Revista Pontos de Vista Edição 114

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Pontos de Vista Nº 114 | AGOSTO 2022 (MENSAL) | 4 Euros (CONT.)

OVARGADO

Capital Humano em destaque

GRUPO CTR

Estatuto Inovadora Cotec

CHALLENGE.IT

Parceiro de Excelência na Transformação Digital

Vanessa de Oliveira e Fernandes FUNDADORA DA FINANCIAL LIBERTY

“Quero trabalhar para as Pessoas e ajudá-las”




PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Unipessoal Lda. Administração | Redação Departamento Gráfico Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660, 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão LiderGraf - Sustainable Printing Tv. N 1 do Galhano 15, 4480-089 Árvore Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 | NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14 Distribuição Vasp - Distribuidora de Publicações, SA

TEMA DE CAPA

10 A 13 EM GRANDE DESTAQUE NESTA EDIÇÃO ESTÁ VANESSA DE OLIVEIRA E FERNANDES, CEO DA FINANCIAL LIBERTY – UMA MARCA EDIFICADA HÁ QUATRO ANOS COM A MISSÃO ÚNICA DE PROPORCIONAR ÀS PESSOAS A LIBERDADE FINANCEIRA QUE MERECEM.

DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ricardo Andrade Beatriz Quintal Ana Rita Paiva PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares FOTOGRAFIA: Diana Quintela www.dianaquintela.com Rui Bandeira www.ruibandeirafotografia.com

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É CERTO QUE UM AMBIENTE LABORAL POSITIVO É FUNDAMENTAL NO DESEMPENHO DOS COLABORADORES, CONTUDO AS VANTAGENS SÃO IMENSURÁVEIS. NESTAS PÁGINAS DAMOS A CONHECER, ATRAVÉS DE EXEMPLOS CLAROS E EMINENTES, DO QUE É, DE FACTO, A VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO.

Tiragem: 10.000 exemplares Detentores do Capital Social: Jorge Fernando de Oliveira Antunes: 100% Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para: Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa: 4,00 euros (Cont.) Assinatura anual (11 edições) | Portugal Continental: 44 euros

Estatuto Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão. Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

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Pontos de Vista

Pontos de Vista

no femini no

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AS MOTIVAÇÕES DAS PERSONALIDADES FEMININAS QUE AQUI SE ENCONTRAM PODEM SER DISTINTAS, COMO É NATURAL, MAS TODAS ELAS TÊM ALGO EM COMUM: A PROCURA E CONQUISTA POR UM CAMINHO QUE AS PREENCHA, A NÍVEL PESSOAL E PROFISSIONAL.

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NOTÁRIA NO CARTÓRIO NACIONAL DE MATOSINHOS, DÉBORA TORRES, ABORDA EM ENTREVISTA A EVOLUÇÃO DO SETOR NOTARIAL E, DE QUE FORMA, A PREPONDERÂNCIA DAS MULHERES EM GANHAR ESPAÇO NO MESMO AO LONGO DOS TEMPOS TEM CONTRIBUÍDO PARA ESTE CRESCIMENTO.


PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

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NESTE SEGMENTO FALA-SE, SOBRETUDO, NA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE. ENTRE DIVERSAS PERSPETIVAS, A IMPORTÂNCIA DESTE PROCESSO, PARA O PAÍS E PARA O MUNDO, É UNÂNIME.

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NO INÍCIO DO PRESENTE ANO VÁRIAS FORAM AS MUDANÇAS NO MERCADO, NOMEADAMENTE ÀS REGULAMENTAÇÕES DO PROGRAMA GOLDEN VISA. SOBRE ESTA QUESTÃO, JOÃO SANTOS PINTO, PARTNER DA CVSP ADVOGADOS, ABORDA O IMPACTO QUE A MESMA TRARÁ AO FUTURO DE PORTUGAL.

A SÍNDROME DO OLHO SECO É UM PROBLEMA DE SAÚDE QUE PODE REDUZIR SIGNIFICATIVAMENTE A QUALIDADE DE VIDA. CONHEÇA OS SINTOMAS, AS CAUSAS MAIS COMUNS, COMO PREVENIR, ENTRE OUTROS, DE ACORDO COM SALGADO BORGES, MD, PHD, FEBO, DIRETOR CLÍNICO DA CLINSBORGES E EMBAIXADOR EM PORTUGAL DA TFOS (TEAR FILM & OCULAR SURFACE SOCIETY).

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HÁ 31 ANOS QUE O GRUPO CTR DESENVOLVE PRODUTOS DE ALTA QUALIDADE, ATENDENDO NÃO SÓ A EMPRESAS NACIONAIS, COMO TAMBÉM OS GRUPOS INTERNACIONAIS DE PESO. ATUALMENTE, É UMA MARCA RECONHECIDA NO SEU SETOR E, PEDRO QUEIROZ VIEIRA, FUNDADOR E PRESIDENTE DA MESMA, AFIRMA QUE A INOVAÇÃO TEM SIDO A BASE DESTE SUCESSO.

DAVID MARTINS, GENERAL MANAGER DO EMPREENDIMENTO TURÍSTICO CASTRO MARIM GOLFE & COUNTRY CLUB, ABORDA A DINÂMICA QUE O SETOR DO TURISMO E DA HOTELARIA TEM SOFRIDO NOS ÚLTIMOS TEMPOS E, EM PARTICULAR, DE QUE FORMA ESTE PROJETO DE QUATRO ESTRELAS SE TEM DESTACADO NO MERCADO.

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FOTO: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

EQUIPA CHALLENGE.IT - UM PARCEIRO DE EXCELÊNCIA NA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

“A Inovação Tecnológica e o caminho da Transformação Digital não podem ser vistos como facultativos: são Obrigatórios” A Transformação Digital está, cada vez mais, na ordem do dia e as marcas que não compreendem as valias deste conceito, correm o risco de ficar para trás. Enveredar por este caminho nunca é fácil e por isso torna-se vital ter Parceiros de excelência na promoção da Transformação Digital. Assim, a Revista Pontos de Vista foi conhecer a Challenge IT e conversou com Lara Santos, Partner/CEO da marca, que, entre diversos pontos, assumiu que hoje “a inovação tecnológica e o caminho da transformação digital não podem ser vistos como facultativos: são obrigatórios”. Saiba mais de uma marca que está empenhada em acrescentar valor.

FOTO: DIANA QUINTELA

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LARA SANTOS

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á 11 anos que a Challenge IT ajuda os seus clientes e parceiros a atingirem os seus objetivos através da inovação tecnológica. Face a um mercado que está sempre, e cada vez mais, em movimento, quem é hoje esta marca e de que forma se tem destacado no seu setor? A Challenge acredita numa estreita comunicação com o cliente, com abertura e transparência no que concerne às decisões de investimento no seu processo de transformação digital. O processo de desenvolvimento e entrega de soluções é sempre centrado no cliente e nas suas necessidades específicas. Para qualquer problema específico do cliente, há uma solução. Se essa solução ainda não existe no mercado, desenvolve-se. E no caminho da inovação há seguramente momentos de disrupção! Às vezes é tão importante saber fazer algo para parar, como é importante saber o que fazer para avançar. O Design Thinking é essencial para evitar o insucesso de um processo de transformação digital e em particular de um

projeto de desenvolvimento de software à medida. Ou seja, é preciso ter a capacidade de perceber que na maioria dos casos, não é possível solucionar problemas usando a mesma lógica e o mesmo raciocínio que os originou. É essencial deter conhecimentos transversais para uma verdadeira criação de valor e inovação através de estratégias centradas no utilizador, seja ele um colaborador ou um consumidor. A Challenge IT tem aprimorado os seus processos de forma a colmatar as necessidades constantes do mercado e, assim, oferecer qualidade aos inúmeros projetos parceiros. Neste sentido, quais são as soluções que a marca disponibiliza e, posteriormente, como acontece o processo de atribuição, de cada uma delas, aos negócios dos clientes? A Challenge disponibiliza o desenvolvimento e implementação de soluções que permitem um aumento de produtividade e que permitem a preparação para a escalabilidade do negócio. No


PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

contexto atual não é possível escalar um negócio, vender mais e melhor, aumentar margens, diminuir custos de produção e administração, sem uma estratégia de transformação dos processos, que permita que sejam automatizados e tenham métricas e indicadores de desempenho do negócio, para assim garantirem que a empresa tem capacidade para escalar sem prejuízo da sua qualidade e do seu valor. Existem várias áreas do negócio, desde a fracturação, encomendas, operação, até à interface com o cliente, que necessitam de atenção constante para que possam ser otimizadas, automatizadas e assim sustentarem a competitividade e a inovação. A atribuição de uma solução tem em primeiro lugar em mente que qualquer processo repetitivo é possível automatizar ou eliminar por completo a sua necessidade, e que a recolha automática de informação nos vários passos do negócio é chave para a inovação. As nossas soluções permitem que de forma incremental as empresas possam dar os passos necessários no seu caminho de transformação e inovação tecnológica. Além dos seus serviços, a marca garante que tudo fará para reduzir erros devido à falta de comunicação, uma vez que acredita fortemente que a comunicação e análise são pilares fundamentais no desenvolvimento e/ou atribuição de cada solução. Quão importante é o acompanhamento que a empresa providencia aos seus clientes durante todas as fases de parceria? É legítimo afirmar que este acompanhamento varia consoante o setor de atividade? Sim, conforme o setor de atividade, e a fase em que o cliente se encontra no seu caminho

“O INVESTIMENTO NA INOVAÇÃO DEVE SER UMA PRIORIDADE E É, POR ISSO MESMO, O TIPO DE INVESTIMENTO QUE MAIS COLHE APOIOS E FUNDOS. A INOVAÇÃO PERMITE MANTER VIVO O PROPÓSITO DE UM NEGÓCIO, DE UM PRODUTO OU SERVIÇO. E POR INOVAÇÃO, ENTENDA-SE TRANSFORMAÇÃO E MUDANÇA" de inovação tecnológica, o acompanhamento é adaptado às necessidades específicas identificadas em conjunto com o cliente. O cliente conhece o propósito do seu negócio e a Challenge conhece as metodologias que lhe permitirão garantir que a transformação digital será promovida pelas pessoas da organização e amplificada pela tecnologia. Isto só é possível com o total envolvimento dos nossos clientes. A transformação digital é uma oportunidade, mas é também uma responsabilidade! É preciso saber gerir um projeto digital, e esse caminho faz-se caminhando. O medo de um fracasso é o pior inimigo da inovação, a par com a resistência à mudança. A transformação digital de um negócio pode ser bem-sucedida passo a passo, projeto a projeto, elevando a organização, o serviço ao cliente, a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, para um novo nível que passa a ser o novo patamar de qualidade. Quando elevamos a um novo patamar, e ficam para trás os problemas, as ineficiências e as limitações de outrora, que impediam de ver mais além, é então possível ter novas ideias, observar novos ângulos e novas oportunidades de crescimento. A ineficiência nos processos que podem ser automatizados re-

tira à organização a capacidade de se concentrar no seu verdadeiro propósito gerador de valor. Numa perspetiva externa, de que forma a Challenge IT inspira as empresas a aceitarem o caminho da inovação e a descobrirem novas oportunidades tecnológicas? A inovação tecnológica e o caminho da transformação digital não podem ser vistos como facultativos: são obrigatórios! A capacidade de adaptação e resiliência de um negócio dependerá da sua flexibilidade para acompanhar as tendências económicas e de mercado. Os nossos clientes facilmente percebem quando o seu modus operandi está obsoleto e procuram soluções de inovação. A Challenge acredita que a inovação pela transformação digital anda de mãos dadas com o processo de melhoria contínua. E a melhoria contínua é fundamental para a produtividade. A descoberta de novas oportunidades tecnológicas como como Big Data, IoT, Inteligência Artificial Aplicada, e outras, deve surgir sustentada na transformação digital dos processos da empresa e na recolha de dados nesses processos, em tecnologias Cloud, Data Science e uma Cultura de Inovação e a criatividade para

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DIOGO MATOS

EVA GOMES

FRANCISCO DIAS

“NOS PRÓXIMOS TEMPOS IREMOS ASSISTIR A UMA VERDADEIRA DEMOCRATIZAÇÃO DA TECNOLOGIA, MESMO NO SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO" encontrar novas formas de resolver problemas antigos. Os consumidores esperam disponibilidade de serviço e personalização de produto, e para isso é preciso ter processos de produção otimizados. Os serviços e produtos precisam de se manter alinhados com as expectativas e necessidades do consumidor. O consumidor de hoje espera um fácil acesso, clareza sobre o produto e/ou serviço, e uma entrega efetiva: a inovação tecnológica é a alavanca. Mais do que trazer disrupção ao mercado, as soluções inovadoras surgem também para democratizar o acesso à tecnologia, oferecendo um horizonte de perspetivas otimistas após a situação tempestuosa e que foi particularmente desafiante para uma parte dos negócios do país. Acredita que a inovação é hoje facilmente aceite devido às vantagens que possui e, por outro lado, pouco questionada no que concerne ao investimento associado? Sim, a inovação é o melhor aliado do negócio. O investimento na inovação deve ser uma prioridade e é, por isso mesmo, o tipo de investimento que mais colhe apoios e fundos. A inovação permite manter vivo o propósito de um negócio, de um produto ou serviço. E por inovação, entenda-se transformação e mudança. Sabemos que mudar é difícil, mas só com transformação e mudança surgem as melhores oportunidades de gerar valor. É preciso criar uma cultura de inovação para que a resistência à mudança não impeça a transformação necessária. Observando os inúmeros casos de sucesso que a Challenge IT acompanhou até ao momento, qual o verdadeiro impacto que a inovação, a tecnologia e a digitalização trazem ao mercado e aos negócios? O rápido acesso à informação do negócio, nas

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suas várias vertentes, por forma a suportar decisões rápidas e informadas, promove um enorme impacto nos negócios e permite uma grande flexibilidade para adaptação às constantes mudanças do mercado. Atualmente é impensável ter alguma área do negócio cujos dados, para apoio à decisão, não estão acessíveis de imediato, e com qualidade que permita à empresa, através de Data Science, revelar a informação que é determinante para uma clara visão sobre o negócio, comportamento dos clientes, tendências de fornecimento e custos. A transformação digital alavanca a sustentabilidade do negócio, a capacidade de resiliência e a sua competitividade. Tendo em conta a aceleração vertiginosa da tecnologia a que temos vindo a assistir nos úl-

Sendo fiel à convicção de desenvolvimento de software focado no cliente através de um processo baseado em cooperação, comunicação e resolução de problemas, que novidades podemos esperar por parte da Challenge IT de forma a que, no verdadeiro sentido da palavra, os desafios do mercado possam ser superados com sucesso? A Challenge está empenhada em acrescentar valor, oferendo várias formas das empresas poderem fazer uma aferição do seu potencial para a transformação digital. Temos tido o privilégio de trabalhar com clientes que confiam em nós neste caminho, e que abraçam a nossa metodologia de desenvolvimento incremental de soluções, e entrega contínua,

FOTO: DIANA QUINTELA

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PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

RICARDO SOUSA

timos tempos, que oportunidades acredita que irão surgir no mercado nos próximos tempos? Nos próximos tempos iremos assistir a uma verdadeira democratização da tecnologia, mesmo no seu processo de criação e disponibilização. As melhores oportunidades acreditamos que irão surgir do processo de transferência de tecnologia para as pessoas que não têm qualquer formação em Tecnologias de Informação. A constante disponibilização de ferramentas que permitem a qualquer pessoa ou organização, de forma autónoma, implementar soluções, será por si só um fator transformador e disruptivo. Para as empresas que se sustentarem numa estratégia de transformação digital, certamente as áreas da Inteligência Artificial, Realidade Virtual, Big Data, Business Analytics trarão inúmeras oportunidades de melhoria no negócio e entrega de maior valor. Com estas oportunidades não podemos esquecer, por um lado, o papel cada vez mais relevante que terá a Cibersegurança, os Sistemas de Informação, Proteção de Dados e Privacidade, e por outro, o Marketing e a Comunicação Digital. ▪

que permite que exista alinhamento entre todos os envolvidos nos processos e uma adaptação continua às várias mudanças. A inovação tecnológica permite estimular, impulsionar e elevar os valores centrais do negócio dos nossos clientes e é isso que continuaremos a defender, oferendo cada vez mais alternativas também às Micro e Pequenas Empresas cujos desafios de automação e de escalabilidade estão na ordem do dia para um crescimento exponencial. A missão da Challenge é desafiar as fronteiras entre o cliente e o software, providenciando um acompanhamento passo a passo em todas as fases do processo, de modo a garantir o empowerment e satisfação com as suas soluções.


PONTOS DE VISTA BREVES

Mais de 90% dos portugueses vão a restaurantes durante as férias, segundo o TheFork

“Enquadrado” Um ponto de viragem na maturidade emocional Pardo - ou João Bernardo Martins – descobriu com apenas 12 anos, através da guitarra, o quanto a música podia fazer pelas pessoas. Em 2016 criou os primeiros instrumentais da sua autoria, e no ano a seguir, escreveu o primeiro tema inteiramente produzido pelo próprio. E como falamos de bem-fazer, hoje, passados cinco anos, lança o “Enquadrado”. Este primeiro trabalho de estúdio do artista natural de Viseu, está apresentado em todas as plataformas digitais. Conta com cinco temas apoiados por um conjunto de videoclipes cinematográficos pela lente de Fábio Coelho (Lameiras Films), com a certeza de que este é o trabalho de uma equipa que promete elevar a carreira do músico a outro paradigma, mitigando, assim, todos os estigmas que ainda existem em torno dos talentos do século XXI. “Enquadrado” é o nome do EP que conta na primeira pessoa a

viagem do artista na sua descoberta pela maturidade emocional que hoje o caracteriza. Se nos deixarmos envolver, facilmente entendemos que aqui é explorado o seu interior com transparência e sinceridade. Entre os sonhos e aquilo a que chamamos de “vida real”, o músico procura normalizar os obstáculos que diariamente se cruzam no caminho de cada um. “Até que ponto temos uma ambição realista? Até que ponto nos devemos permitir sonhar tão alto e tão diferente?” – foram as questões-chave que obrigaram Pardo a enveredar pelo caminho que o conduziu ao lugar onde hoje se encontra. Podemos mesmo afirmar que este é o ponto de viragem que separa a pessoa que o artista sempre se quis tornar, e que, hoje, se sente capaz de ser. É caso para dizer que “sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam”. Desfrute.

Com a chegada do verão, a estação do bom tempo, do descanso e da descontração, importa começar a planear os dias de pausa e mergulhar pelos hábitos de refeições dos portugueses em férias. O TheFork, a plataforma de reservas líder na Europa, com mais de 2700 restaurantes de Norte a Sul do país, desenvolveu um estudo sobre os comportamentos, preferências e intenções dos consumidores na hora de ir a restaurantes durante este período, desde as razões da escolha até ao tipo de refeição mais apetecida. Férias não são férias se não sairmos de casa uma vez ou outra para nos rendermos aos prazeres gastronómicos: 92% dos portugueses não hesita em responder que vai mais a restaurantes nesta altura do ano – maior comodidade (54%) e maior disponibilidade (33%) são os principais motivos por detrás desta decisão. A maioria opta por desfrutar destes momentos em família (47%), seguindo-se a presença do/a companheiro/a (27%) e dos amigos (21%).

O Reino Unido vai ser o anfitrião da 67ª edição do Festival da Eurovisão em 2023 A Ucrânia venceu, em maio, o 66º Festival da Eurovisão, em Turim, Itália, com o tema “Stefania”, interpretado pela Kalush Orchestra. Devido à guerra no país o encontro no próximo ano será no Reino Unido. A decisão de que será o Reino Unido – o segundo classificado na edição passada – a receber o Festival da Eurovisão em 2023 foi anunciada esta segunda-feira pela BBC e pela União Europeia de Radiodifusão. Esta será a 9ª vez que o Reino Unido acolhe o concurso. Londres recebeu o Festival Eurovisão da Canção em 1960, 1963, 1968 e 1977, Edimburgo, em 1972, Brighton, em 1974, Harrogate, em 1982, e Birmingham, em 1998. A cidade que vai acolher o próximo Festival da Eurovisão deverá ser escolhida nos próximos meses e as datas do concurso em 2023 serão anunciadas oportunamente.

Coimbra recebe cinema ao ar livre até setembro É a segunda edição do Cinema Fora de Portas. As sessões deste ciclo têm entrada livre e serão apresentadas em vários locais da região de Coimbra. Em setembro serão exibidos dois filmes: “Que Mal Fizemos

Todos a Deus”, de Philippe de Chauveron (dia 10, na Escola Primária Bairro de Santa Apolónia), e “Cinema Paraíso”, de Giuseppe Tornatore (dia 17, no Largo da Feira, Sé Nova de Coimbra).

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PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

“O CAMINHO QUE TEMOS VINDO A TRAÇAR FAZ-ME SENTIR REALIZADA NÃO SÓ PORQUE CHEGAMOS A ALGUMAS PESSOAS E FAZEMOS A DIFERENÇA NA VIDA DELAS, MAS SOBRETUDO PORQUE A EQUIPA QUE TEMOS VINDO A REUNIR E A CONSTRUIR, JÁ INCUTIU OS VALORES QUE NÓS QUEREMOS TRANSMITIR” CELSO FERNANDES E VANESSA DE OLIVEIRA E FERNANDES

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PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

Financial Liberty Liberdade para poupar Proporcionar às pessoas a liberdade financeira que merecem, é o lema com que Vanessa de Oliveira e Fernandes e Celso Fernandes, há quatro anos, criaram a Financial Liberty. A CEO da marca conversou com a Revista Pontos de Vista acerca da evolução paulatina que tem vindo a traçar, de mãos dadas com a sua equipa – que tanto estima. Além disso, confidenciou as mais-valias que o Crédito Consolidado acarreta na vida da sociedade, isto porque, a missão é só uma: ajudar a poupar. Sem julgamentos e sempre com a compreensão que tanto a caracteriza.

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anessa de Oliveira e Fernandes, por força da vida, entrou no mercado de trabalho numa área totalmente distinta daquela em que se formou. No entanto, “fazer a diferença no mundo”, esteve, desde sempre, claro, nos propósitos que a movem. Iniciou o seu trajeto na área da banca – onde permanece até hoje – e foi neste segmento que começou, desde cedo, a entender as preocupações e dificuldades financeiras das pessoas. Apesar de inesperado, este foi um percurso que acabou por conduzi-la ao patamar onde atualmente se encontra. Nasceu então, em 2018, pelas mãos da entrevistada e do seu marido Celso Fernandes, a Financial Liberty. “Na minha empresa, eu quero trabalhar para as pessoas e ajudá-las, acima de tudo. Toda a gente que me rodeava, na altura que tomei esta decisão, acreditou em mim, e por isso estou aqui hoje”, inicia a mesma. FINANCIAL LIBERTY: ATINJA A SUA LIBERDADE FINANCEIRA A Financial Liberty caracteriza-se por ser uma empresa de confiança para todos aqueles que passam por processos burocráticos no que diz respeito aos seus créditos. Quatro anos se passaram depois da sua criação e a fundadora, com orgulho, garante que “o balanço é muito positivo. Quando a Financial Liberty nasceu foi num contexto em que sabia que precisava de trabalhar, faz parte da vida adulta para viver. Seja a fazer algo que se goste ou não, a vida financeira de cada um interfere muito com a vida social e profissional. Portanto, o caminho que temos vindo a traçar faz-me sentir realizada não só porque

chegamos a algumas pessoas e fazemos a diferença na vida delas, mas sobretudo porque a equipa que temos vindo a reunir e a construir, já incutiu os valores que nós queremos transmitir”. O propósito de entregar ao cliente com aquilo que é mais vantajoso para ele a nível de poupança é o valor mais importante que Vanessa de Oliveira e Fernandes e Celso Fernandes transmitem a quem começou este projeto ao seu lado e a todos os que, com o passar dos anos e a evolução da marca, têm vindo a integrá-la. Até porque, este é o mais valioso desiderato e que tanto caracteriza pessoal e profissionalmente esta equipa. Aqui falamos de uma ambição máxima: satisfazer a 100% os clientes. Segundo a CEO, “somos diferenciadores precisamente por isso. Mais do que para números económicos pessoais, nós trabalhamos para a economia no geral porque se existir maior liberdade financeira por parte do consumidor, todo o circuito vai funcionar melhor, a economia vai circular. É uma gota no oceano, e se todos contribuirmos vamos rapidamente fazer uma lagoa”. Sendo uma empresa que atua em vários níveis de intervenção perante um mercado que cada vez mais se mostra competitivo, torna-se fulcral, tal como a entrevistada referiu, se diferenciarem das restantes. Nesse sentido, a mesma garante que, acima de qualquer técnica, zelam por trabalhar para as pessoas, ir ao encontro do que cada uma procura. “Trabalhamos para aumentar o poder de compra e, dessa forma, dar alguma estabilidade a quem nos procura”, sustenta.

Além disso, a Financial Liberty atua como intermediário de crédito junto do Banco de Portugal, o que por si só é uma mais-valia, tendo em conta que em momento algum o cliente é cobrado. Mas de que forma a equipa procura, diariamente, encontrar as melhores soluções para se tornar o parceiro ideal com um serviço credível e de confiança? A verdade é que, no que diz respeito à vida financeira, existe um estigma difícil de quebrar. “Sei perfeitamente que falar da vida financeira é difícil. Assumir que talvez não esteja assim tão boa quanto se quer transmitir, é difícil para as pessoas, precisamente pelo estigma que ainda existe. Mas no nosso trabalho, é muito importante conhecer as pessoas. A nossa empresa não cobra nada, e o facto de estarmos vinculados com o Banco de Portugal também é um dos motivos que contribui para isso, é mais uma certeza de que nós, em momento algum, vamos cobrar o que quer que seja ao cliente”, garante Vanessa de Oliveira e Fernandes. Como se não bastasse, a CEO da Financial Liberty, confidenciou que esta é uma marca que, desde sempre, procura ter um papel social. Isto é, “não fazemos créditos apenas para fazer dinheiro. Acontecem algumas situações de burlas e, infelizmente, há muitas pessoas que acreditam e se deixam enganar. É aqui que entra a nossa responsabilidade social porque há pessoas que nos procuram para fazer crédito pessoal para efetivamente mandar dinheiro para esse tipo de burlas. Portanto, acredito que esta sensibilidade que temos também nos diferencia, mais do que números, procuramos fazer a diferença na vida de quem nos procura”.

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PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

"PODEMOS MESMO AFIRMAR QUE, SE EXISTE UM MOMENTO EM QUE O CRÉDITO CONSOLIDADO SE DESTACA COMO UMA ALTERNATIVA VIÁVEL E ESTRATÉGICA, É AGORA”

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CRÉDITO CONSOLIDADO: UMA SOLUÇÃO ÚNICA O core business da Financial Liberty é o Crédito Consolidado – embora façam outros. “Quando abri a empresa foi precisamente para poder trabalhar neste tipo de crédito. A minha experiência mostrou-me que em termos de organização, é muito mais benéfico. Porque damos poupança às pessoas. Nos créditos não há julgamentos, toda a gente já fez e quem não fez vai fazer”, esclarece a interlocutora. O que sabemos é que o Crédito Consolidado se caracteriza por ser uma solução financeira que permite juntar todos os créditos, num único. Vanessa de Oliveira e Fernandes explica que “o Crédito Consolidado significa que cada crédito que uma pessoa faz, tem um seguro associado, por norma, pelo menos o seguro de vida. Aquilo que nós tentamos fazer é juntar tudo o que é cartões e créditos numa única prestação. O facto de ter um único crédito significa que a pessoa tenha um único seguro, um único dia de prestação... e em termos de organização, flui de muito melhor forma”. E acrescenta que “se uma pessoa tiver dois créditos e necessitar de mais um, não há problema, porque podemos consolidar e pedir a liquidez adicional. Portanto, pode juntar os atuais créditos e pedir um outro valor. O Consolidado não passa apenas por juntar os créditos, mas na realidade, pode juntar o que tem e pedir um valor adicional”. Deste modo, é possível entender que esta é uma solução que permite aos clientes, no fundo, reduzir as despesas. Além disso, o nível de risco, para outra instituição, no futuro, caso os clientes necessitem de outro tipo de crédito – habitação ou automóvel, por exemplo – é bastante menor. “Quanto mais dispersão de crédito existir refletido no mapa de responsabilidades, mais indícios de cliente de risco é apresentado. É importante que não exista muita dispersão de crédito, senão torna-se um cliente de risco. Há clientes que muitas vezes nos dizem que vão aos seus bancos e não lhes aprovam os créditos que necessitam, e isto acontece porque normalmente têm várias linhas de crédito que mesmo que sejam de valores pequenos, resultam em muita dispersão. Portanto, isto representa risco para as instituições bancárias”, sustenta Vanessa de Oliveira e Fernandes. O que também não podemos deixar de referir é a realidade que hoje o nosso país apresenta. Apesar de as atividades já terem regressado à sua normalidade, Portugal atravessa ainda os efeitos da crise pandémica. A juntar a este momento de incerteza, existe ainda o facto de a inflação estar a atingir, neste momento, novos máximos históricos. Podemos mesmo afirmar que, se existe um momento em que o Crédito Consolidado se destaca como uma alternativa viável e estratégica, é agora. Segundo a entrevistada, “tem que ser feita uma reeducação económica, portanto é importante ver onde se está

a gastar mais dinheiro. Se pudermos poupar e colocar algum valor de parte e manter o nosso bom pagamento, é ótimo. Não apenas em situação de pandemia, mas também agora no atual contexto das taxas de inflação a aumentar. Em alturas como esta é ótimo reduzir os encargos que se tem, por uma questão de segurança”. Não restam dúvidas: a eficácia deste serviço é extremamente importante. E como se não bastasse, é uma opção de crédito destinada a qualquer pessoa. Desde que esteja inserida no mercado de trabalho, obviamente. “Mesmo quem tem apenas um crédito e quer fazer outro para algum projeto, pode juntá-lo ao que já tem e fica tudo num único valor”, sustenta a CEO da marca.

"MAIS DO QUE NÚMEROS, PROCURAMOS FAZER A DIFERENÇA NA VIDA DE QUEM NOS PROCURA”

EQUIPA COESA, É A CHAVE PARA O SUCESSO? Certo é que da Financial Liberty fazem parte profissionais de excelência, formados para realizar um trabalho exímio, mas nem só nesses fatores se prende o êxito de uma organização. Seria inevitável falar do quão a boa gestão de recursos humanos faz diferença no seio da Financial Liberty, isto porque, este é mesmo o veículo mais importante para alcançar o sucesso. Para Vanessa de Oliveira e Fernandes, “todas as habilitações são extremamente importantes, mas os valores humanos, para nós, são os mais importantes. Somos humanos, trabalhamos com pessoas e para pessoas, é importante termos profissionais analíticos, mas mais do que isso, são fundamentais pessoas com valores humanos. Muito embora apostemos em formações mais técnicas, os valores humanos, ou se têm ou não se têm, e, portanto, quando fazemos o recrutamento, estes valores já são tidos em conta. Aqui, é fulcral o valor humano das pessoas que nós precisamos e procuramos”. Primar pela felicidade das suas pessoas, são características que compõe o ADN da CEO e das suas equipas, daí a importância de que todos se guiem pelos mesmos valores: humanismo, espírito de missão e de equipa. Por esse motivo, a interlocutora não hesita: “neste momento sinto-me completamente realizada com a minha equipa, e todos eles me fazem falta.”

A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA POSITIVA Quando falamos de ser mulher no seio empresarial, nomeadamente em cargos de liderança, são, ainda hoje, levantadas algumas questões. Mas não para a nossa interlocutora que garante nunca se ter sentido discriminada por ser mulher, “nem da parte dos colaboradores, nem da parte de parceiros”. Isto porque, para a mesma, “a liderança tem que ser positiva, seja ela masculina ou feminina. E a verdade é que tanto homens como mulheres conseguem ter, ambos, lideranças positivas se quiserem. É algo que advém dos valores que cada um aporta.” Se a nossa entrevistada pudesse dar um conselho a todos os que gostariam de enveredar e construir carreira profissional na área da intermediação de crédito, seria só um: ser humano. “Ter alguma humildade também. É o principal, porque depois, não nos construímos sozinhos, quem está do nosso lado constrói-nos também. As empresas são feitas de pessoas, mas nós, os líderes das empresas, também somos feitos de quem trabalha connosco. Daí ser tão importante que exista muito humanismo da parte de todos, e compreensão também”, sustenta. Além de uma profissional de mão cheia, esta é uma mulher que muitas ambições ainda tem por realizar, em qualquer vertente da sua vida: pessoal e profissional. Inesperadamente, por trabalhar na área da banca, a marca que Vanessa de Oliveira e Fernandes gostaria de deixar no mundo seria a de que, “o dinheiro deveria ser apenas um pequeno pormenor na vida das pessoas. Lamentavelmente sinto que as vezes se perdem vidas porque elas não valem tanto, e a verdade é que as vidas têm o maior valor de todos. A vida é tão importante para ser comprada ou para cada vida ter um preço diferente do outro. É essa mensagem que quero passar: o dinheiro não tem que moldar a vida de ninguém, nem pessoal nem profissional. Por isso é que nascemos com o propósito do crédito consolidado, porque acho que é a melhor forma de fazer mudar esta mentalidade”. No que diz respeito ao futuro da Financial Liberty, o mesmo só pode ser favorável. Isto porque, a equipa está a aumentar, para que cada vez mais se recebam e satisfaçam os clientes – com tudo o que caracteriza a marca: humanismo e a missão de os ajudar. Já no que diz respeito a desafios que se aproximam, Vanessa de Oliveira e Fernandes confidencia que “o grande desafio do futuro será consolidar o crédito habitação. Porque comprar casa faz parte, culturalmente, dos projetos de cada pessoa. Portanto, vamos apostar mais neste crédito habitação, passo a passo. Queremos muito ajudar na concretização deste que é um sonho transversal a todas as pessoas. Este é o nosso projeto para o futuro, que também sabemos que é muito importante”, termina. ▪

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“Capital Humano: o veículo de sucesso da Garcias” 14 | PONTOS DE VISTA |

FOTO: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA XXXXX


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“Valores como a Paixão, Exigência, Intensidade, Trabalho, Dedicação e Seriedade são core para nós”

FOTO: SARA MATOS

Uma boa gestão do Capital Humano é fundamental para o sucesso de qualquer organização. Quem não tem dúvidas é Filipa Garcia, CEO da Garcias que garante que a marca está – mais do que nunca - focada nas suas pessoas.

FILIPA GARCIA, CEO

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Garcias S.A é uma empresa líder de distribuição de vinhos e bebidas espirituosas que se guia por uma cultura interna com valores como integridade, consistência e comunicação interativa. Enquanto CEO, e sabendo que os colaboradores são o maior veículo para de sucesso de qualquer organização, qual diria que é a atual estratégia de Recursos Humanos da Garcias S.A? A atual estratégia de RH para a Garcias está muito focada na pessoa. Nas nossas pessoas. Neste momento atravessamos uma fase de mudança interna muito desafiante pois queremos romper com algumas normas mais rígidas e criar um ambiente tranquilo sem descurar a exigência e o espírito de trabalho. Estamos a redesenhar toda a nossa cultura interna e a repensar a estratégia de RH pois queremos

chegar mais perto dos nossos colaboradores, proporcionando-lhes não só melhores condições salariais, mas também mais benefícios extra-monetários. Estamos conscientes que este caminho vai demorar o seu tempo a ser percorrido, mas o desafio de chegar ao objetivo é o que nos motiva diariamente. É legítimo afirmar que a motivação interna diária do Capital Humano, é imprescindível para oferecer à marca o êxito que lhe é merecido? Em que medida? Estamos a atravessar uma fase difícil para as lideranças. Para todas as pessoas que lideram outras pessoas é importante compreender que tal como nos próprios, as pessoas que lideramos também têm altos e baixos, fases melhores e piores e, na minha opinião, temos que ter alguma intuição neste relacionamento. Para a maioria

de nós os fatores de motivação profissional são variados, tais como condições salariais, outros benefícios flexíveis, equilíbrio da vida pessoal e profissional, distância casa-trabalho, possibilidade de teletrabalho, entre outros. Quem lidera tem que perceber quais são importantes para as pessoas diretamente na linha abaixo e, assim, poder ajudar o colaborador e facilitar o seu dia a dia de forma a cumprir o que for mais importante para ele. Em alguns dias maus que partilhei com o meu Pai ele dizia-me sempre “Amanhã vai ser um dia melhor” e lembro-me várias vezes desta frase agarrando e absorvendo a sua força para o meu dia a dia. Assim, tentamos passar a nossa essência às nossas equipas diária, semanal ou mensalmente com a força que nos carateriza há 41 anos. Garcias é uma família e valores como a Paixão, Exigência, Intensidade, Trabalho, Dedicação e Seriedade são core para nós. ▪

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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“O impacto de uma organização feliz e inclusiva leva a uma relação mais duradoura e equilibrada com o Cliente” Sérgio Azevedo, Administrador e Diretor Comercial da Garcias, confidenciou em entrevista de que forma a aposta nos quadros intermédios na Garcias, a elevou a um patamar histórico de sucesso.

SÉRGIO AZEVEDO, ADMINISTRADOR E DIRETOR COMERCIAL

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Garcias S.A promove diariamente um pensamento que olha para o futuro da empresa, para as oportunidades e para uma constante inovação do setor onde se insere. Neste sentido, quão importante é a aposta nos quadros diretivos intermédios? De que forma impulsiona o sucesso da empresa? A aposta nos quadros intermédios da nossa empresa transportou-nos enquanto administradores e gestores do negócio para um patamar muito superior. As empresas familiares têm a particularidade de conseguir tomar decisões rápidas, mas muitas vezes muito impulsivas. A Garcias é uma empresa prestadora de serviços e com um nome indiscutível no nosso setor e, neste sentido, todas as nossas decisões terão impactos diretos nos nossos clientes e, por consequência, no mercado como um todo. Os quadros intermédios são hoje fundamentais no nosso negócio. Tendo a

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Garcias vivido muitos anos com um corpo de decisão não muito para lá da Administração, hoje a transformação é enorme. Os quadros intermédios, com todo o grau de autonomia que têm, permitem que a Administração consiga ter tempo para pensar na estratégia global, no futuro e, com muito mais racionalidade, intervir no presente. Numa altura em que tanto se fala de uma cultura organizacional feliz e inclusiva, que mais-valias esta valorização do Capital Humano aporta aos clientes da Garcias S.A? Sinto que infelizmente vivemos tempos difíceis no que toca a recursos humanos. Enquanto Administração, bem como os nossos Quadros Diretivos, intervimos muito na tentativa da “conquista” e envolvimento de todos os nossos funcionários. Tentamos que a nossa história e cultura possa falar por si mesma e, como costumo dizer, tentamos em conjunto

“metê-las nas veias das nossas equipas”, pois sabemos que terá um forte impacto nos nossos Clientes. Hoje o Cliente é muito mais exigente. A sua segurança e confiança num parceiro/ fornecedor não se prende apenas a preço e qualidade de produto, mas também ao serviço pós-venda e toda a sua envolvência. Sentimos claramente que a comunicação de uma Garcias mais humana, promotora de eventos internos e valorização constante das suas equipas leva a que o Cliente sinta mais confiança e até orgulho de ser nosso parceiro. Basta pensarmos no impacto que tem para qualquer um de nós quando somos atendidos com um sorriso, uma palavra de alegria, seja num restaurante ou café, loja de roupa ou outros negócios. Sem dúvida que o impacto de uma organização feliz e inclusiva leva a uma relação mais duradoura e equilibrada com o Cliente. Este é um dos grandes desafios dos Administradores e Gestores da nova geração. ▪


FOTOS: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

SÉRGIO FONSECA, DIRETOR DE IT

“Os novos quadros diretivos trouxeram novas ideias"

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uma altura em que o mundo vive coberto de incertezas devido às constantes alterações do mercado, de que forma a Garcias S.A tem motivado os seus colaboradores a desempenhar um papel de inovação e motivação? No momento atual e para fazer face às alterações do mercado, a Garcias com a contratação de novos quadros diretivos, recentemente, promoveu o diálogo entre os trabalhadores mais antigos da empresa e que conhecem os processos que levaram a empresa, nestes 41 anos de existência, ao lugar de líder de mercado. Os novos quadros diretivos trouxeram novas ideias obtidas das experiências na sua carreira profissional. Com este diálogo foram implementadas algumas novas formas de trabalho que vieram automatizar alguns processos menos gratificantes e repetitivos libertando os trabalhadores para novas tarefas mais gratificantes. A ideia é sempre aumentar a produtividade, e por sua vez a qualidade de vida dos mesmos. Neste momento a Garcias tem objetivos claros na eficiência energética e na melhoria de processos através da automatização e digitalização. Para obter melhorias significativas nestes campos introduziu junto dos trabalhadores a ideia de que todos devem de contribuir com ideias para a obtenção de resultados, logo, dessa forma todos foram convidados a participar na inovação da empresa o que na minha opinião também deveria de motivar os mesmos na procura da excelência. ▪

RAQUEL ALMEIDA, DIRETORA DE MARKETING

"É muito importante uma retenção de talento positiva"

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Raquel Almeida é diretora do departamento de marketing da Garcias S.A. Quão fundamental é o seu papel no desenvolvimento, evolução e promoção da marca? A Garcias é uma empresa de distribuição, líder no seu setor há 40 anos, e embora com elevados níveis de notoriedade entre clientes e fornecedores, tem na sua estrutura interna e externa enormes desafios e oportunidades em que o Marketing pode e deve fazer a diferença. A minha estratégia, e da minha equipa, é tentar todos os dias explorar, criar e entregar valor para os stakeholders internos e externos. Dentro da vertente interna há um objetivo claro de criar dinâmicas entre o Departamento RH e o Marketing. Numa empresa com 350 colaboradores, é muito importante uma retenção de talento positiva. A comunicação e identidade da marca Garcias para fora está atualmente numa fase importante de mudança. Iniciámos o rebranding em outubro de 2021, com mudança de todas as Lojas Garcias tornando-os mais “consumer driver” e com abertura de um novo modelo de negócio B2C na Comporta. O desenvolvimento do digital é também um ponto chave. Desde o e-commerce, ao marketing inteligente e às redes sociais, temos objetivos traçados de transformação digital. Queremos mais CMR, mais serviço e humanização digital. Além de tudo isto, as marcas que temos connosco são um dos maiores assets. Fazer crescer marcas na distribuição em conjunto com os produtores e owners, é fascinante e gratificante. ▪

PAULO GUERREIRO, DIRETOR DE IT

“A melhoria no dia a dia da empresa é notória”

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Garcias S.A está consciente da importância do Capital Humano no seio de qualquer empresa. É legítimo, portanto, afirmar que esta mentalidade é aplicada internamente, daí ser uma marca líder no setor onde atua? Sem qualquer sombra de dúvida que esta administração está a apostar no capital humano e é com toda a certeza que tem sido uma aposta ganha, na medida em que a melhoria no dia a dia da empresa é notória e isso reflete-se nos resultados finais. ▪


FOTOS: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

ANA RITA SILVA, DIRETORA DE RECURSOS HUMANOS

“É o Capital humano que nos eleva e diferencia”

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nquanto Diretora de Recursos Humanos da Garcias S.A, considera que no seio da mesma, existe uma forte aposta e valorização do Capital Humano? O que fomenta esta ideia? Na Garcias encaramos o Capital Humano como principal alicerce da estrutura. São os seus conhecimentos, a sua capacidade, competências, esforço e a sua evolução que conduzem à otimização de tarefas e resultados. É o Capital humano que nos eleva e diferencia. Apostamos numa gestão de qualidade para alcançar um clima organizacional de harmonia e tranquilidade, baseados numa política de retenção de talento e comunicação clara e concisa. O nosso objetivo é fomentar a melhoria contínua. Para isso temos vindo a apostar em líderes de excelência e formação. Temos vindo a redefinir o nosso organograma, com uma definição ainda mais nítida de funções, a abraçar atividades de responsabilidade social, redefinir a política de vencimento e atribuição de benefícios, e estruturação do plano de carreiras. ▪

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FERNANDO SOUSA, DIRETOR DE LOGÍSTICA

“A Garcias tem todas as condições para continuar a crescer"

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ara o Fernando Sousa, pessoal e profissionalmente, que benefícios advêm do facto de integrar uma marca como a Garcias S.A? Como descreve a mesma? Trabalhar na Garcias profissionalmente há quase 30 anos é um enorme orgulho e honra. É como pertencer a esta grande família. Ter trabalhado já com três gerações da família, todas com ideias diferentes, tem sido sempre um desafio. Por sermos a maior empresa de distribuição do país, temos os problemas inerentes, mas é sempre um grande desafio diário conseguir ultrapassar estes problemas e levar esta grande empresa para à frente, sempre a crescer. A nível pessoal, foi uma empresa que sempre deu estabilidade, exige muito trabalho e dedicação, mas é assim que se constrói uma grande empresa. As alterações aqui vividas, inclusive mudanças de instalações de Alverca para Alcochete trouxeram-me, a mim pessoalmente, enormes desafios pessoais. No entanto nunca deixei de honrar a Empresa, com muito trabalho e dedicação. Estou em Garcias com muito orgulho e confiante nesta nova geração. A Garcias tem todas as condições para continuar a crescer a fazer história em Portugal. ▪

AUGUSTO MENDES, DIRETOR DE VENDAS

“Todos estes anos fizeram-me crescer"

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Garcias S.A detém um assinalável portefólio de produtos que faz chegar diariamente através da sua equipa de vendas a todo o território nacional. Enquanto responsável deste departamento, que as mais-valias este cargo lhe aporta a nível pessoal e profissional? São 11 anos de trabalho na Empresa Garcias. Todos estes anos fizeram-me crescer profissionalmente e pessoalmente, assumindo hoje a Direção de Vendas. Este é o desafio de uma vida! Ter esta responsabilidade numa empresa com a dimensão Garcias, com 65 pessoas na equipa comercial, com ritmos, ideias e formas de trabalho todas diferentes, é um desafio constante e muito gratificante todos os dias. Hoje, após estes 11 anos, as enormes mais-valias que a Garcias me aporta, são a capacidade de adaptação, espírito de resiliência e aprendizagem contínua de soft skills para lidar com uma equipa comercial tão ampla. A área comercial é o pulmão da Garcias, responsável direta e indireta pela sua operação, produtividade e crescimento. O nosso objetivo este ano é faturar 100 milhões de euros. Para o atingir, precisamos todos os dias de ter uma equipa comercial e logística cada vez mais organizada e coordenada, identificando e agrupando o trabalho para uma execução eficaz. Estes skills profissionais, que tento todos os dias colocar em prática de forma eficaz, são transportados todos os dias mais a minha vida pessoal e isso é o maior motivo de orgulho. ▪


FOTOS: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

JOANA SILVA, DIRETORA FINANCEIRA

“É fundamental que exista uma comunicação fluida entre todos”

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Garcias S.A não prescinde de se orgulhar do seu legado, dos seus colaboradores, marcas e parceiros. No ponto de vista da Joana Silva, como classifica o ambiente corporativo que se vive, diariamente, no seio da empresa? É cada vez mais importante o ambiente corporativo em que um colaborador vive, dado que passamos muito mais tempo na empresa do que em casa. Na Garcias, este ambiente é cada vez mais cuidado. Promove-se o diálogo aberto e dar a voz aos colaboradores para criar planos de estratégia e ações é uma máxima que considero que deverá estar presente nos valores das grandes empresas. É fundamental que exista uma comunicação fluida entre todos. A empresa tem demonstrando uma preocupação crescente em fazer mais e melhor. Exemplo disso é a contratação de vários quadros diretivos que trouxeram um espírito de liderança e de equipa nos diversos departamentos, crucial para que as equipas se sentissem motivadas e comprometidas com os valores da Garcias. Penso que ainda há muitos passos a dar, mas o mais importante são a confiança e segurança transmitidas por uma Administração que todos os dias dá o exemplo e isso gera um bom clima de trabalho, motivação, espírito de equipe e sinergia na busca pelos resultados.▪

CARLOS MACHADO, DIRETOR DE OPERAÇÕES

“A nossa empresa está a passar por uma fase única e histórica”

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erto é que a Garcias S.A adota um compromisso com o bem-estar das suas pessoas e a sua evolução. Assim, o que significa, para o Carlos Machado, colaborar com a marca no cargo de Diretor de Operações? Para mim é um orgulho enorme ser o diretor de Operações e Qualidade da Garcias. A nossa empresa está a passar por uma fase única e histórica, de implementação de novos conceitos de negócio e consequentemente de novos desafios operacionais. Projetos semelhantes ao que finalizámos há pouco relativamente à nossa garrafeira boutique da Comporta vão acontecer com mais frequência porque a Garcias está com uma vitalidade empolgante. Coordenar equipas de trabalho, criar procedimentos, e fazer com que uma empresa da nossa dimensão fale a mês ma linguagem em todos os locais de Portugal, de norte a sul, Continente e ilhas, é um desafio espetacular e que apela à minha criatividade e capacidade de decisão em todo o desempenho do meu trabalho e da equipa que represento.▪

NUNO BORGES, DIRETOR DE MARCAS EXCLUSIVAS

“Aportar valor a estas marcas é a nossa missão”

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Garcias S.A é reconhecida pelos clientes, fornecedores e colaboradores como a maior e melhor empresa de distribuição em Portugal. Na qualidade de Responsável de Marcas Exclusivas, qual tem vindo a ser a sua missão, contribuindo, assim, para todo este sucesso? A Garcias tem um modelo de negócio assente em Marcas Genéricas e Marcas Exclusivas. As Marcas Genéricas são aquelas que a nossa força de distribuição coloca no terreno, mas que não distribuímos exclusivamente em Portugal. Estas marcas representam 80% do nosso valor de negócio e são uma fatia, evidentemente, importante e de foco desde o início da empresa. No entanto, temos à data de hoje, 20% do valor de negócio em Marcas Exclusivas. Isto é, Marcas que a Garcias tem a distribuição exclusiva em Portugal Continental e Ilhas. Temos como missão, cada vez mais, ter o portefólio certo para os Clientes certos nestas marcas exclusivas. Aportar valor a estas marcas é a nossa missão. Construir estratégia em conjunto com os produtores e implementá-la nos nossos Clientes. Não queremos nunca desalinhar objetivos das marcas genéricas, que são foco para nós, mas considero que há um espaço enorme no trade para que todas possam sair vencedoras com a força da nossa Equipa de Vendas. ▪

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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

OVARGADO

A certeza de uma Alimentação Saudável A Revista Pontos de Vista conversou com algumas das mulheres da Ovargado, a empresa que tem como objetivo “produzir e comercializar alimentos para animais, com qualidade, e a preços competitivos”. Quem o garante é a Presidente do Conselho de Administração, Lígia Pode Coelho, que a par do grupo feminino com quem partilha a liderança da empresa, revelou ainda quais os maiores desafios de setor e a importância de um ambiente laboral positivo. Conheça tudo.

20 |SUSANA PONTOSCOUTINHO, DE VISTA |ANA MARQUES, MARGARIDA RODRIGUES, SANDRA BARROSO, LÍGIA PODE, CARLA GONÇALVES, SUSANA SANTOS, ANA ALMEIDA E ANA FERREIRA


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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

SUSANA SANTOS

“A INOVAÇÃO ALTERA O MODO DE FAZER, QUEBRA ROTINAS DE TRABALHO E DE PENSAMENTO”

LÍGIA PODE

“Pautamo-nos por valores de respeito, lealdade e equidade nas nossas relações internas”

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om mais de 30 anos de história, a Ovargado é uma empresa que se preocupa com a alimentação saudável dos animais, tendo vindo a pautar o seu trajeto com produtos de reconhecida qualidade no mercado. Olhando para todo este percurso, que marcos gostaria de realçar? Questão difícil… O nosso objetivo principal é produzir e comercializar alimentos para animais, com qualidade, e a preços competitivos. Por este motivo, todos os dias em que atingimos este objetivo, é um marco. De forma mais marcante, talvez, o lançamento da nossa marca umbrela, a Internutri, em 2016 que foi um dos primeiros passos na consolidação da nossa imagem no mercado. Ou a nossa primeira certificação em

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segurança alimentar na fábrica de animais de companhia obtida em 2019, que tem sido anualmente renovada, sejam os marcos mais visíveis. Para a Lígia Coelho, enquanto líder, quais os maiores desafios na gestão de Capital Humano no seio da empresa? A diversidade de gerações, de habilitações e de profissões no seio da empresa, são já consideráveis. Pautamo-nos por valores de respeito, lealdade e equidade nas nossas relações internas, o que acaba por ser, posso dizer, um facilitador, mesmo assim, penso que, a gestão de expectativas de todas estas pessoas, relativamente à relação com a empresa, será o maior desafio de todos. ▪

Sendo transversais a qualquer setor de atividade, a inovação e a transformação digital acarretam inúmeras vantagens. No mercado onde a Ovargado atua, qual é a relação que existe entre um produto e serviço bem-sucedido, eficiente e competitivo, e a inovação tecnológica? Um dia ouvi: “O Homem é um animal vaidoso, mas preguiçoso, e de tudo fará para fazer mais e melhor com o menor esforço possível”, é a isto que associo a inovação tecnológica… À adaptação e evolução contínua, como resposta às exigências e vontade de fazer mais e melhor. O mercado da Ovargado é a produção e fornecimento de alimentos para animais. A alimentação obriga a uma resposta diária, com inúmeras particularidades. A não resposta a estas particularidades e em tempo útil, coloca em causa a sobrevivência dos animais. À particularidade do setor de atividade onde a Ovargado atua, juntamos as características e objetivos gerais de um negócio: produtividade, rentabilidade, sustentabilidade, gestão de recursos materiais e humanos, entre outros. A inovação altera o modo de fazer, quebra rotinas de trabalho e de pensamento. A fase inicial consome tempo e recursos e obriga a planificação, compreensão e cooperação. Uma vez instalada, a inovação, é assimilada, é apreendida, passando a ser fundamental na construção de produtos e serviços bem-sucedidos. ▪


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

SUSANA SANTOS, SANDRA BARROSO, ANA MARQUES, SUSANA COUTINHO, LÍGIA PODE, CARLA GONÇALVES, MARGARIDA RODRIGUES, ANA ALMEIDA E ANA FERREIRA ANA ALMEIDA

“A EXPORTAÇÃO AUMENTA A PRODUTIVIDADE E A COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS” Sabemos que são uma marca cujos valores impulsionam um trabalho mais eficiente e flexível. Na qualidade de responsável pelo departamento de exportação, qual a missão a que todos os dias se propõe de forma a contribuir também para este trabalho de qualidade? Na minha opinião a exportação aumenta a produtividade e a competitividade das empre-

sas. As exigências do mercado externo, o acesso a novas culturas e a troca de novas experiências potencializam o intercâmbio de tecnologias e know-how. As exigências e a globalização dos mercados atuais, assim como a competitividade entre organizações ditam, hoje em dia, a necessidade de diferenciação. Esta diferenciação pode passar por maior inovação e/ou pela maior eficiência e qualidade nos serviços. Gostar muito do que fazemos, e trabalhar num setor tão exigente como é a Exportação é logo à partida meio caminho para a eficiência e qualidade dos serviços prestados, não esquecendo que para se atingir os melhores propósitos diários também temos que contar com a colaboração de todos os colegas! ▪

OVARGADO, S.A

DIVISÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS DE EXPLORAÇÃO

ANA FERREIRA

"VALORIZAMOS UM AMBIENTE LABORAL QUE FAVOREÇA O DESENVOLVIMENTO DE CARREIRAS E RELAÇÕES DE LONGA DURAÇÃO" Respeito e lealdade, são um desiderato da marca, interna e externamente. Enquanto profissional no Departamento de Recursos Humanos, em que medida diria que a valorização do Capital Humano promove o sucesso da Ovargado? Na Ovargado valorizamos um ambiente laboral que favoreça o desenvolvimento de carreiras e relações de longa duração. Somos conscientes de que o retorno do investimento nessas condições laborais varia diretamente na proporção do tempo de permanência dos nossos quadros, uma vez que potencia assimilação desses valores de respeito e lealdade que logo passarão para as novas incorporações e que terão reflexo na relação com todos os nossos públicos em toda a cadeia de valor da empresa. ▪

"O NOSSO OBJETIVO PRINCIPAL É PRODUZIR E COMERCIALIZAR ALIMENTOS PARA ANIMAIS, COM QUALIDADE, E A PREÇOS COMPETITIVOS. POR ESTE MOTIVO, TODOS OS DIAS EM QUE ATINGIMOS ESTE OBJETIVO, É UM MARCO"

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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

OVARGADO, S.A.

DIVISÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS DE COMPANHIA

SUSANA COUTINHO

CARLA GONÇALVES

MARGARIDA RODRIGUES

“ESTAMOS MUITO FOCADOS EM CONTINUAR A DESENVOLVER PRODUTOS COM PERFORMANCE NUTRICIONAL”

“A MULHER TEM VINDO LENTAMENTE A DESTACAR-SE EM CARGOS DE HIERARQUIA SUPERIOR”

“A OVARGADO DISPONIBILIZA BOAS E ADEQUADAS CONDIÇÕES DE TRABALHO, PROMOVE O DIÁLOGO E RECONHECE O EMPENHO”

No ponto de vista da Susana Coutinho, qual continuará a ser o posicionamento da Ovargado no seu setor de atividade? Que novidades e projetos estão a ser desenhados para o futuro? A Ovargado tem como expetativa manter-se como a empresa que produz alimentos de reconhecida qualidade para todos animais terrestres, e os comercializa a preços justos e competitivos. A nossa cultura de constante desenvolvimento e inovação, tem-nos permitido diferenciar os nossos produtos de outros players, nomeadamente no que toca à utilização de ingredientes inovadores, e, numa perspetiva de economia circular, considerando a utilização de coprodutos da alimentação humana. Estamos muito focados em continuar a desenvolver produtos com performance nutricional otimizada às necessidades de cada animal, não descurando o meio ambiente. ▪

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A Ovargado caracteriza-se por ser uma empresa nacional onde a maioria dos cargos de superiores são maioritariamente ocupados por mulheres. Acredita que existem diferenças entre as denominadas Lideranças Feminina e Masculina ou, do seu ponto de vista, a liderança positiva, inclusiva e credível não é uma questão de género? Porquê? É verdade que a mulher tem vindo lentamente a destacar-se em cargos de hierarquia superior. Apesar de certos ofícios não colidirem com funções relacionadas com a família/lar, subsistem características intrinsecamente femininas potenciadoras de crescimento organizacional: empatia, cuidado, aceitação e preocupação com a equipa, facilidade de adaptação à diversidade, maior potencial para lidar com sentimentos. Pela aposta num estilo mais democrático em detrimento de um estilo autocrático, são um enabler à liderança no feminino. Se posso, não preciso que me peçam nem me mandem. ▪

Numa altura de tanta incerteza devido às constantes alterações da sociedade e do mercado, de que forma a Ovargado tem motivado os seus colaboradores a desempenhar um papel de inovação e dedicação? É de facto importante que em períodos de maior instabilidade de mercado e alterações sociais as empresas tenham colaboradores preparados e disponíveis para enfrentarem maiores dificuldades. Entendo que a maturidade dos colaboradores responsáveis da Ovargado garante a sua auto motivação para desempenharem as funções que lhe são confiadas com espírito de melhoria e inovação de processos e produtos. A Ovargado disponibiliza boas e adequadas condições de trabalho, promove o diálogo e reconhece o empenho. Os colaboradores retribuem naturalmente com dedicação, lealdade e orgulho de contribuírem para o sucesso da empresa. ▪


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

ANA MARQUES

SANDRA BARROSO

“PERANTE OS DESAFIOS O TRABALHO EM EQUIPA TORNA-SE AINDA MAIS CRUCIAL”

“A OVARGADO É UMA EMPRESA ATENTA E SENSÍVEL AOS PROBLEMAS DAS SUAS PESSOAS”

Enquanto Responsável pelo Departamento de Controlo de Qualidade da empresa, quais diria que são, aos dias de hoje, as maiores vicissitudes deste setor? O Departamento de Controlo de Qualidade tem como função controlar e garantir a qualidade de todos os alimentos produzidos pela empresa, nesse sentido o controlo da qualidade tem início na receção das matérias-primas, pois estas têm impacto direto no produto final. Atualmente o controlo das matérias-primas tem feito ainda mais sentido devido à escassez sentida. Os efeitos da disrupção das cadeiras de abastecimento provocada pela pandemia, agravados pelo conflito provocado pela invasão da Rússia à Ucrânia, a crise energética e as alterações climáticas, estão a criar graves dificuldades às empresas, não só pelo disparo dos custos e aumento dos tempos de entrega das matérias-primas, mas também pela possível falta de uniformidade e alterações da qualidade das matérias-primas. Tendo em conta todas estes fatores o Departamento de Qualidade necessita de reforçar o trabalho em conjunto com os restantes Departamentos da empresa. Nomeadamente com o Departamento responsável pelas compras, de forma a garantir a compra de matérias-primas de qualidade, com o Departamento responsável pela formulação dos alimentos, de forma a assegurar que os possíveis ajustes necessários foram realizados de forma a garantir a composição nutricional pretendida e com a Produção, para garantir que o aspeto do produto final se encontra dentro do esperado. Perante os desafios o trabalho em equipa torna-se ainda mais crucial de forma a atingirmos a satisfação dos clientes, garantindo alimentos seguros e de qualidade que respeitem as necessidades de cada espécie animal. ▪

É legítimo afirmar que a Ovargado adota um compromisso permanente com as suas pessoas e com a sua evolução e felicidade? De que forma? A Ovargado é uma empresa atenta e sensível aos problemas das suas pessoas, que procura proporcionar um ambiente de bem-estar e familiar. Liderada por mulheres de mão firme, mas que permitem errar, aprender e melhorar, que apostam na integração das pessoas com vista no futuro. A felicidade no local de trabalho não é apenas gostar do que fazemos, é também sentir que fazemos parte da evolução, que somos uma parte ativa no crescimento da empresa. É também ter flexibilidade na gestão de tempo, para um melhor equilíbrio pessoal, que por sua vez, se traduz em produtividade. Com é obvio, nem tudo é perfeito, e no mundo empresarial existem altos e baixos, momentos menos positivos onde nos confrontamos com situações mais difíceis de gerir que podem abalar a motivação. Mas, é acreditando nestes princípios que podemos evoluir enquanto parte de uma equipa dedicada, motivada e capaz de gerar a sustentabilidade do negócio a longo prazo. ▪

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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

JOANA SILVADE VISTA | 26SEIXAS | PONTOS


PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

A Magia da Pintura pelos Olhos de uma Mulher Em tempos idos, diz que com um lápis ou tintas encontrava a tranquilidade. E este tem sido o rumo da nossa interlocutora. Falamos de Joana Seixas Silva que, em parceria com Pavel Grebenjuk, desenvolve o projeto “Art Studio Lisbon by Jo Seixas & Grebism, em entrevista à Revista Pontos de Vista, falou um pouco sobre o projeto que tem vindo a desenvolver, o seu trajeto e das agruras e vitórias por ser uma artista Mulher, deixando uma mensagem poderosa a todas as Artistas Plásticas. “Sejam persistentes, e agarrem-se a essas dificuldades e percebam que a magia da pintura é que podemos, dentro de uma tela em branco, contruir o nosso mundo perfeito e obrigar um mundo a olhar para ele”.

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Joana Seixas Silva afirma que desde cedo percebeu que a arte faria parte da sua vida. Comecemos por andar para trás no tempo até esse momento. Como nasce o interesse pela arte? Penso que desde que me lembro de (ser) que sempre me senti com uma sensibilidade diferente das restantes crianças e era a desenhar e a pintar que me sentia bem, tinha muitos problemas comportamentais e hiperativos mas, com um lápis ou tintas, encontrava a tranquilidade. Abriu a sua própria galeria de arte em Coimbra, mas a sua permanente necessidade de aprendizagem fez com que, aos 30 anos, voltasse a estudar. Olhando para toda esta trajetória, o que a move no sentido de inovar e de procurar novas formas de expressão? Quando saí da ESEC entrei no ramo empresarial, e, no seguimento de alguns negócios que abri na cidade, como continuava a pintar e a vender as minhas obras, acabei por abrir a galeria. Foi uma mudança radical que fez com que com 30 anos, tivesse de recomeçar. Deixei de ter essas empresas e tive de reformular a minha vida, e é nesse momento que tomo a decisão de aceitar que as artes plásticas podiam ser a minha vida e aceitar os riscos de seguir um sonho mesmo tendo noção das dificuldades inerentes a esta área. Foi quando me candidatei às belas artes em Lisboa. A verdade é que, desde cedo também, percebeu que uma das suas maiores lutas como ser humano seria a emancipação da mulher – foco presente em todas as suas obras de arte. Quão importante é a representatividade da mulher na arte nos dias de hoje? A questão da emancipação da

mulher sempre foi um assunto importante para mim, e, desde nova, percebi as desigualdades e sinto na pele até aos dias de hoje. Como venho de uma família numerosa de mulheres fortes, trabalhadoras e independentes nunca percebi o porquê, até porque na minha família as mulheres na sua maioria são a “cabeça o tronco e os membros” das suas famílias e negócios. Relativamente à representatividade da mulher nas artes, ela ainda é muito limitada, e para os mais céticos, é uma questão que facilmente se comprova com números e muito resumidamente, as faculdades de artes globalmente, tem mais alunos do sexo feminino mas as galerias e festivais de arte são preenchidos por artistas masculinos Atualmente, em parceria com Pavel Grebenjuk, desenvolve o projeto “Art Studio Lisbon by Jo Seixas & Grebism”. Face aos valores que a definem enquanto artista, que trabalhos podemos aqui encontrar? O conceito do nosso atelier é muito simples, todos os nossos trabalhos são originais, o nosso foco é a pintura e a gravura. A mulher, mais uma vez, é a peça-chave do trabalho que a Joana Seixas Silva desenvolve e nada fica ao acaso, nem os materiais utilizados,

a cor escolhida ou o facto de optar por pintar mulheres de todas as origens. Que significado estas três vertentes têm? Tento, com as minhas pinturas, transmitir confiança, poder ou força que para mim define as mulheres. A origem é completamente irrelevante porque penso que é universal. Faço muita pesquisa sobre grupos indígenas controlados por mulheres, o sucesso desses grupos socialmente e o efeito da gestão feminina num grupo é evidente, como tal tenho a convição que um mundo “gerido” por mulheres era mais justo e menos problemático em vários sentidos. É por todos estes factos que o projeto “Art Studio Lisbon by Jo Seixas & Grebism” ganhou inúmeros prémios e nomeações. Face a este reconhecimento, qual é o grande plano a curto/médio prazo para o estúdio de arte? Esta é uma questão um pouco sensível para mim. O nosso reconhecimento é praticamente no estrangeiro, apesar de o nosso atelier ser em Lisboa. Esse é o motivo para dentro de pouco tempo trocar Lisboa por Berlim, até porque é na Alemanha que o nosso reconhecimento é maior. Enquanto artista, a Joana Seixas Silva é um exemplo claro de em-

poderamento feminino no campo das artes – o que muito significa na história e, sobretudo, no futuro das mesmas. Posto isto, a que patamar pretende elevar a sua arte e que missão a mesma terá no mundo? A minha missão durante muitos anos, não posso mentir, foi provar o meu valor como mulher nas artes. Trabalho ao lado de um artista homem, e as dificuldades de ambos são totalmente diferentes. A artista enquanto mulher, tem permanentemente de provar o valor técnico, quando na verdade a arte não é isso, são inúmeros os colecionadores, galerias e museus que só abrem portas para artistas masculinos, e é fácil ver a pouca representatividade das mulheres em algumas áreas das artes. Não posso dizer que seja uma missão, mas gostava que todas as artistas plásticas que sintam estas dificuldades que referi, sejam persistentes, que se agarrem a essas dificuldades e percebam que a magia da pintura é que podemos, dentro de uma tela em branco, construir o nosso mundo perfeito e obrigar um mundo a olhar para ele. ▪

www.artstudiolisbon.com

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Uma «viagem» às memórias de Portugal Quão maravilhoso é, para nós portugueses, sabermos que além-fronteiras existem admiradores da história que deu vida ao nosso país? Nas linhas seguintes falamos sobre Sandra Canivet da Costa, uma pessoa, mulher e profissional franco-portuguesa que embarcou nos nossos «Descobrimentos» e escreveu o “L’extraordinaire Histoire du Portugal” – o primeiro livro a ser dirigido particularmente aos jovens luso-descendentes nascidos e residentes num país de língua francesa.

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SANDRA CANIVET DA COSTA

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ascida em Paris, França, em 1979, Sandra Canivet da Costa vivia sob o teto de pais portugueses que sempre desejaram manter a ligação ao país que os viu nascer, transmitindo à sua filha e herdeira de tradições lusitanas o verdadeiro apogeu português. A própria, na altura criança curiosa e apaixonada pela história da nossa nação, tentava ler livros infantis na língua de Camões mas, esta, não era de todo a sua especialidade. Mais tarde estudou no Instituto Superior de Gestão, num programa de Erasmus, em Lisboa, e tudo indicava que esse seria o seu caminho exclusivo e nada mais. Contudo, devido à sua persistência, resiliência e pragmatismo havia, com toda a certeza, muito mais para si destinado. Entre desafios e oportunidades inerentes à vida, nunca esqueceu a sua «costela» luso-descendente e, os ensinamentos dos seus pais passaram de geração em geração e chegaram, por fim, aos netos – e também eles desenvolveram o orgulho no país dos avós, que é Portugal. E foi aqui que tudo mudou. Não só para colmatar a típica idade dos «porquês» dos seus dois filhos, que também se demonstravam interessados em conhecer mais da história de

Portugal, Sanda Canivet da Costa pensou em todas as crianças que, por conta própria, gostariam de aprender mais sobre a mesma, sem conhecerem e/ ou falarem a língua. Assim, foi com João Serrano, um jovem talentoso designer português, que embarcou naquela que é a viagem mais bonita aos antepassados de Portugal: o livro “L’extraordinaire Histoire du Portugal”. “L’EXTRAORDINAIRE HISTOIRE DU PORTUGAL” Sendo a Sandra Canivet da Costa a criativa autora deste exemplar e João Serrano o Ilustrador do mesmo, é o primeiro livro dedicado aos jovens luso-descendentes cuja língua natal é o francês. Mas não é só. É dedicado também a todos os entusiastas da cronologia que deu origem a Portugal. É, assim, um livro ilustrado e colorido que, ao longo de 120 páginas conta a história de Matilde e Ruben, através de imagens, mapas e desenhos que explicam a invasão dos romanos e posteriormente dos muçulmanos. Ao folhear as páginas desta obra, percebemos de que forma nasceu o país, como as grandes descobertas portuguesas enriqueceram consideravelmente a nação e, por outro lado, como o grande terramoto e a invasão francesa o enfraqueceram. Nas linhas desta homenagem, é pos-


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A pessoa, mulher e profissional

sível identificar a riqueza de Portugal, repleta de encontros e amizades com todas as culturas do mundo. Porque é precisamente, também pelo mundo fora, que muitos portugueses recomeçam as suas vidas. Esta obra é por isso dedicada também a todos os emigrantes que mantêm presentes na memória as suas raízes. A capa do livro é rígida e as páginas que se seguem destacam, então, as ilustrações de João Serrano, que agradam aos jovens e não só – no fundo a todos os que queiram redescobrir a história da pátria e dos ancestrais. Sendo um sucesso, a primeira versão do livro foi exclusivamente em francês, porém, Sandra Canivet da Costa rapidamente percebeu que, para se tornar um elo forte com Portugal, faria todo o sentido que se tornasse bilingue. Dona das suas próprias ideias, hoje, o “L’extraordinaire Histoire du Portugal” permite que muitos jovens nativos em francês, tenham um primeiro contacto com o português escrito. Além disso, com o título “Die Aussergewöhnliche Geschichte Portugals”, a obra encontra-se traduzida em alemão e em breve estará também disponível em inglês. A MARCA CADAMOSTE ÉDITIONS A Cadamoste Éditions nasceu em 2020, em Bourges, França, também pelas mãos de Sandra Canivet da Costa. Este nome pretende condecorar Alvise Cadamosto (ou Luís Cadamosto na literatura Lusófona) – um navegante veneziano que realizou diversas viagens ao serviço de Infante D. Henrique. Em forma de analogia, a missão é que todo e qualquer leitor possa viajar pela história, tal como Cadamosto fazia em tempos. Sendo uma empresa criada apenas para editar o livro “L’extraordinaire Histoire du Portugal”, o mesmo é a sua primeira publicação. A fundadora, aquando do lançamento, estava longe de imaginar o sucesso que viria a seguir, não só em França como na Suíça (ambos os países conhecidos por acolherem a comunidade portuguesa). Apercebeu-se assim da necessidade que existia, entre a população lusófona, em saber mais sobre o seu país – e é por esse motivo que a editora será integralmente dedicada a conteúdos relacionados com o mesmo.

LIVRO A SER PUBLICADO A 13 DE OUTUBRO

Exemplo disso é o livro que está a ser preparado para ser publicado a 13 de outubro, cujo tema conta a história da gastronomia lusa e que terá como título “L’Histoire du Portugal dans mon Assiette”. Em 2023 será publicado ainda um romance que terá como mote a emigração. O objetivo é que no futuro sejam pensadas, materializadas e publicadas novas obras que homenageiem estas comunidades. Sandra Canivet da Costa aproveita para expor a sua vontade em trabalhar com autores portugueses, mostrando-se interessada em traduzir as suas obras para o mercado francófono e, assim, estreitar a parceria que existe entre os povos. ▪

A verdade é que Sandra Canivet da Costa não é mestre em história. Como já referimos, licenciou-se em Gestão e, por isso, a escrita não passava pelos seus planos – apesar de ter conhecimento da mente inquieta e criativa que possui. Foi a sua essência que a conduziu até horizontes que outrora nunca pensou serem possíveis. Horizontes que desbravou por si, mas a pensar nos outros e no tributo ao conhecimento e riqueza da história de Portugal. Hoje, empresária, editora e escritora, Sandra Canivet da Costa, tem um papel muito importante na comunidade luso-francesa, que pretende perpetuar no tempo e por muitos anos – e a verdade é que, a marca que já deixou, em particular nas crianças lusófonas, dificilmente alguém esquecerá. Não nos podemos esquecer também que, além das suas caraterísticas profissionais, tem um papel determinado enquanto mulher, mãe e líder dos seus. Entre tantas incertezas da vida, a certeza que temos é que a sua dedicação transversal a todas estas vertentes, contribui para que nenhuma fique de hora – pelo contrário, todas elas irão prosperar no futuro.

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Ser Mulher

na Indústria Metalomecânica À conversa com a Revista Pontos de Vista esteve Margarida Bento, Engenheira Mecânica de formação e uma das Fundadoras de uma empresa de produção na área da Metalomecânica, a MetalMab. Nas linhas que se seguem, falamos sobre a história de sucesso de uma pessoa, mulher e profissional que vincou e continua a conquistar um setor predominantemente dominado por homens.

MARGARIDA BENTO

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MetalMab é uma empresa que se dedica ao fabrico de peças de precisão, à medida das necessidades dos seus clientes. Dentro daquilo que é o seu setor e os serviços que apresenta, de que forma a marca se destaca? A marca Metalmab destaca-se pelo serviço e acompanhamento dedicado ao cliente, muito para além de apenas produção. Acompanhamos muitas vezes a fase de projeto, apresentando soluções que possam ser uma mais valia para ambas as partes. Sediada em Coimbra, a MetalMab está conectada com o mundo enquanto parceira na construção de projetos ambiciosos. É legítimo afirmar que as empresas consideram a MetalMab muito mais do que um fornecedor, um parceiro de confiança e um apoio incondicional no cumprimento dos seus objetivos e garantia de prazos? O que fomenta esta ideia? A Metalmab é uma empresa maioritariamente de exportação que trabalha sobretudo para os mer-

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cados Alemão, Francês e Austríaco. São mercados muito exigentes a nível de qualidade, rigor técnico e cumprimento de prazos e o nosso comprometimento para respeitar estes pontos e fazer com que façam parte da cultura da empresa tem sido fundamental para cimentar a relação muito mais como parceiro, que apenas como fornecedor, criando relações de proximidade entre nós e os nossos clientes. Além disso, a marca procura conseguir um aperfeiçoamento contínuo em todas as fases dos processos. Em que medida a inovação é uma peça fundamental nas soluções da MetalMab? A Inovação é e será sempre a chave mestra do sucesso e da continuidade da Indústria e nesse sentido a MetalMab encara a Inovação como um ponto essencial do seu desenvolvimento tecnológico, estando em constante atualização de tecnologia e de desenvolvimento e formação dos seus colaboradores permitindo que a empresa tenha um desempenho positivo cada vez maior a nível produtivo e humano.

Sabemos que a Margarida Bento é licenciada em Engenharia Mecânica e que, há mais de cinco anos, é Plant Manager da MetalMab. Olhando para trás, mais especificamente para o momento em que estudava, o que significa integrar esta empresa reconhecida no mercado? A Engenharia Mecânica foi uma escolha que teve por base o fascínio que tinha pelo Indústria, pelo “como se faz as coisas e porquê”. Ser uma das fundadoras e gerir uma empresa de produção na área da Metalomecânica foi um grande desafio profissional e pessoal que me faz sentir realizada e que me permite falar, muitas vezes com os nossos colaboradores mais novos, a incentiva-los a aceitar desafios que os faz crescer como profissionais e pessoalmente e que lhes pode ser muito gratificante. Sabendo que outrora a Engenharia Mecânica era uma área tradicionalmente escolhida e frequentada por homens, pela experiência que hoje tem no mercado, considera que as mulheres ainda se debatem contra desafios


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“NA NOSSA EQUIPA TEMOS UMA PERCENTAGEM SIGNIFICATIVA DE MULHERES, NA ÁREA ADMINISTRATIVA E NO PROCESSO DE PRODUÇÃO E, EM AMBAS AS ÁREAS, PROCURO QUE NA METALMAB AS MULHERES SE SINTAM VALORIZADAS” maiores? O avanço na procura por espaço das mulheres neste ramo ainda está em curso e tem muito a ser conquistado, na sua opinião? Na minha opinião, os desafios que a mulher de hoje tem nesta área não serão os mesmos que há 30 anos, em que a mulher, à partida, pelo facto de ser mulher, era delegada para funções mais secundárias ou mais administrativas, apenas pela sua condição de género, mesmo que muitas vezes mostrasse mais capacidades que um homem para determinada posição. Ainda se sente pontualmente que a mulher é encarada como uma pessoa que não está preparada para estas coisas técnicas, bem como para os negócios, mas rapidamente a ideia desaparece porque a mulher habituou-se a ter que se preparar muito bem, melhor muitas vezes que o homem, para todos os desafios que aparecem, inclusive até para aqueles que eventualmente ainda a tentem diminuir por ser mulher. Hoje os desafios são muito mais com a dificuldade que a própria mulher tem para conseguir conjugar a parte profissional cada vez mais exigente com a outra parte mais familiar, que continua ainda muitas vezes a ser apenas encarada como sendo uma responsabilidade feminina.

Eu tive a sorte de ser acompanhada pelo meu marido que me apoiou e apoia nesta caminhada do empreendedorismo e que tem estado sempre do meu lado apoiando todas as minhas decisões e que o facto de ser mulher é uma mais-valia e não um “defeito”. A verdade é que a Margarida Bento é um caso de sucesso e um exemplo de liderança feminina. Neste sentido, como procura inspirar a sua equipa e, em particular, as suas colegas de profissão? Na nossa equipa temos uma percentagem significativa de mulheres, na área administrativa e no processo de produção e, em ambas as áreas, procuro que na MetalMab as mulheres se sintam valorizadas pelo que são como pessoas e como profissionais e que nada lhes está vedado por serem mulheres. Procuro falar com todas elas pessoalmente para que se sintam bem por serem mulheres e até orgulhosas por serem pessoas fortes, capazes de enfrentar algum estigma que possa existir nesta área, e sinto que isso lhes dá de alguma maneira motivação e força para sentirem orgulho nelas próprias. ▪

Para terminar, observando o futuro da MetalMab e em simultâneo da Margarida Bento, que novidades podemos esperar? O que nos pode confidenciar? A MetalMab no final do ano passado lançou uma nova área de negócio, no fabrico de fachadas para edifícios e que, portanto, será uma área em que queremos atingir o nível que atingimos na maquinação de peças de precisão e que exigirá da minha parte e da nossa equipa um trabalho árduo de organização e produção em que continuarei a investir para que sejamos um exemplo.

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“O que mais me fascina é lidar com Pessoas” Como é, atualmente, o empreendedorismo feminino em Portugal, nomeadamente em áreas mais dominadas pelo género masculino? É sobre este tema e sobre capacidade de liderança intrínseca, que Clementina Nazário, empresária na área da construção de Piscinas e SPA’S, através da marca Dekpool, contou à Revista Pontos de Vista a sua experiência no mercado até ao momento. Saiba tudo.

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Clementina Nazário é empresária na área da construção há cerca de seis anos, tendo sido o seu início com a empresa Fontoura e Nazário. Assim, qual o balanço que faz do percurso que tem vindo a traçar enquanto empreendedora? Considerando-me uma pessoa otimista e proativa, faço um balanço bastante positivo quanto ao meu percurso profissional. Há vários anos que estou ligada ao ramo da construção, mesmo antes de me tornar empresária com um negócio próprio. A vontade de dar este salto foi algo crescente em mim, à medida que aí conhecendo as especificidades deste setor de mercado, predominantemente dominado pelo género masculino. Tudo começou com a Fontoura e Nazário, empresa que estava dedicada à construção e remodelação de imoveis habitacionais e comerciais. Na evolução do negócio, identificando outros segmentos, crescemos para a área das piscinas, trabalhando em parceria com outros empreiteiros que subcontratavam os nossos serviços, por não terem mão-de-obra especializada para o efeito. Sempre atenta às oportunidades e percebendo o aumento da procura e satisfação dos clientes, pelo nosso desempenho e oferta integrada, percebi a oportunidade de entrar neste nicho de mercado e lancei-me na criação de uma marca específica, dedicada ao segmento das piscinas – Dekpool Piscinas e SPA’s. Sendo esta marca uma consequência natural da consolidação do nosso trabalho e presença neste mercado, a Dekpool tem beneficiado do contexto sócio-económico vivido no país, decorrente da pandemia, apresentando um cresci-

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CLEMENTINA NAZÁRIO

“ESTAMOS PRESENTES DE NORTE A SUL DO PAÍS, TENDO A INAUGURAÇÃO DA DEKPOOL AÇORES, A NOSSA DELEGAÇÃO NA ILHA DE STA. MARIA, OCORRIDO NO PASSADO MÊS DE MAIO” mento muito positivo na construção e reabilitação de piscinas e spa’s. Aproveitando este facto e, mantendo uma visão a médio prazo, continuo atenta a novas oportunidades, tendo iniciado a expansão dos nossos serviços para as Ilhas, mais propriamente para a Ilha de Sta Maria, nos Açores.

Quais os principais desafios e obstáculos que enfrentou na hora de lançar-se no mundo do empreendedorismo, particularmente por ser uma área (ainda) maioritariamente associada ao género masculino? Como referi, estou ligada à área da construção, na vertente comercial há vários anos, tendo passado

por outras empresas, também elas maioritariamente dominadas pelo género masculino. Sempre mantive com eles uma relação muito cordial, divertida e de companheirismo, nunca me sentindo o ‘elo mais fraco’ por ser mulher. À medida que fui ganhando mais experiência, competências e algum jogo de cintura para entrar neste meio, fui também marcando o meu espaço e reconhecimento pelo meu trabalho. Assumindo o papel de empresária, estando à frente da gestão e área comercial da minha própria empresa, também me ajuda a reforçar uma presença mais forte e consolidada neste setor. Até porque, naturalmente, a nossa equipa é composta por 90% de profissionais masculinos. São eles que estão no terreno a executar. A mim cabe-me a missão de garantir um serviço de excelência e a gestão global da operação, para a melhor satisfação do cliente. Encaro os desafios e obstáculos com que me vou deparando, maioritariamente, causados pelo mercado concorrencial e vasta oferta de serviços, que acabam por mexer com todos os setores de negócio. O facto de ser uma mulher num setor muito masculino, por vezes até é mais valorizado, abrindo algumas portas, tendo certa a exigência da qualidade do trabalho/serviço prestado. É legítimo afirmar que a área das Piscinas e SPA podem ser uma oportunidade de crescimento de negócio? Porquê? É legítimo e real, principalmente ao nível da habitação privada e condomínios de luxo. E se tomarmos estes dois/três últimos anos como exemplo, podemos ver o crescimento exponencial na procura destes equipamentos que, outrora eram


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vistos como ‘acessórios de luxo’ para um nicho de classe alta. Por outro lado, o mercado vai estando cada vez mais segmentado e especializado e, a área das piscinas não é diferente, pois grande parte das empresas de construção não têm mão-de-obra especializada, nem conhecimento técnico para a construção destes equipamentos. No nosso caso, o crescimento foi evidente, tendo a Dekpool crescido em equipa, contratos e deslocalização. Estamos presentes de norte a sul do país, tendo a inauguração da Dekpool Açores, a nossa delegação na Ilha de Sta. Maria, ocorrido no passado mês de maio. Este lançamento traz um conceito inovador de piscinas ecológicas, reforçando o contexto sustentável da ilha. Na sua realidade, o facto de ser mulher, é ou alguma vez foi, um desafio acrescido no mundo do empreendedorismo e da liderança? Ser empreendedor em Portugal já é um desafio por si só. O facto de

ser mulher pode ser um pouco mais complexo pela nossa cultura passada, que ainda hoje se revela pouco aberta em algumas vertentes. No meu caso em particular não posso dizer que sinta essa diferença no meu dia a dia, até porque sou a ‘imagem de marca’ associada à Dekpool, assumindo a vertente comercial e estar em contacto direto com os nossos clientes e parceiros. E isso reflete-se em todas as áreas de negócio do grupo, uma vez que estou envolvida a 100% com todas, garantindo o melhor nível de qualidade dos nossos serviços. Talvez por isso me vejam como uma gestora de negócios e não propriamente como uma líder. Como sou muito feliz no que faço e orgulhosa do sucesso que tenho obtido neste meu percurso, encaro a minha liderança como uma característica intrínseca à minha personalidade - nem muito aguçada, nem despercebida. Acredita que a diferença entre géneros, pode, de facto, ser uma

mais-valia na arte de negociar? De que forma? O bom profissional não tem género. É o conhecimento, interação, empatia e dedicação de cada um que é revelador da diferença. No entanto, em alguns casos específicos, o facto de sermos homem ou mulher pode ajudar na negociação, tanto pela apetência pelo segmento, produto ou serviço e/ou claro, pelo perfil do interlocutor. O que para si é mais interessante na área em que trabalha? Na realidade o que mais me fascina é lidar com pessoas, entender as suas necessidades e dar soluções. O setor de atividade fica para segundo plano. A minha veia comercial é o que fala sempre mais alto. A área da construção e, atualmente, o segmento específico das piscinas é o meu ‘mundo’, que domino em termos de técnica, materiais e acondicionamento. Quanto mais sabemos sobre o nosso negócio, mais nos envolvemos e especialistas nos tornamos. ▪

A terminar, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que gostariam de dar um passo como o que a Clementina Nazário deu há seis anos atrás? O que me apraz dizer é: “Se tens um sonho e acreditas no teu valor dá um salto de fé. O que vier a seguir terá sempre solução.”

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“Cada vez mais temos de nos adaptar à Mudança” Em conversa com a Revista Pontos de vista esteve Paula Rocha, CEO e Partner da Global Eco – uma marca que, em tudo o que desenvolve, coloca a sustentabilidade no topo das suas prioridades. É precisamente sobre este tema que, segundo a nossa entrevistada, deveria “ser inquietação de muitos e interesse de todos”, e sobre a pessoa, mulher e profissional que é, que se seguem as próximas linhas.

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dificada em 2020, a Global Eco é uma empresa onde a sustentabilidade impera. Sendo CEO e Partner da mesma, com que missão nasceu esta marca no mercado? Que lacunas pretendia, à época, colmatar? A Global Eco é uma marca da Naturauta, uma empesa que conta já com 20 anos de existência e que desenvolve a sua ação na área do ambiente e do ordenamento do território. Com a Agenda 2030 e a definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sentimos a necessidade de fornecer

uma resposta mais direcionada para as questões da sustentabilidade, apoiando as Organizações a integrar estes critérios no seu ADN, de forma a contribuírem para um futuro ambiental, social e economicamente mais sustentável A Global Eco afirma que o processo pode parecer complexo, mas em colaboração com os seus parceiros, ajuda os clientes a colocarem a sustentabilidade no centro dos seus negócios. Para melhor entender, de que forma o faz? A sustentabilidade de qualquer organização não deverá ser uma meta em si mesma, mas sim um processo contínuo e evolutivo que

"A SUSTENTABILIDADE DE QUALQUER ORGANIZAÇÃO NÃO DEVERÁ SER UMA META EM SI MESMA, MAS SIM UM PROCESSO CONTÍNUO E EVOLUTIVO QUE PERMITA OBTER MAIS-VALIAS AMBIENTAIS, ECONÓMICAS E SOCIAIS, IMPACTANDO POSITIVAMENTE, NÃO SÓ A PRÓPRIA ORGANIZAÇÃO, MAS TODA A COMUNIDADE ONDE A MESMA SE INSERE E OPERA” PAULA ROCHA


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permita obter mais-valias ambientais, económicas e sociais, impactando positivamente, não só a própria Organização, mas toda a comunidade onde a mesma se insere e opera. Na Global Eco, preocupamo-nos mais com o percurso do que propriamente com a meta. Integrar os processos e procedimentos na cultura e operação de uma Organização, com vista à obtenção destas mais-valias, requer um conhecimento dos seus ativos e da forma de atuação no mercado, para melhor perceção das áreas onde podemos intervir e apoiar. O nosso objetivo é que os nossos parceiros consigam medir o resultado da incorporação de medidas e procedimentos que conduzam a uma ação mais sustentável e de menor impacte ambiental. Por esta razão lhes chamamos parceiros e não clientes, já que este é um trabalho conjunto, em que caminhamos lado a lado, e com um objetivo comum. Além disso, acredita que a transformação deve ser feita dentro de cada organização, começando pelo reforço de consciencialização de cada um dos seus colaboradores. Quais as vantagens da incorporação dos valores da sustentabilidade nas empresas, bem como a agregação dos critérios ESG nas suas práticas? Sem dúvida nenhuma! Se os colaboradores não estiverem conscientes destes critérios nem se reverem nos mesmos, integrando-os individual e coletivamente, dificilmente uma Organização consegue avançar neste processo de forma coerente, inclusiva e responsável. A questão ambiental sempre esteve presente na vida da Paula Rocha, nomeadamente na fase de licenciatura e mestrado. Quais os motivos que alavancaram este interesse e, no fundo, inquietação, com o meio ambiente? As questões em matéria de ambiente e sustentabilidade, num planeta tal como o vivemos hoje, quando ocorrem catástrofes ambientais

“DA MAIOR DIVERSIDADE DE OPINIÕES, EXPERIÊNCIAS, VIVÊNCIAS, MAIOR A CAPACIDADE DE DAR RESPOSTA A UMA SOCIEDADE CADA VEZ MAIS EXIGENTE, PLURAL E DIVERSA” cada vez mais drásticas e mais frequentes e onde os problemas sociais são cada vez mais evidentes numa economia também ela mais volátil, deveria ser inquietação de muitos e interesse de todos! É legítimo afirmar que, observando a sua história, é uma pessoa, mulher e profissional com propósitos, na sociedade e no mundo. Nestas três vertentes, qual acredita que é a sua missão? Nas três! Como pessoa, mulher e profissional, a minha missão é a mesma: fazer o melhor que está ao meu alcance, de forma a deixar uma marca positiva ao longo do meu percurso. De uma forma direta, é também um exemplo de liderança feminina, num universo onde o tema da desigualdade de oportunidades ainda é uma questão. Tendo a sua posição determinada enquanto mulher líder e responsável pela Global Eco, como encara esta problemática atualmente? Eu creio que, hoje em dia, estas desigualdades já não são tão expressivas. De facto, cada vez mais assistimos, não só a organizações lideradas por mulheres, mas também um aumento de profissionais do sexo feminino nos cargos de chefia intermédios. No entanto, preocupa-me

mais que estas desigualdades de oportunidades ainda sejam encaradas em termos de género, ao invés de analisadas em termos de mérito. Os cargos são pessoas, e as pessoas que os ocupam deverão fazê-lo pelas suas capacidades profissionais (e pessoais) e não pelo género. Perspetivas e experiências distintas servem para formar um reportório amplo, plural e rico, preparado para responder melhor a questões, das mais simples às mais complexas. Será a diversidade, hoje em dia, encarada como uma vantagem competitiva? Qual a sua perspetiva? Sem dúvida nenhuma, e esse é um critério muito presente na minha atividade profissional. Da maior diversidade de opiniões, experiências, vivências, maior a capacidade de dar resposta a uma sociedade cada vez mais exigente, plural e diversa. Cada vez mais temos de nos adaptar à mudança, sermos flexíveis e resilientes de forma a nos adaptarmos facilmente às rápidas transformações à nossa volta. ▪

Para terminar, tendo um testemunho importante, que mensagem gostaria de deixar às (muitas) mulheres que, tal como a Paula Rocha, ambicionam uma carreira de sucesso? Na verdade, não sei qual o significado de uma carreira de sucesso, mas a mensagem que posso deixar é a que sempre me inspira a mim: trabalhem com paixão, aprendam todos os dias e desfrutem da viagem.

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ALAVANCAR O PODER FEMININO A AMEEA é uma associação internacional que tem como propósito alavancar o poder feminino e a capacidade de realização, ajudando mulheres a ganharem mais consciência de quem são, fazerem o que querem da sua jornada de vida, com significância existencial, um legado de vida que ensine e inspire quem se segue a elas.

ISABEL MANUEL DENASCIMENTO

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associação foi criada pela atual Presidente Isabel Manuel Denascimento em Bruxelas no ano 2015. Em 2019 a associação mudou a sua sede para Portugal e aproximou-se ainda mais do espaço geográfico e social da lusofonia. Hoje a AMEEA estende-se pelo mundo através de delegações pela Europa e África, estando também já no Brasil. Isabel Manuel Denascimento, com formação superior em ciências políticas e relações internacionais, após uma carreira de diplomata onde viajou pelo mundo e adquiriu conhecimento sobre os desafios das mulheres nas suas vivências quotidianas, pessoais ou profissionais, sentiu o apelo pela causa feminina, tornando-se ativista pela busca da igualdade

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de oportunidades e equilíbrio de género, uma humanidade que se quer saudável e justa. Como refere nas suas palestras: “as mulheres são capazes de realizar coisas inimagináveis e de construir a sua própria história, o poder está no acreditar em si mesma!” A AMEEA vem evoluindo com um trabalho dedicado em áreas fundamentais como: incubação de negócios, formação e apoio de mentoria, feiras de empreendedorismo, encontros de Networking empresarial, galas de reconhecimento de mérito a mulheres, seminários de empreendedorismo e congressos empresariais. Também estão já em projeto outras áreas ligadas à música, arte e cultura, tecnologias de informação e economia digital, agricultura sau-

“A INTERAÇÃO VAI ACONTECENDO ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS E DA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO WHATSAPP, TENDO SIDO CRIADO UM GRUPO COM AS PARTICIPANTES DESTE NETWORKING, MOTIVANDO CONEXÃO DE OPORTUNIDADES E DE NEGÓCIOS”


dável e agronegócio. Ações que irão em breve florescer em Portugal com ligação internacional, estando já em preparação os alicerces na relação com países lusófonos. Para desenvolver o plano estratégico e colocá-lo na prática, desde 2021 a AMEEA conta também com Célia de Jesus Losa, ajunta da Presidente em todas as vertentes, nomeadamente em consultoria estratégica, formação e coaching. Célia de Jesus Losa tem formação superior em gestão e certificados oficiais que lhe reconhecem competências próprias, licenciando-a em várias áreas relacionadas com projetos, negócios e pessoas. Foi com este contexto de liderança partilhada, onde eficácia e eficiência se alinham ao rubro desde a criação das ideias aos acontecimentos, que se realizou no passado dia 30 de Junho mais um grande almoço de Networking empresarial. Este evento que atraiu mulheres empreendedoras e empresárias de Portugal e África, flui com a boa liberdade para o convívio e partilha de conhecimento. Destacam-se três momentos distintos: almoço no terrace do hotel junto à piscina, convívio e fotos no jardim desfrutando o sol, palestras de empreendedorismo e negócio em sala de formação, onde também se dançou e existiram outras dinâmicas práticas de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, houve lanche coletivo e muita alegria. Destacamos neste evento a presença da Anna Karina de Sousa, CEO da Executive Nails, Delegada do Gabinete de Representação da AMEEA em

"A AMEEA VEM EVOLUINDO COM UM TRABALHO DEDICADO EM ÁREAS FUNDAMENTAIS COMO: INCUBAÇÃO DE NEGÓCIOS, FORMAÇÃO E APOIO DE MENTORIA, FEIRAS DE EMPREENDEDORISMO, ENCONTROS DE NETWORKING EMPRESARIAL, GALAS DE RECONHECIMENTO DE MÉRITO A MULHERES, SEMINÁRIOS DE EMPREENDEDORISMO E CONGRESSOS EMPRESARIAIS" Moçambique, nomeada pelo Access Bank como uma das 100 mulheres mais empreendedoras de África. A Anna Karina de Sousa abrilhantou o Networking com palavras de apresentação, referindo o seu modo de ser e fazer acontecer no seu empreendedorismo e negócio. Também de Moçambique, esteve presente Nilza Chipe, renomada internacionalmente na vertente do desenvolvimento pessoal, tendo como lema “A tua Mente é tua Fonte de Poder”. Foi muito positivo este aproximar entre a AMEEA e a Nilza Chipe, o que promete olhar para possibilidade de trabalhos conjuntos em prol das mulheres, sobretudo moçambicanas que se cheguem e criem ligação a esta associação. Nas palestras oferecidas pela AMEEA estiveram em interação falando dos seus temas: Manuel Correia de Barros - Brigadeiro da Armada Angolana e Fundador e Vice-Presidente do Centro de Estudos Estratégicos de Angola; Marta Ferreira – CEO da Inovapotek, ao serviço da investigação e desenvolvimento na área da cosmética; Rita

Seabra – Capacitação Empresarial do Iapmei e Rede Mulher Líder; Christy Carvalho – Coach Profissional e Mentora de Alta Performance. Deste evento já ficaram saudades e vontade de um próximo reencontro. Entretanto a interação vai acontecendo através das redes sociais e da ferramenta de comunicação WhatsApp, tendo sido criado um grupo com as participantes deste Networking, motivando conexão de oportunidades e de negócios. Da parte da AMEEA, que fez acontecer o melhor, ficou também a gratidão pelo interesse e participação de quem se inscreveu e tornou possível mais uma tarde magnífica com a chancela desta associação. Não podemos deixar de salientar também a enorme felicidade pelos resultados tão bons que vão acontecendo na sequência destes encontros de networking, criando relações de prosperidade. Bem-haja todas as empreendedoras e empresárias no nosso caminho que querem e se fazem associadas. É por elas e para elas o que somos com paixão. ▪

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PONTOS DE VISTA MULHERES LÍDERES E A PROFISSÃO DE NOTÁRIA

“CONSIDERO-ME UMA PESSOA ÍNTEGRA, UMA MULHER QUE DEFENDE A FLEXIBILIDADE E O EQUILÍBRIO NA CONCILIAÇÃO ENTRE A VIDA PESSOAL, FAMILIAR E PROFISSIONAL E QUE PONTUA A SUA PRÁTICA PROFISSIONAL COM TOLERÂNCIA, RESILIÊNCIA E TRANSPARÊNCIA" FILOMENA ROSA

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PONTOS DE VISTA MULHERES LÍDERES E A PROFISSÃO DE NOTÁRIA

A importância da Igualdade de Oportunidades entre Homens e Mulheres Filomena Rosa é a atual Presidente do Conselho Diretivo do IRN - Instituto dos Registos e do Notariado e, em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou como é liderar esta instituição e a sua visão sobre os desafios que existem diariamente pelo facto de ser Mulher, assegurando que atualmente a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres ainda não é uma realidade em Portugal.

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omo já mencionado, a Filomena Rosa é a atual Presidente do IRN. Tendo um percurso vasto e um portefólio ainda maior de conhecimento, que mais-valias este cargo de extrema importância trouxe à sua vida profissional? A função de Presidente do Conselho Diretivo do IRN proporciona uma maior partilha de conhecimentos entre entidades, dentro e fora de Portugal, partilha essa, promotora de um enriquecimento pessoal e, consequentemente, de um fortalecimento profissional, que se afigura crucial num cargo com responsabilidades ao nível do desenho e desenvolvimento de Políticas Públicas. Por outro lado, é de salientar o impacto que a situação social e de saúde pública vivida em Portugal nos últimos anos surtiu na procura e criação de soluções inovadoras para os serviços prestados ao cidadão e às empresas, na área dos registos. Com a entrada e execução do PRR, outro marco histórico na nossa sociedade, daremos continuidade ao avanço tecnológico já alcançado e consolidaremos o crescimento tão almejado. Espero assim que o IRN possa continuar a contribuir fortemente para a realização da Justiça e para a construção da Sociedade que todos queremos: mais humana, mais inclusiva e com maior igualdade entre todos os cidadãos. Fazendo uma retrospetiva ao caminho imenso que já traçou, considera que a liderança que hoje desenvolve com agilidade, é algo com que sempre ambicionou e inerente à sua personalidade? Este cargo, que exerço com muito orgulho, foi um desafio que abracei com espírito de missão. Sendo conservadora, a possibilidade de influir no futuro dos registos foi a motivação que me moveu desde o primeiro momento, acreditando que posso beneficiar da minha experiência pessoal da prática das conservatórias. Não considero que seja inerente à minha personalidade. Entendo que a capacidade de liderança, atenta a complexidade e responsabilidade inerentes

ao cargo que ocupo, tem sido uma aprendizagem desenvolvida diariamente na relação com os outros. Gostaríamos de a conhecer melhor. Como se descreve enquanto pessoa, mulher e profissional e que meta/marca, nestas três vertentes, ainda espera cumprir/deixar? Considero-me uma pessoa íntegra, uma mulher que defende a flexibilidade e o equilíbrio na conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional e que pontua a sua prática profissional com tolerância, resiliência e transparência. Enquanto cidadã, mulher e profissional tenho como desiderato contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade assente nos valores da vida, justiça, liberdade e segurança. A Filomena Rosa é um exemplo de que a liderança nada tem a ver com género, mas sim com profissionalismo. Neste sentido, durante o seu percurso, considera que surgiram desafios maiores pelo facto de ser mulher? Acre-

dita que a igualdade de géneros/oportunidades ainda não é uma realidade? Sim, surgiram desafios maiores pelo facto de ser mulher, sobretudo atendendo à particularidade de a área jurídica ser historicamente marcada pelo masculino e só recentemente terem sido incluídas na gestão de recursos humanos medidas que favorecem a conciliação da vida pessoal, familiar e profissional, indispensáveis para a participação das mulheres de forma mais equilibrada em todas as esferas das suas vidas. Por outro lado, a igualdade no mundo do trabalho depende muito do equilíbrio na vida familiar. Neste campo considero que tive a sorte de encontrar alguém que compreende essa necessidade, permitindo-me encarar este desafio profissional sem ter de assumir, ao mesmo tempo, como muitas mulheres, uma maior responsabilidade na família. A igualdade de oportunidades entre homens e mulheres ainda não é uma realidade em Portugal, o que se expressa na baixa representatividade das mulheres em lugares de gestão ou liderança e, por exemplo, na necessidade de definir um dispositivo legal como é o caso das quotas na Assembleia da República ou nos Conselhos de Administração que, através da discriminação positiva, procura reestabelecer a longo prazo uma paridade, até agora inexistente. O IRN é um organismo marcado pela ação no feminino; 80% dos nossos trabalhadores são mulheres e 60% destas têm habilitações académicas iguais ou superiores ao 12º ano de escolaridade. Para terminar, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que, tal como a Filomena Rosa pretendem traçar um caminho de sucesso? A tomada de decisão, que se reflete em escolhas efetuadas ao longo da nossa vida, deve ser efetuada com seriedade, consciência e empenho, tendo por base a premissa de que é sempre possível recomeçar e fazer melhor. E esta mensagem é válida tanto para mulheres como para homens. ▪

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PONTOS DE VISTA MULHERES LÍDERES E A PROFISSÃO DE NOTÁRIA

“NÃO POSSO DIZER DO QUE A MINHA MARCA DIFERE DAS OUTRAS NO MERCADO, MAS POSSO REFERIR QUAIS OS PILARES BASILARES EM QUE ASSENTA: PROFISSIONALISMO, SERIEDADE, IDONEIDADE E IMPARCIALIDADE” DÉBORA TORRES

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PONTOS DE VISTA MULHERES LÍDERES E A PROFISSÃO DE NOTÁRIA

A Visão de uma Mulher Notária “Desde que percebi que o meu caminho passaria pelo Notariado, ter um projeto meu sempre foi um dos grandes objetivos”, revela Débora Torres, Notária do Cartório Notarial de Matosinhos, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer a Profissional e a Mulher e como a mesma vê a profissão de Notária por um olhar feminino.

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ostaríamos de começar por conhecer um pouco da sua história enquanto pessoa, mulher e profissional. Nestas três vertentes, quem é Débora Torres? Débora Torres é uma pessoa extremamente focada, determinada e que busca atingir todas as metas a que se propõe, não medindo esforços para tal. Que demonstra empatia, fé e amor em tudo o que faz. E estas características são transversais à Débora pessoa, mulher e profissional.

um comprometimento profundo da nossa parte. A ansiedade baterá à porta mais vezes do que gostaríamos, mas também faz parte e para lidar com esta é importante que nos esforcemos a ver o lado positivo das situações, a ver o “copo meio cheio”. No entanto, mesmo que pareça difícil e desafiante, o segredo é manter os “olhos fixos no prémio” e se a mais leve dúvida assombrar a transparência da nossa atuação, abstermo-nos!

Sendo licenciada em Direito, atualmente ocupa a posição de Notária no Cartório Notarial de Matosinhos, do qual é fundadora. No que difere esta marca no mercado? Não posso dizer do que a minha marca difere das outras no mercado, mas posso referir quais os pilares basilares em que assenta: Profissionalismo, Seriedade, Idoneidade e Imparcialidade. A verdade é que a Débora Torres é hoje uma mulher líder e, por isso, um exemplo na sociedade. Ter um projeto seu foi desde sempre uma ambição? O que é que o Cartório Notarial de Matosinhos representa? Desde que percebi que o meu caminho passaria pelo Notariado, ter um projeto meu sempre foi um dos grandes objetivos. O Cartório Notarial de Matosinhos representa a concretização de um sonho. É o resultado materializável do esforço de anos, de muitas concessões em prol de horas de estudo e trabalho árduo. Da busca constante entre um equilíbrio, muitas vezes difícil de alcançar, entre a vida profissional, pessoal e social. Apesar de ainda vivermos numa época onde se questiona a igualdade de oportunidades, são cada vez mais as mulheres em cargos de liderança. No que diz respeito à sua profissão, sabemos que no passado a maioria era ocupada pelo setor masculino. Considera que atualmente esta área começa a ganhar mais ênfase no seio das mulheres em Portugal? Sem dúvida! Não tivesse sido a primeira Notária na Europa, uma portuguesa e a realidade é que, neste momento, apenas cerca de um quarto das licenças para instalação de cartório notarial existentes, a nível nacional, estão ocupadas por homens como Notários. Para tal, penso que tem contribuído, haver cada vez menos homens, a

enveredar pela licenciatura de Direito, sendo este um requisito essencial para uma pessoa se tornar Notária. As mulheres modernas – e, neste caso, que atuam no setor Notarial - inspiram outras a progredirem na carreira e acreditarem nas suas capacidades, ao mesmo tempo que contribuem para que as jovens escolham o seu caminho profissional sem impedimentos. Acredita que é exatamente por isso que o setor tem vindo a crescer? Fruto da preponderância das mulheres da área? Acredito que, independentemente do género, a todos os projetos que abraçamos na vida, nos devemos entregar por inteiro, com garra e não querendo “romantizar” a questão, com paixão. E a bravura, a destreza, a seriedade, a coragem, o espírito de abnegação em prol do interesse público, que tantas vezes este trabalho nos exige, bem como o esforço mental, tem, certamente, servido de inspiração a tantas outras mulheres que decidiram abraçar a profissão e almejam fazer a diferença na nossa sociedade. Neste sentido, que mensagem/conselho daria a todas as mulheres que se estão a iniciar no mercado e, em particular neste setor? Primeiro, o caminho não será fácil. Exigirá muita dedicação, disciplina, trabalho árduo, paciência e

Para terminar, o que é que para a Débora Torres, a nível pessoal e profissional, falta concretizar? Que marca gostaria de deixar no mundo? Profissionalmente, o que pretendo alcançar, a curto prazo, é ser titular de uma licença de cartório notarial, a título definitivo, o que ainda não aconteceu, visto que estou a exercer em Matosinhos, em regime de substituição. Além disso, os meus objetivos passavam por lecionar cadeiras relacionadas com o Notariado, o que já faço no Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo, no Porto, há cerca de cinco anos. Talvez só me falte mesmo poder fazê-lo na faculdade que me viu “nascer” como jurista, a FDUP. Pessoalmente, continuar a dedicar-me com o mesmo fervor a serviço voluntário que me permita ajudar o próximo. Que sem dúvida, é o “trabalho” que mais prazer me dá. A marca que gostaria de deixar no mundo... a de que as minhas ações sempre falaram mais alto que as minhas palavras. E que se referissem a mim como uma pessoa pacificadora, pois tal como consta do décimo mandamento do Decálogo do Notário, devemos sempre recordar que a nossa “missão é evitar a disputa entre os homens”. E que este modo de vida seja perpetuado com distinção pela minha prole, é o que espero! ▪

Rua Alfredo Cunha nº. 336, 4450-021 Matosinhos

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PONTOS DE VISTA FORMAÇÃO NO SETOR IMOBILIÁRIO

"Somos uma empresa que prima pela Qualidade e pela Excelência no serviço prestado ao Cliente" “A formação contínua é um requisito obrigatório para todos os que trabalham neste setor”, quem o garante é Andreia Bettencourt Coropos, Broker da C21 Tipy Family MC em Almada - uma agência que se dedica a 100% à formação no setor imobiliário. Conheça mais acerca da importância desta aposta num mercado tão competitivo.

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Century 21 Tipy Family tornou-se a agência fundadora da Century 21 em 2004, tendo iniciado o percurso no mercado imobiliário já em 2000. A celebrar cerca de 22 anos de história, de que forma têm procurado diferenciar-se neste que é um mercado cada vez mais competitivo? Sendo a agência fundadora da rede CENTURY 21 em Portugal, sempre existiu um sentimento de responsabilidade acrescida e de orgulho por sermos a primeira agência da marca, que se tem vindo a transportar até aos dias de hoje. Obviamente que as mudanças que se sentiram neste mercado ao longo destes quase 22 anos, fizeram com que a empresa crescesse nos tempos mais difíceis, alinhasse estratégias e procurasse estar sempre um passo à frente em todos os pilares desta atividade. É este ADN que acom­ panha a Tipy Family, o seu Staff e as suas equipas. Um ADN de Guerreiros assente em valores e princípios base, onde um dos pilares é, sem dúvida, a formação contínua e a vontade de termos os melhores profissionais no terreno. No ano de 2013, a Century 21 Tipy Family deu início a uma academia de formação contínua profissionalizada, com o intuito de esclarecer as dúvidas dos que laboram no setor, bem como desenvolver-lhes competências. No seu ponto de vista, qual a importância da formação no setor imobiliário? A criação de uma academia de formação foi um passo muito importante e que contribuiu de forma direta para os resultados de toda a

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ANDREIA BETTENCOURT COROPOS

equipa e da empresa, até chegarmos a líderes da marca na Península Ibérica. Na minha opinião, nos dias que correm onde cada vez mais, temos que destacar os nossos profissionais através das competências chave para atuar neste mercado tão competitivo, é indiscutível que todas as empresas desta área tenham na sua estrutura um Plano de Formação alinhado com aquilo que o próprio mercado exige. Os Consultores Imobiliários devem ser profissionais competentes e com certificação profissional em várias áreas, uma vez que é uma profissão exigente as empresas devem cada vez mais, ser responsáveis pela qualificação dos seus profissionais. Para mim é um requisito inegociável ter equipas preparadas e especializadas que se destaquem pelo rigor e pela excelência do serviço que prestam aos seus clientes. Sabemos que na academia de formação é priorizada a diversidade de áreas de especialização que se mostram indispensáveis para um consultor imobiliário ou membro do staff. Para melhor compreendermos, de que áreas estamos a falar? No que consistem as formações na prática? A academia de formação do Tipy Family Group tem mensalmente um calendário de formação com cerca de 15 formações disponíveis para as equipas comerciais e membros do staff das seis agências do grupo. O calendário é preparado com o intuito de corresponder às necessidades que os nossos consultores nos indicam no seu dia a dia e às dificuldades que sentem no terreno e está em constante adaptação. Existem


PONTOS DE VISTA FORMAÇÃO NO SETOR IMOBILIÁRIO

as formações iniciais onde são passadas as bases do negócio e depois as formações avançadas nas mais diversas áreas, onde são consideradas hard-skills como a tecnologia, marketing digital, área jurídica ou gestão do negócio, mas também são consideradas, e a meu ver cada vez com maior importância, o desenvolvimento de soft skills fundamentais para termos uma carreira de sucesso. De que forma, a aposta contínua em formação, não só dos consultores imobiliários, bem como dos restantes colaboradores, se reflete no sucesso do setor, e em particular desta marca? Em que peculiaridades é possível observar esta dedicação? A formação contínua é um requisito obrigatório para todos os que trabalham neste setor, sem formação não existe sucesso, não é possível evoluirmos enquanto profissionais, seja em que área for, se não investirmos na nossa própria formação e se não colocarmos a aquisição de conhecimento e novas competências como uma prioridade no nosso negócio. Felizmente a marca CENTURY 21 tem a formação como o pilar principal da marca, sendo uma das suas áreas de sustentabilidade no círculo de valor para quem escolhe o projeto CENTURY 21 para crescer profissionalmente. O Tipy Family Group espelha esse pilar da marca em todas as suas agências e nas suas equipas, em atividades tão simples como o atendimento ao cliente ou a forma como comunicamos e nos apresentamos no dia a dia. Certo é que têm vindo a presenciar um crescimento exponencial ao longo dos 22 anos de existência. Quais diria que foram os fatores-chave que ditaram este sucesso? A nossa forma de atuar, as nossas pessoas, desde os colaboradores às equipas comerciais que são 100% dedicadas à empresa que representam. A ino­vação, a vontade de fazer mais e melhor, os princí­pios base e os valores que estão intrínsecos no ADN do TipyFamilyGroup, o investimento nas melhores ferramentas do mercado, a academia de formação (obviamente) e os vários departamentos de apoio. Todos estes e principalmente a paixão e o compromisso diário que se sente dos brokers Rui Martins e Edgar Coelho, sempre na linha da frente em qualquer situação, com um lado humano e com

Qual diria que é o verdadeiro papel que a Century 21 Tipy Family assume, no que diz respeito à evolução e crescimento do setor, bem como dos seus colaboradores? Somos uma empresa que prima pela qualidade e pela excelência no serviço prestado ao cliente, temos os nossos valores bem enraizados e definidos para fazer o bem. Estamos constantemente preocupados em melhorar e em fazer evoluir as nossas equipas e desta forma fazermos crescer também o setor em que atuamos.

um carinho genuíno pelas pessoas que fazem parte da empresa. Enquanto Broker da marca, quais considera que são os principais desafios do setor no futuro a médio e longo prazo? Podemos afirmar que continuar a forte aposta em formações, é a melhor forma de os contornar? Quem está no setor desde 2005, como eu, já tem noção de que, independentemente da conjuntura económica ou até mais recentemente, onde atravessamos uma crise pandémica durante dois anos, os desafios devem ser encarados como oportunidades de crescimento. Os verdadeiros desafios estão no terreno, no dia a dia, tudo o resto é determinado pela atitude com que encaramos as mudanças, muitas vezes, necessárias para a evolução do setor. Evidentemente, que sendo um mercado cíclico que depende diretamente da economia mundial, devemos estar alertas para as alterações na dinâmica de

compra e venda dos portugueses e no seu poder de compra relativamente às aspirações que tenham para a sua habitação própria, que como todos sabemos adquiriu uma nova importância nas nossas vidas e na minha perspetiva são esses os próximos desafios. Os profissionais desta área evoluíram de forma incrível nos últimos dois anos, onde tiveram uma grande capacidade de adaptabilidade à nova realidade, a marca CENTURY 21 e particularmente a CENTURY 21 Tipy Family responderam de forma rápida e assertiva às dificuldades impostas pela pandemia, todos os desafios que venham a médio e longo prazo serão certamente encarados com a mesma força. O horizonte a médio prazo traz alguma incerteza ao setor, com a subida acelerada das taxas de juro, o custo de vida aumenta e as famílias ficam financeiramente mais instáveis, no entanto, acredito que o nosso setor continue a dar uma resposta positiva e a ser a solução para muitos dos desafios que se avizinham. A formação sempre foi a melhor resposta para qualquer crise, ter profissionais bem preparados como especialistas locais no mercado onde atuam, não é uma opção, é uma obrigação de que todas as agências e os seus brokers devem sentir essa responsabilidade. Cada vez mais, vai ser imprescindível para além da oferta formativa geral de cada estrutura, a segmentação e a especialização dos profissionais do setor, em todas as vertentes necessárias para que a profissão seja encarada como prestigiante e valorizada pela comunidade. As equipas devem contar também com um plano de formação individual, adaptado à personalidade, competência, ambição e objetivo de cada um, para que seja visível o crescimento coletivo. Trabalhamos com pessoas e para pessoas, todos com pontos fortes e fragilidades diferentes, que devem ser trabalhadas no sentido de extrair o melhor de cada um de nós. Desta forma, não vamos contornar os desafios, vamos sim ter profissionais preparados, cada um deles dentro do seu segmento e com as soft ski­ lls bem desenvolvidas, para que esses desafios se transformem em oportunidades de crescimento e evolução. Atraindo assim, mais negócio e ganhando quota de mercado assente não só na rede CEN­ TURY 21, como na CENTURY 21 Tipy Family e na marca pessoal que cada um dos nossos consulto­ res imobiliários deixa como impressão digital do seu trabalho. ▪

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PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA EM PORTUGAL

Golden Visa – Mudanças e Impactos Atendendo às últimas alterações no domínio dos Golden Visa, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com João Santos Pinto, Partner da CVSP Advogados. Quais foram as principais alterações? Que impacto terão no investimento estrangeiro em Portugal? Saiba mais ao longo desta entrevista e conheça as principais mudanças.

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ode fazer-nos uma apresentação sobre si? O meu nome é João Santos Pinto. Sou advogado há mais de 21 anos e sócio fundador da CVSP Advogados, uma sociedade de advogados criada em 2012, cuja especialidade é prestar serviços legais e aconselhamento fiscal. Somos uma boutique de advogados onde o cliente está sempre em primeiro lugar e recebe o meu acompanhamento pessoal em todo o processo. Quais são os desafios para 2022 e para próximos anos? Este ano marca o décimo aniversário da nossa sociedade. Tem sido um verdadeiro desafio ultrapassar estes anos de pandemia, contudo, tem sido bastante reconfortante ver o projeto desenvolver-se desde uma fase embrionária até ao nível a que estamos atualmente. Há inúmeros desafios no nosso caminho para continuar com um crescimento sustentável enquanto mantemos para com os nossos clientes a excelência no serviço prestado, baseado na relação de um para um. Mais, a nossa clientela é maioritariamente estrangeira, e necessitamos estar constantemente atentos às suas necessidades particulares e objetivos, bem como compreender o enquadramento e diversidade cultural de cada cliente. Finalmente, a situação pandémica forçou-nos a tornar mais digitais do que anteriormente. Quais são as principais áreas da sociedade? Tal como mencionado anteriormente, a nossa clientela é maioritariamente e sobretudo estrangeira. Assim sendo, prestamos assistência legal aos nossos clientes não só nos investimentos que realizam em Portugal, como também com a sua deslocalização. Prestamos todo o tipo de apoio a qualquer tipo de investimento, nomeadamente em negócios e investimentos imobiliários. Adicionalmente, prestamos aconselhamento a nível fiscal e prestamos apoio a todos os tipos de visas, incluindo o Visto Gold.

JOÃO SANTOS PINTO

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FOTO: DIANA QUINTELA

Mencionou o Visto Gold. Do que se trata exatamente? O Visto Gold é uma autorização de residência mediante o investimento em atividades que é concedido a pessoas singulares nacionais de outros países que não sejam membros da União Europeia. São elegíveis diversos tipo de investimento no território português, sejam investimentos empresariais ou no setor imobiliário. Quais são as principais vantagens? As principais vantagens, entre outras, são as seguintes: - Isenção de Visto de residência para entrada em Portugal; - Residir e trabalhar em Portugal, desde que a pessoa permaneça em Portugal pelo período mínimo de sete dias no primeiro ano, e de catorze dias nos anos subsequentes; - Isenção de visto para viajar no espaço Schengen; - Reunificação familiar; - Possibilidade de solicitar uma autorização de residência permanente; - Possibilidade de solicitar a nacionalidade portuguesa desde que estejam preenchidos os requisitos previsto pela Lei da


PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA EM PORTUGAL

De acordo com a sua experiência, quais são as principais razões para a escolha do Visto Gold? Existe um número variado de razões para a escolha deste tipo de visto, porquanto está sempre relacionado com os objetivos e necessidades dos clientes. Para alguns, permite continuar a viver no país de origem, enquanto podem livremente circular na zona Schengen. Para outros, é o desejo de mudança para Portugal e aprender a língua, uma vez que o seu derradeiro objetivo é a obtenção da nacionalidade portuguesa, com o propósito de serem cidadãos da União Europeia. A maioria destes clientes têm filhos e pretendem este investimento para que os mesmos possam estudar numa escola localizada na Europa e tenham melhores perspetivas de um bom emprego. Por esta mesma razão, temos ainda investidores que desejam viver a reforma em Portugal devido ao clima agradável e às belezas naturais. Na sua perspetiva, quais são as principais razões dos clientes para se mudarem para Portugal? A segurança encontra-se no topo das razões, porquanto Portugal é um dos países mais seguros do mundo. Adicionalmente, a nossa clientela reconhece a nossa hospitalidade do povo português como uma mais-valia, assim como a nossa gastronomia. Para além destas razões, gostaria de destacar que o nosso país é politicamente estável e pode oferecer um estilo de vida bastante equilibrado. Há muita procura pelo Visto Gold? Sem dúvida. De acordo com as estatísticas, as cinco principais nacionalidades são da China, Brasil, Turquia, África do Sul e Rússia. Desde a criação deste programa foi investido em Portugal um montante impressionante de EUR 5,604,285,459.59. O Visto Gold oferece diferentes oportunidades de investimento? Quais são? Há inúmeras oportunidades de investimento - oito diferentes opções. Não quero aqui entrar em demasiado detalhe, naturalmente, mas posso dizer que a oportunidade de investimento mais popular são os investimentos imobiliários e a aquisição de unidades de participação em fundos de investimento. O Visto Gold visa foi recentemente objeto de alterações. Pode indicar quais foram? O governo decidiu aumentar o limite mínimo, com início a 1 de janeiro de 2022, para algumas das atividades de investimentos elegíveis, e restringiu as áreas nas quais se pode investir em imóveis habitacionais. Duas das principais atividades de investimento foram afetadas por estas alterações: - Aumento no limite de subscrição nos fundos de investimento de EUR 350.000 para EUR 500.000; - Investimento em imóveis residenciais são restringidas às zonas do interior do país, assim como às ilhas da Madeira e Açores. Nas zonas urbanas, tais como Lisboa e Porto, é possível apenas adquirir imóveis comerciais e turísticos. Adicionalmente, de acordo com a nova alteração,

FOTO: DIANA QUINTELA

Nacionalidade (de acordo com as alterações à Lei n.º 37/81 de 3 de outubro).

as atividades de investimento admitidas serão apenas pelo período mínimo de cinco anos, seja atividades a título singular ou através de uma sociedade de Direito Português que preencha ao menos um dos seguintes requisitos: i. Transferência de capital mínimo de EUR 1.5 M; ii. A criação de, pelo menos, dez postos de trabalho (oito se localizado nas denominadas “zonas do interior” de Portugal Continental; iii. A aquisição de imóveis: a. imóveis residenciais pelo valor mínimo de EUR 500.000 nas designadas “zonas do interior” de Portugal Continental ou Madeira e Açores (EUR 280.000 se numa zona de baixa densidade populacional) b. Imóveis comerciais e turísticos avaliados em pelo menos EUR 500,000, localizados em qualquer parte do território português. iv. A aquisição de imóveis para reabilitação com mais de 30 anos ou localizados em zonas de reabilitação urbana: a. Imóveis destinadas a habitação no montante mínimo de EUR 350,000 nas designadas “zonas do interior” de Portugal continental ou Madeira e Açores (EUR 280.000 se numa zona de baixa densidade populacional) b. Projetos de reabilitação comercial ou turístico em qualquer zona de Portugal pelo valor total de pelo menos EUR 350.000 (EUR 280.000 se numa zona de baixa densidade populacional). Devido às alterações acima mencionadas, na sua opinião, quais serão as melhores opções de investimento? Diria que a possibilidade investimento em fundos e o investimento em resorts e hotéis são as mais apelativas. Em qualquer caso, os investidores mais conservadores preferem a aquisição da sua própria propriedade. Seja como for, devido às inúmeras possibilidades de investimento disponíveis há espaço para acomodar as diferentes necessidades dos investidores. Quais são as vantagens e desvantagens da opção de investimento em fundo face à aquisição imobiliária? Em primeiro lugar, gostaria de sublinhar que

uma opção não será necessariamente melhor que a outra. Basicamente, os clientes têm de avaliar qual a melhor opção que se adequa às suas necessidades. De qualquer modo, e respondendo à sua questão, o investimento num fundo pode ser mais célere e permite ao cliente não ter despesas associadas à compra de um imóvel, tais como impostos, custos com notariado e registo. Acresce ainda, que o cliente não irá pagar o IMI que é anual e, se for o caso outras despesas, como condomínio e seguros obrigatórios que incidem sobre o imóvel. Pelo contrário, se investir num imóvel para habitação, sempre poderá utilizar o mesmo ou arrendar a terceiros. Pode por favor fazer-nos um sumário dos passos para a obtenção do Visto Gold? Em suma, os passos básicos serão os seguintes: - Obtenção de número de identificação fiscal português – NIF; - Abertura de uma conta bancária em Portugal; - Transferência de fundos do estrangeiro para uma conta bancária portuguesa; - Realização do investimento; - Preparação de toda a documentação necessária para solicitar o visto Gold; - Solicitar através de plataforma digital, online, o visto Gold; - Aprovação da solicitação online do visto Golden pela autoridade competente – SEF - Agendamento de dados biométricos e submissão da documentação original; - Aprovação do visto Gold; - Emissão do cartão de residência. Finalmente, acha que este programa continuará a ter procura? Apesar de o SEF necessitar de fazer várias melhorias no processo para aumentar a transparência e a celeridade no processo, acredito que investidores estrangeiros continuarão interessados. Aliás, apercebo-me de um interesse significativo neste programa de nacionais dos Estados Unidos, Brasil e do Médio Oriente. ▪

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PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA IN PORTUGAL

Golden Visa - Changes and Impacts Considering the latest changes in the Golden Visa field, Pontos de Vista magazine had a conversation with João Santos Pinto, Partner of CVSP Advogados. What were the main changes? What impact will they have on foreign investment in Portugal? Find out more throughout this interview and get to know the main changes.

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an you please introduce yourself? My name is João Santos Pinto. I have been a lawyer for more than 21 years and I am the founding partner of CVSP Advogados, a law firm established in 2012, specialized in providing legal and tax advice. We are a boutique firm where the client always comes first and is always accompanied by me throughout the process. What are the challenges for 2022 and the upcoming years? This year marks the tenth anniversary of our firm. It has been a real challenge to overcome the pandemic years, but it has also been rewarding to see a project develop from its inception to where it is now. There are numerous challenges in our path to maintaining a sustained growth of our office while providing our clients with the best possible service, which is based on a one-to-one relationship. In addition, as our clientele is mainly foreign, we must always be attentive to their particular needs and goals, as well as to understand the diverse underlying cultural background of each client. Lastly, the pandemic situation has forced us to become much more digital than we were before. What are the main areas of your firm? As I mentioned before, our clientele is primarily foreign. Therefore, we assist our clients not only with their investments in Portugal, but also with their relocation. In this regard, we provide support to all kinds of investments, namely business and real estate investments. Moreover, we also offer tax guidance and provide assistance with all types of visas, including the Golden Visa.

JOÃO SANTOS PINTO

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FOTO: DIANA QUINTELA

You just mentioned Golden Visa. What exactly is it about? The Golden Visa is a residence permit for investment activities that is granted to nationals of states from countries that are not members of the European Union. Several means of investment are eligible, either business or real estate, in the Portuguese territory. What are the main benefits? The main benefits, among others, are the following: - Residence visa waiver for entering Portugal; - Living and working in Portugal, provided that the person stays in Portugal for a minimum period of seven days in the first year, and fourteen in the subsequent years; - Visa exemption for travel in the Schengen Zone; - Family reunification; - Applying for a permanent residence permit; - Applying for Portuguese citizenship under the natu-


PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA IN PORTUGAL

In your experience, what are the main reasons for choosing the Golden Visa? There are a number of reasons why someone might opt for this kind of visa, as it is always related to the client’s goals and needs. For some of our clients, it allows them to continue living in their home country while being able to travel freely in the Schengen Zone. For others, it is the desire to relocate to Portugal and to learn the language, as their ultimate goal is to apply for the Portuguese citizenship, in order to be a citizen of the EU. Most of the clients in this situation have children and want to make this investment so that their kids can attend school in Europe and have better employment prospects. For this same reason, there are also investors willing to retire in Portugal due to the country’s pleasant climate and beautiful landscape. In your view, what are the main reasons your clients give for moving to Portugal? Safety is amongst the top reasons, since Portugal is one of the safest countries in the world. In addition, our clientele also acknowledges that our hospitality is a particularly good asset as well as our gastronomy. Aside from these reasons, I would also point out that our country is politically stable and may offer a well-balanced lifestyle. Is there a high demand for the Golden Visa? Undoubtedly. According to the statistics, the top five nationalities are China, Brazil, Turkey, South Africa, and Russia. Since this programme’s creation, an impressive total of EUR 5,604,285,459.59 has been invested. Does the Golden Visa offer different investment routes? Which ones? There are several routes – eight different possible options. I do not want to get into too much detail, by any means, but I will say that the most popular investment routes are the real estate investment and the acquisition of investment funds units. The Golden Visa programme has recently undergone modifications. Please let us know which ones? The government decided to raise the minimum threshold, beginning of January 1, 2022, for some eligible investment activities and to restrict the areas in which residential real estate investment properties may be executed. Two of the main investment activities were affected by these changes: – Increase the subscription limit for investment funds from EUR 350,000 to EUR 500,000; – Residential real estate investment will be restric-

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ralization laws, provided that all other requirements established by the Citizenship Law (Lei da Nacionalidade) are fulfilled (as amended by the Law No. 37/81 of October 3).

ted to interior areas of the country, as well as the islands of Madeira and Azores. In urban areas, such as Lisbon and Oporto, it will be possible to buy commercial and touristic properties. Also, in accordance with the new regulations, the investment activities that may be performed for a minimum period of five years can be any activity performed by an individual or through a company registered in Portugal that results in the materialisation of at least one of the following situations: ii. A minimum capital transfer of EUR 1.5 M; ii. The creation of, at least, ten job positions (eight, if located in designated ‘interior areas’ of Portugal mainland); iii. The purchase of real estate property: a) Residential properties worth at least EUR 500,000 in designated ‘interior areas’ of the Portuguese mainland or Madeira and Azores (EUR 400,000 if in a ‘low-density’ area); b) Commercial and tourism properties worth at least EUR 500,000 anywhere in Portugal. iv. The purchase of real estate property with construction dating back more than 30 years or located in urban regeneration areas for refurbishing: a) Residential properties worth at least EUR 350,000 in designated ‘interior areas’ of the Portuguese mainland or Madeira and Azores (EUR 280,000 if in a ‘low-density’ area); b) Commercial and tourism rehabilitation projects anywhere in Portugal for a total value of at least EUR 350,000 or more (EUR 280,000 if in a ‘low-density’ area). Due to the aforementioned changes, in your opinion, what would be the hottest investment options? I would say that the investment fund route and the investment in resorts and hotels route are the hottest. In any case, the most conservative investors favour the acquisition of their own real estate. All in all, due to the variety of investment options available there is room to accommodate the different investor’s needs.

What are the pros and cons of the investment fund option vis-à-vis the real estate route? First and foremost, I would like to emphasize that one option is not necessarily better than the other. Basically, the clients must ascertain which option best suits their needs. However, responding to your question, investing in a fund might be quicker and save the client from paying all the expenses associated with buying a property, such as taxes, notary fees, and land register fees. Moreover, the client will also avoid paying annual municipal taxes and, if that would be the case, also other expenses, like condominium fees and property insurance. In contrast, by investing in a residential property you can at least use it or rent it. Can you please summarize what are the steps for the Golden Visa? In a nutshell, the basic steps would be the following: – Obtaining a Portuguese tax ID (NIF); – Opening a bank account in Portugal; – Transfer the funds from overseas sources into your Portuguese bank account; – Finalizing the investment; – Preparing all the required documentation for the Golden Visa application; – Apply online for the Golden Visa; – Approval of the Golden Visa online application by the competent authority – SEF; – Biometrics appointment and submission of the original documentation; – Approval of the Golden Visa; – Issuance of the Residency Card. Finally, do you think this programme will continue to be in demand? Despite the fact that SEF needs to make several improvements to increase transparency and to expedite the process, I believe foreign investors will continue to look for this programme. In this regard, I see an increase interest in this programme in the US, Brazil and in the Middle East. ▪

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PONTOS DE VISTA XXXXX

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PONTOS DE VISTA ESTATUTO INOVADORA COTEC

“A Competitividade assente na Inovação é um segmento estrutural da Economia Portuguesa” Há 31 anos que o Grupo CTR desenvolve e fabrica produtos de consumo de alta qualidade, atendendo não só a empresas nacionais, como também, os grupos internacionais de peso. Hoje, é reconhecido pela indústria como líder na inovação da tecnologia de difusão, constituindo, assim, um exemplo claro do que de melhor se faz em Portugal. Pedro Queiroz Vieira, é o Fundador e Presidente da marca, e também o responsável maioral desta história de sucesso.

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Grupo CTR nasce em 1991, pelas mãos e mente inovadora de Pedro Queiroz Vieira. Sem medo de arriscar e, por outro lado, com determinação em embarcar numa aventura da sua responsabilidade, contava com os seus 20 anos de experiência na indústria eletrónica para tornar o seu sonho um sucesso. Primeiramente localizado em Caneças, o Grupo começou com a produção de componentes e subconjuntos para os segmentos de inseticidas, passando rapidamente para a fabricação completa do produto. “Numa primeira fase a empresa era focada nos dispositivos elétricos, contudo, posteriormente, começaram a aparecer no mercado, e utilizando as mesmas tecnologias, formulações para ambientação. Passámos, portanto, de fabricar somente os dispositivos elétricos para o produto completo, incluindo a vertente química, o desenvolvimento das formulações para diversos tipos de aplicação, entre outros”, clarifica o Fundador. A verdade é que, passo a passo, o Grupo CTR foi crescendo em larga escala, ultrapassando a capacidade da Fábrica em Caneças. Precisamente por este motivo, 12 anos depois, as instalações em Portugal mudaram-se para Samora Correia, onde hoje permanecem como a sede do do Grupo. Neste espaço, o mesmo investiu fortemente ao longo dos anos em I&D, inovação técnica, controlo de qualidade e automação da produção, sendo possível desenvolver modelos próprios para soluções consumadas e preparadas para o mercado. Com todas as condições reunidas, o crescimento contínuo de clientes multinacionais impulsionou a expansão do Grupo, nomeadamente na China. Passados 31 anos, com soluções diversificadas e inúmeras conquistas espelhadas no sucesso do Grupo CTR, tem mais de mil colaboradores em todo o mundo e, além da sede em Samora Correia, opera em mais três

PEDRO QUEIROZ VIEIRA

“É MUITO GRATIFICANTE SERMOS DISTINGUIDOS POR UM PRÉMIO QUE RECONHECE OS ELEVADOS PADRÕES DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA, DESEMPENHO ECONÓMICO E INOVAÇÃO ALCANÇADOS PELA EMPRESA E QUE, TUDO ISTO, SE RESUMA EM VALORIZAÇÃO DO PRÓPRIO PAÍS” AGOSTO 2022 | 49


PONTOS DE VISTA ESTATUTO INOVADORA COTEC

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ção e fabrico de produtos de consumo seguros, amigos do ambiente e disruptivos”, afirma Pedro Queiroz Vieira. Observando a história que deu vida ao Grupo CTR, a sua expansão tem significado novas oportunidades de aprender, crescer e criar inovação significativa.

“ALIAR A SUSTENTABILIDADE À INOVAÇÃO É INDISPENSÁVEL E ESSE JÁ É UM PASSO DADO NO SEIO DA ATIVIDADE DO GRUPO CTR”

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unidades fabris: China, Índia e Estados Unidos, o que proporciona uma ampla cobertura geográfica do mercado e o contínuo crescimento em escala. Mantendo a política de inovação, tão característica do Grupo, as unidades “estão totalmente equipadas com tecnologia moderna e automatizada para elevada capacidade de produção. Temos ainda dois centros de I&D, apoiados por uma equipa motivada de especialistas, o que permite a cria-

PIONEIROS EM TECNOLOGIA DE DIFUSÃO Com uma orgulhosa herança em dispositivos de ambientação e inseticidas, o Grupo é hoje líder em tecnologias de difusão e, como já mencionado, um parceiro global na fabricação de soluções à medida de alta qualidade. Assim, hoje, as soluções que diferenciam o Grupo CTR no mercado vão além do segmento de atuação, são verdadeiras experiências de “product design”. Uma organização centrada no cliente, onde a inovação conecta requisitos, valores e um design distinto, permitindo assim, soluções disruptivas que impactam todos os dias o futuro da indústria e a qualidade de vida dos consumidores. É de notar, que todos os elementos do Grupo CTR, estão estruturados de forma meticulosa, de modo, a proporcionar a mais incrível experiência a todos os envolvidos, desde da conceção até às prateleiras das marcas mais conhecidas do mundo. Atento e consciente da responsabilidade para com as futuras gerações, o Grupo CTR, aposta fortemente nas políticas de sustentabilidade, incluindo as alterações climáticas, trazendo até si o fator “mudança” necessária. Com dois centros focados na procura de criação de alternativas, em Portugal e na China, e uma equipa apaixonada por transformar ideias e conceitos em produtos inovadores, o Grupo CTR, tornou-se capaz de impactar, e à escala mundial, a cadeia de valor, tanto na escolha dos componentes para as novas gerações de produtos, minimizando o uso de químicos e consumos energéticos, como também na maximização dos recursos operacionais, reduzindo a pegada de carbono de cada unidade. Ágil e disruptivo são as palavras que melhor definem o Grupo CTR. Somente desta forma é possível garantir a sua diferenciação em todos os mercados onde atua, é capaz de prever as mudanças dos mesmos, entender os desafios dos clientes e criar inovação significativa, construindo e valorizando o conhecimento ao longo do caminho. ESTATUTO INOVADORA COTEC Fruto de uma parceria com o setor financeiro, o Estatuto Inovadora Cotec reconhece o desempenho das empresas que se distinguem pelo seu investimento em inovação, robustez financeira e prestação económica. É, por isso, um selo que reforça a reputação e prestígio das empresas. Precisamente por incorporar estes valores, o Grupo CTR tem vindo a ser distinguido, por várias entidades, ao longo dos anos, não ficando de


PONTOS DE VISTA ESTATUTO INOVADORA COTEC

ESTRATÉGIA ADOTADA PARA RESPONDER A UM MERCADO EM CONSTANTE MOVIMENTO Sabemos que o mundo está em constante mudança e, tendo a convicção deste facto, é necessário que os players consigam acompanhar as tendências do mercado. Para o Grupo CTR o objetivo é não só acompanhar estas mesmas tendências, como estar um passo à frente das necessidades do consumidor final. Para isso, primordialmente, “importa cimentar as unidades «mais jovens», que correspondem aos espaços na Índia e nos Estados Unidos”, confidencia o Presidente do Grupo. Porém, paralelamente, há vários métodos internos que funcionam há 31 anos e que, o mesmo, não pretende descurar: o respeito pelas pessoas – o Grupo CTR considera todos com respeito e dignidade e proporciona um ambiente de trabalho seguro

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fora, claro está, a atribuição do Estatuto Inovadora Cotec. Importa ainda referir que, é um selo que visa, também, a distinção e reconhecimento público das empresas que, pela sua liderança e qualidades, constituem um exemplo para Portugal. Desta forma, Pedro Queiroz Vieira confessa que “é muito gratificante sermos distinguidos por um prémio que reconhece os elevados padrões de sustentabilidade financeira, desempenho económico e inovação alcançados pela empresa e que, tudo isto, se resuma em valorização do próprio país. Até porque considero que a competitividade assente em inovação é um segmento estrutural da economia portuguesa”.

“ALIAR A SUSTENTABILIDADE À INOVAÇÃO É INDISPENSÁVEL”

“IMPORTA CIMENTAR AS UNIDADES «MAIS JOVENS», QUE CORRESPONDEM AOS ESPAÇOS NA ÍNDIA E NOS ESTADOS UNIDOS” e protegido que promove a igualdade de género, a inclusão, o crescimento pessoal e profissional; o compromisso e a excelência – o Grupo responsabiliza-se por entregar e honrar as suas promessas, procurando sempre garantir qualidade em tudo o que desenvolve; a perspetiva global – atuando cada vez mais no palco mundial, o Grupo considera um fator chave na alavancagem do seu crescimento, a diversidade cultural das suas equipas; por fim, a ética e a integridade – a marca age com a mais alta honestidade em todos os momentos e tem, acima de tudo, orgulho não só no que se tornou, como no processo que a trouxe até ao sucesso de hoje. Segundo Pedro Queiroz Vieira, tudo isto aliado à inovação, fará com que o futuro seja propício a novas e grandes oportunidades. ▪

Com uma estratégia bem definida o futuro não intimida o Grupo CTR, pelo contrário. As soluções já existentes irão enfrentar, como sempre, melhoria contínua, uma vez que “quanto mais a tecnologia avança, mais portas se abrem à disrupção. Esse é o nosso grande propósito. Considero que o mercado está mais do que preparado para que esta vertente seja mais aprofundada, com sistemas de IoT, por exemplo – hoje em dia é possível, para o consumidor, programar no seu telemóvel os dispositivos eletrónicos em casa, entre outras tendências”, assegura Pedro Queiroz Vieira. Contudo, atualmente, a sustentabilidade também é uma questão de relevo no mercado e, a sociedade, está amplamente sensibilizada com esta questão. Assim, “aliar a sustentabilidade à inovação é indispensável e esse já é um passo dado no seio da atividade do Grupo CTR”, termina o Fundador e Presidente da marca.

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PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO

“A luta feminista está longe de acabar” MARIA DUARTE, 26 ANOS, MARKETEER

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Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a decisão histórica que há 50 anos legalizou a interrupção voluntária da gravidez. Como analisa esta alteração? Vejo a situação como um retrocesso. Em pleno século XXI é inconcebível que as mulheres não tenham o direito a tomar decisões em relação ao seu próprio corpo e vida. Penso que a questão espelha claramente o facto de que a mulher ainda tem de lutar muito pelos seus direitos e que a luta feminista está longe de acabar! Acredito que as novas gerações possam ter um impacto positivo nas questões sociais e que possam tornar o mundo num lugar mais justo, onde as pessoas possam ser livres. Acredita que esta restrição ao aborto terá impacto no mundo? De que forma? Sim, já está a ter impacto. Muitas são as figuras públicas que já se manifestaram contra a decisão, um pouco por todo o mundo. Acho que vem dar mais força à luta pela liberdade de escolha das mulheres! Na minha perspetiva esta lei apenas aumenta o aborto de forma clandestina, colocando mais vidas em perigo.

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“Quero acreditar que a maioria dos líderes mundiais considera esta questão um retrocesso civilizacional” LÚCIA VIEIRA, 40 ANOS, GESTORA COMERCIAL

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Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a decisão histórica que há 50 anos legalizou a interrupção voluntária da gravidez. Como analisa esta alteração? O Supremo Tribunal dos Estados Unidos não só reverteu um precedente de quase 50 anos como relegou à vontade e ideologias de políticos a decisão mais íntima e pessoal que uma pessoa pode tomar, colocando em causa as liberdades fundamentais das mulheres. Segundo entendi, esta alteração não torna o aborto ilegal, mas significa que não é um direito constitucional e, assim, cada Estado pode legislar como bem lhe aprouver, abrindo portas para o pior, ou seja, que os estados mais conservadores tornem a legislação mais dura, com molduras penais mais pesadas para o aborto ilegal. Por outro lado, a restrição ao aborto pode levar muitas mulheres e jovens adolescentes a efetuar procedimentos inseguros sem a menor dignidade, violando os seus direitos e aumentando a mortalidade materna. O aborto ilegal não previne abortos, previne abortos seguros. Importa lembrar que vários são os cenários que podem levar à interrupção voluntária da gravidez, nomeadamente em casos de perigo para a saúde física e psíquica da mulher, em casos de malformação fetal, quando a gravidez resultou de uma violação, entre outros. Considero que as decisões fundamentais de saúde das mulheres devem ser tomadas por

elas, com o apoio dos que lhe são próximos e de médicos e não ditadas por políticos. Esta decisão resulta na redução dos direitos das mulheres e do seu estatuto enquanto cidadãs livres e iguais. É, sem dúvida, um recuo inominável nos direitos das mulheres. Acredita que esta restrição ao aborto terá impacto no mundo? De que forma? Acredito que a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos está a ter impacto por todo o mundo patente, por exemplo, com o afastamento dos EUA dos seus principais aliados, no que diz respeito aos cuidados de saúde reprodutiva. A revogação da lei que permitia o direito à interrupção voluntária da gravidez gerou e continua a gerar protestos por todo o mundo, colocando esta temátiva novamente em cima da mesa. Quero acreditar que a maioria dos líderes mundiais considera esta questão um retrocesso civilizacional, mas preocupa-me que este lamentável recuo na proteção do direito à interrupção voluntária da gravidez, envie a mensagem alarmante de que outros governos podem negar os direitos de mulheres, adolescentes e meninas, restringindo os direitos à interrupção involuntária da gravidez, saúde e autonomia corporal. Acho que países com democracias mais frágeis e visões mais conservadoras podem ver nesta decisão um motivo ou legitimação para tentarem reverter leis em vigor ou para tentar impedir a aprovação de novos enquadramentos legais.

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PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO

“Hoje em dia a liberdade é cada vez mais valorizada e muitos lutam por ela nos mais diversos aspetos” ANDRÉ GOMES, 24 ANOS, ESTUDANTE

O “Decisões relativas aos direitos não são imutáveis” ANA MONTEIRO, 30 ANOS, COMERCIAL E GESTORA DE MARKETING

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Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a decisão histórica que há 50 anos legalizou a interrupção voluntária da gravidez. Como analisa esta alteração? Com esta revogação do Supremo Tribunal dos Estados Unidos a propósito da legalização da interrupção voluntária da gravidez constata-se que as decisões relativas aos direitos não são imutáveis. Percebendo a dinâmica de sociedades que incluem diversas formas de pensar, culturas, identidades e progressos, penso que também o direito à alteração de decisões seja fundamental. Contudo, o que me parece fulcral nesta questão é que se espera que a alteração de uma decisão como esta, seja baseada em construtos que de facto contribuam para a sua melhoria e não para um retrocesso. No caso, esta decisão traduz-se num recuo de liberdades sem apresentar qualquer perspetiva de factos intrínsecos à sua justificação e ao que esta tão firmemente engloba. Outro ponto que considero importante é o facto de o Supremo Tribunal ter revogado esta decisão, contudo, na realidade, são os estatutos e leis delineadas em cada estado que implicam, na sua maioria, a ilegalidade do aborto nos mesmos. Tal, significa que em cinquenta anos, estes mesmos estados não anteciparam a revisão de políticas em relação ao direito da interrupção voluntária da gravidez, ou, caso o tenham feito, as mesmas não tiveram em conta a anterior decisão a favor da problemática em causa. Isto evidencia que nenhum direito, por si só, pode ser dado como universal e garantido. Sendo este tema controverso, com várias opiniões contra e a favor, importa também referir que a interrupção voluntária da gravidez não pode ser encarada com leviandade, até pelo que

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abrange, e, independentemente destas opiniões, questiono se não deveria existir um fundamento base de liberdade de escolha sobre este assunto, tendo em conta a diversidade de situações que poderão levar a esta decisão, como existem sobre tantos outros, em países democráticos. Se existe algo que está substancialmente vigente numa sociedade evoluída é a possibilidade da liberdade de escolha. Não estaremos obviamente a falar de enaltecer atos, mas de criar políticas que de facto, sejam, no mínimo, sustentáveis dos direitos e subentenda-se que não apenas das mulheres, mas de todos. Acredita que esta restrição ao aborto terá impacto no mundo? De que forma? Acredito que terá impacto, com certeza, aliás alguns representantes de países já referiram este tema, que está a ser bastante comentado. Em alguns países da Europa ocidental, podemos ver que o direito ao aborto compreende o primeiro trimestre de gravidez, por vezes com limitações neste e nos seguintes. Apesar de já vários países o permitirem, ainda são significativas as desigualdades, sendo que em alguns, este só é permitido, por exemplo, em casos de violação, incesto e/ou quando a vida da mãe está em perigo; e noutros não é permitido de todo, tal acontece em diversos locais ainda, como é o caso de Malta que é um país central na Europa. Penso que o impacto provocado poderá acontecer a partir do momento, em que não se entenda esta questão sequer como um direito. Creio que devemos lutar pelos direitos e um deles é, como já referido, a possibilidade de liberdade de escolha, com limitações que não ponham em causa outros direitos igualmente fundamentais.

Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a decisão histórica que há 50 anos legalizou a interrupção voluntária da gravidez. Como analisa esta alteração? Trata-se de um assunto bastante delicado, mas analiso de uma forma simples. A meu ver existem duas situações. Primeiro, existe quem por motivos religiosos não concorde que deva ser possível a uma mulher escolher fazer o aborto. Por outro lado, quem não é devoto a qualquer religião ou crença não tem que estar sujeito a uma proibição que não lhe está associada. Olhando do ponto de vista do argumento “destrói a vida fetal”, que penso ter sido utilizado no processo de revogação, penso que, e não percebendo muito do caráter científico, se a gravidez for interrompida numa fase inicial o feto ainda não estará desenvolvido, e assim sendo a vida não estará ainda formada e não será destruída. Por este motivo penso que deveriam existir exceções, permitindo o aborto em períodos que caracterizam o início da gravidez. Outro argumento comum que ouço é “se proibirem a interrupção da gravidez, as pessoas vão recorrer a formas menos seguras para o fazer”, pois estarão a fazer o mesmo de forma clandestina e sem as condições adequadas, colocando da mesma forma em perigo uma vida. É algo que também se tem que considerar. Considerando todos estes motivos, penso que devem haver sempre exceções que permitam a mulheres tomarem a decisão de interromper uma gravidez, sendo uma decisão apenas das mesmas, num momento apropriado. Acredita que esta restrição ao aborto terá impacto no mundo? De que forma? Se o motivo defendido para a revogação da legalização da interrupção da gravidez estiver associado a algo científico e justificação factual, então acredito que mais governos possam a vir adotar esta medida. Por outro lado, a indignação com esta notícia foi bastante notória por todo o mundo, e penso que por este motivo os governos podem ter mais dificuldade em propor e ter aceite a aplicação desta medida. Para além de que hoje em dia a Mulher ocupa cada vez mais cargos de decisão na sociedade e acredito que muitas delas irão sempre votar contra esta medida. Acima de tudo, hoje em dia a liberdade é cada vez mais valorizada e muitos lutam por ela nos mais diversos aspetos. Assim sendo penso que esta medida é vista como retrógrada para maioria das populações e não vista como algo que sirva para uma progressão da sociedade no futuro.


PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO

“Nenhum governo, político ou homem deveria dizer à mulher o que ela pode ou não fazer com seu corpo” VANESSA TAXA, 48 ANOS, DESIGNER

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Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a decisão histórica que há 50 anos legalizou a interrupção voluntária da gravidez. Como analisa esta alteração? Como mulher, acho inacreditável perceber que no momento em que os direitos nos parecem consolidados, somos relembradas de que nada nos foi oferecido. A ilegalização do aborto não acaba com os abortos, acaba com os abortos seguros. Quem quer fazer um aborto irá fazê-lo na mesma mas desta vez de forma clandestina, sem higiene ou nas mãos de um carniceiro qualquer. Infelizmente nos dias de hoje ainda temos de lutar por isto: pelas nossas vidas. Punir uma mulher do qual não se sabe a sua história, de quais são os seus projetos e esperanças, as suas dificuldades e limites, de quais são os motivos que estão por de trás das suas decisões... Chama-la de criminosa ou, alternativamente, perdoa-la por uma atitude irrefletida é humilha-la sob uma lei de uma sociedade hipócrita, mesquinha e patriacal. Nenhum governo, político ou homem deveria dizer à mulher o que ela pode ou não fazer com seu corpo. Acredita que esta restrição ao aborto terá impacto no mundo? De que forma? Obviamente que sim. É uma medida que marca um retrocesso civilizacional dos direitos das mulheres em todo o mundo. Primeiramente os EUA são uma referência tanto a nível cultural como jurídico, por outro lado o que está a acontecer atualmente nos EUA suscita debates distintos que misturam a Justiça e a Política, e quando as nomeações para as altas instâncias são definidas por maiorias político-partidárias populistas onde se põem em causa os direitos humanos que foram conquistados por matéria de opinião é sinal que nada é seguro e que não há direitos adquiridos! A decisão machista do Supremo Tribunal dos EUA terá um efeito dominó no planeta inteiro e é uma inspiração para países onde os governos são mais conservadores e nacionalistas, empoderando os grupos antifeministas e fazendo avançar ainda mais o projeto que vai contra a vida das mulheres. Assim como lá, no resto do mundo as maiores atingidas são as mulheres com condições mais precárias, são as que mais morrem realizando abortos inseguros e que sofrem também com a falta de condições dignas de exercerem a maternidade. Por isso sim é um golpe para todas as mulheres! A lição que esse episódio passa ao resto do mundo é a de que é necessário permanecer vigilante pelos direitos conquistados. A luta pelos direitos das mulheres é internacional e cada conquista, onde quer que seja, deve vir acompanhada de mais resistência.

“É importante haver uma sensibilização para a temática do aborto” JORGE FERNANDES, 29 ANOS, TATUADOR

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Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a decisão histórica que há 50 anos legalizou a interrupção voluntária da gravidez. Como analisa esta alteração? Esta decisão sobre a interrupção voluntária da gravidez é claramente um retrocesso no direito das mulheres e uma afronta ao seu direito de decisão sobre o seu próprio corpo e vida. Os EUA sempre foram um país controverso e dividido em diversas temáticas, maioritariamente políticas e religiosas ou militares, no entanto, penso que esta decisão não pode deixar ninguém indiferente por se tratar de uma questão humanitária. É importante perceber que não está apenas uma vida em “jogo” quando se revoga esta decisão com mais de 50 anos, e que esta

batalha por um direito imprescindível tem de ser do mundo e não apenas das mulheres dos EUA. Acredita que esta restrição ao aborto terá impacto no mundo? De que forma? Sim, penso que vai ter um impacto no mundo. Infelizmente os EUA têm a vertente de se tornarem um mau exemplo para outros países, não só no que toca a decisões políticas, mas também na vertente do aumento do ódio contra forças de segurança ou até mesmo racismo. É importante haver uma sensibilização para a temática do aborto, não só para que esta decisão não se espalhe para outros países, mas também para que se possa alterar o rumo dos EUA relativamente a este tema.

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PONTOS DE VISTA SOLUÇÕES E MÁQUINAS PARA UMA INDÚSTRIA LOGÍSTICA MAIS AUTOMATIZADA

“Somos uma empresa em que a Informação é a força motriz do Desenvolvimento”

LUÍS SILVA

Observando a indústria da logística moderna, é possível verificar que está em constante desenvolvimento e cada vez mais automatizada – e é necessário que os players acompanhem esta tendência, para que possam oferecer os melhores serviços. É precisamente sobre esta questão que, em conversa com a Revista Pontos de Vista, Luís Silva, Diretor-Geral da GAM Rentals – uma marca amplamente reconhecida no mercado – evidenciou as vantagens de um setor automatizado e, ainda, de que forma esta empresa tem acrescentado valor ao mesmo.

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GAM é uma multinacional fundada em 2003, em Espanha, especializada em serviços globais relacionados com maquinaria, incluindo aluguer, venda de equipamentos novos e usados, distribuição, entre outros. Sendo Diretor-Geral da empresa em Portugal, como nos pode descrever a estratégia de consolidação da mesma no mercado nacional? A GAM, como empresa, está presente em Portugal desde 2006, o que significa que a nossa marca já é amplamente reconhecida no mercado, sendo o distribuidor exclusivo das principais marcas de maquinaria reconhecidas mundialmente: HYSTER, YALE, Magni, Oil & Steel. A GAM cresceu inorganicamente através de duas aquisições fundamentais: em 2008 adquiriu uma

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empresa centrada na elevação e, no Verão de 2021, concluiu a compra da divisão de movimentação de cargas da Ascendum. Estas operações contribuíram para lhe dar maior visibilidade no setor industrial, onde a GAM pretende consolidar a sua posição. A empresa, que na sua origem se perfilou fundamentalmente como uma marca baseada no aluguer de maquinaria, oferece hoje uma vasta gama de serviços com presença numa grande quantidade de setores. De que serviços estamos a falar e em que medida os mesmos se destacam no mercado? Ao posicionarmo-nos como empresa de distribuição, somos capazes de oferecer um maior número de soluções aos nossos clientes, abrangendo um

“AO POSICIONARMO-NOS COMO EMPRESA DE DISTRIBUIÇÃO, SOMOS CAPAZES DE OFERECER UM MAIOR NÚMERO DE SOLUÇÕES AOS NOSSOS CLIENTES, ABRANGENDO UM CATÁLOGO DE SERVIÇOS MUITO AMPLO QUE VAI PARA ALÉM DA MAQUINARIA”


PONTOS DE VISTA SOLUÇÕES E MÁQUINAS PARA UMA INDÚSTRIA LOGÍSTICA MAIS AUTOMATIZADA

catálogo de serviços muito amplo que vai para além da maquinaria, entre os quais podemos destacar: formação através da Kirleo Escuela de Oficios, e distribuição de última milha através de veículos de emissão zero da nossa firma Inquieto. Por outras palavras, formação e distribuição urbana, duas áreas-chave hoje em dia. Atualmente a GAM apoia-se na segurança, no serviço e na sustentabilidade. Quão importantes são estes três pilares para marca e de que forma os aplica a nível interno e externo? A sustentabilidade é o pilar transversal que orienta a nossa atividade diária, e não apenas uma simples declaração. Estamos a caminhar cada vez mais para uma frota de emissões zero, fazendo progressos com projetos de economia circular como a nossa fábrica de Remanufacturing (localizada no norte de Espanha) e estando cada vez mais perto dos nossos clientes para lhes podermos oferecer um serviço adaptado às suas necessidades e conseguir um impacto positivo onde quer que estejamos.

“A AUTOMATIZAÇÃO DE UM FLUXO LOGÍSTICO GERA UMA MELHORIA DIRETA DA EFICIÊNCIA NOS PROCESSOS DE MENOR VALOR ACRESCENTADO DE UMA INDÚSTRIA. ISTO PERMITE QUE O RECURSO MAIS VALIOSO DE QUALQUER EMPRESA - O SEU CAPITAL HUMANO - SEJA DEDICADO AOS PROCESSOS DE MAIOR VALOR ACRESCENTADO”

Nos últimos anos, o debate em torno da automatização tem se destacado entre o leque de questões que rodeiam a indústria logística. Na sua opinião, quais os motivos que têm fomentado a clara aceleração na adoção de máquinas automatizadas? Este processo de crescimento na automatização deve-se tanto à necessidade de aumentar a eficiência e segurança nos processos, como ao facto de estas novas ferramentas serem utilizadas para automatizar processos com menor valor acrescentado. Até alguns anos, a indústria tinha concentrado os seus esforços na melhoria da eficiência dos processos de produção, otimizando-os a tal ponto que qualquer possível aumento da eficiência tem de passar pelos processos que os rodeiam. Uma indústria logística mais automatizada tem, portanto, um papel essencial a desempenhar tanto no presente como no futuro do setor. Considera que as organizações já estão suficientemente confiantes de que têm recursos para suportar e maximizar estas tecnologias? Em geral, como qualquer empresa, na GAM estamos atentos a qualquer inovação e, embora não ousasse falar por um setor específico, acredito que cada empresa está empenhada em gerir estes recursos e em avançar neste campo tanto quanto possível. A verdade é que, com os clientes cada vez mais exigentes, é necessário que a logística esteja sempre à procura de ferramentas para agilizar os seus processos. Quais diria que são as grandes vantagens e os desafios que surgirão numa indústria automatizada? Como salientei anteriormente, a automatização de um fluxo logístico gera uma melhoria direta da eficiência nos processos de menor valor acrescentado de uma indústria. Isto permite que o recurso

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PONTOS DE VISTA SOLUÇÕES E MÁQUINAS PARA UMA INDÚSTRIA LOGÍSTICA MAIS AUTOMATIZADA

mais valioso de qualquer empresa - o seu capital humano - seja dedicado aos processos de maior valor acrescentado. As pessoas devem estar sempre no centro. A segunda vantagem que gostaria de destacar é o nível mais elevado de segurança operacional que estes processos automatizados trazem. Os desafios a enfrentar incluem a necessidade de reexaminar os sistemas logísticos manuais a fim de selecionar, entre a vasta gama de soluções oferecidas pelos diferentes fabricantes, aquela que melhor se adapta às necessidades de cada cliente. Para este fim, é essencial que as empresas procurem aconselhamento de especialistas neste processo. Sendo hoje a GAM fornecedora de serviços integrais e diferenciadores, que soluções e máquinas a marca disponibiliza para uma indústria logística mais automatizada? Destaco os nossos serviços AGV e drone, especialmente centrados no setor da logística - gestão de stocks de armazém, entre outras funções – e automóvel, dentro das linhas de montagem. Olhando para o presente deste setor, que é cada vez mais tecnológico, quais diria que serão as necessidades do mesmo no futuro? Como o perspetiva a curto/médio prazo? Precisamos de cada vez mais ferramentas para nos ajudar a gerir as necessidades específicas dos nossos clientes na indústria, tão rápida e eficientemente quanto possível. No final, a GAM evoluiu de uma empresa centrada exclusivamente no aluguer de máquinas para uma empresa de instalações que oferece soluções personalizadas aos seus clientes no setor industrial. ▪

Sabemos que, quanto mais qualificados forem no que respeita o trabalho com softwares, mais automatizadas serão as linhas de produção. Neste sentido, de que forma a GAM irá continuar a acompanhar estas necessidades do mercado? Que novidades nos pode confidenciar? Na GAM, baseamo-nos na digitalização como um vetor para o futuro da empresa. Somos uma empresa em que a informação é a força motriz do desenvolvimento, para nos ajudar a aumentar a nossa competitividade e otimizar os processos de tomada de decisão. Assim, criámos o GAM Digital: um plano composto por 85 medidas agrupadas em 46 projetos a serem desenvolvidos até 2023, que visa otimizar a eficiência em todas as áreas da empresa, tornando-nos uma empresa orientada para os dados. Neste ponto, destacam-se as iniciativas internas para automatizar a gestão da frota de máquinas, a gestão de incidentes e reparações na oficina, encomendas, ofertas comerciais informadas através da SAP, entre outras, oferecendo aos nossos clientes um serviço eficiente e solvente para satisfazer as suas necessidades.

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PONTOS DE VISTA BREVES

Nova tecnologia pode acabar com implantes na reconstrução mamária O silicone é uma das soluções mais utilizadas na reconstrução mamária de mulheres que passaram pelo drama de uma mastectomia. No entanto, segundo alguns relatos, nem sempre é a opção mais confortável. Uma alternativa mais acessível e confortável pode mesmo estar a caminho. Todos os anos, dois milhões de pessoas em todo o mundo são diagnosticadas com cancro de mama. Muitas são submetidas a um tratamento que envolve, pelo menos, a remoção de uma mama. A maioria prefere não reconstruir os seios e, de acordo com a mesma publicação, a percentagem das doentes que aderem a este método fica pelos 30 por cento. A boa notícia é que tudo isto pode estar prestes a mudar. Um grupo de startups projetou um novo tipo de implantes, impressos em 3D, que ajudam o organismo a desenvolver novo tecido mamário que depois deverá desaparecer.

Descoberto novo buraco na cama de ozono Uma equipa de investigadores deu conta de um novo buraco na camada do ozono, através de uma combinação de dados de observações com modelos de reação de eletrões orientadas por raios cósmicos. Este buraco conta já com grandes proporções e é já considerado “uma grande preocupação global”, uma vez que é sete vezes maior do que o mais conhecido buraco sobre a Antártica. Por definição, considera-se que há um buraco na camada do ozono quando há uma perda de mais de 25% de O3, uma molécula inorgânica, do que na região circundante. A ameaça para a saúde vem do facto de se aumentar a exposição da superfície da Terra a raios ultravioleta, que aumenta também o risco de se desenvolver cancros de pele, por exemplo.

O exercício que mais benefícios traz à nossa saúde e vida diária Um estudo analisou 130 pessoas no decorrer de 12 semanas, que incluiu três formas de exercício físico: caminhadas nórdicas, exercícios físicos contínuos e moderados como o remo ou o ciclismo e treinos intervalados de alta intensidade (HIIT). Sabemos que estas três formas de realizar exercício, ajudaram no alívio de sintomas depressivos, bem como na melhoria da qualidade de vida. No entanto, a capacidade funcional foi maior após os treinos de caminhada nórdica. Os investigadores verificaram que os indivíduos submetidos ao estudo aumentaram as suas capacidades funcionais em 19%, contra os

13% do treino HIIT e 12% do exercício físico contínuo e moderadoIsto é, a caminhada nórdica exercita entre 80% a 90% dos nossos músculos quando é realizada corretamente, enquanto a simples ação de caminhar ou correr trabalha apenas 40% dos músculos do corpo, revelam dados da American Nordic Walking Association. Os resultados satisfatórios motivaram o interesse da equipa a explorar ainda mais os benefícios desta caminhada no que diz respeito a outros campos da saúde, como a força superior e inferior do corpo e indicadores de saúde cardiovascular.

MOTELX: dos filmes à experiência imersiva O MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa anunciou as primeiras novidades da sua 16.ª edição. Vai acontecer entre 6 e 12 de setembro no Cinema São Jorge, com uma programação que se estende a outros espaços da capital portuguesa. Entre os filmes já confirmados estão neste ano o “Final Cut”, do cineasta francês Michel Hazanavicius (“O Artista”). O italiano Dario Argento, autor de “Suspiria”, também está em destaque no MOTELX. O seu mais recente filme, “Dark Glasses”, com a participação da filha Asia Argento, vai ser exibido também no festival. Contará ainda com uma sessão especial de uma cópia recentemente restaurada de “A Praga”, do mestre do cinema de terror brasileiro José Mojica Marins. O cinema português de terror também estará representado com títulos como “Criança Lobo”, de Frederico Serra; “Cemitério Vermelho”, de Francisco Lacerda; “Matrioska”, de Joana Correia Pinto; “Quando a Terra Sangra”, de João Morgado; “Uma Piscina”, de Carolina Aguiar; ou “Os Demónios do Meu Avô”, de Nuno Beato. Este último trata-se da primeira longa-metragem de animação stop motion feita em Portugal.

Vítimas de abusos sexuais vão ser homenageadas por Siza Vieira Há cerca de seis meses que a Comissão Independente foi criada, com o intuito de investigar o fenómeno de abusos seuxais na Igreja Católica em Portugal, e desde então já reuniu mais de 350 testemunhos. Agora, a organização pretende erguer um monumento de homenagem às vítimas. O escolhido para criar e desenhar o projeto foi o famoso arquiteto português Álvaro Siza Vieira. A inspiração teve origem num monumento semelhante erguido em Chicago pela Igreja, com o propósito de homenagear as muitas vítimas destes crimes. Dos 352 relatos recebidos até ao momento pela comissão, estima-se que o número real de vítimas seja muito superior ao que se conhece. Isto porque se calcula que apenas 20 a 25 por cento dos casos reais cheguem a ser conhecidos.

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PONTOS DE VISTA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE

“O Luxemburgo deve ser concebido e gerido de forma Sustentável, Resiliente e Eficiente” Claude Turmes, Ministro da Energia e do Ordenamento do Território do Luxemburgo garante, em entrevista à Revista Pontos de Vista, que “é urgente agir e inverter as tendências de desenvolvimento atuais, promover uma maior sensibilização dos cidadãos para os desafios que já enfrentamos e que enfrentaremos ainda mais no futuro”. Entre outros detalhes, o interlocutor confidenciou ainda quais são as estratégias delineadas pelo Ministério na transição do país para uma economia verde.

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Ministério da Energia e do Planeamento Regional está dividido em dois departamentos: o Departamento de Energia e o Departamento de Ordenamento do Território. Assim, qual tem sido o papel da organização em relação à transição de Luxemburgo para uma economia verde? O Departamento de Energia coordena a política energética do país e os objetivos de assegurar um abastecimento energético sustentável, manter e reforçar o abastecimento nacional de eletricidade, gás natural, combustíveis sólidos e líquidos e energias renováveis. A eficiência energética e a economia de energia também são fatores-chave no que diz respeito à transição de Luxemburgo para uma economia verde. O Departamento de Ordenamento do Território assegura a coordenação das políticas setoriais municipais, intermunicipais, nacionais, transfronteiriças e internacionais com impacto no desenvolvimento territorial. A política de ordenamento do território visa assegurar o respeito pelo interesse geral, garantindo condições de vida ótimas para toda a população através do desenvolvimento e desenvolvimento sustentável de todas as partes do território nacional. Neste contexto, é garantido o uso racional do solo e um desenvolvimento urbano concêntrico e coerente. Sabemos que no Departamento de Energia, a política energética do país é coordenada com o objetivo de garantir o abastecimento energético sustentável. Como o Ministério promove esta missão e a realiza com sucesso? A política energética do Luxemburgo visa responder aos desafios climáticos e ambientais e garantir a segurança de abastecimento do país.

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O Luxemburgo cumpre a ambição climática definida pela comunidade internacional através do Acordo de Paris. Para atingir este objetivo, é imperativo almejar e atingir os objetivos de zero emissões até 2050 e a transição para 100% de energia renovável. O Plano Nacional Integrado de Energia e Clima fornece a base para a política climática e energética de Luxemburgo. Descreve as políticas e medidas para atingir as ambiciosas metas nacionais de redução das emissões de gases com efeito de estufa (-55%), energias renováveis​​ (25%) e eficiência energética (de 40 para 44%) até 2030. Constitui o roteiro que irá ser posto em prática através da adoção de regulamentos, programas e projetos nas áreas específicas entre 2020 e 2030. Os principais pilares são o desenvolvimento massivo das energias renováveis, a sua integração na rede energética em particular através do desenvolvimento de armazenamento de energia descentralizado, redes energéticas digitais e, portanto, muito mais eficientes, a uti-

lização de meios de transporte mais sustentáveis, um parque imobiliário inteligente e uma redução da energia cinzenta contida nos stocks e fluxos de materiais. O Departamento de Ordenamento do Território visa garantir as condições de vida da população através da valorização e desenvolvimento sustentável de todas as partes do território luxemburguês. Como ministro, quais considera que são os maiores impactos sociais (positivos) para a população na garantia dessa qualidade de vida? A Lei do Ordenamento do Território estipula que é necessário “garantir o respeito pelo interesse geral, assegurando condições de vida ótimas para toda a população”. Assim, é essa a missão do Departamento de Ordenamento do Território (DATer): definir, propor e implementar objetivos concretos e estratégias territoriais de desenvolvimento e transição a vários níveis – local, regional, nacional e transfronteiriço – e deve torná-

-lo possível manter e melhorar as condições de vida de toda a população em todo o país, combinando proteção, valorização e gestão eficiente das nossas paisagens e recursos naturais limitados. Garantir um equilíbrio harmonioso entre “viver-trabalhar-relaxar” é fundamental na nossa sociedade: para cada um de nós, uma ótima qualidade de vida é essencial para o desenvolvimento pessoal e profissional. É também um aspeto importante para garantir a coesão social na nossa sociedade. Viver num país onde a vida é boa, onde a natureza está à porta, em que ofertas, equipamentos e serviços de todo o tipo estão ao alcance “dos pés” em poucos minutos, estas são, em última análise, condições de vida com efeitos positivos para os nossos residentes, e para os nossos trabalhadores transfronteiriços. Os conceitos de natureza na cidade, cinturões verdes em torno das principais aglomerações ou mesmo a cidade do quarto de hora são, assim, parte integrante da estratégia de desenvolvimento territorial elaborada pelo Ministro do Ordenamento do Território.


PONTOS DE VISTA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE

É legítimo afirmar que, para um país como o Luxemburgo, é realmente importante avançar para a sustentabilidade e para uma economia verde? Porquê? Devido à sua dimensão, é óbvio que o Luxemburgo deve ser concebido e gerido de forma sustentável, resiliente e eficiente. Os problemas que enfrentamos atualmente em vários domínios como a habitação, a mobilidade, o ambiente e a coesão social, exigem soluções sólidas, duradouras e partilhadas para responder às duas questões essenciais do ordenamento do território: como garantir e melhorar a qualidade de vida dos toda a população e como garantir a preservação do meio ambiente e da biodiversidade, ao mesmo tempo em que permite que o país continue a desenvolver-se. Estas questões devem ser apreendidas numa atitude prospetiva para as próximas duas ou três décadas, tendo em conta a capacidade do território e os limites dos seus recursos, em primeiro lugar o solo que é um recurso seguramente flexível mas limitado. Sabendo que o solo não cresce no Luxemburgo, que os efeitos das alterações climáticas também se fazem sentir cada vez mais no Luxemburgo, avançar para a sustentabilidade e para a economia verde do país não é apenas legítimo, mas uma obrigação, política e cívica. Se não seguirmos nesta direção, dificilmente o mundo político poderá implementar uma transição ecológica justa e inclusiva, organizar a resiliência do território nacional - com influência transfronteiriça - e assim contribuir para a qualidade de vida para nós e para as gerações futuras. Esta estratégia de desenvolvimento territorial pressupõe uma nova abor-

dagem ao ordenamento do território multissetorial e transversal que combina multifuncionalidade, regeneração urbana, experimentação e inovação. De facto, a pequenez do país obriga-nos a preparar a sua resiliência e a garantir a gestão sustentável dos recursos naturais, utilizando o solo com sabedoria, reduzindo a sua artificialização. Sabemos que foram elaboradas propostas estratégicas de ordenamento do território com o objetivo de produzir cenários de transição ecológica até 2050. De que propostas estamos a falar? O que está a ser feito na prática? Lançada em junho de 2020, a consulta internacional Luxemburgo em Transição reuniu propostas estratégicas de ordenamento do território e produziu cenários de transição ecológica/zero carbono até 2050 para o Grão-Ducado do Luxemburgo e para a sua área transfronteiriça. A obra foi concluída em janeiro de 2022 com um vasto conjunto de novos caminhos para contribuir para a transição ecológica e propor uma nova cultura de ordenamento do território: foi um verdadeiro laboratório de ideias, estratégias e conceitos inovadores, com experiências propostas por especialistas e também por cidadãos. O resultado é um conjunto de conceitos e propostas que representam uma fonte de inspiração para um ordenamento do território diferente. Perante os muitos desafios climáticos e questões sociais que surgem, a consulta teve como objetivo desenvolver conceitos “fora da caixa” para uma nova abordagem ao ordenamento do território e apoiar a transição ecológica do território até 2050. Sete caminhos marcam o caminho para um território de baixo carbono, resiliente e sustentável: zero artificialização líquida do solo, redução das necessidades de mobilidade, multifuncionalidade no uso do solo e das construções, transformação da dieta e das práticas agrícolas, política fundiária e habitacional para o bem comum, proteção dos recursos naturais recursos, desenvolvimento económico justo e unido. A consulta internacional pretende ser o gatilho para o processo coletivo do Luxemburgo em Transição: trata-se de ancorar na realidade territorial do Luxemburgo e com os parceiros transfronteiriços os cenários, estratégias e conceitos desenvolvidos para

desencadear uma dinâmica que seja factível e concreta. Os primeiros passos consistirão no lançamento de projetos-piloto que pretendem funcionar como demonstradores da capacidade da sociedade luxemburguesa de se comprometer efetivamente com o caminho da transição territorial. A verdade é que as organizações ainda enfrentam inúmeros desafios nesse longo caminho para a economia verde. No seu ponto de vista, quais são os maiores e como devem ser colmatados? É urgente agir e inverter as tendências de desenvolvimento atuais, promover uma maior sensibilização dos cidadãos para os desafios que já enfrentamos e que enfrentaremos ainda mais no futuro, para fazer com que os decisores de todo o tipo compreendam que é necessária uma nova abordagem. Precisamos, portanto, de uma mudança de paradigma, de outra cultura de planeamento e, sabendo que o espaço cria comportamentos entre os nossos concidadãos, é mais do que apropriado desenvolver uma nova abordagem de ordenamento do território que gira em torno da combinação e conciliação de funções (habitação, emprego, lazer), mobilidade sustentável e ativa, alimentação, desenvolvimento urbano e rural, oferta de serviços e equipamentos públicos, gestão eficiente dos recursos naturais, financeiros e humanos. Fazer com que os cidadãos adiram a esta mudança de comportamento é fundamental: para isso, devem ser-lhes facultadas, com toda a honestidade e transparência, as informações de que necessitam para estarem a par dos factos e realidades presentes e futuras. A experiência do Comité de Cidadãos 2050 no âmbito da consulta Luxemburgo em Transição mostra que informar deve ser acompanhado de formação: não basta informar, é importante formar o cidadão sobre as questões num processo de aprendizagem recíproca. Um cidadão (in)treinado é um cidadão valorizado e esclarecido que pode apoiar ou se opor à tomada de decisões políticas ou económicas. Os desafios a enfrentar são numerosos e de natureza diversa, mas o mais difícil é que pressupõe que a sociedade e o território tenham de se adaptar e reconverter para evoluir e melhorar de forma a garantir um quadro de qualidade de vida.

Com os olhos postos no futuro, quais os passos mais importantes a dar nesta transição, a médio e longo prazo? Que novas medidas estão a ser delineadas? Do ponto de vista da política de ordenamento do território, o novo programa mestre de ordenamento do território define uma abordagem e orientações estratégicas concretas com objetivos políticos que visam a redução da ocupação do território, a concentração do desenvolvimento nos locais mais apropriados e um planeamento resolutamente transfronteiriço. Esta abordagem deve ser realizada, a nível nacional, de acordo com as políticas setoriais nacionais, incluindo o Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNEC, 2018) e a Estratégia Nacional de Ação Climática de Longo Prazo “Rumo à neutralidade carbónica até 2050” e, a nível internacional, de acordo com o “Green Deal” e a Estratégia da União Europeia para a Proteção do Solo até 2030. Responder a todos os desafios territoriais do país requer, portanto, a formulação de uma estratégia territorial que só pode ser desdobrada em várias etapas, de duas grandes fases. Uma primeira fase, até 2035, deve ser uma oportunidade para iniciar a reversão de tendências e culturas de planeamento que não estejam em conformidade com os princípios e objetivos de uma nova cultura de planeamento. O fenómeno da disseminação difusa da urbanização e o fortalecimento do quadro urbano para servir de catalisador para uma mudança de comportamento com efeito de desacelerar significativamente os efeitos climáticos e energéticos de nossos modos de vida que se encaixam no território. Ao mesmo tempo, tratar-se-á de iniciar e apoiar projetos-piloto, manifestantes concretos e unificadores de alianças com diversos atores políticos e cívicos, dando-se o direito de experimentar e a capacidade de inovar. A segunda fase, entre 2035 e 2050, deverá ver gradualmente a mudança de paradigma na relação da nossa sociedade com o consumo dos recursos naturais, em primeiro lugar o solo. É no final desta segunda fase, o mais tardar, que a nossa sociedade deve ser resiliente, descarbonizada e que a artificialização do solo será reduzida ou mesmo inexistente. ▪

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PONTOS DE VISTA LUXEMBOURG'S TRANSITION TO A GREEN ECONOMY

“Luxembourg must be designed and managed in a Sustainable, Resilient and Efficient way” Claude Turmes, Minister of Energy and Spatial Planning of Luxembourg guarantees, in an interview with Pontos de Vista Magazine, that “it is urgent to act and reverse current development trends, promote greater awareness of citizens of the challenges we already face and that we will face even more in the future.” Among other details, the interlocutor also confided the strategies outlined by the Ministry in the country’s transition to a green economy.

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he Ministry of Energy and Spatial Planning is divided into two departments: the Department of Energy and the Department of Spatial Planning. So, what has been the role of the organization with regard to Luxembourg’s transition to a green economy? The Department of Energy coordinates the country’s energy policy and the objectives of ensuring a sustainable energy supply and maintaining and strengthening the national supply in electricity, natural gas, solid and liquid fuels and renewable energies. Energy efficiency and energy savings are also key fields with regard to Luxembourg’s transition to a green economy. The Department of Spatial Planning ensures the coordina­ tion of sectoral policies at the municipal, intermunicipal, national, cross-border and interna­ tional level that have an impact on territorial development.The spatial planning policy aims to safeguard the public interest by ensuring optimal living conditions for the entire population through the promotion and sustainable development of all parts of the national territory. In this context, it ensures an efficient use of land as well as a concentric and coherent urban development. We know that in the Department of Energy, the country’s energy policy is coordinated with the aim of guaranteeing sustainable energy supply. How does the Ministry promote this mission and carry it out successfully? Luxembourg’s energy policy aims to respond to climate and environmental challenges and to guarantee the country’s security of supply. Luxembourg complies with the climate ambition set by the

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international community through the Paris Agreement. In order to achieve this objective, it is imperative to aim for and reach the objectives of zero emissions by 2050 and the transition to 100% renewable energy. The Integrated National Energy and Climate Plan provides the basis for Luxembourg’s climate and energy policy. It describes the policies and measures to achieve the ambitious national targets for the reduction of greenhouse gas emissions (-55%), renewable energies (25%) and energy efficiency (from 40 to 44%) by 2030. It constitutes the roadmap that will be put into practice through the adoption of regulations, programmes and projects in the specific areas between 2020 and 2030. The main pillars are the massive development of renewable energies, their integration into the energy network in particular through the development of decentralised energy storage, intelligent energy networks that are digital and therefore much more efficient, the

use of more sustainable means of transport, an intelligent building stock and a reduction in the grey energy contained in stocks and flows of materials. The Department of Spatial Planning aims to ensure optimal living conditions for the population through the promotion and sustainable development of all parts of Luxembourg's territory. As a Minister, what do you think are the biggest (positive) social impacts for the population in ensuring this quality of life? The Spatial Planning Law stipulates that it is necessary to “safeguard the public interest by ensuring optimal living conditions for the entire population”. Therefore, such is the mission of the Department of Spatial Planning (DATer): to define, propose and implement concrete objectives as well as territorial strategies for development and transition at several levels – local, regional, national and cross-border – should make it

possible to maintain and improve the living conditions of the entire population throughout the country while combining protection, enhancement and efficient management of our landscapes and limited natural resources. Ensuring a harmonious balance of “living-working-relaxing” is fundamental in our society: for each of us, an optimal quality of life is essential for our personal and professional development. It is also an important aspect to guarantee social cohesion in our society. Living in a country in which life is good, where nature is at your doorstep, in which offers, infrastructures and services of all kinds are within a walking distance of a few minutes, these are ultimately living conditions with positive effects for our residents, our cross-border commuters. The concepts of nature in the city, green belts around the main agglomerations or even the 15-minute city are thus an integral part of the territorial development strategy drawn up by the Minister for Spatial Planning. Is it legitimate to say that, for a country like Luxembourg, it is


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really important to move towards sustainability and a green economy? Why? Due to its size, it is obvious that Luxembourg must be designed and managed in a sustainable, resilient and efficient way. The problems we are currently facing in various fields such as housing, mobility, the environment, social cohesion call for solid, long-lasting and shared solutions to answer the two essential questions of spatial planning: how to guarantee and improve the quality of life of the entire population, how to ensure the preservation of the environment and biodiversity while allowing the country to continue to develop. These questions must be apprehended in a forward-looking attitude for the next two or three decades, taking into consideration the capacity of the territory and the limits of its resources, in the first place the "land", which is a resource that is certainly flexible but limited. Knowing that the available land will not increase in Luxembourg, that the effects of climate change are also increasingly felt in Luxembourg, moving towards sustainability and the country’s green economy is not only legitimate but an obligation, political and civic. If we do not go in this direction, it will be difficult for the political world to implement a fair and inclusive ecological transition, to organize the resilience of the national territory - with a cross-border influence - and thus to contribute to the quality of life for us and future generations. This territorial development strategy presupposes a new approach to multisectoral and cross-cutting spatial

planning that combines multifunctionality, urban regeneration, experimentation and innovation. In fact, the smallness of the country requires us to prepare its resilience and to guarantee the sustainable management of natural resources by using the resource of land wisely by reducing land take. We know that strategic proposals for spatial planning have been put together with the aim of producing ecological transition scenarios by 2050. What proposals are we talking about? What is being done in practice? Launched in June 2020, the international consultation Luxembourg in Transition brought together strategic spatial planning proposals and produced ecological/ zero-carbon transition scenarios by 2050 for the Grand Duchy of Luxembourg and its cross-border area. The work was completed in January 2022 with a vast set of new avenues to contribute to the ecological transition and propose a new culture of spatial planning: it was a real laboratory of ideas, strategies and innovative concepts. and experiments - propo­ sed by both experts and also by citizens. The result is a set of concepts and proposals that represent a source of inspiration for a different spatial planning. Faced with the many climate challenges and societal issues that arise, the consultation aimed to develop «out of the box» concepts for a new approach to territorial development and to support the ecological transition of the territory by 2050. Seven elements mark the path towards a low-carbon, resilient and sustainable territory: no net land take, reduction of mobility needs, multifunctionality in the use of land and buildings, transformation of the diet and agricultural practices, spatial planning and housing for the common good, protection of natural resources, fair and solidary economic development. The international consultation is intended to be the trigger for the Luxembourg in Transition collective process: it is a question of anchoring in the territorial reality of Luxembourg and with cross-border partners the scenarios, strategies and concepts developed in order to trigger a dynamic that is both

feasible to implement and concrete. The first steps will consist in initiating pilot projects intended to function as demonstrators of the capacity of of Luxembourg's society to really commit to the path of territorial transition. The truth is that organizations still face numerous challenges on this long road to the green economy. In your point of view, which are the biggest and how should they be solved? It is urgent to act and reverse the current development trends, to promote greater awareness among citizens of the challenges we are already facing and will face even more in the future, to make decision-makers at all levels understand that a new approach is needed. We therefore need a paradigm shift, another culture of planning and, knowing that space creates behavior among our fellow citizens, it is more than appropriate to develop a new approach to spatial planning which revolves around the mix and reconciliation of functions (housing, employment, leisure), sustainable and active mobility, food, urban and rural development, the provision of public services and facilities, efficient management of natural, financial and human resources. Getting citizens to adhere to this behavioral change is essential: to do this, they must be given, in all honesty and transparency, the information they need to be aware of current and future facts and realities. The experience of the Citizens’ Committee 2050 within the framework of the Luxembourg in Transition consultation shows that informing must go hand in hand with training: informing is not enough, it is important to train the citizen on the issues in a process of reciprocal learning. An informed and trained citizen is a valued, empowered and enlightened citizen who can support or oppose political or economic decision-making. The challenges to be met are numerous and of different kinds, but the toughest challenge is that it presupposes that society and the territory have to adapt and reconvert in order to evolve and improve in order to guarantee a framework for quality life. Looking to the future, what are

the most important steps to take in this transition, in the medium and long term? What new measures are being outlined? From a spatial planning policy point of view, the new Master Programme for Spatial Planning defines a concrete strategic approach and orientations with political objectives aimed at reducing land take, concentrating development in the most appropriate places and resolutely planning across borders. This approach must be carried out, at national level, in accordance with national sectoral policies, including the National Integrated Energy and Climate Plan (PNEC, 2018) and the National Long-Term Climate Action Strategy «Towards carbon neutrality by 2050” and, at the international level, in accordance with the “Green Deal” and the European Union Strategy for Soil Protection by 2030. Responding to all of the country’s territorial challenges requires therefore the formulation of a territorial strategy which can only be broken down into several stages, of which two major phases can be distinguished. A first phase, until 2035, should be an opportunity to initiate the reversal of planning trends and practices that do not conform to the framework principles and objectives of a new planning culture. In particular, this involves reversing the phenomenon of the urban sprawl and strengthening the urban hierarchy in relation with the provision of public services to serve as a catalyst for a change in behavior with the effect of significantly slowing down the climatic and energy effects of our modes of lives that fit into the territory. At the same time, it will be a question of initiating and supporting pilot projects, concrete demonstrators and builders of coalitions with various political and civil society actors by giving themselves the right to experiment and the capacity to innovate. The second phase, between 2035 and 2050, should gradually see the paradigm shift in our society’s relationship to the consumption of natural resources, first and foremost land. It is at the end of this second phase at the latest that our society must be resilient, decarbonized and that land take will be reduced or even non-existent. ▪

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PONTOS DE VISTA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE

A Jornada da Sustentabilidade Os países de todo o mundo e a grande maioria das suas instituições, cidadãos e empresários estão cientes da necessidade vital e urgente de enfrentar os desafios sociais e ambientais colocados pelo impacto da atividade humana no planeta. Uma vez que as atividades económicas criam valor e riqueza, são um motor de prosperidade e progresso social. Para não comprometer o próprio ecossistema em que as empresas operam, fica evidente: o desenvolvimento económico deve ser sustentável.

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desenvolvimento sustentável foi definido pela primeira vez no Relatório Brundtland de 1987 como o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades”. Esta é realmente uma questão que afeta todo o planeta e, mesmo que as repercussões se manifestem de forma diferente em escala local, é necessária uma mobilização global. Em 2015, a ONU reuniu toda a comunidade internacional em torno de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), resultando num acordo histórico no mesmo ano: o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. A terceira versão do Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável (PNDD) lançada em dezembro de 2019 é uma ferramenta fundamental para a implementação da Agenda 2030 do Luxemburgo para os ODS. No entanto a urgência da situação face aos desafios acima referidos e a necessidade de ação imediata, o desenvolvimento sustentável deve assentar num modelo económico amigo do ambiente e responsável, que assenta na rentabilidade necessária e: • contribui para o fornecimento de soluções eficazes

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de longo prazo para gerenciar, mitigar e reduzir os impactos ambientais e sociais; • equilibra as necessidades da sociedade com os limites dos recursos da terra e sua capacidade regenerativa. A longo prazo, os impactos das atividades económicas em todas as partes interessadas devem ser levados em conta juntamente com a necessidade de ganhos a curto prazo. Para as empresas, os desafios do desenvolvimento sustentável exigem a consideração simultânea e alinhada das necessidades dos negócios, do meio ambiente e da sociedade. Ao gerar valor acrescentado, as empresas contribuem para o progresso técnico, a transição para uma economia verde, a implementação de soluções inovadoras e eficientes, a criação de emprego e o desenvolvimento do bem-estar da sociedade. Todos estes elementos são fundamentais para o sucesso a longo prazo das empresas, coesão social e proteção ambiental. As empresas são fundamentais para fornecer respostas e soluções operacionais aos desafios sociais e ambientais. A Câmara de Comércio de Luxemburgo apresentou dez princípios orientadores para a comunidade empresarial adaptar seus modelos de ne-

gócios, integrando os desafios do desenvolvimento sustentável no centro de sua estratégia de maneira mais sistemática. Esses princípios formam uma bússola que define um rumo para cada empresa na sua transformação em direção à criação de valor de longo prazo alinhada aos fundamentos do desenvolvimento sustentável. Sejam pequenas, médias ou grandes, as empresas podem contribuir para a prosperidade socioeconómica do país e contribuir para o alcance das metas do PNDD. Estes dez princípios orientadores estarão ao lado das ambições nacionais sustentadas por um plano de ação para apoiar a comunidade empresarial nacional na sua assimilação e implementação operacional. Esse apoio será baseado nas inúmeras iniciativas de federações profissionais, instituições e outras associações já comprometidas com o desenvolvimento sustentável, como INDR - Instituto Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social das Empresas, IMS - Inspirando mais sustentabilidade, LSFI - Iniciativa de Financiamento Sustentável do Luxemburgo ou LIST - Instituto de Ciência e Tecnologia do Luxemburgo – um ecossistema completo para ajudar as empresas a adotar a sustentabilidade. ▪


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Taking the Sustainability Journey Countries all over the world and the vast majority of their institutions, citizens and entrepreneurs have been aware of the vital and urgent need to address the social and environmental challenges posed by the impact of human activity on the planet. Since economic activities create value and wealth, they are an engine of prosperity and social progress. In order not to jeopardise the very ecosystem in which companies operate, it is therefore evident: economic development must be sustainable.

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ustainable development was first defined in the Brundtland Report of 1987 as “development that meets the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs”. This is truly an issue facing the entire planet, and even if the repercussions manifest themselves differently on a local scale, global mobilisation is required. In 2015, the UN rallied the entire international community around 17 Sustainable Development Goals (SDGs) resulting in a historic agreement that same year: the Paris Agreement on climate change. The third version of the National Plan for Sustainable Development (PNDD) launched in December 2019 is a key tool for the implementation of Luxembourg’s 2030 Agenda for the SDGs. Notwithstanding the urgency of the situation given the challenges above, and the need for immediate action, sustainable development must be founded on an environmentally friendly and responsible economic model that relies on necessary profitability and: • contributes to the provision of effective long-term solutions to manage, mitigate and redu-

ce environmental and societal impacts; • balances the needs of society with the limits of the earth’s resources and their regenerative capacity. The long-term and the impacts of economic activities on all stakeholders must be taken into account alongside the need for shorter-term gains. For companies, the challenges of sustainable development require simultaneous and aligned consideration of the needs of business, the environment and society. By generating added value, companies contribute to technical progress, the transition to a green economy, the implementation of innovative and efficient solutions, job creation and the development of society’s well-being. All of these elements are key to the long-term success of businesses, social cohesion and environmental protection. Companies are key to providing answers and operational solutions to societal and environmental challenges. The Luxembourg Chamber of Commerce put forward ten guiding principles for the business community to adapt their business models by integrating the challenges of sustainable develo-

pment into the core of their strategy in a more systematic manner. These principles form a compass that sets a course for each company in its transformation towards long-term value creation in line with the foundations of sustainable development. Whether they are small, medium or large, companies can contribute to the socio-economic prosperity of the country and play their part in achieving the PNDD goals. These ten guiding principles will sit alongside national ambitions underpinned by an action plan to support the national business community in their assimilation and operational implementation. This support will be based on the numerous initiatives of professional federations, institutions and other associations already committed to sustainable development, such as the INDR - Institut National pour le Développement Durable et la Responsabilité Sociale des Entreprises, IMS - Inspiring More Sustainability, LSFI - Luxembourg Sustainable Finance Initiative, or LIST - Luxembourg Institute of Science and Technology – a full ecosystem to help companies embrace sustainability. ▪

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PONTOS DE VISTA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE

“O nosso objetivo é Promover Soluções Microeconómicas” Orientar as empresas luxemburguesas na adoção de práticas empresariais responsáveis é a missão do Instituto Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Empresarial (INDR). Em conversa com a Revista Pontos de Vista, o Secretário-Geral, Norman Fisch, revelou qual tem vindo a ser o papel da entidade no que diz respeito à transição para uma economia verde num país como o Luxemburgo.

NORMAN FISCH

O

Instituto Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Empresarial (INDR) foi criado com o objetivo de promover a Responsabilidade Social Empresarial (RSE). Para melhor compreendermos, qual tem sido, ao longo dos anos, o papel da entidade? O INDR foi criado há 15 anos pela Union des Entreprises Luxembourgeoises (UEL), a Associação Nacional de Empregadores, com a missão de orientar as empresas luxemburguesas na adoção de práticas empresariais responsáveis. A RSE ajuda empresas individuais a contribuir para o desenvolvimento sustentável e melhorar o seu desempenho e reputação, ao mesmo tempo em que melhora a competitividade do país e a sua marca nacional. Como ator normativo, primeiro elaboramos uma definição comum, juntamente com os principais atores do ecossistema de sus-

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tentabilidade no Luxemburgo e compartilhamos a nossa experiência através do diálogo institucional. Em seguida, desenvolvemos um programa nacional de RSC chamado ESR – ENTREPRISE RESPONSIBLE para promover as novas ideias entre as empresas. Inclui sensibilização e construção de competências, uma ferramenta de avaliação online e um selo atribuído após uma verificação independente de terceiros no local. O INDR atua, assim, como uma plataforma entre as questões de sustentabilidade identificadas e as soluções adequadas que podem ser adotadas pelas empresas. Também criamos o ProRSE, a primeira associação de profissionais de RSE. Mais de 1500 empresas já utilizaram os nossos serviços e 250 empresas já possuem o selo ESR, identificando-as como empresa responsável. Sabemos que o INDR é a porta de entrada

“O LUXEMBURGO É UM PAÍS PEQUENO COM POUCOS RECURSOS LOCAIS, UMA ECONOMIA ABERTA COM UM FORTE SETOR FINANCEIRO E UMA POPULAÇÃO CULTURALMENTE MUITO DIVERSIFICADA”


PONTOS DE VISTA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE

para todas as empresas luxemburguesas que desejam contribuir para o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, quais habilidades considera que as mesmas precisam para esse desenvolvimento? Para integrar a responsabilidade e melhorar o comportamento corporativo, as empresas precisam primeiro de estar cientes dos desafios e oportunidades apresentados pela sustentabilidade. Promovemos principalmente os benefícios da RSE em termos de gestão de risco e reputação, inovação, otimização de recursos e marca do empregador, mas é aconselhável entender o business case completo da RSE e as suas implicações estratégicas. O INDR contribui para o aumento da conscientização através de conferências, contribuições dos média e publicações e desenvolvemos uma referência abrangente sobre RSE em Luxemburgo, o Guia ESR. A iniciativa de RSC pode ser desencadeada por qualquer departamento (RH, qualidade, produção) mas, em última análise, a liderança do CEO e do conselho é necessária para fazer qualquer mudança estratégica duradoura. A configuração de uma governança de RSC e uma pessoa responsável pela RSC com as competências, autoridade e recursos necessários são igualmente essenciais, pois esse empreendimento transformacional precisa de ser dotado de pessoal como um projeto de gerenciamento de mudanças que afeta todos os departamentos. Em colaboração com a Casa da Formação, o INDR oferece também um ciclo de formação certificadora. Para iniciar o processo, é indispensável ter um profundo conhecimento da maturidade da empresa nas diversas questões de sustentabilidade. O INDR propõe um checklist de mais de 100 tópicos de RSE para avaliar o desempenho de uma unidade de negócios e oferece um plano de ação com ideias de implementação. O nosso selo ESR também ajudará a alinhar o empreendimento CSR da empresa, mas, em última análise, é um projeto de médio a longo prazo baseado na melhoria contínua.

“PARA INTEGRAR A RESPONSABILIDADE E MELHORAR O COMPORTAMENTO CORPORATIVO, AS EMPRESAS PRECISAM PRIMEIRO DE ESTAR CIENTES DOS DESAFIOS E OPORTUNIDADES APRESENTADOS PELA SUSTENTABILIDADE” A missão do Conselho de Administração da organização é validar a estratégia do INDR e propor áreas de melhoria e desenvolvimento. Como Secretário-Geral, quais considera que são os maiores impactos sociais e económicos no caminho de transição do Luxemburgo para uma economia verde? Estudar as relações entre empresas e sociedade é um amplo campo académico. Embora precisemos de entender as repercussões macroeconómicas da melhoria do comportamento corporativo na economia, na sociedade e no meio ambiente, o INDR concentra-se principalmente na pesquisa para melhorar as práticas gerenciais de negócios. Como uma instituição neutra, não desejamos desempenhar nenhum papel político e não comentaríamos ou recomendaríamos quaisquer decisões políticas. O nosso objetivo é promover soluções microeconómicas: diálogo com as partes interessadas, foco estratégico, melhoria contínua, governança aprimorada, processos de due diligence, relatórios transparentes, gestão da diversidade, abastecimento regional, economia circular, energia renovável... Parece-me claro que as nossas empresas devem ser ajudadas e orientadas nos seus esforços para entender as questões e tomar as decisões corretas de investimento. No entanto, o Luxemburgo é um país pequeno com poucos recursos locais, uma economia aberta com um forte setor financeiro e uma população culturalmente muito diversificada. A nossa força de trabalho educada e multilinguística, caminhos curtos de decisão política e a nossa liderança em finanças sustentáveis ​​podem ajudar-nos a obter uma vantagem de pioneirismo se pudermos manter condições equitativas para bens e serviços eco-responsáveis ​​no mercado europeu.

O INDR afirma que as empresas no Luxemburgo demonstram um comportamento responsável ao integrar o desenvolvimento sustentável na sua estratégia. De que forma? Uma empresa depende inteiramente de insumos da sociedade: recursos naturais, clientes, funcionários, investimentos, fornecedores... Assim, a melhor estratégia para uma empresa é proteger os ativos necessários existentes na sociedade. A única estratégia sustentável é criar valor para a empresa, preservar e desenvolver valor na sociedade. O valor é muitas vezes mal interpretado como apenas valor financeiro ou monetário. Mas o retorno do investimento para os acionistas é apenas o resultado de uma sequência de criação de valor de outros tipos dentro de uma empresa: gestão de intangíveis (por exemplo, conhecimento ou alinhamento organizacional), execução de processos (a eficácia e eficiência do trabalho realizado), oferta de valor aos clientes (através dos atributos percebidos dos produtos e serviços). As ações e decisões de uma empresa podem impactar igualmente, positiva ou negativamente, outros tipos de valor existentes na sociedade: capital natural (recursos, ecosserviços), capital social (saúde, populações diversas de seres humanos), capital financeiro, entre outros. A RSE torna-se, assim, uma ferramenta estratégica para ajudar uma empresa a tomar decisões e investimentos que criem valor compartilhado. O INDR incentiva a empresa a desenvolver uma estratégia de RSC baseada numa metodologia que inclui a identificação de stakeholders e uma análise de materialidade para determinar como lidar com as questões de sustentabilidade mais importantes. Como player de referência em RSE no Luxemburgo, quais diria que são os próximos passos que a organização dará neste caminho de transição para uma economia verde? Nem todos os setores e atividades enfrentam os mesmos desafios de sustentabilidade. As empresas precisam de concentrar os seus esforços nos temas de RSE que são importantes e urgentes para elas. O INDR aumentará a ênfase na materialidade na sua nova plataforma esr.lu para ajudar as empresas a concentrarem-se em questões estratégicas, tornar a sua prática de RSC mais eficaz e melhorar os seus relatórios. Até agora, os nossos serviços estavam disponíveis apenas em francês, mas uma tradução em inglês do nosso Guia ESR e da nossa ferramenta de avaliação está em preparação. Também estamos a trabalhar para aumentar a visibilidade e o reconhecimento do nosso selo ESR. Somos membros fundadores da Responsibility Europe, a principal rede europeia de agências de rotulagem CSR. O selo Responsibility Europe é atribuído a qualquer empresa que tenha obtido um dos selos das organizações membros: Label engagé RSE by Afnor, THQSE, UNICEM (França), Certification EcoEntreprise (Suíça). Mais de 700 empresas já foram premiadas com este novo selo. Por fim, desejamos melhorar ainda mais a colaboração entre os diferentes atores do ecossistema nacional de sustentabilidade, cofundando a Casa da Sustentabilidade de Luxemburgo. ▪

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PONTOS DE VISTA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE

“Continuaremos a Trabalhar na nossa Missão de dar a todas as Crianças uma Oportunidade igual de Aprender” A MAGRID é um programa pedagógico 100% visual premiado, cientificamente testado, que melhora o desenvolvimento da primeira infância de habilidades matemáticas, visuais-espaciais e cognitivas. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Tahereh Pazouki, CEO da organização revelou a sua importância, e ainda, de que forma esta solução se devia tornar a norma no futuro.

A

TAHEREH PAZOUKI

“A MAGRID CRIA UM CAMPO DE APRENDIZAGEM NIVELADO PARA QUE TODAS AS CRIANÇAS POSSAM MELHORAR AS SUAS HABILIDADES DE DESENVOLVIMENTO MATEMÁTICO”

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MAGRID ajuda a libertar o potencial de todas as crianças, incluindo crianças neurodivergentes, dando-lhes oportunidades iguais de aprender. De que forma o faz? Em que consiste este programa pedagógico? Se olharmos para qualquer sala de aula típica, encontraremos crianças com desenvolvimento típico, com atrasos no desenvolvimento, dislexia, discalculia, disgrafia, dificuldades auditivas, distúrbios de atenção, distúrbios de linguagem e não familiarizadas com o idioma de instrução. Todos estes representam obstáculos à aprendizagem. Por outras palavras, eles são uma representação do nosso mundo bonito, complicado e diverso - de nós. Mas o ensino é projetado para ajudar as crianças com desenvolvimento típico que estão familiarizadas com a linguagem de instrução. Isso é importante notar porque em qualquer sala de aula típica, isso é mais ainda na pré-escola até a 2ª classe, de 10% a 60% ou mais (por exemplo, em classes onde a grande maioria das crianças tem origem migratória) não vão aprender no mesmo ritmo e profundidade. Isso significa que, ao passar para o próximo nível, há uma lacuna de aprendizagem e essa lacuna cresce ao longo do tempo à medida que o ciclo continua. O que descobrimos na nossa pesquisa é que podemos remover o obstáculo à aprendizagem - que é a linguagem. E ao remover o idioma como barreira, vimos melhorias significativas na

aprendizagem de matemática. Na verdade, a linguagem como barreira nesse nível é tão poderosa que mesmo crianças com desenvolvimento típico que estão familiarizadas com a linguagem de instrução também melhoraram a sua aprendizagem. Por outras palavras, a Magrid cria um campo de aprendizagem nivelado para que todas as crianças possam melhorar as suas habilidades de desenvolvimento matemático. Fizemos uma abordagem diferente. Não confiamos em métodos existentes e apenas tentamos remover o idioma. Em vez disso, analisamos as pesquisas mais recentes sobre aprendizagem de matemática para obter os melhores resultados de aprendizagem possíveis. Então, construímos um programa de treinamento totalmente novo usando as últimas descobertas baseadas em evidências e, ao mesmo tempo, atendendo aos padrões do ministério da educação. A Magrid primeiro desenvolve habilidades visuais-espaciais, cognitivas e depois numéricas e matemáticas. Cada aspeto é visual e de linguagem neutra, por isso é muito intuitivo para as crianças. A Magrid também é tátil, as crianças precisam de usar os dedos, o que ajuda no desenvolvimento de habilidades motoras e melhora a aprendizagem. Finalmente, a Magrid é sensorialmente amigável para manter as crianças focadas e aumentar sua capacidade de atenção. Temos 2500 atividades de aprendizagem para completar ao longo de dois anos.


PONTOS DE VISTA TRANSIÇÃO DO LUXEMBURGO PARA UMA ECONOMIA VERDE

A solução de aprendizagem MAGRID é o resultado de mais de cinco anos de pesquisa e desenvolvimento na Universidade de Luxemburgo. Reunindo o conhecimento de especialistas com 20 anos de experiência, qual a importância dessa pesquisa para todos? É legítimo afirmar que a MAGRID muda vidas? É crítico. Sem a pesquisa baseada em evidências, a Magrid não seria diferente de qualquer outra ferramenta matemática e os resultados seriam os mesmos. Em vez disso, vemos que a Magrid melhora significativamente a aprendizagem de matemática. Tenho Doutoramento em Psicologia e Mestrado em Ciência da Computação, portanto, a pesquisa, o método científico e a evidência concreta estão no centro de tudo o que fazemos na Magrid. É interessante, pois propusemo-nos a resolver um problema no Luxemburgo para crianças com origem migratória, mas encontramos uma solução que ajuda muito mais. Esse é o poder do método científico. Só o tempo dirá a magnitude da mudança que a Magrid pode ter na vida das crianças. Mas hoje, podemos ver quantitativa e qualitativamente que a Magrid melhora significativamente a aprendizagem da matemática e, igualmente importante, vemos crianças que não tinham interesse em matemática ou até mesmo se sentiam intimidadas por ela crescer num interesse e prosperar em matemática depois de usar a Magrid. A sustentabilidade tem estado na ordem do dia e a área em que a MAGRID atua não é exceção. De que forma, tendo em conta a sua atividade, optou por este caminho? Adotamos os ODS 4 da ONU - Educação de Qualidade, 9 - Inovação e 10 - Desigualdades Reduzidas. Esses ODS estão no centro do que fazemos na Magrid. Para nós, a educação de qualidade não pode ser alcançada sem validação científica e pesquisa. É por isso que estamos continuamente a expandir os testes da Magrid ao trabalhar com universidades, pesquisadores, psicólogos e pais. A própria Magrid é uma solução inovadora, mas planeamos adicionar funções e recursos mais inovadores, incluindo IA para melhorar os resultados da aprendizagem.

“PARA NÓS, A EDUCAÇÃO DE QUALIDADE NÃO PODE SER ALCANÇADA SEM VALIDAÇÃO CIENTÍFICA E PESQUISA” Finalmente, começamos a desenvolver a Magrid para reduzir o problema da desigualdade na educação para crianças de origem migratória. Com base nas nossas descobertas e pesquisas, tornamos a Magrid mais acessível e inclusiva para que todas as crianças, mesmo aquelas com necessidades educacionais especiais, pudessem usar a Magrid e melhorar significativamente a sua aprendizagem de matemática. Sabendo do relevante papel que a MAGRID assume na sociedade, e dadas as inúmeras mudanças no mundo, como a transição para a economia verde, que novidades podemos esperar para o futuro? Educação, sem equidade, não é progresso. O

Que impacto esta necessária mudança trará ao país e, em particular, à área que a MAGRID ocupa? Estamos na quarta revolução industrial e ouvimos falar da importância da educação STEM nas escolas, para os empregos de amanhã, e até os empregadores dizerem que muitos funcionários hoje não estão adequadamente preparados para os empregos de hoje. Soluções inovadoras baseadas em pesquisa que desenvolvem e melhoram habilidades e conhecimentos matemáticos, cognitivos, tecnológicos, científicos e de engenharia são fundamentais hoje e serão ainda mais importantes no futuro. É aqui que a Magrid ajuda. Temos enormes desafios globais que exigem soluções novas e inovadoras. A Magrid é projetada para ser uma solução global.

progresso, sem educação, não é alcançável. É animador ver movimentos globais por equidade e inclusão, não apenas porque é a coisa certa a fazer, mas porque todas as crianças e pessoas devem ter a oportunidade de atingir seu pleno potencial. No próximo ano ou dois, planeamos realizar mais testes e desenvolver atividades e aulas para alunos mais velhos. Caminho para fora no futuro, espero que não seja notícia. Espero que a Magrid e soluções como a Magrid, inclusivas e baseadas em evidências, se tornem a norma. Isso, para mim, seria a melhor notícia. Até esse dia, continuaremos a trabalhar na nossa missão de dar a todas as crianças uma oportunidade igual de aprender. ▪

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PONTOS DE VISTA LUXEMBOURG'S TRANSITION TO A GREEN ECONOMY

“We will continue to work on our mission to give every child an equal opportunity to learn” MAGRID is an award-winning, scientifically-tested, 100% visual pedagogical program that improves early childhood development of math, visual-spatial, and cognitive skills. In a conversation with Pontos de Vista Magazine, Tahereh Pazouki, CEO of the organization, revealed its importance, and also, how this solution should become the norm in the future.

M

TAHEREH PAZOUKI

“MAGRID CREATES A LEVEL LEARNING FIELD SO THAT ALL CHILDREN CAN IMPROVE THEIR MATH DEVELOPMENT ABILITIES” 70 | PONTOS DE VISTA |

AGRID helps to unlock the potential of all children, including neurodivergent children, by giving them equal opportunities to learn. In what way does it? What does this pedagogical program consist of? If you look at any typical classroom, you will find children who are typically developing, with developmental delays, dyslexia, dyscalculia, dysgraphia, hearing difficulties, attention disorders, language disorders, and not familiar with the language of instruction. These all represent obstacles to learning. But teaching is designed to help children that are typically developing who are familiar with the language of instruction. This is important to note because in any typical classroom, anywhere from 10% to 60% or more (for example in classes where a large majority of children have migratory backgrounds) are not getting to learn at the same pace and depth. A learning gap is created and that gap grows over time as the cycle continues. What we found in our research is that we can remove the obstacle to learning - that being language. And by removing language as a barrier we saw significant improvements in learning maths. In fact language as a barrier at this level is so powerful that even typically developing children

who are familiar with the language of instruction improved their learning as well. In other words, Magrid creates a level learning field so that all children can improve their math development abilities. We took a different approach. We didn’t rely on existing methods and just try to remove language. Instead we looked at the latest research on maths learning to get the highest possible learning outcomes. So, we built a whole new training program using the latest evidence-based findings and at the same time meeting the ministry of education’s standards. Magrid first develops visual-spatial, cognitive, and then numerical and mathematical abilities. Every aspect of it is visual and language-neutral so it is very intuitive for children. Magrid is also tactile, children have to use their fingers which helps with developing motor skills and improves learning. Finally, Magrid is sensory friendly to keep children focused and increase their attention span. We have 2,500 learning activities to complete over 2 years. The MAGRID learning solution is the result of more than five years of research and development at the University of Luxembourg. Bringing together the knowledge of experts with 20 years of experience, how important has


PONTOS DE VISTA LUXEMBOURG'S TRANSITION TO A GREEN ECONOMY

this research proved to be for everyone? Is it legitimate to say that MAGRID changes lives? It is critical. Without evidence-based research Magrid would be no different than any other math tool out there and wide learning gaps would still exist. Instead, we see that Magrid significantly improves math learning. I have a PhD in Psychology and a master in computer science, therefore research, the scientific method, and hard evidence is at the heart of everything we do at Magrid. It is interesting, in that we set out to solve a problem in Luxembourg for children with migratory backgrounds but came upon a solution that helps so many more. That is the power of the scientific method. Only time will tell the magnitude of change that Magrid can have on the lives of children. But today, we can see quantitatively and qualitatively that Magrid significantly improves math learning and equally important we see children who had no interest in math or were even intimidated by it grow an interest and thrive in math after using Magrid. Sustainability has been on the agenda and the area in which MAGRID operates is no exception. In what way, taking into account its activity, has it chosen this path? We have adopted the UN’s SDG’s 4 - Quality Education, 9 - Innovation, and 10 - Reduced Inequalities. These SDG’s are at the heart of what we do at Magrid. For us quality education cannot be achieved without scientific validation and research. That is why we are continuously expanding testing of Magrid by working with Universities, researchers, psychologists, and parents. Magrid itself is an innovative solution but we plan to add more innovative functions and features, including AI to improve learning outcomes. Finally, we started developing Magrid to reduce the problem of inequity in education for children with migratory backgrounds. Based on our findings and

FOR US QUALITY EDUCATION CANNOT BE ACHIEVED WITHOUT SCIENTIFIC VALIDATION AND RESEARCH” research, we then made Magrid more accessible and inclusive so that all children, even those with special education needs could use Magrid and significantly improve their math learning. Knowing the relevant role that MAGRID assumes in society, and given the countless changes in the world, such as the transition to the green economy, what news can we expect for the future? Education, without equity, is not progress. Progress, without education, is not achievable.

What impact will this necessary change bring to the country and, in particular, to the area that MAGRID occupies? We are in the fourth industrial revolution and you hear about the importance of STEM education in schools, for the jobs of tomorrow, and even hear employers say that many employees today are not adequately prepared for jobs today. Research based, innovative solutions that develop and improve math, cognitive, technology, science, and engineering skills and knowledge is critical today and will be even more important in the future. This is where Magrid helps. We have huge global challenges which require new and innovative solutions. Magrid is designed to be a global solution.

It is heartening to see global movements for equity and inclusion, not just because it is the right thing to do but because every child and person should have the opportunity to reach their full potential. In the next year or two we plan on conducting more testing, and developing activities and lessons for older students. I hope that Magrid and solutions like Magrid that are inclusive and evidence-based become the norm. That, to me, would be the best news. Until that day, we will continue to work on our mission to give every child an equal opportunity to learn. ▪

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PONTOS DE VISTA CONSUMIDOR - INOVAÇÃO

«O Logótipo Vermelho para a Inovação de Produtos é 100% centrado no Consumidor» A Revista Pontos de Vista conversou com Philippe Gelder, CEO da Voted Product of the Year Worldwide. Entre outros detalhes, o interlocutor garantiu a importância que tem a presença do logótipo da marca nos produtos, bem como, no que diz respeito ao futuro, a metodologia continuará a ser a melhoria no atendimento das necessidades e exigências dos consumidores. Fique a par.

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Voted Product of the Year é o maior prémio do mundo votado pelos consumidores para inovação de marketing, que orienta os consumidores para os melhores novos produtos disponíveis no mercado. Nesse sentido, quais têm sido os impactos do papel que desempenham junto a quem confia na aprovação da marca? No geral, o famoso logótipo vermelho mundial para a inovação está a contribuir para o impressionante aumento das vendas. Os nossos clientes dizem-nos que observam um aumento de vendas de +25% em média quando usam o logótipo na propaganda e na embalagem. Faz uma grande diferença quando os consumidores devem decidir entre várias ofertas de produtos nas prateleiras. Esses resultados obviamente podem mudar dependendo da categoria do produto e da participação do mercado existente. O logótipo vermelho para a inovação de produtos é 100% centrado no consumidor (votado por consumidores e feito para consumidores), e muito mais forte do que a palavra « novo » numa embalagem, por exemplo. Na França, 73% dos profissionais do comércio dizem que o logótipo tem mais impacto, de

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PHILIPPE GELDER

“PRECISAMOS DE GARANTIR QUE AS MARCAS PRIORIZAM O NOSSO LOGÓTIPO PORQUE É O MAIS EFICAZ E TRAZ UM VALOR AGREGADO REAL QUANDO COLOCADO NUM PACOTE” acordo com o estudo da revista LSA em julho de 2022. Sabemos que, o Voted Product of the Year, contribui para a melhoria das escolhas dos consumidores. Quais são os principais fatores que diferenciam este de outros prémios de inovação e marketing?

Não existem muitos outros logótipos como o nosso que premeia produtos com menos de 24 meses de existência no mercado. A nossa empresa oferece um ecossistema exclusivo de logótipo de certificação do consumidor. A nossa proposta de negócios exclusiva tem várias vantagens: - 100% votado por consumidores,

não especialistas ou profissionais da rede, sem conflito de interesses de uma pesquisa baseada na base de fãs dos concorrentes. É a verdadeira voz dos consumidores. - Verdadeiramente independente e bem pensado (mais de 35 anos de experiência em metodologia). Estão a ser conduzidos por institutos de pesquisa independentes líderes e reconhecidos como Nielsen IQ, Kantar, GFK e IRI. Representa um enorme investimento em todo o mundo de centenas de milhares de euros que é uma garantia de um sério investimento metodológico e de I&D. - É, na maioria dos países onde operamos, reconhecido pelos consumidores com confiança e no país de origem, França, a notoriedade é de 90%! - Proporciona um impacto real nas vendas e cerca de 40% dos nossos clientes são clientes recorrentes. - Na França e na maioria dos países onde operamos, todos os produtos vencedores estão sendo testados através de uma aplicação de teste de consumidor real. - Em Portugal o prémio é suportado por uma certificação da norma ISO. Sabemos que o Voted Product


PONTOS DE VISTA CONSUMIDOR - INOVAÇÃO

of the Year está estabelecido na França desde 1987, e atualmente opera em mais de 45 países. Prestes a comemorar o Dia Nacional da França, em que medida a marca colabora para o bom desenvolvimento do país? Há sempre um certo orgulho pelo país natal quando um empreendedor local desenvolve uma ideia que se torna um conceito líder e de sucesso em todo o mundo. Qualquer empresa de sucesso contribui de alguma forma para o crescimento do seu país ou pelo menos para a sua imagem. No nosso caso, a empresa realmente tornou-se uma “empresa mundial” e cada especificidade local é algo que consideramos seriamente para fazer do Voted Product of the Year em cada país um reflexo das características locais. Dito isto, sendo o país inicial a França, com Paris como mercado principal, é muito importante em dois aspetos: - A força da representação comercial francesa no exterior para nos ajudar a encontrar os parceiros certos; - A atratividade e sedução de Paris quando as pessoas vêm e descobrem a nossa cerimónia de premiação montada nesta bela cidade. No dia 14 de julho foi comemorado como o Dia Nacional da França. Como é vivida essa efeméride dentro do Produto Votado do Ano? Embora as tendências pós-covid impulsionem os produtos feitos localmente em todos os países onde operamos, devemos admitir que os produtos FMCG são globalizados. Não tocamos muito nesse tema porque durante este período estamos ocupados a trabalhar na identificação das inovações para se tornarem candidatas à próxima competição. Talvez um dia o governo francês reconheça o logótipo como símbolo do empreendedorismo francês e nos peça para participar do desfile… Francamente, o nosso objetivo é continuar a ser todos os dias do ano, o logótipo favorito de qualquer cidadão em qualquer país em que operamos. O ano todo! É certo que a inovação é o foco principal da marca, um segmento onde possuem insights valiosos. Além da inovação, que outros fatores contribuem para tornar único o Voted Product of the Year? Se tivéssemos que escolher um, a proposta única

nossa metodologia atualizada até à presente data. Trabalhamos com uma empresa líder em pesquisa, mas investimos muito dinheiro para acompanhar a evolução do mercado. É essencial, e acreditamos neste investimento para construir e reforçar constantemente a nossa credibilidade.

"A PERCEÇÃO DA INOVAÇÃO É EXTREMAMENTE IMPORTANTE NAS DECISÕES DE COMPRA. OS CONSUMIDORES ESTÃO DISPOSTOS A PAGAR UM PRÉMIO POR BENS E SERVIÇOS INOVADORES” de venda seria a metodologia e a garantia de um processo muito bem controlado e rigoroso. Acreditamos no nosso mundo permanentemente conectado, onde os consumidores podem expressar as suas opiniões com facilidade, as marcas não podem mais enganar e usar logótipos ou conceitos sem provas tangíveis e metodologia sólida. Quão fundamental é, para o Voted Product of the Year, estar sempre a par das tendências e inovar as suas metodologias de avaliação? É essencial. Temos uma equipa de profissionais 100% focados em insights, dados, tecnologia e inteligência de negócios que acompanha qualquer movimento e evoluções, networking com influenciadores e formadores de opinião e profissionais do trade para poder antecipar e manter a

São uma marca que defende que um novo produto ou inovação de sucesso é uma arma perfeita para aumentar a penetração das marcas num ambiente económico adverso. Assim, que valor agregado vem dessa ação, tanto para o consumidor quanto para as marcas? A perceção da inovação é extremamente importante nas decisões de compra. Os consumidores estão dispostos a pagar um prémio por bens e serviços inovadores. Metade dos consumidores diz que comprou um novo produto sem entender completamente o que ele fazia ou como funcionava apenas porque achava que era “bom”. A inovação é vista como vital para impulsionar a compra e melhorar a autoimagem do cliente. Inventar, reinventar e ouvir o consumidor é o que torna uma empresa inovadora. Nesta era digital, os consumidores sabem que a inovação é impulsionada por empresas que ouvem as pessoas, entendem e respondem às suas necessidades e continuam a melhorar os produtos atuais. Enquanto CEO do Voted Product of the Year, quais são os principais desafios e oportunidades que se esperam no mercado no futuro próximo? O meu trabalho é tornar o logótipo mais credível em todo o mundo. Garantir que a metodologia continua a melhorar e esteja alinhada com as necessidades e exigências dos consumidores. Melhorar constantemente o alcance do logótipo, a presença mundial e a conscientização em cada país em que operamos. Precisamos de garantir que as marcas priorizam o nosso logótipo porque é o mais eficaz e traz um valor agregado real quando colocado num pacote. Além disso, estamos à procura de novas iniciativas como o nosso recente logótipo Private Label que faz muito sucesso em países onde os lojistas também são inovadores, mas também iremos com outras extensões de conceito porque os nossos parceiros em todo o mundo são grandes empreendedores e ainda têm muita energia para lançar novas ideias. ▪

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PONTOS DE VISTA ÁGUA E SUSTENTABILIDADE

“Existe um Ciclo Urbano da Água que é necessário Conhecer e Valorizar” Vera Eiró, Presidente do Conselho de Administração da ERSAR, revelou à Revista Pontos de Vista qual tem vindo a ser o trabalho da entidade no sentido de, diariamente, promover a qualidade de um bem tão precioso a toda a sociedade: a água. Para além disso, confidenciou ainda os maiores desafios que o setor enfrenta. Fique a par.

VERA EIRÓ

A

ERSAR tem por missão a regulação e a supervisão dos setores de abastecimento público de água às populações, de saneamento de águas residuais urbanas e de gestão de resíduos sólidos urbanos, incluindo o exercício de funções de autoridade competente para a coordenação e a fiscalização do regime da qualidade da água para consumo humano. Como

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tem vindo a ser o concretizar da mesma até ao momento? A ERSAR visa assegurar, por um lado, a garantia e o controlo da qualidade dos serviços públicos prestados nos setores que regula (abastecimento público de água às populações, de saneamento de águas residuais urbanas e de gestão de resíduos sólidos urbanos) e, por outro, a supervisão dos preços praticados, promovendo a

acessibilidade física e económica desses mesmos serviços. Tem ainda por missão procurar garantir condições de igualdade e transparência no acesso e no exercício das atividades que regula bem como consolidar um efetivo direito à informação geral sobre o setor e sobre cada uma das entidades gestoras (que operam no terreno). Conforme permitem os seus estatutos, e com o intuito de concretizar a sua missão, a ERSAR assenta a sua


PONTOS DE VISTA ÁGUA E SUSTENTABILIDADE

atuação num modelo de regulação com dois grandes planos de intervenção: a regulação estrutural dos setores regulados e a regulação comportamental das entidades gestoras. A regulação estrutural dos setores inclui contribuir, por exemplo, para a legislação do setor e para a clarificação das regras dos setores. Inclui ainda a divulgação da informação e a capacitação das entidades gestoras e demais intervenientes nos setores. Neste âmbito compete igualmente à ERSAR elaborar e aprovar regulamentos no quadro das respetivas atribuições. A regulação comportamental das entidades gestoras inclui o acompanhamento (a monitorização legal e contratual) das entidades gestoras, a regulação económica, a regulação da qualidade do serviço e a regulação da qualidade da água para consumo humano. A ERSAR tem poderes de autoridade e alguns poderes sancionatórios que a ajudam a cumprir a sua missão e que incluem a realização de ações de inspeção e de auditoria, iniciar processos de natureza contraordenacional e aplicar as coimas correspondentes. A missão da ERSAR é complexa e difícil. Há ainda um longo caminho a percorrer – e estamos numa altura de grandes desafios nos setores que regulamos – mas o caminho recente destes setores em Portugal (e o que a regulação tem feito neste domínio) tornam Portugal num dos Estados-Membros da União Europeia que melhor tem evoluído nestes setores nas últimas três décadas. Como referiu, a ERSAR tem por incumbência assegurar as condições de igualdade e transparência no acesso e no exercício da atividade de serviço de águas e resíduos e nas respetivas relações contratuais, bem como consolidar um efetivo direito à informação geral sobre o setor. Neste sentido, o que é assegurado? Não dispondo do poder de aprovar “leis”, procuramos contribuir para a clarificação das regras de

funcionamento dos serviços através de propostas de legislação e da emissão de regulamentos e recomendações. Em segundo lugar, a ERSAR acompanha o “ciclo de vida” das entidades que regula: desde o momento da criação de novos sistemas e/ou a sua reconfiguração, da seleção da entidade gestora e da contratualização do serviço, incluindo o acompanhamento da execução dos respetivos contratos bem como a sua extinção.

“A ERSAR, ENQUANTO ENTIDADE PÚBLICA, REGULADORA, AUTÓNOMA E INDEPENDENTE, DEFENDE O DIÁLOGO EFICAZ COM TODOS OS AGENTES, PÚBLICOS E PRIVADOS, A NÍVEL LOCAL, REGIONAL E NACIONAL”

Esta monitorização inclui a emissão de pareceres prévios à tomada das principais decisões sobre a prestação dos serviços (nomeadamente sobre os concursos para as concessões a privados ou sobre a mudança do modelo de gestão) ou a realização de auditorias. No que toca ao direito à informação (informação completa e clara), a ERSAR publica regularmente informação atualizada no seu sítio público www.ersar.pt, destacando-se as seções “Setor”, “Consumidor”, “Notícias” e o “O que fazemos” – em que é possível consultar pareceres, regulamentos, recomendações e consultas públicas, entre outros documentos relevantes. No âmbito dos ciclos regulatórios anuais, a ERSAR recolhe um grande conjunto de informação que lhe é submetida pelas entidades gestoras. Após validação e processamento, estas informações são analisadas e divulgadas anualmente promovendo-se assim a acessibilidade e a transparência. Neste contexto, salienta-se, a publicação do Relatório Anual do Setor das Águas e Resíduos (RASARP) constituído por dois volumes. O volume 1 – Caracterização do setor de águas e resíduos, sintetiza a informação mais relevante sobre os serviços e evolução do setor, dos seus principais intervenientes e principais números, apresenta os principais resultados da qualidade do serviço prestado ao utilizador, disponibilizando-se a avaliação comparada (benchmarking) do desempenho das entidades gestoras, a análise económica e financeira dos serviços, a análise da relação das entidades gestoras com os utilizadores e os principais resultados no que respeita à monitorização legal e contratual das entidades gestoras. Trata-se talvez do maior e melhor repositório de informação sobre estes serviços que é prontamente disponibilizado pela ERSAR a todos os interessados – desde a academia, até associações representativas do setor ou outros intervenientes públicos. O Volume 2 - Controlo da qualidade da água para consumo humano, sintetiza a informação mais relevante relativa à qualidade da água fornecida aos utilizadores pelas entidades gestoras. A ERSAR também desenvolveu, para alguns dados mais relevantes, uma aplicação móvel num formato interativo, a App ERSAR, que permite a qualquer pessoa

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PONTOS DE VISTA ÁGUA E SUSTENTABILIDADE

conhecer a caracterização dos serviços em todas as áreas de Portugal Continental incluindo, por exemplo, o grau de água segura na torneira. As atividades de abastecimento público de água às populações, de saneamento de águas residuais urbanas e de gestão de resíduos urbanos constituem serviços públicos de caráter estrutural, essenciais ao bem-estar geral, à saúde pública e à segurança coletiva das populações, às atividades económicas e à proteção do ambiente. Em todas estas vertentes, como se encontra atualmente o setor? Em termos da qualidade da água para consumo humano, há muitos anos que se atingiu o valor de 99% de “água segura”, um valor considerado de excelência e que coloca Portugal ao nível dos mais avançados da UE. O indicador água segura, que pondera o número de análises exigidas pela legislação em vigor - mais de meio milhão de análises realizadas em 2020 - e o cumprimento dos limites da qualidade - manteve-se nos 99 %, sustentado pelas metas legais atuais e por um acompanhamento rigoroso e coordenado dos diferentes atores no processo tais como entidades gestoras, a ERSAR, as autoridades de saúde e os laboratórios certificados. Em termos da qualidade do serviço prestado, continua a assistir-se ao aumento da percentagem de indicadores com avaliação positiva e mediana nos três serviços regulados pela ERSAR. Verificamos, porém, que os valores médios que Portugal

“O ACESSO A ÁGUA POTÁVEL (EM QUANTIDADE E QUALIDADE) É UM DOS DESAFIOS MAIS RELEVANTES NAS PRÓXIMAS DÉCADAS”

apresenta às vezes escondem realidades muito diferentes – entre entidades gestoras de grande dimensão e com bons indicadores e outras, de muito menor dimensão, e que não apresentam tão bons resultados. A “acessibilidade económica” em todos os serviços continua a ser o indicador que, em média e de forma perentória, se destaca pela positiva. Este indicador, porém, é frequentemente acompanhado por maus resultados no indicador da “cobertura de gastos”. Noutras palavras, temos muitas situações em que o preço da água é mais baixo do que o custo real do serviço e, por isso mesmo, se apresenta “barato” e por isso economicamente muito acessível. É também nestes casos que se detetam, com frequência, maiores ineficiências do serviço que se prendem, por exemplo, com níveis muito elevados de água não faturada, na sua maioria devido a perdas reais. Seja como for, Portugal é um país muito diverso no seu território e, por isso mesmo, vale a pena ver com detalhe os números, município a município, porque as médias têm de ser analisadas com pormenor. É isso que a ERSAR disponibiliza anualmente com a sua atividade e, claro, contando com o contributo imprescindível das suas entidades reguladas. Certo é, o setor das águas subdivide-se em dois serviços distintos: o de abastecimento de água para consumo humano e o de saneamento de águas residuais urbanas. Quais diria que são os maiores desafios que em ambos os serviços, emergem em Portugal? A atividade de abastecimento público de água compreende a captação, o tratamento, a elevação, o transporte, o armazenamento, a distribuição e a utilização da água. Já a atividade de saneamento de águas residuais urbanas (ou, melhor dizendo, de gestão de águas residuais urbanas) compreende a descarga, a drenagem, a elevação, o transporte e o tratamento das águas residuais de

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PONTOS DE VISTA ÁGUA E SUSTENTABILIDADE

origem urbana, bem como a sua rejeição no meio hídrico. Como tal, o saneamento é fundamental para garantir a salvaguarda da qualidade das massas de água (aqui se incluindo não só água doce como também os oceanos), com especial enfoque, considerando a missão da ERSAR, para a fase de captação para consumo humano, numa lógica de ciclo urbano da água. O acesso a água potável (em quantidade e qualidade) é um dos desafios mais relevantes nas próximas décadas, considerando as transformações do território, as alterações climáticas, o crescimento populacional e a expansão das cidades, as pressões nos recursos hídricos e os riscos naturais ou provocados a que se encontram sujeitas as origens de água. Concretizando, os principais desafios que enfrentamos enquanto comunidade passam, em primeiro lugar, por sermos capazes de garantir a segurança da água, em duas vertentes. Na vertente safety, é necessário salvaguardar a qualidade da água para diferentes fins como consumo humano, rega, fins industriais ou usos recreativos, assim como prevenir e ter capacidade de resposta para situações de emergência decorrentes de acidentes derivados de causas naturais, como, por exemplo, eventos climáticos extremos. Neste âmbito, existe uma metodologia de avaliação do risco que integra o quadro regulamentar do controlo da qualidade da água destinada ao consumo humano e que a ERSAR (e as entidades reguladas) está agora a implementar. Na vertente security, trata-se de prevenir incidentes como ações humanas intencionais para afetar negativamente a qualidade da água e a capacidade de a fazer chegar continuamente às torneiras. Em segundo lugar, outro grande desafio que temos prende-se com o uso eficiente da água, enquanto medida de gestão de escassez, que implica uma abordagem integrada e, claro, a implementação de medidas para reduzir perdas, diminuir a vulnerabilidade perante situações de escassez e assegurar a sustentabilidade económica e financeira dos operadores, para permitir a realização dos investimentos necessários na reabilitação das infraestruturas. Numa perspetiva de economia circular, e dando sempre prioridade à eficiência, deve ainda procurar-se origens de água alternativas. Em contexto de escassez de recursos hídricos, a água residual tratada pode, por exemplo, ser sujeita a um tratamento adicional de afinação, tornando-se apta a ser utilizada em usos não potáveis como a regra agrícola, a rega paisagística (espaços verdes e campos desportivos), lavagem de ruas e de contentores, combate a incêndios, entre outros. Afirma-se que Portugal vive o ano mais seco desde 1931. Por esse motivo preparam-se novas campanhas de sensibilização para um uso mais eficiente e consciente da água. Na sua perspetiva, quão importante são estas campanhas na sociedade? Ainda que a maior parcela de água seja destinada a fins agrícolas ou industriais e a parcela de água

destinada a consumo humano seja comparativamente reduzida (numa proporção aproximada de 80%-20%), as alterações climáticas obrigam a uma urgente adaptação de hábitos sociais. Assim, campanhas de sensibilização para um uso mais eficiente e consciente da água são fundamentais. Temos, em comunidade, de valorizar mais a água que bebemos e o serviço de que beneficiamos. Apesar de darmos a água como um bem adquirido, por se tratar de um bem básico, existe todo um sistema nos bastidores que funciona como um ciclo interdependente - o ciclo urbano da água. Este ciclo necessita de visibilidade para poder ser reconhecido e valorizado. É muito importante, a este propósito, que as tarifas reflitam o custo real do serviço e que se garanta o cumprimento do princípio do utilizador pagador. Ainda assim, não se nega o olhar atento que cada vez mais a sociedade tem para com a sustentabilidade. É legítimo afirmar que temas como este são hoje uma prioridade na vida das pessoas? Os consumidores estão mais conscientes e exigentes sobre a origem dos bens e serviços que consomem e o destino que é dado a estes bens em fim de vida. Temas como comércio justo (fair trade), proteção do ambiente, alterações climáticas e economia circular, têm estado na ordem do dia. Gerir a escassez de água, e valorizar adequadamente este bem essencial, implica adotar comportamentos coletivos que passam, por exemplo, por controlar perdas em sistemas de abastecimento, por dispor de reservas hídricas, por garantir aos sistemas a necessária flexibilidade e resiliência, em caso de emergência, e a sua otimização energética. Mas também implica a adoção de comportamentos individuais (onde o contributo de cada um de nós pode fazer o muito do todo) e que passam por diminuir o consumo excessivo de água, valorizar o serviço e compreender a necessidade de o preço/tarifa ser suficiente para cobrir os custos reais do serviço (sempre de forma equitativa). Num cenário de escassez e de sustentabilidade é absolutamente fundamental reduzir as perdas de água nas redes e isso implica investimento e uma boa gestão/ monitorização, mas esta questão deve ser encarada por todo o ecossistema das entidades que gerem o setor, a nível nacional e internacional e, claro, por cada um de nós enquanto parte da comunidade.

sagem de consciencialização gostaria de deixar à população? Relativamente ao setor das águas, conforme referido acima, existe um ciclo urbano da água que é necessário conhecer e valorizar. Até que a água chegue com qualidade a nossas casas é necessário percorrer várias etapas e até que as águas residuais sejam devolvidas à natureza têm de ser tratadas de forma adequada. A água é um bem básico, mas escasso, que não pode ser desperdiçado pois a vida não existe sem água e não há nada que a substitua. Quer isto dizer que não conseguimos medir o seu valor (é infinito!). Mas a verdade é que conseguimos contabilizar o seu preço (ou seja, o custo do serviço) e esse preço deve ser suportado, enquanto regra que pode ter exceções justificadas, por quem beneficia deste serviço, através de tarifas adequadas. Relativamente ao setor dos resíduos urbanos, este setor enfrenta um conjunto vasto de desafios importantes, destacando-se a necessidade de se alcançar os atuais objetivos das diretivas do Pacote Economia Circular, que vão obrigar a uma mudança do paradigma deste setor até 2035. O alcance destes objetivos não será possível sem a participação de todos os intervenientes e dos cidadãos desde o primeiro momento, ou seja, no momento em que os diferentes tipos de resíduos - embalagens de plástico, metal, papel, cartão e vidro, bem como biorresíduos - são depositados no contentor. Os resíduos têm valor e separá-los no momento de deposição é imperativo para que se evite a deposição em aterro ou a inceneração e para que possam ser reaproveitados da melhor forma e ser integrados no ciclo produtivo, extraindo-se materiais e energia, numa lógica de economia circular. A ERSAR, enquanto entidade pública, reguladora, autónoma e independente, defende o diálogo eficaz com todos os agentes, públicos e privados, a nível local, regional e nacional, envolvendo sempre os utilizadores e os consumidores em geral, na identificação das melhores soluções de eficiência hídrica e de proteção do ambiente. ▪

Como perspetiva o futuro onde a ERSAR se insere a médio/longo prazo e quão urgente é que todos, enquanto cidadãos, atentemos aos nossos atos de hoje, para um futuro melhor? Neste sentido, que men-

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PONTOS DE VISTA QUALIDADE DA ÁGUA DA TORNEIRA EM PORTUGAL

NUNO CAMPILHO, DIRETOR-GERAL DAS ÁGUAS DO BAIXO MONDEGO E GÂNDARA, E.I.M., S.A.

É a Água, estúpido! Não há bebida mais equilibrada do que a água – sem calorias, hidrata e satisfaz na perfeição todas as nossas necessidades.

É

o principal constituinte celular, serve de meio de transporte dos nutrientes e está envolvida em todas as reações metabólicas do organismo. Ao beber água regulamos a temperatura corporal e promovemos o normal funcionamento dos órgãos internos. E, ainda por cima, custa pouco. Bem... depende do quão profunda é a dimensão da estupidez humana. É do conhecimento comum que a água não é apenas essencial ao Homem e aos Ecossistemas, mas é também um recurso económico estratégico, pelo que, a quantidade real de água disponível para uma única pessoa ou população é também de interesse para a saúde humana e para a economia e gestão política dos recursos. Uma vez que a disponibilidade de água depende diretamente do seu consumo, geri-la, nas suas mais diversas componentes e impactos na sociedade, tem vindo a revelar-se de uma complexidade que poderá estar acima do dito conhecimento comum. A água gerida por entidades, maioritariamente públicas, para consumo humano, vulgo, água da torneira, vem de diversas fontes, trazendo minerais das múltiplas terras que atravessa. Se excluirmos casos raros em que seja necessário restringir algum desses minerais, facilmente se conclui que a água da torneira é a mais completa. Com todos os impactos na saúde e no ambiente que remontam à formação do universo, a lógica do bem comum e da perceção inteligível por todos (ou quase todos), associada ao consumo de água da torneira, acaba por esbarrar numa espécie de acefalia coletiva, que

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“NUMA ZONA REPLETA DE ÁGUA, SUPERFICIAL E SUBTERRÂNEA, ONDE ME ENCONTRO, O GRANDE DESAFIO É CAPTÁ-LA EM QUANTIDADE E PRODUZI-LA COM QUALIDADE. FAZ PARTE DO NOSSO DIA A DIA, NUM ESFORÇO NEM SEMPRE COMPENSADO PELA IGNORÂNCIA DE UNS E A MÁ VONTADE DE OUTROS” me apraz fazer concluir pelo que a seguir exponho. Beber água engarrafada deve ser dos comportamentos mais irracionais que qualquer ser humano pode ter. Como é que é possível justificar, de forma plausível, gastar 1€ por um litro de água, quando esse mesmo euro pode comprar 1 000 litros de água (e remeto-me para aquisições em supermercados, porque, em outros estabelecimentos, esse valor pode ser até quatro vezes superior)? Como é que é possível defender, de forma sustentada, que a água da torneira não é boa para beber, quando os dados da entidade reguladora apontam para 99% de

água segura em todo o território nacional, resultante de milhões de análises efetuadas, em quantidade, certificação por laboratórios acreditados e com uma monitorização permanente (resultante dos planos de segurança da água em vigor), muito para além do que se verifica com as águas engarrafadas (a água da torneira é o produto alimentar mais controlado em Portugal)? Como é que se pode contribuir para a redução do desperdício e para a mitigação das alterações climáticas, quando as garrafas de água de plástico são o quinto artigo mais encontrado nas limpezas das zonas costeiras, têm uma pegada de carbono total de cerca de 82,8 g de dióxido de carbono

– 300 vezes mais quando comparada com a pegada de carbono da água da torneira, e gastam tês litros de água no seu processo de fabricação (plástico esse, que não é biodegradável, transforma-se em pedaços mais pequenos – os microplásticos – os quais poluem a natureza, com especial incidência para os oceanos, num processo que pode demorar até 450 anos)? As garrafas têm de ser protegidas da luz solar e conservadas em lugar fresco e seco, mas o que mais se vê por aí, são garrafas expostas à luz, quando não mesmo ao sol, em camiões ou montras, e como a luz pode fazer crescer algas e bactérias e os ultravioletas fazem passar bisfenol A, uma substância que existe no plástico das garrafas, para o interior, há o risco, especialmente nas crianças, de provocar alterações na tiroide (terá sido, também, por isso, que em julho do ano passado a Comissão Europeia instaurou um processo de infração a Portugal por incumprimento de regras sobre o controlo da presença de substâncias radioativas na água potável engarrafada, por não cumprir o requisito da Diretiva Água Potável da Euratom, no sentido de definir frequências exatas de amostragem para a água destinada ao consumo humano embalada em garrafas ou outros recipientes para venda). Na voz de alguns pediatras, esterilizar biberões ou ferver a água é perda de tempo, um gasto inútil e os pais terão coisas muito mais interessantes para fazer, até porque quem transmite doenças são as pessoas. Considerando, então, que o consumo de água da torneira contribui para a redução dos consumos energéticos e da produção de


resíduos plásticos; para a diminuição das emissões de CO2 para o meio ambiente; para a poupança na economia familiar; o facto de os portugueses consumirem 1 300 milhões de litros de águas engarrafadas, o que corresponde a cerca de 70% do total de bebidas não alcoólicas consumidas (consumo per capita de 150 litros, apenas 30 litros menos que o total de água que se calcula ser consumida pelos portugueses - o quarto país da Europa com maior consumo per capita de água engarrafada), só posso concluir que o estúpido sou eu, porque uma mistura de snobeira, necessidade e preocupações higiénicas, transformou uma indústria praticamente inexistente, num império mundial de lucros astronómicos (são quase 300 mil milhões de euros, quando, há 15 anos, valia pouco mais de 11 mil milhões). Em bom rigor e para não parecer que me dou por vencido (ou estupidificado), prefiro admitir que água engarrafada é típica de zonas subdesenvolvidas e almejar, um dia, poder ser (fazer com que seja) como em Viena (Áustria), onde as pessoas andam com garrafas metálicas pela mão e a água da torneira é protegida na Constituição Estadual, como um dos garantes e ícones da qualidade de vida daquela cidade. Numa zona repleta de água, superficial e subterrânea, onde me encontro, o grande desafio é captá-la em quantidade e produzi-la com qualidade. Faz parte do nosso dia a dia, num esforço nem sempre compensado pela ignorância de uns e a má vontade de outros. Os processos de Educação Ambiental, destinados, por norma, aos mais novos, precisam de ser, cada vez mais, multidisciplinares e inter-geracionais. Nas Águas do Baixo Mondego, ABMG, estamos a iniciar um processo de associação da nossa presença, a uma marca. E essa marca, é a marca da nossa água. Estamos nas Escolas, estamos em provas desportivas, estamos em Parques Urbanos, estamos nas Praias, estamos em festividades culturais e recreativas, estamos em eventos oficiais. Com as nossas garrafas reutilizáveis e os nossos aguadeiros, persistiremos na passagem da nossa

“UMA VEZ QUE A DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DEPENDE DIRETAMENTE DO SEU CONSUMO, GERI-LA, NAS SUAS MAIS DIVERSAS COMPONENTES E IMPACTOS NA SOCIEDADE, TEM VINDO A REVELAR-SE DE UMA COMPLEXIDADE QUE PODERÁ ESTAR ACIMA DO DITO CONHECIMENTO COMUM”

mensagem, no garante da qualidade, na consolidação da confiança dos consumidores, na mudança de mentalidades e na assunção de comportamentos saudáveis, amigos do ambiente e economicamente sustentáveis. A água cai do céu, é um facto, mas até chegar à torneira dos consumidores, ininterruptamente, com a pressão adequada e a qualidade intocada, passa por um processo longo, complexo e oneroso, de captação, transporte, reserva, tratamento e adução. Quem pense de outra forma, lamento ter de o dizer, pertence ao grupo dos consumidores de água engarrafada. É barata, acessível e amiga do ambiente. Em qualquer torneira perto de si, a qualquer hora, com qualidade de excelência e que pode levar para todo o lado em garrafas reutilizáveis. É leve, pura, de grande qualidade e o melhor que pode beber. E vem, diretamente, da sua torneira... só muda a embalagem! Não há outra, nem melhor escolha possível... é a água (da torneira), estúpido! ▪


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

Infusões com História

Valorizar as Pessoas e a Natureza Respeitar e valorizar a diversidade que Portugal oferece é o propósito da “Infusões com História”, uma marca que eleva os benefícios de Plantas Aromáticas Medicinais. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, o Administrador, Miguel Moreira, revelou de que forma têm vindo a pautar uma evolução sustentável, reforçando o compromisso ecológico, que tanto defende. É caso para dizer: desfrute. gama “Misturas do Rio e da Vinha”, num verdadeiro casamento entre o rio e a vinha. Fazem parte desta gama seis Infusões: Balsâmica, Floral, Mística, Vibrante, Estival e Subtil. Esta gama veio revolucionar, desde a sua criação, o mercado português, mas também o mercado internacional. Em 2021 ocorreu um ponto de viragem, com a aposta no conceito Premium - Pairing de Infusões, da Infusões com História. O foco neste conceito valorizou ainda mais os nossos produtos, permitindo à marca a entrada no mercado de luxo e a conexão com os melhores Chefs, Sommeliers, Hotéis e Restaurantes. Ainda sobre 2020 e 2021, somámos sete prémios no concurso internacional Les Thés du Monde, organizado pela AVPA – Agence pour la Valorisation des Produits Agricoles, em Paris, obtendo a maior distinção, o Gourmet Or para a Infusão Vibrante, da gama Misturas do Rio e da Vinha.

A

“Infusões com História” foi fundada há cinco anos, enquanto marca que produz infusões e chás biológicos que valorizam o nosso país. De que tipo de produtos estamos a falar? De uma forma muito simples, estamos a falar de Plantas Aromáticas Medicinais (PAM), que são preparadas e misturadas para serem Infusões de elevadíssima qualidade. As Infusões Premium, da Infusões com História, juntam PAM 100% naturais, 100% biológicas e 100% nacionais, de espécies autóctones das regiões do Românico e do Douro, dando origem a várias misturas exclusivas. Sabemos que esta é uma marca que respira

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o ar puro da montanha e colhe da natureza as matérias-primas que estão na sua origem, traçando duas rotas pelo norte de Portugal: a região do Românico e do Douro. Assim, como descreve a sua evolução ao longo dos anos? A evolução da marca foi muito positiva e respeitou sempre os objetivos dos seus criadores, isto é, foi sempre ao encontro da valorização dos territórios, das suas gentes e das suas tradições. O grande lançamento da marca aconteceu no último trimestre de 2019, aquando da apresentação da primeira gama “Misturas do Românico” - Infusão do Mato, Infusão Montanha de Sensações e Infusão Românico Português. Em 2020 a Região do Alto Douro Vinhateiro serviu de inspiração para a criação da segunda

De que forma, a marca tem vindo a pautar um crescimento sustentado guiando-se por valores que em muito valorizam o que de bom Portugal tem? O nosso crescimento é pautado por valores que enriquecem o nosso país e protegem as pessoas e a natureza. Valorizamos e potenciamos as nossas Infusões, colocando-as em canais em que habitualmente não estavam, mas com total respeito pela Natureza. Paralelamente ao trabalho que fazemos com as Infusões, Tisanas e Chás, criamos sinergias com parceiros nacionais, como é o caso das colheres medidoras da Cutipol e do barro negro de Gondar do César Teixeira, de forma a potenciar ainda mais as experiências dos nossos clientes. Com base em ingredientes naturais, bioló-


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

gicos e nacionais, as gamas disponíveis dividem-se pela Infusão do Mato, a Montanha de Sensações, o Românico Português e os Chás BIO do Douro. Quais os melhores benefícios que, aqueles que procuram estes produtos, retiram dos mesmos? O nosso posicionamento passa acima de tudo pela valorização dos aromas e dos sabores das PAM, neste caso em concreto, das misturas que criamos (todas as nossas misturas são únicas e resultam de um trabalho concertado entre a Professora Doutora Ana Maria Carvalho, do Instituto Politécnico de Bragança e diversos Sommeliers). Podemos dizer que o nosso trabalho é muito mais de cariz gastronómico, do que propriamente dito medicinal. Mesmo assim, tendo em conta que utilizamos apenas Plantas Aromáticas Medicinais (PAM), de secagem tradicional e sem adição de aromas, as nossas misturas acabaram por ser digestivas, hidratantes e saciantes. Entendemos que o consumo das Infusões deve ser orgânico, diverso e prazeroso. A prática de beber Infusões, Tisanas e Chás acompanha-nos há centenas de anos, muito por questões culturais, de rituais e tradições ou mesmo devido às propriedades medicinais das mesmas (evidenciadas através do uso tradicional). Esta é uma excelente forma das pessoas consumirem líquidos e se hidratarem, para além de que as nossas misturas exclusivas apresentam propriedades medicinais que ajudam a cuidar da mente e do corpo. A presença de certos antioxidantes, propriedades antibacterianas, anti tumorais, vitaminas ou minerais, são uma mais-valia que potencia ainda mais as Infusões, Tisanas e Chás de uma forma geral.

"VALORIZAMOS E POTENCIAMOS AS NOSSAS INFUSÕES, COLOCANDO-AS EM CANAIS EM QUE HABITUALMENTE NÃO ESTAVAM, MAS COM TOTAL RESPEITO PELA NATUREZA"

Produtos seja elevada. Permitem igualmente valorizar aquilo que é nosso e que tem muito valor. Portugal é reconhecido pelos Vinhos, Azeites e Cortiça, mas a Infusões com História tem vindo a posicionar as suas Infusões no circuito internacional, nomeadamente junto de Chefs e Sommeliers que trabalham em restau-

rantes de prestígio. Estamos convencidos que as Infusões, da Infusões com História são um excelente cartão de visita daquilo que melhor se faz em Portugal, nomeadamente no Norte de Portugal. Os nossos fatores diferenciadores, permitem posicionar as Infusões, da Infusões com História, num segmento de mercado que é pouco explorado e que tem muito valor (nacional e internacionalmente). Mais do que um produto, sabemos que a “Infusões com História” pretende recuperar o legado de Portugal, despertando experiências sensoriais com o propósito de cada pessoa valorizar o território. Porquê a criação deste conceito? Com o passar dos anos chegámos à conclusão de que a Infusões com História só conseguiria ser ela própria, de forma transparente e verdadeira, se explorasse as várias emoções associadas ao consumo dos seus blends. A partir de

Certo é que nas misturas das infusões é possível encontrar sabores que “são um convite a descobrir os socalcos e as vinhas classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO”. Podemos afirmar que esta primazia pela excelência aliada à constante inovação, funcionam na perfeição e elevam a qualidade do que oferecem? Sem dúvida que a aposta na produção de misturas exclusivas aliadas à inovação e à autenticidade, permitem que a qualidade dos nossos

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

ções, como também por parte dos Sommeliers e Mixologistas, para pairings e cocktails. Assim sendo, este conceito vai ganhando fãs (sobretudo na Alta Gastronomia), construindo uma reputação que tanto nos orgulha.

experiências sensoriais, que invocam os cinco sentidos, conseguimos valorizar o Legado de Portugal. A criação deste conceito é, acima de tudo, a afirmação de uma identidade própria, impulsionadora de viagens que são estabelecidas através do palato, dos Sabores e Aromas que encontramos na Natureza. O conceito de sustentabilidade tem vindo a mudar ao longo dos anos, sendo que atualmente é um dos principais propósitos de empresas e países em prol da proteção do planeta. Quão essencial é continuar a promover a sustentabilidade? Seria impensável pensar que uma empresa, nos dias de hoje, não olhasse para este assunto com toda a atenção que merece, pois é fundamental para a eficiência operativa, gestão de recursos e exigência de clientes, fornecedores e reguladores. Só existe uma forma de conseguirmos proteger o nosso planeta e a mesma passa pela aposta na sustentabilidade, tanto no meio empresarial como no nosso seio familiar e pessoal. A sustentabilidade também reforça as nossas escolhas, de trabalhar produtos orgânicos, locais e de secagem tradicional. A passagem de um consumismo impraticável para um consumismo inteligente, perspicaz, amigo do ambiente e que permite a consciencialização da sociedade, torna-se fulcral. Na orgânica da “Infusões com História”, em que medida é promovida a sustentabilidade e de que forma têm vindo a perpetuar essa aposta? Na Infusões com História também consideramos este tema de grande relevância, não por estar na ordem do dia, mas por fazer parte do nosso ADN. Como é que o nosso crescimento é exponencial? A resposta reside nas nossas escolhas: todos os dias focamo-nos no comércio justo, na agricultura biológica, na preservação e respeito dos Ecossistemas, no aproveitamento integral das plantas aromáticas (zero desperdícios), no incentivo por colheitas manuais que reduzem o impacto ecológico, na diversificação das espécies autóctones (menor risco de falta de escassez), entre outras medidas positivas e sustentáveis. Segundo a marca, a sustentabilidade e o comércio justo são pilares basilares em toda a produção, para que a História continue. É legítimo, portanto, afirmar que, escolher a “Infusões com História” é fomentar estes valores? Em que sentido? Sem dúvida, pois ao escolher a Infusões com História está também a apostar numa marca que pretende continuar com todos os desígnios já acima descritos. Por exemplo, quando os consumidores compram os Produtos Premium da Infusões com História, estão a proteger todo

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“A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS, QUE INVOCAM OS CINCO SENTIDOS, CONSEGUIMOS VALORIZAR O LEGADO DE PORTUGAL”

um processo que valoriza os parceiros locais, os territórios, os artesãos, as Pessoas que por lá vivem e a Natureza. No fundo, como existe um vínculo muito forte, não em termos de dependência, mas sim de entreajuda e vontade em perpetuar determinados princípios, todos ganham e todos crescem na comunidade. A compra de uma Infusão não é apenas uma compra, torna-se na criação de uma História cheia de emoções e que deixa os diversos intervenientes felizes e extremamente satisfeitos. Um dos objetivos – e bem curioso – da marca, é assumir-se como uma opção ao vinho, no início e fim das refeições. Qual tem sido a aposta neste sentido? De que forma o promovem? O lançamento do conceito Premium - Pairing de Infusões, da Infusões com História -, demonstrou que é possível, sim, substituir o vinho, como acompanhamento dos menus dos Chefs, por blends onde o terroir e o savoir-faire tornam a marca num projeto tão singular. Mais uma vez a exclusividade impera nesta aposta e permite que as Infusões, da Infusões com História, estejam presentes nas cartas de restaurantes de topo, tanto por parte dos melhores Chefs de Cozinha e Pastelaria, para as suas prepara-

Como em qualquer setor de atividade, muitos são os desafios que se vão colocando ao desenvolvimento das marcas. No seio da “Infusões com História”, quais as maiores lacunas? De que forma as contornam? Não temos propriamente lacunas, mas sim desafios. Aliás, os desafios são constantes. Queremos muito posicionar as Infusões made in Portugal, respeitando os valores e princípios da marca. Os desafios também passam por consolidar o trabalho realizando, criando e lançando novas misturas e novos produtos (há muito por fazer). Como diria que a “Infusões com História” pode ser todos os dias mais criativa e diferenciadora, num mercado que por si só já é tão peculiar? Ao nos unirmos aos melhores Chefs, Sommeliers e parceiros, sabemos de antemão que a criatividade é constantemente explorada e novos caminhos são construídos diariamente; muito por conta da sazonalidade, da promoção e posicionamento de cada player e pelo nosso cuidado específico em criar harmonizações únicas e irreplicáveis. Não existe um menu que se repete, um sabor que se cruza ou momentos monótonos. Tudo ganha uma intensidade ímpar e a cada dia que passa, as nossas Infusões Premium criam constantemente uma nova História, uma nova experiência. Por fim, a médio e longo prazo, que novidades podemos esperar desta que é uma marca que em tanto se distingue das restantes? Há mais de seis meses que a Infusões com História trabalha num outro conceito: Tea Experience – Tea, Eat, Act. Esta é “uma experiência gastronómica com Pairing de Infusões ou um festival inteiro em volta dos rituais, da preparação, dos benefícios, dos locais de origem e das músicas que inspiram”. Em relação às novidades, as possibilidades são infinitas e as atividades diversificadas. Podem esperar, por parte da Infusões com História, a organização de tertúlias, conferências, provas gastronómicas, eventos exclusivos e atividades culturais. A juntar a todas estas surpresas, a marca lança semanalmente a sugestão de uma receita harmonizada com uma Infusão 100% Biológica, numa rubrica intitulada de “Infusões de Comer”. Para além destas receitas surpreendentes, podem ouvir os episódios do nosso Podcast “Infusões que falam”, onde convidados, parceiros e outros intervenientes conversam sobre gastronomia e expõem a sua opinião sobre os nossos produtos Premium. ▪


PONTOS DE VISTA BREVES

Festival Internacional de Música, Womex, estreia em Lisboa

É mesmo verdade: Portugal é um dos melhores países para quem gosta de roadtrips. A Momondo criou um índice para eleger os países europeus onde se fazem as melhores férias sobre rodas e Portugal ficou em sétimo lugar. Foi divulgado o “Índice de Road Trips 2022”, onde estão classificados 33 países com base em 24 fatores e cinco tipos de viagem. “Este verão, ao lidarmos com os efeitos da inflação e da escassez de combustível, o custo de encher o depósito pode ser determinante”, sustenta o motor de pesquisa de viagens. Foram adicionados

também fatores de campismo, que têm ganhado uma grande popularidade recentemente, e ainda categorias como o tempo, o preço das portagens, o aluguer de carro e os pontos de interesse para parar antes de seguir caminho. A classificação de cada país foi calculada e apresentada numa escala de 1 a 100. Portugal ficou no top 10, com uma pontuação de 69 no final, e obteve pontuações elevadas em fatores como a qualidade das estradas, estações de carregamento de carros elétricos, preços de carros para alugar, natureza e pontos de interesse.

Festival Iminente confirma presença de Sam The Kid e África Negra Depois da edição de outubro — que juntou artistas nacionais como Dino D’Santiago, Ana Moura, Plutónio e Nenny — o Festival Iminente regressa em setembro ao Cais da Matinha, na zona oriental de Lisboa. É um evento urbano que junta artes visuais e música e está de regresso entre os dias 22 e 25 de setembro. Sam The Kid e o grupo África Negra são dois dos nomes que vão subir ao palco nesta edição. O rapper português vai apresentar-se com os Orelha Negra e acompanhado por uma orquestra. O festival vai contar ainda com uma atuação a solo do produtor francês DJ Khéops. A artista Vanessa Barragão, que irá apresentar uma intervenção visual têxtil para o recinto, também vai marcar presença no festival. O passe geral de 4 dias custa 65€, enquanto que o diário tem um preço de 20€.

Depois de marcar presença no Porto no ano de 2021, o Womex estreia este ano em Lisboa, recheado de concertos, palestras, um ciclo de cinema e uma cerimónia de entrega de prémios. Podemos mesmo dizer que há de tudo na 28.ª edição do festival internacional de músicas do mundo que chega a Lisboa a 19 de outubro, onde permanece até dia 23. No decorrer dos cinco dias do evento, haverá 60 espetáculos para ver, proporcionados por cerca de 300 músicos de vários pontos do globo — que representam mais de 50 nacionalidades. As atuações vão dividir-se por oito espaços culturais da capital: no Teatro Tivoli BBVA; na Cinemateca Portuguesa; no Cinema São Jorge; no Cineteatro Capitólio; no Coliseu dos Recreios; no LAV – Lisboa ao Vivo; no Parque Mayer e a Altice Arena.

Festival MIL regressa a Lisboa em setembro O Festival MIL, centralizado na música emergente e que se diferencia por apostar em artistas que estão foram das fórmulas comerciais pré-estabelecidas. Acontecerá entre os dias 15 a 17 de setembro. Avalanche Kaito (Bélgica) e o seu noise post-punk, Bedouin Burger (França), que estabelece uma “ligação hipnotizante entre o Líbano e a Síria numa fusão com sons do ocidente”; e Cassete Pirata (Portugal), que vai apresentar “A Semente”, o seu novo álbum, são alguns dos destaques da programação. Estão previstas as atuações de mais de 50 artistas e bandas. Já o luso-sueco Filipe Karlsson (Portugal) e o seu “disco pop despretensioso e orelhudo”; Mainline Main Orchestra (Espanha), coletivo catalão que “monta um espetáculo sarcástico e performático sempre em transformação”, marcado pela “força da influência do som das Ilhas Baleares”; e a cantora-compositora Rosie Alena (Reino Unido), “com a sua música enternecedora”, estão entre os artistas já confirmados. Ao mesmo tempo, a iniciativa contará ainda com masterclasses, keynotes, debates e workshops. Este espaço dirige-se aos trabalhadores e estudantes do setor cultural, dando particular atenção aos profissionais do setor da música.

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PONTOS DE VISTA MOBILIDADE ELÉTRICA EM PORTUGAL

Ministro do Ambiente

inaugurou Hub de carregamento MOBI.E em Loures

FOTO: CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

Dando sequência à execução do Programa de Estabilidade Económica e Social aprovado pelo Governo, foi inaugurado mais um Hub de carregamento para a mobilidade elétrica.

DUARTE CORDEIRO

O

Ministro do Ambiente e da Ação Climática presidiu a cerimónia de inauguração do Hub de carregamento de veículos elétricos da Bobadela, no concelho de Loures. O investimento para um total de nove Hubs é de cerca de dois milhões de euros, integrado no programa de Estabilização Económica e Social, lançado pelo Governo e com financiamento do Fundo Ambiental. Durante a cerimónia, o Ministro Duarte Cordei-

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ro sublinhou a intenção do Governo de manter os apoios relacionados com a aquisição de veículos elétricos e de pontos de carregamento, lembrando que “o Fundo Ambiental foi reforçado e agora há mais de 10 milhões de euros para a aquisição de veículos zero e de postos de carregamento”. Continuar a atuar como facilitador da expansão da rede de carregamento é, neste momento, a grande prioridade da MOBI.E. O presidente Luís Barroso sublinhou que “o Plano de Recu-

peração e Resiliência prevê que Portugal tenha cerca de 15 mil pontos de carregamento até 2025”, sendo que atualmente rondam os 5.000. Nesse sentido, referiu a urgência de se acelerar o processo de instalação de postos de carregamento, defendendo “a criação de um pacote legal específico que torne mais célere os procedimentos administrativos e de obras no espaço público, bem como o papel relevante dos municípios, que têm de estar sensibilizados para adotarem políticas, que favoreçam a rapidez


PONTOS DE VISTA MOBILIDADE ELÉTRICA EM PORTUGAL

FACTOS E NÚMEROS NUM RELANCE REDE MOBI.E:

FOTO: CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

A rede Mobi.E integra atualmente 27 Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) e 73 Operadores de Pontos de Carregamento (OPC. A Mobi.E foi criada para participar na crescente expansão da mobilidade elétrica como a primeira rede de carregamento de nível nacional do mundo. Oferece uma estrutura de mercado baseada na concorrência, atuando como intermediária entre os vários fornecedores e parceiros de roaming, ao mesmo tempo que assegura a completa interoperabilidade e integração de todos os participantes.

do licenciamento do espaço público para este efeito, e definirem tarifários adequados, tendo em conta a fase embrionária do mercado da mobilidade elétrica e dos fortes investimentos que os operadores de pontos de carregamento estão a efetuar”. O presidente da Câmara de Loures, que também interveio na cerimónia de inauguração, concorda com esta ideia, já que uma das prioridades para o município é o ambiente. Ricardo Leão sublinhou que “os municípios são parceiros essenciais para cumprir os objetivos da neutralidade carbónica. Este projeto é um bom exemplo desta colaboração, uma vez que resulta de um protocolo estabelecido entre o município e a MOBI.E”. O presidente da União de Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela, Nuno Leitão, congratulou-se com a instalação deste equipamento, que vem reforçar a prática pioneira da União de Freguesias em adotar boas práticas nas questões ambientais.

O Hub de Loures vai ser operado pela EDP Comercial ao abrigo de um contrato de concessão de dez anos. O administrador Miguel Fonseca sublinhou que a empresa vai “investir 24 mil milhões de euros na transição energética até 2025, empregues não só no crescimento das renováveis, mas também em redes mais resilientes e em soluções sustentáveis para que também os nossos clientes possam fazer o caminho da transição connosco – como é o caso de soluções de carregamento elétrico”. Esse caminho, frisou, “só será possível através de parcerias e da estreita colaboração entre entidades públicas e privadas”. Cada Hub é constituído por nove postos de carregamento: um ultrarrápido (150 kW), três rápidos (50 kW) e cinco semirrápidos (22 kW). Depois de Leiria, Guimarães e Loures, seguem-se Almada, Coimbra, Loulé, Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Viseu, “projetos que estarão concluídos durante os próximos meses”, revelou o presidente da MOBI.E. ▪

SOBRE A

A MOBI.E, S.A. é uma empresa pública desde 2015, e assumiu a responsabilidade no mercado regulado da mobilidade elétrica pela gestão e monitorização da rede de postos de carregamento elétrico, nomeadamente em termos de fluxos energéticos e financeiros, como Entidade Gestora da Rede de Mobilidade Elétrica (EGME). A MOBI.E tem um papel de liderança e de facilitador no processo de transição para a mobilidade elétrica em Portugal, agindo como um instrumento público para o desenvolvimento da mobilidade sustentável.

PARA SABER MAIS SOBRE A MOBI.E, CONSULTE O SITE

FOTO: CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

WWW.MOBIE.PT

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PONTOS DE VISTA COOPERAÇÃO CPLP

“O Mercado Angolano oferece uma grande oportunidade para as Empresas Portuguesas se Internacionalizarem” Para Mário Augusto Caetano João, Ministro da Economia e Planeamento de Angola, hoje é legítimo afirmar que a realidade socioeconómica do país apresenta sinais de otimismo, “na medida em que registamos melhorias nos mais diversos indicadores económicos e sociais, que influenciam significativamente na melhoria do ambiente de negócios”. A Revista Pontos de Vista quis conhecer a realidade angolana nos mais diversos quadrantes, numa conversa profunda sobre um país de enorme potencial, não fosse este, Angola, o oitavo país africano que mais capta investimento europeu, captando cerca de 6% do investimento direto em África.

A

política nacional de captação de investimento privado tem como objetivos a atração de investimento qualificado, a substituição de importações, a promoção das exportações de produtos Made in Angola e a diversificação da economia nacional. Para melhor compreendermos, o que tem vindo a ser feito neste sentido? Que mudanças o atual panorama apresenta? Desde 2018, foram aprovadas e implementadas diversas reformas legais e de caráter económico, com o objetivo de atrair mais investimento privado, designadamente: NO QUE DIZ RESPEITO À LEGISLAÇÃO: ● Aprovação da Lei nº 10/18 de Investimento privado, que incorpora condições mais atrativas para a realização de investimento em Angola, com destaque para a eliminação da obrigatoriedade de os estrangeiros cederem participações societárias no capital social das suas empresas a empresários nacionais. A lei anterior obrigava as empresas estrangeiras que pretendiam operar em Angola de cederem 35% do capital social a nacionais. Destaca-se, igualmente, a concessão de maiores benefícios fiscais para quem investe em determinadas regiões do País; ● Aprovação da Lei da concorrência nº 5/18 que estabelece um conjunto de princípios e regras reguladores da concorrência, garantindo a livre competição entre as empresas; ● Aprovação da Lei nº11/19 sobre as Parcerias Público Privadas e respetivo Regulamento, que estabelecem o regime jurídico das privatizações e reprivatizações e aplicam-se: ►Às privatizações e reprivatizações de empresas públicas sociais detidas diretamente pelo Estado ou por outras entidades públicas e de outros ativos e bens públicos, quando considerados isoladamente; ►À cessão dos direitos de exploração dos meios de produção que antes eram vedados à iniciativa provocada por razões de interesse público e outros bens que não estejam

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MÁRIO AUGUSTO CAETANO JOÃO

sujeitos a um regime jurídico específico ou abrangidos pela reserva absoluta do Estado, nos termos da legislação aplicável. ● Aprovação da Lei n.º 35/20, de 12 de outubro, Lei das Zonas Francas, que estabelece os princípios e as regras para a criação de Zonas Francas em Angola e define os incentivos e facilidades concedidos pelo Estado aos investidores e às empresas que nelas operam. De acordo com o diploma, os investidores nas zonas francas devem celebrar um contrato de investimento e podem beneficiar de isenções aduaneiras e benefícios fiscais, assim como estar sujeitos a regimes migratório, laboral, cambial e financeiro especiais, a definir em diploma próprio. Os benefícios previstos na lei são extensivos às atividades exercidas nas Zonas de Processamento de Exportação, Portos Francos e pelas Empresas Francas. No que se refere as medidas de caráter económico: ● Aprovado o Programa de Apoio à Produção, Diversificação de Exportações e Substituição de

importações (PRODESI), que permitiu realizar reformas importantes ao nível do ambiente de negócios, da melhoria das condições de acesso ao financiamento, da consolidação das infraestruturas físicas, no reforço do capital organizativo do Estado e na capacitação dos recursos humanos; ● Aprovado o Programa de Privatizações (PROPRIV), que visa reduzir a intervenção do Estado na economia e tem por objetivo promover o fomento empresarial, assim como reforçar a capacidade empresarial. O PROPRIV possui ainda como objetivos, promover a concorrência, competitividade e eficiência da economia nacional, contribuindo para o desenvolvimento do mercado de capitais em Angola; ● Plano Operacional para a Estruturação de Parcerias Público-Privadas, que visa coordenar e regular o desenvolvimento económico, deixando ao setor privado o papel de agente ativo para a produção e comercialização de bens e serviços típicos de uma economia de mercado. Este Plano contém uma lista indicativa de 41 projetos de investimentos nas mais diversas vertentes do setor económico, e estabelece as fases de preparação, negociação e lançamento dos procedimentos estabelecidos na modalidade de Parceira Público-Privada; e ● Foi aprovada, em agosto de 2022, a nova Lei do Investimento Privado (LIP), assim como um conjunto de regulamentos, tipificando os procedimentos de investimento privado e a orgânica do processo de tramitação da apresentação, análise e aprovação de projetos de investimento privado. Sabemos que Angola tem registado melhorias na criação de um quadro de investimento mais atrativo para os investidores externos. De que forma? As condições para a criação de um quadro de investimento mais atrativo para investidores externos, começou em 2018 com a implementação de um novo quadro legal para o investimento, adoção de medidas e ações para melhorar o


PONTOS DE VISTA COOPERAÇÃO CPLP

ambiente de negócios, aposta na capacitação do capital humano e investimento em infraestruturas físicas cruciais para o desenvolvimento da atividade empresarial. É legítimo, portanto, afirmar que a realidade socioeconómica do país dá hoje sinais de otimismo? Em que medida? É legítimo sim afirmar que a realidade socioeconómica do país apresenta hoje sinais de otimismo, na medida em que registamos melhorias nos mais diversos indicadores económicos e sociais, que influenciam significativamente na melhoria do ambiente de negócios. O país vinha de um ciclo recessivo da atividade económica de 5 anos e de um cenário de desequilíbrio macroeconómicos profundo, cuja a remoção obrigou a adoção de medidas de política económica que tiveram implicações nos níveis de consumo e de poupança das famílias e das empresas, assim como no nível de realização de investimentos públicos por parte do Estado. No domínio da gestão macroeconómica: ● Produto Interno Bruto (PIB): A estabilidade macroeconómica que o País regista, tem permitido a recuperação gradual da atividade económica nacional, tendo, em 2021, o País saído da situação de recessão económica que se encontrava desde 2016, com o PIB a registar um crescimento de 0,7%, fruto das reformas macroeconómicas iniciadas em 2018, onde o PIB não petrolífero contribuiu com um crescimento de 6,2%, que compensou a forte contração de 11,6% do setor petrolífero. No I Trimestre de 2022, registou-se um crescimento do PIB, em termos homólogos, de 2,6%, com o setor petrolífero, incluindo o gás a crescer 1,9% e o setor não petrolífero 2,8%; ● Inflação: Após a inflação ter atingido o pico de cerca de 42%, em 2016, registou-se uma tendência de redução, ao fixar-se em 17,1%, em 2019, fruto de uma melhor coordenação entre a política monetária e fiscal, assim como do aumento da produção interna, com destaque para a produção agrícola. Porém, a tendência de redução foi invertida em 2020, tendo a inflação se fixado em 22,4%, devidos aos efeitos negativos da COVID-19, mantendo-se em níveis mais elevados em 2021 (27,03%), em decorrência das disrupções nas cadeias de distribuição mundial que têm provocado o aumento dos preços das commodities alimentares nos mercados internacionais. Porém, desde Janeiro de 2022 que se vem registando uma tendência de desaceleração da inflação, tendo-se situado em 22,9% em Junho do corrente ano. ● Emprego: No período entre 2018 e o I Semestre de 2022, registaram-se 490.769 novos empregos formais, uma média de 108.855 empregos por ano, sendo que 2019 foi o ano que mais se registaram empregos, perto de 153.034 empregos. Em 2021, face à Pandemia da COVID 19 registaram-se apenas 45.689 empregos. A criação do número de emprego é resultado da

implementação de um conjunto de programas de iniciativas do Executivo, dos quais destacamos o Plano de Acção para Promoção da Empregabilidade (PAPE). Contas Fiscais: Entre 2014 e 2017, registou-se um período de défices sucessivos nas contas fiscais que foi invertido em 2018, fruto de um processo abrangente de consolidação fiscal. Entretanto, em 2020, devido aos efeitos negativos da COVID-19, o País voltou a registar défice de 1,9%. Em 2021, retomou-se aos saldos fiscais superavitários, com o global de 3,8% e o primário de 7,7%, em relação ao PIB. Para 2022, as previsões apontam para um superavit fiscal com o global 6,6% e o primário de 9,7%, em relação ao PIB. Para os próximos anos, o Executivo continuará empenhado no controlo do défice primário não petrolífero, de acordo com o estipulado na Lei de Sustentabilidade das Finanças Públicas. Dívida governamental: O stock da dívida pública denominada em moeda estrangeira reduziu de USD 80,84 mil milhões, em 2017, para USD 70,43 mil milhões, em 2021. A mesma tendência teve o stock da dívida interna denominada em moeda estrangeira, que passou de USD 36,09 mil milhões, em 2017, para USD 19,79 mil milhões, em 2021. Em termos relativos, o stock da divida pública passou de 129% do PIB, em 2020, para 77% do PIB em 2021, sinalizando a trajetória decrescente da dívida como resultado das medidas adoptadas pelo Executivo angolano no âmbito do Programa de Estabilização Macroeconómica apoiado pelo FMI. Taxa de Câmbio: Em 2018, iniciou-se um processo de reformas ao mercado cambial, incluindo a alteração do regime cambial para uma taxa de câmbio flutuante, de modo a constituir um amortecedor eficaz contra os choques, reestabelecer o equilíbrio, garantir uma afetação eficiente dos escassos recursos cambiais, melhorar a competitividade da economia e apoiar a diversificação económica. O ajustamento cambial teve impacto positivo sobre as Reservas Internacionais, tendo-se registado uma menor contração entre 2018-2021, em cerca de 7%, comparativamente à queda de quase 49% registada no período 20142017. Desde novembro de 2020, as transações cambiais do País tornaram-se mais seguras e previsíveis e o mercado cambial está a refletir o equilíbrio entre a oferta e procura de divisas. A moeda nacional tem-se mantido estável em relação às principais moedas internacionais. Em 2021, a moeda nacional apreciou-se face ao dólar norte-americano no mercado primário em 18,24%, situando-se em USD/Kz 554,98. No final do I Semestre de 2022, a moeda nacional fixou-se em USD/Kz 428,20 realçando a notável estabilidade do mercado cambial, tendo o gap entre o mercado oficial e o mercado informal de divisas reduzido significativamente, de 150% no final de 2017, para menos de 10% atualmente. Contas Externas: A nível do setor externo, registou-se a inversão da trajetória deficitária da conta corrente da balança de pagamentos, de

2014 a 2017 (USD 4,43 mil milhões, em média), para superavits consistentes no período de 2018 a 2021 (USD 4,78 mil milhões, em média), em resultado das medidas de política que visaram a redução dos níveis de importação em cerca de 45%, com vista a estimular a produção nacional. No I trimestre de 2022 a conta corrente voltou a registar saldo positivo em torno de USD 4,71 mil milhões. Reservas internacionais: A melhoria nos termos de troca, assim como as reformas feitas ao mercado cambial permitiram manter as reservas internacionais do País em níveis adequados. No período de 2014 a 2017, as reservas internacionais caíram em USD 14,1 mil milhões, ao saírem de USD 27,7 mil milhões, em 2014, para USD 13,6 mil milhões em 2017. No período de 2018 a 2021, as reservas internacionais caíram apenas USD 1,2 mil milhões, devido ao novo regime cambial adoptado. No I Semestre de 2022, as reservas internacionais brutas situaram-se em torno de USD 15,5 mil milhões. No domínio económico: durante o período de 2017-2022, com o objetivo de diversificar a economia, o Executivo começou a implementar programas como o PREI (Programa de Reconversão da Economia Informal), o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição de Importações (PRODESI) e o Programa de Privatizações (PROPRIV). ● Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) que, ao I semestre de 2022, retirou do circuito informal para o formal 208 mil operadores, dos quais 74% mulheres e 26% homens e gerados mais de 3 mil empregos, por via da disponibilização de mais 2 mil microcréditos no valor de mais Kz 2,5 mil milhões. ● Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição de Importações (PRODESI) permitiu a criação de 60.085 empregos, por via de financiamentos de 1279 projetos, até aos I semestre de 2022. Adicionalmente, foram registados no Portal de Produção Nacional (PPN) mais de 63 mil produtores, tendo proporcionado a assinatura de mais de 2700 contratos de compra futura e a realização de mais de 170 feiras de produção nacional; ● Programa de Privatizações (PROPRIV) que permitiu a privatização de 84 activos de um total de 132 a privatizar e estão em curso processos para a privatização de outros activos relevantes do setor financeiro, das telecomunicações e da indústria, tendo já iniciado o processo de ofertas públicas iniciais que permitirão a dispersão do capital destes ativos, também para pequenos investidores. No domínio social: durante o período de 20172022, foram feitos investimentos muito importantes nos setores da saúde, educação e ação social. ● O setor da saúde: registaram-se níveis de melhorias significativas nas condições sanitárias do País onde destacamos (i) admissão de 33 093

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PONTOS DE VISTA COOPERAÇÃO CPLP

profissionais de saúde, dos quais 2 379 pertencentes à carreira médica; (ii) a entrada em funcionamento de 85 unidades de saúde (das quais 54 no âmbito do PIP e 31 no âmbito do PIIM); (iii) aumento da percentagem de Unidades Sanitárias Municipais que dispõem do pacote integrado de cuidados e Serviços de Saúde de 30% para 100%; (iv) aumento da percentagem da população com acesso aos serviços de saúde de 50% para 60%; (v) redução da taxa de mortalidade por malária de 43,3% para 19%. ● No setor da Educação: com vista a aumentar a qualidade do ensino no nosso País, destacamos (i) admitidos cerca de 20.109 professores; (ii) ingresso de 7 536 694 alunos no ensino primário e secundário, perfazendo, atualmente, um total de 11 278 740 alunos matriculados neste subsistema de ensino; (iii) aumento do número de salas de aulas do 1º ciclo e 2º ciclo do ensino secundário, respetivamente, de 35 645 e 10 857 salas existentes para 41 259 e 16 069 salas em 2021; (iv) aumento do número de salas de aulas do 1º Ciclo do Ensino Secundário de 10 857 salas existentes para 20.732 salas; (v) aumento do número de alunos diplomados nos cursos do ensino técnico-profissional de 29 650 para 47 068 alunos diplomados; (vi) aumento da taxa de conclusão no ensino secundário geral de 18% para 35,37%; (vii) aumento da taxa líquida de escolarização no ensino primário de 74,2% para 76,1%; (viii) aumento da taxa de conclusão no ensino primário de 50,2% existente para 62,12; ● No domínio da ação social, com vista a reduzir os níveis de pobreza e apoiar os segmentos mais vulneráveis da sociedade, o Executivo está a desenvolver os seguintes programas: ► Programa Kwenda que consiste em efetuar transferências diretas de rendimentos à este segmento da sociedade. A execução do Kwenda permitiu o cadastramento de 536.333 famílias, das quais 320 000 já beneficiam de transferências monetárias directas. Por outro lado, o Programa permitiu a integração de 16 924 beneficiários diretos e 84 620 indiretos em atividades geradoras de rendimento, com destaque para os domínios da agricultura, pecuária e pescas. Permitiu ainda a entrada em funcionamento de 14 Centros de Ação Social Integrados (CASI) e a prestação de serviços sociais como o de registo civil e ações de empoderamento da mulher a mais 17 500 pessoas. Este Programa vai abranger um total de 1 608 000 famílias e prevê-se a sua extensão até 2025; ► Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP), que disponibiliza mensalmente 25 milhões de kwanzas por município, cuja implantação permitiu a integração de cerca de 75 mil pessoas em atividades geradoras de rendimento, com realce para 12 mil ex-militares. A inclusão produtiva dos ex-militares, por meio

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de cooperativas, ganhou uma nova dinâmica com a atribuição de 500 tratores agrícolas e respetivas alfaias. Este Programa beneficiou, até ao momento, um total de 338 cooperativas de ex-militares distribuídas por 15 províncias do País, tendo já sido distribuídos 368 tratores. Estes meios têm contribuído para o aumento da produção agrícola no País e para reduzir a fome e a pobreza extrema; ► Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) que tem permitido a construção de muitas infraestruturas de raiz e outras estão a ser reabilitadas, tais como estradas, escolas, hospitais e redes de distribuição de água e de energia elétrica que garantirão a disponibilidade de serviços básicos aos cidadãos e um maior desenvolvimento das comunidades. No âmbito do PIIM estão a ser executados cerca de dois mil projetos que estão a dar mais vida a todos os municípios do País. Até à presente data, foram inaugurados mais de 1 200 projetos PIIM em todo o país. De que forma o programa “Made in Angola” teve que ser reestruturado com a missão de potenciar os produtos angolanos no mercado exterior? O “Feito em Angola” foi reestruturado para contribuir para identidade da produção nacional e conferir mais controlo sobre o uso do selo com a incorporação de um código de QR. A novidade do código QR, como uma inovação tecnológica, irá conferir mais segurança, maior valorização e exposição da oferta de bens e serviços no mercado interno e externo, por via da sua geo-localização, disponibilizada através do referido código. Além do selo Feito em Angola, aprimorou-se o serviço, custo e qualidade, de apoio aos produtos nacionais, bens e serviços, com vista dar dignidade aos mesmos, estimulando a competitividade das empresas nacionais, e fomentando a produção nacional com qualidade para o consumo interno e externo. Tendo como objetivo o reforço das relações empresariais entre Portugal e Angola, acredita que Portugal deveria diversificar o seu investimento em Angola? Porquê? Atualmente, o investimento português em Angola incide particularmente nos setores da banca, construção civil, indústria petrolífera e energia. i. No domínio da Banca, existem cinco bancos portugueses que participam no capital do setor bancário angolano, nomeadamente: BPI (Banco Português de Investimento, S.A) no Banco de Fomento Angola (BFA); Novo Banco no Banco Económico; BCP (Banco Comercial Português, S.A) no Banco Millennium Angola (BMA); Caixa Geral de Depósitos no Banco Caixa Angola; e, Montepio no Finibanco Angola; ii. No setor da construção, destacam-se os

investimentos da Mota-Engil Angola e o Grupo Teixeira Duarte. ► Mota – Engil Angola é uma sociedade de direito angolano controlada em 51% pela Mota-Engil Engenharia, os restantes 49% são detidos por um consórcio local composto pela Sonangol Holdings, BPA - Banco Privado Atlântico, Finicapital e Globalpactum, uma holding local controlada pelo empresário de Macau Stanley Ho e pelo seu sócio português, Ferro Ribeiro. Têm como objeto a atividade de construção civil e obras públicas e privadas, bem como outras atividades em vários setores industriais em Angola, em particular os relacionados com o mercado de construção industrializada e da habitação; ► O Grupo Teixeira Duarte além da construção civil, dedica-se também à promoção imobiliária, atividade hoteleira, controlando e explorando os hotéis Trópico, Alvalade e Hotel Baía. iii. No setor da indústria petrolífera, encontramos a GALP Energia, que desenvolve atividades de distribuição de produtos petrolíferos em Angola através de duas empresas principais: a Petrogal Angola e a Sonangalp. ► Petrogal Angola, Lda., detida a 100% pela Galp Energia, assegura a gestão das suas participações e desenvolve a sua atividade na distribuição e comercialização de lubrificantes, no segmento de Empresas. ► Sonangalp, Lda., detida em 49% pela Galp Energia e em 51% pela Sonangol, que desenvolve atividade de distribuição e comercialização de combustíveis líquidos e lubrificantes nos segmentos de retalho e grosso. iv. No setor da energia, o grupo MCA português (Manuel Couto Alves) lidera um consórcio com empresas da Suécia, Holanda, Estados Unidos da América e Coreia do Sul, no desenvolvimento de um projeto de eletrificação em Angola, desde a componente tecnológica à financeira, passando pela certificação, de acordo com padrões internacionais de impacto ambiental e social. Os mesmos estão a ser instalados nas províncias da Huila, Benguela e Moxico. Acreditamos que existem outros setores da economia angolana em que Portugal apresenta uma vasta experiência. Tal seria o caso dos setores da agricultura, pesca, turismo e restauração, saúde, educação, ciência e inovação, e com as necessidades de investimento de Angola viradas coincidentemente para estes setores, é esperado que Portugal possa diversificar o seu investimento em Angola. As condições macroeconómicas atuais (estabilidade cambial, tendência de redução da inflação, sustentabilidade das finanças pública e retoma do crescimento da atividade económica), associadas às medidas em curso para a contínua melhoria do ambiente de negócio, bem como o cenário de estabilidade política, deverão estimular e incentivar o aumento e a diversificação do investimento das empresas portuguesas em Angola.


PONTOS DE VISTA COOPERAÇÃO CPLP

O mercado angolano oferece uma grande oportunidade para as empresas portuguesas se internacionalizarem e terem acesso aos mercados integrados da África Austral (SADC) e África Central (CEEAC). Certo é que Angola é um dos países com mais destaque naquela que é a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Do ponto de vista da cooperação, como avalia Angola perante os restantes países lusófonos? A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional plurilateral criada por países lusófonos, para o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros. Dentre os vários objetivos, a CPLP visa a cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social. Particularmente, Angola ratificou os principais instrumentos de cooperação, nomeadamente: i. Declaração Constitutiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), assinados em 17 de julho de 1996; ii. Declaração Constitutiva e dos Estatutos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP ratificou aos 28 de julho de 1997; iii. Acordo Geral de Cooperação no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a 17 de julho de 1998; iv. Acordo entre o governo português e a comunidade dos países de língua portuguesa referente ao estabelecimento da sede da comunidade em Portugal, Lisboa, aos 3 de Julho de 1998; v. Acordo sobre a Mobilidade entre os Estados -Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), assinado em Luanda, em 17 de julho de 2021. Por outro lado, ao nível da cooperação económica, destacam-se a assinatura e a implementação de vários instrumentos jurídicos, nomeadamente: i. Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos com o Brasil; ii. P rotocolo de Cooperação entre INAPEM e AIP, em Portugal; iii. P rotocolo de Cooperação com os Institutos de Investimentos de Portugal; iv. A cordo de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos com Portugal; v. A cordo para a Criação do Observatório de Investimentos Portugueses em Angola e Angolanos em Portugal; vi. Acordo de Promoção e Proteção de Investimentos com Moçambique; vii. Acordo sobre Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos com Cabo Verde; viii. Acordo de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos com São Tomé e Príncipe; e

ix. Protocolo de Cooperação Económica e Acordo de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos com a GuinéBissau. Em resumo, Angola tem um engajamento muito forte na cooperação intraestados-membros da CPLP. Enquanto Ministro da Economia e Planeamento, quais diria que são, atualmente, os maiores desafios e barreiras à captação de investimento privado? A atração de investimento privado não constitui tarefa fácil para um país como Angola, tendo em conta a quase inexistência de (i) um ambiente de negócios robusto, (ii) infraestruturas básicas, e (iii) mão-de-obra qualificada. A burocracia, apesar de todos os progressos que alcançamos nestes quatro (4) anos, ainda representa um desafio que afeta a atração de investimento privado. Cientes de todos os desafios acima referidos, o Estado tem envidado esforços para (i) a melhoria da imagem do País a nível externo com a implementação de reformas administrativas que garantam que os investidores tenham acesso a serviços públicos eficientes, (ii) o desenvolvimento de infraestruturas indispensáveis para a extração, produção e escoamento da produção nacional, (iii) forte aposta nos investimentos em setores sociais como a educação e a saúde, que darão lugar à existência de mão-de-obra qualificada e, (iv) a implementação de políticas que visam tornar o mercado nacional atrativo para a captação de investimento direto estrangeiro, que vão desde o combate à corrupção à aprovação de leis e regulamentos favoráveis ao investimento. Destacamos que Angola apresenta inúmeras vantagens no que diz respeito à atração de investimento estrangeiro, das quais destacamos (i) o elevado potencial do mercado interno, (ii) a diversidade e abundância de recursos naturais, (iii) a importante localização, como porta de entrada para a África Austral e Central, (iv) a estabilidade socioeconómica, com uma população jovem e coesa (força de trabalho disponível), bem como (v) o facto de Angola estar determinada em atrair investimento e melhorar o ambiente de negócios como bases para o desenvolvimento do país. Dados indicam que Angola é o oitavo país africano que mais capta investimento europeu. Que oportunidades surgem deste marco? De facto, Angola é o oitavo país africano que mais capta investimento europeu, captando cerca de 6% do investimento direto em África. Recentemente realizámos o Fórum Empresarial UE-Angola que foi o primeiro evento de negócios de alto nível coorganizado pelas instituições da União Europeia e da República de Angola, no âmbito da Parceria “Caminho Conjunto Angola e União Europeia (CCAUE)”, para

um público-alvo de representantes do setor privado, autoridades públicas, e organizações internacionais que apoiam as empresas, tendo sido abordados temas relacionados com as modalidades de fomento e apoio ao investimento e comércio, os desafios e as reformas em curso e as oportunidades de negócio em Angola. Para o período 2021-2027, a União Europeia mobilizou EUR 300 mil milhões, através das instituições da União Europeia e dos seus Estados-membros, para a realização de investimentos em África nos domínios da (i) digitalização, (ii) do clima e da energia, (iii) dos transportes, (iv) da saúde, e (v) do ensino e da investigação. Por outro lado, entendemos que a atração, expansão e retenção do investimento entre Angola e a Europa serão facilitados, com o Acordo de Facilitação de Investimentos Sustentáveis Angola-UE (SIFA, na sigla em inglês), que está em negociação. Com este acordo, será melhorada a transparência e previsibilidade das regras relativas ao investimento, simplificados os procedimentos, e dinamizado o diálogo entre os setores público e privado das duas partes. A médio e longo prazo, que impactos à economia de Angola consegue perspetivar? Como idealiza o investimento no país, bem como o sucesso do programa “Made in Angola”? Tal como referimos anteriormente, depois de um período marcado por um desempenho negativo da nossa economia, perspetivamos, para os próximos anos, um crescimento sustentado da economia, depois de no ano passado o PIB ter crescido 0,7%, suportado pelo setor não petrolífero que cresceu 6,2% e compensou a contração de 11,6% do setor petrolífero incluindo o gás. Para 2022, as previsões do governo indicam um crescimento de 2,7% do PIB, com o setor não petrolífero a crescer 3,2% e o setor a crescer 2,1%. Relativamente ao período 2023-2027, espera-se um crescimento médio anual de 3,6% para o PIB global e 4,6% para o PIB não petrolífero, com destaque para a agro-indústria, novas tecnologias, serviços e turismo, que apresentam grande potencial para alavancar a nossa economia. Temos a plena certeza que nesta dinâmica que se espera da economia nacional o IDE terá um papel preponderante. Relativamente ao Serviço “Feito em Angola”, acreditamos que os fatores críticos que nortearam a sua reestruturação (diversificação do mercado, maior envolvimento dos stakeholders, redução do limite mínimo do valor acrescentado nacional e a inovação tecnológica agregada ao selo), irão garantir o seu sucesso e, a médio e longo prazo, será igualmente um motor para a internacionalização dos produtos nacionais, principalmente para as zonas de livre comércio (ZLC) das comunidades económicas regionais (CER)que fazem fronteira com Angola. ▪

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PONTOS DE VISTA OFTALMOLOGIA – SÍNDROME DO OLHO SECO

OPINIÃO DE J. SALGADO-BORGES. MD, PHD, FEBO DIRETOR CLÍNICO DA CLINSBORGES E EMBAIXADOR EM PORTUGAL DO TFOS (TEAR FILM & OCULAR SURFACE SOCIETY) WWW.CLINSBORGES.PT | WWW.SALGADOBORGES.COM

“Portugal deve estar Atento à ameaça que o Olho Seco representa para a Saúde Ocular"

FOTO: ESFERA DAS IDEIAS ©

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“FELIZMENTE, A SÍNDROME DO OLHO SECO, AO CONTRÁRIO DE OUTRAS DOENÇAS OCULARES, COMO O GLAUCOMA, NÃO É SILENCIOSA. ASSIM, CONTA COM SINAIS E SINTOMAS BASTANTE PERCETÍVEIS, DADO QUE O DISTÚRBIO OCULAR GERA UM DESCONFORTO ENORME NOS OLHOS DO INDIVÍDUO. PORÉM, O ÚNICO PROBLEMA, É QUE PODE SUSCITAR CONFUSÃO COM OUTRAS DOENÇAS, COMO ALERGIAS” 90 | PONTOS DE VISTA |

e uma forma simples, a Síndrome do Olho Seco pode ser entendida como uma anomalia que afeta o processo de produção das lágrimas. Deste modo, o olho não recebe a lubrificação ideal para o pleno desenvolvimento das suas funções. Com isso, os problemas gerados por essa condição vão desde um distúrbio ocular que causa desconforto, até situações graves que podem danificar a superfície ocular. Afinal, a lágrima atua como um agente protetor do olho, formando uma película que recobre o globo ocular, fornecendo humidade e lubrificação constante para preservar a acuidade visual e conforto ocular através da sua composição e combinação de: ● Água, para manter a humidade; ● Gordura, para lubrificação e evitar a evaporação; ● Muco, para espalhar as lágrimas pela superfície do olho; ● Anticorpos e determinadas proteínas que promovem a resistência à infeção; Neste contexto, devo salientar que a Síndrome do Olho Seco afeta não apenas a quantidade, mas também a própria qualidade do filme lacrimal. Portanto, é extremamente importante ficar atento aos sintomas, e procurar obter quanto antes um tratamento adequado junto de um médico oftalmologista.


PONTOS DE VISTA OFTALMOLOGIA – SÍNDROME DO OLHO SECO

Felizmente, a Síndrome do Olho Seco, ao contrário de outras doenças oculares, como o glaucoma, não é silenciosa. Assim, conta com sinais e sintomas bastante percetíveis, dado que o distúrbio ocular gera um desconforto enorme nos olhos do indivíduo. Porém, o único problema, é que pode suscitar confusão com outras doenças, como alergias. Por isso, partilho abaixo os principais sinais de alerta a que deve estar atento: ● Ardência; ● Muco viscoso no interior ou ao redor dos olhos; ● Sensação de areia; ● Sensação de corpo estranho; ● Comichão; ● Vermelhidão; ● Visão turva ou fadiga ocular; ● Hipersensibilidade à luz (fotofobia); ● Dificuldade em usar lentes de contacto; ● Dificuldade para conduzir à noite; Por vezes, o olho seco pode também desenvolver lágrimas em demasia. A esta condição confusa chama-se secreção de lágrima reflexa. Acontece porque a falta de humidade irrita o olho. O sistema nervoso envia um sinal de “angústia” ou reflexo para obter maior lubrificação, e assim, ocorre uma “inundação” de lágrimas para compensar a secura. O sintoma é idêntico ao que acontece quando se recebe poeira no olho. Mas estas lágrimas são sobretudo água, por isso não agem como lágrimas normais, servem somente para lavar e eliminar os detritos. Portanto, como é possível observar, são sintomas claros, causados pela má lubrificação dos

“DURANTE ESTES ÚLTIMOS DOIS ANOS DE CONFINAMENTO DEVIDO À PANDEMIA DA COVID-19, O USO EXCESSIVO DOS ECRÃS FOI UM DOS FATORES DE RISCO QUE AGRAVOU EXPONENCIALMENTE A SÍNDROME DE OLHO SECO, NÃO SÓ EM PORTUGAL COMO EM OUTRAS REGIÕES NO MUNDO”

olhos. De todo modo, é importante estar em alerta, e ficar atento aos sinais, procurando sempre que possível obter um diagnóstico e tratamento rápido evitando um agravamento da doença. Afinal, outras doenças também possuem sintomas semelhantes, como é o caso da conjuntivite. É ainda inegável que a idade é um dos fatores principais para o surgimento desta síndrome. Assim, pessoas que têm mais de 50 anos devem realmente estar em alerta, já que possuem maior prevalência para serem afetadas, principalmente as mulheres. No entanto, há muitos outros fatores de risco que levam ao aparecimento e manifestação da doença: ● Fatores ambientais, tais como: o vento, baixa humidade, ar condicionado, exposição solar, fumo, químicos ou calor; ● Exposição prolongada aos ecrãs; ● Alterações hormonais na mulher, como por exemplo na gravidez e menopausa, terapia de reposição hormonal (TSH) ou pílulas anticoncecionais; ● Doenças de pele das pálpebras ou áreas peri-oculares; ● Alergias; ● Perturbações auto-imunes, tais como Síndrome de Sjögren, o Lúpus ou a Artrite Reumatoide; ● Inflamação crónica do olho; ● Pestanejar pouco ou uma condição chamada ceratite de exposição, em que as pálpebras não se fecham completamente durante o sono; ● Vários medicamentos, tais como anti-histamínicos, descongestionantes nasais, tranquilizantes, medicamentos para a ten-

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PONTOS DE VISTA OFTALMOLOGIA – SÍNDROME DO OLHO SECO

são arterial, medicamentos para a doença de Parkinson, e antidepressivos; ● Ingestão insuficiente de vitaminas; ● Uso prolongado e/ou inadequado das lentes de contacto; Importante também referir que vários estudos relacionam o uso dos aparelhos digitais com sintomas da Síndrome do Olho Seco. Já que um dos grandes malefícios que os ecrãs oferecem é justamente a atenção direta que depositamos neles que dão origem a uma redução da taxa de pestanejo em quase 66%. Dessa forma, enquanto se observa os ecrãs, os olhos não só diminuem a lubrificação, como trabalham apenas a visão curta, em detrimento da visão de médio e longo alcance. Isto, por si só é extremamente prejudicial para o olho. Durante estes últimos dois anos de confinamento devido à pandemia da Covid-19, o uso excessivo dos ecrãs foi um dos fatores de risco que agravou exponencialmente a Síndrome de Olho Seco, não só em Portugal como em outras regiões no mundo. Além disso, as máscaras de proteção faciais apesar de benéficas na proteção contra o vírus, também tiveram um impacto negativo sobre as irritações oculares, uma vez que com a sua utilização o aumento de fluxo de ar em direção aos olhos durante a respiração revelou-se um fator etiológico complementar. Isto porque, esse aumento de fluxo de ar acelera a evaporação contínua do filme lacrimal, traduzindo-se, inevitavelmente, num aumento excessivo da irritação e inflamação da superfície ocular.

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Quanto aos tratamentos, em quase todas as situações de olho seco é recomendado a utilização de colírios (lágrimas artificiais). Em especial, há que ter cuidado com o uso de lágrimas artificiais com conservantes. Quando os colírios não são suficientes pode ser necessário recorrer a anti-inflamatórios para conseguir um maior conforto na evolução do olho seco. Além disso, há outros tratamentos como a Luz Pulsada (IPL) e o Plasma Rico em Plaquetas (Endoret), tratamentos que temos disponível no nosso Centro Integrado de Olho Seco (CIOS) no Porto. Apesar dos avanços tecnológicos e de investigação ao longo do tempo, é necessário aprimorar cada vez mais as opções. Assim, será possível obter alternativas que cheguem à raiz do problema de forma eficiente proporcionando resultados permanentes para os pacientes. É inegável os avanços relacionados à consciencialização da população portuguesa em relação a várias doenças. No entanto, há ainda imenso trabalho a fazer, principalmente quando se trata da importância das consultas de oftalmologia regulares, bem como da Síndrome do Olho Seco. Afinal, outras doenças oftalmológicas, como o glaucoma e a catarata, que são os maiores agentes causadores de perda de visão no mundo, acabam por diminuir a atenção para doenças “menos severas”. Por isso, é necessário ampliar o trabalho de divulgação relacionado à prevenção desta Síndrome. As dicas de prevenção para a Síndrome do Olho Seco são muito simples, mas ajudam a manter os olhos lubrificados. Desta forma, alguns dos conselhos fundamentais são:

▶ Descansar os olhos - é indispensável dar descanso para os olhos durante as atividades que exigem um olhar fixo, como ler ou escrever no computador. Assim, a cada 20 minutos, é importante olhar para o infinito, e relaxar os olhos. ▶ Piscar com frequência - o ato de piscar é fundamental para lubrificar toda superfície ocular. ▶ Manter o corpo hidratado - a hidratação, através do consumo de água e de outros líquidos, também é bastante importante. Afinal, quando o corpo está desidratado, áreas como os lábios, olhos, mucosas ficam mais secas. ▶ Evitar ambientes secos - o uso prolongado do ar condicionado, ventos fortes, fumaça, entre outros, são grandes causadores da Síndrome do Olho Seco. ▶ Ter uma alimentação cuidada - o consumo de alimentos ricos em Vitamina A (cenoura, ovos, fígado) e em ômega 3 (alguns peixes, linhaça) contribui diretamente para uma boa lubrificação ocular. ▶ Higienizar corretamente a área dos olhos - o acúmulo de sujidade na região ocular, como nos cílios e pálpebras também é uma agravante a considerar. Em conclusão, a causa do olho seco é um fator determinante para o diagnóstico e tratamento adequado do paciente. No entanto, é também crucial alertar os grupos de risco para este problema, nomeadamente os idosos, evitar o uso prolongado dos aparelhos digitais e a permanência em ambientes adversos. ▪



PONTOS DE VISTA LEITURA E ESCRITA

“PARA FUGIR À PROCRASTINAÇÃO É NECESSÁRIO UM MISTO DE CONSCIENCIALIZAÇÃO E FORÇA DE VONTADE. A CONSCIENCIALIZAÇÃO PASSA POR PERCEBER AS RAZÕES QUE ESTÃO POR TRÁS DO ATO DE ADIAR, DEIXAR PARA DEPOIS. ISTO APLICA-SE À ESCRITA E À VIDA”

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PONTOS DE VISTA LEITURA E ESCRITA

ANALITA ALVES DOS SANTOS

Como fugir à procrastinação na escrita (e não só) A arte de procrastinar faz, infelizmente, parte da nossa vida e não é fácil colocá-la na gaveta.

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p’ra amanhã, bem podias fazer hoje; porque amanhã sei que voltas a adiar e tu bem sabes como o tempo foge; mas nada fazes para o agarrar.», já cantava o António Variações. O que é procrastinar? Procrastinar é deixar para depois, adiar, postergar para data incerta as pequenas (aparentes) minudências do dia a dia e não só. O roupeiro que necessita de ser arrumado, o quadro a pendurar na parede, a torneira que espera um arranjo e não para de pingar, mas também (e ainda mais grave), os nossos sonhos, os nossos desejos. A energia por trás é a mesma: a não ação, o não realizar, o não fazer acontecer. As razões que nos levam a procrastinar são variadas começando por aquela que é até considerada um «pecado capital» pela igreja católica: a preguiça. A preguiça é a falta de vontade, interesse ou ânimo para realizar algo que exija um esforço intelectual ou físico. Confesso, não aprecio muito arrumar gavetas e roupeiros. Por isso, tendo a adiar esta tarefa mais do que devia. A Bíblia, esse livro onde cabem todas as facetas boas e menos boas do Homem (comentário sem qualquer conotação de preferência religiosa, apenas a constatação de um facto), apresenta muitas passagens sobre esse «pecado»: «O preguiçoso morre de tanto desejar e de nunca pôr as mãos no trabalho.» Provérbios 21:25 Não acredito que preguiça seja a razão que leva os aspirantes a escritores a fugir da cadeira, a não definir uma rotina de escrita e a cumpri-la. Refiro-me aos autores que pretendem encarar a sua escrita de forma mais profissional e já perceberam: escrever ao sabor da inspiração raramente os leva a bom porto. A procura incessante do perfecionismo e o medo da rejeição são, assim o creio, as principais razões que travam a escrita. É muito importante ter brio no que escrevemos e não nos contentarmos nunca com a primeira versão. Editar, retirar os excessos, partilhar as nossas palavras com outros e rever as vezes necessárias até sentirmos: «não me envergonharei no futuro destas palavras que agora escrevo». Depois, é avançar, começar um novo

projeto, seja redigir um e-mail, um artigo de opinião, uma crónica, um livro: escrever, editar, rever, partilhar com outros olhos e por fim, dar o assunto por encerrado, e assim sucessivamente. O segredo para escapar do pesadelo «perfeição» reside em conhecer e utilizar o processo, e não na busca permanente de algo que não existe, que só nos provoca descontentamento, desalento e, pior ainda, «a não ação». Há quem nunca volte a ler o que escreveu, mas se ler, após usar o processo mencionado (escrever, editar, partilhar, rever, finalizar) terá esta certeza: foi o melhor que conseguiu com as ferramentas (conhecimentos, vocabulário, destreza linguística, entre outros.) que tinha naquele momento à sua disposição; fez tudo o que era suposto fazer. É este o ofício da escrita. O medo da rejeição… Todos tememos a crítica e, sem dúvida, ela irá sempre surgir. Nunca conseguiremos agradar a todos e isso é perfeitamente normal. Ter essa consciência retira-nos o total peso deste medo: haverá sempre alguém a apontar alguma coisa. Há situações que nos vão doer mais do que outras, mas, se queremos escrever, partilhar as nossas palavras com o mundo, esse é o preço a pagar. Nada há a fazer em relação a isso. É aceitar e avançar de peito em frente. Depois, para quem já publicou existe o medo de sucessos passados. É este o receio que tem levado alguns escritores a procrastinar a sua escrita: o receio de que o seu próximo livro, não seja tão bom como o primeiro. Isto, aliado a uma certa dose adicional de perfeccionismo, é a «receita para o fracasso». Para fugir à procrastinação é necessário um misto de consciencialização e força de vontade. A consciencialização passa por perceber as razões que estão por trás do ato de adiar, deixar para depois. Isto aplica-se à escrita e à vida. Da sua clareza virá certamente a necessidade urgente de agir e a partir daí será imparável em tudo aquilo que se proponha fazer hoje, e não amanhã. Porque o tempo foge. ▪ «Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.» José Saramago

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PONTOS DE VISTA TURISMO E HOTELARIA

“A região do Algarve é, e continuará a ser, um dos Melhores Destinos Turísticos do Mundo” Apesar dos tempos adversos que o universo do turismo e da hotelaria enfrentaram nos últimos tempos, o Castro Marim Golfe & Country Club, enquanto empreendimento turístico de quatro estrelas, soube ser audaz nas suas decisões – e hoje esta história de sucesso fala por si. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, David Martins, General Manager do projeto, abordou não só este crescimento sustentado, como a valorização da equipa ao longo dos tempos, a mentalidade inovadora que recai sobre o espaço e ainda a preocupação com o meio ambiente. Saiba tudo.

O

DAVID MARTINS

“TEMOS TODOS OS INGREDIENTES CERTOS PARA QUE OS NOSSOS CLIENTES POSSAM DESFRUTAR DE UMAS FÉRIAS DE SONHO, SEJAM ELAS DE GOLFE, O NOSSO PRODUTO-ÂNCORA, OU PARA AS FAMÍLIAS QUE NOS PROCURAM EM LAZER”

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Castro Marim Golfe & Country Club tem vindo a crescer, nos últimos anos, em dimensão e qualidade sendo que hoje a sua oferta passa por inúmeros projetos, como o golfe, o alojamento, a restauração, entre outros. Como nos pode descrever esta evolução até ao momento? Somos um empreendimento turístico de quatro estrelas situado no município de Castro Marim, junto à fronteira entre Portugal e Espanha. Dispomos de um campo de golfe com 27 buracos (três percursos de nove buracos - Guadiana, Atlântico e Grouse); vários campos de prática; uma Academia de Golfe; moradias individuais de elevada qualidade com piscina privada e barbecue; excelentes moradias T2 e T3, integradas num Aldeamento Turístico, com uma área de piscinas comuns, snack-bar para bebidas e refeições ligeiras, parque infantil e clube para crianças; um Clubhouse que associa diversos serviços de restauração e bebidas, receções e um ginásio.

Como costumamos mencionar, temos todos os ingredientes certos para que os nossos clientes possam desfrutar de umas férias de sonho, sejam elas de golfe, o nosso produto-âncora, ou para as famílias que nos procuram em lazer. A evolução tem sido a mais sustentável possível, sempre com o foco na qualidade de serviço prestado e na satisfação dos nossos clientes. Sabemos que o turismo português tem brilhado cada vez mais com o passar dos tempos e que o Algarve esteve até então entre os principais destinos turísticos da Europa. Porém, é certo também que a pandemia da Covid-19 lançou uma «tempestade» no setor. Considera que, atualmente, estas «nuvens» podem ter chegado ao fim? Como analisa a recuperação do turismo em Portugal? A região do Algarve é, e continuará a ser, um dos melhores destinos turísticos do mundo. Disso nunca tive quaisquer dúvidas! Temos condições patrimoniais e climáticas únicas; um nível de segurança percecionado muito positivo; produtos de elevada qualidade, como o golfe, e tudo isto satisfaz


PONTOS DE VISTA TURISMO E HOTELARIA

as motivações mais exigentes dos turistas que nos visitam anualmente e querem regressar. Sobre o impacto que a Pandemia teve no destino e nas empresas, é manifesto que ainda não conseguimos recuperar pois, sendo a indústria do turismo algarvia tão dependente dos mercados externos e das condições económicas gerais, os graves efeitos ocorridos continuam a sentir-se nos vários ramos de negócio. É verdade que as restrições são cada vez menores, mas existem ainda muitas dúvidas face ao futuro próximo e essas podem retirar a confiança necessária para que voltemos ao indicadores pré-pandemia onde registámos valores históricos. Para complicar os cenários de recuperação expectáveis, continuamos com uma guerra indesejável, sem fim à vista, e que tem criado enormes dificuldades aos países e, por conseguinte, aos consumidores. A subida da inflação e a perda de poder de compra por parte dos turistas, assim como, para piorar ainda mais, a falta de recursos humanos para trabalharem na indústria de Viagens e Turismo são problemas que nos preocupam diariamente. É um cenário muito preocupante, talvez uma “nuvem” ainda muito “negra” que necessita dissipar-se, mas, estou convicto que, com muito trabalho e resiliência vamos conseguir ultrapassar as dificuldades e voltar aos anos do passado. Temos de ser positivos e acreditar! Neste processo de recuperação houve, com certeza, prioridades essenciais para que a mesma fosse mais célere. De que forma o Castro Marim Golfe & Country Club vincou a sua competitividade e qualidade no mercado? O turismo é uma indústria de serviços, de pessoas para pessoas. Esse é, portanto, o capital mais importante que qualquer empresa na nossa área possui. Tendo presente este facto, a nossa prioridade foi garantir a estabilidade dos nossos colaboradores e

“A NOSSA PREOCUPAÇÃO COM OS PRINCÍPIOS DE SUSTENTABILIDADE, QUER SEJA A NÍVEL AMBIENTAL, SOCIOCULTURAL OU MESMO ECONÓMICO TEM SIDO UMA REALIDADE DESDE O INÍCIO DESTE PROJETO, HÁ MAIS DE DUAS DÉCADAS” não deixar que a estrutura existente se degradasse. Sempre soubemos que era fundamental estarmos preparados para o regresso à “normalidade” e que dessa forma conseguiríamos manter, ou se possível, ultrapassar, as expetativas dos nossos clientes. Os Golden Visa sofreram alterações no início do presente ano, porém ainda se aplicam a cinco concelhos do Algarve. Qual a importância de os Golden Visa ainda se aplicarem à zona onde o Castro Marim Golfe & Country Club está situado? Pelas suas caraterísticas únicas, nomeadamente a luminosidade e qualidade ambiental, a qualidade de vida, a cultura e tradições seculares e a hospitalidade do seu povo, a região do Sotavento algarvio tem sido assumida por inúmeros estrangeiros como o destino perfeito para se instalarem e gozarem a sua reforma. Com as alterações que entraram em vigor ao regime do Golden Visa em Portugal, resultantes do Decreto-Lei 14/2021, de 12 de fevereiro de 2021, somente as propriedades licenciadas para habitação nos municípios de baixa densidade, como são Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Vila do Bispo e algumas freguesias do município de

Loulé, são enquadráveis neste regime especial. Para nós, que somos uns dos principais empreendimentos turísticos com oferta residencial em Castro Marim, pensamos ser uma boa oportunidade e esperamos obter bons resultados. Desde o início do ano que temos sentido o aumento da procura por este tipo de produto e esperamos que mais negócios se possam concretizar num futuro próximo. Em termos de oferta imobiliária, o nosso portefólio inclui moradias geminadas com uma área de 220m2 e piscina privada; moradias individuais com dois e três quartos, integradas num Aldeamento Turístico; e lotes de terreno onde é possível construir a casa de sonho. Todas com vistas deslumbrantes para o Rio Guadiana, para o Oceano Atlântico ou para as colinas onduladas a norte. As nossas propriedades estão totalmente equipadas e são uma boa aplicação do dinheiro quer a intenção seja comprar um imóvel para fins de investimento, quer seja para passar umas belas férias em família ou para residência permanente. Tendo em conta as preocupações de sustentabilidade mundiais e as novas tendências que privilegiam destinos e empresas que respeitem o am-

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PONTOS DE VISTA TURISMO E HOTELARIA

“OS NOSSOS RECURSOS HUMANOS SÃO O PILAR DA EMPRESA. SÃO ELES QUE DIARIAMENTE DÃO O SEU CONTRIBUTO PARA QUE POSSAMOS CUMPRIR A NOSSA FUNÇÃO E GARANTIR O SUCESSO E SATISFAÇÃO DOS CLIENTES” biente, o Castro Marim Golfe & Country Club tem optado por caminhos cada vez mais direcionados para a responsabilidade tendo, nomeadamente, um projeto em curso para a utilização de água da ETAR. O que é que esta iniciativa significa para a marca e para o ambiente? A nossa preocupação com os princípios de sustentabilidade, quer seja a nível ambiental, sociocultural ou mesmo económico tem sido uma realidade desde o início deste projeto, há mais de duas décadas. Sobre a questões ambientais que tanto nos afetam presentemente, mormente no que se refere à disponibilidade dos recursos hídricos, e que são seguramente motivadas pelas alterações climáticas crescentes, é indiscutível que vivemos hoje um dos períodos mais complicados da nossa história. É um problema que a todos deve preocupar e que a todos deve comprometer numa solução. Uma melhor utilização da água potável disponível deve dizer respeito a todos, desde o cidadão comum, às empresas, às entidades públicas, aos Governos, às entidades internacionais. É, nesse sentido, que corroboro com o senhor Presidente da Federação Portuguesa de Golfe quando recentemente destacou que o problema da seca não é uma responsabilidade exclusiva dos campos de golfe como muitos pretendem dar a entender, por ignorância ou por maldade. Como é público, o consumo de água por parte dos campos diz respeito a uma percentagem residual do que se consome globalmente. No caso da região do Algarve, onde existem 40 campos de golfe, esse valor representa cerca de 6%, ficando muitíssimo aquém dos consumos realizados por outros setores como seja a agricultura (cerca de 60%!), ou para consumo humano, distribuído pelos municípios. A este propósito e como veio a público recentemente num jornal de tiragem nacional “A água que se perde na distribuição do Algarve daria para regar 40 campos de golfe”, ou seja, para regar a totalidade dos campos de golfe que geram 500 milhões de euros de riqueza para a região e asseguram o emprego de milhares de pessoas bastaria evitar essas perdas. Sugestão pouco especializada, mas que talvez tenha algum resultado: porque não reduzir a pressão na distribuição pública? Sobre a Água para Reutilização (ApR), com aproveitamento da água produzida pela Estação de Tratamentos de Águas Residuais, estamos neste momento a desenvolver os estudos e projetos

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necessários para que se concretize. Se nada de excepcional ocorrer, no próximo ano talvez já seja possível utilizarmos este tipo de água tratada. É, sem dúvida, uma mais-valia e estou convicto que terá bons resultados, como já acontece em dois campos de golfe na região. Esta medida vem já no seguimento de outras que tomámos no passado e que a maioria dos campos de golfe nacionais têm desenvolvido, como a rega noturna; a utilização de sistemas de gestão inteligente de rega; o aproveitamento de águas pluviais através de lagos; a instalação de estações meteorológicas; a redução de áreas regadas, por exemplo, nos fairways; a utilização de relvas mais adequadas ao território, entre muitas outras. Por todas estas componentes de resiliência e atributos comprovados, o Castro Marim Golfe & Country Club tem procurado trazer novidades a cada verão que começa. Tendo este verão o campo aberto à modalidade de Footgolf, que novidades e informações necessárias os praticantes (e os curiosos) deverão saber? Desde há vários anos que, em estreita colaboração com a Federação Portuguesa de Footgolf, temos vindo a acolher provas nacionais e internacionais desta modalidade no nosso campo de golfe. Destaco, pela sua dimensão internacional, o ETF Portugal Open 2021-FIFG 500 onde participaram mais de 320 jogadores de 21 países diferentes. Nesse sentido, de forma a promover ainda mais a modalidade, uma vez que o nosso campo é homologado pela respetiva Federação, decidimos abrir diariamente o campo aos jogadores. Esta possibilidade está disponível desde o dia 1 de junho até ao final do mês de agosto, das 14:30 às 20:00, através do pagamento de um free geral de 15€ para o público geral e 10€ para membros da FPFG. É necessário efetuar reserva com 24 de antecedência. O Castro Marim Golfe & Country Club tem, como é possível verificar, uma história de sucesso. Mas a verdade é que, esta cronologia sólida, só é possível devido ao esforço e dedicação dos colaboradores. Na qualidade de General Manager da marca, quão importantes têm sido os mesmos no crescimento do empreendimento? Como referido anteriormente, os nossos recursos humanos são o pilar da empresa. São eles que diariamente dão o seu contributo para que possamos cumprir a nossa função e garantir o sucesso e satisfação dos clientes.

Sinto-me honrado por fazer parte desta grande equipa, com muitos trabalhadores que iniciaram funções há mais de vinte anos, ou mesmo com os mais recentes que reforçam os serviços que vamos criando. Aqui todos “vestem a camisola” do Castro Marim Golfe & Country Club. De que forma o Castro Marim Golfe & Country Club tem apoiado e valorizado os seus Recursos Humanos em todas as fases da «vida» da marca? A nossa política de recursos humanos sempre teve subjacente uma aposta na qualificação dos colaboradores, valorizando-os profissionalmente, na facilitação da relação entre a vida pessoal e profissional, na retribuição justa e pontual, na proximidade de relação entre a direção e todo o pessoal, ouvindo as suas preocupações e tentando encontrar as melhores soluções, na partilha de benefícios em temos de melhores resultados, entre outras medidas. ▪

Para terminar, estando desde já na época do ano onde o turismo ganha uma nova forma, que expetativas tem para os próximos meses do Castro Marim Golfe & Country Club e que (mais) novidades nos pode confidenciar? Como anteriormente referi, os tempos que se avizinham trarão consigo novas dificuldades e novos desafios. Acredito, porém, que a vontade das pessoas viajarem, aproveitando da melhor forma possível a sua vida – uma das lições positivas que a COVID-19 nos trouxe foi demonstrar que a liberdade que temos é um dos melhores bens, e com a resiliência, capacidade de empreendedorismo e inovação das empresas e empresários, vamos voltar ao caminho que interrompemos em 2019. Talvez só ocorra daqui a um, dois ou três anos, mas o rumo será crescente, sem dúvida! Da nossa parte, continuaremos a trabalhar afincadamente para que o empreendimento seja cada vez melhor e mais atrativo. Temos alguns projetos em curso, alguns dos quais ainda não posso aprofundar por se encontrarem em fase de análise e decisão, mas que, com certeza, nos elevarão a um patamar acima. A quem nunca teve oportunidade de nos visitar, seja golfista ou não, deixo o convite: surpreenda-se com Castro Marim Golfe & Country Club!




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