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r e v i s ta b r a s i l e i r a d e a d m i n i s t r a ç ã o

Ano XXIV • Nº 98 • Janeiro/Fevereiro de 2014

Entrevista

Adm. Murilo Ferreira prega austeridade no comando da Vale

Case de sucesso

Programa 10.000 Mulheres educa sobre gestão e negócios

BOM NEGÓCIO,

BOA CAUSA Empresas sociais ainda engatinham. Porém, a força dos seus resultados podem provocar grandes e positivas transformações

9 771517 200009

98

Lei dos resíduos completa 3 anos

R$ 9,90

Investir em conhecimento vale a pena

Regulamentação apresentou poucos avanços, mas só o fato de o Brasil possuir a norma e os passos que já foram dados merecem comemoração

A vivência e o estudo em outros países, assim como a troca de experiências com outras culturas, são bem vistas pelo mercado de trabalho

Universidades corporativas ganham corpo e mudam o perfil das empresas


NOVO

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Editorial

Um jeito diferente

S

obre a balança pesam

sobre gestão e negócios. No início quando a instituição fi-

aspectos positivos e ne-

nanceira constatou, por meio de pesquisa, que investir na

gativos sobre o capitalis-

educação e na força de trabalho das mulheres favorecia o

mo. Da mesma maneira que crises

crescimento econômico. E a justificativa reside no seguin-

cíclicas e aterradoras prejudicam

te fato: elas revertem boa parte dos seus ganhos para suas

a população de vários países, tam-

famílias e comunidades.

bém é fácil encontrar nações que se adaptaram muito bem ao moADM. SEBASTIÃO LUIZ DE MELLO Presidente do CFA

delo econômico e possuem uma sociedade rica e estruturada. Não há unanimidade nesta discussão.

Dentro do quadro pontilhado pela maneira capitalista de produzir, agir e pensar e diante da necessidade constante de adaptação à novas realidades surgem ideias admiráveis. Pelo traço evolutivo, marcam a história da humanidade. Neste restrito rol de boas iniciativas que causam importante impacto sobre as pessoas estão as empresas sociais. O economista e banqueiro Muhammad Yunus se apresenta como o pai. Tudo começou com a missão de criar um iogurte especial, capaz de combater a desnutrição das crianças do Bangladesh dada a Franck Riboud, executivo da Danone. E mais: todo o lucro obtido com a iniciativa seria revertido para o próprio projeto. A proposta foi aceita de imediato e nasceu o primeiro “negócio social”: a Grameen Danone Foods, que, desde 2006, é responsável por retirar muitas crianças da situação de desnutrição naquele país. Esse jeito diferente de atuar dentro do sistema capitalista serve de exemplo. Para disseminar boas iniciativas, o assunto é tema da matéria de capa da presente edição da Revista Brasileira de Administração (RBA), que também aborda a economia de comunhão, ideia genuinamente brasileira implementada a partir de 1991 e ligada à responsabilidade social das empresas. Seguindo a linha de socializar e difundir os bons exemplos, a presente edição traz matéria sobre o programa 10.000 Mulheres, idealizado pelo banco de investimentos internacional Goldman Sachs para fornecer a empresárias sem muitos recursos, de várias localidades do mundo, educação

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rba | revista brasileira de administração

A importância do intercâmbio cultural na formação do Administrador e a dificuldades de implementação da política de resíduos sólidos pelas empresas também estão entre as pautas desta 98.ª edição. São reportagens produzidas pela própria equipe da RBA e que estão em sintonia com as atividades daqueles que militam na Administração. Cada Administrador tem sua maneira de trabalhar e conduzir suas atividades profissionais para alcançar os resultados desejados. Uns são dados a arriscar. Outros preferem caminhos sólidos e não dão brechas para o azar. Sob o comando de Adm. Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, a Vale é reflexo de uma gestão austera, com foco no melhor desempenho e na eficiência. Na entrevista que concedeu à RBA, Ferreira contou que seu grande desafio a frente da mineradora foi mudar a filosofia da empresa, que na sua chegada, em 2011, possuía 156 projetos e passou a ter um portfólio mais enxuto. Merece destaque o conteúdo compartilhado com a renomada publicação HSM Management. Em reportagens amplas e bem elaboradas, o atual momento das universidades corporativas é exposto de maneira detalhada e esclarecedora. Antes relegadas ao papel de encarar os novos desafios do mercado, tais instituições modificaram o papel das empresas, que também passaram a figurar no ramo educacional, preparando profissionais. Não há como ficar indiferente diante de todo o conteúdo – aqui mencionado de forma breve – da RBA. E, ao abrir a revista, seções fixas, como “Desafio do Ócio” e “Bem-estar”, e colunas assinadas pelo Adm. Leandro Vieira e o professor Eduardo Pedreira vão transformar o tempo dedicado a esta publicação mais prazeroso. Boa leitura!



Sumário Ano XXIV • Nº 98• JANEIRO/FEVEREIRO DE 2014

ENTREVISTA

10

Administrador. Murilo Ferreira preside a Vale com foco no resultado Com um currículo robusto de passagens por grandes empresas, o Adm. Murilo Pinto de Oliveira Ferreira chegou à presidência da Vale em maio de 2011 e, de pronto, assumiu o desfio de mudar a filosofia da empresa.

BEM-ESTAR

16

19

Os resultados da convivência em

Idealizado para fornecer educação

família vêm ganhando importância

sobre gestão e negócios para

nos ambientes corporativos.

empreendedoras, projeto em pleno

Empresas demonstram

funcionamento mostra que investir

preocupação em proporcionar aos

na força de trabalho feminina

pais a possibilidade de passarem

resulta em famílias e comunidades

mais tempo ao lado dos filhos.

mais prósperas.

Pais e filhos juntos por um melhor rendimento profissional

LEITOR | 08

ARTIGOS

CONSELHO | 60

22

CONEXÃO I 65

CASE DE SUCESSO

Programa 10.000 Mulheres produz benefícios e resultados

ROBERTO TREVIZAN Valorizar erros?

30

EDUARDO ROSA PEDREIRA A cadeia lógica de uma liderança saudável

36

ADM. LEANDRO VIEIRA Google – A melhor empresa mais cobiçada para se trabalhar no mundo

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rba | revista brasileira de administração


revista brasileira de administração

CAPA

24

Empresas sociais unem a boa causa ao bom negócio Ainda incipiente no mercado global, a ideia do economista e banqueiro Muhammad Yunus provou ser uma alternativa concreta para transformar realidades sociais adversas e, ainda, render bons resultados comerciais. Tudo começou com Grameen Danone Foods, subsidiária da gigante do setor alimentício que desenvolveu e passou a fabricar um iogurte especial capaz de combater a desnutrição de crianças em Bangladesh.

32

País e empresas só têm a lucrar com lei dos resíduos Política

Nacional

de

Resíduos

38

HSM: universidades corporativas tomam outra proporção

51

Concebido a mais de 30 anos, Post-it faz sucesso

Criadas para cuidar de novos desafios,

Resistente às modernas tecnologias,

Sólidos (PNRS), regulamentada pela

as

corporativas

o bom e velho bloco de papel de cor

Lei n.º 12.305, completou três anos,

ganharam corpo nos últimos anos e

amarela – em sua versão mais tradicional

mas ainda ensaia sua implementação

estão mudando o perfil das empresas,

- com adesivo de baixa intensidade se

efetiva. Porém, o simples fato de

que passaram a também figurar no

apresenta como uma solução barata e

o Brasil ter se mobilizado sobre a

setor educacional. Hoje, elas já são

eficaz para o tumultuado dia a dia dentro

questão já é motivo para comemorar.

cerca de 4 mil pelo mundo.

dos escritórios.

universidades

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Intercâmbio é recomendável e mercado pede

TRABALHAR

O intercâmbio profissional e educacional e a vivência em outros países, o que permite a troca de experiências com culturas diversas, qualifica e melhora o desenvolvimento da pessoa. Além disso, a formação no exterior é uma demanda do mercado.

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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LEITOR

As mensagens para a RBA podem ser enviadas para SAUS, Quadra 1, Bloco L, Edifício Conselho Federal de Administração, Brasília/DF, CEP 70070-932, e-mail: rba@cfa.org.br ou fanpage: facebook.com/cfaadm

Quero parabenizar a parceria da RBA com a HSM Management. A matéria da edição 97 trouxe muitas contribuições para a minha vida profissional. Conteúdo primoroso, rico e muito didático". Paulo César Fonseca

Excelente a matéria de capa da RBA n.º 97! Realmente, não é possível pensar apenas em quantidade. É preciso unir forças para melhorar a qualidade dos cursos de Administração. Eu, como aluno, questiono isso todos os dias na minha faculdade. Vejo um investimento alto nos vestibulares, na propaganda para conquistar novos alunos. Entretanto, percebo que não há uma preocupação com a qualidade: a rotatividade de professores é grande, não temos ainda uma incubadora e a biblioteca carece de muitos títulos. GUSTAVO OLIVEIRA

Interessante a matéria sobre ensino da Administração, mas faltou uma pegada mais crítica em relação ao assunto. Educação virou um negócio nesse País! Isso acontece não só na Administração, mas em vários outros cursos. Quanto mais alunos, mais lucro. Quando começarem a fechar inúmeras faculdades de Administração, como aconteceu com o curso de Direito, talvez essa discussão ganhe outro tom.

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Foto: Shutterstock

Adm. João Rodrigo Teixeira


Leitor da RBA, mantenha sempre o seu endereço atualizado. Se houver qualquer alteração, encaminhe-a para rba@cfa.org.br ou pelo telefone: (61) 3218-1818.

EXPEDIENTE

Editor | Conselho Federal de Administração Presidente | Adm. Sebastião Luiz de Mello Vice-Presidente | Adm. Sergio Pereira Lobo CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2013/2014 Adm. João Coelho da Silva Neto (AC) • Adm. Armando Lobo Pereira Gomes (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. Nelson Aniceto Fonseca Rodrigues (AM) • Adm. Ramiro Lubián Carbalhal (BA) • Adm. Francisco Rogério Cristino (CE) • Adm. Rui Ribeiro de Araújo (DF) • Adm. Hércules da Silva Falcão (ES) • Adm. Dionízio Rodrigues Neves (GO) • Adm. José Samuel de Miranda Melo Júnior (MA) • Adm. Alaércio Soares Martins (MT) • Adm. Sebastião Luiz de Mello (MS) • Adm. Gilmar Camargo de Almeida (MG) • Adm. Aldemira Assis Drago (PA) • Adm. Lúcio Flávio Costa (PB) • Adm. Sergio Pereira Lobo (PR) • Adm. Joel Cavalcanti Costa (PE) • Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha (PI) • Adm. Rui Otávio Bernardes de Andrade (RJ) • Adm. Ione Macedo de Medeiro Salem (RN) • Adm. Valter Luiz de Lemos (RS) • Adm. Paulo César de Pereira Durand (RO) • Adm. Carlos Augusto Matos de Carvalho (RR) • Adm. José Sebastião Nunes (SC) • Adm. Silvio Pires de Paula (SP) • Adm. Adelmo Santos Porto (SE) • Adm. Renato Jayme da Silva (TO) CONSELHO EDITORIAL Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho CONSELHO DE PUBLICAÇÕES Adm. João Coelho da Silva Neto • Adm. Gilmar Camargo de Almeida • Adm. José Sebastião Nunes • Adm. Renato Jayme da Silva • Adm. Francisco Rogério Cristino

Foto: Shutterstock

COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS EDITORIAL E DE PUBLICAÇÕES Adm. Adelmo Santos Porto

A questão da qualidade do ensino da Administração é válida. Mas, acredito que é preciso ampliar o debate. Muitos alunos, por exemplo, estão apenas focados no diploma, não têm compromisso com a carreira em si. Sem falar que muitos chegam à faculdade com problemas educacionais graves, como dificuldade em escrever" . Aline Brandão da Silva

PRODUÇÃO Coordenação Editorial: Straub Design • Diretor Executivo: Adm. Wilgor Caravanti • Editor–Chefe: Francisco José Z. Assis • Diretor de Criação: Ericson Straub • Diretor de Arte: Fernando Ratis • Redação: Ana Graciele, Cinthia Zanotto, Mara Andrich, Nájia Furlan e Raquel Bocato • Revisão: Mônica Ludvich • Diagramação: Fernando Ratis e Rafaela Lech • Colaboradores: Cícero Nogueira, Cristina Teresa Santos e Marina Lourenção • Impressão: Plural Indústria Gráfica • Tiragem: 118 mil exemplares REPRESENTAÇÃO COMERCIAL Conecta Marketing Direto (Wladimir Reis) Tel.: (11) 98969-6075 E-mail: publicidade@cfa.org.br ASSINATURAS E-mail: rba@cfa.org.br Portal: www.revistarba.com.br Telefone: (61) 3218-1818 Fax: (61) 3218-1833 A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade da Câmara de Desenvolvimento Institucional, Conselheiros: Adm. Adelmo Porto, Adm. Dionizio Neves e Adm. Carlos Augusto, e da coordenadora técnica RP Renata Costa Ferreira. As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA. A RBA é certificada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) como de circulação controlada de conteúdo dirigido

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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ENTREVISTA POR_FRANCISCO JOSÉ Z. ASSIS

FOCO no resultado

PRESIDENTE DA VALE PREGA GESTÃO AUSTERA EM NOME DO MELHOR DESEMPENHO E DA EFICIÊNCIA

M

urilo Pinto de Oliveira

REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO (RBA): O senhor passou

Ferreira foi nomeado

pela Alumínio Brasileiro S.A. (Abras) e agora está à frente da Vale.

diretor-presidente

da

Como tem sido sua administração na empresa desde que assumiu

Vale em maio de 2011. Ingressou na

o cargo de presidente? Quais os maiores desafios já enfrentados e

Diretoria Executiva da empresa em

como é ser o responsável por detectar negócios no mundo inteiro

2005, à frente da área de Participações

para uma das maiores mineradoras do mundo?

e Novos Negócios. Na ocasião, foi o Diretor-Executivo responsável pelos setores de alumínio, carvão, participações em siderurgia, energia, novos negócios, fusões e aquisições. Em 2006, passou a ocupar o cargo de diretor-executivo de Níquel e Comercialização de Metais Básicos e, em 2007, presidiu a então Vale Inco, atual Vale Canadá, posto em que permaneceu até o final de 2008.

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rba | revista brasileira de administração

MURILO PINTO DE OLIVEIRA FERREIRA (MPOF): Comecei na Vale no dia 23 de maio de 2011. No dia 27, tive uma conversa com os analistas, investidores e imprensa. Eu disse, naquela ocasião, que estávamos muito focados em trazer o melhor retorno para o acionista, portanto, nós não deveríamos ter tantos projetos. Lembro que tínhamos 156 projetos e decidimos ter um portfólio menor, com objetivo de focar em ativos de classe mundial, baixo custo, com possibilidade de expansão e com qualidade diferenciada. O grande desafio foi justamente essa mudança de filosofia da empresa.


Foto: Divulgação JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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Entrevista RBA: Recentemente, no Congresso Brasileiro de Administração, o senhor comentou algo sobre apostar na China. Como o senhor avalia que será o futuro do setor de mineração? A China será mesmo o país “desse futuro”? Ou há outros países como aposta? (MPOF): Acreditamos que o crescimento econômico mundial vai se dar muito nas economias com alto contingente populacional como China, Índia, Brasil e Nigéria. Portanto, esses países vão demandar cada vez mais Foto: Divulgação

matéria-prima, seja o minério de ferro, através da construção civil, processo de urbanização, construção de casas e infraestrutura em geral. E a China vem desmentindo sucessivas análises RBA: Algumas reportagens o cha-

por um conjunto de valores que refle-

mam de “austero” quando o as-

tem elevados padrões éticos e morais,

sunto é o controle de custos da

buscando assegurar credibilidade e

empresa. Como o senhor vê esse adjetivo e como avalia hoje a questão da ética nas grandes empresas? Temos o exemplo recente

ser uma empresa mais eficiente e para isso precisamos trabalhar com muita austeridade. Esse objetivo é perseguido diariamente para ser uma Vale mais ajustada e competitiva. Além disso, a indústria de mineração é muito intensiva de capital e precisamos sempre ter um nível de trabalho e de disciplina muito forte na alocação de

780 milhões de toneladas de aço e, só no ano passado, foram 720 milhões. Não há uma desaceleração e, por isso,

e no longo prazos, junto aos merca-

acreditamos na China. Além disso, ve-

dos em que atuamos regularmente.

mos potencial no Oriente Médio e no

A carreira do Administrador é sempre desafiadora e altamente provocante para quem se dispõe a pensar nas pessoas e transformar as empresas”

capital. Esses princípios estão muito

12

nômica. Em 2013, o país vai produzir

preservar a nossa imagem, no curto

da Siemens. (MPOF): Estamos muito focados em

em relação à sua desaceleração eco-

sudeste da Ásia. Por isso estamos investindo em um centro de distribuição na Malásia que envolve a construção de um terminal marítimo com profundidade suficiente para navios do tipo Valemax, além de um pátio de estocagem em Teluk Rubiah. RBA: Por atuar em um segmento que exige contato permanente com o meio ambiente, como a Vale trabalha para minimizar impactos ambientais e favorecer a sustentabilidade?

bem definidos dentro da empresa em

Os padrões éticos, que se expressam

termos de austeridade e simplicida-

em ações justas e responsáveis dos

(MPOF): Fazemos contínuos inves-

de. Quanto à ética, a Vale segue um

pontos de vista social e ambiental, for-

timentos para prevenir, controlar e

código de conduta que conduz suas

mam a base dos negócios e a recepti-

compensar os impactos causados por

atividades empresariais orientadas

vidade da nossa empresa no mercado.

nossas operações. O reúso de água em

rba | revista brasileira de administração


Foto: Divulgação

2012, por exemplo, foi de 77%. Com isso, deixamos de captar 1,227 bilhão Foto: Divulgação

de metros cúbicos de água de fontes naturais, o equivalente a cerca de duas vezes o consumo anual da cidade do Rio de Janeiro. Parte desse resultado é reflexo dos nossos investimentos em tecnologias voltadas para o desenvolvimento de programas e ações focadas na redução da demanda e do consumo de água. Só em 2012 investimos US$

Foto: Divulgação

125,9 milhões na gestão de recursos hídricos na empresa. Também protegemos 13,7 mil quilômetros quadrados (incluindo as unidades de conservação protegidas em parceria com governos locais), uma área aproximadamente nove vezes maior que a cidade de São Paulo, Brasil. O total de áreas protegidas é quase três vezes maior que a área total das unidades operacionais da empresa. As áreas protegidas contribuem para manter o equilíbrio ambiental e proteger os recursos naturais, além de atuarem na captura e no armazenamento de gases causadores do efeito estufa provenientes da atmosfera, contribuindo para a redução da concentração destes. Dessa forma, áreas protegidas pela Vale contribuem para a formação de um estoque de carbono. Além disso, a empresa está engajando a sua cadeia de valor como uma das ações que integram o compromisso de reduzir em 5% as emis-

RBA: Em que áreas a Vale pretende investir nos próximos meses? Algumas matérias falam sobre

investimentos

recentes

em logística. (MPOF): Estamos focados no S11D, que é o maior projeto da história da Vale e também o maior da indústria de minério de ferro. Quando estiver em plena capacidade, ele vai fornecer 90 milhões de toneladas métricas de minério de ferro por ano, contribuindo para que a sua produção total no

Estamos muito focados em ser uma empresa mais eficiente e para isso precisamos trabalhar com muita austeridade. Esse objetivo é perseguido diariamente para ser uma Vale mais ajustada e competitiva”

sões globais de Gases do Efeito Estufa

Pará alcance 230 milhões de tone-

(GEE) projetadas para 2020. Em 2012,

ladas por ano. O projeto conta com

170 fornecedores foram treinados em

um investimento total de US$ 19,67

compreende a construção da planta de

inventário de emissões de GEE. Para

bilhões, sendo US$ 11,58 bilhões des-

concentração, tem capacidade nomi-

2014, a Vale pretende investir US$ 787

tinados para infraestrutura logística

nal estimada de 12 Mtpa e conta com

milhões em ações de proteção e con-

e US$ 8,09 bilhões, para mina e usina.

um investimento total orçado em US$

servação ambiental, intensificando

Também temos investimentos impor-

1, 174 bilhão. Outro projeto importante

suas ações em áreas como mudanças

tantes como os projetos Itabiritos, em

é o Vargem Grande Itabiritos, que en-

climáticas, biodiversidade e água.

Minas Gerais. O Conceição Itabiritos

volve a construção da nova planta de

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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Entrevista beneficiamento de minério de ferro e

RBA: O senhor gosta de ler? Qual

RBA: Como o senhor vê a carrei-

tem capacidade adicional estimada de

seu estilo de leitura preferido?

ra do Administrador no Brasil?

10 Mtpa. O projeto tem um investimen-

Que livro está lendo no momento?

É uma carreira difícil? Estão se

to total estimado em US$ 1,910 bilhão. Além deste, o Conceição Itabiritos II também é um dos principais no nosso portfólio. Ele compreende a adaptação da planta para processamento de itabi-

(MPOF): Estou lendo O Poder do

abrindo novas oportunidades?

Hábito, de Charles Duhigg. A aborda-

(MPOF): A carreira do Administrador é

gem é muito interessante e nos leva a

sempre desafiadora e altamente provo-

reflexões sobre compreender.

cante para quem se dispõe a pensar nas pessoas e transformar as empresas.

ritos de baixo teor da mina Conceição, com capacidade nominal estimada de 19 Mtpa e um investimento total orçado em US$ 1,189 bilhão. Já no exterior, estamos focados no projeto Moatize II, em Moçambique. Ele aumentará a capaci-

Murilo Pinto de Oliveira Ferreira

dade de produção de carvão de Moatize para 22 milhões de toneladas métricas por ano. Além disso, ele conta com a implementação do Corredor Nacala, outro

Registrado no Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ) sob o número 20-18049.

projeto de grande importância para nós. O corredor é uma infraestrutura de logística ferroviária e portuária voltada para sustentar a expansão da capacidade de produção de Moatize. RBA: Como Administrador, qual

C

Graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio

M

Vargas de São Paulo (FGV-SP), com pós-graduação em Administração

Y

e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ)

CM

e Especialização de Executivos (Senior executive) pela IMD Business

MY

School, em Lausanne, Suíça.

sua avaliação sobre o momento econômico do país? O que, na sua opinião, ainda tem muito a melhorar e quais os investimentos do governo federal que têm sido positivos para o setor de mineração?

14

Diretor-presidente da Vale desde maio de 2011, iniciou carreira profissional companhia em 1977, como analista financeiro e econômico. No ano seguinte, na Caraíba Metais, exerceu o cargo de Gerente Financeiro, no qual permaneceu até 1980, quando foi para a Alumínio Brasileiro S.A. (Albras) para assumir o posto de Gerente Financeiro

(MPOF): O Brasil não está crescendo

Internacional. Depois de quase oito anos na Albras, dedicou-se a

4% como era previsto, mas o país conti-

consultorias para projetos de M&A e de reestruturação de empresas,

nua com pleno emprego e os brasileiros

entre as quais se destacam a Companhia Paulista de Ferroligas, a Sibra

continuam tendo aumento de renda.

Eletrosiderúrgica Brasileira S.A. e a Alumina do Norte S.A. (Alunorte).

Acho que as pessoas precisam viajar

Em 1998, exerceu o cargo de diretor de Finanças e Comercial da Vale

mais, prestar mais atenção e ter uma

do Rio Doce-Alumínio (Aluvale), empresa incorporada pela Vale em

visão mais ampla. O mundo crescia

dezembro de 2003. Foi ainda presidente da Alunorte, da Albras e da

4,5% por ano. Em 2013, se crescer, vai

Mineração Vera Cruz. Foi membro de Conselhos de Administração de

crescer 3%. Não é possível ser uma ilha

diversas companhias no Brasil e no exterior, como Mineração Rio do

de prosperidade num cenário mundial

Norte S.A. (MRN), Valesul Alumínio S.A., Alunorte, Albras, Usiminas,

tão complicado. A economia brasileira

PT Inco (Indonésia) e Vale Inco (Nova Caledônia). Foi também sócio da

pode melhorar, mas é preciso um cená-

Studio Investimentos, empresa gestora de recursos focada no mercado

rio internacional mais favorável para

acionário brasileiro.

que isso aconteça.

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CY

CMY

K


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rba | revista brasileira de administração


A

inda parece ser utopia para

Benefícios como esse concedido pela

O mesmo documento acima citado

os pais ativos no merca-

Volvo não são comuns no Brasil, pois

apontou que, apesar de as mães terem

do de trabalho dedicarem

isso “depende muito da cultura de

utilizado a maior parte da licença em

mais tempo aos seus filhos e, também,

cada empresa”, ponderou a psico-

2012, os homens também decidiram

manterem um bom rendimento no em-

pedagoga. Sob essa perspectiva, fica

cuidar de seus filhos, ocupando uma

prego. Embora isso possa soar como

fácil entender a atitude da monta-

média de 24% do tempo do benefício.

realidade distante para homens e mu-

dora, uma vez que a empresa nasceu

lheres com filhos no Brasil, aos poucos

na Suécia, um país firmado no fato

as empresas começam a respeitar e nários em casa, quando isso significa dedicar mais tempo à família. A psicóloga, psicopedagoga e assessora educacional Maria Silvia Todeschi de Sousa trabalha em Curitiba e, mesmo sem reconhecer grandes esforços por parte do governo e de organizações para garantir a presença mais significativa dos pais na rotina dos filhos, consegue perceber os estímulos de algumas companhias para que as mães passem mais tempo em casa — principalmente no primeiro ano de vida do bebê. A empresa de origem sueca Volvo, que fabrica caminhões, ônibus e carros, serve de exemplo. Maria Silvia conta que uma amiga trabalha na empresa e se diz satisfeita com os benefícios concedidos a ela como mãe. A montadora, além de conferir seis meses de licença–maternidade, também possibilita que após o término desse período a funcionária volte a trabalhar em tempo integral, mas cumpra parte das horas em casa. Ao retornar do afastamento, é prevista “uma carga de trabalho crescente nas dependências da empresa nos meses seguintes ao término da licença-maternidade até o bebê completar um ano”, divulgou a empresa no seu relatório social de 2012, dando a chance de a mãe acompanhar o desenvolvimento do filho no seu primeiro ciclo de vida.

os dias de licença “podem ser distribuídos ao longo dos oito anos de

A empresa receberá a sua recompensa com um funcionário que retorna as atividades renovado, com mais vontade e prazer para executar as tarefas do dia a dia, sendo mais eficiente nas respostas as cobranças. " de homens e mulheres dividirem poder e influência igualmente, baseado num sistema justo, em que ambos os sexos podem balancear vida familiar e trabalho. É isso o que justificou o governo sueco no documento “Gender Equality in Sweden”, publicado no site sweden.se. Vem daí o direito a 480 dias de licença-maternidade concedido aos casais residentes no país. Ou seja, na Suécia o pai também tem a oportunidade de estar com o filho após o nascimento. A divisão dos dias entre os pais não

vida da criança” e que “os benefícios também são sentidos no bolso: os pais recebem 80% do salário e têm a garantia do emprego de volta”. A certeza de estar empregado após o período de afastamento e a oportunidade de poder se fazer presente no desenvolvimento do filho, principalmente no primeiro ano de vida do bebê, geram um sentimento de gratidão do funcionário para com a empresa, o que pode resultar em um bom desempenho dele ao retornar para o trabalho — é o que indica a psicóloga. Vários aspectos positivos são pontuados por Maria Silvia quando existe a valorização da organização sobre um momento tão importante e especial na vida do trabalhador. A empresa receberá sua recompensa com um funcionário que retorna às atividades renovado, com mais vontade e prazer para executar as tarefas do dia a dia, sendo mais eficiente nas respostas às cobranças. Foto: Arquivo pessoal

incentivar a presença de seus funcio-

A jornalista também ressaltou que

precisa ser igualitária, “mas o governo sueco incentiva que os dois tentem passar o maior tempo possível com os seus filhos”, postou a jornalista Fernanda Nidecker, no site da BBC Brasil, no dia 8 de abril de 2013.

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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Bem-estar Mas se os benefícios da licença se estendessem para além do primeiro ano de vida da criança e as empresas fossem mais flexíveis, oportunizando a chance de seus funcionários comparecerem a certos eventos e atividades dos filhos ao longo dos anos escolares, haveria empregados ainda mais satisfeitos e produtivos. Para Maria Silvia, seriam necessárias pequenas mudanças na cultura das organizações para oferecer ao quadro de efetivos um padrão de vida profissional e pessoal mais equilibrado. Atualmente, ao atender pais e mães, a psicopedagoga só consegue visualizar avanços fora do ambiente de trabalho, percebendo o esforço dos homens para serem mais ativos na rotina da família e a maior presença do casal na logística dos filhos – que ajustam os seus horários para levar os descendentes para a escola e outras atividades durante alguns momentos do dia, quando isso é possível. De acordo com matéria publicada por Marianna Aração no site da Folha de São Paulo em 14 de julho de 2013, benefícios como horários flexíveis após o período da licença–maternidade já são concedidos por algumas empresas presentes no Brasil, além da Volvo. A lição de casa para as demais companhias, então, é utilizar os exemplos das multinacionais, que são as líderes no movimento de adotar a licença–maternidade expandida, dando o direito de a mãe ficar em casa durante os seis primeiros meses do bebê. Entre essas empresas estão a Nestlé, Unilever, Whirlpool, Novartis e Walmart. Um dos motivadores para corporações internacionais incorporarem esses recursos não está só voltado a seguir as regras de RH globais, mas também atrair colaboradoras “em um ambiente de disputa por mão de obra qualificada”, disse. Além disso, isso se reverte em vantagem organizacional de “caráter social e de imagem, por estimular o trabalho das executivas”, acrescentou. 

COMO SUPRIR A AUSÊNCIA A falta de tempo para participar da vida

de facilita a compreensão da criança e di-

das crianças e adolescentes pode gerar

minui a cobrança por parte dela. Segundo,

um sentimento de culpa nos pais, cau-

os pais devem explicar o que fazem no

sados pelas cobranças dos filhos. Mas se

trabalho por meio de brincadeiras com os

empresas mais engessadas não deixam muitas alternativas para seus funcionários suprirem a ausência em casa, a psicóloga Maria Silvia Todeschi de Sousa dá algumas dicas do que pode ser feito para conquisFoto: Shutterstock

tar a compreensão dos herdeiros.

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rba | revista brasileira de administração

filhos. Um dentista pode brincar demonstrando as suas funções e também estimular o filho a fazer o mesmo. Assim, significar o que é o mundo em que vive para a criança. Ao obter a compreensão do trabalho dos

Primeiro, é necessário deixar claro para eles

pais, o filho passa a demandar menos. Sem

o seu prazer por trabalhar. É preciso mos-

a culpa e a cobrança dos filhos, fica, conse-

trar que o trabalho é um investimento pes-

quentemente, mais fácil de produzir e gerar

soal e importante para a família. Essa atitu-

resultados, conclui.


CASE POR_Cinthia Zanotto

Economia depende delas,

das MULHERES PROGRAMA IDEALIZADO PARA FORNECER EDUCAÇÃO SOBRE GESTÃO E NEGÓCIOS PARA 10 MIL MULHERES AO REDOR DO GLOBO MOSTRA QUE INVESTIR NA FORÇA DE TRABALHO FEMININA RESULTA EM FAMÍLIAS MAIS PRÓSPERAS E CRESCIMENTO ECONÔMICO

U

ma pesquisa conduzida pelo banco de investimentos internacional Goldman Sachs constatou que um dos mais efetivos cami-

nhos para promover o crescimento econômico de determinada localidade é investir na educação e na força de trabalho das mulheres. A justificativa para tamanha influência feminina em um dos setores onde até hoje elas encontram dificuldades para competir em igualdade com os homens, mora no fato de boa parte de seus ganhos serem revertidos em investimentos feitos em suas famílias e comunidades. Atualmente, a mulher ainda luta para vencer as diferenças ao concorrer com os homens principalmente quando são empreendedoras – isso em qualquer país. “As pesquisas mostram que as mulheres enfrentam dificuldades específicas para empreender, como, por exemplo, obtenção de financiamento e recursos.” A afirmação é de

Maria José Tonelli, a cocoordenadora do programa 10.000 Mulheres, uma iniciativa idealizada pelo Goldman Sachs para fornecer a empresárias sem muitos recursos, de várias localidades do mundo, educação sobre gestão e negócios.

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98 Foto: Shutterstock

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Embora o programa fosse realizado em

grama é reconhecido mundialmente,

terras paulistas, mulheres de vários esta-

passou a funcionar em 2008, quando o

dos não só foram encorajadas a partici-

banco assumiu o papel de patrocinador

par, como encontraram formas de arcar

e viu o projeto entrar em ação por meio

com os custos de transporte e hospeda-

de mais de 80 instituições acadêmicas

gem para frequentar as aulas e eventos,

e sem fins lucrativos de diversos países.

uma vez que a instituição não teria con-

Foram essas organizações as respon-

dições de oferecer mais recursos além

sáveis por desenvolver a metodologia e

do curso 100% gratuito. De acordo com

ministrar as aulas, enquanto o Goldmen

a cocoordenadora, as participantes, “ge-

Sachs disponibilizava os recursos. No Brasil, uma das instituições convidadas pelo banco e pelo Instituto de Empresas de Madrid para assumir a

parentes ou amigos. A família faz um esforço para obter esse recurso, pois é um investimento que compensa pelo retorno que pode trazer”.

José trabalha. Com a verba em mãos, a

O retorno, em diversos casos, chega

às necessidades das empresas e empreendedoras brasileiras. Segundo o site do programa, as participantes teriam acesso aos “conhecimentos e ferramentas que elas precisam para ter sucesso no competitivo mercado global de hoje. A chave para a metodologia do programa é a aprendizagem colaborativa através de diversas atividades, incluindo orientações online”. As alunas também têm acesso a “tutoria e mentoring, eventos de ne-

ainda durante o curso. No acompanhamento realizado pelo Goldman Sachs, em parceria com a EAESP, foram registrados casos em que as alunas conseguiram dobrar o faturamento do seu negócio e contratar novos funcionários antes mesmo de concluírem o programa. Para Maria José, esses “critérios são evidências de que o conhecimento não só foi aplicado, como trouxe resultados”.

tworking e fóruns abertos”, acrescentou.

O RESULTADO

Em cinco anos, 350 mulheres já frequen-

Em cinco anos de investimentos, os

taram o curso. Assim, a instituição de ensino brasileira cumpriu sua parte para

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ralmente, ficam hospedadas em casa de

tarefa foi a FGV-EAESP, onde Maria fundação desenhou o curso para atender

Foto: Arquivo pessoal

O 10.000 Women, nome como o pro-

efeitos do programa em cincos anos de investimento, que esteve presente em

Foram registrados casos em que as alunas conseguiram dobrar o faturamento do seu negócio e contratar novos funcionários antes mesmo de concluírem o programa." MARIA JOSÉ TONELLI, Co-coordenadora do programa 10.000 mulheres.

Gircilene Castro faz parte dessas estatísticas. Ela é uma empresária

ajudar a bater a meta de qualificar 10 mil

43 localidades do planeta, sob a direção

mulheres mundo afora. Segundo Maria,

de 89 instituições, podem ser expres-

o programa foi um sucesso no Brasil e

sos em números de forma otimista. De

mesmo com o período de investimentos

todas as participantes, 74% criaram

concluído, ainda haverá mais duas tur-

novos trabalhos. Para 83% delas foi

mas a serem formadas em 2014, com au-

possível observar um crescimento nos

refeição de qualidade com um “sabor

las ministradas da mesma forma como

rendimentos e, atualmente, 78% uti-

de feita em casa”, como consta no

aconteceram entre 2008 e 2013: a cada

lizam a tecnologia para melhor admi-

seu depoimento publicado no site do

15 dias, durante oito semanas, sempre

nistrar seu negócio. Após o término do

10.000 Women. A ideia dela era fa-

às sextas-feiras e sábados, na unidade da

curso, 90% orientam outras mulheres

zer com que os clientes pudessem se

Nove Julho da FGV-EAESP, na capital

na sua comunidade e 75% trabalham

sentir em casa durantes seus inter-

do estado de São Paulo.

com um efetivo plano de negócios.

valos e nas suas refeições.

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de Belo Horizonte que participou do programa ministrado pela Fundação Dom Cabral na cidade. A mineira fundou, em 2006, a GSA Soluções em Alimentação Ltda., para oferecer


A empresária abriu o novo negócio

de 900% na receita da GSA Soluções

depois de ter ido à falência com sua

em Alimentação Ltda. Ela também

primeira empresa que tinha junto a

reconhece o crescimento na satisfa-

um antigo sócio. Entre os principais

ção de seus clientes, que lhe dão “ex-

desafios da nova empreitada, con-

celentes feedbacks”, acrescenta.

a infraestrutura da companhia. A empresa também precisava de um armazém para estocar alimentos básicos (como arroz, feijão e óleo de cozinha), reconstruir a marca e melhorar a logística. A mineira também sentia não possuir “as habilidades necessárias para criar e administrar um time produtivo e qualificado”, afirmou. Em 2009, Gircilene encontrou o programa, fez a inscrição e passou a frequentar as aulas com a vontade de reorganizar o andamento do trabalho da empresa, priorizar as necessidades de seus clientes e criar estratégias para o futuro da companhia. Com o conhecimento adquirido, ela conseguiu bater suas metas individuais e também se diz habilitada a manter o controle de custos e o fluxo de caixa, além de ter encontrado um local para estocar os alimentos não perecíveis e, dessa forma, comprá -los a preços mais baixos.

Mas não houve só um retorno

profissional

para

Gircilene.

“Pessoalmente, agora tenho a possibilidade de oferecer aulas de natação e balé para a minha filha. Sinto que sou capaz de comprar, com razão, coisas que todas as mulheres querem, e dar um lar melhor para minha família. Esse é um feito e um sentimento incrível”, disse. Meia década se passou desde a primeira proposta e o Goldman Sachs parece ter cumprido seu principal objetivo ao investir no 10.000 Mulheres, pois a mineira é só uma das várias que conseguiram melhorar o próprio negócio, assim como a vida pessoal – outros depoimentos podem ser lidos, em inglês, no site do programa. Os resultados da primeira pesquisa realizada pelo banco de investimento puderam ser con-

Foto: Shutterstock

quistar o primeiro cliente e melhorar

firmados por diversas histórias de mulheres como Gircilene, que hoje se sentem aptas a competir no mer-

PARA SABER MAIS SOBRE O PROJETO NO BRASIL E NO MUNDO, ACESSE OS LINKS:

Os benefícios vieram com o aumento

cado global. Atualmente, o Goldman

da sua carta de clientes, entre eles,

Sachs tem a firmeza de dizer que “in-

empresas de grande porte. Na época

vestir na educação de mulheres tem

§ 10.000 Women: www.goldmansachs.

do depoimento, a companhia da mi-

um significante efeito multiplicador,

com/citizenship/10000women/index.html

neira contava com 40 empregados,

conduzindo a trabalhadoras mais

sendo 34 mulheres, e servia 2 mil

produtivas, famílias saudáveis e me-

refeições por dia. Desde a graduação

lhor educadas e, finalmente, para

§ Fundação Dom Cabral: www.fdc.org.

dela no programa, houve um aumento

uma comunidade mais próspera”. 

br/10000women/Paginas/default.aspx

§ FGV-EAESP: http://goo.gl/ZNNOkm

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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ARTIGO DO LEITOR POR_Roberto Trevizan Ilustração_shutterstock

Valorizar ERROS? U

ma vez o menino chegou em casa meio apreensivo.

pode aprender a ser competente em quase tudo” ou “O maior

Mas foi correndo dar um abraço em sua mãe e

potencial de crescimento de cada pessoa está nas áreas em

posteriormente em seu pai, que acabara de chegar

que ela tem seu ponto mais forte”. O livro Descubra seus

para o almoço. O filho então tira seu boletim do bimestre e

pontos fortes, de Marcus Buckingham e Donald O. Clinfton,

mostra primeiramente ao pai. Havia notas excelentes, boas e

mostra um pouco sobre a importância de potencializar os

uma ruim. Devido a uma desmotivação momentânea em um

pontos fortes. Uma colocação que gosto é sobre as duas

dia de prova, o menino acabou tirando 4.0 em Português. Você

premissas que orientam os melhores gestores do mundo:

tem dúvida do que o pai fez? Em nosso trabalho ou até mesmo em assuntos pessoais, acadêmicos, relacionamentos, enfim, tudo que envolva mais de uma pessoa, nos deparamos com situações semelhantes. Desenvolvemos grandes projetos, belas ações, mas em algum momento há um deslize ou um estalo de falta de atenção, que em alguns casos é fatal para afetar o desempenho conquistado com grande esforço. Mas qual o erro em errar?

22

1 – os talentos de cada pessoa são permanentes e únicos; 2 – o maior potencial de crescimento de cada pessoa está nas áreas em ela tem seu ponto mais forte. Mas o que é talento? Para Geoff Colvin, “talento é uma aptidão natural para fazer alguma coisa melhor que a maior parte das pessoas”. Dizem que quando você trabalha em algo que ama, deixa de ser um trabalho. Em tese, há um pouco de razão nesse jargão, pois quando se dedica tempo e esforço

Algumas organizações criam premissas no decorrer de sua

naquilo que é bom o resultado é melhor ainda. Você pode

existência e tais premissas se permeiam e começam a fazer

ter qualquer talento, pode ser curioso, perfeccionista, com-

parte da cultura organizacional. Algo como “Uma pessoa

petidor, estrategista, futurista etc. Cada talento deve ser

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avaliado com sua rotina de trabalho e

Story of Success, na qual diz que para

costumes que possui.

alcançar a excelência são necessárias

decidimos. Decidimos desde o piscar dos olhos até o pensamento que vamos emitir. Cada decisão é influenciada pelos seus talentos e, por mais mínima que seja, no fim do dia você terá tomado decisões incontáveis. O ser humano, em alguns momentos, acaba observando facilmente os pontos negativos e fracos de uma situação ou de uma pessoa. Principalmente

10 mil horas de prática. No livro há pesquisas que suportam a ideia, mas basicamente um “fora de série” nasce através de talento e preparação. Uma pessoa talentosa precisa de técnicas e aprimoramento, pois sem estes corre um grande risco de ineficiência. É aí que entram os gestores. É preciso ter ferramentas para mapear os talentos e desenvolver os pontos fortes. Não estou falando apenas em sua

quando é do outro. Temos a mania de

forma teórica – deve ser feito na prática.

sempre reparar na grama do vizinho

Outra frase conhecida, “Pessoas certas

e esquecer que o mato está tomando

nos lugares certos”, nada mais é do que o

conta de nossa varanda. Uma obra

reflexo da alocação correta dos talentos.

muito boa é Por que a gente é do jeito

Mesmo com inúmeras tecnologias,

que a gente é?, de Eduardo Ferraz. Para

imagino que a substituição de um talento

Ferraz, “a maior prioridade na vida de

por um sistema esteja longe de acontecer,

quem quer evoluir profissionalmente

pois as decisões pessoais não são exatas

deveria ser descobrir quais são seus

e são influenciadas por nossos talentos, e

diferenciais e aperfeiçoá-los”.

cada ser humano possui os seus talentos.

Na maior parte do tempo tentamos

E quando o pai olhou o boletim,

lapidar, eliminar ou até mesmo esconder

parabenizou o menino e valorizou as

nossos pontos fracos. Esse tempo deve

ótimas notas falando que ele poderia

ser investido para as técnicas que ajudem

compartilhar e ajudar os amigos da sala

a melhorar seus talentos e pontos fortes.

que estivessem precisando de ajuda nas

Algumas das obras que citei vão lhe

matérias em que ele foi bem. No entanto,

ajudar especificamente neste assunto que é inspirador e tem orientado pessoas ao redor do mundo. Se pararmos para listar talentos conhecidos, podemos ficar horas e horas citando grandes nomes que construíram a história do mundo, ícones da música, esportes, ciência, enfim, personalidades que souberam utilizar seus talentos da maneira correta.

fez uma pausa referente à nota baixa em Português, que ele precisava pedir ajuda, externar a dificuldade para poder reverter e fazer o máximo possível para atingir a média ou um pouco mais para passar com tranquilidade. Na verdade, não precisamos ser gênios em tudo e querer lutar com os pontos fracos toda a vida. Faça com que seus pontos fracos

Obviamente que algumas pessoas

sejam trabalhados para que pelo menos

possuem algo a mais do que talento

“passe de ano” e foque realmente em

nato para se tornarem fora de série.

seus talentos. Tanto a empresa quanto

Malcom

você irão obter resultados duradouros e

Gladwell

publicou

Na maior parte do tempo tentamos lapidar, eliminar ou até mesmo esconder nossos pontos fracos. Esse tempo deve ser investido para as técnicas que ajude a melhorar seus talentos e pontos fortes.”

Foto: Divulgação

Todos os dias, sem exceções, nós

uma

teoria em seu livro Outliers: The

de qualidade.

ADM. Roberto Trevizan Especialista em gerenciamento de projetos, atua com coordenação de projetos e consultorias de mapeamento de processos na empresa iGO - Gestão Inteligente.

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CAPA POR_Mara Andrich

POR UMA BOA CAUSA, Por um bom negócio AS EMPRESAS – OU NEGÓCIOS – SOCIAIS PODEM SER UMA GOTA NO OCEANO. MAS, JUNTAS, SÃO CAPAZES DE PROVOCAR GRANDES ONDAS DE TRANSFORMAÇÃO. PARA ISSO É PRECISO QUE TENHAM CONDIÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA

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rba | revista brasileira de administração


Q

uando o economista e ban-

negócios sociais no país. Esses negó-

queiro Muhammad Yunus

cios ainda estão sendo avaliados para

propôs ao executivo da

verificar se realmente se enquadram

Danone, Franck Riboud, a criação de

na categoria, mas certamente revelam

um “negócio social” não esperava ta-

a diversidade de fatores que caracteri-

manha prontidão. A Grameen Danone

za um negócio social.

Foods, como tantos outros negócios sociais que existem no mundo, teria a missão de criar um iogurte especial capaz de combater a desnutrição das crianças de Bangladesh. Ao ouvir a proposta do economista, o presidente da Danone respondeu, sem hesitar: “Concordo”. Yunus ficou surpreso, pois ainda não havia explicado ao empresário que nos chamados “negócios sociais” - ou “empresas sociais” todo o lucro é revertido para o próprio projeto, ou seja: no caso da Grameen, para tirar mais e mais crianças da situação triste em que vivem. E Yunus ainda brincou, descrente: “Ele não entendeu o meu inglês”.

Como

explica

a

professora

da

FEAUSP e coordenadora do Centro de Produtividade Social e Administrativa do Terceiro Setor (CEATS), Graziela Comini, no Brasil é mais comum o negócio social, e não a empresa social. Uma empresa que atua na lógica de mercado pode ter um negócio social – como é o caso da Danone. Ou também a empresa pode ser “totalmente social”, como explicou Yunus, que criou o conceito. De acordo com ele, esse tipo de empreendimento reverte todo o seu lucro no próprio negócio, em prol da sociedade. “Mas hoje temos uma visão mais ampla desse conceito. Temos aquelas empresas que têm exclusiva-

Mas o executivo da fabricante de pro-

mente o propósito social juntamente

dutos láteos não tinha entendido erra-

com a lógica de mercado e aquelas que

do, não! Ele teve mesmo a preocupação

têm somente o negócio social”, escla-

social em criar a Grameen, que, desde

rece a professora Graziela. Segundo

2006, é responsável por retirar muitas

ela, no Brasil, esse campo é relativa-

crianças da situação de desnutrição

mente novo e algumas atividades vol-

naquele país. A Grameen é apenas um

tadas para a área social não podem ser

exemplo, mas no Brasil há outros vá-

classificadas como “empresas sociais”.

rios negócios (ou empresas) sociais,

“O que classifica uma empresa social é

embora ainda não seja um conceito

quando ela tem como atividade priori-

tão difundido e adotado. Um estudo

tária atuar na seara social. Tem lucro,

que está sendo feito pela Faculdade

mas a grande questão é: o que eu faço

de

e

com esse lucro? Se for todo reinvesti-

Contabilidade da Universidade de São

do no próprio negócio, como explicou

Paulo (FEAUSP) – o Projeto Brasil 27

Yunus, pode ser classificada como

revela a existência de pelo menos 600

uma empresa social”, alerta.

Ilustração: Fernando Ratis

Economia,

Administração

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

25


Foto: Divulgação

ência. E fundos que apostem nas em-

tipo de negócio com a Social Enterprise

presas. Talvez as agências governamen-

Strategy e a Social Enterprise Unit, que

tais ainda estejam atrasadas em relação

coordenam a criação dessas empresas.

a isso. Temos os fundos de investimento

Cerca de 62 mil empresas sociais atu-

crescendo no Brasil, mas ainda faltam

am no Reino Unido, empregando per-

mais possibilidades de investimentos.

to de 800 mil pessoas. A Grameen, da

Ou seja: temos boas iniciativas, mas que

Danone, opera com o objetivo de reduzir

ainda não trazem tantos retornos para

a pobreza também por meio da criação

esses fundos”, comenta.

Devido à sua estrutura flexível e capacidade inovadora, estas empresas têm promovido a solidariedade e o melhoramento dos setores em que operam...”

de oportunidades de negócio e emprego

ROSÁRIO CHAVES Rosário Chaves, consultora da Inova+ e responsável pelo blog Empreendedorismo Social

No entanto, essa é apenas uma visão de uma empresa social. “Aquelas que têm a proposta social, mas atuam dentro de uma lógica de mercado, tendo em seu conceito negócios sociais, também o são”, comenta. Esse seria o caso da Grameen, que opera hoje com cerca de 50 fábricas.

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apoio por parte do governo para esse

para a população local, desde a obtenção das matérias-primas, incluindo o leite necessário para a produção.

Rosario compartilha da opinião da professora Graziela em relação ao ponto de equilíbrio. Para ela, no Brasil ainda há a dificuldade de separar o negócio tradi-

Para Rosario, esse modelo de negócio é

cional do social, muito mais pela falta

promissor justamente por conta dessa

de recursos do que qualquer outra coisa.

criação expressiva de vagas de empre-

“Uma das características dos empresá-

go. “Graças à sua estrutura flexível e

rios sociais é obter mudanças, em vez de

capacidade inovadora, essas empre-

impô-las, desenvolverem as capacidades

sas têm promovido a solidariedade e

humanas, o potencial humano, tendo no

o melhoramento dos setores em que

seu centro a capacitação das pessoas.

operam, por isso têm realmente efeitos

Mas isso só será possível tendo sempre

positivos no mercado onde competem,

no seu horizonte o negócio para que con-

para garantir a sobrevivência investin-

sigam realmente responder aos proble-

do ao mesmo tempo nos seus objetivos

mas sociais de forma sustentável.”

sociais”, garante.

Ela se lembrou do fundador do restau-

No Chile também há uma tendência

rante social do Reino Unido – o Brigade

parecida – as chamadas Benefities

Bar –, Simon Boyle, que disse: “Um dia

Corporations, que são empresas que

tive que parar e pensar que se pensasse

procuram internalizar valores na ca-

só nos problemas sociais eu não iria con-

deia de seus funcionários. Para a profes-

seguir fazê-lo, porque faltava o negócio

sora Graziela, o Brasil é promissor em

para os sustentar. Nesse momento parei

relação a esse tipo de negócio. “Somos

e dediquei-me ao negócio, o que me per-

criativos”, lembra ela. No entanto, ela

mitiu realmente perseguir os meus ob-

avalia que tudo ainda caminha a passos

jetivos sociais. E é esta a recomendação

A consultora da Inova+ e responsável

lentos. O que falta, então, para que essas

que Rosario dá para quem quer seguir

pelo blog Empreendedorismo Social

empresas que tanto podem ser úteis,

o exemplo de Boyle: criar uma empresa

Rosário Chaves conta que o conceito

principalmente em países com altos ín-

que tenha como objetivo principal o ne-

de empresas sociais é bastante desen-

dices de pobreza? A professora acredita

gócio, mas que incorpore os potenciais

volvido no Reino Unido. Lá, em 2002,

que encontrar o ponto de equilíbrio no

do bem social. “Isso é uma oportunidade

foi criada toda uma infraestrutura de

negócio não é fácil. “Tem que ter paci-

para os empresários contribuírem para

rba | revista brasileira de administração


Foto: Divulgação

O ideal seria que as grandes corporações dedicassem parte do seu lucro à comunidade” Aladim Ramires Godoy, diretor adjunto de Administração e Finanças do Conselho Regional de Administração do Paraná (CRA-PR)

o desenvolvimento social testando a sua

doações, bazares, ações entre asso-

criatividade, capacidade de gestão e ad-

ciados e amigos e parcerias com

ministração, com o fim de melhorar a

empresas. Pelo menos 120 ido-

vida dos outros.”

sos moram no local, que tam-

O diretor adjunto de Administração

bém atende outros cerca de

e Finanças do Conselho Regional de

20 que apenas passam o dia.

Administração do Paraná (CRA-PR),

Eles recebem atendimento

Aladim Ramires Godoy, confirma que

médico, odontológico, de

geralmente o empreendedor social não

musicoterapia e informáti-

tem vantagens econômicas. A grande

ca, e ainda podem repousar

“vantagem” nesses casos, como disse

em salas de descanso, apren-

Rosário, seria fazer a sua parte enquanto

der informática, jogar e assistir

cidadão. E ele acredita que isso deveria ser feito por todos. “O ideal seria que as grandes corporações dedicassem parte do seu lucro à comunidade”, acredita. Mas para ele, um dos grandes entraves hoje no Brasil para que os empresários pensem mais nos negócios sociais é a falta de incentivo. “Se parte dos impostos desse tipo de trabalho fosse reduzido já seria um grande incentivo. E um benefí-

a filmes no cinema. Todo o lucro é revertido para novos projetos. “A nossa missão é proteger as pessoas”, afirma Godoy, que acredita que as empresas já estão abrindo os olhos para os negócios sociais. “Hoje as empresas estão preocupadas com o compromisso social. Mas a base de tudo é o incentivo governamental”, avalia.

cio para todos os lados”, opina.

A professora Graziela faz um

Godoy é gestor administrativo de uma or-

desabafo: “Esperamos que no

ganização não governamental (ONG) de

futuro não precisemos classifi-

Curitiba que há 92 anos atua em prol das

car as empresas em sociais ou não

pessoas necessitadas. Apesar dos convê-

sociais. Que a atuação das empresas

nios firmados com o estado e o município,

sociais não seja periférica, mas que to-

a ONG se mantém, em grande parte, por

das possam atuar dessa forma”, avalia.

Ilustração: Rafaela Lech

27


Uma das características dos empresários sociais é obter mudanças, em vez de as impor, desenvolverem as capacidades humanas, o potencial humano, tendo no seu centro a capacitação das pessoas.”

ECONOMIA SOB O PRISMA DA COMUNHÃO A Economia de Comunhão nasceu no Brasil em 1991. Segundo Rosário Chaves, consultora da Inova+ e responsável pelo blog Empreendedorismo Social, esse tipo de economia está ligada à responsabilidade social das empresas. Quem criou esse modelo foi a brasileira Chiara Lubich, que se encantou com a experiência vivida no Movimento dos Focolares*, sendo que esse tipo de economia é adotado hoje por cerca de 700 empresas espalhadas pelo mundo. De acordo com a tese de mestrado de Sandra Arson de Sousa Lemos, do ano de 2006 - apresentada ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, de Portugal - a Economia de Comunhão acontece quando as empresas se estruturam em comunidades, sendo que os empresários e funcionários se orientam pela chamada “cultura do dar”. O objetivo é que os lucros não sejam somente acumulados pela empresa, mas divididos em três partes: para a propriedade e investimento na empresa, para os mais necessitados e para os homens e mulheres que tenham a mentalidade orientada para esse tipo de economia. Perfil das pessoas que viveram a experiência do Movimento dos Focolares. Segundo dados de 2007 citados na tese de mestrado de Sandra, essas empresas são, na sua maioria, pequenas, com menos de 30 funcionários, sendo que 53% operam na área de serviços e 61% situam-se na Europa, com especial destaque para a Itália. “As empresas de Economia de Comunhão não são entidades sem fins lucrativos, mas empresas que procuram o lucro, com o objetivo de pô-lo em comum. Não têm um objeto social em primeiro lugar, são empresas como as outras, procurando lançar novas atividades e gerar riqueza”, explica Rosário, citando a dissertação de mestrado. A dissertação diz ainda que é “uma filosofia que postula motivações e significados usualmente não considerados pela ciência econômica, que conta com o sentido de responsabilidade pessoal com vista à humanização da economia, seus atores e organizações produtivas, e que defende a necessidade de novos compromissos ao nível das restantes estruturas da sociedade, em nome de um futuro mais justo e harmonioso para todos os homens.” *O Movimento dos Focolares, presente no mundo inteiro, nasceu em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, como uma corrente de renovação espiritual e social. “Um povo nascido do Evangelho” é como foi definido pela fundadora, Chiara Lubich (1920-2008), personalidade carismática e referência no século 20. O objetivo do movimento é cooperar na construção de um mundo mais unido, impulsionado pela oração de Jesus ao Pai, “Que todos sejam um” (Jo 17,21), no respeito e na valorização das diversidades. Privilegia os diálogos como método, no constante compromisso de construir pontes e relações de fraternidade entre indivíduos, povos e esferas culturais. Pertencem ao Movimento dos Focolares pessoas de todas as idades, vocações, religiões, convicções e culturas.

28

Ilustração: Fernando Ratis


Ilustrações: Shutterstock

OBJETIVOS DA ECONOMIA DE COMUNHÃO:

Formar novos empresários e empresários novos que, livremente, partilham os lucros para apoiar os objetivos da Economia de Comunhão: a redução da miséria e da exclusão, a difusão da “cultura do dar” e da comunhão, o desenvolvimento da empresa e a geração de empregos; empresários que entendam e

Viver e difundir uma nova cultura

vivam a própria empresa como vocação

econômica e civil, desde as crianças

e serviço ao bem comum e aos excluídos

aos idosos, que Chiara Lubich quis

de qualquer latitude e contexto social

chamar de “cultura do dar”

Combater as várias formas de pobreza, exclusão e miséria com uma inclusão dupla: comunitária e produtiva; de fato, estamos convencidos, também pela experiência de mais de 20 anos, que não é possível curar nenhuma forma de pobreza não escolhida sem incluir as pessoas desfavorecidas dentro de comunidades vivas e fraternas, e, onde é possível, até mesmo nos locais de trabalho, nas empresas: enquanto uma pessoa que pode e deve trabalhar não conseguir encontrar a oportunidade, ela permanece sempre uma pessoa necessitada.

Fonte: site www.edc-online.org

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

29


OPINIÃO Ilustração_shutterstock

C

orrendo o risco de ser injusto na comparação, afirmo que ser líder em organizações sem

fins lucrativos dependentes da adesão voluntária dos seus membros é uma arte mais complexa do que exercer a liderança em ambientes corporativos com empregados, clientes, produtos, serviços... Quem me diz isso é a experiência profissional que tive liderando pessoas dentro de organizações sem fins lucrativos. Hoje percebo que as preciosas lições aprendidas podem ser aplicadas no exercício da liderança em qualquer organização, tenha ela fins de lucro ou não. Fui líder em um contexto no qual não tinha à minha disposição equipes pagas para fazer o que mandava. Tampouco autonomia para demitir pessoas

30

rba | revista brasileira de administração


quando os resultados pretendidos não

nós. No fundo não as respeitamos, pois

Estou consciente de que existem organi-

aconteciam. Como não podia bater na

que o respeito genuíno é aquele nascen-

zações e mesmo equipes que não valori-

mesa, xingar ninguém de imbecil, de-

te da percepção de que estamos lidando

zam esse tipo de liderança marcada pela

mitir com ou sem justa causa quem

com líderes coerentes.

cadeia lógica descrita acima. Preferem,

Esse respeito leva à admiração. Admi-

de trazer resultados em curto prazo,

me desagradava, como às vezes, infelizmente, é próprio em ambientes corporativos, tive que aprender a motivar

ramos a quem respeitamos. Então nos

sim, aqueles que se impõem pelo poder sem que haja qualquer necessidade de

pessoas de maneira diferente do que

espelhamos nas pessoas admiradas. No

coerência, respeito, admiração. Mas,

aqueles líderes dentro de um negócio

fundo desejamos ser como elas. Somos

felizmente, todos os dias temos diante

que tem a seu dispor pessoas dando

inspirados por sua maneira de ser e agir.

de nós a oportunidade de fazer uma escolha: ou seguir pelo caminho do retor-

100% de si mesmas, seja por interesse medo de perderem suas posições. Aprendi que liderar de maneira saudável, motivando pessoas sem ameaçá-las ou manipulá-las, passa por uma interessante cadeia lógica que começa na coerência, passa pelo respeito, solidifica-se na admiração e gera comprometimento. Coerência é a capacidade de agir de acordo com o discurso. É transformar palavras em comportamento. É liderar pelo exemplo. É também ser uma pessoa

Coerência é a capacidade de agir de acordo com o discurso. É transformar palavras em comportamento. É liderar pelo exemplo. É também ser uma pessoa sábia nos seus juízos, justa nos julgamentos, sóbria para lidar com conflitos."

sábia nos seus juízos, justa nos julgamentos, sóbria para lidar com conflitos.

Sem que sejamos forçados a bajulações vazias e externas, elogiamos de maneira

pessoas percebem que praticamos aqui-

genuína os líderes a quem admiramos.

lo que falamos, elas automaticamente

Essa admiração gera comprometimen-

ligado à nossa função ou cargo, mas na maneira como o exercemos. Não é respeito hierárquico é relacional. Somente nos submetemos a pessoas incoerentes

legados sustentáveis, ou se transformar em líderes capazes de gerar os melhores resultados pelos melhores meios. Líderes coerentes, portanto respeitados e admirados, consequentemente verão o comprometimento como colheita de tão boas sementes lançadas na equipe. Como se pode ver, visando ao lucro ou não, o que as organizações mais precisam é de líderes com esse nível de excelência comportamental, saúde emocional, habilidade profissional, advindos de um enorme compromisso com a

Essa coerência gera respeito. Quando as

nos respeitam. Um tipo de respeito não

no a todo custo, que não se converte em

to. Líderes coerentes, respeitados e admirados terão sempre pessoas comprometidas ao seu redor. Entendamos que esse comprometimento das pessoas

coerência de seus atos, o respeito, não o temor dos seus liderados, a admiração capaz de gerar o compromisso solo de todo resultado que se possa almejar. Foto: Divulgação

no resultado ou mesmo por pressão e

não é cego, inconsequente ou aliena-

quando elas têm poder sobre nossa vida.

do. Os liderados sabem e reconhecem

Pagam nossas contas, são provedoras do

as falhas do líder. O admiram, mas não

lar em que vivemos, exploram nossa vul-

o endeusam. O respeitam, mas não te-

nerabilidade; então, por medo ou fraque-

mem questioná-lo, pois têm certeza de

za emocional, nos submetemos a elas

que sua coerência é capaz de fazê-lo

por causa da autoridade que têm sobre

ouvir o que se tem a dizer.

DR. Eduardo Rosa Pedreira é professor de Sustentabilidade Corporativa da Fundação Getulio Vargas e coautor do livro Gestão Sustentável de Negócios.

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

31


EM DISCUSSÃO POR_Nájia Furlan

RESÍDUOS para se pensar

Ilustração: Shutterstock

TRÊS ANOS DE UMA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS QUE AINDA ENGATINHA. QUANDO ANDAR, SEGUNDO ESPECIALISTA, O PAÍS E AS EMPRESAS SÓ TÊM A LUCRAR

32

rba | revista brasileira de administração


nº 12.305, completou três

anos. Neste triênio, o país passou a dar mais atenção ao lixo que gera na cadeia produtiva – de ponta a ponta, ou seja, do produtor da matéria-prima ao consu-

DIFICULDADES Entre as principais dificuldades destacadas pelo consultor do Senai no Paraná está a falta de estrutura de diversos setores para promover a logística dos resíduos.

midor do produto final. Pelo menos foi

“As maiores dificuldades na implanta-

para isso que a política foi criada. Mas,

ção estão relacionadas aos resíduos só-

afinal, como será que está, na prática, a

lidos urbanos, para as quais, ao findar o

aplicação das novas regras no dia a dia das empresas? De acordo com Elcio Herbst, Administrador e mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial, consultor ambiental do Senai no Paraná, desde a sua revogação, a PNRS teve poucos avanços. “Mas essa situação já era esperada, já que a própria lei demorou mais de 20 anos para ser lavrada, frente à dificuldade de sua implantação. A implementação da lei impõe uma série de novos comportamentos, principalmente no que tange à responsabilidade compartilhada e à logística reversa, o que atinge de maneira significativa o setor econômico”, explica. Segundo Herbst, porém, mesmo que diante de poucos avanços, o simples fato

prazo previsto na legislação, somente a minoria dos Municípios Brasileiros elaborarou seus planos de gerenciamento. Quanto à eliminação dos lixões para 2014 pouco avanço ocorreu, permitindo-nos vislumbrar um cenário em que também não cumpriremos o prazo estipulado e continuaremos nos arrastando com a realidade dos lixões a céu aberto. Tal fato se prende pela dificuldade orçamentária dos municípios, não só na

Empresas já descobriram os reais benefícios de uma correta gestão de seus resíduos sólidos". ELCIO HERBST

Ilustração: Shutterstock

duos Sólidos (PNRS), Lei

Foto: Arquivo pessoal

A

Política Nacional de Resí-

implantação de aterros sanitários, mas principalmente na manutenção”, expõe o Administrador. E as empresas privadas, será que têm aplicado esse gerenciamento de forma consciente e adequada? Segundo Herbst, têm sim. “Muitas empresas já descobriram os reais benefícios de uma correta gestão de seus resíduos sóli-

de o país ter se mobilizado para geren-

dos, até mesmo pelo aspecto econômi-

ciar melhor os resíduos já é motivo para

co, pela disponibilidade dos recursos

comemorar. “Os principais avanços

naturais (cada vez mais escassos),

que podemos elencar dizem respeito

pela melhor vulnerabilidade quanto às

à elaboração dos Planos Estaduais de

sanções legais e, principalmente, pela

Resíduos Sólidos e, principalmente, à

reputação da empresa quanto à manu-

mobilização da sociedade e dos diversos

tenção de uma imagem proativa e dire-

setores para discussão dos temas rela-

cionada a uma conduta mais sustentá-

cionados à PNRS”, afirma o especialista.

vel, que tem sido uma das importantes

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

33


Em Discussão

organizações”, comenta o especialista

Ilustração: Shutterstock

em Meio Ambiente.

LOGÍSTICA REVERSA Uma das ferramentas propostas pela PNRS é a Logística Reversa. Segundo o

Não apenas uma questão de imagem

texto da lei, trata-se de um “instrumento

e marketing, ele explica que o tema da

de desenvolvimento econômico e social

sustentabilidade é um tanto complexo

caracterizado por um conjunto de ações,

e precisa ser visto “de forma sistêmica,

procedimentos e meios destinados a

já que envolve no mínimo o viés am-

viabilizar a coleta e a restituição dos re-

biental, social e econômico, além do

síduos sólidos ao setor empresarial, para

aspecto cultural e novas variantes que

reaproveitamento, em seu ciclo ou em

têm sido inseridas ao tema”.

outros ciclos produtivos, ou outra desti-

“Aquelas empresas que ainda não se

nação final ambientalmente adequada”.

despertaram para o tema e vislum-

Mas quais as tarefas e consequências

da estão discutindo a temática e pouco

bram a gestão de resíduos sólidos

dessa prática para as empresas? “A lo-

avanço pode ser vislumbrado. No en-

como um problema e simples neces-

gística reversa atinge toda a cadeia de

tanto, os primeiros acordos setoriais

sidade do cumprimento legal estão

consumo, desde os fabricantes, distri-

começam a ser criados e os planos de

fadadas a sofrer as consequências de

buidores, importadores, comerciantes

logística reversa encontram-se em

uma gestão não efetiva, não envol-

até chegar no consumidor final, impon-

elaboração. Alguns estados estão se

vimento da empresa como um todo

do responsabilidades para cada um dos

mobilizando”, garante.

e acabam denegrindo sua imagem, o

atores, no âmbito da responsabilidade

que pode gerar sequelas perdurando

compartilhada”, explica Helcio Herbst.

por muito tempo”, garante Herbst.

Ele traz como exemplo o estado do Paraná, com o edital de chamamento da Secretaria de Estado do Meio

gundo ele, ainda devem “ser definidas

Ambiente (SEMA) 01/2012, que

para que os resíduos pós-consumo re-

contempla a logística reversa para

tornem ao processo produtivo e com

pilhas, pneus, óleos lubrificantes,

isso os próprios fabricantes já come-

lâmpadas fluorescentes e produtos

çam a refletir sobre o ciclo de vida de

eletroeletrônicos.

tam um ciclo de vida curto, perante a logística reversa podem ser os que venham a trazer maiores ônus e preocupações para toda a cadeia”, completa.

rba | revista brasileira de administração

“Os diversos setores da economia ain-

Essas responsabilidades, porém, se-

seus produtos”. “Aqueles que apresen-

34

Ilustração: Shutterstock

diretrizes no âmbito estratégico das

“Além dessas tipologias, diversos termos de compromisso foram assinados entre o governo e diferentes setores, visando à elaboração dos planos de logística reversa. Cabe ressaltar que para alguns

De acordo com o especialista, ao

setores a logística reversa já vem sendo

consumidor final cabe devolver os

aplicada desde os primórdios de 2000,

resíduos pós- consumo e os distri-

frente às resoluções CONAMA existen-

buidores e fabricantes deverão esta-

tes, nas quais já eram contemplados, a

belecer as formas de coleta e desti-

exemplo, pilhas, baterias, pneus e óleos

nação dos mesmos.

lubrificantes”, destaca o paranaense.


Foto: Arquivo pessoal

UMA QUESTÃO DE LOGÍSTICA Para fazer esse balanço sobre os três anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, especificamente sobre a Logística Reversa, a RBA também conversou com o doutor em Administração de Empresas e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Orlando Cattini Júnior. Com 35 anos de experiência em Gestão de Projetos (é consultor da FGV Projetos) e consultoria nas áreas de Gestão de Empreendimentos, Diagnóstico de Empresas, Reestruturação de Opera-

Dr. Orlando Cattini Júnior define a logística reversa como qualquer contrafluxo logístico.

ções, Organizações e Processos de Negócio, Cattini é membro do Comitê Acadêmico da Reverse Logistics Association no Brasil. E, com tanta propriedade para falar do assunto, ele respondeu preendida. Como explicar, afinal, a logística reversa? “A logística

traz que todas as partes da cadeia produtiva são correspon-

reversa, para muitos, parece ter apenas conotação de sustentabi-

sáveis, mas não se consegue distribuir de que forma. Falta à

lidade e meio ambiente. Porém, é muito mais que isso: se refere

política uma complementação: a primeira diz respeito aos im-

a qualquer contrafluxo logístico, inclusive o virtual. Ou seja, o

postos, já que o produto que deve ser absorvido entra na cadeia

tangível – o retorno à origem de embalagens, equipamentos de

novamente e, mais uma vez, gera tributos; a outra, quanto aos

transporte, produtos com defeitos – e o lixo que é acumulado

critérios de transporte desse material que deve retornar à ori-

no HD, que deve ter atenção através da gestão das informações

gem”, expõe o Administrador.

acumuladas”, lembra o especialista.

Ilustração: Shutterstock

a uma questão que parece simples, mas está difícil de ser com-

No Brasil, por enquanto, como conclui o professor da FGV,

O principal problema apontado por Cattini para a eficácia da

“está sendo mais fácil e mais barato para as empresas desper-

PNRS, no que diz respeito à logística reversa, é o desequilíbrio

diçar”. Mas, segundo ele, isso pode mudar se for encarado

na distribuição das tarefas e responsabilidades. “A nossa política

como oportunidade.

OPORTUNIDADE “Com os remanufaturados, por exemplo”, diz ele. Segundo o professor da FGV, muitos produtos usados conservam peças que não se descartam, que podem ser utilizadas na fabricação de novos produtos. “Na Europa, por exemplo, isso acontece com os carros. A Fiat faz isso, naquele continente, com 80% dos automóveis que fabrica. Ou seja, além de benéfica, a logística reversa é economicamente possível e rentável”, afirma. Outro campo citado por Cattini como excelente para se investir – contribuindo com a logística reversa e a PNRS – é a reciclagem de elétricos e eletrônicos, que são compostos por peças caras que não estragam e, portanto, podem ser reutilizadas.

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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OPINIÃO

GOOGLE

A empresa mais cobiçada para se trabalhar no mundo

A

maior parte das empresas

A Google é uma empresa muito ciente

tolhem a liberdade e o espírito cria-

tradicionais

tivo da organização.

está

dessa nova realidade. A filosofia da

presa ao “modelo indus-

ainda

empresa se volta inteiramente ao

trial”, caracterizado pela utilização

cultivo de um ambiente de conhe-

dos princípios tayloristas e fordistas.

cimento, altamente criativo, que se

Na época industrial, as pessoas eram

contrapõe totalmente à organização

educadas a contrapor o prazer ao dever, colocando sempre esse último em primeiro lugar. Alguns pensadores, como o italiano Domenico De Masi, consideram que esses valores não são mais válidos no mundo de hoje e que alguns prazeres – como afeto, lazer e criatividade – são também deveres. O prazer da criatividade é um dever. Parece-me estupidamente absurdo tentar impor a pessoas escolarizadas e cultas a mesma forma de adminis-

36

taylorista, burocrática e impessoal. A grande sacada é dar-se conta de que um ambiente de conhecimento tem muito mais a ver com pessoas do que com a própria tecnologia. O clima na empresa é o de um “centro de pesquisa” – o que é ideal para manter acesa a

O resultado disso tudo é uma vantagem competitiva sólida e extremamente difícil de ser superada. A empresa atrai os melhores talentos do mundo. Foi apontada como a empresa mais desejada para se trabalhar nos Estados Unidos em 2008, segundo uma pesquisa da revista Fortune com mais de 5 mil estudantes de MBA dos Estados Unidos. No Brasil, também é a empresa mais cobiçada pelos jovens, segundo o estudo

chama da criatividade e o entusiasmo

“Empresas dos Sonhos dos Jovens

dos colaboradores. De que outra forma

2011”, realizado com mais de 40 mil

é possível administrar as melhores

brasileiros pela Cia de Talentos.

mentes disponíveis no mercado?

O estímulo dentro da empresa é que

tração e liderança criada há mais de 100

O modelo da Google põe em xeque

essas pessoas simplesmente deem vazão

anos, voltada para pessoas analfabetas

as organizações tradicionais, ainda

às suas forças criativas em projetos que,

ou com baixíssimo nível de instrução.

ancoradas em práticas antigas que

não necessariamente, visam lucro. Daí as

rba | revista brasileira de administração


grandes invenções, como o (hoje) fami-

cionados os candidatos. Também é funda-

gerado Orkut (que reinou no topo das

mental selecionar pessoas que compar-

redes sociais durante um bom tempo),

tilhem a visão e a filosofia da empresa.

o Google Earth, entre tantos outros que,

Ninguém melhor para selecionar, nesse

a princípio, não tinham um plano de

caso, do que os próprios membros da orga-

geração de receitas. No fundo, as pessoas

nização, que não apenas compartilham os

trabalham na Google porque realmente

valores, como também ajudam a moldar

gostam do que fazem, e a empresa lhes

a própria cultura da empresa (um detalhe

devolve da melhor forma possível: exce-

legal quanto à influência dos próprios

lente remuneração, tempo livre para

funcionários na cultura Google: o lema

projetos pessoais, além de inúmeras

don’t be evil, o mote da filosofia empresarial

mordomias, como as comidinhas espe-

da Google, foi cunhado por Paul Buchheit,

ciais, pebolim e até massagistas.

o engenheiro por trás do Gmail).

Você não se comprometeria ao máximo

É formidável a importância que a Google

em uma empresa dessas?

dá à opinião dos próprios funcionários. Isso torna evidente a confiança no

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NA GOOGLE

colaborador e como a empresa valoriza

Ao contrário da maior parte das

vez mais, parte da empresa. Também

grandes empresas, que terceirizam esse

é uma estratégia educativa: ajuda na

processo, a Google abraça essa função

formação de um contexto gerador de

internamente, inclusive dando ênfase à

criatividade, pois os próprios membros

“opinião dos pares” – isto é, para aquilo

do grupo opinam na escolha de seus

que os próprios funcionários pensam

futuros parceiros. Enfim, há aumento

sobre seus colegas. Enfim, vale a pena

da assertividade na seleção, uma vez que

realizar internamente o recrutamento

o processo fornece inúmeros indícios

e a seleção ou é melhor contar com uma

e impressões sobre o candidato, o que

empresa especializada para esse fim?

ajuda, consideravelmente, na decisão

o colaborador tende a se sentir, cada

final da contratação.

tação de um colaborador é uma das ativi-

Um detalhe: também devemos enxergar

dades gerenciais mais importantes – e

esse processo de seleção como uma

também uma das mais negligenciadas. O

via de mão dupla: não são apenas as

fato de a Google tomar para si essa respon-

empresas que buscam os melhores

sabilidade demonstra, mais uma vez, a

candidatos, mas também estes buscam

lucidez da empresa com relação aos deta-

apenas as melhores empresas. A

lhes mais importantes de seu negócio. O

empresa deve ser atrativa e saber reter

sucesso por trás de qualquer processo de

quem atraiu. Como podemos concluir, a

seleção depende do conhecimento sobre

Google executa perfeitamente a atração

os requisitos e as competências necessá-

e retenção de talentos, um dos grandes

rias ao cargo para o qual estão sendo sele-

desafios da administração moderna. 

Foto: Arquivo pessoal

Peter Drucker já alertava que a contra-

suas opiniões. Como resultado direto,

No fundo, as pessoas trabalham na Google porque realmente gostam do que fazem, e a empresa lhes devolve da melhor forma possível: excelente remuneração, tempo livre para projetos pessoais, além de inúmeras mordomias, como as comidinhas especiais, pebolim e até massagistas".

ADM. LEANDRO VIEIRA, criador do Administradores.com e autor do livro Seu Futuro em Administração (Campus/Elsevier)

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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POR_ LAURA BABINI colaboradorA de HSM MAnagement ILUSTRAÇÃO_SHUTTERSTOCK

As UCs

CRESCEM INCUMBIDAS DE ENFRENTAR NOVOS DESAFIOS, AS UNIVERSIDADES CORPORATIVAS ESTÃO MUDANDO O PAPEL DAS EMPRESAS, QUE PASSAM A SER PLAYERS TAMBÉM DO SETOR EDUCACIONAL

E

stima-se que, em âmbito

países do G20, no qual se inclui o Brasil,

As universidades corporativas obriga-

mundial, mais de 4 mil

tenham investido aproximadamente

toriamente servem a grandes corpo-

empresas

US$ 400 bilhões em capacitação.

rações, certo? Errado. Cada vez mais, o

universidades

contem

corporativas

com (UCs)

formais, segundo dados da firma de consultoria The Boston Consulting Group (BCG) em seu relatório Corporate Universities: An Engine for Human Capital, publicado em julho de 2013. Estima-se que metade delas, 2 mil, esteja sediada nos Estados Unidos, e isso serve de termômetro para seu crescimento, pois havia 1 mil nesse país em 1997.

38

Os investimentos foram impulsionados tanto por países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha e França, quanto por emergentes, como China e Índia, onde, espera-se, devem crescer ainda mais, em função da oferta insuficiente de mão de obra capacitada para a demanda existente. Em outras palavras, embora a tendência de criar uma UC ainda seja mais observada em

conceito de UC tem a ver com visão em vez de dimensão. As empresas que se interessam por ter uma UC são as que acreditam na gestão adequada do capital intelectual e do aprendizado organizacional como fator determinante para o crescimento, independentemente do tamanho atual, o que se comprova com o aumento das iniciativas de organizações de menor porte na área.

Tal disseminação reflete um compro-

empresas multinacionais (e suas prin-

Ainda segundo o relatório do BCG, além

misso das empresas com capacitação

cipais referências estejam na América

de formadoras de pessoas, as UCs estão

e desenvolvimento de pessoas, o que se

do Norte, Europa e Japão), evidencia-

se transformando em catalisadoras da

confirma em valores monetários: o BCG

se a presença crescente desse tipo de

estratégia de negócios. Por exemplo, as

calcula que, em 2012, companhias dos

instrumento em países emergentes.

tradicionais UCs da General Electric

rba | revista brasileira de administração


mestrado ou doutorado tradicionais.

formas para difundir novas estraté-

Até em cargos que não demandam

gias, e seus gestores médios e seniores

conhecimento acadêmico, como os

assistem a conferências e simpósios

de chão de fábrica, seria necessária

para discutir e debater opções estra-

a “capacitação por competências”,

tégicas. A UC da Lufthansa, por sua

seguindo essa lógica, porque há um

vez, fortalece o papel estratégico

know-how que se relaciona com o

da empresa por meio de revisões

posto de trabalho específico e que

oportunas de seu plano de estudos.

nenhum processo educacional formal

QUAL É O GATILHO?

conseguiria contemplar. Quaisquer que sejam os motivos para a

Para alguns especialistas, a UC sempre

criação de uma UC, eles materializam o

surge para suprir as carências da

fato de que as empresas estão mudando

educação convencional, incapaz de

de papel, transformando-se também

fornecer as competências exigidas

em agentes do sistema educacional.

pelo mercado. A especialista Annick Renaud-Coulon, autora da primeira

BENEFÍCIOS E CUSTOS

pesquisa global sobre universidades

Como em tudo, há custos e benefí-

corporativas e fundadora do Global Council of Corporate Universities, está entre os que pensam assim. Para ela, as instituições acadêmicas tradicionais e os líderes empresariais não compartilham a mesma visão sobre o que é o negócio. Ainda segundo ela, os saberes necessários para o trabalho (de gestão, tecnológicos, ambientais e culturais) estão mudando, já que nos encon-

cios para a empresa que monta uma universidade

corporativa,

mas

a

balança parece pender para os benefícios na maioria dos casos. São eles: • Melhorar

a

qualificação

dos

trabalhadores, tendo efeito sobre a produtividade e a rentabilidade das empresas ou até criando vantagens competitivas;

tramos em uma era de democratização

• Construir a marca da empresa

do conhecimento, e isso nem sempre

para atrair os talentos que ainda

é compreendido em tempo hábil pelo

não estão nela e que se encontram

sistema educacional convencional.

dispersos geograficamente;

Renaud-Coulon chega a definir as UCs como “as encarregadas de acompanhar as mudanças de nossa era”. Outros estudiosos discordam dessa linha de raciocínio. Para eles, além de ter boa formação, é necessário que o profissional aperfeiçoe certas competências. O enfrentamento de deter-

Para alguns especialistas, a UC sempre surge para suprir as carências da educação convencional, incapaz de fornecer as competências exigidas pelo mercado." Foto: Divulgação

(GE) e da Unilever construíram plata-

• Capacitar

pessoas

(sucessores)

que ocuparão cargos-chave e a liderança da empresa;

Annick Renaud-Coulon, autora da primeira pesquisa global sobre universidades corporativas e fundadora do Global Council of Corporate Universities

• Transmitir valores aos funcionários, esperando obter deles lealdade e práticas solidárias que fortaleçam a cultura corporativa;

minados desafios do dia a dia –por

• Contribuir para o compartilhamento

exemplo, os de negociação– não é algo

do conhecimento especializado e

aprendido em cursos de graduação,

melhores práticas entre as pessoas;

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

39


• Proporcionar estabilidade à companhia no longo prazo, retendo talentos e reduzindo a rotatividade de pessoal; • Alavancar as iniciativas estratégicas do negócio com facilidade; • Construir a marca da empresa com o mercado mediante sócios estratégicos e membros da cadeia de valor, oferecendo-lhe cursos; • Otimizar o investimento em educação;

e o mercado de trabalho se tornou mais exigente em relação às competências dos trabalhadores, o foco corporativo do desenvolvimento de pessoas migrou desse treinamento pontual, conforme a rotina e a tarefa, para um processo contínuo, alinhado à missão e à visão não se limitam a internalizar conhecimentos, mas os constroem, analisam e compartilham. E as empresas oferecem conteúdos diversificados e itinerários personalizados, além de, muitas vezes,

• Construir e manter uma UC custa

terem uma visão expandida de quem

caro, tanto em termos de tempo

é seu funcionário, podendo ser um

como de dinheiro;

contratado de uma companhia forne-

• É necessário comprometer real-

cedora ou cliente.

mente a alta liderança e toda a orga-

É quando fazem essa passagem de

nização com o projeto, o que requer

uma abordagem tática de desenvolver

muito esforço;

pessoas a uma estratégica [veja quadro

• A UC implica uma mudança cultural significativa. É preciso que acionistas e executivos estejam dispostos a aceitar o aprendizado como um valor organizacional e a passar de

ao lado] que muitas companhias sentem necessidade de um órgão responsável pela gestão do novo processo e criam uma universidade corporativa.

uma cultura individualista (ou frag-

DESAFIOS NOVOS

mentada) para uma cultura de cola-

O traço diferencial das universi-

boração, que prime pela responsabi-

dades corporativas em relação aos

lidade na autogestão do aprendizado.

demais modelos de educação superior

DO TÁTICO AO ESTRATÉGICO

rba | revista brasileira de administração

basear em informação e conhecimento,

fomentar o sentido de pertencimento;

gerar inconvenientes:

40

À medida que a economia começou a se

da organização. Agora, os funcionários

Dificuldades. Alguns aspectos podem

Foto: Divulgação

desempenhar sua função.

• Melhorar o clima organizacional para • Aumentar a motivação das pessoas.

Jeff Immelt, CEO da General Electric, dá uma aula em Crotonville, a famosa universidade da corporação

rotinas e as tarefas necessárias para

continua a ser o de aprender fazendo, porém cada vez mais UCs dedicamse a cultivar a capacidade de pensar

No passado, quando a economia se

crítica e criativamente, para trans-

baseava em habilidades técnicas, as

formar seus profissionais em líderes

empresas cumpriam seu papel de

da mudança, qualquer que seja o

desenvolver pessoas por meio de cursos

cargo que ocupem. Alguns chegam a

ministrados por seus departamentos

enxergar nas UCs as maiores respon-

de capacitação ou treinamento, nos

sáveis (potenciais) pelas mudanças

quais os funcionários aprendiam as

organizacionais. A firma de consul-


toria BCG relaciona ainda os desafios e mudanças que as

fração do necessário. O estudo realizado pelo BCG em

UCs devem ajudar suas empresas a enfrentar:

2012 mostrou que apenas 15% a 30% dos graduados dos

ENVELHECIMENTO DA FORÇA DE TRABALHO. Embora muitas companhias enfrentem essa realidade, poucas conseguem oferecer no dia a dia oportunidades de

BRICs são imediatamente empregáveis, por exemplo.

O BOOM NO BRASIL

aprendizado contínuo que mantenham atualizadas as habi-

Recentemente, anunciou-se que a mais icônica universidade

lidades de seus funcionários de mais idade. As UCs estão

corporativa do mundo está chegando ao Brasil: em abril de

preparadas para fazer isso.

2014, a Crotonville Rio, da General Electric, abrirá as portas

ALTAS EXPECTATIVAS DA GERAÇÃO Y. Muitos integrantes desse grupo, nascidos de 1978-1980 para cá, creditam às oportunidades de desenvolvimento valor superior ao das gratificações monetárias. A falta desse tipo de oportunidade em uma empresa, portanto, pode ser o prin-

de seu centro de pesquisa, em um investimento de US$ 250 milhões (7,5% do faturamento da subsidiária em 2012, de US$ 3,3 bilhões). É a confirmação de uma tendência: em pouco mais de uma década, estima-se que o número de UCs no Brasil tenha saltado de 10 para cerca de 500 instituições.

cipal motivo de funcionários da geração Y a deixarem. Mais

E não é só em quantidade que elas vêm crescendo, mas

uma vez, as UCs cumprem papel fundamental ao oferecer a

também em qualidade, o que reflete maior compromisso

esses futuros líderes a capacitação que requerem.

corporativo com o desenvolvimento de pessoas. Podem-se

DEMANDAS

DE

LIDERANÇA

PRÓPRIAS DA GLOBALIZAÇÃO. À medida que as operações globais dispersas se integram, os líderes devem ser capazes de desenvolver

A MUDANÇA NO MODO DE CAPACITAR

habilidades transculturais. UCs de referência de grandes multinacionais têm tradição na formação em competências de liderança global e na criação de uma cultura de valores comuns que atravesse as fronteiras dos países. Isso

As diferenças entre o modelo de capacitação tradicional da área de recursos humanos e o da universidade corporativa podem ser resumidos a: Capacitação tradicional

Capacitação em universidade corporativa

transformando em sócias estratégicas

§Abordagem técnica e reativa

§Abordagem estratégica e proativa

no desenvolvimento do talento, das

§Capacitação entendida como

§Aprendizado concebido como

habilidades e dos comportamentos

evento

processo

necessários

§Educação a serviço do desenvolvi-

§Educação entendida como

mento individual

vantagem organizacional

§Oferta educativa alinhada às

§Oferta educativa alinhada à estra-

necessidades individuais

tégia corporativa

§Formato de entrega fragmentado

§Formato de entrega misto (presen-

em cursos presenciais

cial e virtual)

assim como em outros países emer-

§Educação superior limitad

§Educação superior expandida

gentes, a porcentagem de funcio-

§Registros parciais do processo de

§Acompanhamento global do

nários potenciais com educação e

aprendizado

processo de aprendizado

reforça o fato de que as UCs estão se

para

impulsionar

a

criação e a execução da estratégia das corporações. LACUNAS DE EMPREGABILIDADE NOS MERCADOS EMERGENTES. No Brasil, na Rússia, na Índia e na China (conhecidos como BRICs),

habilidades

suficientes,

especial-

mente na gerência média, é uma

SETEMBRO/OUTUBRO JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 2013 | nº 98 96

41


PROGRAMAS REALIZADOS PELA ACADEMIA ACCOR DA AMERICA LATINA 25000

20000

Presencial E-Learnig Total

20059

20403 16966

15000

10000

14327 9992 8149

9992

10522 10522

9710 8312

8149

18108

17804

19166

18889

17679 15595

14826 11753

10175

12801 10890 8276

8312

5000

0

0

0

0

0

465

499

344

1142

1085

1048

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2084 2011

2012

mencionar dois exemplos de UCs brasileiras premiadas

vimento da cultura organizacional e formação de liderança.

internacionalmente em 2013: a universidade de negócios

Hoje possui classes de capacitação específica para cada

do Grupo Algar (UniAlgar) e a Universidade Corporativa

nível profissional, além de ferramentas de gestão de pessoas.

do Banco do Brasil (UniBB). O International Quality & Productivity Center (IQPC) agraciou a UniAlgar com o título de “melhor universidade corporativa do ano” e a UniBB com o de “melhor programa de educação corporativa”.

Quem se iniciou no universo das UCs mais recentemente no Brasil, como o banco Santander Banespa, que inaugurou sua universidade corporativa em 2005, já nasceu com programas mais específicos. Em seu caso, destacam-se

O compromisso salta aos olhos quando traduzido em números:

os cursos voltados para o atendimento comercial, identifi-

só no ano 2011, a UniBB havia investido cerca de R$ 130

cação de riscos e atendimento segmentado dos clientes.

milhões em capacitação profissional. A instituição combina cursos internos sob medida para os colaboradores do banco com programas externos em escolas parceiras –já concedeu 25 mil bolsas de estudo para graduação, 5 mil para pós-graduação lato sensu, 20 mil para programas de MBA e 250 para mestrado e doutorado a funcionários de todos os cargos. Outros números impressionantes vêm da rede hoteleira Accor, que criou sua UC em 1985 na França. Em 1992, ela implantou a primeira Academia Accor fora do país de origem, no Brasil, e hoje essa UC está presente em quase cem países. Especialmente na América Latina, cresceu de maneira expressiva na última década, como mostra o gráfico acima. Também a diversidade de cursos dentro de uma mesma instituição é indicador do compromisso das empresas com a educação. A UniAlgar, por exemplo, tinha apenas duas frentes de ensino quando foi fundada, em 1998: desenvol-

O Brasil vem se destacando na América Latina. Segundo estudo recente da Alianza Sumaq, entidade que reúne instituições acadêmicas de referência, enquanto 22% das empresas que atuam no México contam com universidades corporativas, no Brasil elas já são 34%.

EVOLUÇÃO SEM VOLTA Nem todos são favoráveis às universidades corporativas. Por exemplo, os sociólogos canadenses James Cote e Anton Allahar argumentam, em seu livro Lowering Higher Education (ed. University of Toronto Press), lançado em 2011, que esse “treinamento para o trabalho” empobrece a formação intelectual liberal, e eles não são os únicos. No entanto, em um tempo em que volumes incalculáveis de informação podem ser acessados pelas pessoas na internet, em que a inovação é sempre urgente e em que predomina uma guerra por talentos, as UCs parecem ser uma aposta cada vez mais necessária. As empresas definitivamente se transformam em agentes educacionais. 

42

rba | revista brasileira de administração


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(11) 4689-6699 (Grande São Paulo) / 0800-551029 (outras localidades) JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98 Informe o código REV/1AN/HSM1/14

hsmmanagement.com.br

43


POR_ LAURA BABINI , colaboradorA de HSM MAnagement

U

ma

universidade

porativa

gerencia,

corem

regra, cinco processos

essenciais: alinhamento e execução, desenvolvimento de habilidades que respondam às necessidades do negó-

como criar sua

cio, avaliação do impacto do aprendizado, definição do conteúdo acadêmico e uso de tecnologia. Isso é feito de maneira contínua, não importando o formato que ela tenha. O formato,

UC? 44

rba | revista brasileira de administração

sucesso dessa operação. Existe uma razoável variedade de formatos de UC no mercado atual: algumas UCs se estabelecem como instituições abertas a alianças estratégicas com players externos, enquanto formam seu próprio corpo de professores e seu currículo. Há as que se abrem a públicos externos e as que são fechadas, fornecendo serviços e conteúdos apenas ao público interno. Na escolha da abordagem pedagógica, algumas combinam diversas metodologias de ensino e aprendizado, presenciais e tecnológicas, e outras se concentram em um único caminho. Enfim, como tantos critérios se cruzam para desenhar uma universidade corporativa, é possível dizer qual é a ideal? O consenso é o de que a UC deve ser formatada sob medida para a empresa a que serve e o setor em que atua.

TER , OU NÃO, ALIADO(S) ACADÊMICO(S) A primeira distinção de tipos de UCs Ilustração: Shutterstock

AS UNIVERSIDADES CORPORATIVAS VARIAM CONFORME O PÚBLICOALVO, AS INTENÇÕES ESTRATÉGICAS FUNDAMENTAIS E A CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO À RUPTURA CONSTANTE, SEGUNDO REPORTAGEM HSM MANAGEMENT

contudo, pode facilitar ou dificultar o

refere-se à existência de aliados acadêmicos. Como visam preencher a lacuna de competitividade que afeta a maioria das empresas e setores de atividade e


tendem a complementar ou reforçar –mais do que substituir– a

iniciativas, é reforçado o objetivo da empresa de desenvolver

formação oferecida pelas instituições educacionais, as UCs po-

líderes com as habilidades, os relacionamentos e os pontos de

dem associar-se a uma escola de negócios ou universidade tra-

vista necessários para gerar impacto mundial. Ao mesmo tem-

dicional para cumprir sua jornada educacional. Na verdade, a

po, essas parcerias permitem criar experiências de aprendizado

visão dominante hoje é a de que a UC torna-se mais eficaz quan-

íntimas e inovadoras com outras instituições de liderança de

do faz uma parceria com uma instituição tradicional. O Boston

alto nível.

Consulting Group (BCG) vai mais longe e afirma que criar associações com diferentes universidades e escolas de negócios nacionais e internacionais constitui a base de uma UC de sucesso.

Conforme o BCG, essas parcerias estão convertendo as escolas de negócios em consultoras de aprendizado corporativo, na medida em que proporcionam uma sólida rede de especialistas

Um aliado acadêmico seria recomendável por proporcionar à

capazes de satisfazer as necessidades específicas de uma em-

UC um intercâmbio entre academia e mercado: os funcioná-

presa. Assim, cai por terra a crença de algumas pessoas de que a

rios da empresa podem se inscrever nos programas abertos da

ascensão das UCs representaria uma séria ameaça às escolas de

escola, e a empresa pode aproveitar a aliança com a escola para

negócios. Michael Stanford, diretor-executivo do programa de

acelerar a criação de programas internos. Um caso frequente-

parcerias do IMD, da Suíça, questiona fortemente essa crença.

mente mencionado dessa parceria empresa-escola em UCs é

Em seu paper Beautiful friendships. Why corporate universities

o da Intel, que, nos Estados Unidos, uniu-se ao Babson College

and business schools are a perfect fit (Belas amizades. Por que

para criar um programa de MBA dentro da empresa. A Unilever

universidades corporativas e escolas de negócios são um par

é um exemplo de companhia que recorre a múltiplos aliados:

perfeito), Stanford sustenta que a afirmação não leva em conta,

oferece um programa em parceria com o Insead, da França,

entre outras coisas, a crescente tendência das empresas de de-

exclusivo para suas líderes mulheres, e outro com a University

legar a responsabilidade do aprendizado organizacional a uma

of Cambridge, do Reino Unido, para líderes em geral. Nas duas

equipe de profissionais centralizada e de alto perfil.

AMBEV: OS PROFESSORES SOMOS NÓS A universidade corporativa criada pela Brahma em 1995 passou, em 2000, a chamar-se Universidade Ambev (UA) depois da fusão da Brahma com a Antarctica. Além dos métodos tradicionais de ensino, a UA tem um canal de TV e em 2003 lançou uma plataforma de e-learning. Em 2012 investiu R$ 32,2 milhões na capacitação de mais de 68 mil pessoas, cifra 28,8% maior do que a de 2011, destinada a 87 programas e 1.506 cursos.

Foto: Divulgação

A Ambev considera que, para crescer como empresa, é fundamental garantir que seus profissionais talentosos estejam sempre preparados para uma possível promoção a líder. As atividades da UA envolvem todas as unidades e níveis organizacionais e são planejadas e desenvolvidas pelos próprios funcionários da companhia, que vêm de diferentes áreas e são selecionados por seu perfil comunicativo e capacidade pedagógica. Esses funcionários, além de dedicar seu tempo a ensinar, criam o interesse por aprender no grupo e conferem um caráter de continuidade ao trabalho da universidade. O estudante que se capacita, por sua vez, torna-se um agente multiplicador do conhecimento que recebeu de seus colegas.

Foto: Divulgação

Apresentada em seu site, a visão da Universidade Ambev é eloquente: “Manter vivos os sonhos e a cultura da companhia, preparando nossos funcionários para novos desafios. Visando desenvolver as competências e a gestão de conhecimento da Ambev, mantemos um programa de capacitação e treinamento dos profissionais que trabalham conosco”. JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

45


O sucesso do que Stanford define como

Hoje, por exemplo, criam-se iniciati-

nhecimento em toda a companhia e

“bela amizade” entre escolas de negócios

vas de aprendizado para determinado

consolidar uma identidade e valores

e UCs se baseia em três pontos:

nível funcional, para uma função es-

comuns –ela inclui todos os funcio-

• Forte compatibilidade das necessidades de ambas as instituições.

pecífica (suporte de vendas, analista

nários no projeto educacional, de-

financeiro, gestor de call center) ou

dicando-lhes programas específicos

• A motivação compartilhada para levar adiante um esforço educacional transformador.

para um grupo (por exemplo, geren-

voltados para suas necessidades e

tes

Também

funções na organização. A criação da

há organizações que oferecem um

Tenaris University foi motivada pelo

• O fato de ambas as entidades encararem essa associação como um desafio

currículo de desenvolvimento de li-

crescimento vertiginoso vivido pela

conjunto.

recém-promovidos).

derança dirigido a indivíduos com alto potencial, não importa o ní-

Há também UCs que constroem sua

vel de gestão, em todas as unidades

empresa a partir de 2002, quando se tornou uma corporação multinacional, com instalações fabris em 12 pa-

identidade transformando-se em “or-

de negócios.

íses e presença em outros 30.

ganizações que ensinam”. Seu corpo

Segundo especialistas, concentrar-se

A UC da Tenaris conta com seis escolas:

docente é formado por profissionais

nas necessidades de um grupo espe-

da própria empresa, como é o caso

cífico é bom, principalmente porque o

da Universidade Ambev, do Brasil,

trabalho hoje inclui quatro gerações de

criada para formar e desenvolver ta-

funcionários com capacidades e expe-

lentos [veja quadro na página 45].

riências diversas. Mas isso não significa que se deva necessariamente esquecer

ALVO

os outros níveis, e sim segmentá-los.

industrial, comercial, de administração e finanças, de gestão, de tecnologia da informação e técnica. As cinco primeiras são responsáveis pela capacitação

Em Kuala Lumpur, o Petronas Leadership Center, da companhia petrolífera da Malásia, busca ser um acelerador da liderança, dirigindo-se especificamente às gerências média e alta"

Focar uma audiência específica ou

Esse é o caso da Tenaris University,

ampliá-la - qual é o melhor caminho?

do Grupo Techint, de origem ita-

Tal decisão estratégica também gera

liana, presente no Brasil desde

modelos diferentes de UCs. Essas uni-

1947, quando o engenheiro italiano

versidades deveriam servir aos funcio-

Agostino Rocca criou uma filial de

nários de todos os níveis de uma orga-

sua empresa, a Techint Companhia

nização e, segundo prevê o professor

Técnica

Karl Moore no artigo Is the traditional

Paulo. A Tenaris, fornecedora de tu-

dos profissionais, enquanto a técnica é

CU dead? (A tradicional UC está mor-

bos de aço e serviços para a indústria

para os operários –uma inovação inte-

ta?), publicado na revista Forbes, as do

de energia e outras aplicações in-

ressante, já que muitas empresas glo-

futuro vão precisar ampliar seu alcance

dustriais, fundou sua UC em 2005,

bais têm universidades para os níveis

para os funcionários de todos os níveis.

a fim de integrar e promover o co-

mais altos e não oferecem programas

Internacional,

em

São

Foto: Divulgação

para os níveis operacionais.

46

rba | revista brasileira de administração

As Universidades Corporativas do futuro vão precisar ampliar seu alcance para os funcionários de todos os níveis" PROFESSOR KARL MOORE

O campus global da Tenaris University se localiza em Campana, na Argentina, o primeiro país em que a Techint se instalou fora da Itália, com edifícios destinados às atividades acadêmicas e à residência dos participantes. A UC também possui sedes no Brasil (localizada em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, foi inaugura-


Foto: IStockPhoto

os participantes, mesmo depois de concluída a capacitação formal. É o caso do Petronas Leadership Center (PLC), com sede em Kuala Lumpur, criado pela empresa petrolífera estatal da Malásia em 1979 como um departamento interno de capacitação, mas que o tempo transformou em um centro de aprendizado para os líderes do setor. Seu presidente-executivo, Yasir Abdul Rahman, explica que é importante convocar as melhores pessoas da organização para integrar o corpo docente do PLC e assim fazer com que os líderes da companhia desempenhem um papel vital na capaci-

As universidades corporativas contam com uma arquitetura tecnológica muito mais avançada do que a das universidades tradicionais"

tação e no desenvolvimento dos futu-

uma comunidade mais ampla, compos-

O objetivo é atingir a excelência ope-

desafios específicos e incluir o pro-

ta de fornecedores, parceiros, clientes,

racional e impulsionar o alinhamento

cesso de aprendizado no desenvol-

acionistas, famílias dos funcionários e

em torno de processos e padrões-cha-

vimento da estratégia. A universida-

comunidade onde estão suas unidades,

ve para o negócio, e fornecer edu-

de da empresa de energia francesa

como lembra o consultor em educação

cação a todos os funcionários é um

GDF Suez, por exemplo, capacita na

corporativa Kenneth Fee.

diferencial estratégico. Um exemplo

França e na Bélgica seus funcioná-

PAPEL ESTRATÉGICO

disso é a UC da empresa francesa

rios mais talentosos para atuarem

Veolia Environnement, fornecedora

como consultores internos e criou

Outro critério para desenhar o mo-

de água, energia e serviços ambien-

grupos de especialistas para abordar

tais, cuja diretora de aprendizado e

os principais desafios de crescimen-

desenvolvimento Isabelle Quainon

to da companhia. “Nossa universi-

destaca que “todos os funcionários

dade é o motor para acelerar a mu-

estão no foco, desde o primeiro mo-

dança e a estratégia”, explica Alice

mento em que entram na companhia”.

Tagger, diretora do programa.

Acelerador de liderança. O obje-

Rede de aprendizado. Esse modelo

da em 2011, com investimentos de US$ 7 milhões, e tem 1,9 mil metros quadrados, com auditório, salas de aula, de tecnologia e escritórios), México e Itália, entre outras regiões. Por fim, muitas UCs enxergam como seu público-alvo não apenas o pessoal interno, mas o externo; elas se dirigem a

delo de UC é a definição, pela alta gerência, do alcance de sua atividade, o que implica construir uma estrutura que dê conta do papel e da visão estratégica da empresa. Muitas UCs já estão criando papéis além do de abordar a falta de talentos, como os quatro a seguir: Centro de capacitação. Essa UC oferece capacitação tanto aos funcionários comuns como aos líderes.

ros líderes globais da empresa. Plataforma estratégica. Os programas desse tipo de UC miram a gerência sênior, com conteúdos relevantes específicos para a estratégia da companhia. O objetivo é vincular o desenvolvimento profissional a

tivo é focar as gerências média e alta

de UC implica a criação de uma cultura

para fomentar a cultura de liderança

de aprendizado e de oportunidades de

de toda a companhia. Ao reunir di-

capacitação contínuas que ultrapas-

versos grupos executivos, esses pro-

sem os limites de uma sala de aula. Esse

gramas criam redes que conectam

tipo de programa visa uma ampla base

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

47


de funcionários e gerentes, a fim de fortalecer as habilidades funcionais, técnicas e de gestão. Um exemplo é o da UC da multinacional mineradora e siderúrgica ArcelorMittal, que, para fomentar o aprendizado global, oferece um plano de estudos completo em 17 instalações, uma vez que seus mais de 260 funcionários estão dispersos pelo mundo. O vice-presidente de de-

CAPACIDADE DE SE ADAPTAR ÀS RUPTURAS A UC é montada para ser flexível ou é engessada? A peça-chave da definição do formato de UC pode estar na resposta a essa pergunta, segundo o debate mais recente. Por exemplo, apesar de concordar com quem acha que muitas UCs avançaram e demonstraram um crescimento importante, o professor

era da globalização, na qual constantemente surgem modelos educacionais disruptivos. Com seu foco quase exclusivo no aprendizado em sala de aula, com temas fixos, relação formal entre estudantes e professores e planos de estudo programados, é possível capacitar a próxima geração de líderes, gestores e funcionários com aquilo que as empresas necessitam para ter êxito em um mundo cada vez mais competitivo

senvolvimento de liderança, Brian

Karl Moore, preocupado com a morte

Callaghan, define a UC como uma for-

das UCs, questiona se elas conseguirão

ça de mudança, que tem como objetivo

realmente firmar-se como o bastião do

Entre as principais habilidades que,

solidificar a cultura organizacional em

aprendizado e a torre do conhecimen-

acredita o professor, serão exigidas

uma ampla base de funcionários.

to das organizações nesta nova fase da

dos líderes do futuro estão a criati-

e instável? Essa é a pergunta de Moore.

A QUESTÃO TECNOLÓGICA Em um estudo com mais de 200 universidades corporativas norte

ída por um modelo educativo dinâmico, que dê assistência aos

-americanas, publicado na revista Human Resource Development

estudantes em todo momento e lugar. O e-learning é um sistema

Quarterly em 2012, Amy Lui Abel, diretora de pesquisa de capi-

amplamente difundido nas UCs.

tal humano no The Conference Board, e Jessica Li, professora do College of Education da University of Illinois, identificaram a utilização de tecnologia como suporte da função de aprendizado como um dos cinco processos essenciais dessas instituições educacionais. Isso se observa na implantação de programas que adotam formatos múltiplos de entrega (módulos online na intranet, CDs e DVDs, podcasts, webcasts, simulações e tecnologias da web 2.0).

As universidades corporativas, na maioria das vezes, contam com uma arquitetura tecnológica muito mais avançada do que a das universidades convencionais. As soluções online oferecem instrumentos técnicos e metodológicos integrais e criativos para o aprendizado individualizado, compartilhado e autogerido. Com apenas um computador com conexão à internet, o aluno pode realizar as atividades interativas propostas, ter acesso a toda informação necessá-

A incorporação das novas tecnologias da informação e da comuni-

ria para adquirir o conhecimento e comunicar-se com professores e

cação (TICs) transformou de fato a realidade das UCs, superando o

colegas. Trata-se de uma ferramenta muito eficaz para transferir os

tradicional esquema presencial. Apoiadas no uso maciço da internet

conhecimentos e competências exigidos pelas empresas, vantajosa

–com as redes sociais cada vez mais espalhadas pelo mundo–, as

quanto ao baixo custo, flexibilidade e capacidade de chegar a públi-

TICs potencializaram o aprendizado como atividade social, instau-

cos de todos os tamanhos. Uma de suas desvantagens é que corre o

rando formatos renovados que ultrapassam os limites físicos de uma

risco de deixar de lado funcionários que por uma questão geracional

universidade. Em uma era em que o acesso à informação é pratica-

estejam menos familiarizados com as TICs.

mente ilimitado e muitas vezes gratuito, no entanto, o docente e o aluno adquirem um papel ativo, criativo e crítico na construção e avaliação do conhecimento. As UCs de hoje costumam implantar um enfoque pedagógico presencial, também conhecida como blended-learning. Além da modalidade presencial, incorporam a modalidade virtual ou e-learning. Assim, a imagem do docente que dá uma aula expositiva na frente de um grupo de alunos, em atitude passiva, é substitu-

48

rba | revista brasileira de administração

Amy Lui Abel

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

misto, que consiste em uma modalidade de aprendizado semi-

Jessica Li


vidade, a flexibilidade, a capacidade

conta da importância estratégica

tivo primordial de uma empresa não

de adaptação e a inovação. “Coisas

que os gerentes médios têm e deci-

é aprender por aprender, mas apren-

demais mudaram no mundo de hoje

diram estender a eles o desenvolvi-

der a fazer as coisas de uma forma

e o aprendizado tem de começar a

mento profissional.

melhor para obter os resultados de-

outras palavras, o aprendizado corporativo já não pode estar confinado a um conjunto rígido de aulas formais.

Outra via por meio da qual as UCs se adaptam aos tempos atuais é a

A segunda condição está no compro-

mudança de modelo de negócio.

misso e no apoio irrestrito da direção

Ou melhor, vão além da entrega de

Fazendo coro com Moore, o consul-

capacitação para se tornarem con-

tor Marcus Buckingham –autor de

sultorias internas das unidades de

vários best-sellers, palestrante de re-

negócios e dos departamentos de

nome internacional e fundador da

aprendizado regionais ou locais.

The Marcus Buckingham Company (TMBC), empresa que oferece programas e ferramentas de capacitação gerencial–, em um artigo publicado no The Huffington Post, diz adeus às metodologias tradicionais das UCs e dá boas-vindas a modelos educacionais mais flexíveis, como o da Amazon. A chave para o sucesso futuro está, segundo Buckingham, em empresas como Amazon, Google e Facebook, onde reina o aprendizado com personalização e mobilidade. E, especificamente em relação à compa-

DUAS CONDIÇÕES ESSENCIAIS

que precisam funcionar em contextos dinâmicos, adaptando continuamente seus modelos para satisfazer às demandas de novas estratégias e aquisições. E muitas já vêm fazendo isso, com sucesso. Ampliar o alvo é uma forma que encontram para adaptar-se. Muitas UCs começaram com foco em públicos pequenos, como os gerentes sêniores, mas com o tempo se deram

recer ferramentas e processos que o facilitem, tais como selecionar e contratar pessoas predispostas naturalmente a aprender, incluir o aprendizado nas metas pelas quais cada funcionário será avaliado ao longo da carreira na bém tenham um papel docente.

condições se realmente quiser criar

Se cumpridas essas condições, as UCs

uma cultura de aprendizado permanente na organização. Javier Martínez Aldanondo, espanhol residente no Chile há uma década, especialista em gestão do conhecimento que foi consultor do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento A primeira condição é que a organi-

As UCs, na maioria, compreendem

na missão da companhia; é preciso ofe-

do, no entanto, ele deve cumprir duas

de seu líder, que instilou na cultura

essencial da busca de novas ideias.

não basta o líder incluir o aprendizado

empresa e exigir dos gestores que tam-

(BID) nessa área, descreve-as:

te forte de que cometer erros é parte

da empresa à iniciativa educacional. E

Qualquer que seja o formato adota-

nhia de Jeff Bezos, ele destaca o papel organizacional uma crença realmen-

sejados.

oferecem às pessoas a oportunidade de receber uma formação contínua, o que fomenta uma atitude de aprendizado permanente e agrega valor ao conhecimento que cada pessoa adquiriu em sua experiência profissional e de vida.

Foto: Divulgação

refletir a nova realidade”, afirma. Em

zação crie um modelo que garanta a todos os seus integrantes: • Aprender antes de realizar uma tarefa, consultando-se com os colegas mais experientes. • Aprender durante a execução das tarefas, contando com oportunidades para refletir sobre a ação e sistematizar tanto os sucessos como os fracassos. • Aprender depois de realizar uma tarefa, o que significa compartilhar o aprendido com quem possa necessitar e disseminá-lo para a organização toda. Martínez destaca ainda que o obje-

Javier Martínez Aldanondo, especialista em gestão do conhecimento que foi consultor do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

49


PRINCIPAIS DECISÕES Acriação de uma UC sólida e relevante exige um conjunto de decisões, entre as quais se destacam: •

Determinar com a equipe executiva sênior de que maneira o aprendizado apoiará a estratégia e a visão da companhia;

SETE PILARES DO SUCESSO Kenneth Fee, diretor da firma de consultoria Executive & Professional Development,

não é menor. É necessária uma grande quantidade de sistemas e procedimentos, os quais devem ser, sobretudo, simples e

intuitivos. A infraestrutura tem de estar a serviço das necessidades do conjunto da população potencial de estudantes, assim como das demandas

Criar um nome, logo e marca para a UC;

com sede no Reino Unido, e autor de vá-

de todas as atividades projetadas. Para tanto, de-

Criar um plano estratégico, o que implica desenvolver uma visão, uma missão e uma declaração de valores para a UC;

rios livros sobre o desenvolvimento pro-

vem-se ter um orçamento, um plano de designação

Trabalhar com a equipe de marketing da empresa na criação de um plano de marketing para a UC; Desenhar a estrutura jurídica e operacional da UC;

Definir o público;

Criar um plano de estudos. Selecionar tecnologias e metodologias de ensino;

Criar um plano de lançamento para a universidade corporativa e garantir que a notícia chegue a todos os cantos da organização;

Implantar processos adequados de medição e avaliação dos resultados.

fissional, identifica sete pilares de uma

O DIPLOMA VALE? Ensinando sozinhas ou com aliados, priorizando certos funcionários ou

plicar toda a colossal infraestrutura de uma universidade acadêmica, lógico, mas muito do que esta

1

Formulação de uma estratégia para saber por que a organização necessita de uma UC. Sem uma estratégia, a UC entrará em colapso, e por isso deve-se saber com cla-

reza qual é a meta e articulá-la com uma declara-

sionais e, segundo o relatório da firma de consultoria BCG, à medida que isso ocorre, convertem-se em marcas edu-

parâmetros mais adiante.

ga valor.

2

plantação da UC. Esse plano deve levar em conta os recursos e pessoal disponíveis, assim como avaliar os riscos e gerar

planos de emergência no caso de ser necessário revisar alguma medida. Ao mesmo tempo, o plao progresso do projeto com as partes interessadas

3

Branding. Esse aspecto implica muito mais do que simplesmente criar um nome e desenhar um logo. É a oportunidade de posicionar o aprendizado para que seja

entendido como parte do propósito estratégico da organização. Um componente importante do processo de criar uma UC é seu simbolismo e o efeito inspirador que tem sobre os estudantes e colaboque torna possível que a UC se transforme em um

ma, a marca deve estar naturalmente vinculada à

rba | revista brasileira de administração

tudante. É necessário levar em conta que tipo de aprendizado a UC oferecerá –e não só o conteúdo que se deseja oferecer, mas

a forma que adotará. Vale listar: • As instalações para cursos presenciais. • Uma versão digital, com cursos e recursos para o aprendizado online.

cas, especialmente o coaching e o aprendizado baseado no trabalho. É crucial definir de que maneira será dado o apoio aos estudantes. Pode-se encomendar conteúdo e oferecer recursos digitais, mas também se deve contar com um corpo de tutores, coaches e outros profissionais, e com gestores conscientes do apoio que precisam dar.

radores. A marca cumpre uma função essencial, já

de aprovação similar ao oferecido por

HSM Management 

6

Programas de aprendizado e apoio ao es-

• Os vínculos com outras abordagens pedagógi-

veículo gerador de uma cultura de aprendizado e

está acontecendo.

iniciativas de aprendizado que oferecerá.

Ter uma ideia clara sobre os limites do plano de estranquilizador saber que será possível analisar esses

cacionais capazes de conferir um selo escolas de negócios reconhecidas. Já

ensinará e a variedade de cursos e outras

pessoas possível e de demonstrar como a UC agre-

ou mais objetivos estratégicos, o fato

As UCs se tornam mais e mais profis-

Isso implica definir o alcance do que a UC

tudos sempre ajuda, ainda que, segundo Fee, seja

e gera confiança.

muito favorável.

5

Desenvolvimento de plano de estudos.

oportunidade de envolver a maior quantidade de

das fronteiras da empresa, tendo um

exigências do mercado –e isso lhes é

tem deve ser adotado.

ção de missão. Estabelecer essa estratégia é uma

nejamento permite compartilhar informação sobre

ocupam-se muito em interpretar as

qualquer iniciativa similar exigiria. Não é preciso re-

sucedida:

estendendo a capacitação para além

é que as UCs, ou boa parte delas, pre-

de recursos e todo o planejamento da gestão que

universidade corporativa estável e bem-

Planejamento e gestão do projeto de im-

50

4

Infraestrutura de universidade. Essa tarefa

de uma organização que aprende. Da mesma formarca corporativa, ou seja, seguir o mesmo estilo visual, estar presente em tudo o que se relacionar

7

Avaliação e acreditação. São fundamentais para construir alianças que proporcionem métricas claras do sucesso e ajudem a motivar os estudantes. Isso decorre de estabe-

lecer, de um lado, vínculos com corpos profissionais

com a UC e ter como meta elevar o perfil da insti-

e, de outro, com uma instituição acadêmica que

tuição e do aprendizado em geral.

ofereça títulos e outros reconhecimentos.


POR_FRANCISCO JOsÉ z. ASSIS

Ferramenta eficaz

A

sensação de que o tempo está correndo em velocidade desmedida é comum para muitas pessoas. Parece que os meses que separam o Carnaval do

Natal estão cada vez mais curtos e as duas datas parecem se encostar uma na outra. Em 2014, com a realização da Copa do Mundo entre os meses de junho e julho e as eleições de outubro, o ritmo apressado dos dias ficará ainda mais evidente. E, para complicar, as agendas estão tomadas de compromissos e afazeres cotidianos. O quadro quase caótico pede organização, exige a ajuda de poderosas ferramentas para que não ocorram falhas e esquecimentos. Claro que aparatos eletrônicos de última geração auxiliam, mas nem todos estão dispostos a investir na compra dessas máquinas. O bom e velho bloco de papel de cor amarela com adesivo de baixa intensidade se apresenta como

Foto: Fernando Ratis

uma solução barata e eficaz.

O INÍCIO

UNIÃO DE IDEIAS

SUCESSO DE CRÍTICA

Presente sobre muitas mesas de trabalho

De acordo com relatos históricos oficiais

Batizado de “Press and Peel Notes” no

pelo mundo como braço direito de profis-

presentes no site da empresa fabricante, o

seu lançamento nos Estados Unidos, o

sionais atarefados e que de nada podem

Post-it surgiu na mente de Art Fry duran-

Post-it levava a chancela da marca Sco-

esquecer, o Post-it está no mercado há mais

te sua participação no coral da igreja que

tch, de propriedade da 3M, e o sucesso

de três décadas. O invento começou a ser

frequentava. Como as letras das músicas

alcançado provocou a manifestação dos

concebido em 1968 por Spencer Silver, que

eram acompanhadas com a ajuda de um

principais CEOs listados no ranking da

desenvolveu um adesivo capaz de aderir às

livro, o abrir e fechar das páginas provo-

Fortune 500, que receberam os papéis

mais diversas superfícies de maneira suave

cava a queda dos marcadores. A situação

com adesivos para testar. Lee Iacocca,

e, também, ser removido e, novamente,

fez com que o cientista aplicasse o adesi-

lendário presidente da Ford, por exemplo,

recolocado sem deixar vestígios de sua

vo de Spencer Silver em pedaços de papel

não conteve o entusiasmo e escreveu para

cola. Porém, o grande salto da invenção foi

para resolver o problema. E resolveu. Logo

a 3M elogiando a novidade. Hoje, há no

ocorrer apenas em 1977. Colega de Silver

também percebeu que criou uma nova

mercado mundial uma gama de produtos

na 3M norte-americana, Art Fry pensou em

forma de se comunicar e de organizar in-

que seguem a linha do Post-it, como a Po-

utilizar o adesivo para desenvolver um pro-

formações. Cabe destacar a rapidez com

p-up blocos sanfonados e a Flags (marca-

duto de alto consumo. Daí surgiu o bloco

que o mercado norte-americano aceitou

dores de páginas). São mais de mil opções

de papéis para bilhetes com a função de

o produto desde a sua primeira versão, o

com a marca Post-it, em grande número

fixação em locais que não fogem da vista.

tradicional “amarelinho”, em 1980.

de formatos, tamanhos e cores. 

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

51


desafio do ócio POR_Nájia Furlan

“Senhor, senhora, senhorio,

Felino, não reconhecerás!” A HISTÓRIA DE CAMILLA DIAS FAZ MUITO LEMBRAR A CANÇÃO DOS “SALTIMBANCOS”. ELA FOI, COM CERTEZA, “MAIS ELA, MAIS GATA”. CONTADA, É MAIS OU MENOS ASSIM...

C

amilla

Dias,

30

anos.

Formação: estilista e administradora,

especializada

em Gestão Empresarial. Paixão: gatos! Depois de gerenciar várias empresas e de tentar o caminho da consultoria, em 2012, se encontrou. O caminho? Uniu o útil ao agradável. A tudo o que sabe e aprendeu na vida acadêmica, somou o seu amor pelos bichanos. O resultado disso tudo é a Boutique do Gato. “A base que tive na faculdade de moda me deu essa veia mais criativa de colocar a mão na massa”, conta a administradora. Já passou por fábricas e

Foto: Shutterstock

confecções; em 2009, chegou a montar uma empresa de consultoria e treinamentos (Àgora Cultural), ministrando cursos e palestras para orientar empresários “a começar certo”, ensinando gestão de pequenos negócios. Esse trabalho Camilla levava paralelamente, enquanto era gerente comercial. Até que, um dia, foi demitida. Não esperava, mas também não esperou... Com tempo livre, ela e o marido se dedicaram à paixão que compartilhavam: os felinos. Essa dedicação foi, na verdade, engajamento social.

52

rba | revista brasileira de administração


Foto: Arquivo pessoal

Em 2013, Camila e Reinaldo organizaram uma Festa Junina para promover a cultura de bons tratos com os animais

primeira campanha de adoção realizada pelo projeto “O Gato Carioca”, em maio de 2011. Como conta na apresentação do seu novo negócio, foi ajudando os resgatinhos que, em apenas três meses, se casaram. Tão rápido quanto a decisão de casarem-se foi a de criar “um negócio em que pudessem ajudar animais em situação de abandono e trabalhar com amor naquilo que gostam”. Em seis meses de “ócio”, após a demissão, Camilla conta que já havia feito alguns produtos com temas de gatinhos

negócio seguia de vento em popa. Em dezembro de 2012, lançaram o site www.boutiquedogato.com.br e, aos poucos, como lembra Camilla, foram acertando os detalhes de programação. O negócio ficou “redondinho” em março de 2013, época em que as vendas pelo

Foto: Arquivo pessoal

Camilla e Reinaldo se conheceram na

Facebook só aumentavam. Hoje, Camilla e Reinaldo vendem para todo o Brasil. São cadastrados em 15 fornecedores, dos quais compram frequentemente. No mesmo ritmo em que a empresa progride, a dedicação pela causa, também. Como conta a

e, com Reinaldo, começou a postar no

administradora, em novembro ajudou

Facebook. Na metade de 2012, come-

um projeto em Curitiba, com a doação

çaram a comprar e revender produtos

de uma cama e uma tenda para a rifa

importados e nacionais. Também co-

que ajuda o projeto Beco da Esperança,

meçaram a desenvolver camas, almo-

além do projeto que mantém no Rio de

fadas e travesseiros. Doavam mensal-

Janeiro. Eles ajudam a manter gatos

mente produtos como arranhadores,

em lares temporários, nas casas de

camas, bebedouros, brinquedos, pela

pessoas que dedicam, além de um lar,

causa dos gatos abandonados, mas o

amor, carinho e cuidados médicos.

Frajola e Dexter são os animais de estimação do casal

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

53


Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

2

1 1 - Produtos fabricados ou revendidos por Camila são enviados para todo o Brasil 2 - Reinaldo e Camila com o “Dr. Pet” 3 - Frajola e Dexter

3

E nessa história toda, não foi apenas

mês de abril, para me dedicar integral-

Camilla que encontrou seu caminho

mente à minha loja, já que o movimen-

profissional, não... O marido e sócio,

to tinha aumentado e eu precisava me

Reinaldo, que desde criança se dedica

concentrar nas inovações”, conta.

à adoção e cuidado dos animais, junto com sua família, acabou se descobrindo, como conta a esposa e sócia... Ele ingressou na faculdade de Medicina Veterinária, em 2013. “Já podemos ajudar ainda mais esses gatinhos de rua. Claro que, até ele se formar, já queremos estar com nossa loja física montada e há um planejamento de montar um pequeno consultório especializado

Busco novidades todos os dias, pesquiso novos fornecedores, concorrentes, produtos importados, feiras de pets pelo mundo e tudo mais sobre o setor, como informações sobre tendências de mercado, marketing e finanças” 54

rba | revista brasileira de administração

em gatos junto com uma veterinária parceira”, revela a administradora. Ainda mais impressionante de toda essa reviravolta que a demissão proporcionou ao casal e, principalmente, à

Atualmente, Camilla dedica de 12 a 14 horas, por dia, ao seu próprio negócio. Nos fins de semana, ela e Reinaldo também têm muito trabalho com as campanhas de adoção, para quais levam produtos e montam uma minilojinha – enquanto a loja física não vem. “Busco novidades todos os dias, pesquiso novos fornecedores, concorrentes, produtos importados, feiras de pets pelo mundo e tudo mais sobre o setor, como informações sobre tendências de mercado, marketing e finanças”, detalha a administradora.

Camilla, é que junto com a criação ofi-

Enquanto isso, Reinaldo desenvolve

cial da Boutique do Gato ela assumiu

o conteúdo para o Facebook, princi-

outros desafios. “Assumi um projeto de

palmente conteúdo interativo, para

administrar uma empresa de estética

entretenimento, e informativo, com

que estava à beira da falência. Em nove

dicas sobre doenças e cuidados do

meses reestruturei toda a equipe e o

dia a dia para os gatos. Além disso,

negócio, quitei dívidas adquiridas pe-

ele ajuda Camilla com a expedição

los gestores anteriores e saí no último

dos produtos e algumas entregas. 


INTER CÂMBIO POR_Nájia Furlan

TROCANDO O QUE SE TEM DE MELHOR: o conhecimento NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA OU PRIVADA, PARA PROFISSIONAIS RECÉM-FORMADOS OU VETERANOS, O INTERCÂMBIO É BOM E O MERCADO PEDE

mais diversas áreas. A Administração

quem quisesse copiar: “nin-

está entre as áreas que encontram no

guém nasce feito; é expe-

Intercâmbio Cultural oportunidades

rimentando-nos no mundo que nós

de crescimento, resultados e mais ne-

nos fazemos”. E ninguém melhor que

gócios (por que não?).

o filósofo brasileiro da educação para

Independe do tamanho da empresa

enunciar um texto sobre a importância do conhecimento e das experiências

que representam ou administram. Independe, também, da situação em

sempre como aprendizados. Experi-

que esse profissional se encontra – se

ências essas que cada vez mais bus-

quer entrar no mercado ou permane-

cam, fora do país, os profissionais das

cer e, como o mercado, ser dinâmico.

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

Foto: Shutterstock

P

aulo Freire já ditava para

55


Intercâmbio O que hoje os profissionais, de todas as idades, que não buscam essas experiências podem estar perdendo é o que está debaixo da ponta do iceberg; que ultrapassa a simples questão do idioma." ANA BEATRIZ FAULHABER

Essa busca é realmente crescente. “Este ano cresceu de 15 a 20% essa procura. Em 2014, a tendência é que aumente ainda mais”, afirma Ana Beatriz Faulhaber, diretora-executiva e sócia-fundadora da CP4, uma empresa carioca de consultoria educacional especializada em cursos no exterior e que desde 1990 trabalha fazendo pontes entre os profissionais e as experiências interculturais. Segundo Beatriz, com o intercâmbio os profissionais ou empresas estão atrás de estabelecer contato, comunicar-se. Porém, não é só isso. “O que hoje os profissionais, de todas as idades, que não buscam essas experiências podem estar perdendo é o que está debaixo da ponta do iceberg; que ultrapassa a simples questão do idioma. São dos detalhes daquela cultura daquele país; de uma vivência que lhe permita uma integração e um fluir melhor que, somados à formação e ao conhecimento acadêmico, trazem melhores resultados”,

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rba | revista brasileira de administração

Foto: Shutterstock

Foto: Arquivo pessoal

completa a especialista.

Ana Beatriz Faulhaber, diretora-executiva e sócia fundadora da CP4


e empresas privadas. O Centro Inter-

tercâmbio e a troca de experiências com

nacional de Inovação e Intercâmbio

outras culturas é uma demanda do mer-

em Administração Pública (CIIIAP),

cado. “O mercado – da maneira como

por exemplo, é fruto de uma parceria

hoje muda e é dinâmico – exige também

entre o governo do estado da Bahia e o

competências comportamentais e de-

Departamento de Assuntos Econômi-

monstrações dessas nas práticas do dia

cos e Sociais (Undesa), órgão ligado às

a dia. E os profissionais e administrado-

Nações Unidas. Criado em 2001, desde 2007 o centro está atrelado à Secreta-

Tanto que, em termos de mercado,

ria da Administração daquele estado.

segundo ela, o que se percebe são

Como explica Elba Andrade, coorde-

duas situações: dos profissionais que sabem que para entrar no mercado é preciso estar pronto e realmente investir nas oportunidades, seja em acordo com empresas do exterior ou parceiros para investimentos; e dos profissionais que já estão no mercado, têm um nível de expertise em

nadora técnica do CIIIAP, os objetivos do centro são: fortalecer e apoiar políticas de aperfeiçoamento da gestão; promover o intercâmbio de inovações e o aprimoramento de tecnologias voltadas para o desempenho da ad-

É importante destacar que, muitas vezes, o agente facilitador também atua como financiador do projeto que será replicado. E funciona mesmo!"

ministração pública de forma global, com ênfase na cooperação sul-sul. Ou

nação de projetos da Bahia em eventos

seja, é uma troca de experiências em

nacionais e internacionais. Para a exe-

administração pública – da Bahia com

cução de suas atividades, fomenta a

o mundo inteiro.

cooperação técnica entre governos. Ao

“A equipe do CIIIAP vem atuando,

prestar cooperação, as equipes de go-

então, na prospecção de experiências

verno refletem sobre as atividades exe-

Em um mundo globalizado e conec-

inovadoras que possam, inclusive, ser

cutadas, levando muitas vezes à busca

tado como o de hoje, intercâmbio não

replicadas. O Centro também vem fo-

por melhorias, prestam solidariedade,

se restringe apenas aos profissionais

mentando a participação e a dissemi-

aumentam o protagonismo interna-

sua área, mas percebe que o mercado muda rápido e ele precisa se adaptar.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Elba Andrade, coordenadora técnica do Centro Internacional de Inovação e Intercâmbio em Administração Pública (CIIIAP).

57

Foto: Shutterstock

res sabem disso”, diz Beatriz.

Foto: Arquivo pessoal

Ainda de acordo com a executiva, o in-


cional do país, promovem a abertura de

“É importante destacar que, muitas

mercados, qualificam suas políticas pú-

vezes, o agente facilitador também

blicas e contribuem para o crescimento

atua como financiador do projeto que

coletivo”, garante a coordenadora.

será replicado. E funciona mesmo!

E como essa troca de informações e experiências funciona? Elba explica que, inicialmente, por meio de missões ou participação em eventos, são identificadas as práticas que se destacam. O segundo passo envolve a adequação e a elaboração do projeto com todas as etapas e produtos esperados e a identificação de um agente facilitador. A troca de experiências é

Foto: Shutterstock

realizada por meio de treinamentos,

Grande parte do intercâmbio de experiências conta com o apoio de organismos externos e do Ministério de Relações Exteriores, através da Agência Brasileira de Cooperação. Esse intercâmbio pode ser ampliado por meio da expansão do número de Acordos de Cooperação Técnica entre países e da participação de um maior número de agentes financiadores”, completa a representante do CIIIAP.

encontros e vivências que resultam

O melhor desse exemplo é que não

na transferência da tecnologia.

está restrito apenas ao Governo Baiano. O intercâmbio é fruto do interesse de países, estados ou municípios por alguma iniciativa existente no Governo Baiano ou vice-versa. Ou seja, o exemplo pode ser seguido por outros estados brasileiros. 

58

Foto: Shutterstock

Intercâmbio

Ao prestar cooperação, as equipes de governo refletem sobre as atividades executadas, levando muitas vezes à busca por melhorias, prestam solidariedade, aumentam o protagonismo internacional do país, promovem a abertura de mercados, qualificam suas políticas públicas e contribuem para o crescimento coletivo”


muitas empresas – a atuação pontual de

A Pöyry é uma empresa finlandesa que,

desenvolvimento de projetos com transfe-

há 36 anos no Brasil, atua na prestação

rências e uso de recursos de fora.

mentos da indústria. Presente em diversos países, recentemente, há dois anos, a empresa começou a promover o intercâmbio de projetos (e trabalhos) dentro da própria empresa. Para isso construiu na Tailândia, na China e na Polônia centros de engenharia especificamente vol-

profissionais de outros escritórios. Porém, o que se tem hoje é o intercâmbio para o

“No fundo, o que o cliente espera é qualidade, solução inovadora e resposta rápida. E trabalhando assim, damos um melhor tempo de retorno ao cliente. Quando não tem capacidade específica nessa geografia, buscamos em outros escritórios”, diz o diretor.

tados para isso.

Além da empresa e do cliente, quando se

Como explica Marco Giusti, diretor de

fomenta práticas de intercâmbio, também

Engenharia e Operações da Pöyry no

se pensa no futuro do profissional que

Brasil, foi uma maneira que a empresa

atua no mercado atual. “Do ponto de vista

encontrou de distribuir as tarefas entre

do desenvolvimento pessoal e profissional,

profissionais de outros lugares, o que

esse intercâmbio é uma experiência muito

ajuda no balanceamento e na distribui-

rica. Acelera e torna contínuo o processo

ção de cargas entre os vários escritórios.

de aprendizagem”, completa.

“Às vezes, um escritório em outro país

Manter esse trabalho de intercâmbio na

tem um know-how mais voltado àquele

engenharia de projetos, segundo Giusti,

projeto que surge aqui, ou vice-versa. A

requer bastante disciplina, mas tem ge-

segunda coisa é que assim se promove, de fato, o intercâmbio de experiências entre escritórios e profissionais de diferentes geografias. Boas ideias aplicadas lá podem ser trazidas para cá e também o contrário´”, afirma.

Foto: Arquivo pessoal

de consultoria e engenharia para seg-

Foto: Shutterstock

Foto: Shutterstock

INTERCÂMBIO DE PROJETOS EM UMA MESMA EMPRESA

rado muito resultado. Questionado sobre quais os países e nacionalidades mais “ativos” nesse processo, ele garante que o Brasil está muito bem. “Temos trazido mais profissionais de fora para treinar no Brasil do que o contrário. Hoje é as-

Segundo Giusti, antes da criação desses

sim com alguns dos maiores projetos da

centros, já existia na Pöyry – como em

Pöyry no mundo”, conclui.

Marco Giusti, diretor de Engenharia e Operações da Pöyry no Brasil

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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LEI SECA CONSELHO

CFA entrega Prêmio Honra ao Mérito em Administração 2013 AGRACIADOS INDICADOS PELOS CRAS E CFA DESTACARAM-SE POR CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO TÉCNICO-CIENTÍFICO DA ADMINISTRAÇÃO Foto: Divulgação

O

Conselho Federal de Administração (CFA) realizou, em 19 de dezembro, a entrega do Prêmio Honra ao Mérito em Administração 2013. O evento, que

ocorreu durante a Reunião Plenária, em Brasília, homenageou os três profissionais indicados pelo CFA: Adm. Roberto

1 Foto: Divulgação

Marcondes Filinto da Silva, na categoria Administrador; Francisco Domingues de Faria, prefeito de Itumbiara/GO, e Fábio Fernandes de Souza, deputado estadual na Assembleia A Comissão Especial de Honrarias do CFA, composta

2 Foto: Divulgação

Legislativa de Goiás, ambos na categoria Honorífica. pelos conselheiros federais Adm. Hércules da Silva Falcão (coordenador), Adm. Aldemira Assis Drago (vicecoordenadora) e Adm. Dionízio Rodrigues Neves (membro da Comissão), compôs a mesa de abertura da cerimônia, que teve, ainda, a presença do presidente do CFA, Adm. Sebastião Luiz de Mello. Hercules Falcão aproveitou para agradecer pela presença de todos no plenário e falou da satisfação da comissão em ter cumprido o trabalho. O deputado estatual Fábio Fernandez de Souza disse que está

1- Deputado Estadual, Fábio Fernandez de Souza e Conselheiros Federais do CFA 2- Administrador Roberto Filinto e Conselheiros Federais do CFA 3- Prefeito de Itumbiara/GO, Francisco Domingues de Faria e Conselheiros Federais do CFA

honrado e envaidecido por receber o Prêmio Honra ao Mérito.

a profissão e Filinto sempre trabalhou de forma simples e

“Isso me honra, mas também traz um senso de responsabilidade

profícua”, elogiou Sebastião Mello.

muito grande. Apesar de não ser Administrador, sou um defensor da classe”, afirmou o deputado. Antes da homenagem, entretanto, o conselheiro Dionízio falou do intenso trabalho realizado pelo deputado em Goiás. “Ele é líder do governo no estado e um dos mais votados, tendo contribuído muito para a Administração”, explicou. Após o anúncio do segundo homenageado, o presidente do CFA

60

3

Filinto agradeceu pela indicação ao Prêmio Honra ao Mérito em Administração e aproveitou para agradecer também pelo esforço dos colegas para implementar o CRA-MS. “Começamos em uma sala pequena, alugada. Hoje temos sede própria, com ampla estrutura para atender aos profissionais de Administração do estado”, lembrou o Administrador.

teceu breves comentários sobre o Adm. Roberto Marcondes

Outro homenageado na solenidade foi o prefeito de

Filinto da Silva. “Ele é o dono do registro nº 1 no CRA-MS,

Itumbiara/GO, Francisco Domingues de Faria, conhecido

Regional que ele ajudou a criar. Lembro-me de, juntos,

como Chico Balla. “É uma satisfação estar aqui para

cruzarmos Mato Grosso do Sul para divulgar e promover

receber esta homenagem. Podem ter certeza de que o que

rba | revista brasileira de administração


Vídeos do FIA e Congresso Mundial de Administração estão disponíveis Quer rever tudo o que aconteceu no XIII Fórum Mundial de Administração (FIA) e o IX Congresso Mundial de Administração? Acesse o site http://www.cra-rj.adm.br/ e assista à cobertura completa realizada pela Rádio e TV CRA-RJ. O Regional flu-

fazemos ainda é pouco, mas vamos continuar trabalhando para defender os Administradores. Esse é o compromisso que assumo com vocês”, disse o prefeito.

minense transmitiu os eventos ao vivo para todo o país e agora disponibiliza os vídeos das palestras para profissionais e estudantes de Administração.

O Prêmio Honra ao Mérito em Administração é uma iniciativa do CFA. Sua finalidade é de homenagear pessoas que tenham se

de Administrador, ou realizado relevantes serviços e trabalhos no

CFA obtém recertificação da ISO 9001

campo da Administração. Em 2013, o Prêmio recebeu 19 indicações de

Mais uma vez o Conselho Federal de

destacado e contribuído para o desenvolvimento técnico-científico da Ciência da Administração, na defesa do profissional e da profissão

CRAs e do CFA. Após analisar cada indicado, a Comissão decidiu, por

Administração (CFA) obteve a recertificação

unanimidade, em caráter excepcional, que todos os indicados fossem

do Certificado ABNT NBR ISO 9001:2008.

contemplados com o Prêmio Honra ao Mérito 2013.

A recomendação foi feita pela empresa

Confira abaixo o perfil dos três profissionais indicados pelo CFA: Deputado estadual de Goiás Fábio Fernandes de Sousa

Business Solution International – BSI Brasil. “O CFA, por meio de seus colaboradores, mostrou comprometimento com os proce-

Está em seu segundo mandato de deputado e traz em seu currículo

dimentos documentados pela ISO 9001"

a presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Estado.

afirmou a auditora externa Marisa Aquino.

Foi idealizador e presidente da CPI de combate à pedofilia e

A Norma ISO 9001 obedece a critérios in-

à exploração sexual infantil. Já foi presidente da Assembleia

ternacionais visando à melhoria contínua de

Legislativa e hoje ocupa uma posição estratégica, sendo a liderança

um Sistema de Gestão de Qualidade. O CFA

do governo no estado de Goiás.

é certificado em todos os processos conside-

Administrador Roberto Marcondes Filinto da Silva

rados no escopo “Normatizar, disciplinar e orientar o exercício profissional nos campos

Registro número 1 do Conselho Regional de Administração de Mato Grosso

da Administração, bem como subsidiar os

do Sul (CRA-MS). Empresário e consultor de empresas, já foi presidente

Conselhos Regionais de Administração na

do CRA-MS e participou da diretoria executiva do Conselho Federal de

execução das atividades de registro, fiscali-

Administração. Prefeito de Itumbiara/GO, Francisco Domingues de Faria

zação, divulgação e valorização da profissão, em defesa da sociedade”. Anualmente ocorre a auditoria externa,

Contribuição como gestor público frente aos cargos já ocupados:

ocasião em que se verifica a adequação

secretário de Planejamento e secretário de Obras da prefeitura de

dos serviços prestados pela autarquia

Itumbiara, gestor do Departamento de Engenharia do CRISA e Agência

aos requisitos internacionais de qualida-

Goiana de Transportes e Obras (Agetop), em Goiás. 

de estabelecidas. 

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

61


Conselho

Prêmio BELMIRO SIQUEIRA 2013 já tem vencedores PREMIAÇÃO CONCEDIDA PELO CFA QUER ESTIMULAR A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS NA ÁREA DA ADMINISTRAÇÃO Foto: Divulgação

e o professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Barreiros Porto. Para a Adm. Aldemira Drago foi um orgulho participar da comissão. O mesmo sentimento foi compartilhado por José Arylton. “Participar do prêmio agregou valor, pois nunca havia participado de algo similar, apesar de o tempo para a avaliação ter sido curto”, disse.

O

O professor Rafael aprovou a experiência. “Agora que

Comissão do Prêmio Belmiro Siqueira em Administração

Comitê de Julgamento do Prêmio Belmiro

conheço o prêmio, pretendo ajudar na divulgação, prin-

Siqueira em Administração 2013 reuniu-se

cipalmente na UnB, pois senti falta da participação dos

hoje, 29 de novembro, em Brasília/DF, para

nossos alunos na categoria ‘Artigo Acadêmico’”, afirmou.

escolher os vencedores da premiação. Nesta edição, o

Já Adilson Castro fez uma sugestão à comissão julgadora:

Conselho Federal de Administração (CFA) recebeu a ins-

“Seria interessante se a comissão participasse da entrega do

crição de dez trabalhos, sendo três na categoria “Artigo

prêmio aos vencedores”, pontuou.

Acadêmico”, quatro na categoria “Livro” e três inscrições

Após um amplo debate para avaliar os trabalhos inscri-

na modalidade “Empresa Cidadã”.

tos, o comitê elegeu os vencedores desta edição do prêmio.

Compõem o comitê o vice-presidente do CFA, Adm.

Nesta edição, todos os indicados pelos CRAs na modalidade

Sérgio Pereira Lobo; a Conselheira Federal pelo Pará, Adm. Aldemira de Assis Drago; o conselheiro regional do

“Empresa Cidadã” receberão certificado de honra ao mérito pelas ações bem-sucedidas de responsabilidade social.

CRA-DF, José Arylton de Almeida Ramos; o professor da

Veja, abaixo, os vencedores da edição 2013 do Prêmio

Universidade Federal do Piauí Adilson Farias de Castro;

Belmiro Siqueira:

Categoria Artigo Acadêmico INDICAÇÃO 1°

CRA-GO

TítuloS/Nomes dos autores Título: A inovação na gestão pública sob a ótica da produção científica brasileira: uma análise entre os anos de 2000 e 2012. Autoras: Denise Santos de Oliveira e Jéssica Borges de Carvalho

CRA-SP

Título: Parceria público-privada na gestão de incubadoras de economia solidária: estudo de caso de um projeto inovador. Autora: Jaqueline Vieira de Moraes

CRA-CE

Título: Novas formas organizacionais, inovação e nova gestão pública nos municípios. Autor:Adehilton Carlos da Silva

Categoria Empresa Cidadã INDICAÇÃO CRA-PR

62

Empresa vencedora Empresa: Itaipu Binacional

rba | revista brasileira de administração


Categoria Livro INDICAÇÃO CRA-PR

Título/Nomes dos autores Título: Políticas públicas e fundamentos da administração pública: análise e avaliação, governança e redes de políticas, administração judiciária. Autor: Adm. Mario Procopiuck

Categoria Empresa Cidadã INDICAÇÃO CRA-PR

Empresa vencedora Empresa: Itaipu Binacional

Demais indicados na categoria Empresa Cidadã que receberão certificado de Honra ao Mérito Categoria Empresa Cidadã INDICAÇÃO

Título/Nomes dos autores

CRA-PR

Empresa: Itaipu Binacional

CRA-MT

Empresa: SJ – Laboratório São João

CRA-MG

Empresa: Algar S/A Empreendimentos e Participações

CFA prepara a 4ª CONVENÇÃO DO SISTEMA CFA/CRAs

O

Conselho

Federal

de

Administração(CFA) começou os preparativos para a 4ª

edição da Convenção do Sistema CFA/ CRAs, que será realizada de 23 a 26 de abril de 2014, em Foz do Iguaçu/PR. O evento conta com uma comissão organizadora formada pelos Administradores

A cidade – Foz do Iguaçu é conhecida

e Douglas Evangelista Neto. O evento contará com palestra do doutor Ricardo Augusto Alves de Carvalho, que falará sobre Motivação e Desenvolvimento de Equipes. Além disso, já confirmaram presença na Convenção

o

economista

Ricardo

internacionalmente pelas Cataratas do Iguaçu, uma das vencedoras do concurso que escolheu as 7 Maravilhas da Natureza pela Fundação New 7 Wonders. A cidade é conhecida também pela Usina Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo em tamanho e primeira em

Sérgio Pereira Lobo, Adelmo Santos

Amorim e o doutor em Ciências

Porto, Carlos Henrique Mendes da

Econômicas José Maria Gasalla. São es-

foi considerada uma das 7 Maravilhas

Rocha, Marcos Silva Ramos, Antônio

perados cerca de 300 participantes entre

do Mundo Moderno pela Sociedade

Carlos de Souza, Gilberto Serpa Griebeler

funcionários e conselheiros dos CRAs.

Americana de Engenheiros Civis.

PALESTRANTES Ricardo Augusto Alves de Carvalho - Professor da Fundação Dom Cabral. Formado em Psicologia, com mestrado em Psicologia, doutorado em Sociologia das Mutações e pós-doutorado em Gestão, ambos cursados na França. Desenvolve pesquisas nas áreas de Antropologia Social, Arte e Gestão, Gestão de Pessoas, Sustentabilidade, Cultura Organizacional e Cultura Brasileira, Organização e Comportamento Organizacional, Liderança e Análise de Tendências e Cenários. É também autor de livros e trabalhos téc-

geração de energia. Em 1996, a usina

Ricardo Amorim - Economista formado pela USP, é pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela ESSEC de Paris. Atuando no mercado financeiro desde 1992, trabalhou em Nova York, Paris e São Paulo, sempre como economista e estrategista de investimentos. José Maria Gasalla - Doutor em Ciências Econômicas e graduado em Ciências Aeronáuticas. Possui certificado em Estudos Avançados no Doutorado de Psicologia Social da Universidade Complutense

nicos e científicos publicados no Brasil e no exterior, entre os quais se

de Madrid, com foco nos estudos sobre confiança e equipes. Entre

destacam: Nouvelles Technologies de Gestion et la Mobilisation de la

suas publicações, destacam-se os livros A Nova Gestão de Pessoas e

Subjectivité e Globalização e Trabalho – Um Enfoque Internacional..

Marketing e Formação de Executivos.

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

63


Conselho adaptado_ COM INFORMAÇÕES DO FINDINEXA BRASIL

Presidente do CFA participa da abertura do 5º Findinexa Brasil O EVENTO É CONSIDERADO O MAIOR FÓRUM DE EMPREENDEDORISMO JOVEM DO BRASIL, REUNINDO PARTICIPANTES DE VÁRIOS ESTADOS BRASILEIROS E DE PAÍSES DA AMÉRICA LATINA

Foto: Divulgação

D

e 13 a 19 de outubro de 2013, a cidade de Luís Correia PI recebeu, pelo quinto ano, o Findinexa Brasil, considerado o maior evento de empreendedorismo

jovem do país. O presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Adm. Sebastião Luiz de Mello participou da abertura da 5ª edição do evento. Mais de 180 jovens, com idade entre 16 e 23 anos, oriundos de 15 estados brasileiros e de quatro países da América Latina estiveram reunidos durante sete dias para vivenciar atividades práticas ligadas à livre iniciativa e ao trabalho em grupo. Para Sebastião Mello é importante que os jovens

Presidente do CFA discursa na abertura do Findinexa Foto: Divulgação

participem deste tipo de evento. “É por meio de atividades práticas, acadêmicas e recreativas que o potencial empreendedor dos jovens é despertado”, afirma. A programação do evento foi dividida em atividades práticas, acadêmicas e recreativas. As atividades práticas incluíram as competições individuais e em grupos, responsáveis por

potencializar

características

empreendedoras

e

desenvolver habilidades para o campo profissional e pessoal do participante. Já, as atividades acadêmicas foram compreendidas entre conferências, workshops e painéis com renomados profissionais. Por fim, as atividades recreativas concentraram a integração entre os jovens, o que aumentou a troca de experiências entre eles, e o intercâmbio cultural. Na grade acadêmica, um dos grandes palestrantes que esteve nesta edição foi o ex-jogador de voleibol Tande. Entre

64

Participantes do Findinexa

jovem; O primeiro surfista bi-amputado no mundo Pauê, que já ganhou um prêmio da ADVB-SC como “case de sucesso” e Marcus Linhares, o autor do livro “C.H.O.Q.U.E.: Tratamento para o Surto Empreendedor”.

os profissionais conferencistas para o fórum estiveram o

Durante uma semana de evento foi sugerido aos jovens uma

apresentador e humorista Murilo Gun; Adriana Brondani,

mudança de estilo de vida. Por meio da grade acadêmica e de

que mantém o site QUED (www.qued.com.br), voltado para

diversas atividades, o fórum se propôs a despertar o potencial

responder dúvidas de ciências da vida feitas pelo público

empreendedor existente em cada um dos participantes.

rba | revista brasileira de administração


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CONEXÃO

O Profissional dez Este livro foi elaborado com o objetivo de fornecer informação e orientação sobre o modo mais inteligente e produtivo para o profissional se conduzir na organização em que trabalha. Os autores se valeram de suas vivências e visões próprias e das opiniões de dezenas de empresários e dirigentes entrevistados. Autores: Luiz Paschoal, Ana Janete Pedri e Rodrigo Lorenzo Paschoal | Categoria: Administração e Negócios | Editora: Quality Mark | Edição: 1ª | Número de páginas: 136

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LEIA MAIS Plano de Negócios Passo a Passo - Transformando Sonhos em Negócios Adonai José Lacruz, nesta obra, consegue mostrar que ter um negócio é bem diferente de ter uma ideia ou um sonho. Empresa, negócio, organização, empreendimento, ou seja, o que for, são erguidos por meio de pesquisa, de planejamento, de controle, de transpiração e da incessante busca pelo conhecimento. Autor: Adonai José Lacruz | Categoria: Administração e Negócios

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Editora: Quality Mark | Edição: 2ª | Nº de páginas: 224

Controle Interno e o Foco nos Resultados Este livro descreve o surgimento e o funcionamento dos órgãos de controle interno no Brasil, bem como apresenta os resultados da atuação desses órgãos. A partir da revisão da bibliografia produzida no âmbito da administração e da ciência política, traça-se o pano de fundo do trabalho mediante a discussão sobre as reformas na administração pública e a descrição das principais características da atividade de controle, com destaque para os avanços mais recentes, notadamente o surgimento da auditoria de desempenho, denominada, no âmbito do Governo Federal, Avaliação da Execução de Programas de Governo. Autor: Ronald da Silva Balbe | Categoria: Legislação e Administração | Editora: Fórum |

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Edição: 1ª | Nº de páginas: 277

A felicidade não se compra Na véspera de Natal, o caridoso George Bailey (o astro James Stewart, de Janela Indiscreta) decide se suicidar por não ter como pagar uma dívida inesperada. Ele é salvo por seu anjo da guarda, que lhe mostra como sua cidade seria diferente se ele não tivesse nascido e ajudado tantas pessoas ao longo da vida. Dirigido por Frank Capra, uma fábula inesquecível sobre o espírito natalino, a solidariedade e a amizade, três conceitos que podem ser aplicados perfeitamente ao ambiente de trabalho e na gestão de empresas e de pessoas. Direção: Frank Capra | Elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore e Henry Travers | Nome original: It's a Wonderful Life | Ano: 1946 | Duração: 120 minutos | País: Estados Unidos | Classificação: Livre | Gênero: Comédia dramática

JANEIRO/FEVEREIRO – 2014 | nº 98

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CRAs

Conselhos Regionais de ADministração

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ACRE (CRA-AC) Presidente:Adm. MARCOS CLAY LÚCIO DA SILVA Av. Brasil nº 303 - Sala 201 - Centro Empresarial Rio Branco - Centro - 69900-191 - RIO BRANCO/AC Fone: (68) 3224-1369 E-mail: craacre@gmail.com Home Page: www.craac.org.br Horário de funcionamento: 8h30 às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE ALAGOAS (CRA-AL) Presidente: Adm. ALAN HELTON DE OMENA BALBINO Rua João Nogueira nº. 51 - Farol - 57021-400 MACEIÓ/AL Fone: (82) 3221-2481 - Fax: (82) 3221-2481 E-mail: presidencia@craal.org.br; gabinete@craal.org.br Home Page: www.craal.org.br Horário de funcionamento: das 7h às 13h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ (CRA-AP) Presidente:Adm. EDILJANE MARIA CAMPOS DA FONSECA Rua Jovino Dinoá nº 2455 - Central- 68900-075 MACAPÁ/AP Fone: (96) 3223-8602 E-mail: cra.macapa@gmail.com Horário de funcionamento: das 8h às 17h/Atend. Público 9h às 15h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAZONAS (CRA-AM) Presidente:Adm. JOSÉ CARLOS DE SÁ COLARES Rua Apurinã, 71 - Praça 14 - 69020-170 - MANAUS/AM Fone: (92) 3303-7100 - Fax: (92) 3303-7101 E-mail: conselho@craamazonas.org.br Home Page: www.craamazonas.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA BAHIA (CRA-BA) Presidente:Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE Av. Tancredo Neves nº 999 - Ed. Metropolitano Alfa - Salas 601/602 - Caminho das Árvores - 41820021 SALVADOR/BA Fone: (71) 3311-2583 - Fax: (71) 3311-2573 E-mail: cra-ba@cra-ba.org.br Home Page: www.cra-ba.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO CEARÁ (CRA-CE) Presidente: Adm. ILAILSON SILVEIRA DE ARAÚJO Rua Dona Leopoldina nº 935 - Centro - 60110-001 FORTALEZA/CE Fone: (85) 3421-0909 - Fax: (85) 3421-0900 E-mail: presidente@cra-ce.org.br Home Page: www.craceara.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) Presidente:Adm. CARLOS ALBERTO FERREIRA JÚNIOR SAUS - Quadra 6 - 2o. Pav. - Conj. 201 - Ed. Belvedere 70070-915 - BRASÍLIA/DF Fone: (61) 4009-3333 - Fax: (61) 4009-3399 E-mail: presidencia@cradf.org.br, carlos.ferreira@ agricultura.gov.br Home Page: http://www.cradf.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ESPIRITO SANTO (CRA-ES) Presidente: Adm. MARCOS FELIX LOUREIRO Rua Aluysio Simões, 172 - Bento Ferreira - 29050-632 - VITÓRIA/ES Fone: (27) 2121-0500 - Fax: (27) 2121-0539 E-mail: craes@craes.org.br Home Page: www.craes.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE GOIÁS (CRA-GO) Presidente: Adm. SAMUEL ALBERNAZ Rua 1.137, Nº 229, Setor Marista - 74180-160 GOIÂNIA/GO Fone: (62) 3230-4769 - Fax: (62) 3230-4731 E-mail: crago@crago.org.br Home Page: www.crago.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h

Listagem atualizada até o dia 10/01/2014

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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO MARANHÃO (CRA-MA) Presidente:Adm. ISABELLE CRISTINE RODRIGUES FREIRE MARTINS Rua José Bonifácio, 920 - Centro - 65010-020 - SÃO LUIS/MA Fone: (98) 3231-4160/3231-2976 - Fax: (98) 32314160/231-2976 E-mail: crama@cra-ma.org.br/ financeiro@cra-ma.org.br/oamilton@ibest.com.br Home Page: www.cra-ma.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO (CRA-MT) Presidente: Adm. LUIS CESAR SIMÕES DE ARRUDA Rua 05 - Quadra 14 - Lote 05 - CPA - Centro Político e Administrativo - 78050-900 - CUIABÁ/MT Fone: (65) 3644-4769 - Fax: (65) 3644-4769 E-mail: cra.mt@terra.com.br Home Page: www.cramt.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL (CRA-MS) Presidente:Adm. HARDUIM REICHEL Rua Bodoquena nº 16 - Amambaí - 79008-290 - CAMPO GRANDE/MS Fone: (67) 3316-0300 E-mail: presidencia@crams.org.br Home Page: www.crams.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MINAS GERAIS (CRA-MG) Presidente:Adm. MARCOS SILVA RAMOS Avenida Afonso Pena nº 981 - 1o. Andar - Centro - Ed. Sulacap - 30130-907 - BELO HORIZONTE/MG Fone: (31) 3274-0677 - 3213-5396 - Fax: (31) 32735699/3213-6547 E-mail: presidencia@cramg.org.br Home Page: www.cramg.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARÁ (CRA-PA) Presidente:Adm. JOSÉ CÉLIO SANTOS LIMA Rua Osvaldo Cruz nº 307 - Comércio - 66017-090 BELÉM/PA Fone: (91) 3202-7889 - Fax: (91) 3202-7851 E-mail: gabinete@crapa.org.br / presidencia@crapa.org.br Home Page: www.crapa.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 15h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA PARAIBA (CRA-PB) Presidente:Adm. FRANCISCO DE ASSIS MARQUES Av. Piauí nº 791 - Bairro dos Estados - 58030-331 JOÃO PESSOA/PB Fone: (083) 3224-3101 / 3243-3123 E-mail: crapb@crapb.org.br Home Page: www.crapb.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 12h e de 13h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ) Presidente:Adm. WAGNER SIQUEIRA Rua Professor Gabizo nº 197 - Edf. Belmiro Siqueira Tijuca - 20271-064 - RIO DE JANEIRO/RJ Fone: (21) 3872-9550 - Fax: (21) 3872-9550 E-mail: secretaria@cra-rj.org.br Home Page: www.cra-rj.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente:Adm. KATE CUNHA MACIEL Rua Coronel Auriz Coelho nº 471 - Lagoa Nova - 59075050 - NATAL/RN Fone: (84) 3234-6672/9328 - Fax: (84) 3234-6672/9328 E-mail: cra-rn@crarn.com.br Home Page: www.crarn.com.br Horário de funcionamento: das 12h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente:Adm. CLÁUDIA DE SALLES STADTLOBER Rua Marcílio Dias nº 1030 - Menino Deus - 90130-000 PORTO ALEGRE/RS Fone: (51) 3014-4700/3014-4769 - Fax: (51) 3233-3006 E-mail: diretoria@crars.org.br;secretaria@crars.org.br Home Page: www.crars.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente:Adm. ANDRÉ LUIS SAONCELA DA COSTA Rua Tenreiro Aranha, nº 2988 Olaria – 76801-254 PORTO VELHO/ROFone: (69) 3221-5099/3224-1706 - Fax: (69) 3221-2314 E-mail: presidencia@craro.org.br Home Page: www.craro.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h /Atend. Público 08horas às 14 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. UBIRAJARA RIZ RODRIGUES Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco 69.305170 - BOA VISTA/RR Fone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448 E-mail: crarr@crarr.org.br; presidente@crarr.org.br; gerenciaexecutiva@crarr.org.br Home Page: www.crarr.org.br Horário de funcionamento: das 7h30 às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC) Presidente: Adm. ANTONIO CARLOS DE SOUZA Av. Prefeito Osmar Cunha, 260 - 7º andar Salas 701 a 707/ 801 a 807 Ed. Royal Business Center - Centro 88015-100 Florianópolis – SC Fone: (48) 3224-4181/6545/8622 - (CRA) - Fax: (48) 3224-0550 E-mail: crasc@crasc.org.br Home Page: www.crasc.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (CRA-PR) Presidente:Adm. GILBERTO SERPA GRIEBELER Rua Cel. Dulcídio nº 1565 - Água Verde - 80250-100 CURITIBA/PR Fone: (41) 3311-5555 E-mail: presidencia@cra-pr.org.br Home Page: www.cra-pr.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente:Adm. WALTER SIGOLLO Rua Estados Unidos nº 865/889 - Jardim América - 01427001 - SÃO PAULO/SP Fone: (11) 3087-3208/ 3087-3459 - Fax: (11) 3087-3256 E-mail: secretaria@crasp.gov.br Home Page: www.crasp.com.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 / Atend. Público 9h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente:Adm. ROBERT FREDERIC MOCOCK Rua Marcionilo Pedrosa nº 20 - Casa Amarela - 52051330 - RECIFE/PE Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 - (81) 3268-4414 E-mail: cra@crape.org.br Home Page: www.crape.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h / Atend. Público 8h às 12h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Adm. DIEGO CABRAL FERREIRA COSTA Rua Senador Rollemberg, 513 - São José - 49015-120 ARACAJU/SE Fone: (79) 3214-2229/3214-3983 - Fax: (79) 32143983/3214-2229 E-mail: cra-se@infonet.com.br; Home Page: www.crase.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente:Adm. PEDRO ALENCAR CARVALHO SILVA Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 TERESINA/PI Fone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704 E-mail: administrativo@cra-pi.org.br Home Page: www.cra-pi.org.br Horário de funcionamento: das 12h às 19h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente: Adm. ROGÉRIO RAMOS DE SOUZA Registro:011 - Aniversário: 03/12 602 Norte Av. Teotonio Segurado Conj. 01 Lt 06 - 77.7006700 -PALMAS/TO Fone: (63) 3215-1240/3215-8414 E-mail: atendimento@crato.org.br Home Page: www.crato.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h


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Administrador use sempre Adm. antes do seu nome. O Administrador é um profissional de múltiplas competências que faz a diferença na gestão das organizações públicas e privadas. Portanto, Administrador registrado no CRA, use o título que você conquistou com tanto esforço e mostre que tem orgulho da sua profissão.

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