r e v i s ta b r a s i l e i r a d e a d m i n i s t r a ç ã o
Ano XXII • Nº 94 • Maio/Junho de 2013
Entrevista
Adm. Lídia Vasconcellos e o desafio de inovar
Bem-estar
Pilates ajuda na busca pela melhor postura
Pessoa, o grande bem
Cooperativas mantêm foco em associados e colaboradores. Está dando certo. Tão certo que podem servir de exemplo Cidades engarrafadas
9 771517 200009
00094
Transporte público falha e paralisa o trânsito
R$ 9,90
O alto preço do caos Logística paga pela falta de infraestrutura
Recursos, ferramentas e redes de contato são serviços cada vez mais ofertados no mercado
Inovação Gestão Estudante de Administração, seu artigo acadêmico com esse tema pode ajudar na sua carreira: - �º lugar R$ �.���,�� - �º lugar R$ �.���,�� - �º lugar R$ �.���,��
Leia o edital em
www.cfa.org.br Entregue seu artigo até 16 de agosto Também serão aceitos trabalhos de autoria coletiva Informações: formacao@cfa.org.br ou pelos telefones: (61) 3218-1819 / 3218-1815 www.belmirosiqueira.org.br
na Pública
SISTEMA
CFA/CRAs
CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHOS REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO
2013
Editorial
As pessoas.
Sempre as pessoas
A ADM. SEBASTIÃO LUIZ DE MELLO Presidente do CFA
vida em sociedade exige
pre merece atenção, é a logística, um dos “calcanhares de
que sejam feitas esco-
Aquiles” brasileiros. O caos beira o absurdo e coloca em xe-
lhas e que prioridades
que o custo da produção nacional. Segundo apurou a reporta-
fiquem estabelecidas. Não há como
gem da RBA, estudo da Fundação Dom Cabral (FDC) aponta
fugir disso no dia a dia. A opção pe-
que, enquanto outros países em desenvolvimento investem,
las pessoas, a aposta feita na evolu-
em média, 7% em infraestrutura, o Brasil investe apenas
ção das relações interpessoais e na
2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado traz im-
crença de que todos podem e devem
pacto direto na competitividade e merece total atenção.
melhorar sempre se mostra cada vez mais acertada. A lição é comprovada por cooperativas brasileiras.
O sucesso do setor, que utiliza um modelo de gestão que prioriza os valores humanos e a administração transparente, é comprovado por números e estatísticas e pode servir de exemplo para empresas de diversos ramos. A filosofia cooperativista defende que o foco está na pessoa e na melhoria do relacionamento entre os indivíduos. O bom funcionamento dessa engrenagem humana faz parte de uma receita vencedora e consagrada. O modelo de gestão utilizado pelas cooperativas dá certo. A responsabilidade de cada um e a mobilização feita em grupo traz excelentes resultados. A injeção de R$ 8 bilhões em salários e benefícios na economia nacional é a prova disso. O cooperativismo brasileiro está presente nos três setores da economia, com maior participação de mercado nos ramos agropecuário, crédito e saúde. Sua importância é indiscutível e expor suas minúcias na matéria de capa da presente edição da Revista Brasileira de Administração (RBA) significa fornecer aos leitores conteúdo de interesse prático.
Em outra matéria de extremo interesse para todos que vivem em grandes centros urbanos e sofrem com congestionamentos e com a falta de opção de transporte coletivo de qualidade, a RBA explora o problema e busca indicativos de solução. Merece destaque, como sempre, desde o número 92, o conteúdo compartilhado com a HSM Management, que traz matérias completas que reforçam a ideia que nasceu no início desta breve apresentação da edição: a pessoa e as relações interpessoais devem estar em evidência. As reportagens tratam de ambientes criados para aprendizado e troca de experiências que fomentam o empreendedorismo. Para não fugir à tradição e em homenagem a todas as leitoras, a RBA traz uma entrevista com a Adm. Lídia Vasconcellos. Ela está há dois anos à frente da Secretaria Municipal Adjunta de Modernização (SMAM) de Belo Horizonte (MG) e milita na administração pública há quatro anos. Com experiência em empresas privadas e também em consultoria, vem criando e gerenciando projetos que tornam a vida do cidadão mineiro mais fácil e ágil. Um grande exemplo a ser seguido.
Seguindo na linha editorial da praticidade, um tema que não sai da pauta dos profissionais de Administração, e que sem-
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rba | revista brasileira de administração
Boa leitura!
Sumário Ano XXIII • Nº 94 • MAIO/JUNHO de 2013
BEM-ESTAR
LOGÍSTICA Foto: SECS-PA
ENTREVISTA
10
27
62
A Administradora está há dois anos à
Técnica centenária de exercícios
Os produtores rurais e as indústrias
frente da Secretaria Municipal Adjunta
físicos desenvolvida pelo alemão
brasileiras produzem cada vez
de Modernização (SMAM) de Belo
Joseph Pilates trabalha musculatura
mais, mas esbarram na falta de
Horizonte (MG) e há quatro anos na
do abdômen e do quadril e ajuda na
infraestrutura para escoar o
administração pública.
manutenção da boa postura.
resultado dos seus esforços.
Inovar sempre, meta da Adm. Lídia VasconcelLos
LEITOR | 08 CONEXÃO | 52 CONSELHO | 54
Pilates coloca corpo e mente em equilíbrio
Apagão logístico breca avanço do Brasil
ARTIGOS
30
ADM. LEANDRO VIEIRA Você já pensou em escrever artigos?
50
EDUARDO PEDREIRA Medita-ação – integrando espiritualidade e mundo corporativo
58
ADM. Rodolpho Sá Viana Figueiredo Lidando com pessoas em uma empresa
60
Joel Alencar O empreendimento de minha vida começou algum tempo atrás...
6
rba | revista brasileira de administração
revista brasileira de administração
CAPA
Foto: Assessoria Coamo
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Cooperativas mantêm foco na pessoa e priorizaM transparência Modelo de gestão adotado pelo setor cooperativista dá certo e os resultados são alcançados porque cada pessoa tem plena consciência da sua responsabilidade e o grupo está sempre mobilizado pela causa. O cooperativismo brasileiro está presente nos três setores da economia, com maior participação de mercado nos ramos agropecuário, crédito e saúde.
16
23
24
Sem opção e sem qualidade no
O mote da campanha publicitária
Sob o lema “gente especializada
serviço de transporte coletivo,
ainda está preservado na memória
em gente”, fundadora da Empreza
população abarrota ruas e avenidas
de muitos brasileiros. A palha de
ignorou período de turbulência,
de veículos, paralisando o trânsito
aço ou lã de aço da marca Bombril,
apostou e hoje tem um dos maiores
dos grandes centros urbanos
de tão famosa, passou a ceder o seu
grupos na área de recursos humanos,
brasileiros. Qual é a solução?
nome ao produto.
serviço e educação do país.
Transporte público, o drama das cidades
Os 1001 usos de uma famosa lã de aço
Uma gigante no segmento de RH
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Nasce uma nova indústria mundial Nesta edição a HSM Management mostra que o movimento do mercado de trabalho está propiciando o surgimento de um novo setor. O número de profissionais e organizações que fornecem recursos, ferramentas e redes de contato para empreendedores é cada vez maior ao redor do mundo.
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
7
LEITOR
As mensagens para a RBA podem ser enviadas para SAUS, Quadra 1, Bloco L, Edifício Conselho Federal de Administração, Brasília/DF, CEP 70070-932 para o e-mail: rba@cfa.org.br.
Excelente matéria de capa da edição 93 da RBA sobre Parceria Público-Privada – oportunidades que não podemos perder para o desenvolvimento do nosso país.” Ozéas Alves Gostaria de agradecer à RBA, representada por seu Conselho
Na oportunidade destaco 3
Editorial e de Publicações,
reportagens que me chamaram
pela atenção e pelo espaço
a atenção na edição nº 93 - sobre
disponibilizado ao artigo que
a Copa do Mundo 2014 abrindo
escrevi – “Desafios para a Gestão
oportunidades e as PPPs,
Pública na segunda década do
reportagens estas em momentos
século XXI”.
oportunos, tendo em vista a
Sinto-me honrado e privilegiado
proximidade deste evento e a
em participar da história desta
necessidade de melhorias em
revista. Ela é indispensável para
muitos setores no Brasil; por
o fomento das ações em busca
último saliento o artigo “Você é um
do crescimento intelectual e
profissional lebre ou tartaruga?”.
produtivo da nossa linda nação
Muito interessante caiu como uma
brasileira. Obrigado!
luva, até repassei para meus colegas
Adm. Luís Fernando da Costa Júnior Parabenizo a Adm. Grasi
de trabalho. Adm. Alan Fabrício de Souza
Oliveira pelo excelente artigo
Parabenizo pela parceria com
sobre feedback. Gostei muito da
a HSM. Conteúdo de excelente
definição para o termo: meio de
qualidade para o nosso
criticar sem machucar.
desenvolvimento profissional.
Adm. Bruno Gomes
Laura Mesquita
Gostei muito da reportagem sobre a Pomada Minancora. Muito interessante, parabenizo pela iniciativa. É sempre bom ter conhecimento da história dessas marcas que estão no mercado até hoje. Adm. Graciney Maria Castro de Oliveira
Carvalho Pinto Elogio referente à edição 92. Eu recebi a revista e gostei bastante! Obrigada! Agora estou aguardando a próxima. Marliane Rodrigues
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rba | revista brasileira de administração
Gostaria de parabenizar pela edição 92 da revista. Minha opinião é que o design está mais moderno e também os artigos e matérias foram muito bem escolhidos e desenvolvidos. Em especial gostei da parceria com a HSM, pois agrega valor à RBA. Adm. Roberto Trevizan
EXPEDIENTE
A edição 93 mais uma vez me
A maioria dos empregadores poderia
surpreendeu pela qualidade das
ler a matéria “Não basta empregar”,
matérias. A RBA está de parabéns.
que foi publicada na RBA 93.
Maria Eduarda Costa
Concordo plenamente com o que
Venho através do presente comunicar ao recebimento da revista referente o bimestre janeiro e Fevereiro de 2013. Agradeço pela atenção. A revista está com conteúdo ótimo e nova parceria com a HSM.
foi dito: “Os Administradores de empresas precisam fazer muito mais do que valorizar o funcionário. É necessário despertar neles sentimentos de pertencimento e de respeito pela organização. José Ricardo da Silva
Adm. Ronaldo JosÉ dos Santos
Acabei de ler a edição 93 da RBA e, mais uma vez, parabéns! Está melhor a cada edição! Continuem com esse projeto maravilhoso! O artigo do nosso companheiro Adm. Leandro Vieira, “Você é um profissional lebre ou tartaruga?” ficou excelente. Parabéns a toda a equipe da RBA! Cícero Júnior
@cfa_adm A #RBA trouxe uma excelente reportagem sobre escritórios virtuais. Eficiência e comodidade em nosso cotidiano. Parabéns! @alexfiorinb
Estou lendo a edição de nº 92 e gostaria de mencionar minha opinião sobre a matéria “O Administrador e o exercício do poder”. Conheço um Administrador exatamente como vocês descrevem na matéria, por isso concordo totalmente quando o escritor diz que eles estão mais próximos do que nós imaginamos. Esse Administrador, cujo nome é Sr. Nelson Bertazi, trouxe a revista para eu ler, pois ele, como Administrador, passa os seus conhecimentos e com certeza marcou diversas equipes e marcará a equipe com quem lida hoje. Lendo esta matéria, resolvi escrever, pois tudo o que estou lendo se encaixa com ele, até parece que vocês estão falando dele. Se esta minha opinião for publicada, gostaria de deixar os meus agradecimentos ao Sr. Nelson pelo aprendizado e apoio, pois com Administradores como ele nossa juventude com certeza aprenderá mais e irá longe nas administrações do nosso país, fazendo dele melhor a cada dia e pensando sempre em todos!
Dejane Souza
Editor | Conselho Federal de Administração Presidente | Adm. Sebastião Luiz de Mello Vice-Presidente | Adm. Sergio Pereira Lobo CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2013/2014 Adm. João Coelho da Silva Neto (AC) • Adm. Armando Lobo Pereira Gomes (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. Nelson Aniceto Fonseca Rodrigues (AM) • Adm. Ramiro Lubián Carbalhal (BA) • Adm. Francisco Rogério Cristino (CE) • Adm. Rui Ribeiro de Araújo (DF) • Adm. Hércules da Silva Falcão (ES) • Adm. Dionízio Rodrigues Neves (GO) • Adm. José Samuel de Miranda Melo Júnior (MA) • Adm. Alaércio Soares Martins (MT) • Adm. Sebastião Luiz de Mello (MS) • Adm. Gilmar Camargo de Almeida (MG) • Adm. Aldemira Assis Drago (PA) • Adm. Lúcio Flávio Costa (PB) • Adm. Sergio Pereira Lobo (PR) • Adm. Joel Cavalcanti Costa (PE) • Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha (PI) • Adm. Rui Otávio Bernardes de Andrade (RJ) • Adm. Ione Macedo de Medeiro Salem (RN) • Adm. Valter Luiz de Lemos (RS) • Adm. Paulo César de Pereira Durand (RO) • Adm. Carlos Augusto Matos de Carvalho (RR) • Adm. José Sebastião Nunes (SC) • Adm. Silvio Pires de Paula (SP) • Adm. Adelmo Santos Porto (SE) • Adm. Renato Jayme da Silva (TO) CONSELHO EDITORIAL Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho CONSELHO DE PUBLICAÇÕES Adm. João Coelho da Silva Neto • Adm. Gilmar Camargo de Almeida • Adm. José Sebastião Nunes • Adm. Renato Jayme da Silva • Adm. Francisco Rogério Cristino COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS EDITORIAL E DE PUBLICAÇÕES Adm. Adelmo Santos Porto PRODUÇÃO Coordenação Editorial: Straub Design • Diretor Executivo: Adm. Wilgor Caravanti • Editor– Chefe: Francisco José Z. Assis • Diretor de Arte: Ericson Straub • Redação: Caroline Esser, Cinthia Zanotto, Mara Andrich, Nájia Furlan e Raquel Bocato • Revisão: Mônica Ludvich • Diagramação: Indianara Barros e Sacha Bezrutchka • Colaboradores: Cícero Nogueira, Cristina Teresa Santos e Marina Lourenção • Impressão: Plural Indústria Gráfica • Tiragem: 118 mil exemplares REPRESENTAÇÃO COMERCIAL Conecta Marketing Direto (Wladimir Reis) Tel.: (11) 4208-2883 E-mail: publicidade@cfa.org.br ASSINATURAS E-mail: rba@cfa.org.br Portal: www.rbaonline.org.br Telefone: (61) 3218-1818 Fax: (61) 3218-1833 A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade da Câmara de Desenvolvimento Institucional, Conselheiros: Adm. Adelmo Porto, Adm. Dionizio Neves e Adm. Carlos Augusto, e da coordenadora técnica RP Renata Costa Ferreira. As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA. A RBA é certificada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) como de circulação controlada de conteúdo dirigido
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
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ENTREVISTA POR_Mara Andrich
Modernizar
nunca é demais A secretária adjunta de Modernização de Belo Horizonte, Adm. Lídia VasconcelLos, tem um desafio todos os dias: inovar
H
á dois anos à frente da Secretaria Municipal Adjunta
Revista Brasileira de Administração (RBA):
de Modernização (SMAM) de Belo Horizonte (MG),
Qual o papel da SMAM?
a Adm. Lídia Vasconcellos está na administração
pública há quatro anos. Mas, com sua experiência em empresas privadas e também em consultoria, vem criando e gerenciando projetos que tornam a vida do cidadão mineiro mais fácil e ágil – aliás, esse é um dos principais objetivos da SMAM. A SMAM foi criada em 2011 pela Lei nº 10.101 e regulamentada pelo Decreto nº 14.281. A atribuição da secretaria é plane-
10
Lídia Vasconcellos (LV): O papel da secretaria se resume a propor e implementar ações e projetos para melhorar e ampliar o atendimento ao cidadão e a prestação de serviços públicos, considerando os canais presencial, telefônico e internet, buscando a democratização do acesso às informações e aos serviços; propor e implementar ações e projetos voltados para a modernização da Administração, atuando
jar, coordenar e implementar projetos e ações de organização
nos processos de trabalho e atendendo ao caráter dinâmi-
e modernização administrativa, melhoria no atendimento
co das demandas internas da Prefeitura de Belo Horizonte;
ao cidadão e gestão da informação no âmbito da Prefeitura
propor e implementar ações relacionadas à gestão da infor-
Municipal de Belo Horizonte (PBH). É uma secretaria adjunta
mação para subsidiar os gestores públicos com dados e in-
da Secretaria de Governo. Lídia Vasconcellos conversou com a
formações que objetivam auxiliar o atendimento ao usuário
Revista Brasileira de Administração (RBA) e contou sobre sua
e a tomada de decisões gerenciais, com intuito de aumen-
experiência profissional.
tar continuamente a transparência nas ações do governo.
rba | revista brasileira de administração
Fotos: Carlos Avelin/Departamento de Fotografia da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Belo Horizonte
LÍDIA VASCONCELLOS,
secretária municipal adjunta de modernização de Belo Horizonte (SMAM)
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11
Fotos: Isabel Baldoni
Entrevista a consequência é que o cidadão pode não receber informações, receber informações incorretas ou mesmo perceber que sua demanda sequer foi ou será atendida. Nesse sentido, o foco principal da secretaria é facilitar o contato dos cidadãos com a Prefeitura e dar a transparência necessária a esse relacionamento. Estamos ampliando a quantidade de serviços disponíveis à população nos nossos canais de atendimento (presencial, telefônico e via internet). Em breve disponibilizaremos também mais uma forma de contato via dispositivo móvel (celular). RBA: Existe algum projeto que a senhora gostaria de destacar? LV: Um projeto que merece destaque é a nossa unidade de atendimento preDestaca-se que a secretaria atua em parceria com os demais órgãos da Prefeitura, além de articular-se, permanentemente, com entidades e empresas públicas e privadas em busca de melhores práticas de modernização do serviço público e melhora do atendimento ao cidadão. RBA: Como a secretaria atua no âmbito municipal? A estrutura da Secretaria da capital mineira está preparada para fornecer atendimento de qualidade à população
LV: A secretaria tem atuado na modernização dos processos de trabalho com o intuito de racionalizar e desbu-
12
rba | revista brasileira de administração
sencial, que concentra, em um mesmo espaço físico, mais de 800 serviços públicos, seguindo um padrão e os princípios de qualidade de atendimento com conforto, comodidade e facilidade. Desde a inauguração, em 2010, a Central “BH Resolve” tem mantido índices de satisfação acima de 97%. RBA: Qual a importância de uma secretaria de modernização para uma cidade? Em muitas cidades não há uma secretaria nesses moldes. A senhora acredita que todas as cidades deveriam ter uma se-
rocratizar a forma como as atividades
cretaria com esses objetivos?
são executadas. É importante destacar
LV: Em Belo Horizonte, a importância
que as áreas consideradas meio, ape-
da Secretaria de Modernização está
sar de não se mostrarem ao público,
no fato de ela ser um órgão imparcial
são responsáveis diretamente pelo
e com livre acesso a toda a estrutu-
produto final. Explicando melhor: se
ra da Prefeitura. Podemos atuar, e
um processo de trabalho necessário
atuamos, nos mais diversos projetos,
para que uma demanda seja atendida
sem corrermos o risco de estar come-
não estiver organizado, racionalizado
tendo ingerências. É uma secretaria
e sendo executado de forma eficiente,
transversal, que tem como premissa
visualizar de forma ampla e total os grandes processos e projetos da organização. Considero importante que todas as cidades atribuíssem a um órgão a função de analisar e otimizar processos e a estrutura administrativa. O que acontece é que na maioria das vezes esse papel é atribuído a consultorias externas. Não que isso seja um problema. O problema reside no fato de faltar nessas cidades uma secretaria ou gerência
O gestor público tem um compromisso diário com a população. No meu caso, o registro de demandas de vários serviços públicos está a cargo da Secretaria de Modernização. Registramos diariamente mais de 10 mil contatos da população com a Prefeitura”
com profissionais que sejam os intermediadores desses projetos de consul-
Plano de Desburocratização. Em julho
toria organizacional, que tenham co-
de 2011, assumi o cargo de secretária
nhecimento suficiente para discutir as
adjunta. Ser secretária, independen-
propostas e encontrar as melhores soluções. Por exemplo, nem sempre a sugestão para a aquisição pura e simples de uma ferramenta de TI (software) é a solução para um problema de processo. É preciso avaliar a viabilidade da aquisição em relação aos resultados esperados. Algumas vezes, o mesmo resultado poderá ser obtido simplesmente por meio de uma mudança na forma de executar a atividade. RBA: Quais os prejuízos para as prefeituras que não têm um órgão nesses moldes? LV: A falta de um órgão com essa competência é responsável, na maioria das vezes, pelo “engavetamento” dos projetos de consultoria organizacional. Nesse caso, apenas perde-se tempo e dinheiro, além de causar grande desmotivação nas equipes internas. RBA: Estar na pasta é uma atividade desafiadora?
temente da pasta, é um cargo muito desafiador. O gestor público tem um compromisso diário com a população. No meu caso, o registro de demandas de vários serviços públicos está a cargo da Secretaria de Modernização. Registramos diariamente mais de 10 mil contatos da população com a Prefeitura, seja presencialmente, por telefone ou via internet. É uma responsabilidade muito grande garantir que todos esses contatos sejam endereçados às unidades de execução e devidamente respondidos. RBA: Em relação ao fato da senhora ser uma mulher, existe alguma dificuldade? Imagino que esse tipo de cargo seja ocupado, em maior número, por homens. LV: Nunca encontrei nenhuma dificuldade em exercer cargos pelo fato de ser mulher. Tive sorte, também, de sempre trabalhar em empresas cujos dirigentes não carregavam esse tipo de pre-
LV: Iniciei na Prefeitura de Belo
conceito. O prefeito Márcio Lacerda
Horizonte
da
valoriza o profissional pela competên-
Secretaria de Governo em janeiro de
cia técnica, e não por outros critérios.
2009 e ocupei, na mesma secretaria,
Ter sido convidada para ocupar essa
o cargo de gerente de Coordenação do
pasta, então, foi uma grande honra.
como
assessora
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
13
Entrevista Realmente, ainda há mais homens do
conhecer as necessidades e preferên-
que mulheres ocupando altos cargos na
cias coletivas, de grupos específicos e
administração pública, em todas as es-
do cidadão em particular.
feras de governo. Entretanto, essa é uma realidade que já demonstra sinais de mudança. Na Prefeitura de BH, no Governo de Minas e também no Governo Federal nota-se uma boa representatividade do sexo feminino no primeiro e no segundo escalão do governo. RBA: O que a senhora considera, hoje, de mais moderno em uma cidade? Algo na área de meio ambiente? Na questão social? Enfim, o que de mais moderno pode ser proposto por uma Secretaria de Modernização?
RBA: Quais os problemas mais sérios que uma grande cidade como Belo Horizonte, por exemplo, enfrenta? LV: Como em qualquer grande cidade, os problemas (não necessariamente os mais sérios) que causam grande transtorno à população têm relação com o excesso de veículos nas ruas. Esse fato causa grande incômodo aos munícipes pelos congestionamentos diários. Perde-se muito tempo no trânsito. Como problemas sérios, eu poderia citar a desigualdade social, que coloca muitos moradores à margem da sociedade
LV: Acredito que não há nada mais
e que por isso acabam se enveredando
moderno do que prestar um atendi-
para o mundo das drogas e da margina-
mento de alta qualidade aos cidadãos.
lidade. Esse é um problema grave e de
Isso quer dizer que todas as políticas
grande complexidade, que exigirá muito
públicas devem ser direcionadas para
esforço de todas as esferas de governo e
melhorar a vida das pessoas nas cida-
da sociedade para ser combatido.
des onde moram. Trabalhar as questões de segurança, transporte público, saúde, educação etc., deve ser um ato contínuo. A vida na cidade é dinâmica e requer sempre soluções práticas e rápidas para resolver problemas inerentes aos grandes aglomerados urbanos. A Secretaria de Modernização deve participar dos projetos dos diversos órgãos da Prefeitura visando apoiá-los na busca ou no desenvolvimento de solu-
RBA: Quais projetos futuros ainda não foram implementados em BH, mas que gostaria de nos relatar? LV: Há muitos projetos em andamento e para serem executados. Todos podem ser consultados no site “BH Metas e Resultados”, no portal www.pbh.gov.br.
Lídia Maria Otoni Formada em Administração
ções inovadoras para resolver ou reduzir os problemas. O que de mais moderno pode ser proposto é a implantação
Pós-graduada em Administração Estratégica de Sistemas de Informação
de um sistema de gestão de relacionamento com o cidadão, cuja estratégia de gestão é destinada a criar e manter
Secretária Municipal Adjunta de Modernização (SMAM) de Belo Horizonte (MG)
relações profícuas e duradouras com o público. Em síntese, a construção do relacionamento entre a administração pública e o cidadão permite ao gestor
14
rba | revista brasileira de administração
Registrada no Conselho Regional de Administração de Minas Gerais (CRA-MG) sob número 01-017538/D-MG
SE VOCÊ NÃO TEM IDEIA DA USABILIDADE DESTE SÍMBOLO, ESTÁ NA HORA DE TROCAR DE AGÊNCIA WEB.
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TRANSPORTE POR_Mara Andrich
(I) Mobilidade
Urbana?
Cada vez mais, as grandes cidades “param” por conta do excesso de veículos nas ruas. Mas, afinal, qual é a solução para esse verdadeiro caos no trânsito? Como está a situação do transporte público?
U
m dos problemas mais comuns nas grandes cida-
o fato de que cada vez um número menor de pessoas utiliza
des são os congestionamentos. E isso afeta não só
o transporte público nas grandes cidades – o contrário do
quem utiliza carros de passeio para o transporte,
que o senso comum deduz, já que os ônibus e metrôs estão
mas também quem precisa do transporte público, principal-
sempre lotados. Aliás, já não é novidade que essa é uma das
mente naquelas cidades em que não há vias exclusivas para
principais queixas dos usuários do transporte público, se-
os ônibus ou não existe o serviço de metrôs. E quando se fala
gundo o professor. “E os ônibus são lotados porque as em-
em congestionamentos, os especialistas logo afirmam que
presas estão diminuindo gradativamente as suas frotas. Isso
uma série de fatores, juntos, é que levam a essa situação que
acarreta cada vez menos passageiros e, consequentemente,
praticamente “para” algumas cidades: entre os principais
queda de arrecadação. E arrecadação menor acarreta baixo
estão o acesso fácil ao crédito para compra de veículos, a
investimento”, conclui o especialista.
falta (ou a ineficácia) de planejamento urbano e a baixa qualidade do transporte público.
16
Sendo assim, um dos fatores que poderia levar à melhoria dos serviços de transporte público é, segundo Ratton,
Mas se um dos fatores que influenciam na mobilidade urbana
a autossustentação, o subsídio – o que não ocorre hoje na
é a baixa qualidade do transporte público – já que se o serviço
maioria das cidades, de acordo com sua análise. “O modelo
fosse eficiente e agradável mais pessoas o utilizariam e dei-
que vemos hoje é difícil de se sustentar. Precisamos de um
xariam os veículos de passeio em casa –, fica a impressão de
sistema que se autopague”, afirma. Se o sistema é autossus-
que os governos não investem nesse quesito. Ou, se investem,
tentável terá condições de ofertar veículos mais seguros e
o fazem de maneira equivocada. O professor da Universidade
confortáveis aos usuários, que hoje colocam no papel o cus-
Federal do Paraná (UFPR), especialista em Transporte e
to-benefício e chegam à conclusão de que é melhor ir traba-
Mobilidade Urbana, Eduardo Ratton, chama a atenção para
lhar de carro do que de ônibus.
rba | revista brasileira de administração
Fotos: Shutterstock
Subsídios e desonerações Em Curitiba, capital do Paraná – primeira cidade que implantou o sistema dos corredores exclusivos de ônibus –, o subsídio foi motivo de discussão recente entre o prefeito da cidade, Gustavo Fruet, e o governador do Estado, Beto Richa. Se o subsídio não fosse mantido ou ampliado, os usuários do sistema integrado de transporte, que pagam uma passagem e conseguem utilizar vários ônibus por meio de integrações em terminais, poderiam não contar mais com essa vantagem e pagar mais de uma passagem no dia. Assim, no mês de maio, após muita discussão entre as partes, o Governo do Estado anunciou a ampliação do subsídio ao transporte público de Curitiba e Região Metropolitana para garantir essa integração. O subsídio é de R$ 76,6 milhões ao ano. Em Curitiba, o valor da passagem é de R$ 2,85. Em Fortaleza, no estado do Ceará, a desoneração de tributos foi decisiva para que alguns projetos na área urbana saíssem do papel, além do PAC da Copa, que também contribuiu para as obras. Atualmente, cinco corredores exclusivos para ônibus estão sendo feitos na cidade, além de quatro terminais que estão passando por reforma. Dois dos cinco corredores fazem parte do PAC da Copa. Segundo o diretor técnico da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza, Antônio Ferreira, dois deles devem ficar prontos no ano que vem e um em 2014. Ele explica ainda que serão utilizados novos ônibus nos corredores, com capacidade para 160 passageiros – os atuais levam 80 pessoas. “Todos nós sabemos que o transporte público é mais econômico.
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Foto: Maurilio Cheli/SMCS
tam, em relação ao transporte coletivo, decorrem da necessidade de se garantir uma mobilidade urbana sustentável, envolvendo distintas possibilidades, meios e facilidades para o deslocamento de pessoas e cargas na cidade. “As exigências de viagens mais rápidas, associadas à demanda por serviços de qualidade, constituem hoje uma unanimidade entre os usuários do transporte coletivo”, diz. Ele conta que, em Belo Horizonte, busca-se oferecer, com Curitiba possui há muitos anos um sistema de transporte público integrado com os municípios da Região Metropolitana
Os ônibus são lotados porque cada vez mais as empresas diminuem suas frotas. Isso acarreta cada vez menos passageiros e, consequentemente, em menos arrecadação. E menos arrecadação acarreta menos investimentos” Eduardo Ratton
Mas não adianta termos um veículo articulado e o colocarmos para trafegar junto com os outros veículos. Hoje, eles ainda disputam espaços com os automóveis”, observa. Segundo Ferreira, os tributos que oneravam o transporte público foram reduzidos consideravelmente, como o ICMS sobre o óleo diesel, a taxa de gerenciamento, o PIS e a Cofins, o que permitiu, inclusive, que se mantivesse a tarifa na cidade, que hoje é de R$ 2,20 (aos domingos é de R$ 1,60). “O transporte público não deveria ser onerado por impostos. Também cabe ao Governo Federal fazer a parte dele. Com a redução dos tributos pretendemos atrair mais usuários para o transporte público e proporcionar-lhes uma viagem mais rápida e de mais qualidade. Não adianta somente incentivar a utilização do transporte público, é preciso melhorar a qualidade. Em seminários e encontros vemos as pessoas reclamando do assunto, mas vemos pouca ação dos gestores”, salienta.
18
rba | revista brasileira de administração
soluções integradas e inteligentes, sistemas de transportes que efetivamente garantam essas exigências, aliando tudo isso às soluções técnicas mais contemporâneas, à participação das comunidades no planejamento e à implantação dos projetos de transporte. “Essa é uma importante característica de nossa proposta de governo, e que produz soluções mais assertivas e que realmente atendam ao direito de ir e vir dos cidadãos de Belo Horizonte”, afirma. Ele conta que na capital mineira o metrô será expandido para outras regiões da cidade, complementando com a entrada em operação dos novos projetos de sistemas integrados e a expansão dos serviços suplementares, a criação de novos atendimentos em vilas e aglomerados e os novos serviços executivos de ônibus convencional. “Esses ônibus irão ampliar e diversificar a oferta de transporte urbano e atender às diferentes necessidades dos cidadãos de Belo Horizonte. Ele conta ainda que serão implantados novos mecanismos eletrônicos de controle e fiscalização da qualidade dos serviços.
Na opinião do diretor de Planejamento
“Mas para isso existe uma metodolo-
da BHTRANS, em Belo Horizonte
gia de planejamento das ações com
(MG), Célio Freitas Bouzada, os pro-
metas e resultados e com acompanha-
blemas que as grandes cidade enfren-
mento sistemático”, afirma.
Nova lei de mobilidade urbana O urbanista Nazareno Affonso, co-
prevê que os governos deem priori-
o maior destaque são as ciclovias in-
ordenador nacional do Movimento
dade aos modos de transporte não
tegradas ao sistema de transporte
Nacional pelo Direito ao Transporte
motorizados (a pé e bicicleta), em se-
público e estes aos serviços sociais;
Público de Qualidade para Todos
gundo lugar, ao transporte público e,
Joinville (SC), que segundo Affonso
(MDT), lembra que dados da ANTP
por último, ao espaço de 30% para os
tem um trabalho significativo na
mostram que a divisão modal nas
automóveis. “Assim, as vias deverão
implantação de ciclofaixas; Rio de
grandes cidades é de 30% para trans-
ser democratizadas, com as pesso-
Janeiro (RJ), que também se destaca
portes públicos; 30% para o transporte
as tendo seus deslocamentos fora do
com as ciclofaixas – inclusive com
individual, incluindo as motos e au-
congestionamento dos carros”, afirma.
as bicicletas públicas; e, por fim, São
tomóveis; e os outros 40% são para os
“Com a lei, os ônibus irão ocupar cada
Paulo (SP), que tem um completo sis-
modos não motorizados (bicicletas e
vez mais faixas das vias hoje de domí-
tema metroviário, o corredor exclusi-
deslocamentos a pé). “Logo, no Brasil
nio dos automóveis e as calçadas serão
vo de ônibus que faz trajetos até Santo
utilizamos bem mais o transporte pú-
alargadas, eliminando os estaciona-
André, São Bernardo e Diadema.
blico que na Europa (lá a média é de
mentos nas vias públicas. Tudo isso
20% utilizando transportes públicos,
não é utopia, mas lei”, afirma Affonso.
e 80%, automóveis nas viagens mo-
Para ele, uma das cidades que não vêm se destacando no transporte
Affonso chama a atenção para a cidade
público nacional é Salvador, no esta-
de Curitiba (PR), que foi a primeira a
do da Bahia. “Hoje é a terceira cidade
implementar corredores exclusivos
em congestionamentos, está há 38
de ônibus, com veículos articulados;
anos discutindo sistemas metrofer-
Porto Alegre (RS), que também se
roviários e há 13 anos implantando 6
destaca pelos corredores implantados
quilômetros. Perdeu a oportunidade
nos anos 1980 e pelos consórcios de
de implantar, com recursos do PAC
serviço de transporte convencional e
Copa, um sistema de BRT (Bus Rapid
transporte especial com micro-ônibus;
Transport), que são corredores ex-
Belo Horizonte (MG), que, segundo
clusivos de ônibus biarticulados de
ele, está conseguindo utilizar os re-
grande capacidade, com informação
cursos do PAC da Copa, inclusive com
aos usuários e confiabilidade de ho-
a qualificação de calçadas e ciclovias;
rários”, critica. Ele também destaca
Affonso lembra também que a nova lei
Sorocaba (SP), que implementou um
os congestionamentos de São Paulo e
de mobilidade urbana (lei 12.587/13)
sistema de mobilidade urbana no qual
os metrôs lotados.
torizadas)”, comenta. E ele concorda que a quantidade de veículos de passeio é um dos grandes problemas nas grandes cidades hoje. “A política de incentivo à compra e utilização praticamente exclusiva das vias (mais de 90%) pelos automóveis levou a uma congestão geral na grande maioria das cidades brasileiras e não há recursos públicos suficientes para abrigar esse aumento de frota que só tende a piorar os congestionamentos”, critica.
divisão modal nas grandes cidades
30%
Transporte público
30%
Transporte individual
40%
Modos não motorizados MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
19
NOVOS NEGÓCIOS
Fotos: Shutterstock
POR_ Raquel Bocato
Alimentação
exige planejamento Copa do Mundo de 2014 pode representar uma boa oportunidade para o setor. mas atenção: o bom negócio deve ser estudado não só para o mês do evento esportivo. O plano deve considerar prazos de cinco a dez anos
R
odízio, à la carte ou por quilo? Comida brasileira, regional ou petiscos? Qual será o di-
ferencial em relação à concorrência? Quais serão as estratégias de manutenção de fluxo de pessoas durante o ano? As questões para quem quer abrir um bar ou restaurante para aproveitar a movimentação de turistas durante a Copa do Mundo 2014 são muitas. Mas ainda há tempo de responder a todas elas e abrir um empreendimento. “Um ano é suficiente para fazer uma avaliação e elaborar um plano de negócio. A principal pergunta que o empreendedor
20
rba | revista brasileira de administração
deve se fazer antes de embarcar nessa
Ainda há espaço para empreendedorismo. Muitas empresas ainda não se viram dentro do contexto de Copa do Mundo, que, na verdade, tem oportunidade para todos” ADM. TIAGO LACERDA
jornada é como dar vida útil ao negócio para transcender os limites do evento esportivo”, destaca o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar), Cláudio Felisoni de Angelo. Esses torneios movimentam muitas pessoas e geram grandes oportunidades, mas nenhuma empresa é viabilizada unicamente em decorrência deles, segundo ele. “Não é para mudar o time todo, mas adaptá-lo para aquela partida”, compara. Por isso, uma avaliação adequada deve levar em consideração os próximos cinco a dez anos, com estimativas para retorno de investimento e estratégia de marketing do estabelecimento, entre outros tópicos. E, por mais que a boa comida seja um dos determinantes do sucesso, ela deve ser apenas um dos fatores em pauta. Conforto e atendimento contam muito. Preço também entrou para a ordem do dia. Basta ver a proliferação de iniciativas como o BoicotaSP, site com reclamação de consumidores sobre valores cobrados em empreendimentos como bares e restaurantes. Escolheu um ponto para montar o negócio? Tem um bom fluxo de pessoas? Está em um lugar com boa mo-
vistoria para avaliar as condições de
São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba,
segurança do ponto. Já a autorização
Porto
da Vigilância Sanitária leva em con-
Salvador, Recife e Fortaleza) não têm
sideração pontos como o manuseio
se preparado para receber o evento –
de alimentos, a estocagem e as condi-
e duas das principais falhas, segundo
ções de higiene do estabelecimento.
eles próprios, está no time.
Se o intuito é potencializar os lucros
Dos 1.276 empresários dos setores de
com a Copa, o empresário deve ter em
comércio e serviços entrevistados,
mãos também um plano de treinamen-
46% querem fazer planejamento di-
to de mão de obra e de marketing para
ferente para a Copa: treinamento da
o evento. Há demandas simples, que podem ser feitas rapidamente, como a adaptação do cardápio e do site do bar
Alegre,
Cuiabá,
Brasília,
equipe (53%), contratação de mais funcionários para atender à demanda (43%) e o aumento da variedade de
ou restaurante para a língua inglesa e/
produtos (38%).
ou espanhola. Mas só isso não basta.
Para o presidente do Ibevar, é funda-
Quem já está na ativa para a Copa
mental que os funcionários consigam atender aos clientes em pelo menos
vimentação no pós-evento? Atende
das Confederações, que será reali-
a seu público-alvo? Se a resposta foi
zada em junho deste ano, no Brasil,
sim, chega a hora de conseguir as au-
sabe a importância da equipe. Em
torizações para funcionamento – e
pesquisa encomendada pelo Serviço
não são poucas. Para conseguir abrir
de Proteção ao Crédito (SPC) e pela
a casa, é preciso estar atento à lei de
Confederação Nacional de Dirigentes
zoneamento do município, que deter-
Lojistas (CNDL), divulgada em abril
mina quais áreas são comerciais. O
deste ano, 59% dos comerciantes
“Ainda há espaço para empreendedo-
Corpo de Bombeiros deve fazer uma
das cidades-sede (Rio de Janeiro,
rismo. Muitas empresas ainda não se
um idioma estrangeiro. Para treinar a equipe, vale contratar consultoria ou pagar curso para os atendentes, mas, segundo ele, o empreendedor pode abraçar mais essa causa e ensinar algumas frases muito usadas no dia a dia.
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
21
Fotos: Shutterstock
Novos Negócios
viram dentro do contexto de Copa do Mundo, que, na verdade, tem oportunidade para todos”, considera o Adm. Tiago Lacerda, da Secretaria Extraordinária para a Copa do Mundo de Minas Gerais (Secopa). Segundo ele, “criatividade e foco em detalhes regionais podem fazer a diferença nesta reta final”.
Bares, restaurantes e similares estão autorizados a passar os jogos da Copa do Mundo 2014 sem ter de pagar à Fifa pela exibição. A maior entidade do futebol, no entanto, definiu critérios para que os estabelecimentos possam transmitir a competição. Na categoria não comercial, de empreendimentos com capacidade para
Lacerda conta que o estado mineiro,
até 5.000 pessoas, é proibida a comercialização de ingresso, as promoções
em conjunto com a prefeitura da ca-
comerciais ou os sorteios de brindes, por exemplo. Não é necessária auto-
pital, montou um planejamento es-
rização prévia.
tratégico assim que soube que Belo
Quem espera receber mais de 5 mil pessoas entra na categoria não comer-
Horizonte seria cidade-sede da Copa
cial especial. Para esses empreendimentos, valem as mesmas regras e é pre-
do Mundo. “O Mineirão agora é uma
ciso obter licença após registro no www.exibicaopublicafifa.com.br. Esses
arena multiuso capaz de receber shows
negócios também estão isentos de taxa.
internacionais. Foi palco do show do
Pagarão à Fifa apenas os eventos de exibição pública comercial – que têm
Elton John e recebeu no início de maio,
patrocínio, cobrança de ingresso, promoção ou qualquer tipo de explora-
o show do britânico Paul McCartney.
ção comercial. Os valores vão de R$ 2.000 a R$ 28 mil, de acordo com a
Isso desencadeia benefícios para a ci-
expectativa de público.
dade inteira, porque quem vem para o show ocupa hotéis, restaurantes, visita pontos turísticos.
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Exibição
rba | revista brasileira de administração
POR_FRANCISCO JOsÉ z. ASSIS
1001 utilidades A história
O nome
Em 1948, em troca de uma dívida, o
O nome da empresa e da lã de aço que
fundador da empresa, Roberto Sampaio
inaugurou o empreendimento, que
Ferreira, recebeu uma máquina de
hoje conta longa lista de produtos
extração de esponjas de lã de aço. O
voltados para o segmento de higiene e
produto não se tratava de novidade,
limpeza, surgiu da junção do adjetivo
porém, era importado e caro. Portanto, pouco acessível para as donas de casa da época, que ainda cozinhavam em panelas de ferro, mas já vivenciavam a transição para as de alumínio. Apesar de terem desenhos modernos, serem mais leves e rápidos de aquecer, os novos utensílios eram igualmente difíceis de limpar. O mercado pedia algo que facilitasse a limpeza e desse brilho. Foi então que, em 14 de janeiro daquele ano, Ferreira se organizou e começou a fabricar a palha de aço mais famosa do Brasil. Fundou em São Paulo, no Brooklin, a empresa Abrasivos Bombril, atendeu a um sonho feminino do final da década de 1940 e causou uma verdadeira
ganhou corpo com a incorporação de
“BOM” com o substantivo masculino “BRILHO”.
Hoje,
a
outras empresas, ampliando sua gama de produtos. Em 1976, a linha de produção saiu do Brooklin e foi para modernas instalações na cidade de São Bernardo do Campo, unidade que existe até hoje e é considerada a grande casa da empresa.
ferramenta
preferida por quem tem que limpar e lustrar panelas no Brasil ainda é o principal produto da empresa, que responde por 38% de seu faturamento.
Nova apresentação Desde o início de sua comercialização, a lã de aço Bombril ganhou destaque por sua qualidade. Como os demais produtos do gênero, era vendido solto, ou seja, sem nenhum tipo de embalagem ou identificação que o diferenciasse visualmente dos demais. E, mesmo
Sucesso na TV Em 1978, a ideia de apostar num “garoto-propaganda”
transformou
a Bombril em referência na área de marketing e a marca ganhou enorme visibilidade. A simpatia e os bons textos interpretados pelo ator Carlos Moreno ganharam os brasileiros. O personagem se associou ao produto e as vendas estouraram. A época ficou marcada também por nova expansão da linha de produtos, que foi seguida nos anos posteriores. A marca introduziu
assim, era o mais escolhido na hora da
no mercado o detergente líquido,
compra. O sucesso nas vendas e a maior
desinfetante, amaciante, esponjas de
atenção dos concorrentes fizeram a
lã de aço com sabão, palhas de aço,
revolução, pois, além de polir panelas,
empresa adotar um selo vermelho para
sabão em barra, limpadores, panos de
o produto limpava vidros, louças,
identificar o produto. O próximo passo
limpeza, inseticidas e desodorizadores
azulejos e ferragens. Ficou mais fácil,
foi colocar os tufos de palha de aço
de ambiente. Além de sinônimo de lã
agora, entender de onde surgiu a ideia
numa caixa de papelão, também na cor
de aço, a Bombril virou uma completa
de que “Bombril tem 1001 utilidades”.
vermelha. Entre 1961 e 1973, a Bombril
linha de produtos para limpeza.
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
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CASE POR_Cinthia Zanotto
A GIGANTE
do centro-oeste
Foto: Divulgação
Sob o lema “gente especializada em gente”, Helena Ribeiro ignorou o período de turbulência econômica e governamental enfrentado pelos brasileiros no final dos anos 1980 até meados dos anos 1990 e fundou, há quase 25 anos, o considerado atualmente o maior grupo na área de recursos humanos, serviço e educação do País
24
rba | revista brasileira de administração
A
liberalização do comércio,
para os próximos quatro anos acres-
a privatização e a desregu-
centar mais um zero à soma de sua
lamentação foram as prin-
receita e chegar à casa de R$ 1 bilhão,
cipais iniciativas do Governo Federal,
movimentando, então, 100 mil colabo-
na época sob o comando de Fernando
radores por ano.
Collor de Melo, para combater a inflação, que girava em torno de 84% ao mês, no início dos anos 1990. Essas medidas faziam parte do famoso Plano Collor. Quem viveu ou conhece esse período da história brasileira sabe como tudo acabou: com a renúncia do chefe do Poder Executivo no dia 30 de dezembro de 1992, como forma de evitar a execução do processo de impeachment aprovado pelo Congresso Nacional em 29 de setembro daquele mesmo ano.
Mas de onde vem toda essa confiança? Ela vem da dedicação da fundadora e diretora do grupo, Helena, que há 24 anos abriu “e consolidou um modelo de formação e gestão para pessoal de hotelaria de alto padrão, que estava em alta no Centro-Oeste, com os
RANKING BRASIL FATURAMENTO 2011 em milhões 212
Empreza
190
Player B Player C
130
Player D
130
Player E
104
Player F
91
projetos da extinta Encol”, contou a empreendedora. Na mesma época, ela fazia um MBA em Gestão de Pessoas, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), e desenvolveu, como parte do seu proje-
Em meio a essa turbulência, quando,
to de conclusão de curso, “um trabalho
como parte do plano, os salários e os
específico focando no desempenho dos
preços foram congelados e os depósitos
hotéis de luxo”, disse. Helena chegou ao
bancários foram confiscados por um
resultado após ouvir donos e gerentes
Player G
78
Player H
78
Player I
65
período de 18 meses, uma mulher abriu uma empresa chamada Empreza – isso mesmo, com “z” – para atender à demanda do mercado que incluía dar os startups para o ramo da hotelaria por meio de planejamento de recursos humanos, recrutamento, seleção e treinamento de pessoal. O nome dessa mulher que ignorou a recessão, os escân-
Não só flores Em meio a um percurso de quase 25 anos, nem todos os momentos foram “só flores”. Alguns períodos difíceis fazem parte da vida de qualquer empresa que tenha“certa dose de ousadia e coragem para continuar crescendo e competitivos em ambientes incertos”, entende Helena. No mais alto posto de gerência do empreendimento, na função de CEO, ela entendeu muito bem o poder das suas palavras ditas anteriormente, pois, em 2008, teve que administrar os imprevis-
dalos de corrupção e o agravamento
tos causados pela crise vivenciada pelo mundo naquele ano. Na época, o grupo
da crise econômica brasileira, entre os
tinha um planejamento traçado para deixar a fase de médio porte e, para isso,
anos de 1989 e 1994, e fundou um dos
resolveram investir na área governamental. Mas, no meio do caminho tiveram
considerados maiores players em RH,
que postergar o plano.
serviço e educação do país é Helena
“Ocorre que vários clientes nossos tiveram problema de caixa. Nosso negócio
Machado Ribeiro.
financia os projetos até 90dd, pois selecionamos, contratamos, pagamos benefí-
Tal reconhecimento da Empreza de
cios, salários e impostos para depois receber. Com isso, pela primeira vez, tivemos
Helena, hoje um grupo formado por várias empresas segmentadas, é decorrente dos últimos números alcançados pela equipe. O faturamento de 2012, para confirmar o prestígio, foi da ordem de R$ 320 milhões.
que usar toda nossa reserva de capital de giro e buscar ajuda financeira com os bancos. Colocamos o pé no freio e adiamos nosso investimento em crescimento com o governo. Em 2010, investimos em contas dos Correios, que nos renderam contratos de mais de R$ 200 milhões, possibilitando, assim, ser a primeira empresa de nosso segmento com o faturamento acima de R$ 300 milhões. Isso, considerando que nossos competidores são compostos principalmente de palavras internacionais”, contou a CEO.
E, sem medo de crescer, o grupo almeja
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
25
Case Ter pessoas de talento comprometidas com nossos objetivos; reter essas pessoas é fator decisivo em nosso negócio; a relação de confiança e conhecimento do cliente garante o sucesso” HELENA MACHADO RIBEIRO de hotéis de diferentes regiões do país para saber como cada um treinava seus funcionários. Ao término do curso, perce-
Os próximos passos Hoje em dia, a Empreza conta com um crescimento anual de 52%, movimentando 50 mil empregados. Ao olhar para o futuro a curto e médio prazo, o grupo tem como meta, além da já citada anteriormente – a de chegar à casa de R$ 1 bilhão em faturamento –, aumentar a participação no mercado, principalmente ampliando a atuação no Sudeste. Para chegar lá, conta com a entrega de mão de obra qualificada para atuar nos dois próximos grandes eventos que serão
beu que poderia montar uma empresa para atender clientes
sediados no Brasil, a Copa do Mundo e as Olimpíadas
corporativos, principalmente os hotéis.
do Rio de Janeiro. As fichas estão sendo colocadas
Com o trabalho que desenvolveu para os hotéis de luxo, a empreendedora ganhou, em 1988, o prêmio da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e resolveu então investir em outros segmentos do comércio varejista e nas empresas de telefonia, as “telecons”. “Logo, foi mais uma oportunidade em um segmento pouco explorado naquele momento. Assim, nasceu a Empreza, com ‘z’ de ‘zapp’, gente energizada fazendo a diferença nas organizações, ‘z’ de gente especializada em gente, que se tornou o diferencial de nossa marca”, contou a empresária. A partir daí, Helena viu seu negócio aumentar e se expandir para outros campos correlacionados, entre eles a seleção de mão de obra temporária, serviços de terceirização como Business Processes Outsourcing (BPO – terceirização do
nesses dois acontecimentos, pois o grupo afirma ser a única empresa do segmento habilitada para eventos dessa natureza, já que fez o Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, como enfatizou Helena. Os preparativos para obter o resultado proposto contam com a profissionalização da equipe por meio da aprendizagem contínua e, também, com a auditoria da Ernest & Young para melhorar os controles e processos de governança com o objetivo de estarem preparados para realizar atuações em qualquer cenário. E o principal ingrediente para realizar tal feito é, na opinião da empresária, “ter pessoas de talento comprometidas com nossos objetivos; reter essas pessoas é fator decisivo em nosso negócio; a relação de confiança e conhecimento do cliente garante o sucesso”.
processo de treinamento) e educação executiva por meio de parceria com a FGV. Com todos esses serviços, a Empreza, que fixou sua matriz em Goiânia, passa a somar à sua carteira de clientes, a cada ano, muitas das principais e maiores empresas com campo de atuação em solo brasileiro. Na área de telefonia, a Empreza conta hoje com a Claro, Vivo, Oi e Tim em seu portfólio, além do Grupo Abril, Nestlé, HSBC, Correios, Tam e Gol, que são exemplos de outras marcas também presentes na vasta lista do grupo. Após tamanho crescimento, não foi difícil para Helena sair do Centro-Oeste do Brasil e espalhar 28 escritórios em todas as outras regiões. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre e Manaus são algumas das que contam com a presença física da Empreza. Mas a empresária não alcançou tais resultados sozinha; contou com a ajuda de dois sócios nessa jornada: seu marido, Luiz Antônio Ribeiro, e Sayonara Brotherhood.
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rba | revista brasileira de administração
Helena Ribeiro pensou e desenvolveu a Empreza em plena crise da economia brasileira
BEM-ESTAR POR_Francisco José Z. Assis
Corpo e mente em equilíbrio Fotos: Arquivo pessoal
Técnica centenária desenvolvida pelo alemão Joseph Pilates trabalha musculatura do abdômen e do quadril e ajuda na manutenção da boa postura, principal dificuldade de quem trabalha durante horas sentado em frente ao computador
O professor Leandro Neves aponta que o pilates se adapta às necessidades de cada indivíduo
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27
Bem-estar
A
busca por melhor qualidade
se
de vida passa por diversas
feitos em aparelhos especiais, que
exercícios
personalizados
pequenas “batalhas”. Não há
foram também desenvolvidos pelo
como fugir ou se esconder. O caminho,
próprio Pilates, e no chão, porém, em
para todos, é mais ou menos o mesmo
menor número e direcionados para
e passa pela preparação intelectual;
praticantes que estão impossibilitados
conquista de um bom emprego ou
de ir ao local de aula. A prática
aposta em empreendimento próprio,
pode se adaptar ao indivíduo e
que
tranquilidade
às suas necessidades cotidianas.
financeira; união com a pessoa amada,
possibilitará
Trabalha força com baixo impacto,
que trará estabilidade emocional;
desenvolvendo
associação com entidades e indivíduos
maneira uniforme.
capazes de auxiliar na construção de uma boa rede de relacionamentos, que irá contribuir para que as dificuldades sejam sanadas de maneira ágil e com
menos
estresse.
Nenhuma
novidade, também, é que para trilhar esse caminho em paz e com sucesso é preciso estar bem de saúde, com as faculdades físicas e mentais em perfeita ordem e harmonia. Entre as opções que podem ajudar com esse quesito essencial está o pilates, muito Leandro Neves explicou que o método trabalha a força, a flexibilidade e oferece baixo impacto
em
em voga na atualidade.
O
educador
Universidade
os
músculos
físico Federal
formado do
de pela
Paraná
(UFPR) e proprietário de uma franquia do The Pilates Studio Brasil em Curitiba, Leandro Neves, explica que o pilates aprimora o condicionamento físico e mental e tem como alicerce de todos os movimentos a região central do corpo, casa da força, como o inventor da técnica, formada principalmente pelos músculos do abdômen e do quadril. “O pilates se baseia em seis princípios básicos: concentração, centralização,
O centenário método desenvolvido
controle,
pelo alemão Joseph Pilates para curar
fluidez dos movimentos. Os benefícios
suas próprias enfermidades baseia-
proporcionados pela prática são os
precisão,
respiração
e
mais diversos. Os próprios alunos notam e relatam a mim e aos demais professores que, logo nas primeiras
O pilates se baseia em seis princípios básicos: concentração, centralização, controle, precisão, respiração e fluidez dos movimentos” Leandro Neves
aulas, já percebem a melhora da postura e a diminuição da cintura, por trabalhar, organizar e fortalecer essa região a todo instante. Também percebem maior disposição e conforto do corpo no dia a dia, além dos ganhos de força e de flexibilidade e da diminuição da pressão arterial, que são notórias”, disse Neves. O interessante do pilates é que não se pode traçar um perfil padrão dos praticantes. Desde pessoas muito jovens, adolescentes, até aqueles que são maduros e já conquistaram certa
28
estabilidade financeira, profissional e emocional buscam no método uma maneira de se condicionar fisicamente sem ter o desgaste e o elevado índice de agitação dos exercícios convencionais praticados nas academias. O professor Leandro Neves explica que entre as motivações que fazem com que as pessoas procurem o pilates estão os desconfortos e problemas com a coluna. “Em função de ficarem muito tempo sentadas, falta de força nos músculos de sustentação, flexibilidade e alongamento ruins, além da tensão excessiva ao tentar endireitar a coluna pelas costas e não pelo abdômen, as pessoas sofrem com dores e demais efeitos maléficos da má-postura. O pilates ajuda a corrigir tudo isso”, conta o educador físico, que completa: “Com o tempo e a prática regular do método, o aluno passa a fortalecer e adquire flexibilidade dos músculos paravertebrais, além de melhorar o controle da região abdominal, o que o leva a melhorar a estabilidade, dando maior conforto à coluna”.
Os músculos do abdômen e do quadril são trabalhados pelo Pilates
Perguntas ao professor Revista Brasileira de Administração (RBA): Qual a duração das aulas? Leandro Neves: Em torno de 50 minutos. RBA: Com que frequência se deve praticar pilates? LN: O ideal são três vezes por semana, mas com duas aulas por semana os alunos já obtêm um excelente resultado. RBA: Existe algum limite para o número de aulas? LN: Como toda prática de exercícios, deve-se ter, no mínimo, um dia de recuperação por semana. RBA: O pilates pode ser praticado por qualquer pessoa?
Conforme explica Neves, o diferencial
LN: Sim. Desde que feitas as devidas modificações adequadas
do pilates é que ele se adapta ao
para cada pessoa.
indivíduo e às suas necessidades de modo progressivo. Diferente da musculação, aponta o professor, o método trabalha o corpo todo de maneira global e integrada, gerando aumento da potência e resistência muscular de forma equilibrada. Para quem busca perder peso, ele indica: “No nível avançado, o gasto calórico é intenso. Mas, se o objetivo do aluno é
emagrecer
mais
rapidamente,
aconselho combinar o pilates com um trabalho aeróbico, como caminhada, que pode ser feita em dias intercalados
RBA: Como saber se a academia é séria? LN: Procure saber se o local é credenciado pelo The Pilates Studio Brasil e se tem a supervisão da professora Inélia Garcia, que é a precursora do método no Brasil e a única habilitada para certificá-lo. RBA: O pilates pode evitar lesões? LN: Por meio da melhora da força e da flexibilidade, mas, principalmente, pelo controle muscular adquirido com a prática do método, o aluno tende a ter menos lesões e muitas vezes consegue evitá-las. RBA: A prática oferece algum risco? LN: Dentro do conceito autêntico de certificação do método pilates, garanto que não existe perigo, pois todos os profissionais são rigorosamente capacitados para atuar de maneira segura.
com essa prática”.
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
29
OPINIÃO IMAGENS_SHUTTERSTOCK
Você já pensou em escrever artigos? Pode parecer um contrassenso, mas uma das melhores maneiras de aprimorar sua capacidade de administrar é simplesmente escrever
N
a pressa de evoluir profissionalmente, estamos sempre em busca de experiências objetivas e específicas que nos ajudem a adquirir determinado
conhecimento
ou
desenvolver
certas
competências
e
habilidades. As recomendações são sempre na mesma linha: faça um curso, leia um livro, assista a uma palestra. Pouca gente pratica uma das atividades mais enriquecedoras, prazerosas e – o melhor – com custo zero: escrever artigos. A melhor forma de começar a escrever é simplesmente começando. Não importa o local, a hora do dia, se você vai escrever no computador, em uma máquina de escrever ou em um caderno – o importante é dar o primeiro passo. Existe algo de mágico na primeira frase, que parece desencadear todo o resto do processo. Não espere a inspiração chegar para poder começar. Como diria Picasso, “a inspiração existe, mas ela deve encontrá-lo trabalhando”.
30
rba | revista brasileira de administração
É fundamental, também, incorporar
drasticamente suas habilidades de
o hábito de escrever aos seus
se comunicar, o que é essencial na
afazeres. Você deve estabelecer
hora de negociar, liderar, falar em
um dia e um horário em que essa
público... Coisas corriqueiras na
atividade será sagrada. Quando
vida de um Administrador.
adotamos uma rotina para escrever, acabamos adotando outra rotina para ler e estudar, pois só escreve bem quem lê bastante e se atualiza. Os benefícios não param por aí. é
importante
parecer um tanto quanto “esotérico”, mas eu passo muito por isso e com certeza você já deve ter passado também, seja escrevendo,
para
praticando outro tipo de arte ou
desenvolver a reflexão e o senso
algum esporte. Algo zen acontece
crítico. Não raro, começamos a
quando você escreve. A sensação
escrever um artigo com uma visão e
é de que tudo ao seu redor entra
terminamos com outra totalmente
de novas ideias e até mesmo de alguma
inovação
revolucionária.
É o caminho para fora da caixa. Escrever nos deixa mais inteligentes. Muito mais inteligentes. Embora seja uma atividade diretamente ligada à inteligência linguística, escrever também é uma ação que turbina outras inteligências, como a intrapessoal (é praticamente um exercício de autoconhecimento); a interpessoal (nossa capacidade de
lidar
própria
com
os
outros):
inteligência
a
Csíkszentmihályi denominou esse
Por fim, quem escreve também aparece. A internet é um grande palco para você exibir o seu talento. Ao publicar seus artigos em sites especializados, você se colocará em contato com incontáveis leitores, receberá feedbacks valiosos sobre o seu trabalho (possibilitando-o evoluir), e também ampliará significativamente a sua rede de contatos. Pronto para dar o primeiro passo?
lógico-
companheira de um bom texto; e, até mesmo, a espacial (afinal,
em silêncio e você se conecta com
escrevendo muitas vezes criamos
alguma região da mente de onde
imagens e espaços mentais).
as palavras simplesmente surgem.
Consequentemente, a partir daí você desenvolve a sua capacidade
Você mergulha e desaparece nessa atividade, envolvendo-se totalmente.
de argumentação, aumenta o seu
Esse tipo de estado mental de
poder de persuasão, aprende a
concentração
contar
amplamente estudado pelo psicólogo
enfim,
conseguir pronunciar o nome dele).
na vida.
A melhor forma de começar a escrever é simplesmente começando. Não importa o local, a hora do dia, se você vai escrever no computador, em uma máquina de escrever ou em um caderno: o importante é dar o primeiro passo”
matemática, já que a lógica é fiel
histórias,
Csíkszentmihályi
chaves para a felicidade no trabalho e
a prática ajuda a mente a tornar-se abrindo espaço para o surgimento
Mihály
(valendo um prêmio para quem
estado como flow (fluxo), uma das
diferente no fim da página. E mais: mais fértil e criativa – o que acaba
húngaro
amplia
Foto: Arquivo pessoal
Escrever
Tem outro ponto que pode até
e
foco
total
foi
ADM. LEANDRO VIEIRA, criador do Administradores.com e autor do livro Seu Futuro em Administração (Campus/Elsevier)
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
31
CAPA POR_Mara Andrich
Foco
nas pessoas As cooperativas utilizam um modelo de administração que prioriza os valores e a gestão transparente. Talvez seja por isso que têm dado tão certo e podem servir de exemplo para as empresas privadas
P
arece um discurso demagógico, mas focar todos os esforços na melhoria das relações entre as pessoas não é – nem nunca foi – piegas ou ultrapassado. Afinal, tudo é focado em pessoas. Sejam os relacionamentos
profissionais ou afetivos, as relações interpessoais sempre estão presentes, contribuindo ou atrapalhando. Mas que fique bem claro: essas relações podem contribuir ou atrapalhar, conforme a gestão utilizada. E talvez seja por isso que o modelo de gestão utilizado pelas cooperativas dê tão certo, pois a responsabilidade de cada pessoa e a mobilização feita em grupo trazem excelentes resultados.
32
rba | revista brasileira de administração
mente estável. “Esse
dente do local, Marlon Aguiar, conta
é um comportamento
que, quando tomou posse (em maio
observado em vários seto-
de 2010), foi bastante incisivo com a
res. As organizações, em busca de
gestão de pessoas. Segundo Aguiar, a
maior escala e força no mercado, se
Ocema estava desacreditada quando
juntam, a partir de processos de fusão
ele assumiu a presidência do local.
e incorporação. E isso ocorre também
“Recebemos a instituição com recei-
no movimento cooperativista”, explica
ta bruta de ínfimos R$ 820,00 e com
o presidente do Sistema OCB.
apenas duas cooperativas registradas e adimplentes. Atualmente, depois de
De acordo com dados do Sistema OCB,
um trabalho de resgate feito paula-
o cooperativismo brasileiro está pre-
tinamente junto a cada cooperativa,
sente nos três setores da economia,
vista é representado pelo Sistema OCB, composto por três entidades complementares: Organização das
Cooperativas
Brasileiras
(OCB), Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) e Serviço Nacional
de
Aprendizagem
do
Cooperativismo (Sescoop).
adimplentes, e encerramos o ano com
cooperativa. No comparativo entre os
aproximadamente R$ 50 mil de arre-
anos de 2011 e 2012, foi observado um
cadação”, conta. E a meta da Ocema,
aumento de praticamente 4% no total
segundo Aguiar, é chegar a 100 coope-
de cooperados no país. Significa dizer
rativas até o final de 2014.
que 370 mil brasileiros se associaram a uma cooperativa no último exercíprimeiro lugar (cerca de 4,9 milhões),
cia do cooperativismo no país, lem-
acompanhado do Sul (4 milhões) e do
brando que esse modelo injeta R$ 8
Centro-Oeste (cerca de 713 mil). Já
bilhões em salários e benefícios na eco-
entre os estados, São Paulo está na li-
nomia nacional. “As cooperativas têm
derança (3,4 milhões). Rio Grande do
se destacado na economia nacional,
Sul (2,1 milhões) e Santa Catarina (1,2
com produtos e serviços cada vez me-
milhão) ocupam o segundo e o terceiro
lhores, e esses resultados têm chegado
lugar. Até 2016, a previsão é chegar aos
ao conhecimento da opinião pública,
12 milhões de cooperativistas.
das desigualdades sociais”, analisa.
do Maranhão, com 32 cooperativas
cuária brasileira passa por alguma
cio. Por região, o Sudeste aparece em
mam a importância do setor na redução
blicidade no Diário Oficial do Estado
saúde. Metade da produção agrope-
Lopes de Freitas, ressalta a importân-
te de pessoas. Os indicadores confir-
chamos o exercício de 2012 com a pu-
nos ramos agropecuário, crédito e
O presidente do Sistema OCB, Marcio
mobilizando uma quantidade crescen-
separando o joio do trigo, claro, fe-
com maior participação de mercado
Foto: Assessoria Coamo
No Brasil, o movimento cooperati-
Em alguns casos, algumas atitudes drásticas têm que ser tomadas para que esse modelo reverta-se nos resultados esperados. No Sindicato
Em 2012 havia 6.587 cooperativas no
e
país, contra as 6.586 contabilizadas em
do Estado do Maranhão (Ocema-
2011 – ou seja, o número ficou pratica-
Sescoop-MA) foi assim. O presi-
Organização
das
Cooperativas
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
33
Capa COOPERATIVISTAS POR REGIÃO
a região. E permanece ali. Como explica o superintendente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken, essas características são fundamentais para que o sistema de cooperativas dê resultados muito positivos. “Nós organizamos tudo economicamente para que as pessoas tenham renda e temos a responsabilidade social, o que muitas empresas têm dificuldades de desenvolver hoje”, comenta. Para se ter uma ideia do crescimento, no Paraná o movimento econômico das cooperativas passou de R$ 10 bilhões, em 2002, para R$ 38,5 bilhões, em 2012. E hoje re-
713 mil
presentam 16,5% do Produto Interno
Centro-oeste
Bruto (PIB) do estado. “As cooperativas são um dos sistemas que mais têm
4 milhões Sul
4,9 milhões Sudeste
crescido no mundo”, comenta Ricken. No Paraná são 238 cooperativas. Um dos exemplos promissores é o da Copacol, localizada no município de Cafelândia, na Região Oeste do Paraná. A cidade se desenvolveu
Toda essa transformação foi realizada
“Penso e acredito que, além de ha-
com a utilização de ferramentas orga-
ver uma relação de empregabilidade,
nizacionais e também pela valoriza-
deve haver a manutenção do respeito
ção ainda maior das pessoas. Entre as
e a parceria entre os participantes
metodologias usadas estão a SWOT,
que fazem a instituição funcionar.
PDCA, 4w1h e 5Ss. Todas elas, basila-
Afinal, somos pessoas e, como tal,
res e bem conhecidas dos administra-
deve haver uma boa sintonia no la-
dores, que lançam mão das regras que
bor diário, pelo fato de ser a empresa
norteiam tais ferramentas tanto nas
o nosso maior tempo para inter-rela-
atividades exercidas em empresas de
ções”, analisa Aguiar.
todos os portes quanto no comando de
cooperativa – que foi fundada há 50 anos. Como diz Ricken, Cafelândia “não existiria se não fosse a cooperativa”. E lembra que todo o modelo cooperativista desenvolve o interior do país de maneira satisfatória. “E tudo o que foi investido não vai sair dali. Ou seja, toda a renda se concentra naquele local e uma agroindústria gera outra. É um desenvolvimento lo-
Além da boa relação entre as pessoas
calizado e efetivo”, observa.
e as ferramentas gerenciais, uma coo-
Atualmente, a Copacol conta com cer-
perativa também se utiliza da respon-
ca de 4,8 mil associados e mais de 7,2
sabilidade social e da mobilização de
mil funcionários. Abate cerca de 340
Mas o que seria dessas siglas todas
seus cooperados. Afinal, sem união
mil aves e mais de 30 toneladas de tilá-
se não fossem as pessoas? Na Ocema
nada acontece. E o ponto positivo disso
pias por dia. Hoje, 60% da capacidade
também foi implantado o que eles
é que tudo o que acontece na coopera-
de abate de carne de frango da Copacol
chamam de “Diálogo Diário Social”.
tiva traz benefícios para a cidade, para
é destinada ao mercado interno e 40%
cooperativas. “Até na minha família, quando vamos saborear uma pizza, já usamos os 5Ss”, brinca Aguiar.
34
em torno da criação de frango, com a
rba | revista brasileira de administração
atende consumidores de mais de 40 países. Ao longo de sua história, a Cooperativa vem ampliando seus negócios em busca da sustentabilidade. A empresa conta, desde 2009, com o seu Propósito Estratégico chamado G.P.S. 2.5.25. Nele, a Copacol traçou metas de crescimento em cinco anos, considerando três pontos centrais:
Empresas privadas A capacidade de mobilização das lideranças, desenvolvida pelo modelo cooperativista, é um dos grandes fatores que fazem com que as cooperativas sejam grandes responsáveis pela competitividade brasileira. No Paraná, por exemplo, segundo a Ocepar, quase 60% do agronegócio é proveniente das cooperativas. Mas será que as empresas privadas podem se espelhar nesse modelo e, talvez, melhorar ainda mais os seus resultados? O professor do curso de Administração da FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), mestre em Administração Valmor Rossetto, acredita que sim. Porém, como a
• geração de receitas, com meta de al-
constituição das duas – cooperativa e empresa privada – é diferente juridicamente,
cançar R$ 2 bilhões em faturamento;
poderia haver alguns impedimentos. Como ele explica, as cooperativas são regidas
• produtividade, com meta de obter a rentabilidade de 5%;
por legislação especial (Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971). “Mas, quando falamos em administração, ambas têm o mesmo processo de liderança, tecnologia, gestão de pessoas, estratégias e ferramentas administrativas”, comenta.
• sustentabilidade, com meta de capa-
Na opinião do professor, para ter uma boa gestão, as organizações têm que apren-
citar e treinar 25 mil participantes em
der a “aprender e desaprender” certas práticas que as colocaram em evidência. “A
programas de desenvolvimento.
única versão do passado que ainda persiste no mundo atual dos negócios é preser-
A Cooperativa colocou em atividade, em janeiro de 2012, a Unidade Industrial de Soja, com capacidade para esmagar 1.800 toneladas de soja por dia, com geração de 60 empregos diretos. O investimento de R$ 80 milhões torna a Copacol autossuficiente na produção de óleo e farelo de soja, que são utilizados em suas fábricas de rações. Outro exemplo da Ocepar é a Coamo, na região de Campo Mourão, que armazena, transporta e industrializa grãos. A cooperativa mantém mais de 110 unidades localizadas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. A filosofia de trabalho da Coamo é estar o mais perto possível e, assim, facilitar sobremaneira a atividade do seu quadro social. Com essa estrutura, a Coamo é responsável pelo recebimento e pela comercialização de 16% da produção paranaense e de 3,5% de toda a safra de grãos e fibras produzida no Brasil. “A identificação com a comunidade gera desenvolvi-
var os princípios e os valores como ‘pedras fundamentais’ de sustentação. Ademais, inovar em produtos, serviços, gestão, liderança e pessoas é primordial para manter e ampliar resultados”, pondera Rossetto. E, como bem lembra, o modelo cooperativista é composto justamente dessa combinação. “A sustentabilidade organizacional só acontece quando a liderança, as pessoas, os processos e os objetivos estão alinhados e convergentes com as necessidades da sociedade, dos interessados diretos – cooperados ou sócios – e dos colaboradores”, afirma. Para Aguiar, da Ocema, as empresas privadas podem – e devem – adotar as práticas das cooperativas. “E isso conduzirá à maximização da produção e, consequentemente, à diminuição de situações indesejadas.” Na opinião de Ricken, da Ocepar, o modelo das cooperativas ainda é pouco conhecido por parte das empresas privadas, o que deve ser modificado. Segundo o professor Rossetto, o modelo cooperativista, voltado para princípios e valores, é fundamental. “Trata-se de uma sociedade de pessoas com objetivos comuns, na qual a democracia estabelece representatividade igualitária e gestão transparente. Têm como forte característica a educação e o desenvolvimento de seus cooperados e colaboradores. Isso, associados a uma disciplina quase que religiosa na busca do desenvolvimento e do fortalecimento do negócio, fez com que essas organizações se transformassem em meganegócios”, salienta o professor.
A sustentabilidade organizacional só acontece quando a liderança, as pessoas, os processos e os objetivos estão alinhados e convergentes com as necessidades da sociedade, dos interessados diretos – cooperados ou sócios – e dos colaboradores.” Valmor Rossetto
mento”, ressalta Ricken.
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Fotos: Sistema Ocepar\Divulgação
Foto: Assessoria Coamo
PRINCIPAIS CLIENTES DOS PRODUTOS DE COOPERATIVAS BRASILEIRAS
Modelo que gera crescimento De acordo com o Sistema OCB, as cooperativas geraram no Brasil, em 2012, cerca de 304 mil empregos diretos, total 2,7% superior
15,1% Estados Unidos - 900 milhões
13,2% China - 791 milhões
6,5% Emirados Árabes - 386,2 milhões
ao verificado em 2011. As cooperativas de saúde registraram o maior percentual de contratações (14,8%), contabilizando 77 mil empregados. Regionalmente, geram mais empregos no cooperativismo o Sul (151 mil), o Sudeste (97 mil) e o Centro-Oeste (cerca de 20 mil). Entre os estados, os campeões de geração de postos de trabalho são: Paraná (praticamente 61 mil), Rio Grande do Sul (aproximadamente 52 mil) e São Paulo (48 mil). A expectativa é responder, nos próximos quatro anos, por 356 mil postos de trabalho, um incremento de 52 mil novas oportunidades no setor. Em relação às exportações, as cooperativas também ocupam lugar de destaque. Segundo os dados do Sistema OCB, em 2012 o setor contabilizou praticamente US$ 6 bilhões em exportações, sendo 98% dessa pauta oriundos do ramo agropecuário. Os complexos sucroalcooleiro, soja e carnes concentraram as vendas do cooperativismo a outros países – com US$ 2,32 bilhões, US$ 1,1 bilhão e US$ 986,3 milhões, respectivamente. Os principais clien-
6,4%
tes dos produtos de cooperativas brasileiras são: Estados Unidos (US$ 900 milhões – 15,1%), China (US$ 791 milhões – 13,2%), Emirados Árabes (US$ 386,2 milhões – 6,5%) e Alemanha (US$
Alemanha - 386,2 milhões
380,4 milhões – 6,4%). A produção comercializada externamente vem, principalmente, de São Paulo (US$ 2 bilhões – 33,9%), Paraná (US$ 1,7 bilhão – 29,2%), Minas Gerais (US$ 750,8 milhões – 12,6%) e Santa Catarina (US$ 370,5 milhões – 6,2%).
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POR_ Laura Babini, colaboradora de HSM MANAGEMENT
UM NOVO
protagonismo A LUTA CONTRA A RECESSÃO E A PERDA DE EMPREGOS NO MUNDO DESENVOLVIDO, COMBINADA COM A NECESSIDADE DOS MERCADOS EMERGENTES DE SUSTENTAR O FORTE IMPULSO DE SUAS ECONOMIAS, ALAVANCA UMA NOVA ONDA DE EMPREENDEDORISMO, GERANDO UMA INDÚSTRIA À PARTE, COMO MOSTRA REPORTAGEM HSM MANAGEMENT
E
m 2005, a metáfora de W. Chan Kim e Renée
A iniciativa e a inovação empresarial são fatores decisivos
Mauborgne de um oceano vermelho, no qual a
para o crescimento econômico e a geração de empregos, e
concorrência acontece de maneira “sangren-
por isso o fomento da cultura empreendedora costuma inte-
ta”, e um oceano azul, no qual navegam as ideias novas e as estratégias de inovação de ruptura, exposta em seu livro
A Estratégia do Oceano Azul (ed. Campus/Elsevier), mostrou aos empreendedores as vantagens da “inovação em valor” para os consumidores. No século 16, o termo francês entrepreneur se aplicava aos aventureiros que partiam em busca de oportunidades no Novo Mundo, sem saber o que os esperava. No início do sé-
38
grar as estratégias de desenvolvimento local ou regional. Em tempos de crise como a que hoje afeta o mundo desenvolvido, empreender supõe uma aposta corajosa, mas menos difícil do que encontrar um posto de trabalho convencional. No entanto, não é a mesma coisa encarar esse desafio em um país que favorece a atividade empreendedora com segurança jurídica e em outro onde as regras são insuficien-
culo 18, o economista francês Richard Cantillon chamou de
tes e mudam toda hora. Ou em um país cuja cultura é afeita
“empreender” (entreprendre) o processo de enfrentar a in-
a riscos e outro em que a população os rejeita ferozmente,
certeza nos mercados e no ambiente de negócios em geral.
preferindo a estabilidade de um emprego público.
rba | revista brasileira de administração
Foto: iStock
A iniciativa e a inovação empresarial são fatores decisivos para o crescimento econômico e a geração de empregos”
A surpresa, contudo, é que o empreendedorismo demonstra,
planejamento até tem o benefício de fazer com que apren-
mesmo em cenários difíceis como o latino-americano, uma
da rapidamente e na prática. O problema é que a falta de
efervescência sem precedentes (veja quadro na página 42).
planejamento é um dos principais motivos para a morta-
No Brasil, em particular, já se reconheceu o “jeito brasileiro
lidade das empresas”, afirma ele. Outras peculiaridades de
de empreender” e suas fragilidades, e, assim, está-se desco-
nosso jeito de empreender seriam o temor aos riscos a que
brindo como alavancá-lo.
o negócio está sujeito, o sofrimento com eventuais fracas-
Conforme Bruno Caetano, diretor-superintendente do
sos (“muitos ainda não entenderam que cair e levantar faz
Sebrae-SP, órgão pioneiro no fomento do empreendedo-
parte do jogo”) e o não hábito de capitalizar-se com inves-
rismo, o jeito brasileiro se caracteriza pela cultura “mão na
tidores. Mas o líder do Sebrae-SP vê nítida evolução em
massa”. “Nosso empreendedor quer agir logo, e esse pouco
todas essas fragilidades.
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
39
Porém o valor agora é diferente: não se refere apenas a receita ou a acumula-
Empreendedorismo no brasil
ção patrimonial. Por mais que a busca de lucro e o desejo de riqueza sejam, indiscutivelmente, motivadores po-
6,1 Milhões
derosos, não representam a totalidade
De micro e pequenas empresas (mpes)
do interesse humano, como lembra o
52%
Dos empregos registrados são nelas
países devem assumir que “sem um propósito não há progresso”. Entre os empreendedores que compar-
2,6 milhões
tilham essa visão estão Karim Khoja,
São os
especialista em telecomunicações que
empreendedores
criou a primeira companhia privada de
individuais
telefonia móvel do Afeganistão, Leila
(eis)
Janah, que conseguiu que se subcon-
20%
Do Produto
* Muitos podem ser só alternativa a empregos clt
economista. Indivíduos, empresas e
Interno Bruto (pib) do país cabe a elas
tratasse trabalho de informática em campos de refugiados e comunidades carentes, e Victoria Hale, cuja indústria farmacêutica sem fins lucrativos transformou um fármaco de pouco interesse
99%
comercial na cura para a leishmaniose
Das empresas
visceral, enfermidade que provoca cerca
formais são
de 60 mil mortes por ano.
mpes
Estamos atravessando a mais dinâmica e promissora era da história da humanida-
Era sob medida para empreendedores
Do ponto de vista de Auerswald, au-
Ao contrário da crença amplamen-
the Global Economy (Ed. Oxford
te difundida de que vivemos tempos
University
terríveis, caracterizados por pro-
ainda não publicado no Brasil, há
fundas crises econômicas e sociais,
muitas maneiras de criar valor para
vozes como as do economista Philip Auerswald, membro de destaque da Kauffman Foundation – a maior organização de seu tipo dedicada ao empreendedorismo – e professor da George Mason University, dos Estados Unidos, levantam-se para proclamar a
40
tor de The Coming Prosperity: How Entrepreneurs Are Transforming Press),
infelizmente
si mesmo e para os outros no século 21 se as tendências de longo prazo se confirmarem. Nessa lógica, cabe aos empreendedores um papel central na criação de um futuro global compartilhado. “Nunca antes tantas pessoas tiveram uma oportunidade semelhante de criar valor para
de, sustenta Auerswald. Depois de quatro séculos de mudanças tecnológicas e organizacionais, maiorias antes excluídas começam a desfrutar alguns de seus benefícios. Essa transformação vem criando enormes oportunidades, tanto nos países mais ricos como nos mais pobres, e a chave para aproveitá-las está nos empreendedores. Estes devem focar o lançamento de novos produtos e serviços, a expansão das redes globais de conhecimento e, mais importante, desafiar os interesses estabelecidos, revitalizar as economias maduras e aumentar a viabilidade das emergentes.
chegada de uma era de prosperidade
a sociedade e para si mesmas”, afir-
Em certo sentido, são os empreendedo-
que multiplica as oportunidades.
ma Auerswald.
res, com sua audácia e determinação,
rba | revista brasileira de administração
que estão aproximando as maiorias an-
A pesquisa de Horn e Pleasance de-
tes excluídas do lugar ocupado pelos gru-
monstra que essas empresas podem
pos de elite. E Auerswald não acredita
chegar a duplicar cada quatro anos sua
que a incorporação dessa população
receita e oferta de vagas. Por isso, os
agrave as ameaças reais estabelecidas
autores convidam as grandes organi-
pela mudança climática, pela escassez
zações a apoiá-las, adotando proces-
de água e pela redução da biodiversidade.
sos mais flexíveis para incorporá-las
Para ele, se as pessoas são o problema,
como opções estratégicas.
afinco a pesquisar e desenvolver soluções inovadoras baseadas na reciclagem e na economia de energia – serão a solução.
O poder das pequenas empresas Concentrados na realidade norteamericana, mas conscientes de que o
Em seu artigo, Horn e Pleasance rebatem quatro mitos relativos às pequenas empresas: 1.
Que
sempre
querem
crescer. Nem todas. Algumas são felizes mantendo seu tamanho. Há um subconjunto de jovens empresas que quer crescer e gera a maioria dos empregos: 40 milhões nos últimos 25 anos (20% dos postos criados).
papel ascendente dos empreendedo-
2. Que todas são igualmente
res se repete nos países emergentes,
valiosas
vários especialistas observam e anali-
de empregos. Em geral, são
sam o mesmo fenômeno.
valiosas para a economia e oferecem
Em seu artigo recente Restarting the US small-business growth engine (em tradução livre, “Reiniciando a máquina de crescimento de pequenos negócios dos EUA”) para a McKinsey Quarterly, John Horn e Darren Pleasance sustentam que, para revigorar as pequenas empresas norte-ame-
para
a
Foto: Divulgação
empreendedores que se dedicam com
criação
flexibilidade e bons serviços, mas são as de crescimento mais alto que criam a imensa maioria dos novos empregos. O 1% que cresce mais rapidamente gera 40% dos novos empregos nos Estados Unidos, agregando 88 funcionários por ano, enquanto as restantes, em média, somam duas ou três pessoas.
Philip Auerswald
ricanas e sua capacidade prodigiosa de
3. Que as empresas de alto
criação de empregos, é preciso come-
crescimento são as de alta
çar identificando um subgrupo muito
tecnologia. Todos os setores têm
menor: as organizações de alto cres-
empresas de alto crescimento. E, ao
cimento que “desproporcionalmente”
contrário, no Vale do Silício há muitas
impulsionam a atividade econômica.
que custam a crescer.
As pequenas empresas, que têm me-
4.
nos de 500 funcionários e geram mais
regulamenta ç õ es
de 60% dos postos de trabalho, contri-
constituem
buem também de maneira despropor-
limitação. Por mais que existam
cional para a inovação, por produzir 13
leis e regulamentações funcionando
vezes mais patentes por funcionário
como barreiras, o que mais afeta as
do que as grandes companhias.
pequenas empresas são a falta de
Que
os
impostos a
Foto: Divulgação
as pessoas – ou seja, os numerosos
e
principal
Steve Case
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
41
Foto: Divulgação
Boom latino-americano A exportação de petróleo, cobre e outras commodities para Europa, Estados Unidos e China tem sido o principal impulsionador do incrível renascimento econômico da América Latina na última década, afirma o assessor de investimentos especializado nos mercados latinoamericanos Oscar Montealegre em recente artigo para a revista Diplomatic Courier. Mas a região não pode depender unicamente de suas matérias-primas para sustentar uma economia vibrante, segundo ele. Sua recomendação? Apostar no empreendedorismo
Porto Digital, em Recife
como meio de expandir a riqueza, a mobilidade social, a criação de postos de trabalho e a inovação tecnológi-
E, embora o ambiente para as micro e pequenas empre-
ca, e, assim, melhorar o padrão de vida da população.
sas tenha muito a melhorar ainda [no fechamento desta
O problema que ele observa é que os latino-americanos
edição, um ministério para isso estava prestes a ser ins-
preferem caminhos seguros a riscos calculados. No en-
tituído], houve avanços como a Lei Geral da Micro e Pe-
tanto, acrescenta, até essa mentalidade latino-americana
quena Empresa, a implantação do Simples Nacional – que
está mudando. O empreendedorismo começa a ser ado-
reduz em média 40% da carga tributária dos pequenos
tado na região com um ânimo sem precedentes, como
negócios – e a criação do Microempreendedor Individual,
demonstram os clusters tecnológicos surgidos no Brasil, o
que permite a formalização de negócios que faturam até
capital de risco crescente na Colômbia e os programas de
R$ 60 mil por ano.
novos empreendimentos desenvolvidos no Chile.
43,5% dos brasileiros desejam ter um negócio próprio, con-
abriga cerca de 230 empresas de games, cinema, ví-
forme o Sebrae. E, se em 2002 o percentual de empreende-
deo, multimídia, animação, música e design (dados
dores brasileiros era de 20,9%, em 2012 a taxa subiu para
de 2013), 7 mil postos de trabalho e seu faturamento,
30,2%. Mas continua sendo preciso ter muita paciência para
em 2011 (último dado consolidado), já ultrapassava
empreender: ainda se levam 119 dias para abrir uma em-
R$ 1 bilhão. Cerca de 70% de seus contratos vinham de
presa; apesar de isso já ter sido pior – eram 152 em 2007 –,
fora da cidade.
apenas quatro países desanimam mais nesse quesito:
Montealegre cita um Estudo de Cristian Larroulet e Juan Pablo Couyoumdjian, professores da Universidad del De-
42
A vontade de empreender também é bom sinal no país:
Em Recife (PE), o cluster tecnológico Porto Digital
Guiné Equatorial (137 dias), Venezuela (141), República do Congo (160) e Suriname (694).
sarrollo de Santiago, no Chile, segundo o qual a América
Também não há, na América Latina, muitos modelos a se-
Latina tem o segundo maior índice de empreendedorismo
guir e o acesso ao capital é ainda bastante limitado. Daí
do mundo. Entre 2000 e 2007, 18% dos latino-america-
a importância de instituições como o Sebrae e a Endea-
nos se envolveram em algum tipo de aventura empreen-
vor. No Brasil, a empresa de cosméticos Beleza Natural foi
dedora. Contudo, diferentemente dos EUA e da Europa,
um empreendimento por oportunidade que contou com
a motivação predominante ainda é a necessidade e não
o apoio da Endeavor. Suas fundadoras, Heloísa de Assis e
a oportunidade, e o ambiente desfavorável lhes propõe
Leila Velez, criadas em favelas do Rio de Janeiro, deram-
desafios maiores. No Brasil, isso se inverteu nos últimos
se conta de que mulheres pobres também querem sentir-
dez anos, segundo dados do Sebrae: em 2012, 69%
se bonitas. Heloísa desenvolveu um produto para domar
dos empreendedores constataram uma oportunidade e
cabelos cacheados e crespos e Leila tornou-se a CEO da
31% começaram um negócio próprio por necessidade.
empresa que o vende.
rba | revista brasileira de administração
demanda e a dificuldade de obter
“empregos” em inglês e é o acrônimo de
University ou em Israel, considerado
financiamento. Horn e Pleasance
Jumpstart Our Business Startups, que
um país empreendedor por excelên-
sustentam que o melhor ponto de
significa dar impulso a novos negócios –
cia, empreendedores com formação
partida para fortalecer as pequenas
para que estes criem postos de trabalho.
e ambição similares têm mais pontos
empresas é conseguir mesmo que as grandes as vejam como fornecedoras potenciais, não como concorrentes – e se transformem em suas mentoras.
O ato contempla o uso de plataformas
comuns entre si que com locais.
online para obter financiamento de indi-
Hartley explica que quase todas as star-
víduos e instituições. Case o define como
tups utilizam capital humano trans-
“um tipo de ‘pagamento adiantado’ dos
Alinhado com esses autores, Steve Case,
fronteiras e, em países desenvolvidos,
funcionários de Washington para garan-
o empreendedor que foi cofundador da
patrocinadores
tir que os EUA continuem sendo a nação
America Online e hoje preside e dirige a
como o visa sponsorship para obter visto
mais empreendedora do mundo”. Esse
Revolution (empresa de investimentos
para empreendedores com capacidades
objetivo é atingido dependendo da capa-
comprovadamente inexistentes no país
cidade do país de dar espaço aos talentos
e os apoiam financeiramente.
que tem divisões de saúde, resort, promoção de bem-estar e financeira), afirma que convém às grandes companhias colaborar com as pequenas empresas de alto crescimento, uma vez que estas são o principal impulsionador da vitalidade da economia, da criação de empregos e da competitividade global.
O papel dos governos Steve Case advoga que os EUA chegaram a líderes da economia mundial graças ao trabalho dos empreendedores, uma fórmula que outros copiaram. Mas nem todas as pequenas empresas
brilhantes, como sustenta Case, que são os empreendedores e criadores de grandes ideias. No Brasil, o fato de estar sendo criado um ministério dedicado às pequenas e médias empresas também significa um esforço nesse sentido.
usam
instrumentos
Para os investidores, a oportunidade de encontrar empresas grandiosas continuará localizada nos arredores de ecossistemas bem-sucedidos como o Vale do Silício – nos quais o fator-chave é a “densidade colaborativa” das redes – e também em economias emergentes, sete em especial: China, Índia, Brasil, México,
Muitos aspectos de um pequeno negócio são resolvidos no âmbito privado, mas o papel do governo é crucial”
Rússia, Turquia e Indonésia, que, segundo dados da Mckinsey, somarão 45% do pib global na próxima década. A
conclusão
de
Hartley?
O
empreendedorismo globalizou-se de vez. Atualmente, se um empreendedor
criam valor por igual, adverte ele. Há os
tem
empreendedores que querem desen-
consumidores aparecem – só não se
volver um negócio e não pretendem ser
um
grande
produto,
os
sabe onde. Agora, produtos se adaptam
criar momentum em torno de seu em-
Uma classe global, não mais local
preendimento para vendê-lo (o que sig-
O investidor de risco Scott Hartley, da
como as bases de usuários são globais,
empresa Mohr Davidow Ventures, é
assim como o talento, com equipes de
outro convencido do protagonismo dos
trabalho cada vez mais internacionais.
empreendedores. Em artigo publicado
Hoje, o local não só é um anacronismo,
Muitos aspectos de um pequeno negó-
em março de 2012 na revista Forbes,
mas também uma impossibilidade,
cio são resolvidos no âmbito privado,
ele define a inovação como um fenô-
adverte Hartley. Empreendedores,
mas o papel do governo é crucial. Em
meno demográfico, não geográfico, e se
investidores e todos os players desse
2012, Barack Obama sancionou o jobs
refere à ascensão de uma “classe em-
setor que emerge, atenção: se vocês
Act, com o apoio decisivo de grandes lí-
preendedora global”. Seja na Tsinghua
ainda não têm um passaporte para o
deres de empresas da internet e outros
University, em Pequim, no Indian
presente, devem providenciá-lo antes
como o próprio Case. Jobs quer dizer
Institute of Technology, na Stanford
que seja tarde.
grandes; os que buscam rapidamente
nifica que não estão construindo uma organização, mas um produto); e os que fundam empresas para crescer e durar.
a plataformas, não a fronteiras geográficas. Tanto os competidores
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
43
Foto: iStock
POR_ ALICIA CERRI, colaboradora de HSM MANAGEMENT
MODELO
Aula do programa da Y Combinator
y combinator DEPOIS DE VENDER A PRIMEIRA EMPRESA QUE FUNDOU PARA O YAHOO!, O EMPREENDEDOR PAUL GRAHAM CRIOU A SEGUNDA PARA LANÇAR STARTUPS EM MASSA: A Y COMBINATOR. COM ELA, CONFORME ESTA REPORTAGEM, OFERECE CAPITAL INICIAL E ASSESSORAMENTO AOS FUNDADORES E OS COLOCA EM CONTATO COM OS PRINCIPAIS INVESTIDORES DE RISCO
44
rba | revista brasileira de administração
funcionava em um navegador web (daí
Google e em poucos segundos
seu nome), Graham podia responder
a busca trará aproximada-
imediatamente ao feedback de seus
mente 120 milhões de resultados. Poucos
clientes. Assim, prestando atenção aos
fenômenos parecem hoje mais eferves-
usuários, aprendeu rapidamente o que
centes do que o espírito empreendedor,
estes queriam.
tanto no Vale do Silício como em outros milhares de lugares do mundo. Mas uma só pessoa conquistou o título de “guru das startups”. Chama-se Paul Graham, nasceu em 1964 e quem o conhece diz que tem essa combinação, geralmente marcante nos empreendedores, de inteligência suprema com um quê de arrogância. Nem ele imaginava o destino que o esperava, porém. Por mais que fosse fanático por informática desde a adolescência, na realidade ele queria ser escritor. Ao graduar-se em filosofia pela Cornell University, achou que o assunto era incompreensível e optou pelo curso de ciências da computação em Harvard, onde obteve doutorado. Já era um programador de destaque, cobiçado por várias empresas, quando novamente decidiu mudar de rumo: matriculou-se na Rhode Island School of Design com o objetivo de tornar-se pintor e, depois, fez cursos na Accademia di Belle Arti de Florença.
No Natal de 1996, a Viaweb tinha 70 clientes. Um ano depois, o número havia quintuplicado. Foi quando receberam uma oferta de compra do Yahoo!. E aceitaram vendê-la em meados de 1998, por US$ 49 milhões. Já sem ter de se preocupar com questões financeiras, em 2001 Graham anunciou em sua página web que estava trabalhando em uma nova linguagem de programação, chamada Arc, um dialeto do Lisp, e paralelamente começou a desenvolver um algoritmo simples para filtrar spam, que inspirou a atual geração. Também se dedicou a escrever sobre vários temas. Uma coleção de seus ensaios, Hackers and Painters, foi editada em 2004 com o selo O’Reilly. “Tudo o que nos rodeia está se transformando em software”, sustenta no prefácio. “Por isso, se quiser saber em que lugar
A pergunta favorita de Paul Graham é: qual é seu plano de longo prazo para conquistar o mundo?” Foto: Divulgação
E
screva a palavra startup no
estamos e até onde vamos, seria de grande ajuda entender o que está na cabeça dos hackers.”
como tudo começou...
Apesar do sucesso obtido com a
Apesar de ter se dedicado à pintura por
Viaweb, a experiência de lançar e diri-
cinco anos, faz tempo que Graham lar-
gir um empreendimento não foi praze-
gou os pincéis –em 1995. Foi quando
rosa para Graham. Bem ao contrário:
ficou tentado a encarar uma empre-
tratou-se de um verdadeiro tormen-
sa própria. E, com seu amigo Robert
to. E é provável que daí tenha surgido
Morris, um conhecido hacker, fundou a
uma necessidade imperiosa de ajudar
Viaweb, cujo produto (escrito totalmen-
quem pretendia embarcar em proje-
te em linguagem Common Lisp) permi-
tos similares. Porque a Viaweb, como
tia criar lojas de comércio eletrônico.
Graham disse mais de uma vez, era o
Como a Viaweb era um software que
tipo de empresa que ele financia hoje.
Paul Graham
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
... e como a ideia ganhou corpo Depois de dar uma palestra na Harvard Computing Society, em 2005, sobre como fundar uma startup, Graham decidiu criar a Y Combinator, inicialmente com o propósito de fornecer capital semente a empresas recém-lançadas. Ele o fez com três parceiros: o amigo Morris, Trevor Blackwell (funcionário da Viaweb e também fundador da Anybots) e Jessica Livingston (vice-presidente de marketing do banco de investimentos Adams Harkness e com quem Graham se casaria três anos mais tarde, em 2008). A sede foi instalada em Mountain View, no coração do Vale do Silício, sugestivamente na Pioneer Way (rua dos pioneiros). Com o tempo, à lista
2005, foram oito; no de 2012, 84. Desde
to de companhias que, em conjunto,
sua fundação, ofereceu seu financia-
já atingem um valor de mercado de
mento inicial a 460 empreendimentos.
US$ 7,8 bilhões. Não é pouca coisa.
web, que se tornou o Yahoo! Mail em 1997; e Harj Taggar, fundador da Auctomatic, empresa financiada pela Y Combinator em 2007 e adquirida em 2008 pela Live Current Media. Desde então, a YC investiu em mais de 200 startups, entre as quais estão reddit, Justin.tv, loopt e Xoobni,
financiamento
sentarem um plano de negócios, os
os grandes provedores de capital. O
candidatos só têm de completar um
principal deles é a Sequoia, empresa de venture capital em cuja lista de investimentos iniciais e bem-sucedidos estão “apenas” Apple, Yahoo! e Google. Yuri Milner, mentor da empresa de venture capital Digital Sky Technologies e magnata russo dos meios digitais, Ron Conway, conhecido como “o superinvestidor-anjo”, e a empresa de capital de risco Andreessen Horowitz, por sua vez, investem US$ 150 mil em cada startup da YC.
Então, o que é e como funciona a YC?
dos primeiros serviços de correio
de
seu trabalho, a YC conquistou de vez
dar forma ao protótipo AdSense; onde construiu o RocketMail, um
solicitação
também é original. Em vez de apre-
criador do Gmail e responsável por Geoff Ralston, fundador da Four11,
A
O mais importante, talvez, é que, com
O mÉTODO diferenciado
de sócios se somariam Paul Buchheit,
Um primeiro indício pode estar em seu nome: “y combinator”, uma função matemática que cria outras funções, assim como a YC é uma empresa que cria outras empresas. E se diferencia por ter um enfoque inovador para oferecer o financiamento inicial: aporta capital em lotes. Duas vezes ao ano, investe uma pequena soma de dinheiro (US$ 18 mil em média) em um grande número de startups em formação ou
formulário. Então, a YC seleciona os empreendedores que considera mais promissores e os convoca para uma entrevista pessoal. Cada grupo empreendedor ganha 10 minutos de atenção dos sócios da YC para convencê-los de que merecem participar da rodada seguinte. (É interessante observá-los: enquanto esperam, ficam recitando em voz baixa os argumentos que apresentarão.) Quando entram na sala, Jessica Livingston aciona um cronômetro barulhento: é o sinal para que os candidatos comecem sua exposição. Quem passou por essa experiência garante que no ar se respira um nervosismo similar ao da primeira fase de seleção do American Idol. Graham e Buchheit poucas vezes esperam para ouvir toda a argumentação. Depois de algumas frases, caminham ao redor da mesa, disparam perguntas sobre a empresa ou o produto/ serviço e fazem sugestões. De repente, Graham lança sua pergunta favorita: “Qual é seu plano de longo prazo para conquistar o mundo?”. Enfim, toca o re-
recém-lançadas, em troca de uma par-
lógio e 10 minutos mostram ser tempo
ticipação (em geral, entre 2% e 10%),
mais do que suficiente (há ocasiões em
e lhes dá treinamento. A orientação
que os sócios da YC tomam sua decisão
está a cargo de Graham e seus sócios,
nos primeiros 60 segundos). Livings-
e também de empreendedores que, em
ton fotografa os candidatos, despede-se
sua maioria, são “ex-alunos” da YC.
e já recebe o grupo seguinte.
seu ranking de incubadoras e acele-
Por conta disso, seu número de empre-
Graham não costuma prestar muita
radoras de startups [veja quadro na
sas apadrinhadas cresceu de maneira
atenção aos planos de negócios das
página ao lado]. Afinal, ela viabili-
sustentável. No primeiro ciclo, em
equipes, já que o mais provável é que es-
além de Dropbox e Airbnb. Financia mais empresas novas em um ano do que faz um investidor de venture capital em uma década. Tal façanha levou a revista Forbes a colocá-la, em abril de 2012, no primeiro posto de
46
zou o lançamento e desenvolvimen-
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tes mudem durante o programa. Preo-
Nesse período, eles trabalham em seus
Na metade de cada ciclo, a YC organiza
cupa-se, isso sim, com a personalidade
projetos, consultam os sócios da YC e
uma reunião com um grupo de mem-
e o potencial dos postulantes. Foi desse
participam de refeições semanais com
bros da Sequoia, e os fundadores das
modo que a YC transformou participan-
palestrantes convidados.
startups têm a oportunidade de con-
tes desconhecidos em celebridades e, ao mesmo tempo, inspirou muitas outras incubadoras e aceleradoras [veja quadro abaixo e na página 48 ].
O PROCESSO DE orientaçÃO O investimento da YC tem um pré-requisito: os empreendedores devem
No
primeiro
dia
do
programa,
Graham pede aos participantes que se concentrem em uma lousa branca, na qual uma linha do tempo – denominada “O processo” – descreve os passos que os empreendedores devem dar para construir uma empresa de sucesso. As semanas seguintes são marcadas por eventos – mostra de
versar por meia hora com um deles. Em essência, os executivos da Sequoia agem como consultores gratuitos: dizem a cada empresa quais de seus planos poderiam funcionar e quais não. Além disso, é uma grande oportunidade para que os fundadores tenham uma dimensão do que é um fundo líder em capital de risco.
morar em Mountain View por três
protótipos, dias de reunião com fir-
Em paralelo, os sócios da YC mantêm
meses – a turma de verão (no hemis-
mas de investimento –, até chegar ao
conversas individuais com os partici-
fério norte) fica de janeiro a mar-
ponto culminante: o Demo Day, dia da
pantes do programa. Já nas primeiras se
ço, e a de inverno, de junho a agosto.
apresentação a investidores.
impõe o mantra de Graham: Launch fast.
Incubadora/ Aceleradora
Sede
Observação
Y Combinator
Mountain View
Dropbox e Airbnb são as maiores de sua grande carteira. Os investidores brigam para investir nas companhias da YC, fundada em 2005.
2
TechStars
Boulder, Boston, Nova York, Seattle, San Antonio
Fundada em 2007, opera em cinco cidades. Atende as startups em grupos pequenos, para lhes dar atenção personalizada.
3
DreamItVentures
Filadélfia, Nova York, Israel
Fundada em 2008, possui em carteira 65 companhias.
4
AngelPad
San Francisco
Foi fundada em 2010, por sete ex-funcionários do Google.
5
Launchpad
Los Angeles
Pouco mais de duas dezenas de empresas participaram de seu programa; 75% obtiveram fundos e 25% foram adquiridas. Foi fundada em 2010.
6
ExcelerateLabs
Chicago
Fundada em 2010, graduou 20 companhias.
7
Kicklabs
San Francisco
Fundada em 2010, concentra-se em ajudar startups a conseguir os primeiros acordos com grandes marcas.
8
500 Startups
Mountain View
Fundada em 2010, além de incubadora, tem um fundo de capital semente. Seu foco não é apenas em startups dos Estados Unidos, mas também de outros países.
9
TechNexus
Chicago
Sem dar limite de tempo às empresas que aceita, investe “caso a caso”. Foi fundada em 2007.
Tech Wildcatters
Tech Wildcatters
Fundada em 2009, tem em sua carteira algumas startups promissoras.
Posição 1
10
Fonte: ranking de incubadoras e aceleradoras dos Estados Unidos publicado pela revista Forbes em abril de 2012
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Seguidoras YC: TechStars e... Criada em 2007 por um grupo de empreendedores liderado
pitalistas de risco de todo o país. Nesse dia, cada fundador tem a
por David Cohen, a TechStars é uma aceleradora de startups
possibilidade de explicar seu negócio, assim como suas necessidades
que redistribui capital semente de mais de 75 empresas de
financeiras e de tecnologia. A TechStars oferece espaços de trabalho
capital de risco e investidores-anjo e também é mediadora
e salas de reunião, mas não alojamento.
do apoio de empreendedores, executivos, especialistas em legislação e investidores, que funcionam como mentores.
No primeiro mês do programa, o empreendimento recebe um feedback dos mentores sobre seu produto (ou serviço). No segundo,
Estabelecida deliberadamente fora do Vale do Silício (em
trabalham-se temas específicos, tais como interação com clientes,
Boulder, no Colorado), expandiu-se em seguida para
oportunidades de associação e desenvolvimento de produto. Du-
Boston, Seattle e Nova York e, em 2012, lançou um escri-
rante o último mês, desenha-se um plano de ação para o período
tório “na nuvem” em San Antonio, Texas. Para divulgar seu
posterior ao programa, que inclui modo de se financiar, lançamento
modelo, em 2011 montou uma rede global de aceleradoras
de produtos e desenvolvimento estratégico. Duas ou três noites por
em sociedade com a iniciativa do governo norte-americano
semana, organizam-se sessões educativas informais com mentores.
Startup America Partnership.
Segunda no ranking de incubadoras e aceleradoras norte-america-
Os empreendedores recebem US$ 18 mil para cobrir gastos
nas elaborado em 2012 pela Forbes, essa entidade tem seu maior
básicos e outros US$ 100 mil em títulos de dívida, que se
valor nos contatos que possibilita, no assessoramento que fornece
transformarão em ações quando a startup cumprir os requi-
e no êxito comprovado das companhias que já desenvolveu. Entre
sitos para ascender à Série A. Com o próprio Cohen como
estas se destacam a Occipital e a OnSwipe – a última chegou a ser
investidor, a TechStars obtém uma participação societária de
elogiada pela revista Time.
6% em troca dos serviços que presta. A TechStars seleciona empreendedores que proponham produtos O financiamento se orienta principalmente para empresas de tecnologia baseadas na web ou desenvolvedoras de software, de preferência com alcance nacional ou global.
significativas e que preferencialmente trabalhem em equipe. Os postulantes devem residir legalmente nos Estados Unidos, e só se exige
Os programas, de três meses de duração, se destinam a gru-
que enviem uma solicitação online, sem a necessidade de um plano
pos de 10 ou 12 empreendimentos, e culminam no Demo
de negócios, mas com um curioso pedido: que contem o que os
Day, ao qual acorrem cerca de 200 investidores-anjo e ca-
mantém acordados à noite.
O conselho crítico é que lancem o pro-
chega o momento de definir o argumen-
vestidores e, consequentemente, sugerir
duto ou serviço com rapidez. Porque
to básico a ser usado. Ou seja, a maneira
a estratégia mais apropriada.
até que não o façam estarão criando
como se descreverá diante da imprensa
para um usuário hipotético. Depois
e dos investidores. Nessa etapa, os em-
do lançamento, porém, começará a interação com os usuários reais, cujas reações diante do produto, em geral surpreendentes, indicarão com exatidão o que se deve desenvolver.
48
capazes de resolver problemas existentes ou constituam inovações
preendedores manifestam inquietudes: como deveria ser a estratégia de arrecadação de fundos, quanto deveriam arrecadar e de quem, e qual é o momento oportuno para começar. Um terreno no
Pouco antes do Demo Day, a YC convida alguns ex-alunos que se destacaram por terem sido os melhores arrecadadores de fundos. A ideia é que falem com sinceridade sobre sua experiência e assessorem os candidatos quanto ao que devem fa-
qual a YC pode ser muito útil, porque
zer. À medida que a YC continua finan-
Em uma conversa posterior, quando a
sobre a base de dados de centenas de
ciando empreendimentos, o valor da
empresa está pronta para o lançamento,
empreendimentos prévios é capaz de
rede de ex-alunos se transforma em um
outra vez diante de uma lousa branca,
predizer quais serão as reações dos in-
componente cada vez mais importante.
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demo day, a vitrine Finalmente chega o Demo Day e, minutos antes de as portas do salão principal serem abertas, a tensão no ar é novamente palpável, como no encontro de 10 minutos com os sócios da YC. Desde o primeiro Demo Day, do qual participaram 15 investidores, o evento cresceu até ocupar um dia inteiro, reunindo cerca de 400 pessoas. No entanto, o mais atraente não é o tamanho da plateia, mas a identidade das pessoas. Na verdade, ali estão os mais reconhecidos investidores, individuais e institucionais,
que as candidatas sejam convincentes o
cipar de rodadas futuras, tampouco o
bastante para despertar o interesse.
veto em decisões estratégicas que os in-
Uma semana depois, os empreendedores chegam à YC para o jantar final. Vários já estão no processo de levantar recursos, tema pelo qual têm obsessão, e até já especularam sobre encerrar as ofertas de investimento. Graham os aconselha a não esperar valores altos. Costuma dizer a eles: “Conseguir fundos não é o mais importante agora. Concentrem-se em desenvolver uma companhia bem-sucedida, com um produto que chegue a milhões de usuários”.
vestidores geralmente exigem. Oferece muito assessoramento, mas não obriga ninguém a aceitá-lo. Entende que a independência é, justamente, uma das razões pelas quais as pessoas procuram fundar a própria empresa. E, além de tudo, também é um dos motivos por que tais negócios triunfam. Quando os empreendedores de uma startup são aceitos pela YC, recebem uma camiseta cinza com os seguintes dizeres: “Faça algo que as pessoas queiram”. Quando a empresa
e muitos deles sinceramente dispostos
Em seu site, a YC diz que tenta inter-
deles finalmente recebe o apoio dos
a investir em etapas iniciais se a nova
ferir o menos possível nas empresas
investidores, é a vez de ganharem
empresa parecer suficientemente pro-
que financia. Não procura um lugar em
uma camiseta preta, na qual se lê:
missora. Portanto, o objetivo desse dia é
suas diretorias, nem o direito de parti-
“Fiz algo que as pessoas querem”.
... 500 Startups com viés global Incubadora de startups em etapas iniciais e fundo de capi-
US$ 250 mil, em troca de uma participação no capital da
tal semente, a 500 Startups foi fundada em 2010 por Dave
nova empresa, em torno de 5%, combinado com uma rede
McClure, investidor, empreendedor da indústria de software
global de mais de cem mentores – especialistas em startups,
e especialista em marketing online. Sediada em Mountain
design de experiência do usuário, marketing e produto –,
View, oferece serviços para empresas dedicadas a serviços
que ajudam os fundadores de maneira personalizada e ensi-
financeiros, plataformas online, infraestrutura web, produ-
nam estratégias de aquisição de clientes, obtenção de fun-
tividade pessoal e de negócios, educação e saúde, entre ou-
dos e distribuição online.
tros. Investiu em mais de 400 empresas da internet de todo o mundo, incluindo Twilio, TaskRabbit e Wildfire Interactive (adquirida pelo Google em 2012).
A revista Inc. destacou em setembro de 2012 a expansão internacional da 500 Startups (um traço que a distingue) para respaldar os negócios nascidos no Havaí, Estônia, Argentina
A 500 Startups impulsiona novos empreendimentos com
e Áustria, entre outros países. Nesse processo, a incubadora
foco em três aspectos: design, dados e distribuição. Con-
– que conta com assessores de investimento no Brasil e no
sidera que as startups bem-sucedidas não precisam contar
México – incorporou como sócio Pankaj Jain, de Nova Délhi.
com grandes programadores ou designers, mas conquistar clientes de modo sustentável e eficiente em termos de custo.
McClure afirma que o nome alternativo de sua organização é “fábrica de fracassos” e lembra aos participantes que quase
Seu programa de aceleração de startups tem duração de
80% deles não prosperarão em um ano. Para sobreviver e
três a seis meses, e dele participam cerca de 12 compa-
ter sucesso, terão de melhorar rapidamente – algo que, em
nhias. A 500 Startups oferece um financiamento de até
última análise, depende exclusivamente deles.
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OPINIÃO
Meditaação O
Uma maneira de integrar espirituAlidade e mundo corporativo
nosso cotidiano de trabalho é, por natureza, agitado. O ambiente de uma empresa, independentemente do seu tamanho, está impregnado de ação. Cabeças
pensando todo o tempo, mãos se movimentando, reuniões acontecendo, pessoas enérgicas ou energizadas submetidas a rotinas exaustivas e etc. O clima corporativo é dinâmico, pesado, ágil, exigente, cheio de pressão e quem não se adapta, é o que dizem, obviamente deve procurar outra coisa para fazer. Sendo assim, essa configuração termina por atrair pessoas cujo perfil encaixa-se como luva neste turbilhão. A retroalimentação se estabelece: o mundo moderno do trabalho é frenético porque pessoas frenéticas nele se encaixam, sendo, ao mesmo tempo, seus criadores e criaturas. Sem que percebamos, essa loucura, enorme agitação, pressão por atingir resultados quase impossíveis, com equipes cada vez mais reduzidas e prazos mais curtos, tem criado profissionais sem vida pessoal alguma, sem qualquer conexão com sua alma, infelizes, viciados em adrenalina, incapazes de valori-
Ilustração: Shutterstock
zar qualquer outro polo na sua existência senão aquilo que fa-
50
rba | revista brasileira de administração
zem. O pior: quanto mais pessoas provam ter vestido a camisa da empresa, ter relativizado tudo, apresentado uma devoção quase religiosa à organização, em alguns casos, mais futuro e reconhecimento terão. Não é sem razão que, nesse contexto aparecem as figuras dos chefiotas (chefes idiotas), com suas
Percebeu-se que quando grupos de pessoas criam o hábito de meditar no ambiente de trabalho, o grau de atenção aumenta a cada tarefa, a comunicação melhora, as ações começam a ser planejadas com mais calma, há mais equilíbrio nas reações evitando as extremadas, mais clareza ao expor os pontos de vista, os líderes ficam mais sensíveis às suas equipes, melhores ideias e soluções aparecem com mais frequência, pois a mente tranquila está mais sensível ao insight”
com mais frequência, pois a mente
posturas abusivas, começando no des-
Consiste, em sua versão mais simples,
respeito e chegando até o assédio moral.
em parar por alguns instantes, em uma
deres pioneiros e inovadores, que com
Isso para não falar de psicopatas que se
posição corporal própria, controlando
sentam ao lado, e se caracterizam por
a respiração com exercícios adequa-
sua incapacidade de sentir remorso,
dos, com o objetivo de aquietar-se,
compaixão ou qualquer sentimento que
silenciar o turbilhão de pensamentos,
se reconheça humano, tendo prazer em
sentimentos, emoções que agitam o
neira humilhante. Isso não precisa ser assim! Podemos vivenciar todos os desafios do nosso trabalho sem nos tornar pessoas detestáveis. Como fazemos isso? Parar para meditar é uma pequena demons-
nosso interior. A meditação visa à serenidade, essa maravilhosa capacidade de fazer o que tem que ser feito sem estressar a si mesmo e aos outros. Algumas
empresas
já
entende-
ram o poder que tem a meditação. Incentivam seus profissionais a terem
tração de como isso pode ocorrer.
tempos de meditação durante o dia.
A meditação é uma poderosa prática
meditação. Os resultados logo apare-
espiritual capaz de nos ajudar a fazer melhor tudo aquilo que temos a fazer. Por outras palavras, a meditação nos faz profissionais mais ajustados, humanos, empáticos, portanto, mais efi-
Chegaram até mesmo a criar salas de ceram. Percebeu-se que quando grupos de pessoas criam o hábito de meditar no ambiente de trabalho o grau
aquele pequeno ato de iluminação que pode fazer toda a diferença. Cria-se, assim, um ambiente mais produtivo sem ser neuroticamente estressante! Obviamente que implantar a meditação como prática dentro da rotina corporativa vai exigir um nível de sofisticação e inteligência de gestão, não tão comuns em nossas empresas. Mas não é para isso mesmo que existem os lísua capacidade de pensar além do senso comum descobrem caminhos inusitados? Trazer a meditação para o dia a dia das nossas equipes certamente fará do nosso ambiente de trabalho um espaço no qual o meditar potencializará o nosso agir, pois, ao contrário do que se possa pensar, a “medita-ação” não é uma perda de tempo; é a prática capaz de nos fazer aproveitá-lo da melhor maneira possível. Ao fazer isso, tanto individualmente quanto corporativamente, estaremos integrando nossa espiritualidade ao desafiante mundo corporativo no qual vivemos. Foto: Divulgação
debochar e hostilizar os outros de ma-
tranquila está mais sensível ao insight,
de atenção aumenta a cada tarefa, a comunicação melhora, as ações come-
cientes e eficazes. A meditação é uma
çam a ser planejadas com mais calma,
pausa para aquietar-se, tranquilizar
há mais equilíbrio nas reações, evi-
a mente, diminuir a tensão. Trata-se
tando as extremadas; há mais clareza
de uma prática milenar que ultra-
ao expor os pontos de vista, os líderes
passa fronteiras religiosas, pois pode
ficam mais sensíveis às suas equipes,
ser praticada por qualquer pessoa.
melhores ideias e soluções aparecem
DR. Eduardo Rosa Pedreira é professor de Sustentabilidade Corporativa da Fundação Getulio Vargas e coautor do livro “Gestão Sustentável de Negócios”.
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CONEXÃO
Imagem: divulgação
Miopia Corporativa Um diagnóstico inteligente sobre um dos maiores problemas do mundo dos negócios. “Miopia corporativa – Como a negação de fatos evidentes impede a tomada das melhores decisões e o que fazer a respeito” trata de negação, a crença inconsciente de que um determinado fato é terrível demais para ser aceito e, portanto, não pode ser verdadeiro. Isso é bastante comum, desde o alcoólatra que jura que bebe apenas socialmente até o presidente que declara “missão cumprida” quando isso não é verdade. No mundo dos negócios, muitas empresas entram em estado de negação enquanto seus desafios se transformam em crises. Professor da Harvard Business School, Richard S. Tedlow coloca duas questões interessantes: por que tantos líderes inteligentes se negando a aceitar fatos que ameaçam suas empresas e carreiras, se recusando a agir para mudar a situação? E como podemos encontrar coragem para evitar a neganção quando nos defrontamos com mercados em mutação, novas tendências, novos concorrentes? Autor: Richard S. Tedlow Editora: HSM | Edição: 1ª | Nº de páginas: 288
Imagem: divulgação
LEIA MAIS Mídias Sociais na Organização Mídias Sociais na Organização – Como liderar implementando mídias sociais e maximizar os valores de seus clientes e funcionários mostra como os líderes devem envolver seus funcionários dentro das mídias sociais para alcançar os objetivos principais dos negócios da empresa. O livro destaca os benefícios e os desafios de usar as tecnologias das mídias sociais para atingir o poder do esforço coletivo. Recheado de conselhos práticos e exercícios interessantes, revela como você pode tornar a colaboração em massa uma fonte de constante vantagem competitiva em seu empreendimento. Autora: Anthony J. Bradley e Mark P. McDonald | Editora: M. Books
Imagem: divulgação
Edição: 1ª | Nº de páginas: 296
O Estrategista Cynthia A. Montgomery é professora de Administração e ex-diretora da Unidade de Estratégia da Harvard Business School, onde lecionou por mais de 20 anos; trabalhou com líderes de diversos setores e nacionalidades como professora e consultora. Foi então que começou a questionar alguns preceitos básicos da estratégia, observando a maneira como era elaborada e quais profissionais se encarregavam dessa tarefa. O Estrategista vem para resgatar o conceito de que a estratégia tem que vir do líder; mudar a concepção de delegação a especialista, como ocorre hoje em dia, e fazer com que os empresários e executivos inspirem-se a ser o estrategista de sua empresa. Autora: Cynthia A. Montgomery| Editora: Sextante/Gmt | Edição: 1ª | Nº de páginas: 208
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Errata: O livro “Os Princípios da Prosperidade”, divulgado na edição 92 da RBA, foi editado pelo CRA-RJ e editora Freitas Bastos.
Imagem: divulgação
Maldito Futebol Clube O filme conta a história repleta de humor e confrontos de Brian Clough e seus fatídicos 44 dias no cargo de dirigente de um time campeão de futebol da Inglaterra. Mostra claramente como a postura de um líder influencia o desempenho de seu time e como características de caráter são mais predominantes do que excelentes habilidades. Ganância, individualismo e raiva são também abordados no filme e seus efeitos mostram como tudo pode ir por água abaixo profissionalmente e prejudicar o relacionamento entre bons amigos – neste caso, o fiel parceiro Peter Taylor. Resultado? Depois de tantos reveses, Brian aprende a lição e em pouco mais de um mês ele surpreende, provando sua agressividade e brilhantismo à frente do seu time, levando-o ao sucesso nos campeonatos e recuperando sua amizade e credibilidade diante da sociedade. Duração: 120 minutos | Gênero: Biografia/Drama | Direção: Michael Sheen (The Damned United) | Ano: 2009 | País de origem: Estados Unidos
REDE angrad.org.br O site da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração (Angrad) oferece intercâmbio de informações sobre o ensino da Administração entre seus associados.
news.google.com.br O endereço eletrônico possibilita acesso à cobertura jornalística abrangente e atualizada em tempo real, agregada de fontes do mundo inteiro pelo Google Notícias.
sualingua.com.br Coordenado pelo professor e doutor em Letras Cláudio Moreno, o site busca resolver problemas dos internautas com a Língua Portuguesa. Também busca difundir e desmistificar as regras do Português bem falado e escrito de maneira correta. Lembre-se: o domínio da língua é fundamental para uma comunicação eficiente.
hsmeducacao.com.br A página web está estruturada para divulgar informações sobre as maiores tendências do management mundial. Trata-se de programas de educação executiva de alta qualidade.
idgnow.uol.com.br O site traz pauta extensa e diversificada de notícias sobre tecnologia, carreira, mercado, economia e comportamento. Em seus blogs, os temas relacionados a novas tecnologias são recorrentes.
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
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CONSELHO
2013 Ano Nacional da
Fiscalização da Profissão de Administrador Câmara de Fiscalização e Registro do CFA cria programa que executará projetos voltados para a área da fiscalização
O
Conselho Federal de Administração (CFA) ele-
Além disso, a exploração de atividades por pessoas jurídicas
geu 2013 para ser o Ano da Fiscalização. A pro-
nos campos de atuação privativos do Administrador leva,
posta da iniciativa é mostrar aos profissionais de
também, tais entidades a observarem os referidos precei-
Administração e à sociedade em geral que a preservação das
tos. “Portanto, no Sistema CFA/CRAs, podemos entender
áreas de atuação dos profissionais de Administração está di-
a fiscalização do exercício da profissão de Administrador
retamente ligada à fiscalização do exercício profissional.
como sendo a obrigação dos agentes de fiscalização de ob-
Segundo o conselheiro federal e diretor da Câmara de Fiscali-
servarem se houve infringência dos dispositivos legais e
zação e Registro do CFA, Adm. Rui Ribeiro, a fiscalização deve acontecer em todos os setores, tanto público quanto privado. “É preciso fiscalizar as empresas empregadoras e os órgãos públicos das esferas federal, estadual e municipal, nos três
da Profissão, aprovado pelo Decreto nº 61.934, de 1967, e no Código de Ética do Profissional de Administração, aprovado por Resolução Normativa do Conselho Federal de
poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –, as empresas
Administração”, defende o diretor.
e entidades que exploram atividades de Administração nos
O conselheiro explica, ainda, que a fiscalização é a obrigação
seus diversos campos, bem como do exercício dos profissionais que devem ser registrados no Sistema CFA/CRAs”, diz.
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morais, definidos na Lei nº 4769, de 1965, no Regulamento
dos Conselhos Regionais de Administração (CRAs), por intermédio de seus agentes, de verificar a regularidade formal
Mas, afinal, o que é fiscalização? Para o conselheiro, é pre-
do registro dos profissionais, das empresas, escritórios e en-
ciso, primeiramente, observar os preceitos que norteiam a
tidades que explorem atividades típicas de Administração,
atuação dos profissionais de Administração e organizações.
assim como o respeito pelas empresas empregadoras e pe-
O trabalho do profissional de Administração, de acordo com
los governos quanto ao preenchimento dos cargos típicos de
Rui Ribeiro, implica compromisso moral com o indivíduo,
Administrador, do cumprimento das obrigações tributárias
cliente, a organização e com a sociedade, e impõe deveres e
(anuidades) e a correta aplicação do conteúdo técnico-cien-
responsabilidades indelegáveis.
tífico da Ciência da Administração pelos seus filiados.
rba | revista brasileira de administração
CFA e OIT celebram parceria para capacitar Administradores Proposta é facilitar o acesso dos profissionais registrados e em dia com o CRA aos cursos oferecidos pelo CIF
O
Centro
Internacional
de
Formação
da
Organização Internacional do Trabalho (CIF/ OIT), em união com o Escritório da OIT no
Brasil, celebrou parceria com o Conselho Federal de Administração (CFA). O objetivo da iniciativa é facilitar o acesso dos profissionais de Administração registrados nos CRAs aos cursos promovidos pelo CIF. São oferecidos diversos cursos. A maioria deles é realizada na sede do Centro Internacional de Formação, em Turim, na Itália. Contudo, existem alguns cursos que serão oferecidos em outros países, incluindo o Brasil.
www.cfa.org.br. Para participar é preciso ser Administrador registrado e em situação regular junto ao CRA. Não é preciso efetuar pagamento para realizar a pré-inscrição. Somente após a confirmação da OIT é que o candidato deverá efetuar o pagamento de adesão ao curso. O CIF poderá conceder bolsa de 10% a 50% nos cursos oferecidos. O valor do curso inclui despesas de hospedagem, alimentação integral, tutoria e material didático. Os cursos do CIF estão disponíveis em seu catálogo e no site do CIF. No entanto, o CFA, em parceria com a OIT Brasil, indica alguns cursos que são mais adequados para o perfil dos profissionais de
Os interessados precisam fazer a pré-inscrição junto ao
Administração registrados (veja relação no quadro abaixo).
CFA de acordo com as orientações disponíveis no site
Outras informações no site do CFA – www.cfa.org.br.
Curso
Local
Data
Normas internacionales del trabajo para magistrados, juristas y docentes en derecho
24 a 28 de junho de 2013
Lima, Peru
Academy on Youth Development
24 de junho a 5 de julho de 2013
Turim, Itália
Enfrentar los problemas de empleo juvenil
1º de julho a 31 de outubro de 2013
Curso a distância http://empleojuvenil.itcilo.org/
Políticas públicas locais e descentralização
8 a 19 de julho de 2013
Rio de Janeiro-RJ, Brasil Florianópolis-SC, Brasil
Modernização da legislação do diálogo social na Administração Pública
2 a 13 de setembro de 2013
Turim, Itália Lisboa, Portugal
Diversity, inclusiveness and non discrimination in the world of work
16 a 20 de setembro de 2013
Turim, Itália
Learning Forum on Innovations in Public Investment and Employment Programmes
30 de setembro a 11 de dezembro de 2013
Turim, Itália
Gestão de programas e projetos: elaboração, monitoria e avaliação
18 a 29 de novembro de 2013
Turim, Itália
Team Management: Leadership and Motivation Skills
-
-
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
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Conselho
50 anos da profissão Em 2015, a Administração completará 50 anos. Em razão da importância da data, o Sistema Conselhos Federal e Regionais de Administração (Sistema CFA/CRAs) criou a Comissão Especial do Jubileu de Ouro da Profissão de Administrador, que planejará e adotará providências relativas às comemorações do cinquentenário da profissão. A Comissão se reuniu, em 9 de abril, na sede do Conselho Regional de Administração de Santa Catarina (CRA-SC). Participaram do encontro os membros da Comissão: os Conselheiros Federais, Adm. Sergio Pereira Lobo; Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha; Adm. Adelmo Santos Porto; Adm. Armando Lobo Pereira Gomes; o presidente do Conselho Regional de Administração do Distrito Federal (CRA-DF), Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior; os Administradores Leonardo Ribeiro Fuerth e Wallace de Souza Vieira que, na ocasião, representaram o presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ), Adm. Wagner Siqueira; e o Adm. Rogério de Moraes Bohn, como convidado do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul (CRA-RS). Na abertura da reunião o coordenador da Comissão, Adm. Sergio Lobo, agradeceu a presença de todos, ressaltando os objetivos da Comissão. Em seguida, ele apresentou um breve histórico do que foi realizado nos últimos 47 anos e informou que a equipe poderá usar os recursos do Programa de Desenvolvimento dos
CFA define Plano de Trabalho 2013 Com a missão de “promover a Ciência da Administração, valorizando as competências profissionais, a sustentabilidade das organizações e o desenvolvimento do país”, as Câmaras do Conselho Federal de Administração (CFA), juntamente com a Diretoria Executiva, traçaram o plano de trabalho cujo compromisso é alcançar os objetivos e metas da autarquia previstas no planejamento estratégico. Nesse sentido, muitos projetos foram criados para ajudar a construir uma profissão mais forte e consolidada. O plano de trabalho prevê ações para a promoção e a valorização do Sistema CFA/CRAs, com o objetivo de tornar a autarquia reconhecida pela sociedade e capaz de assegurar a atuação plena dos profissionais de Administração. Pensando nisso, o plano de trabalho concentrará suas ações em seis principais frentes: • valorização do campo profissional; • pacto federativo – maior integração do Sistema CFA/CRAs;
Conselhos Regionais de Administração (PRODER)
• inovação da fiscalização;
para o jubileu de ouro da profissão.
• qualidade do ensino da Administração;
Durante o encontro, os participantes sugeriram te-
• impacto da Administração na sociedade;
mas para celebrar os 50 anos da profissão. As propostas serão analisadas pela equipe para a definição das atividades a serem realizadas no jubileu de ouro.
• internacionalização do Sistema CFA/CRAs. O plano de trabalho do CFA está disponível na íntegra pelo site www.cfa.org.br
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rba | revista brasileira de administração
CRAs
Conselhos Regionais de ADministração
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ACRE (CRA-AC) Presidente: Adm. MARCOS CLAY LÚCIO DA SILVA Av. Brasil, nº 303 - Sala 201 - 2º andar - Centro Empresarial Rio Branco - Centro - 69900-191 RIO BRANCO/AC Fone: (68) 3224-1369 E-mail: craacre@gmail.com Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE ALAGOAS (CRA-AL) Presidente: Adm. ALAN HELTON DE OMENA BALBINO Rua João Nogueira, nº 51 - Farol - 57051-400 MACEIÓ/AL Fone: (82) 3221-2481 - Fax: (82) 3221-2481 E-mail: gabinete@craal.org.br Home page: www.craal.org.br Horário de funcionamento: das 7 às 13 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ (CRA-AP) Presidente: Adm. EDILJANE MARIA CAMPOS DA FONSECA Rua Jovino Dinoá, nº 2455 - Centro - 68900-075 MACAPÁ/AP Fone: (96) 3223-8602 E-mail: cra.macapa@gmail.com Horário de funcionamento: das 8 às 17 horas Atend. público: das 9 às 15 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAZONAS (CRA-AM) Presidente: Adm. JOSÉ CARLOS DE SÁ COLARES Rua Apurinã, 71 - Praça 14 - 69020-170 - MANAUS/AM Fone: (92) 3303-7100 - Fax: (92) 3303-7101 E-mail: conselho@craamazonas.org.br Home page: www.craamazonas.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA BAHIA (CRA-BA) Presidente: Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE Av. Tancredo Neves, nº 999 - Ed. Metropolitano Alfa Salas 601/602 - Caminho das Árvores - 41820-021 SALVADOR/BA Fone: (71) 3311-2583 - Fax: (71) 3311-2573 E-mail: cra-ba@cra-ba.org.br Home page: www.cra-ba.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO CEARÁ (CRA-CE) Presidente: Adm. ILAILSON SILVEIRA DE ARAÚJO Rua Dona Leopoldina, nº 935 - Centro - 60110-001 FORTALEZA/CE Fone: (85) 3421-0909 - Fax: (85) 3421-0900 E-mail: presidente@cra-ce.org.br Home page: www.craceara.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) Presidente: Adm. CARLOS ALBERTO FERREIRA JÚNIOR SAUS - Quadra 6 - 2º Pav. - Conj. 201 - Ed. Belvedere 70070-915 - BRASÍLIA/DF Fone: (61) 4009-3333 - Fax: (61) 4009-3399 E-mail: presidencia@cradf.org.br Home page: www.cradf.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (CRA-ES) Presidente: Adm. MARCOS FELIX LOUREIRO Rua Aluysio Simões, 172 - Bento Ferreira - 29050-632 VITÓRIA/ES Fone: (27) 2121-0500 - Fax: (27) 2121-0539 E-mail: craes@craes.org.br Home page: www.craes.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE GOIÁS (CRA-GO) Presidente: Adm. SAMUEL ALBERNAZ Rua 1.137, nº 229, Setor Marista - 74180-160 GOIÂNIA/GO Fone: (62) 3230-4769 - Fax: (62) 3230-4731 E-mail: presidencia@crago.org.br Home page: www.crago.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas
Listagem atualizada até o dia 22/05/2013
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO MARANHÃO (CRA-MA) Presidente: Adm. ISABELLE CRISTINE RODRIGUES FREIRE MARTINS Rua José Bonifácio, 920 - Centro - 65010-020 SÃO LUÍS/MA Fone: (98) 3231-4160/3231-2976 Fax: (98) 3231-4160/3231-2976 E-mail: crama@cra-ma.org.br Home page: www.cra-ma.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 14 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO (CRA-MT) Presidente: Adm. LUIS CESAR SIMÕES DE ARRUDA Rua 05 - Quadra 14 - Lote 05 - CPA - Centro Político e Administrativo - 78050-900 - CUIABÁ/MT Fone: (65) 3644-4769 - Fax: (65) 3644-4769 E-mail: cra.mt@terra.com.br Home page: www.cramt.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL (CRA-MS) Presidente: Adm. HARDUIN REICHEL Rua Bodoquena, nº 16 - Amambaí - 79008-290 CAMPO GRANDE/MS Fone: (67) 3316-0300 E-mail: presidencia@crams.org.br Home page: www.crams.org.br Horário de funcionamento: das 8 horas às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MINAS GERAIS (CRA-MG) Presidente: Adm. MARCOS SILVA RAMOS Avenida Afonso Pena, nº 981 - 1º Andar - Centro - Ed. Sulacap - 30130-907 - BELO HORIZONTE/MG Fone: (31) 3274-0677 - 3213-5396 Fax: (31) 3273-5699/3213-6547 E-mail: presidencia@cramg.org.br Home page: www.cramg.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ) Presidente: Adm. WAGNER SIQUEIRA Rua Professor Gabizo, nº 197 - Ed. Belmiro Siqueira Tijuca - 20271-064 - RIO DE JANEIRO/RJ Fone: (21) 3872-9550 - Fax: (21) 3872-9550 E-mail: secretaria@cra-rj.org.br Home page: www.cra-rj.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente: Adm. KATE CUNHA MACIEL Rua Coronel Auriz Coelho, nº 471 - Lagoa Nova 59075-050 - NATAL/RN Fone: (84) 3234-6672/9328 - Fax: (84) 3234-6672/9328 E-mail: cra-rn@crarn.com.br Home page: www.crarn.com.br Horário de funcionamento: das 12 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente: Adm. CLÁUDIA DE SALLES STADTLOBER Rua Marcílio Dias, nº 1030 - Menino Deus - 90130-000 PORTO ALEGRE/RS Fone: (51) 3014-4700/3014-4769 - Fax: (51) 3233-3006 E-mail: diretoria@crars.org.br Home page: www.crars.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente: Adm. ANDRÉ LUIS SAONCELA DA COSTA Rua Tenreiro Aranha, nº 2.978 B - Centro - 78902-050 PORTO VELHO/RO Fone: (69) 3221-5099/3224-1706 - Fax: (69) 3221-2314 E-mail: presidencia@craro.org.br Home page: www.craro.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 17 horas Atend. público: das 8 às 14 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARÁ (CRA-PA) Presidente: Adm. JOSÉ CÉLIO SANTOS LIMA Rua Osvaldo Cruz, nº 307 - Comércio - 66017-090 BELÉM/PA Fone: (91) 3202-7889 - Fax: (91) 3202-7851 E-mail: gabinete@crapa.org.br Home page: www.crapa.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 15 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. UBIRAJARA RIZ RODRIGUES Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco 69305-170 - BOA VISTA/RR Fone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448 E-mail: craroraima@gmail.com Home page: www.crarr.org.br Horário de funcionamento: das 7h30 às 18 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA PARAÍBA (CRA-PB) Presidente: Adm. FRANCISCO DE ASSIS MARQUES Av. Piauí, nº 791 - Bairro dos Estados - 58030-331 JOÃO PESSOA/PB Fone: (83) 3021-0296 E-mail: crapb@crapb.org.br Home page: www.crapb.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC) Presidente: Adm. ANTONIO CARLOS DE SOUZA Av. Pref. Osmar Cunha, 260 - 8º andar, Sl.: 701 a 707/801 a 807, Ed. Royal Business Center - 88015-100 FLORIANÓPOLIS/SC Fone: (48) 3229-9400 - Fax: (48) 3224-0550 E-mail: crasc@crasc.org.br Home page: www.crasc.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (CRA-PR) Presidente: Adm. GILBERTO SERPA GRIEBELER Rua Cel. Dulcídio, nº 1565 - Água Verde - 80250-100 CURITIBA/PR Fone: (41) 3311-5555 - Fax: (41) 3311-5566 E-mail: presidencia@cra-pr.org.br Home page: www.cra-pr.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 18 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente: Adm. WALTER SIGOLLO Rua Estados Unidos, nº 865/889 - Jardim América 01427-001 - SÃO PAULO/SP Fone: (11) 3087-3208/ 3087-3459 - Fax: (11) 3087-3256 E-mail: secretaria@crasp.gov.br Home page: www.crasp.com.br Horário de funcionamento: das 8 horas às 17h30 Atend. público: 9 horas às 17 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente: Adm. ROBERT FREDERIC MOCOCK Rua Marcionilo Pedrosa, nº 20 - Casa Amarela 52051-330 - RECIFE/PE Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 - Fax: (81) 3268-4414 E-mail: cra@crape.com.br Home page: www.crape.com.br Horário de funcionamento: das 8 às 14 horas Atend. público: 8 às 12 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente: Adm. PEDRO ALENCAR CARVALHO SILVA Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 TERESINA/PI Fone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704 E-mail: administrativo@cra-pi.org.br Home page: www.cra-pi.org.br Horário de funcionamento: das 12 às 19 horas
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Adm. Diego Cabral Ferreira Costa Rua Senador Rollemberg, 513 - São José - 49015-120 ARACAJU/SE Fone: (79) 3214-2229/3214-3983 Fax: (79) 3214-3983/3214-2229 E-mail: cra-se@infonet.com.br Home page: www.crase.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 14 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente: Adm. ROGÉRIO RAMOS DE SOUZA 602, Norte, Av. Teotônio Segurado, Cj 01, Lt 06 77006700 - PALMAS/TO Fone: (63) 3215-1240/3215-8414 E-mail: atendimento@crato.org.br Home page: www.crato.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas
MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
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ARTIGO DO LEITOR ILUSTRAçÃO_SACHA BEZRUTCHKA
Lidando com
pessoas em
uma empresa T
odas as empresas apresen-
para se adaptar a cada grupo na busca
tam algumas característi-
dos objetivos da organização.
cas comuns. Uma delas, e
talvez a mais importante, é que há pessoas em sua estrutura organizacional. O desafio de estabelecer, manter e melhorar os relacionamentos interpessoais, o método de comunicação e relacionamento que promove a troca de informações entre duas ou mais pessoas, é sempre um obstáculo a ser vencido por
58
Com o dia a dia de trabalho nas empresas é possível observar três tipos de personalidades, que são o conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém. Entre essas características, cabe citar:
todos na organização. Jornadas cada
a) os insubmissos: geralmente
vez mais longas, funções acumuladas
têm resistência em obedecer a algumas
e necessidade constante de aperfeiço-
regras da empresa por achar que são
amento estão na lista de profissionais
desnecessárias. São criativos, têm alto
de todas as áreas e cada vez fica mais
nível de conhecimento sobre suas ta-
difícil manter o equilíbrio. Em mui-
refas, um bom poder de argumentação
tos casos, os cargos de liderança ainda
e uma implicância com cargos superio-
ficam com quase a totalidade dessa
res. Com o insubmisso deve-se sempre
responsabilidade. Sendo assim, esse
buscar a parceria, ouvir suas opiniões,
profissional deve entender um pouco
para que se sinta coautor das decisões
sobre as características de cada tipo de
e não um simples executor, pois, sendo
personalidade, conhecer um pouco de
assim, seu poder de argumentação será
cada uma das pessoas que irá liderar,
usado de forma positiva na organização
rba | revista brasileira de administração
b) os inseguros: em geral fazem
nho a ser seguido com o colaborador
De acordo com tal indicador, o tipo de
tudo para o que são mandados, não
que não abre mão de competir sempre
personalidade pode ser identificado por
questionam e não opinam, mesmo que
é ter cautela ao colocá-lo em um cargo
meio de quatro critérios excludentes.
já saibam de algum detalhe que poderá
de liderança. No entanto, suas ideias e
Ou seja, a cada critério, ou você é um
trazer insucesso ao trabalho solicitado.
suas opiniões são sempre relevantes e
ou outro. O primeiro é se você é extro-
Estão sempre demonstrando motiva-
devem ser levadas em consideração.
vertido ou introvertido; o segundo, se
ção. Não gostam de mudanças e têm seu foco em agradar a todos e, principalmente, a seus superiores como forma de sua manutenção na organização. Com
A teoria de Carl Jung, que, em 1927, no livro Tipos Psicológicos, afirmava que a personalidade humana pode ser
é sensorial ou intuitivo; o terceiro, se é pensador ou sentimental; e o quarto, se é julgador ou perceptivo.
composta por diversos fatores, que,
Todos têm um pouco desses três tipos
combinados, tipificariam a personali-
de personalidade, porém, uma sem-
dade de cada um, é bem adequada para
pre se ressalta e, daí, a necessidade de
o momento e dá base ao que está sendo
uma observação especial a cada caso.
aqui colocado. Estudos complementa-
Todos apresentam pontos fortes e fra-
res de Katherine Briggs Myers e de sua
cos. O grande desafio é sempre incen-
filha, Isabel Briggs Myers, também cor-
tivá-los a usar os pontos fortes e não
c) os competidores: eles têm
roboram com a argumentação do pre-
deixar os pontos negativos atrapalha-
sede pela vitória, são competitivos e
sente artigo. Donas de uma fábrica nos
rem. Entender que cada personalidade
querem ser sempre os melhores no
Estados Unidos, elas utilizaram seus
foi construída durante toda a vida do
que estão fazendo. Porém, se acham
próprios fundamentos para realizar a
indivíduo e atua como um tipo de es-
sempre melhores do que realmente
seleção dos seus colaboradores. O que
cudo é fundamental. Tentar mudá-la
são, têm dificuldades no trabalho em
começou com uma brincadeira entre
na marra não trará bons resultados
equipe, pois não reconhecem os talen-
mãe e filha tornou-se um estudo sério,
e promover conflitos por conta disso
tos dos outros, são proativos e sempre
sendo a base para o “Indicador Myers
fará com que a organização perca pes-
trazem ideias novas. O melhor cami-
Briggs dos Tipos de Personalidade”.
soas importantes.
de informações, pois vão responder de acordo com o que acham ser a resposta que mais agradará. São ótimos motivadores de campanhas internas e sua lealdade deve ser aproveitada.
Escolher uma profissão que combine com seus traços de personalidade pode ser um caminho mais feliz para o sucesso, porém, não o único.
Foto: Divulgação
o inseguro deve-se ter cautela na busca
ADM. Rodolpho Sá Viana Figueiredo MBA em Gestão de Negócios e Inovação. Também presta consultoria e desenvolve softwares administrativos.
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ARTIGO DO LEITOR ILUSTRAçÃO_SACHA BEZRUTCHKA
SONHO GRANDE O empreendimento de minha vida começou algum tempo atrás...
T
oda
a
minha
infância
e
adolescência morei com minha avó paterna em uma cidade
com menos de 6 mil habitantes, onde toda e qualquer renda familiar era proveniente do comércio, da educação ou da política. Uma típica cidade do Nordeste, onde
Foto: Arquivo pessoal
o tradicionalismo familiar reina sobre qualquer outro tipo de influência. Ao longo do tempo, pude verificar o desinteresse
da
maioria
dos
meus
amigos pelos estudos, muitos deles não conseguindo superar sequer o Ensino Fundamental e os demais se conformando com a situação de formandos do 2º Grau. Instalei em minha mente a ideia de não me contentar com qualquer aspecto similar para meu futuro. Na leitura encontrei meu porto seguro, busquei sempre me antecipar a todas as matérias que seriam aplicadas em sala de aula. Recordo-me que, sempre que falava aos meus amigos que um dia iria cursar uma faculdade, todos riam e me desestimulavam, dizendo que nunca o faria, que, assim como os outros, nunca abandonaria aquela pacata cidade, porém, uma pessoa sempre me estimulou.
60
rba | revista brasileira de administração
Lembro-me da minha mãe/avó, que
dilema: onde cursar a faculdade?
em toda a sua vida nunca frequentou
Duas alternativas e ambas mudariam
uma sala de aula e que, em apenas
completamente
dois meses que seu pai pagou a
primeira, abandonar todos os meus
uma professora particular para que
amigos, todas as diversões, sossego e
ministrasse aulas em sua residência,
inclusive deixar minha avó para trás e
conseguiu um de seus maiores feitos,
ir morar com minha mãe, que já vivia
pelo qual sempre se orgulha: o poder
na maior cidade do país, e usufruir de
de ler e escrever algumas poucas
todas as oportunidades que surgissem;
palavras, conhecimento esse que a
segunda, morar na capital do estado,
mim foi repassado aos 4 anos de idade.
me mantendo próximo de todos os
Bom, já se passaram um bom tempo e
Esse fato sempre me deixava cheio de
amigos e da minha avó, porém, com
muitas barreiras, tive que reaprender
orgulho, por ser o único no primeiro
poucas oportunidades de crescimento.
a conviver com minha mãe, a qual
dia de aula a conseguir ler, um pouco rápido e sem respirar, mas isso não me importava, afinal, eu estava lendo.
a
minha
vida:
Parece um pouco incerto, mas a escolha que fiz foi mudar completamente de vida, enfrentar os preconceitos
No ano de 2010 encontrei uma notícia
e, assim como muitos conterrâneos
que falava que, a partir daquela data,
fizeram em tempos não muito antigos,
se encontravam abertas as inscrições
literalmente, migrei para São Paulo,
para um programa do Governo Federal
mas comigo levei muitos sonhos e a
que concedia bolsas de estudos para
certeza de que de uma maneira ou
alunos de baixa renda. No mesmo
de outra iria cursar uma faculdade e
momento, me aprofundei sobre o
construir uma carreira de sucesso.
assunto e fiz minha inscrição. As provas estavam marcadas para o mês de novembro do mesmo ano, em uma cidade na qual eu não conhecia ninguém. Convenci um grupo de amigos a também se inscrever e, por meio de um deles, foi possível encontrar acomodação na cidade. Enfim, chegou o dia da prova. Tive que conciliar o tempo para os estudos com outro projeto desenvolvido na escola em que estudava, cuja idealização e presidência a mim pertencia.
Logo ao chegar utilizei as notas obtidas para fazer minha inscrição em duas faculdades públicas, porém, não obtive sucesso. Não desisti. Fiz novamente a inscrição em uma faculdade particular. Como primeira opção, escolhi o curso pelo qual carrego um verdadeiro amor, o curso de
Como primeira opção, escolhi o curso pelo qual carrego um verdadeiro amor, o curso de Administração.”
sempre vi como a pessoa que me abandonou. Hoje estou no terceiro ano da minha graduação como bacharel em Administração, possuo um número incontável de novos amigos, sem esquecer os antigos, é claro. Logrei uma bolsa integral que me auxiliou também a concluir um curso de espanhol em uma das escolas de idiomas mais reconhecidas do país e, atualmente, faço aulas de inglês na mesma escola de idiomas, também com uma bolsa integral. Estou muito próximo de uma grande conquista que antes considerava impossível. Ter um sonho grande de nada adianta se nunca nos levantarmos com a coragem de realizá-lo.
Administração. E, nas demais, escolhi
Talvez ninguém nunca conheça minha
dois cursos de tecnólogo, almejando
história, mas ficarei feliz se ao menos
uma bolsa integral no primeiro e de
uma pessoa a utilizar como fonte de
50% nos outros. Grata foi a surpresa
inspiração para seus objetivos.
ao constatar, alguns dias depois, que,
Após dois dias exaustivos, foram
entre oito vagas, meu nome estava
concluídas as duas etapas de prova
garantindo uma bolsa de 100% no
e, comigo, a certeza de ter alcançado
curso de Administração e ficara pré-
o meu objetivo. Iniciava-se outro
selecionado nos demais.
Joel Alencar 20 anos, estudante do 5º semestre do curso de Administração no Centro Universitário Anhanguera Educacional de São Paulo, bolsista do PROUNI.
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LOGÍSTICA POR_Francisco José Z. Assis
APAGÃO LOGÍSTICO freia competitividade Problemas na infraestrutura impedem que o campo e a indústria produzam ainda mais e melhor, assumindo uma posição mais confortável no mercado internacional
A 62
cada balanço mensal, um novo recorde do
Os resultados poderiam ser ainda melhores se a infraestrutu-
Brasil no comércio exterior. Sejam produ-
ra do Brasil acompanhasse os avanços do setor produtivo. A
tos básicos, semimanufaturados ou manu-
falta de investimento em ferrovias, hidrovias, rodovias, por-
faturados, os volumes alcançados nas exportações e
tos e aeroportos tem gerado perda para todos os setores que
importações brasileiras só têm aumentado. Isso é pos-
dependem da logística para receber a matéria-prima e escoar
sível graças aos esforços que produtores, no campo e na
a produção. Diante do que vem sendo chamado de “apagão”
indústria, têm feito para ganhar produtividade e, conse-
ou “caos” logístico, só o setor produtivo sabe a que preço os
quentemente, receita.
recordes vêm sendo quebrados.
rba | revista brasileira de administração
Um estudo realizado pelo Núcleo
Para o especialista do Núcleo de Ino-
de Inovação da Fundação Dom Ca-
vação da Fundação, a situação não é
bral (FDC), de desenvolvimento de
de agora; “É de anos e reflete a falta
executivos e empresas, com dados
de planejamento e gestão do gover-
do World Economic Forum (WEF),
no”. “Quem não se lembra do Pro-
aponta que, enquanto outros paí-
grama Avança Brasil (FHC), depois
ses em desenvolvimento investem,
do PAC 1 e PAC 2, com todos eles
em média, 7%, o Brasil investe ape-
prometendo investimentos em in-
nas 2,5% do Produto Interno Bruto
fraestrutura e ganhos de competiti-
(PIB) em infraestrutura. O resul-
vidade? São mais de dez anos de pro-
tado disso, segundo a pesquisa, são
messas, sem resultado efetivo para o
problemas de competitividade. “Na
crescimento econômico”, desabafa.
interpretação deste estudo, sugeproblemas na infraestrutura, soma-
NO CAMPO
do ao limite das indústrias, o que
Membro da Câmara de Infraestru-
economia é conhecido como ‘cresce e estaca’, isto é, o Brasil corre o risco de não crescer de forma sustentada”, explica o pesquisador da FDC, Hugo Ferreira Braga Tadeu.
tura e Logística do Ministério da Agricultura, consultor para o tema na Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Luiz Antonio Fayet chama a atenção para esse “apagão” pelo menos desde 2007. Se-
Segundo o professor, as principais
gundo ele, diante da previsão de safra
dificuldades são o investimento em
de 180 milhões de toneladas de grãos,
infraestrutura, um ambiente regula-
o comércio exterior desses produtos
tório estável e o estímulo ao investi-
sofre com a falta de infraestrutura
mento privado, desde que as taxas de
terrestre adequada e capacidades
retorno sejam satisfatórias. “Caberia
portuárias para consolidar os novos
ao governo atuar mais como um agen-
corredores, deixando-se de conside-
te regulador e menos como investidor,
rar o potencial hidroviário com vistas
seguindo o exemplo de países desen-
a reduzir os custos de exportação.
volvidos, como os Estados Unidos e Inglaterra”, sugere Tadeu.
Foto: Divulgação
pode gerar um fenômeno que na
Para ele, no que se configura como “caos logístico”, o apagão portuário
Ainda de acordo com o pesquisador
seria o mais grave dos problemas.
da FDC, o setor produtivo perde, em
De acordo com a tese defendida por
média, 3% de crescimento do PIB ao
Fayet, quando a produção, atual-
ano, segundo estimativas do Banco
mente concentrada nas regiões cen-
Mundial. “Este seria o número re-
trais para Norte do país, poderia ser
lacionado aos problemas de compe-
escoada pelas rotas mais racionais,
titividade, o impacto respectivo na
que seriam as do chamado Arco
capacidade do Brasil em ser eficiente
Norte – portos de São Luís, Belém,
no seu comércio interno, reduzindo
Macapá, Santarém e Itacoatiara – a
perdas em transportes, armazenagem
produção rola rumo aos portos do
e comércio internacional”, comenta.
Sul e do Sudeste.
Wagner Ferreira Cardoso
Foto: Divulgação
rimos que o caos logístico significa
Hugo Ferreira Braga Tadeu
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Logística
“O que acontece é que a capacidade operacional, nos portos lá de cima, é de 10,8 milhões de toneladas. Enquan-
Foto: SECS-MA
A falta de investimento em ferrovias, hidrovias, rodovias, portos e aeroportos tem gerado perda para todos os setores que dependem da logística para receber a matéria-prima e escoar a produção”
to não construírem novos terminais, você não consegue aumentar a saída pelo Arco Norte, sobrecarregando os terminais do Sul e Sudeste e as estradas que correm para lá e aumentando os custos para o exportador, hoje equivalente a quatro vezes mais que os custos argentinos e norte-americanos”, afirma o consultor da CNA. Fayet ainda apresenta um cálculo: um produtor que está na região de Sinop (Mato Grosso) poderia ganhar R$ 6 a mais, por saca de soja ou milho, se utilizasse o porto de Miritituba, ao sul de Santarém, entrando em comboios de barcaças, descendo o baixo Rio Tapajós, depois pega o Amazonas e vai até Belém. “Se essa rota tivesse capacidade portuária em Belém”, completa. Segundo o especialista, o agronegó-
O Porto de São Luís poderia receber produção que é escoada pelo Sudeste e Sul Foto: Divulgação
cio operando no limite da capacidade exportadora pode gerar prejuízo à economia do Brasil como um todo. “O que pode acontecer é que, provavelmente, vamos ter episódios como o que aconteceu recentemente, da China, por exemplo, cancelar carregamentos e compras do Brasil. A produção vai acabar tendo que apodrecer aqui, porque não tem como escoar. Isso gera insegurança total no mercado. Isso significa rebaixamento dos preços para o produtor, prejuízo para o campo e o País, porque quem carrega a balança comercial brasileira é o agronegócio”,
Porto de Santarém - PA
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conclui Fayet.
Exportação Soja e Milho - 2012* * Valores de cada porto
SANTANA Zero PORTO VELHO* 3,6 milhões/t 5,5%
* Porto de Porto Velho (RO) distribui para os Portos de Itacoatiara (AM) e Santarém (PA)
BELÉM Zero SANTARÉM 1,3 milhão/t 2,0% SÃO LUÍS/ITAQUI 3,1 milhões/t 4,7%
ITACOATIARA 2,3 milhões/t 3,5%
SALVADOR ILHÉUS 3,0 milhões/t 4,5% vITÓRIA 4,9 milhões/t 7,4% PARANAGUÁ 16,6 milhões/t 25,0%
SANTOS 23,1 milhões/t 34,8% SÃO FRANCISCO DO SUL 5,9 milhões/t 8,9%
RIO GRANDE 6,2 milhões/t 9,3% MAIO/JUNHO – 2013 | nº 94
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Logística SOLUÇÕES
NAS INDÚSTRIAS De acordo com Wagner Ferreira Car-
portuária entre 144 países analisados;
Para os três especialistas, as alternati-
doso, secretário-executivo do Conselho
o estudo do Banco Interamericano de
de Infraestrutura da Confederação Na-
Desenvolvimento (BID) mostra que re-
vas para reverter a situação caótica da
cional da Indústria (CNI), a oferta in-
duzindo em 10% os custos de transporte
suficiente e a baixa qualidade da logís-
no Brasil, as exportações para os Esta-
tica brasileira afetam diretamente tam-
dos Unidos aumentariam cerca de 30%.
bém a competitividade da indústria. No
Em contrapartida, um corte de 10% nas
caso da infraestrutura de transportes,
tarifas aumentaria as vendas externas
segundo ele, as limitações aumentam
em apenas 1,9%.
custos, incertezas e reduzem a taxa de
portantes trechos logísticos, são muito superiores à média praticada no mercado mundial. Essa situação compromete o esforço de adequação do setor produtivo aos padrões de competição e de qualidade internacionais”, afirma. Os problemas logísticos do Brasil, como aponta Cardoso, seriam o baixo volume de investimentos em infraestrutura; a elevada e crescente deterioração da rede viária terrestre; as dificuldades no acesso aos portos – tanto pela via terrestre quanto marítima; os marcos regulatórios defasados e inadequados à evolução recente do
ultrapassado e não profissionalizado; e
sador quanto para os representantes do setor produtivo, sozinho o governo não dá conta de reverter a situação.
As alternativas para reverter a situação caótica da infraestrutura e da logística do país seriam investimentos com planejamento e gestão. Porém, tanto para o pesquisador quanto para os representantes do setor produtivo, sozinho o Governo não dá conta de reverter a situação”
mento, estimando a demanda para os próximos 10 ou 15 anos, realizando parcerias com empresas privadas”, afirma o pesquisador da FDC, Adm. Hugo Ferreira Braga Tadeu. O consultor da CNA concorda. “O governo, que não tem dinheiro para nada, tem que deixar que a iniciativa privada faça. Isso traz a vantagem que o governo não mobiliza dinheiro que seria destinado para saúde e educação, áreas prioritárias; outra razão é que as operações pelos terminais privados são mais baratas para os usuários do que os portos públicos”,
“Portanto, observamos que a redu-
completa Fayet.
ção nos custos logísticos produzi-
Para o conselheiro da CNI, Wagner
ria efeitos mais significativos que
Ferreira Cardoso, o setor privado deve
Sobre a perda de competitividade para
um acordo de livre comércio. Dian-
o Brasil, diante de tantos problemas, o
participar, efetivamente, não apenas
te desse momento de saturação da
representante da indústria cita os re-
infraestrutura brasileira, os em-
dos investimentos, mas também da
sultados de estudos internacionais que
presários brasileiros têm se empe-
mostram a relação entre os custos e a ca-
nhado com criatividade para tentar
pacidade comercial do país: “No último
atenuar o déficit da infraestrutura
ranking do Fórum Econômico Mundial,
nacional. Mas, a médio e longo pra-
publicado em setembro de 2012, o Bra-
zos, só os investimentos públicos e
sil figura entre as dez piores nações em
privados podem reverter a situação.
estruturas de gestão e de planejamen-
termos de qualidade da infraestrutura
Precisamos agir”, conclui Cardoso.
to setorial”, comenta.
o modal hidroviário subutilizado.
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to e gestão. Porém, tanto para o pesqui-
exemplo, que planeja todo o investi-
transporte mundial; o modelo de gestão do Estado no setor de transportes
riam investimentos com planejamen-
“É preciso fazer como o Canadá, por
retorno dos investimentos produtivos. “Os custos de transporte no país, em im-
infraestrutura e da logística do país se-
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gestão dos serviços para superar as deficiências logísticas do Brasil. “Porém, a maior participação do capital privado na infraestrutura exige o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios, das
&
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