Revista Pilotis número 32 - Colégio São Luís

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Revista Pilotis # 32 Produção interna do Colégio São Luís

MISSÃO E RESPONSABILIDADE

A INOVAÇÃO ESTÁ NA

NOSSA TRADIÇÃO NOVA SEDE DO CSL PERMITIRÁ O DESENVOLVIMENTO PLENO DAS INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS EM CURSO

EDUCAÇÃO A importância da autonomia na infância EXCELÊNCIA 5 questões para compreender a formação do professor do CSL DESAFIO Como educar jovens para um futuro incerto?


Existem tipos de escola:

AS QUE ACHAM QUE O IMPORTANTE É TRAZER O ALUNO PARA A ESCOLA

ANOS

E AS QUE ACHAM QUE O IMPORTANTE É

fazer A escola CHEGAR ATÉ O aluno.

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ção a c i d e d o. , r d n GE a m o I u X E O m . ISSO as E D Z ER AS p e s s o A D F o S MOS COMO ompreensã O M NDE NDA c M

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coragem

PARA ESCOLHER ESSE CAMINHO.

UMA CORAGEM QUE SÓ NASCE DA

fé E DO amor.


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incrível

É UMA GERAÇÃO , QUE SE APRENDER A COLOCAR SUA INTELIGÊNCIA E CAPACIDADE A SERVIÇO DO BEM COMUM, VAI DEIXAR UMA MARCA DE

civilização e progresso como nunca vimos. EDUCAMOS UMA GERAÇÃO QUE MERECE MAIS DO QUE UMA ESCOLA QUE FORME,

forme para a vida, COM VALORES QUE POSSAM SER LEVADOS para o mundo e para sempre! MERECE UMA ESCOLA QUE


REITOR Pe. Carlos Alberto Contieri, SJ DIRETORA-GERAL E ACADÊMICA Prof.ª Sônia M. V. Magalhães DIRETORIA Irineu de Jesus Villares Diretor Administrativo/Financeiro Luciana Pinto Coelho Alde Diretora de Desenvolvimento Institucional Prof. Rafael de Paula Aguiar Araújo Diretor de Segmento – Ensino Médio

: : editorial Nesta edição da Revista Pilotis você poderá conhecer mais a fundo o Projeto CSL 2020, bem como as iniciativas que o compõem e as ações que já estão sendo postas em prática (mudanças na matriz curricular, incremento na formação dos professo-

Prof. Renato Aloísio Laurato Diretor de Segmento – Ensino Fundamental II Prof.ª Sueli Marciale Diretora de Segmento – Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Integral COORDENAÇÃO EDITORIAL Ana Maria Sigaud – Gerente de Com. e Marketing

res, uso de metodologias ativas em sala de aula, entre outras). Também apresentamos as premissas da proposta pedagógica do Colégio São Luís, baseada na educação de inspiração inaciana e na formação integral da pessoa, e os valores que uma escola jesuíta considera fundamentais na missão de educar homens e mulheres para o mundo.

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO André Cantarino – Depto. de Comunicação FOTOS Acervo CSL Marco Aurélio Ribeiro – Depto. de Comunicação Matheus Moreira Mororó – Depto. de Comunicação REVISÃO Departamento de Publicações

2019 será tempo de finalizar os processos que garantem uma transição serena para o novo endereço e entregar as últimas informações sobre o funcionamento da escola no Ibirapuera. Temos um grande número de profissionais internos e ex-

COLABORAÇÃO Aloma Carvalho Carina Diniz Lygia Barsotti

ternos envolvidos nesse trabalho, por isso é com alegria que compartilhamos com vocês os resultados alcançados até agora e os convidamos a trilhar esse caminho conosco.

Rua Haddock Lobo, 400 - Cerqueira César CEP 01414-902 / São Paulo, SP Tel.: 11 3138-9600 / www.saoluis.org

Boa leitura! Prof.ª Sônia M. V. Magalhães Diretora-Geral e Acadêmica do Colégio São Luís

A Revista Pilotis é uma publicação interna do Colégio São Luís.

2019


Revista Pilotis # 32

30

6 O COLÉGIO SÃO LUÍS E A EDUCAÇÃO JESUÍTA

8 A IMPORTÂNCIA DA

POR DENTRO DO CSL 2020

AUTONOMIA NA INFÂNCIA

16 EDUCAÇÃO QUE MUDA VIDAS

12

SERVIR AO PRÓXIMO: UMA EXPERIÊNCIA TRANSFORMADORA

22 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 26 5 QUESTÕES PARA COMPREENDER A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO CSL

44 DO MUNDO E PARA O MUNDO: O QUE SIGNIFICA SER UMA ESCOLA DA COMPANHIA DE JESUS

46

COMO EDUCAR PARA UM FUTURO INCERTO?

36

O AMBIENTE ESCOLAR COMO AGENTE INDIRETO DA APRENDIZAGEM

NA WEB Leia mais notícias no Pilotis Online www.saoluis.org/acontece-no-csl


RESPEITO E COLABORAÇÃO

O COLÉGIO SÃO LUÍS E A

EDUCAÇÃO JESUÍTA ASSIM COMO A IGREJA, ACREDITAMOS QUE EDUCAR É AMAR, É DAR VIDA POR PE. CARLOS CONTIERI, SJ, REITOR DO CSL

O

Colégio São Luís, obra educati-

gio, a Companhia de Jesus vem mudando

va da Companhia de Jesus, tem

o conceito de ensino no mundo inteiro.

sua identidade centrada nos

Assim como a Igreja, acreditamos que

princípios do ensino católico e na inspira-

educar é amar, é dar vida. Para que se pos-

ção inaciana da educação.

sa atingir a excelência na ação formativa,

Uma escola católica pode ser enten-

é preciso despertar gradualmente nos es-

dida como uma instituição presente em

tudantes a alegria e o desejo de aprender,

todas as partes do mundo e destinada a

fazendo uso das melhores práticas e mé-

todas as pessoas, sem distinção de gêne-

todos pedagógicos disponíveis para tal.

ro, cor ou origem. A educação católica tem seus valores baseados no Evange-

6 | REVISTA PILOTIS

FORMAÇÃO INTEGRAL

lho não somente como inspiração, mas

O foco do Colégio São Luís está em

também como fim, pois trata de formar

formar integralmente seus alunos, aju-

homens e mulheres para os outros, com-

dando no desenvolvimento mais com-

prometidos na compaixão. Seu dever é

pleto possível de todas as dimensões e

o de transmitir aos seus alunos um co-

talentos da pessoa. Fundamental nessa

nhecimento amplo, não ideológico, res-

missão, o educador deve ser qualifica-

peitando a consciência e as convicções

do e competente, mas também rico de

de cada um.

humanidade para que possa ensinar

O apostolado da Companhia de Je-

pelo exemplo. Afinal, como disse o Papa

sus, do qual o Colégio São Luís é parte,

Francisco aos participantes do congres-

deu origem a uma verdadeira tradição na

so promovido pela Congregação para a

arte de educar. Desde seu primeiro colé-

Educação Católica, em 2015: “educar


RESPEITO E COLABORAÇÃO

cristãmente é conduzir os jovens e as

alunos para serem homens e mulheres

crianças nos valores humanos em todas

para os outros. Acreditamos que, a partir

as realidades, e uma dessas realidades é

de um conhecimento realista do mundo,

a transcendência”. Para o Papa, a maior

os estudantes podem desenvolver a capa-

crise da educação, na perspectiva cristã, é

cidade de refletir e analisar criticamente

o fechamento à transcendência. É preciso

as estruturas da sociedade em que vivem

“educar humanamente, mas com hori-

e ver a si mesmos como agentes da mu-

“É preciso educar humanamente, mas com horizontes abertos. Nenhum tipo de fechamento beneficia a educação”

zontes abertos. Nenhum tipo de fecha-

dança e da promoção de um mundo mais

Papa Francisco

mento beneficia a educação”.

justo e solidário.

Por essa razão, a educação jesuíta

Sendo uma escola da Companhia de

está em permanente diálogo com as dife-

Jesus, buscamos sempre o magis, o mais,

rentes áreas do saber e as novas tecnolo-

a maior glória de Deus. O estímulo à aber-

gias para oferecer um currículo de ensino

tura e ao crescimento permanente leva a

integrado, que se baseie na interdiscipli-

uma conclusão que tem suma relevância

naridade e na transversalidade dos con-

para a tradição educativa jesuítica: é es-

teúdos. Entendemos que uma área do

sencial para todo ser humano alcançar

conhecimento, de forma isolada, não é

a liberdade pessoal interior para poder

suficiente para promover a compreensão

seguir os movimentos até à luz e à vida

profunda do ser humano e do mundo.

que Deus põe dentro de nós. Ou se preferirmos uma formulação menos religiosa,

SER MAIS PARA OS DEMAIS Por meio da formação de valores e atitudes, o Colégio São Luís prepara seus

para nos permitir viver nossas vidas de um modo que satisfaça os anseios mais profundos do coração do ser humano. REVISTA PILOTIS | 7


AUTONOMIA

LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE

autonomia infância A

IMPORTÂNCIA DA

NA

8 | REVISTA PILOTIS


AUTONOMIA

FAZ PARTE DO SISTEMA DE ENSINO-APRENDIZAGEM DO CSL DESENVOLVER HABILIDADES E COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO EXERCÍCIO DA AUTONOMIA

E

m um primeiro momento, falar so-

lidade. Realizada com cerca de 80 mães e

de desenvolvimento da autonomia no

bre o desenvolvimento da autono-

filhos, a pesquisa concluiu que as crianças

cotidiano das crianças. Sueli Marciale,

mia de bebês e crianças pode soar

com mais facilidade de planejar e executar

Diretora da Educação Infantil e do Ensi-

um tanto assustador para os pais. Afinal,

atividades tinham mães que as encoraja-

no Fundamental I do Colégio São Luís,

é difícil imaginar que seres tão frágeis e

vam a agir de modo independente.

esclarece que, ao contrário do que nor-

indefesos possam ter condições de agir

Outro benefício associado à autono-

malmente se pensa, autonomia não é

por conta própria em um mundo que ain-

mia, previsto, inclusive, no Referencial Cur-

liberdade irrestrita. “Autonomia é ter o

da estão descobrindo.

ricular Nacional para a Educação Infantil do

poder de escolher e saber que essa esco-

No entanto, estudos como o da Univer-

MEC, diz respeito à consciência de cidada-

lha vai gerar consequências. Na Educação

sidade de Montreal, no Canadá, mostram

nia e coletividade: “o exercício da cidadania

Infantil, a partir do momento em que se

que incentivar a autonomia tem efeitos po-

é um processo que se inicia desde a infân-

permite a tomada de decisões, as esco-

sitivos sobre as funções cognitivas da crian-

cia, quando se oferecem às crianças opor-

lhas, as manifestações dos sentimentos,

ça (raciocínio, resolução de problemas,

tunidades de escolha e de autogoverno”.

a resolução do conflito e a construção de

capacidade de fazer escolhas) e é funda-

A escola, assim como a família, tem

mental para a construção de sua persona-

um papel importantíssimo no processo

regras, está se promovendo o desenvolvimento da autonomia”.

REVISTA PILOTIS | 9


AUTONOMIA

AUTONOMIA NO DIA A DIA

os alunos sugerem soluções. Deixando as

Saber se vestir, se alimentar e guiar os

respostas com as crianças, fazemos com

próprios cuidados de higiene, levando em

que percebam que toda atitude gera uma

conta regras, valores, necessidades indivi-

consequência, e que só pedir desculpas

duais e também coletivas, são exemplos

não é suficiente. É preciso entender por

de autonomia infantil que, aos poucos,

que morder, beliscar ou bater são atitu-

tornam a criança competente para atuar

des que desrespeitam os colegas e geram

no mundo em que vive.

sentimentos ruins”, explica Sueli.

No dia a dia escolar, o CSL estimula

A partir da Pré-Escola, quando já de-

os alunos, desde cedo, a adotar um com-

pendem um pouco menos dos adultos, as

portamento mais autônomo por meio de

crianças passam a exercer mais ativamente

regras, hábitos e atividades ajustados a

seu poder de escolha. Elas decidem, por

cada faixa etária.

exemplo, a sequência das aulas – exceto as

No Maternal, quando ainda depen-

que são dadas por outros professores, como

dem totalmente de um adulto e não con-

Educação Física ou Música, em um lembre-

seguem se diferenciar como indivíduos

te sutil de que seus desejos têm limitações.

dentro de um grupo, as crianças, media-

Ainda nessa fase, elas começam a en-

das pelas professoras, são instigadas a ex-

tender melhor o funcionamento do tem-

plorar o ambiente escolar de modo mais

po e seguem uma rotina diária estabele-

independente e a adquirir as primeiras

cida em conjunto com a professora. Para

noções de cuidado com os demais. “Des-

isso, contam com o auxílio do Ajudante de

de o Maternal, acontece semanalmente

Classe, aluno que colabora com a organi-

a Assembleia de Classe, na qual a pro-

zação de atividades como a realização da

fessora apresenta os problemas da sala, e

chamada e o preenchimento da agenda.

“Autonomia é ter o poder de escolher e saber que essa escolha vai gerar consequências”

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AUTONOMIA

Saber se vestir, se alimentar e guiar os próprios cuidados de higiene são exemplos de autonomia infantil

QUANTO MAIOR A AUTONOMIA, MAIORES AS RESPONSABILIDADES

um aluno autônomo nas suas decisões fazendo tudo por ele”, lembra Sueli. Do 2.º ao 5.º ano, além das Assem-

Outro elemento importante ligado à

bleias de Classe e do Ajudante de Sala, os

autonomia e inserido a partir da Pré-Escola

alunos contam com um Representante de

é a autorregulação. No Ensino Infantil e no

Sala, escolhido para levar as reivindicações

Fundamental I, o CSL abre espaço para que

dos colegas aos diferentes departamentos

a criança possa exercitar sua capacidade de

do Colégio. “A criança vai aprendendo,

tomar decisões, de dialogar e de participar

por meio desse papel, a expor seu pon-

de sua própria aprendizagem, transfor-

to de vista, coordenada com os demais

mando, criando e recriando sua realidade.

alunos. Para tal, precisa buscar fatos e ar-

As salas de aula, por exemplo, têm

gumentos que validem sua opinião. Deve

placas que indicam quando há um aluno

saber apresentar suas demandas e, ao

no banheiro, permitindo que as crianças

mesmo tempo, estar ciente de que nem

possam sair sem ter de recorrer à profes-

sempre poderão ser atendidas”, completa.

sora a todo momento. Também são dis-

Mais do que a capacidade de agir por

ponibilizadas vassouras e pazinhas para

si próprio, a autonomia está diretamente

que os alunos mantenham seu espaço

ligada ao desenvolvimento da consciência

limpo e organizado.

moral, possibilitando que as pessoas fa-

“Nessa fase começamos a mostrar

çam escolhas, tomem decisões e busquem

que a responsabilidade não é apenas do

por seus sonhos e desejos. Ao formar alu-

outro, a iniciativa de cuidar do espaço de

nos autônomos em seus pensamentos e

convivência deve partir de cada um. Des-

ações, estamos também constituindo ci-

sa forma, as crianças se autorregulam:

dadãos e profissionais livres para aceitar

já não dependem totalmente da profes-

as responsabilidades e consequências das

sora, mas agem mediante as condições

próprias ações e aptos a cooperar coleti-

definidas por ela. Não dá para querer

vamente para transformar a sociedade.

“Ao formar alunos autônomos em seus pensamentos e ações, estamos também constituindo cidadãos e profissionais livres para aceitar as responsabilidades das próprias ações”

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FÉ, COMPAIXÃO E GENEROSIDADE

12 | REVISTA PILOTIS


FÉ, COMPAIXÃO E GENEROSIDADE

SERVIR AO PRÓXIMO:

UMA EXPERIÊNCIA TRANSFORMADORA FUNDAMENTO DA PEDAGOGIA INACIANA É VIVENCIADO NA PRÁTICA PELOS ALUNOS DO CSL

O

da missão da Companhia de Jesus, que

adeptos. Segundo dados mais

segue o princípio de Santo Inácio de

recentes da Pesquisa Nacional por Amos-

Loyola, seu fundador, de que “o amor

tra de Domicílios Contínua (PNAD Con-

se demonstra com fatos, não com pala-

tínua), divulgada em 2017 pelo IBGE,

vras”. Por essa razão, a educação jesuíta

mais de 7 milhões de brasileiros acima

busca formar cidadãos compassivos, que

de 14 anos realizam algum tipo de tra-

tenham a capacidade de ser solidários e

balho social sem remuneração. Apesar de

assumir o sofrimento vivido por outros.

trabalho voluntário no Brasil

Servir aos demais está na essência

vem ganhando cada vez mais

ter havido um aumento de quase 13%

Em seus mais de 150 anos de história,

em comparação a 2016, a proporção de

o Colégio São Luís sempre promoveu os

voluntários no País ainda é muito baixa

valores comunitários por meio de ativida-

(pouco mais de 4% da população).

des que motivassem a ação e o comproREVISTA PILOTIS | 13


FÉ, COMPAIXÃO E GENEROSIDADE

“Vou levar para a vida a necessidade de ser mais solidário, de me colocar no lugar do próximo e enxergar outras realidades. Todo o trabalho social que fizemos no Arsenal da Esperança nos ajudou a dar sentido à vida. Amar os outros é o que dá sentido à vida.” Gabriel Carvalho, aluno da 3.ª série do Ensino Médio Noturno

“Depois de um mês como voluntário no Hospital das Clínicas, eu já estava apaixonado pelo trabalho. Sendo novo no Colégio, foi ali que formei minhas primeiras amizades. Conversar, tocar violão, brincar com as crianças, tudo aquilo me dava uma paz muito grande. Tudo o que vivi Theo Miguez, “O voluntariado no HC foi

aluno da 3.ª série do EM Diurno

no hospital me ajudou muito a crescer como pessoa.”

uma das experiências mais gratificantes que tive no CSL, pois ampliou os meus horizontes e definitivamente mudou quem

misso de seus alunos com as diferentes

aos jovens um exercício prático da com-

sou agora. As visitas ao hospital

realidades do País. Por décadas, as cha-

paixão e do serviço aos demais den-

me mostraram a diversidade

madas “Experiências de Comunhão e

tro da cidade de São Paulo. Na edição

que existe no mundo. São

Participação” e “Experiências de Frater-

2018, mais de 40 estudantes dos perío-

milhões de realidades e, muitas

nidade” envolveram os jovens em ações

dos diurno e noturno viveram por uma

vezes, estamos preocupados só

sociais dentro e fora de São Paulo. Uma

semana o cotidiano de duas institui-

com a nossa.”

delas, a Missão Rural, realizada até 2015,

ções: Fé e Alegria, obra da Companhia

possibilitava aos estudantes do Ensino

de Jesus voltada a crianças e adolescen-

Giordano Gadelha,

Médio uma imersão de cerca de 10 dias

tes carentes em Taipas, na zona norte

aluno da 3.ª série do EM Diurno

no cotidiano de famílias habitantes do in-

de São Paulo; e Arsenal da Esperança,

terior do Brasil.

casa no centro da cidade que recebe

14 | REVISTA PILOTIS

Atualmente, a Missão Urbana, reali-

homens em situação de rua. As ativida-

zada desde 2016 com alunos do Ensino

des desenvolvidas pelos alunos incluí-

Médio nas férias de julho, proporciona

ram dinâmicas, brincadeiras, momentos


FÉ, COMPAIXÃO E GENEROSIDADE

“A gente sentiu que pôde levar um pouquinho de luz e amor para as crianças do Fé e Alegria. No começo algumas ficavam mais retraídas, com

“Faz parte do processo de formação integral dos alunos do Colégio São Luís que eles conheçam e possam modificar a realidade em que vivem, com criatividade e compassividade, compreendendo que a mudança está, sim, em suas mãos” Cleber Silveira, coordenador do Serviço da Fé e Espiritualidade (SEFE) do Colégio

um pouco de medo, mas depois se abriam e você descobria um interior muito doce e delicado. Acho uma boa experiência para nos tornar conscientes do mundo ao redor.” Giovana Andrade, aluna da 1.ª série do EM Diurno

de espiritualidade e auxílio na organização e manutenção dos espaços.

“Faz parte do processo de formação

NA TV SÃO LUÍS

integral dos alunos do CSL que eles conhe-

Acesse nosso canal no

Outro projeto de voluntariado, de-

çam e possam modificar a realidade em que

YouTube e veja como foi

senvolvido em parceria com o Instituto de

vivem, com criatividade e compassividade,

a Missão Urbana 2018:

Ortopedia e Traumatologia do Hospital

compreendendo que a mudança está, sim,

youtube.com/tvsaoluis

das Clínicas, completou 10 anos de exis-

em suas mãos”, explica Cleber Silveira, coor-

tência em 2018. Alunos e colaboradores

denador do Serviço da Fé e Espiritualidade.

visitam semanalmente os pacientes do

Ao servirem à comunidade com o

IOT e promovem atividades focadas em

que são, e não apenas com o que têm,

seu bem-estar (conversas, leituras, brin-

os jovens podem vivenciar uma experiên-

cadeiras, canções etc.). O trabalho conta

cia de autoconhecimento e de profunda

com cerca de 20 alunos do 9.º ano do

reflexão sobre as desigualdades que os

Ensino Fundamental II à 2.ª série do EM

cercam, e, aos poucos, promover as mu-

dos períodos diurno e noturno.

danças de que o mundo tanto precisa. REVISTA PILOTIS | 15


ÇÃO QUE M A UD C U D

A

E

EXCELÊNCIA ACADÊMICA

POR MEIO DO ENSINO MÉDIO NOTURNO, O CSL OFERECE FORMAÇÃO DE QUALIDADE A JOVENS TRABALHADORES

16 | REVISTA PILOTIS


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

“Hoje, cerca de 500 jovens bolsistas têm acesso a uma educação de qualidade, pautada pela excelência acadêmica e pelos valores humanos”

U

ma das missões da Companhia

Auxiliar de Laboratório de Análises Quími-

humanos. Além das disciplinas obrigató-

de Jesus é promover a igualda-

cas, a Escola passou a oferecer cursos de

rias, os estudantes participam de cursos

de de oportunidades educativas.

1.º grau, clássico e científico. Com o au-

extras e de outras atividades de formação.

Por isso, desde 1929, o Colégio São Luís

mento do número de alunos, em 1946 a

Desde 2011, os estudantes do Notur-

torna a educação jesuíta acessível a jo-

sede foi transferida para a Rua Bela Cintra.

no também podem participar do Projeto

vens de famílias de baixa renda que dese-

No fim dos anos 1970, a administra-

Jovem Aprendiz do próprio Colégio. O

jam receber uma formação de excelência.

ção da Escola Técnica foi incorporada à

programa proporciona aos alunos um

Os primeiros alunos da então chama-

do Colégio São Luís e a instituição pas-

primeiro contato com o mercado de tra-

da Escolinha Noturna do Irmão Olavo Pe-

sou a funcionar sob o nome do Colégio.

balho e a possibilidade de complementar

reira da Silva podiam frequentar o primá-

Com o passar do tempo, mais cursos

a renda familiar.

rio ou o ensino técnico/profissionalizante.

técnicos foram adicionados ao currículo

Depois de passar por um processo se-

Eram oferecidos cursos como o de Datilo-

do Noturno para atender às necessidades

letivo, os estudantes são distribuídos en-

grafia e o Curso Comercial, que conferia

do mercado de trabalho. Entre eles, o de

tre diversas áreas do CSL, desde as admi-

diploma e título de contador e habilitava

Técnico em Assistente de Administração,

nistrativas até as pedagógicas, nas quais

os jovens a estudar em qualquer faculda-

Técnico em Secretariado e Técnico de

ficam por 16 meses. Desde o segundo

de de Ciências Econômicas.

Processamento de Dados.

semestre de 2018, o projeto funciona

O sucesso da Escolinha, evidenciado

Nas últimas décadas, o Noturno dei-

sob o sistema de job rotation: em vez de

pela crescente procura por seus cursos, fez

xou de oferecer cursos técnicos e concen-

permanecer em um mesmo setor durante

com que, em 1943, ela se transformasse

trou seu trabalho no Ensino Médio. Hoje,

toda a duração do contrato, os estudan-

em Escola Técnica de Comércio São Luís.

cerca de 500 jovens bolsistas têm acesso

tes podem atuar em duas áreas, de modo

Com a mudança, além dos cursos de Téc-

a uma educação de qualidade, pautada

a desenvolver diferentes habilidades e

nico de Contabilidade, Redator Auxiliar e

pela excelência acadêmica e pelos valores

adquirir maior desenvoltura profissional. REVISTA PILOTIS | 17


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

“TRATAR DE FORMA IGUAL É RESPEITAR AS DIFERENÇAS DE CADA UM”

“Em meu trabalho procuro conhecer as necessidades da sociedade e promover o bem-estar para o próximo. Sem dúvida, essa sementinha foi plantada e cultivada em mim no período em que estive no Colégio” Bruno Sarmento, antigo aluno

profissional. “Durante o curso de Direito e em meus estágios, os ensinamentos

Foi por indicação de uma amiga de sua

do Colégio me influenciaram muito.

mãe que Bruno da Silva Sarmento partici-

O contato com pessoas sem quaisquer

pou do processo de admissão para o En-

perspectivas positivas em seus horizon-

sino Médio Noturno, em 2005. “No dia a

tes me fez querer atuar na Administra-

dia percebi como a estrutura e educação

ção Pública. Assumi a Presidência da

de qualidade do Colégio contribuíam para

Comissão de Direitos Humanos da OAB

minha formação humana”, conta ele.

Lapa e decidi mergulhar de cabeça nos

Advogado formado pela FMU e Presi-

trabalhos voluntários. Em meu trabalho

dente da Comissão de Direitos Humanos

procuro conhecer as necessidades da

na OAB Subseção Lapa, Bruno acredita

sociedade e promover o bem-estar para

que ter estudado no CSL com jovens das

o próximo. Sem dúvida, essa semen-

mais variadas regiões de São Paulo foi

tinha foi plantada e cultivada em mim

seu primeiro exercício prático de convi-

no período em que estive no Colégio”,

vência sadia. “Não era a cor do cabelo, a

declara o advogado.

roupa ou o endereço que definiam quem

Do CSL, ele leva no coração o futebol

eram nossos colegas. Percebi que a bar-

de sábado de manhã, a admiração aos

reira de uma suposta diferença era inven-

professores, as atividades de formação

ção da nossa cabeça”.

espiritual e muitas amizades: “Aprendi

Bruno diz que o respeito às diferenças, valor aprendido no Colégio, foi fun-

18 | REVISTA PILOTIS

damental para sua formação e trajetória

que tratar de forma igual é respeitar as diferenças de cada um”.


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

“Fiquei muito grata e motivada a mostrar que queria fazer parte da história do Colégio não só como aluna, mas também como funcionária” Thaís da Silva, auxiliar da Educação Infantil e antiga aluna

“TENHO MUITO ORGULHO DA MINHA HISTÓRIA”

A jovem não demorou a colher os frutos de sua dedicação. Ao concluir o

Thaís da Silva foi aluna do Noturno

Ensino Médio, foi contratada pelo CSL

entre os anos de 2010 e 2012 e fez parte

como Auxiliar do Segmento de Educa-

do primeiro grupo de Jovens Aprendizes

ção Infantil. “Sempre me identifiquei

do CSL. “Estava na metade do Ensino

muito com a pedagogia do Colégio e

Médio e fiquei empolgada com a oportu-

com a espiritualidade inaciana. Fiquei

nidade de trabalhar no Colégio, pois seria

muito grata e motivada a mostrar que

o meu primeiro emprego”.

queria fazer parte da história do Colé-

Designada para trabalhar na Educação Infantil, Thaís sentiu-se insegura

gio não só como aluna, mas também como funcionária”.

a princípio. “Eu não tinha muito conta-

A experiência vivida como aprendiz

to com crianças. Sou filha única, tenho

foi fundamental para a escolha profissio-

poucos primos e nunca imaginei que

nal de Thaís, que se formou em Pedago-

meu primeiro emprego seria numa esco-

gia pela PUC-SP. “Entrar na faculdade de

la. Me perguntava: ‘será que tenho essa

Pedagogia já trabalhando em uma escola

vocação?’. Minha primeira tarefa como

me deu uma outra visão, pois eu sabia

aprendiz foi acompanhar um recreio das

como as coisas funcionavam. Ter, ao mes-

crianças na Vila Piratininga. Naquele mo-

mo tempo, os ensinamentos práticos da

mento, senti que estava na área certa”.

escola e os ensinamentos teóricos da fa-

Uma das exigências do Projeto Jovem

culdade foi enriquecedor”.

Aprendiz era que os alunos que trabalhas-

Hoje, Thaís é responsável por apoiar

sem no Colégio mantivessem notas altas.

as professoras, orientadoras e a Diretora

Conciliar o bom desempenho acadêmi-

da Educação Infantil em diversas deman-

co com a vida profissional não foi fácil e

das, além de acompanhar os alunos em

Thaís precisou adaptar sua rotina ao novo

suas atividades. “Tenho muito orgulho da

desafio. “As saídas aos fins de semana e

minha história. Adquiri maturidade e res-

as horas de sono diminuíram um pouco,

ponsabilidade estudando e trabalhando

mas todo o processo valeu muito a pena”.

no Colégio”.

REVISTA PILOTIS | 19


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

“APROVEITEI TUDO O QUE PUDE E FUI MUITO FELIZ NO COLÉGIO SÃO LUÍS”

“Éramos da mesma turma e ficamos muito amigos. Estamos juntos há 12 anos e nos casamos em 2018, dez anos depois de deixarmos o Colégio” Rafael Santana, antigo aluno

tenho a camiseta da equipe de futsal de 2006, quando eu e meus amigos tivemos

O médico veterinário Rafael Eduardo

um excelente desempenho nos Jogos In-

Santana foi aluno do período noturno

teramizade. Era muito divertido treinar e

do CSL entre os anos de 2006 e 2008.

torcer pelo Colégio junto aos amigos”.

Buscando uma alternativa à educação

Já no Ensino Superior, Rafael fez in-

oferecida pelo ensino público, viu no

tercâmbio em instituições canadenses de

Colégio uma oportunidade de formação

pesquisa e hoje trabalha na área comer-

acadêmica sólida, que poderia prepará-

cial de uma grande indústria do segmen-

-lo para a faculdade e para o mercado

to de nutrição animal. Ele explica que “a

de trabalho. “Com o que aprendi no

Veterinária é uma profissão complexa e

Colégio consegui ingressar no curso de

com diversas áreas que vão além da clí-

Medicina Veterinária da Universidade de

nica de cães e gatos. Exige muito estudo,

São Paulo”, conta.

mas também dinamismo, boa capacidade

Rafael também relembra ensinamentos recebidos fora da sala de aula. “Uma

de comunicação e multidisciplinaridade. Desenvolvi muito disso no Colégio”.

das coisas mais marcantes que vivi no Co-

De todas as conquistas proporcio-

légio foi a Missão Rural. Morei cerca de

nadas pelo CSL, uma, no entanto, é es-

15 dias na zona rural de Montes Claros

pecial: foi durante o Ensino Médio que

(MG) com uma família simples. Plantei,

Rafael conheceu sua esposa, Camila.

colhi, carreguei legumes e verduras para

“Éramos da mesma turma e ficamos mui-

o veículo da família e vendi produtos na

to amigos. Estamos juntos há 12 anos e

feira junto com eles. Foi uma experiência

nos casamos em 2018, dez anos depois

única na vida. O maior aprendizado foi

de deixarmos o Colégio”, revela.

compreender a realidade do outro e valorizar o que se tem”.

20 | REVISTA PILOTIS

ticipação nos Jogos Interamizade. “Ainda

“Aproveitei tudo o que pude e fui muito feliz no CSL. O desenvolvimento

Entre outras memórias estão o cari-

do pensamento crítico, o respeito à di-

nho e a amizade dos professores, o tra-

versidade e a formação humana e cidadã

balho na comissão de formatura e a par-

são verdadeiros diferenciais do Colégio”.


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

“O respeito, o amor pelo próximo, a caridade e o trabalho em equipe são fundamentos cristãos que aplico em minha vida até hoje” Camila Menezes, antiga aluna

“DEVEMOS EXTRAIR O MELHOR DE TODAS AS OPORTUNIDADES”

Nas amizades construídas com colegas de todas as regiões da cidade, Camila teve a oportunidade de conhecer e convi-

A família de Camila Menezes soube

ver com pessoas de origens variadas. “O

do processo de ingresso do Colégio São

ensinamento de valores como o respeito,

Luís por meio do padre da igreja que

o amor pelo próximo, a caridade e o tra-

frequentava. “Escolhemos o CSL por ser

balho em equipe são fundamentos cris-

uma escola onde teríamos não apenas

tãos que aplico em minha vida até hoje.

uma educação de alto nível, mas também

Além disso, o CSL me fez enxergar e en-

referências de valores fundamentais”.

tender meu papel na sociedade”.

Aluna do Noturno entre os anos de

Em seu último ano no Colégio, a jo-

2006 e 2008, Camila se recorda dos trei-

vem estava indecisa sobre a escolha pro-

nos de handebol, das orações depois do

fissional. Cogitava prestar vestibular para

intervalo e dos trabalhos pedidos pelos

Administração de Empresas e Ciências

professores. Foi em um deles, sobre figu-

Atuariais. Graças a uma dica do professor

ras de linguagem, que se aproximou de

de Física, conhecido como Joca, Camila

Rafael, seu então colega e atual marido.

pesquisou e se interessou pela área de

“Não sei se o professor Paulo Bacelar, de

Engenharia de Produção, na qual se for-

Português, sabe, mas ele ajudou a dar um

mou pelo Centro Universitário FEI. Atu-

empurrãozinho no meu relacionamento

almente, é Supervisora de Operações em

com o Rafa”, brinca.

uma multinacional.

Foi durante a passagem pelo Colégio

Para Camila, o grande legado deixa-

São Luís, mais especificamente na 2.ª sé-

do pelo CSL foi a responsabilidade que

rie do Ensino Médio, que Camila recebeu

desenvolveu durante os anos do Ensino

o exemplo e o incentivo dos colegas para

Médio. “Lidar com os estudos e o traba-

SAIBA MAIS

conciliar o trabalho e os estudos. “Criei

lho desde essa época ajudou muito na

Acesse as notícias do Pilotis Online

coragem e me arrisquei a começar uma

minha formação comportamental e pro-

e conheça o Programa de Educação

nova rotina. Foi uma experiência funda-

fissional, pois me mostrou que devemos

Tutorial desenvolvido com alunos

mental para meu amadurecimento e para

pensar grande e extrair o melhor de to-

do Ensino Médio Noturno:

ajudar em casa”.

das as oportunidades”.

saoluis.org/acontece-no-csl

REVISTA PILOTIS | 21


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

alfabetização letramento: OS NOVOS TEMPOS E SUAS EXIGÊNCIAS EM UMA VISÃO AMPLA DA ALFABETIZAÇÃO, O ATO DE LER O MUNDO VAI ALÉM DO DOMÍNIO DE SONS E DA ESCRITA DE PALAVRAS POR SUELI MARCIALE, DIRETORA DA EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL I

U

m dos objetivos essenciais do educador, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, tem sido a busca de novos caminhos e metodologias de trabalho para a alfabetização. Essa busca deve-se

à meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, que traz a necessidade de alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o fim do 3.° ano do Ensino Fundamental. Apesar do prazo estendido, essa meta acaba gerando polêmicas entre os professores, pelos possíveis métodos utilizados nas práticas de alfabetização, e expectativas nas famílias, pois têm a impressão de que o avanço das crianças no domínio do código é nulo ou muito lento. 22 | REVISTA PILOTIS


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

“Para que a criança aprenda a ler e a escrever com melhor qualidade, é preciso que ela tenha acesso a diversificados e bons modelos de leitura” Sueli Marciale, Diretora da Educação Infantil e Fundamental I

As situações citadas advêm de ideias diferentes

a escrever, ligará a imagem à palavra, fazendo uma

a respeito de algumas questões, entre elas: o que

leitura completa e não apenas uma decodificação.

é alfabetização? Como se aprende a ler e a escre-

A criança “alfabetiza-se”, portanto, quando

ver? O que é a escrita? Essas dúvidas, no Colégio

descobre que o mundo é feito de significados, e

São Luís, têm sido menos frequentes nos grupos

compreende como funciona a estrutura da língua

de formação de professores, pois nossos estudos

e a forma como é utilizada em situações comu-

partem do pressuposto de que os novos tempos e

nicativas reais. “Alfabetiza-se” quando cresce em

suas exigências demandam uma visão ampla da al-

um ambiente com adultos que leem, recebem

fabetização. Para compreender a complexidade do

cartas, e-mails etc. e tem, assim, acesso à função

ato de ler o mundo, é preciso ir além do domínio

social da escrita.

de sons e da escrita de palavras.

No início da vida escolar, para que aprenda a ler e a escrever com melhor qualidade, é preciso

LER O MUNDO: MUITO ALÉM DAS PALAVRAS

que ela tenha acesso a diversificados e bons modelos de leitura para observar e utilizar a escrita em

Entendemos que ler o mundo significa ler as

diferentes contextos. Além disso, devem ser ofe-

coisas, os objetos, os sinais. Se uma criança que

recidas oportunidades para que se sinta motivada

não sabe ler vê o símbolo do Colégio São Luís,

por meio da leitura. Dessa maneira, as diferentes

mesmo não tendo o domínio do código, entende

formas de escrita acontecem com mais autono-

que aquilo pode querer dizer, entre outras coisas,

mia, desde os primeiros registros alfabéticos até a

escola. Posteriormente, quando ela aprender a ler e

produção própria de textos. REVISTA PILOTIS | 23


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

“A criança percorre um longo caminho para aprender a ler e a escrever convencionalmente”

RESPEITO AO RITMO DE CADA UM

24 | REVISTA PILOTIS

trando linearidade e utilizando o que conhece do

Cabe lembrar que não se trata de acelerar o

meio ambiente para escrever (bolinhas, riscos,

processo do ensino da leitura e da escrita sem

pedaços de letras). Nesse momento, há um ques-

respeitar os ritmos individuais e as características

tionamento sobre os sinais escritos. Ela pergunta

de cada faixa etária, mas de desafiar a criança a

muito ao adulto sobre a representação que vê em

aprender a falar, a escutar, a escrever, a ler e permi-

seu entorno. Nessa fase, a criança começa a dis-

tir o erro, refletindo sobre ele e corrigindo-o.

tinguir letras de números, desenhos ou símbolos

Entender como cada faixa etária desenvolve a

e reconhece o papel das letras na escrita. Percebe

leitura de mundo e a escrita é uma das primeiras

que as letras servem para escrever, mas não sabe

observações realizadas por nossos educadores. A

como isso ocorre.

criança inicia a “escrita” registrando garatujas,

Em outra fase, sente-se confiante porque des-

desenhos sem figuração, e, mais tarde, desenhos

cobre que pode escrever com sentido. Ela conta as

com figuração. Normalmente, a criança que vive

partes sonoras, isto é, as sílabas, e coloca um sím-

em um ambiente urbano, com estimulação linguís-

bolo (letras) para cada parte (sílaba). Essa noção

tica e disponibilidade de papel e lápis, começa a

de que cada sílaba corresponde a uma letra pode

rabiscar e a experimentar símbolos mais cedo, por

acontecer com ou sem valor sonoro convencional.

volta dos dois anos. Muitas vezes, ela apresenta

Numa próxima etapa, a criança começa a

uma consciência sobre as características da escrita.

acrescentar letras, principalmente na primeira sí-

Posteriormente, registra símbolos e pseudole-

laba (o valor sonoro é extremamente importante

tras misturadas com letras e números, já demons-

para ela). Ao professor cabe o trabalho de refle-


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

OS EDUCADORES DO CSL BUSCAM DESENVOLVER NAS CRIANÇAS A COMPREENSÃO DE QUE A ESCRITA TEM DIFERENTES PROPÓSITOS E ESTILOS.

Oralidade A Leitura e Produção

AS ATIVIDADES PLANEJADAS POR ELES SE DIVIDEM EM:

Escrita As atividades são

Textual, as Atualidades

relacionadas ao

(notícias) e a Roda de

cotidiano da criança

Leitores têm a finalidade

(como escrever seu

de ampliar o conhecimento

nome e o dos colegas,

de mundo e incentivar a

lista de figurinhas para

reflexão e a argumentação.

completar álbum, entre

A familiaridade com

outros) e permitem

diversos gêneros textuais

que o professor leve o

e o desenvolvimento de

aluno a refletir sobre o

habilidades de identificação,

código e seu

comparação e interpretação

uso intencional.

auxiliam no aprendizado da linguagem escrita.

tir com ela sobre a escrita a partir da observação da escrita alfabética e da reconstrução do código.

O ERRO COMO PARTE DA APRENDIZAGEM

QUE TIPO DE LETRA DEVE SER USADA PARA ALFABETIZAR: BASTÃO OU CURSIVA?

Nesse momento, ela compreende que escrita e

Na construção da aprendizagem da leitura e da

desenho são sistemas distintos de representação.

escrita, as crianças cometem “erros” esperados.

Vai aprendendo que a escrita serve para funções

Eles têm um importante papel no processo de en-

muito diferentes e que distintos tipos de texto são

sino porque informam o adulto sobre o modo pró-

Acreditamos que é muito

usados em diversas situações comunicativas.

prio de pensar das crianças. Escrever, mesmo com

mais fácil para uma criança

Como a capacidade de compreensão não

“erros”, permite às crianças avançar, uma vez que

que está começando a ler

acontece automaticamente, nem está plenamente

só escrevendo é possível enfrentar certas contradi-

e a escrever a utilização de

desenvolvida, ela precisa ser exercitada e ampliada

ções e, com as intervenções do professor, superá-

letras bastão (maiúsculas),

em diversas atividades, que podem ser realizadas

-las. A melhor alternativa, seja qual for a etapa em

pois são separadas e

antes que a criança tenha aprendido a decodificar

que a criança se encontrar, é instigá-la a elaborar

facilitam a aprendizagem

o sistema de escrita.

novas hipóteses para a escrita da mesma palavra.

de cada uma. Com as

A partir do 3.º ano, haverá o momento no

Para chegar a ler e a escrever convencional-

intervenções do professor

qual as regras virão à tona. Conforme as crianças

mente, portanto, a criança percorre um longo ca-

e um trabalho sistemático,

crescem e desenvolvem-se em seus percursos de

minho, enfrentando toda sorte de desafios, elabo-

cada criança, a seu tempo,

aprendizagem, a noção das regras ortográficas e

rando e reelaborando hipóteses, em um processo

poderá aprender a escrever

a ampliação de seu universo linguístico virão a seu

constante de equilíbrios e desequilíbrios cognitivos

com letra cursiva, porém

tempo com o auxílio do professor, que tem papel

que permitem sempre um estágio de leitura e es-

esse não é um princípio

fundamental nesse processo.

crita mais avançado que o anterior.

essencial de alfabetização.

REVISTA PILOTIS | 25


EXCELÊNCIA OPERACIONAL

QUESTÕES PARA COMPREENDER A

FORMAÇÃO DO PROFESSOR

DO COLÉGIO SÃO LUÍS CONHEÇA A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM DENTRO E FORA DA SALA DE AULA PARA QUE NOSSOS ALUNOS APRENDAM CADA VEZ MAIS E MELHOR

C

olocar o aluno no centro do processo

tica é uma das ferramentas mais importantes para o

educativo e oferecer um ensino capaz de

professor avaliar o seu próprio trabalho, identificando

formar homens e mulheres conscientes,

as condições que garantem o sucesso da aprendiza-

competentes, compassivos, criativos e compro-

gem dos alunos e também os fatores que podem ou

metidos. Com essa meta em foco, Sônia Maga-

precisam ser modificados para atender às necessida-

lhães, Diretora-Geral e Acadêmica do Colégio São

des afetivas e cognitivas de cada um”, diz a diretora.

Luís, fundamenta as ações de formação e capacitação do corpo docente. “Desde 2016, estamos

26 | REVISTA PILOTIS

NOVAS METODOLOGIAS DE ENSINO

promovendo uma mudança no olhar de nossos

As pesquisas mais recentes da área de edu-

educadores sobre os processos de ensino e de

cação mostram que metodologias baseadas no

aprendizagem”, explica.

conceito de aprendizagem ativa, em que crianças

As ações formativas em horário de trabalho fo-

e jovens participam do processo de construção e

ram ampliadas em termos quantitativos e qualita-

assimilação do conhecimento, possibilitam uma

tivos. Hoje, os professores do CSL têm mais tempo

maior e melhor apreensão dos conteúdos.

para planejar e refletir sobre o seu trabalho, tanto in-

Por isso, nas ações formativas, os professores

dividualmente como em grupo, em dinâmicas cuida-

do CSL são convidados a refletir sobre a importân-

dosamente organizadas por coordenadores de área e

cia de se valorizar diferentes formas e estilos de

por diretores de segmento. “A reflexão sobre a prá-

aprendizagem. Desse modo, busca-se organizar os


EXCELÊNCIA OPERACIONAL

espaços e tempos escolares com novas e criativas

uma permanente análise e avaliação crítica sobre

perspectivas de aprendizagem, nas quais cada pro-

as suas próprias habilidades e competências didá-

fessor se responsabiliza não apenas por aquilo que

ticas e metodológicas.

precisa ensinar, mas também pelo envolvimento dos alunos em sua aprendizagem.

Conversamos com Rafael Araújo, Diretor do Ensino Médio e Coordenador do Grupo de Traba-

Hoje é importante que o professor atue como

lho de Formação Docente, para saber mais sobre

um mediador não apenas entre o aluno e os obje-

quem são e como se capacitam os professores do

tos de conhecimento, mas também entre os pró-

Colégio São Luís.

prios alunos e, acima de tudo, entre o aluno e sua aprendizagem. Dar mais autonomia e colocar o foco da educação na aprendizagem não significa deslocar a responsabilidade do processo educativo para o aluno. Ao contrário: o professor precisa,

1 QUAL É A FORMAÇÃO MÍNIMA QUE UM PROFESSOR DEVE TER PARA FAZER PARTE DO CORPO DOCENTE DO CSL?

cada vez mais, preparar suas aulas de modo a fa-

Os professores do CSL são todos licenciados

vorecer o engajamento dos alunos com o conhe-

em suas áreas de atuação e a maioria já tem o mes-

cimento. Cabe a ele, portanto, reger o processo

trado completo e especialização. Temos, inclusive,

de ensino-aprendizagem e garantir que todos os

professores com doutorado. Nosso corpo docente

estudantes se envolvam ativamente.

também tem bastante experiência em sala de aula, com mais de 15 anos de atuação, em média.

PEDAGOGIA INACIANA

Vale lembrar que a formação mínima que o

A proposta da pedagogia inaciana envolve

MEC exige para o profissional da área de educação

cinco dimensões que valorizam os saberes dos

é a licenciatura, no caso dos professores especia-

alunos e estimulam os educadores a integrá-los

listas, e a graduação em Pedagogia, no caso dos

ao processo de aprendizagem. A aprendizagem

professores generalistas, da Educação Infantil e do

ocorre em um fluxo que vai da contextualização

Ensino Fundamental I. Como a procura por traba-

à avaliação, passando pelas etapas de experiência,

lho no CSL é intensa, temos o privilégio de poder

reflexão e ação. Tudo isso requer dos professores

selecionar profissionais bastante qualificados.

“Aqui no CSL os professores são convidados a observar e analisar a aula dos colegas, em uma dinâmica colaborativa na qual todos têm a oportunidade de trocar experiências e saberes entre si” Rafael Araújo, Diretor do Ensino Médio

REVISTA PILOTIS | 27


EXCELÊNCIA OPERACIONAL

2 COMO SÃO REALIZADAS A FORMAÇÃO E A ATUALIZAÇÃO DO PROFESSOR DO CSL? QUANDO OCORREM E QUAL SUA CARGA HORÁRIA? Em 2018, os professores tiveram três horas semanais voltadas ao planejamento e à reflexão sobre

Em 2019, os professores passarão a ter quatro horas de formação por semana e, em 2020, cinco horas. Essas duas horas a mais serão dedicadas à capacitação nas metodologias ativas – um tema de fundamental relevância para o CSL – e a grupos de estudo em geral.

a prática docente. São realizadas reuniões com a

Na realidade, já temos dois grupos-pilotos de

coordenação e a direção da escola, encontros entre

estudo acontecendo com esse foco em cada seg-

os próprios professores (organizados por série, área

mento (Educação Infantil, Ensino Fundamental I,

ou até mesmo grupos de projetos) e palestras com

Ensino Fundamental II e Ensino Médio). Nossa in-

consultores externos – profissionais que são convi-

tenção é que os professores possam desenvolver

dados para tratar de temas específicos do desen-

um espírito mais investigativo, de pesquisa. E, até

volvimento emocional e cognitivo da criança e do

2020, que todos os professores estejam envolvidos

jovem e de outros assuntos relacionados às áreas

na discussão de metodologias, na construção de

de conhecimento que integram o nosso currículo.

disciplinas eletivas e cursos extracurriculares, e no

Essas horas também são dedicadas à observação da sala de aula, estratégia formativa funda-

debate de temas importantes da escola e de interesse das diferentes áreas.

mental. Os professores são convidados a assistir às

O que queremos aqui no CSL é proporcio-

aulas dos colegas e a analisá-las, em uma dinâmica

nar uma formação ativa para nossos professores,

colaborativa na qual todos têm a oportunidade de

dando-lhes o protagonismo necessário para que

trocar experiências e saberes entre si. A observação

possam atuar com propriedade e autonomia cres-

envolve cultura e gestão de sala de aula e didática.

centes. Essa é a aposta que estamos fazendo.

Durante o semestre, os coordenadores de área e os diretores de segmento também observam a atuação dos professores, acompanhando a sua dinâmica de trabalho na sala de aula.

28 | REVISTA PILOTIS

3 QUAIS SÃO AS FERRAMENTAS UTILIZADAS PELO PROFESSOR PARA AVALIAR O SEU PRÓPRIO TRABALHO?

A dimensão prática da formação e a informa-

A observação, análise e reflexão sobre a prática é

ção teórica são os alicerces da capacitação docen-

a nossa principal ferramenta na formação. Estamos

te. Com elas podemos não apenas avaliar e orien-

constantemente criando e implantando instrumen-

tar a atuação do professor como também repensar

tos de registro e de avaliação que ajudem os profes-

o trabalho do Colégio como um todo.

sores a repensar e a melhor planejar seu trabalho. Os


EXCELÊNCIA OPERACIONAL

“O que queremos aqui no CSL é proporcionar uma formação ativa para nossos professores, dando-lhes o protagonismo necessário para que possam atuar com propriedade e autonomia crescentes. Essa é a aposta que estamos fazendo” Rafael Araújo, Diretor do Ensino Médio

instrumentos de registros e avaliação servem como

As reuniões pedagógicas são o momento pri-

parâmetros para a elaboração das aulas, antes, du-

vilegiado de troca de informações e experiências

rante e após cada uma das atividades. Planejar e

entre os professores, mas estimulamos ao máximo

avaliar as condições necessárias para que os alunos

a comunicação entre eles para que possam compar-

aprendam é o cerne do trabalho de formação.

tilhar saberes, planejamento, materiais e, assim, to-

Os professores também contam com os relató-

mar decisões coletivas de forma mais autônoma. Os

rios estatísticos gerados pelo DTE – Departamento

intervalos também são momentos de muita troca.

de Tecnologia Educacional. Esses relatórios permi-

Na sala de professores, o clima é de trabalho. E, atu-

tem mapear o desempenho dos alunos e também

almente, as redes sociais são mais uma ferramenta

o alcance das atividades. Os dados quantitativos

para que esse intercâmbio ocorra de forma eficaz e

servem como ferramenta para o professor aferir a

com agilidade. Os professores criam grupos com as

qualidade das suas propostas.

ferramentas de gestão compartilhada da Microsoft,

Finalmente, temos as reuniões com os direto-

por exemplo, e organizam-se por turmas, projetos,

res de segmento e com os coordenadores de área.

eventos. Hoje, posso dizer que o trabalho pedagó-

Esse feedback é mais uma ferramenta formativa

gico que acontece fora da sala de aula caminha

para os professores do CSL.

muito mais rapidamente e de forma mais eficiente. Há mais diálogo e gestão do conhecimento.

4 COMO OCORRE A INTERAÇÃO ENTRE OS PROFESSORES? Os professores sempre estão em interação quando atuam no mesmo segmento da escola

5 OS PROFESSORES SÃO ESTIMULADOS A BUSCAR CONHECIMENTOS FORA DO CSL?

ou pertencem à mesma área. Isso é fundamental

No grupo de estudo, incentivamos os profes-

para garantir a coerência do nosso trabalho. Os

sores a aprofundar seus estudos em temas pelos

professores da Educação Infantil, por exemplo,

quais demonstrem interesse e/ou que se relacio-

dialogam de forma permanente. O mesmo acon-

nem ao trabalho e ao dia a dia da sala de aula.

tece com os professores de Artes ou de Educação

Preocupamo-nos em apoiá-los quando buscam

Física. Mas também existe um diálogo entre os

ampliar a sua formação em eventos e instituições

professores de diferentes segmentos. Para os do-

externos (congressos, seminários, pós-graduação

centes do Ensino Médio, a troca de informações

etc.). Nossa ajuda envolve desde a liberação do dia

com os colegas dos anos finais do Ensino Funda-

de trabalho ao custeamento de parte do investi-

mental II é essencial.

mento a ser feito. REVISTA PILOTIS | 29


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

por dentro do

CSL 2020

COLÉGIO SÃO LUÍS PROMOVE RENOVAÇÕES PARA MODERNIZAR SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E ENRIQUECER O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

F

az parte da tradição da Companhia de Jesus buscar continuamente meios e métodos que fortaleçam seu apostolado educativo. Em 2016, na mais recente proposta de renovação pedagógica da Com-

panhia, foi publicado o Projeto Educativo Comum (PEC) da Rede Jesuíta de Educação - RJE, documento que orienta a revisão dos currículos das escolas da rede em todo o Brasil. Desde então, o Colégio São Luís vem implementando melhorias gradativas em diferentes setores da escola, buscando responder aos desafios trazidos pelas constantes mudanças da sociedade e da tecnologia e seus impactos no processo de ensino-aprendizagem.

30 | REVISTA PILOTIS


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

O conjunto de inovações em curso

modismo tudo o que já foi feito e que

constitui a base do CSL 2020, projeto

dá bom resultado”, esclarece Sônia Ma-

que reúne iniciativas relacionadas a Prá-

galhães, Diretora-Geral e Acadêmica do

ticas Pedagógicas com foco em inovação,

Colégio São Luís.

ao Desenvolvimento Institucional, entre outras áreas. Todo o processo de renova-

ESSÊNCIA PRESERVADA

ção é sustentado por Grupos de Trabalho

Sônia Magalhães também explica

compostos por profissionais docentes e

que a inovação em curso no CSL é, em

não docentes dos segmentos pedagógi-

sua maior parte, metodológica. “Inova-

cos e setores administrativos.

ção metodológica significa trazer para a

A primeira fase do projeto, previs-

nossa realidade ferramentas que dina-

ta para se encerrar em 2020, se divide

mizem o trabalho desenvolvido e que

em seis etapas: 2015-2017, ajustes de

sejam mais adequadas ao ensino-apren-

organização e estrutura; 2016, revisão

dizagem de um aluno que hoje é mais

dos planos curriculares/conteúdos; 2017,

ativo e interativo, tornando o aprendi-

implantação dos planos curriculares e ca-

zado mais interessante e significativo

pacitação dos professores; 2017-2019,

para ele”, diz.

elaboração da matriz de competências e

Portanto, a essência da proposta

habilidades; 2018, organização da grade

educativa do Colégio São Luís, centrada

curricular; 2020, implantação do currícu-

na formação do aluno em todas as suas

lo integral, em tempo integral.

dimensões (afetiva, espiritual, ética, esté-

“Um processo de inovação não começa do zero e não substitui por algum

“Um processo de inovação não começa do zero e não substitui por algum modismo tudo o que já foi feito e que dá bom resultado” Sônia Magalhães, Diretora-Geral e Acadêmica

tica, cognitiva, corporal e sociopolítica), permanecerá inalterada. REVISTA PILOTIS | 31


REVISÃO DA MATRIZ CURRICULAR O trabalho de revisão da matriz curricular do CSL foi pautado nas sete macro-

ção coletiva do saber, que leva em con-

preender em profundidade o conteúdo

ta tanto os conhecimentos do professor

estudado, em vez de somente memorizar

quanto os do aluno, adquiridos dentro e/

informações”, afirma Sônia.

ou fora da escola.

competências que desejamos desenvolver em nossos alunos: saberes culturais,

SISTEMA DE AVALIAÇÃO

ABORDAGEM INTERNACIONAL

cultura

É fundamental entender as avalia-

A partir de 2020, o Colégio São Luís

digital, colaborativa, político-social e in-

ções como qualificadoras não apenas do

oferecerá aos estudantes do Ensino Mé-

trapessoal. O mapa de competências será

aprendizado, mas também do ensino.

dio o programa IB – International Bacca-

adaptado à carga horária de tempo in-

Ambos fazem parte do caminho pedagó-

laureate. Desenvolvido pelo IBO (Inter-

tegral e acrescido de componentes que

gico percorrido por professores e alunos.

national Baccalaureate Organization), o

tornam a formação dos alunos mais con-

“Com a atualização das práticas

IB é um programa internacional de cer-

sistente e sintonizada com as exigências

pedagógicas, marcada principalmente

tificação com foco na formação de um

da sociedade contemporânea.

pelo uso de metodologias ativas, os ins-

cidadão para o mundo, que tenha um

trumentos tradicionais de avaliação não

pensamento crítico tanto da sua cultura

desaparecem, mas mudam de foco e de

quanto de outras.

comunicativa,

lógico-analítica,

ADOÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS

forma de elaboração. A avaliação deixa

Com a implantação do IB, o Colégio

As chamadas Metodologias Ativas

de ser um momento isolado do proces-

São Luís, que já pertence a uma rede com

têm por objetivo tornar o estudante mais

so de ensino-aprendizagem e passa a se

mais de 800 escolas e 186 universidades

envolvido no processo de aprendizagem.

integrar a ele, de modo que o aluno seja

jesuítas em todo o mundo, passa a ser

Esses métodos preconizam uma constru-

capaz de contextualizar, refletir e com-

uma escola de abordagem internacional.

32 | REVISTA PILOTIS


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

CONHEÇA ALGUMAS METODOLOGIAS ATIVAS UTILIZADAS PELO COLÉGIO SÃO LUÍS

ENSINO HÍBRIDO

AULA INVERTIDA

PBL – PROBLEM BASED LEARNING

Mescla metodológica entre o ensino

Compreendida erroneamente como

Bastante conhecido, o PBL (ou Aprendi-

presencial e o virtual, o Ensino Híbrido é

uma troca de papéis entre aluno e pro-

zagem Baseada em Problemas) é uma me-

uma tendência seguida por muitos países

fessor, a aula invertida é um modelo

todologia que se alinha ao entendimento do

e bastante disseminada no Ensino Su-

mais interativo, em que os estudantes

CSL de que os jovens têm um potencial de

perior no Brasil. No CSL, a maior parte

compartilham ativamente seus conheci-

investigação e curiosidade que deve ser de-

da carga horária de aulas é presencial,

mentos em sala de aula e aumentam sua

senvolvido. Diferente da problematização,

mas os alunos podem recorrer a plata-

participação e engajamento no processo

que leva os alunos a uma série de exercícios

formas virtuais para acessar exercícios e

de aprendizagem. A metodologia vai ao

de pesquisa e raciocínio que não resultam

videoaulas que complementam o que foi

encontro do pressuposto da Pedagogia

necessariamente em uma aplicação prática,

ensinado em sala pelo professor. As fer-

Inaciana de que confrontar conhecimen-

a Aprendizagem Baseada em Projetos é um

ramentas virtuais possibilitam que cada

tos novos com os já adquiridos permite

trabalho mais complexo. A partir de uma

aluno aprenda no seu ritmo e apresentam

uma compreensão mais aprofundada

situação-problema criada sobre um tema de

formatos variados para um mesmo con-

de um assunto, pois estimula o aluno a

interesse dos estudantes, eles devem articu-

teúdo. Ambos os fatores colaboram para

fazer análises e comparações com mais

lar soluções correlacionando conteúdos de

uma melhor aprendizagem.

embasamento. O professor atua como

várias áreas do conhecimento, sempre com

mediador nesse processo, ajudando os

a orientação dos professores. Como repre-

estudantes a fazer uma boa síntese do

sentação do caminho percorrido e da con-

conteúdo trabalhado.

clusão obtida, devem confeccionar um produto a ser apresentado ao fim do processo.

REVISTA PILOTIS | 33


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

O reitor do Colégio, Pe. Carlos Contieri, inaugura a pedra fundamental e abençoa o terreno do novo prédio

Mais de 4 mil universidades do mundo,

conclusão de curso. As demais disciplinas

desde a Educação Infantil. A rigor, um es-

inclusive brasileiras, aceitam o certificado

serão divulgadas tão logo comecemos a

tudante deverá chegar à 1.ª série do Ensi-

IB como forma de ingresso.

informar as famílias sobre o IB.

no Médio em condições de ser aprovado

“O currículo IB prepara os alunos não

“Além de desenvolver uma grande

no exame de ingresso do IB e cursar, sem

apenas para estudar em universidades de

fluência na língua inglesa, o estudan-

maiores dificuldades de proficiência, as

todo o mundo, mas para ter uma visão

te terá contato com uma abordagem

disciplinas lecionadas no idioma.

global da vida e da realidade, o que coin-

de ensino que visa à integração do co-

cide com o propósito da Companhia de

nhecimento e à globalização. Queremos

Jesus de formar cidadãos conscientes e

formar um cidadão mais apto a compre-

A partir de 2020 os alunos do CSL

com perspectiva global”, reforça a Dire-

ender os diversos contextos da socieda-

permanecerão na escola por um período

tora-Geral e Acadêmica do CSL.

TEMPO INTEGRAL

de contemporânea e a usar seus conhe-

de oito a oito horas e meia por dia, de se-

O programa IB que será adotado

cimentos para melhorar o mundo. O IB

gunda a sexta-feira. “O tempo integral só

inicialmente pelo Colégio é o Diploma,

tem uma filosofia muito interessante de

é eficaz quando colocado a serviço de uma

lecionado em inglês e aplicado como

que a paz se dá, em grande medida, por

proposta de formação integral. Nessa visão,

complemento ao currículo brasileiro. No

meio da educação. Isso está muito alinha-

a escola não é somente um lugar no qual

Diploma existem três cursos obrigatórios:

do aos princípios da educação inaciana”,

se ensinam conteúdos, mas é também um

TOK (Theory of Knowledge), que prepara

conta Andrea Rodrigues, Coordenadora

centro de desenvolvimento da pessoa como

o jovem para entender o que é o conheci-

do IB Diploma do Colégio São Luís.

um todo”, enfatiza Sônia Magalhães.

mento e sua função social; CAS (Creativi-

O programa do IB será direcionado,

Os cursos extras, atividades opcionais

ty, activity, service), programa de volunta-

inicialmente, aos estudantes do Ensino

realizadas após o período de aulas, serão

riado e imersão em situações de serviço;

Médio em 2020. Não obstante, o ensino

mantidos com nova grade de oferta, or-

e EE (Extended Essay), trabalho de investi-

da língua inglesa como segundo idioma

ganizada a partir da disponibilidade dos

gação interdisciplinar apresentado como

de instrução terá um lugar privilegiado

espaços na nova sede.

34 | REVISTA PILOTIS


EXCELÊNCIA ACADÊMICA

A nova sede do CSL será construída em uma área de mais de 15 mil m², próxima ao Parque do Ibirapuera, e abrigará um projeto arquitetônico alinhado à proposta pedagógica da Rede Jesuíta de Educação

NOVA SEDE Para que o processo de renovação

à aprendizagem individual e coletiva, a

em curso possa ser plenamente concre-

horizontalidade, a integração visual dos

tizado, a Companhia de Jesus fez um

ambientes, a transparência, a valorização

importante investimento na construção

do verde, a sustentabilidade e o conforto

de um novo prédio para o Colégio São

acústico e térmico.

Luís. A área de mais de 15 mil m², pró-

A diretora Sônia Magalhães define a

xima ao Parque do Ibirapuera, abrigará

nova sede como um “presente para os

um projeto arquitetônico alinhado à pro-

alunos, suas famílias e para a cidade de

posta pedagógica do Projeto Educativo

São Paulo. Será um lugar para aprender

ACESSE O QR CODE

Comum (PEC) da Rede Jesuíta de Educa-

em contato com a natureza, ao ar livre.

A diretora Sônia Magalhães

ção. O edifício de três pavimentos, con-

Nossas crianças e jovens merecem. Para

explica a diferença entre

cebido para ser um ambiente funcional

nós, é uma alegria que o Colégio possa

uma escola de abordagem

e agradável, leva em conta a diversidade

proporcionar esse espaço de aprendiza-

internacional e uma bilíngue.

e flexibilidade dos espaços, o incentivo

gem e convivência”. REVISTA PILOTIS | 35


AGILIDADE E INOVAÇÃO

NOVA SEDE Av. Dante Pazzanese, 295 Vila Mariana - São Paulo - SP

36 | REVISTA PILOTIS


AGILIDADE E INOVAÇÃO

COMO AGENTE INDIRETO DA APRENDIZAGEM A MUDANÇA DE SEDE DO CSL, PREVISTA PARA 2020, PRETENDE ENRIQUECER A EXPERIÊNCIA EDUCACIONAL DE ALUNOS E PROFESSORES

REVISTA PILOTIS | 37


AGILIDADE E INOVAÇÃO

N

as últimas décadas, tem-se discutido a importância do espaço/ ambiente escolar no desenvolvi-

mento e na aprendizagem de crianças e jovens, bem como nas relações entre pares e no papel do educador. Pesquisas realizadas mostram que os espaços físicos escolares interferem positivamente no ensino, atuando como o terceiro educador (precedido pela família e pelo professor, respectivamente). Esses espaços devem possuir qualidades que os tornem capazes de promover relacionamentos agradáveis entre as pessoas; de gerar mudanças; de favorecer escolhas; e de propiciar aprendizagens.

38 | REVISTA PILOTIS


AGILIDADE E INOVAÇÃO

“As salas de aula, por exemplo, não podem mais ser as tradicionais, já que a dinâmica entre professor e aluno é muito diferente hoje” Sérgio Athié, arquiteto

NA TV SÃO LUÍS Acesse nosso canal no YouTube e veja como será a nova sede do Colégio: youtube.com/tvsaoluis

Como forma de acompanhar os desafios impostos por essa nova conjuntura

ser considerado apenas um espaço físico:

ram novas técnicas. As salas de aula, por

ele é temporal, relacional e funcional.

exemplo, não podem mais ser as tradicio-

e oferecer aos alunos uma experiência de

Na grande maioria das escolas brasi-

nais, já que a dinâmica entre professor e

aprendizagem plena e enriquecedora, o

leiras, porém, a estrutura e a disposição

aluno é muito diferente hoje”, observa

projeto pedagógico do CSL 2020 con-

de móveis em sala de aula ainda repro-

Sérgio Athié, arquiteto e sócio do escri-

templa a construção de uma nova sede.

duzem um modelo em que o conteúdo

tório Athié Wohnrath, responsável pelo

Concebida para ser um espaço adequado

é passado de professor para aluno, com

projeto da nova sede do CSL.

a diferentes práticas pedagógicas, a ar-

carteiras enfileiradas e todos voltados

Sabemos que hoje o desafio é pre-

quitetura do novo prédio do Colégio São

para a frente. Tradicionalmente, as es-

parar a criança e o jovem para viver em

Luís assumirá um papel ativo nas experi-

colas foram projetadas para obedecer a

uma sociedade em constante transfor-

ências educacionais dos estudantes.

uma lógica que prioriza o ensino (sem

mação. Para tanto, deve-se desenvolver

necessária relação com a aprendizagem)

neles a capacidade de rápida adaptação,

e faz do professor o centro do processo.

a criatividade, a colaboração, a respon-

Assim, ao nos referirmos ao espaço escolar, temos em mente que ele é resultado de um conjunto de ambientes que devem

“Atualmente, todos os projetos volta-

sabilidade, a autonomia e a competên-

proporcionar desafios e provocar intera-

dos para a área da educação, menos no

cia para administrar os recursos tecnoló-

ções e aprendizagens. Portanto, não pode

Brasil e mais em outros países, já incorpo-

gicos existentes.

REVISTA PILOTIS | 39


AGILIDADE E INOVAÇÃO

DO MUNDO E PARA O MUNDO: O QUE SIGNIFICA DA A L O C S E A M SER U S U S E J E D HIA COMPAN POR PROF.ª SÔNIA MAGALHÃES, DIRETORA-GERAL E ACADÊMICA DO COLÉGIO SÃO LUÍS

D

e modo geral, três elementos

fundamental propiciar o desenvolvi-

caracterizam

mento humano e espiritual de crianças

um

colégio

da

Companhia de Jesus: a tradição,

a busca pelo magis (o mais) e o diálogo com os desafios de cada tempo.

40 | REVISTA PILOTIS

e jovens em todo o mundo. Em um colégio jesuíta, o espaço da educação escolar permite um diálogo

As escolas jesuítas carregam consi-

permanente com os valores do Evangelho

go uma mística que remete a 1540, ano

e da fé, não por meio (somente) das aulas

em que, à luz da experiência espiritu-

de Ensino Religioso, mas pela promoção

al de Santo Inácio de Loyola, a Com-

da convivência diária entre pessoas de di-

panhia de Jesus assumiu o apostolado

versas gerações, origens e crenças. Esse

da educação. A partir de 1548, com a

exercício inspira um modo de conviver

fundação da primeira escola em Messi-

muito próximo dos valores evangélicos,

na, na Sicília, começou a ser construída

tais como solidariedade, justiça e paz. A

uma tradição educativa jesuítica que

escola não é vista apenas como uma casa

perdura até os dias de hoje. Ser uma

de instrução, mas como um espaço de

escola da Companhia de Jesus, portan-

educação, um microcosmo onde se en-

to, significa ser parte de uma herança

saia a convivência em sociedade.

cultural, religiosa e, principalmente,

O segundo elemento que nos defi-

educacional, que tem como objetivo

ne como escola jesuíta é a busca pelo


AGILIDADE E INOVAÇÃO

magis, ou seja, o mais e o melhor ser-

safios de cada tempo, lugar e cultura de

vação. O anúncio do Projeto CSL 2020,

viço. Nosso compromisso é oferecer o

maneira eficaz. A busca pela inovação é

em março de 2018, dá início a um novo

maior valor em todos os nossos fazeres,

algo habitual da Companhia, desde que

ciclo de transformações que já estão em

o que, naturalmente, inclui um serviço

pautada pela intencionalidade: todas as

curso e que atingirão seu ápice no início

de educação e de ação formativa de

ações, pedagógicas ou não, promovidas

da próxima década. Com a construção

alta qualidade.

em um colégio jesuíta têm razões e ob-

de uma nova sede para o Colégio, ne-

Em uma escola jesuíta, a excelência é

jetivos muito claros. Não há, portanto,

cessária para a realização plena dessa

aplicada a todas as áreas da vida escolar.

espaço para a imitação ou para a repeti-

renovação, a Companhia de Jesus de-

A busca da excelência acadêmica, no en-

ção de práticas com o intuito de simular

monstra, mais uma vez, estar alinhada à

tanto, só tem sentido dentro de um con-

supostos avanços.

evolução dos tempos.

texto mais amplo de excelência humana,

Desde a transferência da sede de Itu

Somos, acima de tudo, um colégio

que abrange todas as áreas da vida do

para São Paulo, em 1918, passando pela

com uma missão: desenvolver todas as

aluno. “Educar nas virtudes e nas letras”

construção do edifício São Luís Gonza-

dimensões da pessoa e formar cidadãos

é um binômio que está na raiz fundacio-

ga, em 1970, e pela divulgação do Pro-

competentes, conscientes, compassivos

nal da Companhia de Jesus.

jeto Educativo Comum (PEC) da Rede

e comprometidos na compaixão, fa-

Outra característica tradicional de

Jesuíta de Educação - RJE, em 2016, a

zendo da escola um espaço no qual a

um centro educativo da Companhia é o

história do Colégio São Luís e da rede

transmissão da cultura não se restringe

permanente diálogo com o contexto no

educativa da qual faz parte vem seguin-

à informação acumulada nos diferentes

qual está inserido, respondendo aos de-

do um movimento constante de reno-

campos do conhecimento. REVISTA PILOTIS | 41


AGILIDADE E INOVAÇÃO

COMO EDUCAR PARA UM FUTURO INCERTO?

42 | REVISTA PILOTIS


AGILIDADE E INOVAÇÃO

EM UM MUNDO QUE MUDA RAPIDAMENTE, FORMAR JOVENS É UMA TAREFA CADA VEZ MAIS DESAFIADORA

V

ivemos em um mundo em constante – e acelerada – mudança. Segundo estudo da empresa de consultoria americana The Emerging Future, em apenas 20 anos a tecnologia estará um milhão

% 5 8 s de fi das pro ssõe

não 2030 aindnatadas

foram inve

de vezes mais avançada do que a atual, uma transformação equivalente a toda a evolução ocorrida nos últimos 2.500 anos. Com base nessa projeção, é possível dizer que em 2032 o mundo será tão diferente do de 2018 quanto o mundo atual é diferente do de 480 a.C., ano em que ocorreu a Batalha das Termópilas, uma das três Guerras Médicas travadas entre a Grécia e o Império Persa. O mercado de trabalho, evidentemente, será afetado por essa acelerada evolução tecnológica. Estima-se que 85% das profissões que existirão em 2030 sequer foram inventadas. Nesse contexto de rápidos e profundos avanços, como a escola de hoje pode formar jovens para um futuro ainda desconhecido?

REVISTA PILOTIS | 43


AGILIDADE E INOVAÇÃO

conhecimedneto usado maneira criativa

Segundo Rafael Araújo, diretor do Ensino Mé-

ais. “Nosso ponto de partida para essa mudança foi

dio do Colégio São Luís, a chave está em priorizar

uma análise do agora, sob o ponto de vista da for-

uma formação mais voltada ao desenvolvimento

mação de jovens para um mercado de trabalho em

das competências e habilidades de cada estudan-

rápida mudança, no qual as inovações tecnológicas

te, tendo como ponto de partida os conteúdos

crescem em ritmo acelerado”, afirma Rafael Araújo.

planejados para as diferentes etapas formativas.

O trabalho começou com uma ampla pesqui-

“As reformas do Ensino Médio e da Base Nacional

sa, na qual o Colégio ouviu alunos, pais, comu-

Curricular Comum deixam de lado a mentalidade

nidade educativa e realizou benchmarkings tanto

puramente conteudista e se pautam nas habilida-

em escolas da Rede Jesuíta, quanto em outras

des e competências esperadas. Se nosso ritmo de

instituições de ensino nacionais e internacionais.

evolução social e política fosse como o dos anos

Um dos dados revelados foi a necessidade de um

70, os conteúdos dariam conta de formar plena-

modelo de aulas mais dinâmico, compatível com

mente o aluno, pois seria mais fácil visualizar o que

o ritmo de aprendizado do jovem de hoje. Nes-

ele enfrentaria em 10 ou 15 anos. Hoje, não sabe-

sa nova visão de educação, estudante e professor

mos o que os jovens vão enfrentar daqui a dois ou

redimensionam seus papéis: enquanto o primeiro

três anos! É muito mais importante preparar um

assume uma participação mais ativa na constru-

aluno capaz de ser inventivo diante de um proble-

ção de sua aprendizagem, o segundo desenvolve

ma do que oferecer soluções prontas, formuladas

a capacidade de articular seus conhecimentos com

anos atrás. O conhecimento dos conteúdos conti-

aqueles trazidos pelos estudantes.

nua sendo importante, mas deve ser utilizado de

Rafael conta que o Colégio buscou o que ha-

maneira criativa para que os estudantes consigam

via de mais avançado na pedagogia atual e nas

lidar com situações imprevistas”, explica ele.

tecnologias educacionais, o que inclui não apenas softwares, mas métodos. “Vimos na Aprendiza-

REFORMULAÇÃO EM CURSO NO CSL Desde 2016, com o lançamento do Projeto

44 | REVISTA PILOTIS

gem Baseada em Projetos um encaixe perfeito com os pontos levantados pela pesquisa”.

Educativo Comum (PEC) da Rede Jesuíta de Edu-

Metodologia derivada do Problem Based Lear-

cação, o Colégio São Luís vem trabalhando na

ning (PBL), a Aprendizagem Baseada em Projetos

reformulação de seu currículo e adotando novas

propõe que os alunos formulem problemas de

práticas pedagógicas para atender aos desafios de

pesquisa a partir de temas de seu interesse. Sob

ensino-aprendizagem impostos pelos tempos atu-

orientação do professor, eles devem desenvolver

saiba mais sobre as metodologias ativas nas páginas 30 e 31


AGILIDADE E INOVAÇÃO

os conteúdos entram ao longo do processo de pesquisa soluções criativas relacionando os conteúdos de

des socioemocionais dos estudantes, estimulando-

diferentes disciplinas. Ao fim do processo, um pro-

-os a discutir, analisar e refletir sobre seus com-

duto é apresentado e avaliado. O diretor do Ensino

portamentos, relacionamentos e escolhas nas mais

Médio diz que, com Aprendizagem Baseada em

diversas esferas, não apenas na acadêmica.

Projetos, o Colégio almeja “um estudante que sai-

O Projeto de Vida também engloba o trabalho

ba olhar um problema em toda a sua complexida-

de Orientação Profissional. Os alunos, especialmen-

de e contextualizá-lo. Nesse método os conteúdos

te os do Ensino Médio, são incentivados a se auto-

não entram de modo forçado, mas ao longo do

conhecer e a refletir sobre suas potencialidades e

processo de pesquisa. Desse modo, fica mais fá-

pretensões, o que pode ajudá-los a identificar os ca-

cil para o aluno entender o motivo pelo qual está

minhos profissionais mais adequados ao seu perfil.

aprendendo aquilo e sua aplicação prática”.

o projeto projeto demdeo vida e o participação cracia e na formação auxiliam para o merdco jovem de trabalhoado

Já no Projeto Democracia e Participação, alu-

Com o novo método também se espera que

nos do 6.º ano do Ensino Fundamental II à 3.ª série

os jovens saiam da escola mais preparados para

do Ensino Médio experimentam a formação políti-

lidar com circunstâncias próprias do mundo do

ca, prática e teórica, no ambiente escolar. Por meio

trabalho. “Imagine uma situação de conflito em

de um sistema de representação estudantil dividi-

uma empresa, por exemplo. Que ensinamentos da

do em três níveis (Representação de Sala, Conse-

Sociologia, da Filosofia ou da História o jovem po-

lho de Representantes e Grêmio Estudantil), eles

derá usar para lidar com a questão de maneira co-

entram em contato com diferentes aspectos do

erente? O perfil que queremos de um egresso do

processo democrático. Também aprendem a for-

ensino básico é o de alguém que saiba enfrentar

mular projetos, a debater as propostas de forma

situações desconhecidas e solucionar problemas

qualificada e a votá-las, sempre dentro dos limites

de maneira criativa”.

da representação e com transparência e respeito às opiniões divergentes.

MERCADO DE TRABALHO

“Esses projetos complementam o desenvolvi-

Além da Aprendizagem Baseada em Projetos, ou-

mento das habilidades socioemocionais e socioam-

tras duas iniciativas transversais do CSL auxiliam na

bientais do estudante na medida em que dão a ele

formação do jovem para o mercado de trabalho: o

repertório para lidar com as diferenças e instabilida-

Projeto de Vida e o Projeto Democracia e Participação.

des emocionais da sociedade e o preparam para ser

O Projeto de Vida compreende diversas ações

um profissional capaz de enfrentar os desafios de

de sensibilização e desenvolvimento de habilida-

qualquer área que escolher”, conclui Rafael Araújo.

REVISTA PILOTIS | 45


AGILIDADE E INOVAÇÃO

O

END H L O C ES

UMA

A R I E R R CA

A Orientação Educacional do Ensino Médio promove regularmente eventos com o objetivo de informar os estudantes sobre carreiras e profissões, ampliando seus horizontes e perspectivas sobre a escolha profissional. A equipe também realiza atendimentos para apoiar a melhoria dos resultados acadêmicos, or-

FORMAÇÃO NO EXTERIOR

ganiza visitas (individuais e coletivas) a empresas e

Cursar o Ensino Médio ou o Ensino Superior

universidades e auxilia os estudantes no processo de

fora do Brasil é uma opção cada vez mais conside-

inscrição no Enem e nos maiores vestibulares do País.

rada pelos jovens. O aluno Pedro Santalucia, da 2.ª série do Ensino Médio, viajou recentemente para

FÓRUM DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Evento que reúne universidades e profissionais

concluir seus estudos em Hong Kong. Ele foi um dos 10 brasileiros aprovados no processo seletivo da United World Colleges.

de diversas áreas em mesas redondas e palestras.

Na nova escola Pedro terá contato com o IB,

Antigos alunos do CSL também participam do Fó-

mesmo programa de certificação internacional

rum, conversando com os jovens sobre a rotina e

que o CSL adotará em 2020 para o Ensino Médio.

os desafios de diferentes carreiras.

Como pretende cursar Medicina, Pedro seguirá um currículo IB adaptado à sua escolha profissional:

ESTÁGIO POR UM DIA

“O Colégio me ajudou muito em todo o processo,

Projeto do Colégio que possibilita aos estu-

incluindo a montagem da minha grade curricular.

dantes do Ensino Médio vivenciar, in loco, a rotina

As minhas expectativas para essa mudança de vida

de profissões pelas quais tenham interesse.

são muito altas. Estou extremamente feliz”.

46 | REVISTA PILOTIS




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