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PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES
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CABAÑA ESTERLINA
Referência na seleção de zebu na Bolívia
A Cabaña Esterlina é destaque em uma das mais concorridas exposições do país e recebe o reconhecimento da Asocebu. Um trabalho em família cuja genética vem conquistando o mundo
ABolívia, um dos países da América Latina que mais importa sêmen bovino do Brasil, vem desenvolvendo um trabalho de melhoramento genético das raças zebuínas com resultado comprovado no campo e nas pistas. A pecuária boliviana está em franca expansão e as entidades do setor estão trabalhando em parceria com o governo local e de outros países para ampliar o comércio bilateral no continente. “A pecuária da Bolívia está em crescimento constante, em especial pelas raças Gir Leiteiro e Girolando. Muitas propriedades estão trocando os antigos rebanhos de holandês por Girolando, produzido a partir de vacas gir provadas”, esclarece o pecuarista Andrés Nacif Olhagaray, da Cabaña Esterlina. Localizada em Santa
Cruz de la Sierra, a propriedade figura entre os criatórios de zebu mais tradicionais da Bolívia e tem sua história iniciada pelo patriarca da família, Julio Nacif Hiza, que atua na pecuária há mais de 50 anos. O trabalho de seleção é focado nas raças Gir, Girolando e Nelore.
O plantel de Nelore é composto de 300 matrizes e 150 novilhas, todas avaliadas pelo programa de melhoramento da ANCP. Com um sistema de seleção a pasto, o criatório busca identificar animais de maior funcionalidade, alto desempenho a campo e dentro do padrão racial do
Nelore. Para acelerar os ganhos genéticos, a aposta é a
FIV, direcionada para as doadoras do rebanho. Nas demais fêmeas do rebanho e no gado comercial, a técnica utilizada é a IATF.
Desde o início, o Nelore da Cabaña Esterlina vem apresentando resultados consistentes. Em 1998, conquistou seu primeiro título em uma exposição: o Grande Campeonato do Nelore Mocho na Exponorte com o animal General da
Esterlina (Riacho OB x Inca POI). Depois disso, o criatório também foi premiado na FexpoBeni, exposição da sua região, e também na ExpoCruz, a maior feira agropecuária do país. Enquanto participou das pistas de Nelore, conquistou quatro importantes títulos de Grande Campeões, com General Esterlina, Claubert Esterlina, Guapa Esterlina e Leonel FIV Esterlina, este último em 2016, também condecorado o exemplar mais pesado da FexpoCruz 2016. A seleção de Gir, iniciada em 2004, segue na mesma trilha. O primeiro animal adquirido foi a grande campeã Gran Camelia de Guayaba, seis vezes Melhor Matriz do Ranking da Asocebu. Também foram importadas sete vacas do Brasil, tendo como neta Pintura Estelina, a atual melhor matriz do Ranking da Bolívia e vaca com maior lactação a campo do país. “Nosso foco de seleção é a produção de leite, animais de bons úberes e com lactações expressivas e mais longas”, explica Andrés. Todo o rebanho participa do controle leiteiro oficial, seguindo as normas da ABCGIL. O plantel conta com 50 doadoras e 100 novilhas para reposição e venda. É com essa genética que a Cabaña Esterlina tem formado a base de seu rebanho de Girolando desde 2014. São produzidos anualmente 200 embriões da raça. Durante a Fexpocruz 2022, ocorrida em setembro, o criatório estrelou com sucesso nas disputas de Girolando, levando para casa o título de Grande Campeã e de Melhor Expositor. No Gir Leiteiro não foi diferente. A Cabaña Esterlina conquistou os títulos de Grande Campeã, Reservada Grande Campeã, Grande Campeão e Melhor Expositor. “Em uma exposição que recebeu visitantes de vários países, estivemos à altura para mostrar que temos genética de exportação para o mundo. Com trabalho e união familiar e uma equipe exemplar, obtivemos os prêmios mais importantes do julgamento das duas raças”, assegura Julio Nacif Hiza. A Cabaña Esterlina ainda conquistou premiações nos concursos leiteiros da exposição. No Girolando, ela obteve o título de Campeã Jovem com Dominica FIV Esterlina e de Grande Campeã com Figo 110. No Gir Leiteiro, foram conquistados o Campeonato de Reservada Grande Campeã,Vaca Jovem com a Oferenda FIV Wad.
Essas novas premiações somam-se à inúmeras outras conquistadas ao longo da história da Cabaña Esterlina, que esteve na liderança do ranking da Associação Boliviana de Criadores de Zebu (Asocebu) por várias edições, sendo consagrada como Melhor Criador e Melhor Expositor do país por nove anos consecutivos. Na história da Esterlina, são 30 touros Grandes Campeões, 15 Reservados Grandes Campeões, 17 vacas Grandes Campeãs e 15 Reservadas Grandes Campeãs. Conquistou 15 torneios leiteiros e dois Grandes Campeonatos. Figuram também como grandes exemplares os touros Grandes Campeões: Diego, Denilson, Fulano, Filip, Hernan e Sabino, além das campeãs em pista e Concurso Leiteiro: Dinamarca, Espinaca, Furia, Emperadora, Graciosa, Isabel, Pintura e Finlândia. O longo período de vitórias nas pistas e nos torneios leiteiros vem refletindo nas comercializações de animais. O “8º Remate Pinturas Gir, ocorrido em 15 de setembro, durante a Fexpocruz 2022, superou o faturamento do ano passado. “Tivemos um aumento de 25% na arrecadação final. Também participamos durante a exposição de rodadas de negócios, com venda de sêmen e embriões”, explica o titular da cabaña Esterlina. O leilão teve entre seus convidados especiais criatórios brasileiros, como a Estância K, a Fazenda Brasília, a Fazenda São José do Can Can.
UM TRABALHO EM FAMÍLIA
Mais que conquistas, o criador Julio Nacif Hiza acredita que sua história na pecuária boliviana é marcada pela união de sua família. Com o apoio da esposa, María Elizabeth Olhagaray de Nacif, carinhosamente chamada de Liz, ele tem conseguido fazer a sucessão do negócio de forma tranquila. Hoje, o filho Andrés comanda a propriedade, que conta com o apoio do irmão Julico Nacif da (JN Assessoria Pecuária) na seleção do rebanho e nos acasalamentos. O patriarca é o conselheiro dos filhos, orientando com base em sua experiência de décadas na seleção de zebu. Já Liz e as filhas Lizeth e Jessica, juntamente com os netos, a nova geração da família, cuidam da organização dos eventos. Filho dos libaneses nasceu em Santa Ana, capital da província de Yacuma, na Bolívia, em 1955. Quando criança, passava as férias na Estância Milindres, de propriedade da família. Na juventude, trabalhava com o tio, Elías,
também pecuarista. Era vaqueiro na Cabaña Esterlina, que hoje é proprietário. Foi assim que descobriu sua paixão pela pecuária. Toda a sua vida vem sendo dedicada ao trabalho no campo. Em 1994, adquiriu a Fazenda Líbano, ao norte de Santa Cruz da Serra. O objetivo era produzir touros de alto valor genético que pudessem contribuir com o crescimento da pecuária de corte da região. Nos primeiros anos, adquiriu 16 matrizes Nelore PO e associou-se à Asocebu. Começava ali a trajetória da Cabaña Esterlina na seleção de genética zebuína. Diante da forte demanda por leite no país, viu ali a possibilidade de atender também esse mercado com a genética zebuína. A rusticidade do Gir Leiteiro atraiu o criador, que teve como uma de suas primeiras matrizes leiteiras Camelia GYB e Diana GYB, matriarcas de inúmeros campeões da raça. Com a ampliação do plantel nos últimos anos, a família mantém os seus principais objetivos de seleção, que é a produção de animais melhoradores, de bons índices de produtividade, levando sempre em conta a sustentabilidade. Hoje, a Cabaña Esterlina é referência nacional e internacional em produção de genética.
O criador Julio Nacif Hiza teve sua contribuição ao zebu reconhecida pela Asocebu com mérito “Cebú de Oro”. A homenagem foi entregue no dia 25 de setembro. “É um grande orgulho receber essa premiação. Agradeço a Deus, à diretoria da Asocebu por tão especial condecoração, minha esposa, a todos meus amigos e familiares. Sou um homem privilegiado por ter uma companheira de vida como minha esposa, pois juntos construímos uma linda família, cheia de princípios e valores. Esse é o nosso legado mais importante! Trabalhando ao lado de nossos quatro filhos, e com o apoio deles e, especialmente, da minha esposa, que sempre esteve ao meu lado e é uma apaixonada pela pecuária, conseguimos colocar a Cabaña Esterlina como referência na seleção de zebu da Bolívia. A nova geração da família, nossos netos são o motor para seguirmos em frente! A pecuária é minha vida e continuará sendo”, finaliza o criador.
COMENDA CEBÚ DE ORO
Esta é a meta que o presidente da ABMRA – Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro, Ricardo Nicodemos, pretende alcançar
LARISSA VIEIRA
Omarketing aproximou o publicitário e diretor da agência
RV Mondel, Ricardo Nicodemos do agronegócio. Ele nunca tinha tido contato com o campo até o dia em que passou a atender na agência de publicidade onde trabalhava uma indústria farmacêutica especializada em saúde animal. “Visitei fazendas para entender como funcionava a pecuária, conheci produtores, acompanhei vendedores da empresa, eu vivi o agro, desde a parte de bovinos, suínos, aves até a agricultura”, conta Nicodemos. Tempos depois, ele aproximou-se da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA), tornou-se sócio da entidade, coordenou vários comitês internos, foi diretor e vice-presidente para, em 2022, assumir o cargo de presidente. Serão dois anos à frente da ABMRA. Em seus 43 anos de existência, a associação vem trabalhando para melhorar a imagem do setor perante a sociedade, mas Nicodemos sabe que ainda há muito por fazer. “Queremos que as pessoas se apaixonem pelo agro. Somos o país do futebol, mas também somos o país do agro. É do campo que sai quase um terço do PIB nacional. As pessoas precisam saber como o produtor é tecnológico, eficiente e produz com sustentabilidade”, destaca o publicitário. Idealizador do “Movimento Todos A Uma Só Voz”, ele defende uma comunicação voltada para o público urbano, que não vive os bastidores da produção de alimentos, mas é peça fundamental neste cenário, mas consome os produtos. “Falamos muito bem para nós mesmos. O agro é o setor da economia que mais tem veículos de comunicação voltados para o produtor. São diversos canais de televisão, revistas, programas de rádio, sites, canais no Youtube, influenciadores. Mas não temos uma comunicação tão efetiva com os demais setores da sociedade”, esclarece. Nicodemos acredita que, para a comunicação ter sucesso será preciso baseá-la em três princípios. Um deles é a consistência, ou seja, apresentar dados baseados em ciência e em histórias verdadeiras, comprovando que o setor produz de forma sustentável. O segundo princípio é a sequência, ir trabalhando os temas aos poucos para que as pessoas possam assimilar os conceitos gradualmente. Um terceiro ponto a ser feito é nas ações de comunicação do agro é a frequência. “Uma campanha isolada não vai resolver o problema. Precisamos investir continuamente em marketing”, diz o presidente da ABMRA.
Uma boa notícia vem da pesquisa “Percepções Sobre o Agro. O Que Pensa O Brasileiro” realizada pelo Movimento Todos a Uma Só Voz. O resultado divulgado no final de setembro apontou que o Agro está entre os setores mais admirados (68%) entre os entrevistados. No total da amostra, com 4.215 entrevistas, a maioria (65%) declarou ter uma atitude positiva em relação ao Agro. Quem já trabalhou ou tem parentes que trabalham no setor tendem a avaliá-lo de maneira mais positiva: 84% e 80%, respectivamente.
A pesquisa revelou ainda que existe um público a se conquistar. O grupo distante ou desfavorável ao setor representa 33% da população, sendo que 51% deles são pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos. Em relação às questões ambientais, os mais críticos foram os entrevistados de idade entre 30 e 59 anos. Para 38% das pessoas nesta faixa etária, o Agro é um dos principais responsáveis pelos impactos ambientais do país contra 19% da média geral da pesquisa. E, ainda nesta faixa etária, para 31%, o agro faz uma má utilização dos recursos hídricos, quase o triplo do total da amostra (11%).
Para o presidente da ABRMA, é hora de o setor mostrar tudo que tem feito ao público, mas de forma unida, com a participação de todas as entidades, empresas e produtores. “Quando não contamos as nossas histórias, alguém faz isso por nós, e faz da maneira que acha mais conveniente, o que na maioria das vezes não contam de uma forma boa e verdadeira”, acredita. Nicodemos esclarece que esse não é um trabalho rápido, fácil. “Esse projeto tem de ter um espírito de cooperação de todos do setor”, orienta.
Já sobre a comunicação porteira adentro vai muito bem. Segundo o presidente da ABRMA, o produtor conta com muitos veículos especializados e gosta de se informar pelas mais variadas fontes, desde as mais tradicionais quanto das digitais. “O nosso público gosta de se informar pelas revistas, dos conteúdos técnicos que farão diferença no seu negócio. A revista é a grande companheira do produtor rural. Muitos são colecionadores de revistas. E o que faz ele ser fiel a esse veículo é justamente o seu conteúdo rico em informações relevantes”, finaliza Ricardo Nicodemos.