelo e-mail comercial@novacer.com.br Assinaturas: +55 48 3045.7865

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EDITORIAL

Carta ao Ceramista A edição deste mês da NovaCer traz a cobertura do 44º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha e a 18ª Exposição Internacional de Máquinas, Equipamentos, Automotivos, Serviços e Insumos para a Indústria Cerâmica (Expoanicer). O encontro ocorreu de 16 a 19 de setembro, no município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Com o objetivo de reunir empresários do setor interessados em inovação, tecnologia e conhecimento, o encontro recebeu 1.697 visitantes e participantes. Até o dia 18, o encontro contou com seis clínicas tecnológicas, seis minicursos e dois fóruns empresariais. Além disso, o encontro contou com entrega de certificado do PSQ, entrega do prêmio João-de-barro e Jovem Ceramista e show com a cantora Sandra de Sá. Confira ainda nesta edição uma reportagem especial com a cerâmica Conceição, de Elias Fausto, em São Paulo. Conheça

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um pouco mais da história desta empresa, que é especializada em fabricação de telhas cerâmicas e de concreto. Leia ainda a entrevista especial deste mês com o engenheiro civil e professor da UFSCar Guilherme Aris Parsekian. Nesta entrevista, ele fala sobre Alvenaria Estrutural. Conheça como surgiu o sistema, qual sua importância, como funciona e como deve ser a qualidade dos blocos, entre outros. O artigo técnico deste mês é o intitulado Avaliação das propriedades tecnológicas de uma massa cerâmica estrutural com adição de resíduo de telha. O trabalho foi apresentado no 57º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 19 a 22 de maio de 2013, em Natal, no Rio Grande do Norte. Aproveite a leitura!

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FEIRAS Foto: Anicer

Encontro Nacional de Cerâmica é realizado no Rio Grande do Sul A Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer) promoveu de 16 a 19 de setembro o 44º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha e a 18ª Exposição Internacional de Máquinas, Equipamentos, Automotivos, Serviços e Insumos para a Indústria Cerâmica (Expoanicer). O encontro deste ano ocorreu no Centro de Eventos da Fiergs, no município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O objetivo do evento foi reunir empresários do setor interessados em inovação, tecnologia e conhecimento. Durante os três dias o encontro recebeu 1.697 visitantes e participantes. Além do Brasil, prestigiaram o evento pessoas da Argentina, Bolívia, Colômbia e Paraguai. “O evento ultrapassou minhas expectativas em função do grande envolvimento e trabalho de toda a nossa equipe, incluindo também o pessoal do Sindicer/RS e muitos membros da di-

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retoria”, contou o presidente da Anicer, Cesar Gonçalves. “O encontro é uma conquista e uma marca do nosso setor. Este evento, além de trazer conhecimento técnico, exposição de máquinas e visitas técnicas, também proporciona ao ceramista a possibilidade de rever os amigos e trocar experiência com os demais colegas do setor”, disse o segundo vice-presidente da Anicer e presidente do Sindicer/MS, proprietário das Cerâmicas Campo Grande e Ceramitelha (MS), Natel Moraes. Até o dia 18, o encontro contou com seis clínicas tecnológicas, seis minicursos e dois fóruns empresariais. Entre os principais temas abordados estão energia, queima, secagem, licenciamento ambiental, normas, marketing e negócios. A solenidade oficial de abertura do Encon-


na categoria Ação Sustentável a Acervir Florestal foi quem levou o prêmio. A arte do troféu João-de-Barro 2015 é assinada pelo renomado artista plástico campineiro Afrânio Montemurro, artista nato, desenhista, pintor e aquarelista. Atualmente, dedica-se com maestria ímpar à arte da cerâmica. Pela primeira vez na história dos Encontros Nacionais, a entrega do Prêmio ocorreu em uma sexta-feira e foi totalmente gratuito para os participantes da 18ª Expoanicer. A noite do dia 18 contou ainda com o show da cantora carioca Sandra de Sá, que cantou sucessos como “Demônio Colorido”, “Solidão”, “Bye Bye Tristeza”, “Joga Fora” e “Olhos Coloridos”. A próxima edição do Encontro Nacional ocorrerá em São Paulo. “A expectativa é muito boa. Teremos um encontro no estado que tem a economia mais forte do País, onde estão cerâmicas com alta tecnologia e muitos fornecedores por perto. As associações e sindicatos de São Paulo e a Anicer já estão empenhados em realizar mais um grande evento”, disse o presidente da Anicer.

Foto: Anicer

FEIRAS

tro Nacional ocorreu na tarde do primeiro dia de evento e recepcionou os convidados com uma apresentação da Fábrica de Gaiteiros, um projeto do músico Renato Borghetti. A cerimônia contou com a presença de autoridades, representantes da indústria e do setor cerâmico e de renomadas instituições. Ainda durante a abertura, foram entregues os certificados de qualificação no Programa Setorial de Qualidade (PSQ), do PBQP-H, para as empresas que se adequaram às normas técnicas. Os convidados também conheceram a vencedora do Prêmio Jovem Ceramista 2015, a estudante do Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), Jordana Mariot Inocente. A jovem escreveu o trabalho intitulado “Estudo das perdas térmicas de um forno túnel brasileiro”, sob orientação do professor Vitor de Souza Nandi. A estudante recebeu, durante a solenidade de abertura do evento, o valor de R$ 1 mil em dinheiro. A premiada ainda contou com um espaço nos minicursos para apresentação oral do seu trabalho, e seu artigo também será publicado nas revistas Anicer e Cerâmica Industrial. Além disso, o custeio de toda a viagem foi por conta do Prêmio. “Agradeço muito à Anicer de dar a oportunidade a nós estudantes de mostrar nossos projetos e incentivar, pois sabemos que hoje em dia temos muita dificuldade em ser reconhecido com projetos estudantis. Ganhar este prêmio me deu, além de muito aprendizado com todas as clínicas e minicursos realizados na feira, grande oportunidade de contato com empresários de todo o Brasil, recebendo novas propostas de emprego e também muita procura para que eu pudesse envia-los e explicar um pouco melhor de como foi meu projeto”, contou Jordana, que que também levou o primeiro lugar na edição de 2013 do Prêmio. Também fez parte da programação do evento a entrega do Prêmio João-de-Barro, que prestigia personalidades e empresas que mais se destacaram ao longo do ano no setor. Neste ano, os vencedores foram Fernando Antônio Ibiapina Cunha/CE, na categoria Personalidade; Ceagra - Grupo Tavares/CE, na categoria Cerâmica; O Sindicercon/SP foi o vencedor da categoria melhor instituição; Na de Fornecedor, levou o prêmio a Verdés S.A. Máquinas e Instalações/SP; O prêmio de melhor estande ficou para Icon Estampos S/A; e

Jordana Mariot Inocente levou o primeiro lugar do Prêmio Jovem Ceramista 2015

Foto: Anicer

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FEIRAS

Clínicas Tecnológicas O professor Amando Alves de Oliveira abriu o ciclo de palestras da manhã do dia 16, primeiro dia do 44º Encontro Nacional de Cerâmica Vermelha. Ele abordou o tema “Regulagem de boquilhas: como adequá-las para obter qualidade e menor consumo energético”. Oliveira comentou sobre os avanços e soluções de peças mais elaboradas e que ainda existem defeitos que interferem no processo de conformação. Além disso, ele ressaltou que o problema também é devido à forma de utilização da boquilha e por não se ter conhecimento do comportamento da extrusora. “A maior parte do índice de reprovação de telhas está na extrusão”, aponta. O consultor técnico recomendou primeiro que se identifique aonde está o problema da regulagem de boquilha e que analise tecnicamente: “Não seria mais adequado perder uns 15 minutos para fazer a manutenção do que se perder um dia inteiro de produção?”, questionou. A segunda clínica foi mediada pelo presidente da Anicer, Cesar Gonçalves. Com o tema “A qualidade como oportunidade de negócio”, a palestra reuniu os representantes da Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Márcio Galvão Fonseca e Job Rodrigues Teixeira Junior, respectivamente. Cesar Gonçalves iniciou as apresentações dando um panorama das atividades da Associação com foco na qualidade, em seguida mostrou dados sobre o setor e de cerâmicas Foto: Geraldo Salvador Júnior / NovaCer

Amando Alves de Oliveira abordou o tema “Regulagem de boquilhas: como adequálas para obter qualidade e menor consumo energético 18

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qualificadas no Programa Setorial da Qualidade (PSQ), do PBQP-H, do Governo Federal. Com a palavra, Fonseca abordou sobre o programa de Olho na Qualidade, da Caixa Econômica, que dá suporte às famílias beneficiárias do programa federal Minha Casa Minha Vida (MCMV) após a entrega dos imóveis. Ele destacou como sendo fundamental a preocupação com a satisfação e a qualidade nas moradias. “E para se implantar corretamente um sistema de gestão de qualidade na habitação é essencial seguir um planejamento estratégico”. “Liderança: desenvolva seu gerente de produção” foi o tema da terceira clínica apresentada durante o Encontro Nacional. A palestra foi apresentada pelo consultor de empresas Fernando Fernandes e o engenheiro cerâmico Vitor Costa. Fernandes abordou sobre cinco fatores essenciais para motivação de uma equipe: reconhecimento do profissional; oportunidade de crescimento; bom ambiente de trabalho; salário; e saber ouvir o liderado ou colaborador. Segundo o consultor, é importante inspirar os colaboradores para se ter uma equipe comprometida e motivada. “As empresas são mais que equipamentos e empilhadeiras, é preciso encantar os funcionários”, disse. Fernandes apontou também sobre as principais falhas dos gerentes, como falta de foco, disciplina e estratégia. Depois, o engenheiro Costa falou sobre algumas das tarefas do gerente de produção e


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as características necessárias para este profissional. “As empresas do setor de cerâmica vermelha estão sentindo, no momento atual, um dos maiores desafios da sua existência: adaptação ao mercado e às exigências que este lhes obriga a ter. A adequação das empresas tem que começar dentro da própria organização funcional, onde o Líder da Produção terá que desempenhar não só funções técnicas, mas também outras de caráter social e, sobretudo, de liderança, gerindo o grupo de trabalho de modo a obter um resultado produtivo estável”, afirmou Costa. A quarta Clínica Tecnológica do 44º Encontro Nacional teve como tema “Minha cerâmica tem condições de fabricar bloco estrutural?”. Uma dúvida recorrente que alguns empresários encaram quando pretendem atender ao novo nicho de mercado. A palestra foi aberta pelo consultor técnico da Anicer, Edvaldo Maia, que falou sobre a evolução da alvenaria estrutural e as vantagens dos blocos cerâmicos para o sistema. Maia comentou também sobre o mercado, em que este sistema vem ganhando cada vez mais espaço na construção civil. Por fim, orientou por onde a indústria cerâmica deve começar para produzir o bloco estrutural. Na sequência, importantes nomes no comando de indústrias cerâmicas, e também na diretoria da Anicer, relataram sua experiência e os caminhos que percorreram ou estão percorrendo para entrar no mercado de alvenaria estrutural. O diretor de Relações Institucionais da Associação e presidente do Sindicer Médio Vale Paraíba/RJ, Luis Lima, recomendou cautela: “É preciso se estruturar e verificar se há mercado na sua região, por exemplo, não pode se aventurar”, disse o proprietário da cerâmica Argibem/RJ. A diretora da Anicer, Cláudia Volpini, membro do Sindicer/MS, relatou sobre seu interesse em começar a fabricar bloco estrutural na sua empresa, a cerâmica Volpini/MS. Cláudia disse: “Com as sugestões de Lima, buscarei estudar o mercado e me preparar para no médio/ longo prazo investir no segmento”. Por fim, o vice-presidente da Anicer e presidente do Sindicer/MG, Ralph Perrupato, exibiu um vídeo que conta a história da cerâmica Parapuan/MG. Fundada com a finalidade de produzir tubos para saneamento básico, devido à diminuição de mercado deste produto no

Foto: Anicer

país, a empresa mineira ampliou sua linha de produtos, passando a trabalhar também com blocos estruturais, entre outros tipos de materiais cerâmicos. Outra clínica tecnológica foi sobre “Como escolher o forno certo para o seu negócio? A palestra foi apresentada pelo consultor técnico da Anicer, Antônio Carlos Pimenta, e contou com a participação do consultor técnico da Anicer Vagner Oliveira, para falar sobre eficiência energética. Após apresentar os tipos de fornos existentes no mercado, Pimenta propôs cinco questões: Quais produtos? Quais matérias-primas? Quais combustíveis? Qual tecnologia? Quanto investir? Para ele, o ceramista precisa avaliar estes pontos na hora de escolher o forno ideal para sua indústria, a fim de obter mais qualidade, com menor custo. E por fim, o consultor destacou a importância de gerar indicadores e analisá-los para o melhor gerenciamento do equipamento, deixando a seguinte reflexão: “Forno não é secador”. Na sequência, Oliveira falou sobre como obter o melhor desempenho energético, ressaltando que a eficiência energética é baseada em leituras, informações e análises dos consumos térmicos e elétricos. No final, ele apresentou o software de gestão industrial para cerâmica que compõe a Consultoria de Eficiência Energética, do projeto Cerâmica Sustentável é + Vida, realizado pela Anicer em parceria com o Sebrae. O sistema gerencia indicadores de energia, disponibilizando relatórios de consumo.

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FEIRAS

Minicursos “O impacto das matérias-primas na secagem” foi o primeiro minicurso do evento. Ministrado pelo engenheiro Vitor Costa, contou com boa interação dos participantes, que puderam esclarecer dúvidas sobre o processo de secagem e a qualidade das matérias-primas. “Eficiência Energética: como obter o máximo rendimento de energia elétrica com segurança” foi outro tema. O palestrante foi consultor técnico da Anicer, Fábio Cruz. Ele abriu sua apresentação falando sobre o conceito e o objetivo da eficiência energética e da gestão do consumo de energia de uma instalação elétrica ou grupo de instalações. Em seguida, o especialista abordou sobre o Programa de Gestão Energética (PGE) e como implantá-lo, além de mostrar análises de indicadores de consumo e exemplos de inspeção termográfica que revelam percas térmicas. Outro tema que ganhou destaque durante o evento foi as “Principais NR’s aplicadas à Cerâmica Vermelha – Aplicação e casos de sucesso”, ministrada pelo engenheiro civil e de segurança no trabalho e consultor do conselho Fiergs, Sérgio Ussan, e pelo administrador e consultor técnico da Anicer, Isac Medeiros. Em sua apresentação, Ussan tratou de segurança, saúde e higiene no trabalho, destacando as normas regulamentadoras aplicadas aos temas. O especialista falou também sobre negligência, os documentos que uma empresa precisa providenciar, a responsabilidade do empregador e os benefícios e ônus de cumprir ou não cumprir o que se determina as normas. Foto: Anicer

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Em seguida, Medeiros, com sua experiência como consultor, tratou do universo de uma indústria cerâmica, mostrando a aplicabilidade das NR’s pelo setor e exemplos de condutas conformes e não conformes. “Licenciamento Ambiental e Recuperação de Áreas: o que você deve saber” também foi tema de minicurso no Encontro Nacional. O treinamento foi ministrado pela bióloga Sandra Gazem e pelo conselheiro de meio ambiente do Codema/Fiergs, Tiago José Pereira Neto. Sandra abordou a questão da recuperação de áreas degradadas, apresentando diversos exemplos de intervenções. Já Pereira Neto falou sobre o licenciamento ambiental, dando um panorama sobre o histórico da legislação, o conceito de licenciamento, as regras gerais, competências e etapas para licenciar. Já o minicurso “Tendências de Marketing e Vendas – Sua Cerâmica no Século XXI”, conforme prometido pelo comunicólogo Ricardo Leite, orador da vez, foi recheado de informações sobre estratégias de comunicação para ajudar os ceramistas a atingirem seus objetivos de negócio. Leite buscou apresentar ferramentas e formas de planejamento com o suporte de ações de marketing, em especial as tendências da inteligência digital. Marketing de conteúdo, SEO (Search Engine Optimization), e-mail marketing e site responsivo foram alguns dos assuntos colocados em destaque pelo especialista para que os ceramistas possam estar alinhados com este cenário.


Foto: Anicer

Foto: Anicer

Foto: Anicer

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Cerca de 100 marcas nacionais e internacionais participaram da 18ª Expoanicer. Além de fornecedores do Brasil, a feira contou com a representação da Grécia, Espanha, China, Itália e Estados Unidos. Durante os três dias, movimentou R$ 34,5 milhões em negócios gerados. Segundo o diretor comercial da Natreb, Agnaldo Cezar Bertan, o evento foi bom considerando o cenário atual. “Realizamos algumas vendas, fizemos ótimos contatos e prospectamos orçamentos para vendas futuras. Em termos de público visitante, o número foi baixo, mas todos bem interessados em investir”, disse. Além de toda a linha de máquinas que já produzem, a Natreb apresentou o Secador Rápido de Taliscas NTS. “O Secador despertou muito interesse aos visitantes que saíram de lá seguros da funcionalidade e viabilidade do mesmo, principalmente pelo fato de termos a parceria oficial com a Saracco. Também apresentamos o Robô RBR para diversas aplicações na cerâmica”, contou Agnaldo. A Dositec foi outra empresa do setor que participou da feira. A empresa apresentou uma bomba de vácuo de anel líquido com água e bomba de vácuo a óleo. Para o gerente comercial da Dositec, José Augusto Pires, a feira como um todo foi bem organizada e montada. “Porém, muito fraca em questão de negócios, isso devido à crise econômica em que vivemos”, opinou. A Projectos também marcou presença no encontro. A empresa apresentou o Forno Jumbo e o Secador de Esteira, tecnologias que oferecem o que há de melhor no mercado com relação aos processos de queima e secagem. “Por se tratar da empresa ser pioneira no Brasil com esta tecnologia em funcionamento, a Projectos provocou grande interesse aos ceramistas que visitaram o seu estande. A avaliação da empresa sobre a feira é positiva, sendo que todas as suas expectativas foram superadas”, disse o diretor da Projectos, Paulo Gonçalves, que acompanha o evento há mais de 30 anos. Outra empresa que participou como expositora foi a Lippel. Porém, segundo o agente de vendas da empresa, Cláudio Schmitz, o evento não superou as expectativas. "Em relação às outras, foi muito fraca em termos de visitação", disse. A empresa levou picadores e rachadores de lenha, realizando venda para o Paraguai.

FEIRAS

Expoanicer

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FEIRAS

Visitas técnicas João Vogel fica em Bela Vista, no munícipio de Bom Princípio (RS)

Foto: Anicer

Localizada em Sapucaia do Sul (RS), a Pauluzzi foi outra empresa a receber os visitantes do Encontro

Foto: Anicer

O 44º Encontro Nacional contou ainda com Visitas Técnicas a cerâmicas do Rio Grande do Sul. Os ceramistas puderam conhecer as cerâmicas João Vogel, Pauluzzi Blocos Cerâmicos e Kaspary. Cada uma das indústrias possui seu encanto e sua forma de lidar com a sustentabilidade e a qualidade. Com histórias diferentes, mas inícios semelhantes, as três empresas familiares, ocupam locais de destaque na região sul. Uma das cerâmicas visitadas tem o nome de seu fundador, o empresário João Vogel. Fundada em 17 de março de 1998, a empresa, localizada em Bela Vista, no munícipio de Bom Princípio (RS), é hoje administrada pela filha Camila Vogel e pela esposa Denise Werner, enquanto o empresário e seu filho Fernando Vogel cuidam da parte produtiva. A empresa fixou seu nome no mercado de telhas cerâmicas vitrificadas no sul do país e faz exportação para a Angola. Atualmente, fabrica telhas cerâmicas Portuguesa e Americana (naturais e esmaltadas) e lançou, há pouco tempo, a telha grês, responsável por expandir o mercado para outras regiões do Brasil. Para

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produção das telhas tradicionais, usa-se o forno túnel, enquanto para a nova linha, o forno a rolo é requerido. Os combustíveis usados na linha de produção são a serragem e o gás. A Pauluzzi Blocos Cerâmicos foi outra empresa que recebeu os participantes do evento. A indústria foi, em janeiro de 2008, a primeira cerâmica da região sul do país a conquistar o certificado de qualificação no PSQ – Programa Setorial de Qualidade, possibilitando o fornecimento de produtos normativos ao mercado. Localizada em Sapucaia do Sul (RS), é reconhecida por seus produtos de alta resistência, pela sua capacidade de inovar e por suas ações em benefício do sistema construtivo. Tal esforço proporcionou a ela o status de maior indústria de blocos cerâmicos do Brasil em 2009. Dirigida por Juan Roberto Germano, Juan Carlos Germano e Renan Germano, a Pauluzzi prioriza o atendimento personalizado, procurando colaborar com o mercado em que está inserido. Com três fornos túneis, com potencial de 9 mil toneladas/mês cada um e capacidade de produção de 24 mil toneladas por mês, a fábrica produz blocos cerâmicos estruturais, com resistências de 7, 10, 15 e 18Mpa. No momento, a média de manufatura é de 70%. “Não sabemos qual será a meta para os próximos meses porque o mercado não está bom. Infelizmente, a tendência é baixar, mas nossa produção já está toda automatizada e ainda temos margem para aumentá-la naturalmente, sem qualquer investimento em equipamento”, explicou o diretor Juan Carlos Germano. A empresa Kaspary também abriu suas portas para as visitas técnicas. Fundada em abril de 1980 pelo empresário Edgar Kaspary, sua esposa Therezinha e seus seis filhos, a empresa produz blocos cerâmicos de vedação, tavelas, telhas francesas e portuguesas e lajes protendidas e treliçadas. “Qualidade e bom atendimento” é o lema da fábrica, que com 30 mil metros quadrados, um sistema com fornos túneis e avançado processo industrial, atende toda a região sul do Brasil e países do Mercosul. A matriz da cerâmica está localizada no município de Bom Princípio (RS), enquanto sua filial fica em Rincão do Cascalho, Portão (RS). Juntas, elas empregam 328 colaboradores.


O Movimento Compre do Pequeno marcou presença no 44º Encontro Nacional. O Sebrae promoveu a campanha durante a 18ª Expoanicer. Anexo ao seu estande, a entidade montou um espaço dedicado à iniciativa, onde empresários interessados e apoiadores puderam fazer o seu credenciamento. O intuito da campanha é priorizar, incentivar e fortalecer os pequenos negócios do Brasil. Comprar do pequeno negócio local faz com que o dinheiro fique no bairro, possibilitando criar novas oportunidades, gerar mais empregos e distribuir melhor a renda. A ação, liderada pelo Sebrae, pretende usar a força dos pequenos negócios – mais de 10 milhões de empresas no Brasil, que faturam no máximo R$ 3,6 milhões por ano – para fortalecer a economia. Os micro e pequenos negócios são mais de 95% do total de empresas brasileiras e respondem por 27%

do Produto Interno Bruto (PIB) e 52% do total de empregos com carteira assinada (mais de 17 milhões de vagas). O Movimento Compre do Pequeno Negócio tem o 5 de outubro como data oficial por se tratar do dia em que foi instituído o Estatuto da Micro e Pequenas Empresas. Entre os dias 21 e 26 de setembro, o Sebrae realiza uma semana nacional de capacitação com palestras, workshops, seminários e cursos em todos os estados. Já são 1618 parceiros (entidades, associações, empresas) que fazem parte do movimento. O site desenvolvido especialmente para a iniciativa (www.compredopequeno.com.br) traz todas as informações necessárias para participar do Movimento. Em pouco mais de um mês, mais de 68 mil empresas estão cadastradas na página da internet.

FEIRAS

Movimento Compre do Pequeno no 44º Encontro Nacional

Apresentações culturais Já que a edição sul do Encontro foi realizada em um estado tão multicultural, a organização do evento apresentou durante os três dias um pouco da cultura gaúcha aos ceramistas das demais regiões do Brasil. Uma das atrações foi a apresentação de dança do Centro de Tradições Gaúchas Aldeia dos Anjos. Com 56 anos de existência, o CTG Aldeia dos Anjos é destaque em festivais e rodeios no estado. É patrimônio histórico cultural, desde 1° de junho de 2006, e um importante reforço na identidade cultural e divulgação das tradições gaúchas através das suas atividades artísticas. Iniciativa do músico gaúcho Renato Borghetti, as crianças da Fábrica de Gaiteiros também marcaram presença no Encontro Nacional. A Fábrica de Gaiteiros é um projeto voltado à sociedade, que forma construtores e alunos de acordeão diatônico, instrumento conhecido popularmente na região sul do Brasil como gaita de oito baixos, com a partici-

pação de mais de 200 crianças/adolescentes entre 7 e 15 anos. A confecção dos instrumentos é realizada com madeira certificada de eucalipto, proveniente de plantios renováveis. O projeto atualmente acontece nos municípios de Guaíba, Barra do Ribeiro, Porto Alegre, Tapes, Butiá, São Gabriel e Bagé. NC Foto: Anicer

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GESTÃO

Proposta dos 8Is para melhoria contínua A Roda da Melhoria se baseia nos oito conceitos básicos para conduzir a evolução contínua

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Impulsionar continuamente a sua vida pessoal, bem como do próprio trabalho e de seus colaboradores é a proposta dos 8Is. Conforme o engenheiro, mestre em estatística e autor do livro A Roda de melhoria: Como utilizar os 8Is e iniciar o processo de melhoria contínua, Victor Mirshawka, a ideia da roda de melhoria é transformar a pessoa em S8, ou seja, “que domine os oito conceitos básicos que lhe permitirão ter evolução constante, tanto na vida particular como em seu trabalho na empresa”. Para isso, conforme Mirshawka, a primeira atitude que a pessoa deve ter é iniciativa. “Este primeiro I é o traço de caráter que leva alguém a empreender alguma coisa ou tomar decisões por conta própria, provenientes de uma motivação intrínseca. Quem tem iniciativa, demonstra claramente uma disposição natural para introduzir, para inicializar ações, está pronto e entusiasmado para conceber e executar antes que os outros”, revelou. A iniciativa fica evidenciada quando, por conta própria, se está motivado a buscar coisas novas e, nesse sentido, a pessoa é ávida por informações, conforme o autor do livro A Roda de melhoria: Como utilizar os 8Is e iniciar o processo de melhoria contínua. Ainda segundo ele, mais que obter informações as pessoas precisam, a partir delas, saber construir conhecimento. “Portanto, a ideia de se tomar iniciativa, de obter informações, não é apenas com a finalidade de se esclarecer e se posicionar, mas sim de se educar e, dessa maneira, estar apto a romper paradigmas”, completou. Depois de obter informações, começa-se a ter ideias. E nesse conceito muitas ideias podem surgir, conforme Mirshawka. “A ideia significa que se tem opinião pensada, que se tem noção e que se está inclusive a fantasiar e, a partir daí, ir para a descoberta”, disse. Depois se ter muitas ideias,


GESTÃO

tem-se o processo de transformá-las em Inovação, o quarto I da roda de melhoria. Seja qual for o tipo de inovação, a introdução de algo novo exige muita perseverança, denodada persistência e muita Insistência, de acordo com Mirshawka. “Não foram poucos os casos em que as inovações fracassaram, pois não houve a dedicação, o empenho, o cuidado e a insistência necessária para que as mesmas se transformassem em sucesso”. Depois deste vem o I chamado integração. Sobre este, Mirshawka explicou que é evidenciado no excelente trabalho de equipe quando se nota que todos estão cientes de como devem proceder para, por exemplo ,promover a transição para uma nova condição ou status quo. “Para alcançar a integração é preciso formar um todo coerente e, entre os mecanismos que devem ser usados para alcançar isso, deve-se incluir a liderança, as políticas e os valores organizacionais, a tomada de decisão por consenso e o controle por coordenação”. Só quando existe a integração, é que a implementação – sétimo I – se torna mais fácil, conforme o autor do livro A Roda de melhoria: Como utilizar os 8Is e iniciar o processo de melhoria contínua. “Implementar significa promover o desenvolvimento, por em execução na prática ou implantar a mudança pretendida”, explicou. O último I é o da Introspecção. “Quem faz a Introspecção busca indagar sobre o que existe; sonda a validade do que está sendo feito; penetra nos detalhes e muitas vezes conclui que é necessário promover uma nova mudança, quando aí então toma iniciativa de buscar novas informações que lhe permitam gerar novas ideias que o conduzam a algum tipo de inovação, a qual, sem demasiada insistência (influência), possa ser aceita por alguns (geralmente os mais importantes da hierarquia empresarial),

para daí integrar a novidade entre todos os envolvidos e ter um apoio para implementação e, uma vez, concretizado a mesma, já se preparar para uma nova introspecção”, explicou. “É assim que se consegue girar a roda de melhoria, (a espiral da evolução), baseando-se nos 8Is. Todo aquele que se tornar um S8 terá grande habilidade de girar velozmente essa roda e estará de acordo com os requisitos do século 21, no qual rapidez será um dos atributos mais valorizados, desde que não seja confundida com afobação ou pressa em rumo”, finalizou Mirshawka. NC

Livro de M tem com irshawka o objetiv o capacita ro a promo leitor ver evolução uma constan te

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D E S E N VO LV I M E N T O NC Design - (48) 3045-7865

Fotos: divulgação / Conceição

Há 28 anos no mercado, cerâmica de SP é referência em qualidade Empresa de Elias Fausto é especializada em fabricação de telhas cerâmicas e de concreto

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Sendo uma empresa familiar de médio porte, a cerâmica Nossa Senhora da Conceição iniciou suas atividades em 1987, no município de Elias Fausto, interior de São Paulo. Fundada por André Navarro Dias, tio dos atuais proprietários João de Deus Navarro e suas irmãs Cristiane e Gislaine, a empresa começou fabricando telhas, blocos e lajes. No início, conforme a administradora da empresa Nathaly Navarro, a produção era de apenas 80 mil peças cerâmicas por mês. “A empresa tinha apenas dois fornos e, em torno, de 10 funcionários”, contou ela. Com o passar dos anos, a empresa evoluiu e passou a não só fabricar produtos cerâmicos, mas também telhas de concreto. “Hoje a cerâmica possui dez fornos e conta com cerca de 31 funcionários. Ou seja, ampliou consideravelmente a sua capacidade


Nathaly, é estender esta certificação para os demais produtos fabricados na cerâmica Conceição. A empresa possui em seu quadro técnico profissionais especializados, contando com engenheiro químico e químico industrial, responsáveis pela área de produção. A indústria também possui um laboratório interno, onde são feitos testes físicos diários nas matérias-primas e nos produtos acabados, visando atender as normas da ABNT em todos os produtos.

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D E S E N VO LV I M E N T O

produtiva na área cerâmica, sempre mantendo seu foco na qualidade”, disse Nathaly. De acordo com João, proprietário e engenheiro químico, a empresa sempre trabalhou com produtos de boa qualidade e constantes investimentos em melhorias do processo e da produtividade. Entre as inovações, o engenheiro químico destacou a necessidade de automatização na produção das telhas cerâmicas e também o lançamento de novos produtos. “Nos quatro últimos anos, alguns fatores foram determinantes para buscarmos a automação da produção: a escassez de mão de obra e a busca por melhor qualidade e eficiência de processo, melhorando a competitividade da empresa no mercado. Desta forma, automatizamos nossas prensas e investimos em equipamentos de controle de processo”, citou. Atualmente, a cerâmica Conceição é especializada em telhas cerâmicas e de concreto, fornecendo produtos para Minas Gerais e Rio de Janeiro. “Nossa principal meta é a expansão de mercado para outros estados, além dos que já atendemos atualmente. Também estamos sempre buscando novos produtos, com o intuito de atender a diferentes públicos”, acrescentou João. Segundo ele, a empresa fabrica hoje em torno de 20 produtos, sendo um deles a telha americana A-12 R, certificada pelo Inmetro. A ideia, segundo

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Mercado

Atualmente, a capacidade produtiva da cerâmica Conceição é de 800 mil peças cerâmicas e de 100 mil peças de concreto. Porém, com a crise econômica atual no país a empresa produz em torno de 50% de sua capacidade, segundo a administradora da empresa, Nathaly Navarro. João Navarro acrescentou que, de forma geral, o setor, assim como os demais, sofre com o cenário brasileiro atual: queda nos lucros, recuo nas vendas, redução de produção, demissões, aumento abusivo na energia elétrica, inflação, aumento dos juros e restri-

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ção do crédito, entre outros. “A construção civil, com toda certeza, é um dos setores mais atingidos por esta crise. Grande parte das cerâmicas está reduzindo produção e, consequentemente, enxugando o quadro de funcionários. Há também uma quantidade considerável de empresas que fecharam as portas em nosso setor”, afirmou. Conforme Nathaly, o mercado está retraído, “o que nos obriga a lançar novos produtos constantemente, a fim de atingir diversos públicos”. Segundo ela, o diferencial da Conceição tem sido a qualidade do material produzido. “Existem empresas com produtos de baixa qualidade, trabalhando com preços muito inferiores aos praticados pelo mercado, criando uma competição desleal. Atualmente, para se ajustar ao quadro atual do país, nossa produção está reduzida em torno de 50%”, desabafou. “Nossa meta para os próximos cinco anos é retomar a capacidade produtiva total de nossas instalações e expandir o mercado para outros estados, além de ampliar a carteira de clientes no estado de São Paulo, através de nossos novos produtos”, concluiu João.


A empresa desenvolve junto aos seus colaboradores uma empresa sustentável por meio de medidas que tragam o bem-estar social e/ou ambiental para todos. “São atitudes simples do dia a dia que já fazem muita diferença em nossa empresa”, disse a administradora da empresa, Nathaly Navarro. Entre as ações sustentáveis que a empresa faz, está a utilização de combustível renovável: o eucalipto. “Fazemos a reposição florestal da matéria-prima comprada, conforme a Lei Estadual n° 10.780/01. A empresa possui Certificado de Reposição Florestal. “Ou seja, anualmente é feita a reposição de todo o eucalipto queimado na produção de nossa fábrica”, disse Nathaly. Além disso, segundo ela, outra ação sustentável da empresa é a disponibilização das cinzas produzidas na queima para agricultores de nossas redondezas. “Também estamos introduzindo pequenas mudanças de hábitos que fazem muita diferença no dia a dia da empresa: instalamos lixeiras de reciclagem, a fim de fazer o descarte correto do lixo. Como estamos sediados em zona rural, este lixo é destinado para a cidade de Itu, onde há uma

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Sustentabilidade é destaque na cerâmica Conceição coleta específica”, acrescentou. Outras ações de sustentabilidade são conscientização dos colaboradores da área administrativa a utilizar como rascunhos, papeis descartados e a fazer a impressão de documentos que sejam realmente necessários. Além dessas, outra atitude sustentável da cerâmica é a disponibilização de casa para todos os funcionários, não sendo necessário se deslocarem ao trabalho de carro/moto, por exemplo. NC

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ENTREVISTA

Alvenaria Estrutural A entrevista especial deste mês é com o engenheiro civil e professor da UFSCar Guilherme Aris Parsekian. Ele também é mestre em Estruturas (distinção, EESC-USP), doutor em Construção Civil (Escola Politécnica-USP) e pós-doutorado na University of Calgary. Nesta entrevista ele fala sobre Alvenaria Estrutural. Conheça como surgiu o sistema, qual sua importância, como funciona e como deve ser a qualidade dos blocos, entre outros. Parsekian já participou direta ou indiretamente de mais de duas centenas de projetos de edifícios e outras construções. Têm experiência na área de engenharia civil, particularmente na área de edificações em alvenaria estrutural e estruturas de concreto, com diversas consultorias realizadas. NC - O que é a Alvenaria Estrutural cerâmica? Guilherme Aris Parsekian - A Alvenaria Estrutural é um sistema construtivo que usa tijolos ou bloco de forma organizada para formar elementos que fazem parte da estrutura de uma edificação. Para tanto, costumo dizer que são necessárias três condições para podermos corretamente classificar a construção dessa forma. Primeiro é preciso haver um dimensionamento, um cálculo preciso de todos os elementos, atendendo as normas de projeto atuais. Depois, é necessário, de forma obrigatória nesse sistema, haver a compatibilização entre os subsistemas de uma edificação, com coordenação modular, soluções para instalações elétricas e hidrossanitárias que não danifiquem a alvenaria em futuras manutenções, detalhamentos completos dos elementos e dos materiais. Por último, não menos importante, é fundamental a especificação e controle de todos os materiais: bloco, argamassa, graute e prismas. Um ponto chave é o uso de bloco estrutural, com boa precisão dimensional, absorção adequada e resistência característica comprovada. NC - Como surgiu o sistema Alvenaria Estrutural

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em tijolo cerâmico no mundo? GAP - Estruturas de alvenaria são muito antigas, com registros de 12 mil anos atrás e inúmeras construções, das mais simples às mais marcantes, desde então. A rigor até pouco tempo, cerca de 150 anos atrás, a alvenaria em tijolo cerâmico era a principal forma de construção, muitas vezes com pisos e coberturas em madeira. Entretanto, a Alvenaria Estrutural, aquela dimensionada e racionalizada, que muitas vezes é chamada de “Engineered Masonry”, surge a partir dos anos 50, com o inovador e pioneiro trabalho do suíço Paul Haller. Esse engenheiro realiza nessa época inúmeros ensaios em elementos de alvenaria, que culminaram com a execução de projetos de edifícios de até 18 andares, com paredes dimensionadas, projeto detalhado e extensivo acompanhamento das obras e realização de ensaios de controle. É o início da Alvenaria Estrutural NC - Qual a importância da Alvenaria Estrutural? GAP - A introdução e expansão da Alvenaria Estrutural no Brasil foi um dos principais agentes transformadores do setor de construções de edifícios. A necessidade de se realizar pro-


ENTREVISTA jetos detalhados e de se construir como projetado, atendendo, desde os primeiros casos de construções na década de 60/70, aos rígidos controles de tolerância na execução, levou a uma mudança de cultura. Nessa nova cultura, é obrigatório “projetar para construir” e também “construir como projetado”. Os ganhos em termos de diminuição de desperdícios e resíduos, facilidade de organização e planejamento da obra, qualidade na execução e no produto final, e consequentemente, diminuição de custos, levou ao movimento, inicialmente lento na década de 80, já expressivo na década de 90 e muito relevante a partir de 2000, de preferência pela alvenaria estrutural para construção de edifícios residenciais com determinadas características. Levou ainda a mudança na construção tradicional de concreto armado, que passou a ser melhor projetada e contar com Alvenaria Racionalizada. NC - Quais são as normas para cálculo, execução e controle de obras em alvenaria estrutural? GAP - Essas normas foram publicadas em 2010, e compõem as partes 1 e 2 da ABNT NBR 15812: Alvenaria Estrutural – Bloco Cerâmico. A

Parte 1 trata de “Projeto” e a Parte 2 de “Execução e Controle de Obras” NC - Em quanto tempo é possível construir uma obra utilizando alvenaria estrutural? GAP - Essa é uma boa pergunta, pois a alvenaria estrutural tem uma grande vantagem de poder se adaptar às necessidades de cada obra. Em conjuntos de vários edifícios, que precisam ser construídos rápidos, é possível lançar mão de pré-moldagem de lajes e conseguir realizar um pavimento em até três dias. Por outro lado, se o empreendimento tem característica de necessidade de ser construído de maneira mais lenta, é possível adequar a entrega dos blocos à essa necessidade. A inexistência de formas muito elaboradas e caras, permite acomodar o prazo de execução ao fluxo de investimento pretendido. NC - Como funciona o sistema construtivo? GAP - O sistema é simples. Consiste na produção de paredes estruturais utilizando blocos, argamassa e eventualmente graute à argamassa. Essas servirão de suporte às lajes e paredes dos andares superiores. Para funcionar, preci-

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ENTREVISTA

sam ser construídas com qualidade e não podem ser alteradas depois de prontas. NC - Qual a diferença do sistema convencional e da Alvenaria Estrutural? GAP - O sistema convencional é formado basicamente por vigas, que transferem a carga da laje e vedações para pilares, que transferem as cargas para a fundação de forma pontual. A estabilidade lateral é garantida principalmente pelo efeito de pórtico dos pilares e vigas. Na AE paredes de grande comprimento transmitem a carga de maneira distribuída para a fundação e permitem estabilidade lateral devido à grande inércia dos elementos. Por haver separação entre “estrutura” e “vedação”, muitas vezes, o sistema convencional negligencia a integração e a qualidade dos diferentes subsistemas de um edifício. Na AE, a integração é obrigatório, ou o sistema não funciona. NC - A qualidade dos blocos é fundamental para uma boa construção em Alvenaria Estrutural. O que se deve fazer para garantir a resistência dos blocos? GAP - É o ponto fundamental da alvenaria estrutural, a qualidade dos blocos. Esses devem ser produzidos de maneira a garantir a maior uniformidade, precisão dimensional e resistência, o que entendo só ser possível com domínio de todo o processo de produção e também utilizando queima uniforme e a altas temperaturas. NC - Que dicas você pode dar aos fabricantes de blocos estruturais? GAP - Entregar e servir de indutor de qualidade ao mercado. No passado, erros de utilização de blocos não estruturais, com qualidade inadequada, para construção de edifícios com paredes estruturais levaram a sérias e trágicas consequências e fizeram o sistema cair em descrédito em algumas regiões do Brasil. Nesse momento, entendo que os fabricantes têm a oportunidade e responsabilidade de reverter esse quadro, entregando ao mercado blocos de elevada qualidade. NC - Em termos de custos, é mais econômico construir com Alvenaria Estrutural? Por quê? GAP - Em algumas situações, sim. Pode-se

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construir com menor custo edifícios com boa distribuição de paredes nos dois sentidos, que podem ser consideradas estruturais. É o caso comum de edifícios residenciais. Alguns fatores de concepção que influenciam na economia são: número de andares (quanto menor, mais favorável ao uso de AE), presença de garagem sob o edifício com necessidade de pavimento de transição em concreto armado, o pilotis, (é mais econômica a opção de vagas de garagem fora da projeção da torre, sem a necessidade de pilotis), existência de balanços que necessitem conceber vigas de concreto armado (a opção por varandas embutidas é mais econômica) e outros. Quando é possível uma concepção favorável, pode-se aproveitar ao máximo a capacidade de resistência dos materiais, pois a maior parte dos esforços será de compressão e distribuído entre vários elementos. Nesse caso há expressiva redução da demanda por resistência do bloco, argamassa e graute, necessidade de armaduras e grauteamento, levando à economia. NC - Como deve ser a elaboração de projetos e obras em alvenaria estrutural de blocos cerâmicos? GAP - É um processo integrado, que conta com a participação de engenheiros de estruturas, de fundações, de instalações, do arquiteto, da construtora e do empreendedor. No início da discussão da concepção, aspectos como quais paredes serão estruturais ou não, quais as dimensões modulares, posição e tamanhos de aberturas, instalações hidrossanitárias, elétricas e afins, entre outras, são discutidos entre todos os agentes. O primeiro documento de projeto produzido é a planta de 1ª fiada, que reflete todas essas definições. O projeto só continua depois que todos os agentes aprovam esse documento. A partir dessa aprovação, o edifício é calculado e são determinadas as necessidades de resistências dos materiais, grauteamentos e armações. Se houver pilotis, o estudo de posicionamento de pilares e formas é realizado. Novas rodadas de discussões entre os projetistas e construtora são realizadas, procurando eliminar interferências. Após essas rodadas são realizados os detalhamentos finais,


NC - Cite alguns exemplos de projeto racionalizado? GAP - São inúmeros os casos de projetos racionalizados. Um caso típico é o de construção de conjunto residencial de vários edifícios de quatro pavimentos. Nesse caso, pode-se prever alguma industrialização, criando uma central de lajes pré-moldadas que posteriormente serão içadas diretamente sobre os apoios em alvenaria. Como será necessário equipamento para içar as lajes, pode-se conceber nesse empreendimento escadas com lance também pré-moldado que será posteriormente também içado diretamente sobre a alvenaria. Por se tratar de vários edifícios próximos, pode-se prescindir de um grande volume de consumo de água armazenado sobre cada prédio, concebendo uma torre de caixa d´água para o empreendimento todo, diminuindo a necessidade de grautes na região onde a caixa se apoia. Pela quantidade de apartamentos, podem ser encomendadas portas com altura de folha maior, 213 centímetros ao invés do padrão de 210 centímetros, de maneira que o vão modular de 221 centímetros irá encaixar perfeitamente a porta com o batendo e folgas de instalação, sem necessidade de vergas especiais. Pode-se prever kits elétricos e hidráulicos, shafts bem posicionados e uma série de detalhes para racionalizar esse empreendimento. Outra concepção será melhor no caso de empreendimento com edifício único, onde talvez a laje seja construída moldada no local com a forma racionalizada, a escada seja feita com pré-moldado leve tipo jacaré e o reservatório de água fique sobre a torre mesmo, provavelmente em caixas d´água de fibra. NC - Como fazer a correta execução e controle de obras em alvenaria estrutural? GAP - A correta execução começa com treinamento dos operários. Era comum a pouco tempo atrás dizer que AE precisa de mão de obra especializada. Na realidade o processo executivo é muito mais simples que outro, como vigas e pilares de concreto armado. Ocorre que não se aceita erros construtivos, dentro da ideia do “construir como projetado”. O que é necessário é mão de obra treinada. Existem alguns tipos

de controle. O de recebimento e controle dos materiais, o controle da execução, realizado de modo contínuo durante a construção onde as tolerâncias e padrões são checados durante a execução, e finalmente o de aceitação, quando se aceita a alvenaria baseado nos resultados dos ensaios e na checagem do atendimento às tolerâncias executivas. NC - Como tem sido o uso de Alvenaria Estrutural com Blocos Cerâmicos no Brasil? GAP - Até onde consigo perceber, o uso tem sido diferenciado entre as regiões do Brasil. No Sul, vê-se uma grande inserção dos blocos cerâmicos, com realização de empreendimento de grande altura e variados. No Sudeste, percebo menor inserção, com empreendimentos de média altura. Já no Nordeste e outras regiões, existe uma restrição a ser vencida, fruto de uso inadequado de blocos de vedação como estruturais em outras épocas. Nessas regiões, o uso é incipiente, apesar de perceptível.

ENTREVISTA

que inclui o desenho compatibilizado de cada parede de alvenaria.

NC - Em relação a este sistema de construção, em sua opinião, o que precisa melhorar? GAP - Existem ainda hoje pontos a serem melhorados, como por exemplo padronização de alturas de folha de porta dentro do padrão modular. A divulgação do conhecimento, apesar de ter sido frequente, ainda é necessária, informando engenheiros e arquitetos sobre a melhor concepção e uso do sistema. Em relação a nossas normas, vários aspectos relativos ao comportamento e dimensionamento precisam ser melhorados, o que deve ocorrer em revisões futuras de nossas normas. Seria muito interessante se houvesse um comitê permanente de discussão das normas em Alvenaria Estrutural. NC - Como deve ser a segurança estrutural? GAP - A segurança é a mesmo de qualquer outro sistema estrutural adotado. Se forem seguidas as recomendações das normas ABNT, tanto na parte de definição de ações, cálculo, detalhamento e execução, o resultado será uma obra muito segura. NC - E quanto ao maquinário e equipamentos? É necessário? GAP - De novo destaco a capacidade do

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ENTREVISTA

sistema em AE de se adaptar a cada empreendimento. É possível construir com nível de racionalização e com alguma industrialização com equipamentos simples, como em casos da execução de um único edifício de altura moderada. Ou pode-se lançar mão de equipamentos de maior porte, com gruas, e conceber a obra com vários elementos pré-moldados, com alto nível de industrialização. NC - Onde estão os maiores erros hoje na aplicação da Alvenaria Estrutural? GAP - Entendo que o maior erro é achar que qualquer bloco serve. Não serve. Usar bloco de baixa resistência, mal queimados e de qualidade duvidosa é perigoso e inadequado. Até hoje paga-se o preço do mal-uso de blocos de vedação como estruturais ocorrido em algumas regiões, fruto de arrojo e alegada desinformação de regras simples de dimensionamento e comportamento da alvenaria. NC - Existem edifícios altos construídos em Alvenaria Estrutural? GAP - O mais alto que conheço é o Hotel Excalibur, nos EUA, que a rigor tem uma concepção híbrida com algumas paredes de contraventamento em concreto armado nos primeiros pavimentos. É possível encontrar vários casos de edifícios altos em outros

países, com casos de até 17 andares, em Denver, nos EUA. Mesmo em regiões de terremoto são encontrados casos de edifícios de dez pavimentos em alvenaria armada cerâmica. No Brasil os edifícios mais altos, de cerca de 15 pavimentos, em blocos cerâmicos estão no Rio Grande do Sul. Casos de edifícios de até 24 pavimentos em blocos de concreto são encontrados no Brasil, percebendo-se nos últimos anos uma maior tendência de escolha da AE para edifícios altos por aqui. NC - Há alguma limitação recomendável para o sistema? GAP - A chave para limitação da altura está na resistência e geometria dos blocos. Nos anos 70/80 dizia-se que o sistema era bom para edifícios de até 12 pavimentos, altura estendida para 15 pavimentos logo após. Hoje algumas construtoras lançam casos de 20 pavimentos com certa regularidade e algumas querem chegar a 25 andares. As geometrias de blocos com paredes maciças (mais espessas que a de blocos de paredes vazadas) ou perfurados com um furo central maior, são mais adequadas para edifícios altos. Essas geometrias permitem não apenas blocos de alta resistência, mas também prismas de alta resistência que é o fator determinante. Além do limite da resistência do bloco/ prisma, existe a limitação da necessidade de armaduras para prédios altos. Dependendo da concepção, entendo ser difícil viabilizar casos muito altos de mais de 20 pavimentos (eventualmente casos de 25 pavimentos foram construídos no Brasil). Nesses casos, a necessidade de garantir a estabilidade lateral leva a grauteamentos e armações consideráveis, necessidade de paredes mais espessas ou mesmo soluções híbridas com elementos de contraventamento em concreto armado. NC - Trabalhar com Alvenaria Estrutural requer uma racionalização maior da obra e mais mecanização? Como funciona isso? GAP - Racionalização sempre necessária: “Projetar para construir” e “construir como projetado”. A mecanização pode ocorrer em vários níveis, de acordo com o porte do empreendimento. NC

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Cerca de 40 ceramistas do Oeste Paulista participaram do treinamento realizado na sede da Incoesp Cerca de 40 ceramistas participaram de um curso sobre secagem e queima do dia 25 a 28 de agosto, em São Paulo. O treinamento, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP) em parceria com a Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista (Incoesp), reuniu empresários das cidade de Panorama e Pauliceia, na sede da cooperativa. Conforme o diretor da Incoesp, Milton Salzedas, durante o curso, os ceramistas puderam aprender a maneira correta de secagem e a como fazer uma queima mais eficiente, econômica e sem fumaça preta. As aulas foram ministradas pelo professor do Senai Reinaldo Sutério. O objetivo do curso foi contribuir para uma secagem correta e queima uniforme

Foto: Incoesp

D E S E N VO LV I M E N T O

Ceramistas participam de curso sobre secagem e queima

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com controle. Além disso, a ideia foi reduzir a emissão da fumaça nas cerâmicas, sendo esta uma das ações prioritárias do projeto para a melhoria da gestão ambiental nas indústrias cerâmicas do polo. Para Sauzedas, as principais vantagens da queima eficiente são a economia da matéria-prima e a redução de poluição. “Se o empresário aprender a queimar terá economia, as vantagens são também para o meio ambiente”, ressaltou. A curso faz parte do conjunto de ações do projeto Desenvolvimento das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista, realizada pelo Sebrae-SP e Incoesp, com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). O treinamento é integrante do programa Sebrae Inova, resultado da parceria com entidades do sistema S – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Senai e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), além de empresas especializadas contratadas, resultando em soluções que ampliam as possibilidades a serem exploradas.


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ARTIGO TÉCNICO

Avaliação das propriedades tecnológicas de uma massa cerâmica estrutural com adição de resíduo de telha Trabalho apresentado no 57º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 19 a 22 de maio de 2013, Natal, RN

Resumo O estado do Piauí é um grande produtor de cerâmica estrutural de qualidade como telhas e tijolos, com destaque as telhas prensadas que estão entre as melhores do Brasil. Porém, o Piauí também é um grande produtor de resíduos oriundos deste tipo de cerâmica. Estes resíduos são descartados no meio ambiente, pois não entram novamente no processo produtivo após a etapa de queima. Desta forma, o presente projeto tem como objetivo estudar a potencialidade do aproveitamento do resíduo de telhas em formulações de massa cerâmica de cerâmica estrutural, avaliando as possíveis melhorias das propriedades tecnológicas e estéticas destes materiais.

R. A. L. Soaresa, A. S. do N. M. Teixeira b, J. R. de S. Castroc Programa de Pesquisa e Extensão a,b Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI c Instituto Federal Catarinense – IFC

Introdução O estado do Piauí se destaca nas regiões Norte e Nordeste na cadeia produtiva de cerâmica estrutural de qualidade, principalmente telhas e tijolos, configurando-se como um polo de referência destas regiões. Possui polos de produção em várias partes do Estado devido à grande quantidade de jazidas de argilas espalhadas em seu território, chegando a 11% de solo argiloso piauiense. A produção média mensal é de 50 milhões de peças com uma perda significativa de 10%, o que gera um problema ambiental devido a peça cerâmica não ser reaproveitada na linha de produção [1]. Os resíduos são gerados durante o processo de produção ou no transporte e são descartados no pátio das empresas, beira de estradas, terrenos abandonados, etc. Assim os resíduos gerados pela produção de cerâmica estrutural, além de trazer problemas estéticos à paisagem, traz grandes problemas ao meio ambiente [2]. O estudo do reaproveitamento de resíduos tem sido objeto de estudo de vários pesquisadores com o intuito de amenizar o impacto ambiental gerado pelo descarte de resíduos no meio ambiente e promover uma otimização na cadeia produtiva, como é o caso do objetivo da presente pesquisa.

Materiais e métodos Para a realização da pesquisa foram coletados em uma empresa uma massa cerâ-

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ARTIGO TÉCNICO

mica pronta utilizada na produção de tijolos e resíduo de telha. A massa básica foi seca a 110ºC não passou por nenhum beneficiamento. O resíduo de telha também foi seco e moído até passar na peneira 40 mesh. As formulações estudadas foram com 0% (R–0), 5% (R–5), 10% (R–10), 15% (R–15) e 20% (R-20) de resíduo de telha do peso total da composição massa cerâmica pronta e resíduo. Para avaliar a trabalhabilidade das massas, determinou-se a plasticidade das composições através dos limites de Atterberg, de acordo com as normas técnicas NBR 6459/84 e NBR 7180/84 da ABNT [3,4]. Depois as composições foram umidificadas com 20% de teor água e homogeneizadas. Em seguida foram colocadas e vedadas em sacos para melhor distribuição de água entre as partículas da massa cerâ-

mica. Os corpos de prova foram conformados por extrusão nas dimensões 2,6 x 1,6 x 10 cm e secos a 110ºC em uma mufla. Depois foram medidos, pesados e alguns corpos de prova secos foram submetidos a ensaios de tensão a ruptura à flexão (TRFs) para avaliar a resistência mecânica das peças secas. Depois os corpos de prova foram queimados em um forno elétrico de laboratório na temperatura de 900ºC. Cabe ressaltar que a temperatura de queima é a mesma praticada pela indústria fornecedora dos materiais utilizados na pesquisa. Depois foram realizados ensaios das propriedades tecnológicas de retração linear (RL), absorção de água (AA), massa específica aparente (MEA) e tensão de ruptura em três pontos (TRF).

Resultados e discussão Figura 1: Resultados do índice de plasticidade das formulações

Figura 2: Resultados da resistência mecânica após secagem das formulações

Figura 3: Resultados da retração linear de secagem das formulações 42

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Os resultados do índice de plasticidade (IP) estão apresentados na figura 1. Como se pode observar com o acréscimo do resíduo de telha (material não plástico) na massa básica promoveu uma gradual diminuição do índice de plasticidade, o que pode melhorar a trabalhabilidade da massa básica por ser considerada altamente plástica (IP > 15) [5]. Para homogeneizar argilas muito plásticas com a água, necessita-se de amassamentos bem mais eficientes para a água penetrar em todas as partículas e isto pode danificar ou diminuir a vida útil dos equipamentos. Os resultados da resistência mecânica após secagem dos corpos de prova de todas as formulações (figura 2) apresentaram uma resistência compatível para manuseio das peças cruas de tijolos que é a partir de 1,5 Mpa [6]. Também se pode observar que com o aumento do teor de resíduo de telha na massa básica ocorreu a diminuição da resistência mecânica após secagem. Isto se deve pelo aumento da concentração do material não plástico e mais grosseiro na massa cerâmica. Quanto menor a granulometria da argila maior sua resistência mecânica após secagem. As figuras 3 e 4 apresentam os resultados da retração linear de secagem (RLs) e


queimadas a 900ºC apresentaram um índice de absorção de água (8% AA 20%) e resistência mecânica (TRF 1,5 MPa) compatíveis com as normas da ABNT 15270 para tijolos [8].

Figura 4: Resultados da retração linear de queima das formulações

ARTIGO TÉCNICO

de queima (RLq), respectivamente. Observa-se que com o incremento do resíduo ocorre uma redução da RLs, ou seja, o resíduo de telha presente na massa melhorou a estabilidade dimensional nos corpos de prova devido a diminuição do material plástico na massa. O mesmo ocorre com a RLq, porém com menos intensidade. Isto mostra que o resíduo de telha agiu como um componente inerte durante a queima, pois o material já foi sinterizado na temperatura estudada (900ºC) e não reagiu com os demais componentes presentes na massa cerâmica. Porém, a variação ótima da retração de secagem para telhas e tijolos é de 5% a 8% e a aceitável é de 3% a 10%. Para a retração de queima, a ótima é menor que 1,5% e aceitável entre 1,5% e 3% [7]. De acordo com os resultados, verifica-se que com o acréscimo do resíduo, a retração de secagem e de queima passou de um padrão aceitável para um padrão ótimo. A figura 5 apresenta os resultados da absorção de água (AA) dos corpos de prova queimados a 900ºC. Verifica-se que com o aumento do teor de resíduo de telha na massa básica, ocorre também um aumento na AA. Este resultado confirma que na temperatura estudada (900ºC) o resíduo age como um material inerte o que dificulta uma melhor reatividade entre as partículas da massa desfavorecendo no processo sinterização da massa. Estes resultados são concordados com os resultados da massa específica aparente (MEA) apresentados na figura 6, onde se observa uma redução da densificação dos corpos cerâmicos com o aumento da concentração de resíduo na massa e, consequente, a diminuição de fase vítrea responsável pelo fechamento dos poros, aumento da densidade e resistência mecânica. Assim, tal fato fica também confirmado com os resultados dos ensaios de tensão de ruptura à flexão (TRF) apresentados na figura 7 (pág. 44), que mostram a diminuição da resistência mecânica com o aumento do teor de resíduo na massa. O material inerte não contribuiu de forma efetiva no processo de sinterização da massa responsável pelo aumento da resistência mecânica dos corpos cerâmicos. Porém, vale ressaltar que os corpos de prova de todas as formulações

Figura 5: Resultados da absorção de água das formulações

Figura 6: Resultados da massa específica aparente das formulações

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ARTIGO TÉCNICO

Figura 7: Resultados da resistência mecânica de queima das formulações

Conclusão A pesquisa mostrou que a presença do resíduo de telha em até 20% na massa cerâmica industrial usada na produção de tijolos possibilitou uma melhor trabalhabilidade da massa e estabilidade dimensional dos corpos de prova devido à redução da fração plástica presente, já que a massa se mostrou altamente plástica e o resíduo é um material não plástico; Também mostrou que com o aumento da concentração de resíduo de telha, ocorreu um aumento na absorção de água e uma diminuição na densificação e resistência mecânica dos corpos

cerâmicos. Tais resultados se deram pela ação inerte do resíduo na massa durante a queima que dificultou o processo de sinterização dos corpos de prova. Os corpos de prova de todas as formulações apresentaram valores de absorção de água e resistência mecânica dentro dos padrões exigidos pelas normas vigentes da ABNT para tijolos; O resíduo de telha concentrado em até 20% na massa básica apresentou potencialidade como matéria-prima alternativa viável para produção de tijolos de alvenaria.

Referências [1] SENAI. Departamento Regional do Piauí. Especial de Tecnologia em Cerâmica Vermelha. Teresina – PI, 2010. [2] SINDUSCON-PI. O perfil da indústria cerâmica piauiense, Disponível em <http:/www. sinduscon-pi.com.br >. Acesso em fevereiro de 2010. [3] ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Determinação do Limite de Liquidez: NBR 6459/84. [4] ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Determinação do Limite de Plasticidade: NBR 7180/84. [5] SANTOS, P. Souza, Ciência e tecnologia de Argilas. São Paulo: Ed. Edgard Blücher LTDA, 2008. [6] NORTON, Frederick H. Introdução à Tecnologia Cerâmica. Editora Edgar Blucher Ltda. de São Paulo. Sã Paulo, Editora da Universidade 1973. [7] DONDI, M. Caracterização Tecnológica dos Materiais Argilosos: Métodos Experimentais e Interpretação dos Dados. Revista Cerâmica Industrial, v.11(3), Maio/Junho, pág. 36-40, 2006. [8] ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Componentes cerâmicos - Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural - Terminologia e requisitos: NBR 15270/2005. NC

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Empreendedorismo jovem e de sucesso A NovaCer conversou durante o 44º Encontro Nacional da Indústria Cerâmica com o jovem empreendedor João Gomes de Andrade Neto, da Cerâmica Salema, na Paraíba. Com 30 anos de idade, Neto trabalha atualmente na direção da Salema e é presidente do Sindicato da Indústria de Cerâmica Vermelha da Paraíba (Sindicer/PB), além de atuar como diretor do Programa Paraibano da Qualidade (PPQ) e fazer parte do GAP/Anicer – Grupo de Apoio à Presidência da Associação Nacional da Indústria Cerâmica. Nesta entrevista, o jovem empreendedor compartilha um pouco de sua experiência na empresa da família e sobre o mercado da cerâmica e da construção civil.

NC - O que você pode falar sobre o mercado da cerâmica e da construção civil? João Neto - O setor da construção civil nestes últimos cinco anos se beneficiou com a alavancada dos programas de Governo, como o PAC, através do programa Minha Casa Minha Vida. Isto trouxe muito desenvolvimento para as cerâmicas que já existiam, assim como também garantiu a entrada de diversas novas indústrias cerâmicas no mercado. O crescimento do setor construtivo também abriu espaço para que novas categorias adentrassem no rol de clientes das cerâmicas, como médicos, advogados, empresários e funcionários públicos, por exemplo, pelo potencial de retorno financeiro do investimento. Este panorama fez com que as boas cerâmicas se expandissem, conquistassem novos mercados e novos produtos, mas também fez com que muitos aventureiros adentrassem no mercado e arriscassem não somente o seu negócio, como também a imagem do setor. A normatização e formalização se mostrou muito importante neste momento, sendo o diferencial que separa as empresas sérias. Muitas empresas ainda fazem produtos sem alinhamento com as normas técnicas e ambientais e concorrem só pelo preço. Neste tempo de cada vez maior fiscalização, elas ainda não percebem o risco que correm e o quanto isso é prejudicial para todos. Com os programas de Governo em escassez e a recessão da economia, vejo que as boas cerâmicas, aquelas que se organizaram e já investiram, estão conseguindo reduzir o quadro de funcionários e alinhar as despesas. Já as cerâmicas que investiram tardiamente estão sofrendo agora, bancando investimentos em uma época de vendas baixas. E por último, as que não aproveitaram o período para se organizar, principalmente no fluxo de caixa, estão perdendo mercado para as que garantem qualidade e entrega sem atrasos nas obras. NC - Qual é a sua visão do mercado hoje, com uma prospecção para os próximos cinco anos? JN - Para os próximos cinco anos, vejo que teremos um período de reorganização de processos internos, renegociação de contratos e maior capacitação da gestão da empresa. As decisões de hoje podem comprometer a manutenção da empresa no mercado, portanto, é muito importante que sejam estratégicas e de acordo com o porte e capacidade de cada uma. Produtos de baixa rentabilidade devem ser substituídos por linhas de maior valor agregado, através de inovação e aprimoramento da equipe de vendas. Vejo também um período em que precisamos alinhar as características do nosso produto para não perder

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GESTÃO

Fotos: Divulgação / Salema e Sindicer/PB

espaço para os principais concorrentes de outros materiais, e por isto é muito importante nos manter unidos para crescermos fortes juntos. NC - Qual o maior desafio do ceramista no mercado brasileiro? JN - Penso que os desafios dos ceramistas variam de acordo com a região. Em algumas partes do país, por exemplo, o concreto está alcançando obras que não temos acesso fácil, por falta de coesão e expressão política. Em outros locais, onde o mercado informal é muito grande, as cerâmicas acabam disputando principalmente com elas mesmas, ou seja, as cerâmicas mais preparadas e organizadas contra cerâmicas com produtos de baixa qualidade, independente do tamanho. Ademais, outro problema ocorre quando a cadeia da construção na região não é bem organizada e não se preocupa com a qualidade do produto e os impactos desta na qualidade e andamento da obra. Desta forma, acaba comprando indiscriminadamente de qualquer olaria. Existem, além do concreto, outros produtos substitutos, como o isopor, que estão concorrendo fortemente com as lajes. Além disto, a cerâmica está deixando de atuar em alguns segmentos, como o de pisos e intertravados, entre outras especiarias. São setores que tem espaço no mercado através de materiais substitutos, porém o nosso setor têm reduzido seu espaço ao longo do tempo. O maior desafio, afinal, seria unificar o padrão de qualidade, garantir uma competição justa entre as empresas e que os órgãos fiscais atuassem de forma abrangente, evitando as discrepâncias. Para que isto ocorra, vejo que as indústrias cerâmicas precisam se qualificar, e se unir mais, para encaminhar todo o setor para um caminho próspero. NC - O que você tem para falar sobre o setor na sua região? JN - O Nordeste tem tido índices de crescimento maiores que o resto do país, e isto foi resultado não só dos programas de Governo. A região sempre teve um histórico de baixo desenvolvimento em relação ao Sudeste ou ao Sul. Apesar das críticas ao Governo atual, o foco dado ao Nordeste tem sido percebido na construção civil. Ainda há muito espaço para crescimento e gente investindo na nossa região. Dessa forma, no Nordeste, uma boa

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GESTÃO

maneira de controlar a crise seria com a melhor estruturação das próprias empresas e em conjunto com o poder público. Temos bons polos cerâmicos em quase todos os estados, como o Piauí, que tem se mostrado bem desenvolvido. Precisamos fazer com que esses bons modelos estejam funcionando bem em todo o Nordeste. Uma das características que o setor cerâmico tem é a interiorização da indústria. Nossa região já tem uma forte concentração nos grandes polos urbanos das capitais. Deste modo, o setor tem um forte potencial para desenvolvimento da sustentabilidade econômica adentro dos estados. NC - Falando em tecnologia e cerâmica vermelha, o que você tem para falar sobre tecnologia envolvida com a Internet, a exemplo de uso de smartphones e tablets. O que a cerâmica precisa fazer hoje para estar presente na Internet? JN - A Internet democratizou consideravelmente seu acesso nos dias de hoje. Possuímos site há quase uma década, e tentamos tê-lo cada vez mais próximo das tecnologias, como acesso via celulares e tablets. Também temos um blog com conteúdo próprio e utilizamos toda essa parte de redes sociais a nosso favor, visto que a estrutura está mais acessível e os clientes costumam comentar a favor. Hoje, por exemplo, para fazer um site de uma cerâmica, em muitos casos o aporte financeiro é mínimo ou quase não existe. O que eu percebo é que carece aos gestores notar o quanto isso é estratégico e que pode ser usado como ferramenta de apoio ao vendedor. Muitas vezes, é o cartão de visita da empresa, e que muitas vezes serve de referência de compra na hora de fechar o negócio. Do mesmo modo, é bom ter cuidado, pois um mal conteúdo também pode prejudicar a imagem da empresa. Dentro da cerâmica, também há uma série de bons sistemas confiáveis de gestão e controle, que podem ser acessados por estes dispositivos. Hoje, consigo controlar as finanças tanto da empresa como do sindicato diretamente pelo meu celular. São ferramentas que precisam ser avaliadas se serão compatíveis com a equipe da empresa, pois não funcionam sozinhas. Uma equipe ativa e bem capacitada, neste caso, é essencial. NC - Tem se falado muito em equipes de vendas na cerâmica, telemarketing, workshops e participações em eventos da construção civil. Qual a tua visão em relação a isso? JN - O marketing de relacionamento, conhecendo cada cliente da sua carteira e atendendo-o individualmente é o melhor caminho sempre, além de ser mais barato. Na grande maioria das cerâmicas, o cliente está próximo e esta relação só fortalece, isto deve ser aproveitado em seu favor. Nos casos em que isso não for possível, existem diversas práticas que podem favorecer este relacionamento, até mesmo um bate papo pelo ‘whatsapp’ para conhecer as necessidades pode ser o diferencial de atendimento. Os eventos são ótimos canais para alcançar novos públicos, mesmo que não sejam do seu mercado, ou nem mesmo seus consumidores diretos. As cerâmicas têm que fortalecer sua marca inclusive para o cliente final, pois exigirá o seu produto utilizado na obra que adquirir. Quanto à equipe de vendas, é muito importante que o contato seja frequente com a gestão da empresa. Este alinhamento é necessário pois o vendedor se torna a cara da empresa para o cliente, e caso não corresponda às expectativas do cliente esta parceria pode ser afetada. NC - Qual o maior benefício de ser um ceramista no mercado da construção civil? JN - O maior benefício é trabalhar com um produto que já é tradicional, que já se vende por si próprio, mas ainda te dá margem para inovar e demonstrar o seu diferencial frente ao mercado. É um produto milenar, natural e sem aditivos. Além disso, gera renda, trabalho e interiorização para a sua região. NC

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