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ODS Energia limpa e acessível

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ODS Vida na água

ODS Vida na água

NÃO PODEMOS DISPENSAR AÇÕES GOVERNAMENTAIS, MUITO MENOS AS DE EMPRESAS, MESMO SENDO ESTAS AS QUE MAIS IMPACTAM NEGATIVAMENTE O MEIO AMBIENTE

CONHEÇA OS PONTOS DA AGENDA 2030

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Erradicaçãodapobreza Fomezeroe Saúdeebemestar Educaçãodequalidade I gualdadedegênero Águapotávele Energ ialimpa Trabalhodescentee Indústria,inovação Redução de Cidadesecomunidades Consumoe Açãocontraamudança Vida naágua Vidaterrestre Paz,justiça einstituições Parceriasemeiosde crescimentoeconômico eacessível e infraestrutura agriculturasustentável saneamento desigualdades sustentáveis produçãosustentáveis globaldoclima eficazes implementações

54,4%

Dentro dessas metas, 54,4% estão em retrocesso, 16% estagnadas, 12,4% ameaçadas, 7,7% mostram progresso insuficiente, 8,9% estão sem dados e 0,6% não se aplicam.

10%

O que ocorreu foi uma perda de 10% de área de vegetação nativa entre 1985 e 2019, e o aumento de 9,5% do desmatamento da Amazônia legal de 2019 para 2020. SAIBA O QUE ALGUNS ODSS REPRESENTAM

ODS 6 Água potável e saneamento básico Assegurar que todos tenham acesso a uma boa gestão de água e saneamento.

ODS 7 Energia limpa e acessível Assegurar o acesso confiável, sustentável e moderno de energia para todos, mantendo um valor acessível.

ODS 12 Consumo e produção Assegurar que os processos e padrões de produção e consumo ocorram de maneira sustentável

ODS 13 Ação contra a mudança global do clima - tomar medidas urgentes para combater e evitar a mudança climática e suas consequências.

ODS 14 Vida na água Prezar pela conservação dos oceanos, mares e recursos marinhos, fazendo um uso sustentável das águas.

ODS 15 Vida terrestre Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, fazer uma gestão sustentável das florestas e seus recursos, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e evitar a perda de biodiversidade.

nais. Em contrapartida, o que realmente ocorreu foi uma perda de 10% de área de vegetação nativa entre 1985 e 2019, e o aumento de 9,5% do desmatamento da Amazônia legal de 2019 para 2020.

Já dentro do ODS 12, sobre Consumo e Produções Sustentáveis, dados do Relatório Luz revelam que a partir de 2020 houve redução da participação social, de representantes dos estados e dos municípios no Conselho Nacional de Educação (CNE). Assim, a diversidade e os temas socioambientais foram excluídos da pauta do Ministério da Educação, e a meta 12.8, referente à informação relevante e acessível para todos sobre conscientização e desenvolvimento sustentável até 2030 se manteve em retrocesso. No lugar desta meta, entraram na agenda prioritária as escolas cívico-militares, a capacitação de docentes para o turismo religioso e a segregação de pessoas com deficiência em escolas “especiais”.

Na avaliação de Carlo Pereira, são necessárias mais ações governamentais para conseguirmos um maior avanço das metas da Agenda 2030. “A gente precisa cada vez mais que a sociedade civil e também as empresas atuem de maneira bastante contundente para conseguir reverter esse jogo”, afirma Pereira.

Para Barbara Dunin, ex-assessora da Rede Brasil do Pacto Global, que participou da agenda Rio + 20, a própria ONU durante o lançamento da Agenda 2030 discorreu sobre essa parceria de que só estados e governos não seriam capazes de fazer uma agenda de desenvolvimento tão ambiciosa sair do papel. A parceria entre os governos, empresas e sociedade civil também revela esse olhar de que o setor privado é responsável pelo impacto negativo de temas centrais da agenda 2030 como o clima por exemplo. “Por isso se discute tanto o papel e a responsabilidade do setor privado frente à agenda de desenvolvimento e agora principalmente com os ODSs”, comenta. As empresas demonstram papel fundamental em diversos aspectos, como o de financiamento da agenda, inovação e capacidade produtiva. Para Carlo Pereira, hoje em dia a entidade mais confiável para a população, com base em pesquisa, não é o governo, e sim as empresas. Pelo fato de obterem um alto poder econômico e terem grande influência nos governos, consequentemente, existe uma expectativa muito grande da população para que essas empresas contribuam nos programas da sociedade, pois há um diálogo mais direto com os governos. “Tanto que o lema do Pacto Global é: ‘Empresas como uma força para o bem’. As mesmas empresas que impactam negativamente o meio ambiente são as mesmas empresas que empregam pessoas e que fazem “A agenda atual consegue trazer mais equilíbrio, olhando para a questão da sustentabilidade que, consequentemente, também olha a questão social, ambiental e econômica como coisas que são parte de um todo e não coisas separadas”

Carlo Pereira, responsável pelo Brasil, América Latina e Caribe na secretaria geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

“As mesmas empresas que impactam negativamente o meio ambiente são as mesmas empresas que empregam pessoas e que fazem a economia girar.”

Barbara Dunin, ex-assessora da Rede Brasil do Pacto Global, que participou da agenda Rio + 20

FotoArquivo Pessoal a economia girar. Claro que a gente não pode dispensar de jeito nenhum o governo, a gente precisa do governo para dar escala às coisas, e claro a gente precisa que o governo venha com políticas públicas, principalmente o mínimo, nas áreas básicas como saúde, educação e segurança.”

Ou seja, não podemos dispensar ações governamentais, muito menos as de empresas, mesmo estas sendo “as que mais impactam negativamente o meio ambiente”, segundo Barbara Dunin. No entanto, as empresas apresentam diferentes níveis de maturidade. Para ela, temos empresas que ainda estão internalizando os conceitos de sustentabilidade e empresas que ainda estão engatinhando e conhecendo melhor os conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável. Portanto, existem dois tipos de empresas neste cenário: a primeira é uma empresa que trabalha bem com uma agenda como essa, que consegue identificar e tratar de uma maneira coerente os seus principais impactos, além de falar de uma forma transparente sobre eles. A segunda é uma empresa que só olha para impacto positivo ou que trata isso em áreas e linhas específicas de produto, ou seja, ela não trabalha de uma maneira coerente com o tema, portanto, não está num nível de maturidade de gestão diante da Agenda 2030.

Dessa forma, como as empresas emitem os maiores gastos, elas precisam ter melhores práticas para reduzi-los e ao mesmo tempo trazer inovação. Hoje, os trabalhadores dedicam boa parte do tempo para as empresas, então elas precisam ter um ambiente de trabalho mais saudável. “O mercado financeiro agora com essa febre de ESG acordou para a agenda do desenvolvimento sustentável e está tendo um papel preponderante em financiar o que é bom e tirar o financiamento do que faz mal”, diz Bárbara.

Quanto ao vetor do consumo, do ponto de vista do próprio consumidor, quanto mais informação a sociedade tiver em relação a como uma empresa deve trabalhar com sustentabilidade, melhor. Precisamos separar o que é greenwash (quando uma empresa usa de pautas sustentáveis por puro marketing) do que não é. Ações de comunicação com consumidores são muito importantes para informá-los. Segundo Bárbara, “sem dúvida o consumo é um vetor importantíssimo para fazer a transformação acontecer nos negócios.”

Dessa forma, o consumo consciente é essencial para ajudar a manutenção dos ODSs. Por meio da manifestação e posicionamento dos consumidores, as empresas passam a revisar suas estruturas e buscar alternativas que estejam de acordo com pensamentos mais sustentáveis. Mas, além disso, a sociedade civil também deve cobrar atitudes, não só do setor privado, mas também dos governos.

sdgindex.org Sustainable Development Report 2021, site que reúne relatórios e gráficos sobre o desenvolvimento e avanço dos ODSs ao redor do mundo.

odsbrasil.gov.br Site oficial do governo brasileiro com informações sobre o andamento da Agenda 2030 no País.

V Relatório Luz da Sociedade Civil Agenda 2030 Brasil Reúne informações e dados sobre a situação atual das 169 metas da Agenda 2030, no site gtagenda2030.org.br/ relatorio-luz/relatorio-luz-2021/

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ENTREVISTA:MARCUS NAKAGAWA PROFESSOR, COORDENADOR E AUTOR

O ESG É UMA VANTAGEM COMPETITIVA NESSE MOMENTO

ESPECIALISTA AFIRMA QUE ESPECIALMENTE AS GRANDES EMPRESAS DEVEM AMADURECER QUANTO ÀS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

LAURA CAVALARI MELISSA ALONSO

»»» “A estrada para os moldes da sustentabilidade é a direção que impulsiona a conservação do meio ambiente, unindo a sociedade, o governo e as empresas comprometidas com a causa. Propondo conectar o presente e o futuro, a preservação dos recursos naturais para as gerações futuras se torna indispensável.” Nesta entrevista, Marcus Nakagawa, fundador e conselheiro da Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (Abraps) e professor de graduação e MBA da ESPM-SP, revela as principais questões relacionadas à ética, responsabilidade socioambiental, empreendedorismo social, terceiro setor e empreendedorismo sustentável.

Ele assume o compromisso de uma vida mais sustentável e comunica a real necessidade de unir-se aos ODSs, que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. “É uma das coisas que eu sempre gosto de falar. Os 17 objetivos que deveriam ser comuns ao governo, às escolas, às empresas e à sociedade são os grandes desafios do mundo”, diz.

No passado, o modo sustentável de levar a vida era distante e considerado um desafio. Com o passar dos anos, as práticas sustentáveis se aprimoraram e se tornaram mais simples na inserção no cotidiano. Desse modo, empresas, instituições de ensino e organizações governamentais adotaram medidas que prezam por esse modelo.

Nakagawa, que também é doutorando em Sustentabilidade pela EACH (USP), expressa como a pandemia despertou o desejo de mudança e reflexão sobre o mundo. Assim, as questões acerca do conceito ambiental e da valorização da

vida sustentável se consolidaram. Segundo ele, a ideia superficial de apenas lucrar a qualquer preço sem se preocupar, de fato, com o meio ambiente, perdeu o seu valor. Dessa maneira, a ascensão do termo em inglês ESG, que foca no ambiental, social e governamental, vem ganhando força e revertendo o antigo modelo das empresas, instituições e ONGs que não abraçavam a causa. “O ESG é um pensamento estratégico que deve estar dentro da organização, junto com missão, visão e valor, com metas definidas, no social, ambiental e de governança, porque no financeiro todo mundo tem metas, objetivos muito bem definidos”.

Quais são os meios mais eficazes para implantar a sustentabilidade no dia a dia?

A primeira coisa a fazer no dia a dia é estudar e conhecer bastante sobre o tema. Conhecer principalmente os seus impactos ambientais, sociais e econômicos que você gera, tanto os positivos quanto negativos. Esse daqui é um dos pontos muito importantes. A implementação é começar um dia após o outro, para assim poder fazer disso um hábito, como a gente faz quando aprende escovar o dente. E aí você habitua-se a escovar o dente. É igual a gente aprendeu agora lavar a mão toda hora que chega em casa, ou tira o tênis, coloca a máscara, ou seja, são todos os hábitos, mas que você vai levar tanto para questão social quanto para questão ambiental. Então realmente é começar no seu dia a dia, continuar e tornar isso um hábito.

Quais são os principais motivos para as empresas aderirem à sustentabilidade?

Primeiro as empresas vão aderir porque cada vez mais os investidores estão de olho nessas empresas, se elas adotam o ESG, se elas são sustentáveis. Segundo ponto, toda vez que você tem uma gestão para sustentabilidade e gestão com indicadores ESG, o risco de você ter um problema é menor. Alguns exemplos como você não ter mão de obra infantil no seu fornecedor, de não jogar o lixo no lugar errado, ou seja, diminuir seu risco na gestão. Tudo isso são pontos atrativos para o consumidor final. Então tem várias pesquisas mostrando que mais de 50% dos consumidores pagariam mais por produtos sustentáveis de empresas mais sustentáveis, e também você não é “cancelado” na internet, porque ultimamente, agora o negócio é cancelar as marcas e os produtos. E será efetivamente uma vantagem competitiva nesse momento. E lá para frente vai ser o padrão normal que todo mundo vai ter. E o que hoje é uma vantagem competitiva no futuro vai ser uma manutenção do mercado, uma sobrevivência, uma perenidade e uma sustentabilidade no negócio.

No seu livro 101 dias mais sustentáveis para mudar um mundo, é relatado como abordar um consumo consciente, quais são os primeiros passos para isso?

O consumo consciente é baseado em algumas perguntas para mudar o seu comportamento e também para você trazer alguns conceitos como: sustentabilidade, responsabilidade social, de menos impacto ambiental, para assim se posicionar quando for comprar. O primeiro ponto a se perguntar é: “Por que comprar?”. Você realmente está precisando comprar isso, se daqui duas semanas você pensar e voltar lá atrás será que você não foi só iludido pelo momento do impulso. O segundo é: “O que comprar?”. Então pesquise bem, vá atrás na internet, busque a empresa, veja se aquele produto pode ser substituído por ouRAIO-X

Marcus Hyonai Nakagawa Origem: São Paulo Formação: Graduado em Marketing e Publicidade pela ESPM-SP, mestre em Administração pela PUC-SP e doutorando em Sustentabilidade pela EACH-USP

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