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OPINIÃO
TÉCNICO
Zootecnista – Especialista em Melhoramento Genético em Gado de Corte e Diretor Técnico Dstak Assessoria Pecuária
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rafaelmazao@dstak.com | @rafaelmazao
Caminhos da Cria Eficiente
Omercado tem sinalizado bastante quanto à valorização da atividade de cria. Analisando as grandes regiões produtoras de bezerros do país e, detentoras dos maiores rebanhos de matrizes (MT, GO, MS, MG e PA), algumas variáveis tornam este cenário cada vez mais sólido, principalmente por dois motivos: acentuado número de abate de fêmeas e demanda por bezerros de qualidade por grandes projetos “invernistas” ou confinadores. Com isso, o selecionador da cria está com todos os motivos para investir nas matrizes afim que produzir bezerros cada vez melhores. Por outro lado, objetivando maior rentabilidade nos sistemas de produção e menor intervalo para retorno quanto ao investimento, o “invernista” sabe que o bezerro “diferente” é investimento certeiro. Entre o período de 1998 à 2018 analisando o percentual de machos abatidos acima de 36 meses, que representava 50,2% e passou para 5,6% respectivamente, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne - ABIEC em 2019, nos evidencia claramente que o melhoramento genético proporciona aumento da velocidade ao abate, principalmente quando em harmonia com todo os demais processos de produção (nutrição, sanidade, ambiência e manejo). Vale lembrar a ganância da indústria e do mercado interno e externo que requer cada vez mais carne de animais jovens. A seleção de matrizes e a escolha dos touros para promover o melhoramento genético do rebanho é uma tarefa que deve ser cumprida à risca. Criar somente não basta, selecionar vai mais além. Na cria, a conta sempre deve ser: quilo de bezerro desmamado por vaca exposta na reprodução por hectare.
Identificar e potencializar os fatores que mais impactam no sistema de cria, implica em maior desfrute e rentabilidade. Buscamos fêmeas precoces, produtivas, longevas e que, quando forem ao descarte após terem “pago a conta na fazenda”, deixem pelo menos três produtos até os seis anos de idade, que proporcione pelo menos 16@ com 51% de rendimento de carcaça. Partir do modelo tradicional que só retém matrizes gestantes e descarta mães de “guachos” ao final da estação de monta e ir além à busca de maior produtividade, requer ferramentas e critérios de seleção mais rígidos. Impreterivelmente manter no rebanho somente matrizes que deixam um produto com intervalo de 12 meses. Que desmame pesado, com relação ideal do peso da cria para matriz de 50%. Sistemas que proporcionem a precocidade sexual! Ou seja, as primíparas contemporâneas dos “bois” que serão abatidos até dois anos vão deixar seu produto “ao chão” na mesma idade, eliminaremos a atividade de recria das fêmeas, estamos objetivando a reposição somente com fêmeas desmamadas da geração que ficarem gestantes precocemente, as demais serão descartadas do rebanho de cria. Potencializar a fertilidade também através da seleção das fêmeas que depositam gordura subcutânea mais precocemente, mensuração realizada de forma objetiva por ultrassom, identificando no rebanho os animais melhoradores para esta característica importante que está correlacionada diretamente com a precocidade sexual, além de matrizes com maior reserva e conse-
quentemente maior adaptação à sistemas ou períodos adversos.
Enxergamos além atualmente, até o tempo de gestação faz a diferença nos sistemas de cria. Devido as matrizes zebuínas com gestação mais alongadas em relação às taurinas, o menor tempo de gestação proporciona entrada mais rápida na próxima estação de monta, objetivando um produto por vaca por ano em estação de monta curta, o risco de descarte fica reduzido por este fator.
E já que falei ali acima sobre gestação. Vale lembrar também quanto à enorme importância para os cuidados nutricionais nas matrizes gestantes. Estudos recentes (programação fetal) apontam que a nutrição adequada das matrizes durante o primeiro e segundo terço de gestação é fundamental para o desempenho da cria, impactando desde ao peso a desmama, também na fertilidade e até peso ao abate. Principalmente durante o segundo terço de gestação, onde finaliza a segunda onda de crescimento da estrutura muscular do feto.
E que ótimo que temos os programas de melhoramento, além de tudo para “apontar” os reprodutores que mais impactam no ganho genético e financeiro dos sistemas. Ainda mais agora com Dep’s genômicas fortalecendo ainda mais a base genética e aumentando a confiabilidade dos animais jovens. Estando aliados aos critérios de seleção fundamentais nas rotinas da cria, devemos “usar e abusar” destas importantes ferramentas.
Uma vez que queremos produzir o bezerro mais produtivo e a fêmea mais eficiente, as Dep’s nos auxiliam muito nas escolhas dos reprodutores que farão parte do plano genético da estação de monta que há de vir.
Então, creio que agora está fácil pensar no perfil genético do reprodutor que mais impacta na cria depois dessa nossa “prosa”.
Olha só:
Visando Fertilidade:
• Dep Stay – Percentual das matrizes que deixam 3 produtos até os 6 anos de idade; • Dep 3P – Percentual de novilhas que vão parir precoce; • Dep PG – Número em dias da diferença do período de gestação, indicador ideal sempre negativo.
Visando Característica Maternal:
• Dep MP120 – Peso à idade materna (aos 120 dias de vida da cria), onde analisamos a habilidade materna.
Visando Características de Peso:
• Dep P210 – Peso à desmama; • Dep P450 – Peso na recria, ao sobre ano.
Visando Característica de Acabamento de Carcaça:
• Dep ACAB – Deposição de gordura subcutânea, grande aliada à reprodução e precocidade sexual.
Lembre-se amigo pecuarista, os reprodutores e os programas de melhoramento genético são “as ferramentas”, as matrizes são “nossa fábrica”, dependemos delas para a eficiência do sistema de cria ao ciclo completo o uso da seleção e das tecnologias impedem que deixemos “nossa fábrica sucateada”, e nos possibilita maior rentabilidade e maior desfrute.
OPINIÃO
GENÉTICA
Engenheiro Agrônomo especializado em Zootecnia e jurado das Raças Zebuínas - ABCZ
camarinof@gmail.com
Características de carcaça e suas ferramentas de avaliação
Toda seleção de raça pura compreende diversos quesitos e diferentes critérios para se atingir objetivos, especialmente quando se procura eficiência em sistemas de produção como um todo. A preservação do aspecto racial, características funcionais ligadas a reprodução e aprumos, dentre outras, estão ligadas diretamente a essa seleção. Porém, ferramentas de avaliação de carcaça e características medidas por essas ferramentas, têm tido um grande impacto na seleção de indivíduos puros e consequentemente um aumento na produtividade de rebanhos na raça Nelore tanto PO quanto comerciais. A ultrassonografia de carcaça através de características como Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) e Ratio e outras, estão sendo bem utilizadas, não apenas como estratégias de mercado, mas também, aplicadas na prática, proporcionando aumento de produtividade de rebanhos comerciais por meio da utilização de reprodutores comprovadamente positivos para essas características. Entre os exemplos está a AOL. Essa característica tem uma relação fortíssima com rendimento de carcaça no abate e a EGS com acabamento de carcaça, característica extremamente desejável pela indústria frigorífica. Além de ter impacto sobre a precocidade sexual de novilhas. Outra ferramenta de muita utilidade prática em características de produtividade no
“gancho” está a direcionada aos abates técnicos. Associações como a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e Associação Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), têm realizado importantes trabalhos no sentido de avaliar animais da raça Nelore promovendo concursos e provas de abates técnicos. Fomentando assim, a raça e comprovando sua capacidade produtiva. Ainda que um pequeno número de criadores particulares já tenha realizados abates técnicos, os resultados de tais iniciativas já se mostram na prática das seleções PO e em rebanhos comerciais. Uma das contribuições dessa ferramenta é avaliar e mostrar em quais características analisadas nesses abates os reprodutores mais se destacam, ajudando assim, o criador e o produtor de boi gordo a direcionarem o uso dos touros específicos para promoverem o melhoramento da eficiência na produção da carne. Assim, como atingir melhores níveis na qualidade da carne. Atualmente, dentre as diversas ferramentas de melhoramento para características produtivas, as de carcaça vêm se destacando por serem medidas diretas e objetivas da produtividade e eficiência das diversas genéticas da raça Nelore. Os resultados práticos nas fazendas que se utilizam dessas ferramentas têm mostrado um impacto extremamente positivo nos índices produtivos e na lucratividade dos produtores de gado de corte, puro e comercial. Aliado à outros quesitos de seleção, a ultrassonografia e os abates técnicos podem, sem dúvida, promover melhorias na média nacional das raças zebuínas, especialmente da mais numerosa delas: a Raça Nelore.
OPINIÃO
MERCADO
Médico veterinário especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo
diretoria@minerembryo.com.br
A @ de R$240,00 te dá lucro?
pecuária mudou o patamar de lucratividade? Definitivamente a resposta é não! O que mudou foi a receita da arroba @. Mas como comportou o seu custo junto a esta subida de receita. Como ficou a reposição e o preço do milho, farelo de soja e do diesel? Veja como é essencial a gestão dos números da porteira pra denA tro. Por isso pergunto ao caro leitor: tens os custos e indicadores fechados? Qual sua lotação? Qual seu GMD (Distribuição de Produtos e Serviços Agrícolas)?
Qual o seu custeio/cab/mês? E, ainda, o mais importante de todos: qual seu resultado financeiro em R$/ha/ano? Tem gestão de risco em sua fazenda? Bom, caso não tenha estes números cuidado ao comemorar esta @ de
R$240,00. Dentro da pecuária de resultados temos a gestão e o melhoramento genético.
No primeiro, várias frentes vem sendo implementadas. O controle individual está prestes a ser lançado em primeira mão no mercado brasileiro pela Inova Farm que objetiva monitorar e controlar todo seu rebanho individualmente a custos acessíveis. No Melhoramento Genético surgem iniciativas muito inovadoras para um momento de reposição cara. Uma Nova Era surge com a venda de embriões de vacas amplamente avaliadas e genotipadas a preços democráticos para repor matrizes de alto valor genético. Por tudo isso apresentado deixo um conselho: mergulhem seus números e planejamentos, pois a Pecuária 4.0 chegou!