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GANDIA BLASCO PORTO Rua Dr. Melo Leote 20 4100 – 341 Porto T.+351 22 618 1355 F. +351 22 616 1540 gbporto@gandiablasco.com GANDIA BLASCO LISBOA Largo Vitorino Damasio, 2 F/G 1249-012 Lisboa T.+351 21 396 23 38 F.+351 21 396 33 04 gblisboa@gandiablasco.com
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capa :: making of
Mix Max UMA FOTOGRAFIA DE GRUPO, um ícone solitário, e uma imagem mnemónica, são três maneiras diferentes de representar o melhor do design. Escolha a sua.
MOUSTACHE Estes gauleses estão doidos. E ainda bem. Porque abrir uma editora de design contemporâneo no meio da crise pode parecer um acto de loucura, à la kamikaze, mas aí está a novíssima Moustache para provar o contrário. As peças da colecção, assinadas por grandes do design francófono, como Inga Sempé, Matali Crasset e os Big Game, têm a mesma leveza e humor que o bigodudo nome carrega. Porque, apesar das cócegas à alma, não deixam de ser design (a)sério, convocamo-las para a capa. É a primeira vez que um grupo de designers, em vez de um autor, a ocupa. Mas o momento justifica-o. Fotografia: Tania et Vincent, Les Arts Décoratfs, Paris.
ALESSANDRO MENDINI/CAPPELLINI Criada em 1978 para o Palazzo dei Diamanti em Ferrara, a cadeira Proust, de Alessandro Mendini, era ela própria uma pedra preciosa, que ascendeu automaticamente ao estatuto de ícone do design do século XX. A Cappellini, que herdou a peça em 1993, veiculou-a como uma das suas imagens de marca, e agora apresenta esta nova edição, Proust Geometrica, com um forro desenhado por Mendini e com acabamento à mão, para honrar a tradição (as primeiras eram pintadas artesanalmente). Um clássico actualizado, irresistível, que justifica a nossa chamada de capa.
ALFREDO HÄBERLI Em entrevista à blue Design, o designer Alfredo Haberli reconhece que a infância é um
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tema recorrente no seu trabalho. Talvez por isso tenha povoado a nossa capa com filas
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de carrinhos Matchbox. Como depreendemos de uma leitura possível da imagem (e da entrevista), para Häberli são pequenos redutos de beleza, que revelam como esta, às vezes, é tanto maior quanto são pequenos (e inesperados) os lugares onde se esconde.
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editorial :: blue design
Descubra a diferença Chegamos aos dois dígitos - este é o número dez da blue Design - felizes com o que fizemos até agora e ansiosos por fazer mais e melhor. Fazer uma revista de design em Portugal não só era urgente, era evidente. Como evidente é a necessidade de apostar no design como ferramenta de diferenciação, sobretudo nos tempos que correm. Neste número reunimos designers e empresas que se destacam porque encontraram essa diferença, a trabalharam e souberam tirar partido dela, pô-la no mundo, partilhá-la. Não são necessariamente diferenças gritantes, espalhafatosas, teatrais. Dificilmente encontraremos um grande alarido no design de Alfredo Häberli, o nosso convidado de honra deste número, que faz uma “dobradinha”, presenteando-nos com uma capa e o layout da entrevista que lhe fizemos. Mas estão lá. Tão subtis que às vezes arriscamos não reparar nelas, não fosse o olhar, indomável, algo que se detém naquilo que nos toca, mesmo sem querer, mesmo apesar de nós. São diferenças, como ouvimos um dia de Gaetano Pesce, “a sotto voce”. São esses sussurros límpidos que encontramos nas peças editadas pela Moustache, uma novíssima empresa de design contemporâneo nascida em Paris que foi provavelmente a mais agradável surpresa de Milão. Ou no brilho da luminária cinética do holandês Bertjan Pot. Ou na mala quase perfeita de Miguel Rios. Foram essas pequeninas diferenças que procurámos em Milão. E por isso este ano escolhemos espremer muito bem a laranja da Semana do Design e mostrar-lhe apenas aquilo que consideramos imprescindível. Chamem-lhe néctar, essência, concentrado, para nós são puras vitaminas oferecidas em doses exactas (uma ou duas páginas, onde muitas vezes nos limitamos a levantar o véu) para saborear primeiro e absorver depois. Devagarinho e bem. A sotto voce.
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MADALENA GALAMBA mgalamba@blue.com.pt
NOTA: Para os distraídos que saltaram o nosso call for covers na página seis, estamos à procura de capas. Damos “Capa Branca” à comunidade criativa para criar uma capa para a blue Design Mais informação em capabranca.design@gmail.com.
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DESIGN
SUMÁRIO
B L U E D E S I G N 10
D E S I G N
WWW.BLUE.COM.PT
11 B R A N D N E W D E S I G N As últimas novidades das primeiras marcas.
32 S P E C I A L G U E S T : A L F R E D O H Ä B E R L I O design preciso e emotivo de Alfredo Häberli numa entrevista paginada pelo próprio, cheia de inspirações e boas recordações.
42 D E S I G N I N T R O : M O U S T A C H E Perfil da editora do momento, a Moustache, que reunindo a crème de la crème do design gaulês, causou sensação em Milão.
50 ESPECIAL: MILÃO 2009 Já é um clássico. A nossa selecção do melhor da Semana do Design de Milão.
70 D E S I G N G U R U : B E R T J A N P O T Entrevista com o independente Bertjan Pot, um dos nomes fortes do design holandês.
86 M U D E : D E S I G N E M A G E N D A Uma cadeira política posta em destaque por Bárbara Coutinho.
90 A N T E E S T R E I A : M U D E Percurso pelo backstage da exposição inaugural do novo MUDE: Museu do Design e da Moda.
96 E X P E R I M E N T A D E S I G N Preview da bienal de Lisboa, para fazer crescer àgua na boca.
110, 112, 120 P R O J E C T O D E S I G N Uma exposição sobre o amor, outra sobre design democrático,e joalharia trash são os projectos que seleccionámos para este número.
122 P E R F I L : M A X D E S I G N 10
Ideias novas no design italiano pela mão da Maxdesign.
A loja de Luís Buchinho na Invicta.
categorias: moda, gadget, casa, tecnologia e gourmet.
130 S N E A K P R E V I E W Levantamos o véu e descobrimos o design mais fresco.
Um pássaro no paraíso, em Mundaú, Brasil.
116 DESIGN SPOT: LUIS BUCHINHO
A nossa selecção dos lançamentos da temporada em seis
126 E X P O S I Ç Õ E S A arte que vem.
127 L I V R O S Para folhear o design.
128 M O R A D A S Procure e encontre.
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CASA TROPICAL
80 H I G H L I G H T S
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102 PROJECTO ARQUITECTURA:
IDEIAS
Espaços privados e públicos que brilham.
GUIA
ARQUITECTURA & INTERIORES
28 B R A N D N E W A R Q U I T E C T U R A
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Assinaturas blue
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para partilhar com a família e amigos, em casa ou pelo País fora, propostas vindas dos quatro cantos do Mundo e as tendências do momento… sempre com o espírito blue
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8
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BLUE MEDIA Rua Vera Lagoa, n º 12, 1649 - 012 Lisboa, Tel.: 217 203 340 | Fax geral: 217 203 349 | Contribuinte nº 508 420 237 DIRECTOR GERAL Paulo Ferreira | DIRECTORA Madalena Galamba, mgalamba@blue.com.pt DIRECTOR DE ARTE E PROJECTO GRÁFICO BLUE DESIGN Pedro Antunes, pantunes@blue.com.pt; COLABORAM NESTA EDIÇÃO Ricardo Polónio (Fotógrafo) DIRECTORA COMERCIAL Margarida Duarte, mduarte@blue.com.pt; DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE Directores de contas: Mariana Teixeira, mteixeira@blue.com.pt; Judite Conceição, jconceicao@blue.com.pt Assistente: Maria Reis, mreis@blue.com.pt; Fax publicidade: 217 203 349 MARKETING Designers: Alberto Quintas, aquintas@blue.com.pt REVISÃO DE TEXTO Elsa Gonçalves | PRÉ-IMPRESSÃO Nuno Barbosa, nbarbosa@blue.com.pt | DISTRIBUIÇÃO Logista | IMPRESSÃO União Europeia DEPÓSITO LEGAL 257664/07; Registado no E.R.C. 125205 | PROPRIEDADE: Paulo dos Reis Ferreira | Tiragem: 20.000 exemplares
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O seu comentário é fundamental para melhorarmos a blue Design a cada edição. Assim, criámos este e-mail para que nos possa apontar todos os defeitos que for encontrando na sua revista. Muito obrigado! qualidade@blue.com.pt
trend :: brand new
CARTEIRAS NEVERFULL RESORT CITIES DA LOUIS VUITTON
Souvenir DESENGANE-SE quem achava que os souvenirs são por definição baratos e pirosos. A Louis Vuitton acaba de lançar uma edição limitada das icónicas carteiras Neverfull prestando homenagem a alguns dos resorts (costeiros e de ski) mais glamorosos do mundo. A ideia surgiu em Julho de 2008, quando foi apresentada a Neverfull St. Tropez, uma versão “customizada” do clássico elegante e casual, onde o nome da cidade aparecia impresso na tela. Agora, é a vez de Deauville, Kampen, Porto Cervo e Puerto Banús. As carteiras, com interior de linho a condizer com a cor dos nomes, são vendidas exclusivamente nas lojas Louis Vuitton correspondentes a cada uma das “cidades resort”. O supra-sumo do souvenir.
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www.lvmh.com
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brand new :: design
FARAWAY, DE LUDOVICA & ROBERTO PALOMBA PARA A ZUCHETTI/KOS
Nómada LUDOVICA E ROBERTO PALOMBA são uma espécie de visionários do universo do banho. Com propostas vanguardistas e ousadas, afirmaram-se como trendsetters incontornáveis do sector. Para a Zuchetti, que pela primeira vez se alia à Kos para apresentar uma colecção única, criaram Faraway, uma linha que se inspira no utilizador contemporâneo, um viajante nómada que recolhe influências de todo o mundo. Depois de quatro anos de pesquisa, apresentam uma colecção complexa (são mais de 80 produtos, incluindo lavatórios, banheiras, chuveiros e misturadoras) com uma aparência simples. Evidente. Com uma morfologia híbrida, misto de geometria e sensualidade, leveza e materialidade, Faraway apela aos sentidos. As torneiras foram desenhadas para que o jacto de água flua com a suavidade de fonte natural, a cerâmica tem um agradável toque aveludado.
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www.zuchetti.com
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www.cgd.pt
brand new :: trend
COLECÇÃO OBJETS HERMÈS PRIMAVERA-VERÃO 09
Hermès tech A COLECÇÃO DE OBJECTOS PRIMAVERA -VERÃO da Hermès está pejada de boas ideias.
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Malas de viagem, carteiras, agendas, pulseiras, cintos, chapéus, botas e lenços…
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São dezenas de propostas para usar no campo ou na cidade, adornar o corpo ou embelezar a mesa.
que segue as curvas do aparelho, com pequenos orifícios para deixar passar o som.
Tudo imperturbavelmente chique e distinto. Um universo cor de laranja, intenso e radioso, de onde escolhemos este maravilhoso estojo para iPhone. Uma capa feita à medida,
A Hermès já era high. Agora é tech. Sinais dos tempos. www.hermes.fr
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design :: brand new
SOFA CIPRIA, DE FERNANDO & HUMBERTO CAMPANA PARA A EDRA
Marshmallow MAIS UMA FOLIA DOS IRMÃOS CAMPANA para a Edra, Cipria é um sofá composto por nove almofadas de peluche fixas a uma estrutura de metal tubular. O sofá vem em várias versões: peluche longo ou curto (mas sempre ecológico), rigoroso all black, cor-de-rosa ou multicolorido, e pretende ser, segundo os designers brasileiros, um antídoto contra a crise. Uma particular injecção de optimismo, pensada para espaços mais pequenos e que já foi comparada ao icónico Marshmallow de George Nelson. Versão furry.
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www.edra.it
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NOVA IMAGEM DA LOJA THE HOOD NIKE SPORTSWEAR
Cortez in the Hood REMASTERIZADOS. É assim que surgem os lendários ténis Cortez, lançados pela Nike em 1972 e revisitados, em 2009, em duas versões complementares: uma muito fiel ao modelo original, vintage e old school, e outra futurista e revolucionária, adoptando a tecnologia Fly Motion (leve, resistente, flexível e confortável). Passado e futuro convivem alegremente no espírito Nike e também na The Hood - Nike Sportswear Exclusive Store,
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na Rua do Norte, que estreia nova imagem. Fill & Bill, os Cortez Brothers,
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são duas personagens deliciosas criadas pelo colectivo de design japonês Tokyoplastic e a mais recente história de sucesso da Nike. Eles dão o mote — à colecção e ao espaço renovado — ligando a digital art e o design ao movimento urbano. Cool. www.nike.com
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www.sograpevinhos.eu
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SIMPLY SIZA, DE SIZA VIEIRA PARA A ROCA
ConSiza SIMPLES E CONCISA. É assim a novíssima série para a casa de banho criada por Siza Vieira para a Roca, composta por seis peças de louça sanitária e seis móveis de madeira. A estreia de Siza na área do banho rege-se pela busca da simplicidade, aliada ao conforto e à flexibilidade. A preços acessíveis, são peças que se adaptam a espaços grandes ou pequenos, contextos familiares ou solitários, e que
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“servem para vários fins em vários espaços da casa”. “Queria criar uma imagem, sem dúvida nova,
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mas que tivesse uma ligação muito grande com a história das peças sanitárias”, realçou o arquitecto. O resultado é uma colecção universal, com formas arredondadas, é certo, mas sem rodeios. www.roca.com
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www.lisbonid.com
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COLECÇÃO ABSTRACTIONS GRAPHIQUES DE CLARA HALTER, NATHALIE JEAN E ORA ITO PARA A CHRISTOFLE
Magnética NOVOS OBJECTOS E PEÇAS DE JOALHARIA renovam o luminoso portfólio da Christofle em Abstractions Graphiques, um exercício de estilo em que a marca francesa procura ideias frescas associando-se a
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à sua colecção Abstract’Ito esta pulseira minimal e ultramoderna que
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conceituados designers contemporâneos. Como Ora Ito, que acrescenta
geométricas – quadrados, rectângulos e triângulos — entrelaçadas em
permite várias combinações através de um sistema de ímanes. Igualmente magnética é Pythagore, a proposta de Nathalie Jean, que parte de formas
jóias estilizadas e quase arquitectónicas, no melhor estilo Christofle. www.christofle.fr
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JÁ NAS BANCAS
brand new :: spot
LOJA COOL DE SAC LISBOA
Beco cool COOL DE SAC é uma uma nova loja “inspirada nas boutiques parisienses do Marais”. O nome é um trocadilho à volta do termo francês cul-de-sac, que significa beco sem saída, e alude à localização da loja: o pequeno arco junto ao número 56 da Rua D. Pedro V, em Lisboa. O arco, que já era
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uma moldura para uma das mais bonitas e repentinas vistas da cidade, é agora a morada deste espaço com uma atmosfera romântica que recria o ambiente acolhedor de um boudoir. Em tons pastel, perfumada de peónias, intimista, é o género de loja que encontramos lá fora em infinitas variações, mas que faltava em Lisboa. Na Cool de Sac, encontramos peças de roupa, sapatos e acessórios em sintonia com o espírito do espaço, de marcas que se calhar não conhecemos mas não vamos esquecer, como a Pink Soda, Paul&Joe Sister, Ba&sh, Repetto, Odd Molly e Tocca. Sonhos cor-de-rosa. www.cooldesac.pt 24
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MEALHEIRO DROP DE RITA BOTELHO
Gota a gota EM TEMPOS DE CRISE, qualquer ideia é boa para amealhar. Grão a grão ou gota a gota, como
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parece indicar este mealheiro de cerâmica Drop, desenhado pela portuguesa Rita Botelho. O mealheiro, disponível em cinco cores (branco, preto, azul, amarelo e roxo) apela à interactividade. É completamente fechado, exceptuando o pequeno orifício para inserir as moedas, o que leva a que, quando o queremos abrir, o tenhamos mesmo de partir, à antiga, com um gesto radical.
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A forma e o nome da peça evocam a lei da gravidade: uma gota de água, brilhante e pesada,
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que se desfaz no chão, só para revelar uma pequena grande fortuna. www.ritabotelho.com
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LANTERNE MARINE DE BARBER & OSGERBY PARA A VENINI
Náutica LANTERNE MARINE é um projecto dos ingleses Edward Barber e Jay Osgerby para a italiana Venini. É uma edição limitada de nove jarras de vidro soprado à mão, compostas por duas peças (transparentes, opacas, em cores maravilhosas) que encaixam uma na outra e são suportadas por uma estrutura externa de alumínio. As jarras, em dimensões generosas, inspiram-se nas lanternas dos barcos que fazem a travessia de Veneza para Murano – onde está sediada a centenária fábrica da Venini — um trajecto muitas vezes repetido pelos designers. Não é a primeira colaboração de Barber & Osgerby com a Venini: há oito anos, os designers criaram uma série de peças de vidro para a loja de Stella McCartney em Nova Iorque. Mágico.
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www.venini.it
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SYSTEM (RE)ACTIVE MIGUEL RIOS DESIGN
Descubra as diferenças Já sabíamos que Miguel Rios era um designer pró-activo. Agora descobrimos, com grande satisfação, que também é reactivo. E perfeccionista. Foi esse brio e exigência que estiveram na base de System 2k07, a visionária mala modular lançada pela MRD em Outubro de 2007, que, desde o início, se definiu como work in progress, obra aberta e em construção. Depois da versão branca inaugural, depois do upgrade com os modelos a cores da série Camouflage, e sobretudo depois dos inputs das pessoas que interagiram com a mala (especialistas e anónimos, com maior ou menor grau de inocência), surge agora em versão optimizada, para mostrar que mesmo perto da perfeição, melhor é (sempre) possível. System (re)active é a resposta do MRD à “mala no mundo”. Foi apresentada no Porto, na Galeria Fernando Santos, num contexto muito similar ao da apresentação há dois anos na Appleton Square,
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para facilitar a comparação entre os dois sistemas. A cadeia de montagem é agora reacção em cadeia. E a nova
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System um objecto ainda mais deslumbrante, com um tamanho mais confortável, sistemas de fecho mais eficientes, e um aspecto ainda mais invejável. A inspiração, explica Miguel Rios, surgiu depois de uma viagem a Tóquio e uma imersão na “m.a.s.s culture” (para manga, anime, sushi e sashimi). São esses ecos que percebemos no fluxo intermitente das linhas impressas na mala, pontos e linhas num vaivém permanente. É isso e muito mais. www.miguelriosdesign.eu
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LOJA DAS MAQUETAS, LISBOA
Take Away A LOJA DAS MAQUETAS é uma espécie de Take Away de materiais e outras ideias para criativos em apuros. Quer isto dizer que a equipa da Loja das Maquetas (que é também uma unidade de produção criativa e um atelier de comunicação, Bold Design) resolve qualquer problema na hora, ajudando o criativo a encontrar o material perfeito para tornar um conceito realidade. Sem traições. Tal e qual o tinha sonhado. Para além de uma grande variedade de materiais (papeis, plásticos, metais, esponjas, madeiras, reciclados ou têxteis), alguns, asseguram-nos, muito difíceis de encontrar, e uma livraria especializada em design de comunicação, a Loja das Maquetas oferece
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consultoria. “Alimentamos as tuas ideias criativas”, prometem. Mas quem ainda tiver fome pode
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sempre pedir um snack na cafetaria que prometem abrir em breve. Rua Eduardo Coelho 80 Ao Principe Real; Tel: 213 423 423 www.lojadasmaquetas.com
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www.plantagri.com
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D E S I G N : : I N T R O
MOUSTACHE NASCEU UMA ESTRELA Os criadores da Domestic apresentam Moustache, uma editora de mobiliário contemporâneo decidida a explorar o terreno que se estende entre a standardização e o high-end. Stéphane Arriubergé e Massimiliano Iorio reuniram cinco designers de talento com uma visão comum: a de que é possível criar objectos inovadores e honestos, que resistam ao tempo, afectivos e inventivos, e ainda por cima a preços realistas. Touché. TEXTO MADALENA GALAMBA FOTOS CORTESIA MOUSTACHE, © TANIA ET VINCENT, LES ARTS DÉCORATIFS, PARIS
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ARTICULADA Estante Mètre de François Azambourg
NA CASA MOUSTACHE coabitam peças de Inga Sempé, François Azambourg, Matali Crasset, Big Game e Ana Mir e Emili Padrós. É um mundo heterogéneo unido sob uma lógica comum: a de abrir novos horizontes domésticos onde mais do que a novidade do momento, o que se procura é inovação com endurance. Com um nome com ecos surrealistas, a Moustache, a novíssima editora de mobiliário francesa que causou sensação em Milão, nasce com uma missão bem real: a de oferecer uma alternativa aos consumidores de design, propondo objectos de qualidade a preços pragmáticos. Criada pelos fundadores da Domestic (a conhecida empresa de wallstickers de vinil) a Moustache dirige-se a um público vasto, sensível e apreciador de bom design, mas que não está necessariamente disposto a pagar somas astronómicas por (mais uma) cadeira. Quando, há três anos, Stéphane Arriubergé e Massimiliano Iorio, sócios na Domestic, pensaram em fundar uma editora de mobiliário contemporâneo a sua ideia era “criar uma visão alternativa às propostas nostálgicas emitidas no meio do design na última década”. Num contexto de crise, onde para piorar as coisas todos os dias somos bombardeados por objectos que nada têm a acrescentar, qual o sentido de abrir mais uma editora de mobiliário? Pode parecer loucura, mas Arriubergé esclarece que não é um kamikaze: “Os nossos objectos são produtos em série mesmo que nem sempre sejam produzidos de maneira totalmente industrial. Destinamo-los a uma
”ENTRE AS GRANDES CADEIAS DE MOBILIÁRIO
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do-it-yourself e o high design
vida comercial real e eles ocupam a fatia central do mercado, que nos parece ser a menos habitada. Os nossos preços situam-se entre os 90 euros por um tamborete de alumínio e os 2800 euros por uma mesa.” Entre as grandes cadeias de mobiliário do-it-yourself e o high design estratosférico, aí estão eles, a “(in)acessível estrela”. “A vontade da Moustache é
estratosférico aí está a Moustache,
propor produtos que rompam com certas lógicas de
a ‘(in)acessível estrela’ ”
produção e de renovação dos objectos, uma espécie de criação artificial de novas necessidades. Mais do que objectos muito demonstrativos, preferimos objectos capazes de nos satisfazer durante muito tempo e de se inscreverem de maneira perene nas nossas casas.”
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TEATRAL 45 Refúgio Xtra Room e chauffeuses Instant Seat, de Matali
Crasset. Luminária Vapeur, de Inga Sempé.
BLUE VELVET Instant Seat de Matali Crasset, bancos Box, dos Big Game e candeeiro Vapeur, de Inga SempĂŠ.
intro :: design
ELÁSTICO Cabide de parede Slastic de Ana Mir e Emili Padrós.
Arriubergé, com formação em Arquitectura de Interiores e antigo colaborador da Habitat, e Iorio, formado em Literatura Russa, puseram mãos à obra começando por escolher os designers cujas peças queriam produzir, baseando-se numa coisa tão natural e acertada como a cumplicidade. Eram pessoas próximas, às quais se sentiam unidos por laços geográficos ou de gosto. Uma série de “afinidades electivas” que os conduziram a Inga Sempé, Matali Crasset, os Big Game, Mil + Padrós e François Azambourg. “Procurávamos simplicidade e qualidade com objectos inteligentes, surpreendentes e inovadores. E talvez também, apesar de parecer um pouco utópico, a possibilidade de consumir os objectos de maneira diferente”, explica Arriubergé.O ponto de partida foi Bold, a cadeira tubular do colectivo Big Game, curiosamente a única peça da colecção que já existia e não foi pensada exclusivamente para a Moustache: “Material e existente, comparada com todos os objectos potenciais da colecção, foi uma boa maneira de meter o dedo na água, antes de mergulhar”, esclarece Arriubergé. Felizmente, a água estava a uma temperatura agradável e submergiram-se
linha Instant de Matali Crasset, e a inesperada associação de materiais (madeiras nobres e espuma de poliuretano) na mesa La Belle et le Clochard, de François Azambourg. A ideia de escolher designers com abordagens tão diferentes era a base de uma colecção diversa, mas com uma lógica comum. “Conversámos muito sobre o projecto com cada um dos designers. Sobre o tipo de objectos que queríamos produzir, as pessoas às quais nos dirigíamos, a filosofia que subjaz à Moustache. Provavelmente isso criou uma espécie de terreno comum onde cada designer foi buscar o que quis. O brief incluía trabalhar em produtos com uma lógica comum, tendo em conta o peso, o facto de a maior parte dos produtos serem distribuídos em flat pack, que fossem de limpeza fácil... E claro, procurámos
”PROCURÁVAMOS SIMPLICIDADE COM OBJECTOS INTELIGENTES, SURPREENDENTES e inovadores. E talvez também, apesar de parecer um pouco utópico, a possibilidade de consumir objectos de maneira diferente ”
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candeeiros Vapeur, de Inga Sempé, a flexibilidade da
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sem medo. Só assim foi possível ver nascer a poesia dos
que os produtos não fossem inutilmente faladores”. 47
intro :: design
Diferença e coerência, com pontos de contacto: a cadeira Bold, dos Big Game, muda de cor pois a malha que reveste a estrutura tubular pode ser substituída por outra (como quem calça uns collants) do mesmo modo que as paredes têxteis do armário de Inga Sempé são intercambiáveis. A mesa de François Azambourg pesa
”A MESA DE FRANÇOIS AZAMBOURG PESA APENAS 12KG
apenas 12kg e liga-se à leveza e flexibilidade da linha de
e liga-se à leveza e flexibilidade da linha
rapidamente por outros, a um preço que corresponde
de Matali Crasset, que se abre e se fecha segundo as necessidades ”
Matali Crasset, que se abre e se fecha segundo as necessidades. Honestos, no sentido em que são evidentes e não prometem nada que não tenham, perenes porque não os quereremos substituir exactamente à sua qualidade, os objectos Moustache querem ser os clássicos do futuro. Apesar da sua dimensão emocional (o próprio nome da empresa foi
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escolhido pela sua força imagética e porque no imaginário colectivo o bigode evoca a figura protectora e afectiva do avô ou do pai) a colecção Moustache não é nostálgica. A balançar entre a memória e o know how do passado e o espírito inovador do futuro, a Moustache escolheu um cenário carregado de história, o Musée des Arts Décoratifs, em Paris, para fotografar o seu primeiro catálogo. Deliciem-se. e 48
DISTINTO Mesae cadeiras da colecção Instant, e centro de mesa Arbre, de Matali Crasset.
MILAN DESIGN WEEK 2009 MILÃO NA MODA Quando um dos eventos mais aplaudidos da semana
do design de Milão é o show do estilista sem rosto Martin
Margiela, quando a (editora de mobiliário) Moroso se associa à (marca de roupa) Diesel para produzir uma linha para a casa, e Maarten Baas escolhe o showroom da griffe Costume National para cenário do seu último happening, é caso para dizer que o design (de mobiliário) e a moda nunca estiveram tão próximos (enrolados, mesmo). Não é novidade para ninguém que aquilo que de mais interessante se passa no Salone Internazionale del Mobile de Milão passa-se precisamente — e cada vez mais — fora do Salone (isto é, a várias estações de metro do mastodôntico recinto da feira). Mas este deslizar, quase lânguido, do Salone – ainda o mais importante evento de design de mobiliário do mundo – para os universos paralelos, adjacentes, comunicantes (da moda, da arte, da música, do cinema), extremamente sedutores, é certo, nunca foi tão flagrante. Reflexo da espectacularização do design (empolada pelos media), sintoma da nossa hiper-realidade feita de links e de clicks, estratégia comercial em tempos de crise, neste novo paradigma quase perdemos de vista o que nos trouxe aqui. Procuramos o design nos estilhaços desta bomba criativa e encontramo-lo por aí. Ora vejam.
POR MADALENA GALAMBA
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TOM DIXON O designer britânico Tom Dixon apresentou em Milão Utility, uma colecção que explora as virtudes da “longevidade, dureza e peso”. A partir de materiais duradouros, como o vidro industrial e a pedra, Dixon afirma a sua crença num design honesto, simples e robusto, com novas luminárias e mesas que resistem ao tempo e às modas. O Superstudio Piú foi também o palco do lançamento internacional da colecção Tom Dixon by George Smith, apresentada na última edição do London Design Festival. A colaboração entre Dixon e manufactura de Newcastle resulta numa linha de sofás e cadeirões inequivocamente britânicos e “tradicionais” refrescados pelo design contemporâneo. São 250 anos de história, técnicas ancestrais e know-how rejuvenescidos por um olhar novo e sustentável (a estrutura dos sofás é de madeira proveniente de florestas sustentáveis). A concepção do espaço esteve a cargo da designer de interiores londrina Faye Toogoo, que fez passar a mensagem de tradição revisitada com motivos gráficos laranja, projecções,
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e quadrosde ardósia pendurados nas paredes.
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CAPPELLINI O master guru Giulio Cappellini recomenda uma boa dose de cromoterapia para enfrentar a crise. Mas há muito mais do que cor nas propostas apresentadas pela Cappellini este ano: ênfase nos materiais, experimentação tecnológica e introdução de toques únicos na produção industrial.
de Alessandro Mendini. Editam-se os grandes nomes do design contemporâneo (com mais uma mesa imaculada de Jasper Morrison), afiançam-se os talentos (como com a cadeira Antler, de Nendo, onde o feltro e a madeira se combinam num resultado poético e acolhedor) e fazem-se apostas (comoo designer de Nova Iorque Dror Benshetrit que assina Peacock, uma cadeira feita a partir de uma única folha de feltro dobrada como as penas de um pavão sobre uma base de metal castanho).
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Kuramata, ou na nova versão geométrica (mas ainda com toques finais pintados à mão) da icónica Proust,
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O approach é abrangente. Revisitam-se os mestres, como nos aparadores Homage to Mondrian de Shiro
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CRAFT PUNK A equipa da Design Miami desembarcava em Milão com o seu primeiro happening fora de portas, Craft Punk. O desafio, lançado a uma série de designers emergentes do panorama internacional, era criarem, com as suas próprias mãos (daí o termo craft) peças que reaproveitassem materiais dos restos de produção da FENDI (que também cedia o espaço), como couro, tecidos com o logótipo, plástico e metal e outros “detritos”. Os designers (como os Raw Edges, Nacho Carbonell, Peter Marigold, Kwangho Lee e Studio Libertinity) ocuparam o espaço duplamente: não só foi o palco das performances criativas, estimulando a interacção com o público, mas também a sua casa, já que todos ficaram a viver numa espécie de campus temporário instalado no mesmo local. O termo punk não é aqui usado como corrente estética, mas antes como expressão de uma atitude de desafio perante as adversidades, de individualidade face às pressões (do mercado, da indústria) e de descoberta, procurando a beleza das coisas imperfeitas. O resultado: design inesperado e envolvente, como a cadeira Obsession (feita a partir de mangueiras) e Pleated Pleat,
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o banco de Tyvek© criado pelos Raw Edges. Ainda por cima ao vivo.
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FRONT As meninas da Front Design são para o design sueco (do principio do século XXI) aquilo que os Abba foram para a música do país escandinavo. Goste-se ou não, é impossível não tropeçarmos neles. Como uma melodia que não nos sai da cabeça, mesmo que lutemos contra ela e cerremos os lábios, aí está o design das Front, que começou como uma provocação à volta do reino animal e pouco a pouco ocupa o mainstream e também o high end do design contemporâneo. Com trabalhos para a IKEA e a Established & Sons, as Front encarnam o perfil do designer-autor contemporâneo, versátil e adaptável, sem medo de “sujar as mãos”
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misturando-se com as massas. Com novas peças editadas por grandes marcas, as Front mostraram que não brincam em serviço. Foram elas a pôr o dedo na ferida, criando, para a Moroso, uma “imagem” de sofá que punha a nu a intangibilidade do mundo do design, o modo como consumimos o design como imagem, a sua materialidade muitas vezes reduzida às superfície lustrosa das páginas das revistas especializadas.
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As mesmas revistas que se alimentam de objectos espectaculares que ninguém pode comprar e que nem sequer entram em produção. As mesmas revistas, sedentas do novo e do original, que lhes deram fama. A colecção Moments parte de uma imagem fotográfica impressa numa tela que se transforma num sofá 3D quando a enchemos de espuma ou apoiamos numa estrutura de metal. Só uma ilusão. 56
ESTABLISHED & SONS Para lançar a sua quinta colecção, a britânica Established & Sons preparou mais uma cenografia de luxo no espaço La Pelota, em Milão. De luxo, pela monumentalidade intimista da instalação, um labirinto desafogado onde enormes paredes de madeira, um amontoado “cru” de tábuas, criavam um circuito, fluido e misterioso, que revelava, pontualmente, as preciosidades.Trinta toneladas de madeira, a inspiração de designers de talento (este ano, estreavam-se com a Established Jason Bruges, Matali Crasset, Front e os irmaõs Bouroullec) e a seriedade da E&S foi tudo quanto foi preciso para criar uma experiência de cortar a respiração. Entre os lançamentos, rendemo-nos ao cadeirão Quilt, uma obra-prima de Ronan & Erwan Bouroullec que presta homenagem a uma paixão longa dos irmãos: o futebol. Realizada numa fibra elástica high-tech, inspira-se numa bola de futebol e é a resposta informal e desestruturada (apesar do padrão formado pelas costuras “favo de mel”, calculado matematicamente) ao sofá tradicional. Open Room, a proposta de Matali Crasset, é uma workstation angular, um “quarto dentro de um quarto”, microarquitectura perfeita onde as cores de cada bloco (mesa encarnada, gaveta laranja, candeeiro amarelo) definem as diferentes funções para que foi desenhada.
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STUDIO JOB: THE GOSPEL “Esta obra não é um conceito. É muito realista.” É assim que Job Smeets, o par de Nynke Tynagel na dupla Studio Job, apresenta o mais recente statement dos designers de Antuérpia. The Gospel surge na continuidade dos gestos maximalistas e arquetipais dos Studio Job, com exemplos recentes como Perished (2006), Robber Baron (2007) e Farm (2008). O evangelho segundo os Studio Job é um “corpo de trabalho” composto por dois vitrais (The Birth e The Crucifixion) que, à maneira dos ícones religiosos, retratam o princípio e o fim da vida de Cristo, uma megainstalação de 17 peças gigantes de ferro fundido (The Last Supper) e a sua versão mais prosaica, um serviço de faiança de 12 peças produzido pela Royal Tichelaar Makkum. Tanto os vitrais como as esculturas serviram de ponto de partida para o serviço, que reproduz a uma escala diferente e com 15 novas cores, os motivos e formas anteriores. Os Studio Job não são praticantes. Interessam-se pela espectacularidade do banal e a complexidade das coisas comuns. A religião atrai-os pelo que tem de pomposo e encenado. O mesmo drama que encontramos, invariavelmente, no seu design histriónico. Até quando?
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TOKYO FIBER 09 - SENSEWARE Ninguém como os japoneses para nos mostrar as potencialidades de um novo material. Com 38 mil visitantes, Tokyo Fiber 09 - Sensewear foi a exposição mais visitada da semana do design de Milão, e havia excelentes razões para isso. Aliando a indústria ao talento da comunidade criativa, com projectos desenvolvidos por designers, arquitectos e artistas, Senseware explorava as aplicações práticas das fibras sintéticas desenvolvidas pelos japoneses com mestria. Hi-tech e onírica, táctil e futurista, Senseware apresentava objectos e ambientes prodigiosos, capazes de nos fazer crer que o ar se tinha enfim tornado visível. Com contributos de Shigeru Ban, Nendo, Antonio Citterio e Ross Lovegrove, entre outros, Senseware fez-nos ter saudades do futuro. Entre os projectos apresentados, destaque para o manequim de Yasuhiro Suzuki, uma estrutura de Breathair©, um material ultraleve (é 95% ar), durável e elástico, com inúmeras aplicações. Ou para as lanternas de papel desenhadas por Nendo, num material com altos níveis de termoplasticidade (Smash©) que se modifica facilmente ao ser aquecido
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(as lanternas formam-se através do sopro, como se fossem um balão). A tecnopoesia no seu melhor.
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FABRICA Com uma forte presença de jovens designers portugueses (Isabel Abreu, Catarina Carreiras, Cristina Dias e Gonçalo Campos) a equipa de design da Fabrica, o centro de pesquisa da Benetton, mostrou em Milão que o popular slogan das cores unidas faz todo o sentido no planeta design, com uma série de propostas que ilustram a diversidade, o talento e a frescura dos seus criativos. No decadente Palazzo Borromeo, Chez Fabrica era uma exposição que reconstruía o ambiente e o dia-a-dia da jovem comunidade criativa através de objectos, fotografias, projecções e instalações interactivas. De Treviso para Milão a efervescência criativa da Fabrica ao vivo. Milão foi também a ocasião para mostrar a nova colecção de cerâmica de Sam Baron, Bizarre, para revisitar os clássicos da Zanotta através de reinterpretações contemporâneas (Trans-forma) e para provocar um objecto belo e delicado, uma frágil campânula de vidro, misturando-o com objectos comuns (um martelo, o garfo de uma bicicleta) num remix inaudito em dez peças surpreendentes (This & That). De volta à terra, mas sempre com um ponto de subversão e humor, Around Glass
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recompunha velhos objectos de vidro soprado, dando-lhes uma nova forma para um novo uso.
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PROOFF Escolhendo um designer de primeira, Jurgen Bey, para desenhar a sua primeira colecção, a holandesa Prooff arriscava pouco na sua entrada na competitiva arena de Milão. Bey (com Rianne Makkink) não deixou os seus créditos por mãos alheias e assina uma colecção de mobiliário de escritório que parece tudo, menos mobiliário de escritório. É a revolução no office, que acompanha as mudanças no contexto social e cultural, onde a casa é cada vez mais como o escritório e vice versa (até ao cúmulo
um espaço privado numa área pública, uma concha flexível que nos “isola” acústica e visualmente, da confusão exterior, mantendo o contacto. Um quarto dentro de um quarto, configurável ao sabor das necessidades, Ear Chair é acompanhada por Work Sofa, um sofá modular que se compõe como um puzzle gigante, para criar um escritório “progressivo”, adaptável a situações diferentes, como uma reunião,
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de seguros, e agora em produção, Ear Chair é um sofá de orelhas que permite criar
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da contaminação esquizofrénica). Originalmente desenhado para uma companhia
trabalho de grupo, ou, de novo, maior privacidade. 65
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MOROSO A Moroso confirma o seu estatuto de maverick bem comportado, sendo uma das menos clássicas das clássicas aziende italianas. Precursora, inventiva, ousada e experimental q.b., invariavelmente encantadora, está simultaneamente por dentro e por cima do sistema numa combinação invulgar de estilo e substância. A Moroso desdobrou-se numa série de apresentações e lançamentos que cobriam praticamente todo o espectro e tocavam todos os públicos. Para além dos lançamentos “obrigatórios” de novas peças da designer “residente” Patricia
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Urquiola, das Front e de Nika Zupanc, entre outros, a Moroso apresentou a deliciosa, kansei e assumidamente decorativa, colecção Sushi, do designer de interiores holandês Edward van Vliet. O elemento-chave de Sushi é a superfície onde se interligam, bordados, motivos
de artistas africanos numa combinação transdisciplinar que incluía a fotografia e a palavra escrita. Para além de novas peças inspiradas na
geométricos, curvas high-tech, e elementos exóticos, como a lendária carpa sino-japonesa. Sem esquecer a componente mais experimental do design, com mais uma proposta de Tokujin Yoshioka, especialista em baralhar as coordenadas do etéreo e do palpável, e a magnífica instalação M’Afrique, com curadoria do designer afro-americano Stephen Burks, e contributos
cultura africana ou manufacturadas por artesãos africanos, revisitava alguns clássicos da Moroso (como as cadeiras Victoria & Albert de Ron Arad ou a chaise-longue Antibodi de Patricia Urquiola) customizados em versão afro. O batik fica bem ao design.
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MAISON MARTIN MARGIELA Alvo, sereno e relaxante, e no entanto cuidadosamente encenado, o espaço da Maison Martin Margiela em Milão foi um dos mais comentados da Semana do Design. O espaço temporário de 180m2 —um oásis de paz no meio da confusão milanesa — era uma reprodução exacta e orquestrada do estúdio do visionário estilista belga em Paris. As peças de mobiliário foram trazidas do atelier original e colocadas no seu lugar exacto, cobertas com o algodão cru indissociável da identidade da marca. Pelo meio, vislumbrava-se o que poderá vir a ser o universo Martin Margiela em casa, para além da roupa e acessórios: portas e tapetes em trompe
l’oeil, predominância do branco, mistura de estilos e épocas e toques de humor. A instalação, intitulada Mat, D E S I G N
Satiné, Brillant, funcionava como um teaser que anuncia o lançamento, para breve, de uma linha de design de interiores com o selo invisível da marca (as etiquetas das peças de roupa são conhecidas por não incluírem o nome da marca). A ideia surgiu, sustenta a griffe, como resposta aos pedidos dos clientes para comprarem objectos encontrados nos interiores das lojas (em 1999, a Martin Margiela lançava
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uma pequena colecção de objectos, Line 13, onde apareciam alguns hits como os candeeiros garrafa).
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Uma genial manobra de marketing, ou mais uma expressão da criatividade visionária de um criador que pode ser incógnito, mas nunca é inadvertido.
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COMMITTEE: THE PLASTIC FANDANGOS Não tem nada que ver com o folclore popular, ou talvez até tenha, esta proposta dos ingleses do estúdio Comittee que não passou despercebida em Milão. “Fandangos”, explicam-nos, são coisas ou actos inúteis ou disparatados, que ilustram na perfeição a ideia dos britânicos de fazer “anti design”. Deliberadamente non-sense, estes tresloucados objectos de plástico põem a nu, através da paródia, o absurdo do quotidiano e a estranheza daquilo que nos é mais familiar. Foram laboriosamente fabricados à mão pelos Committee para a Arts & Co, como parte de um projecto sobre o uso do plástico no design contemporâneo. Travestidas, reconfiguradas, recompostas, baralhadas, estas folias materiais, que se assumem como objectos de arte com um ínfimo sentido prático, servem um propósito nobre: questionar a prática do design, o falhanço absoluto de tantos objectos de consumo que,
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para além de inúteis, são aberrantemente não evidentes.
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REVOLVING CHANDELIER
A MÚSICA DO ACASO
Bertjan Pot Uma lanterna mágica e uma ode à preguiça em forma de sofá são dois dos mais recentes projectos do holandês Bertjan Pot. Um espírito independente, desastrado e anárquico, para quem os tropeções no acaso são fonte de inspiração. ENTREVISTA MADALENA GALAMBA
LAZY BASTARD, PARA O PROJECTO SHARED SPACE (2007)
HÁ UNS ANOS, numa entrevista à revista Icon, Bertjan Pot dizia: “Sempre pensei que se queria ser designer devia fazer coisas práticas. Mas não sou muito bom nisso. Sou melhor a fazer coisas bonitas, mais do que coisas úteis”. Pois bem, a perspectiva mudou. Pot, um dos talentos formados na irreverente Design Academy de Eindhoven parece ter amadurecido com o tempo, e as encomendas: “O lado pragmático do meu trabalho é que prefiro um produto que funcione do que um produto que simplesmente seja atraente. É uma maneira mais saudável de pensar,” diz à blue Design.
”ÀS VEZES TENHO UMA IDEIA MUITO CLARA DA FORMA. ÀS VEZES FAÇO ERROS. Por isso prefiro começar com uma
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solução prática e depois encontrar uma forma bela ”
“Às vezes tenho uma ideia muito clara da forma. Às vezes faço erros. Por isso prefiro começar com uma solução prática e depois encontrar uma forma bela.” Bertjan Pot saltou para a fama com uma forma incrivelmente bela. O candeeiro Random Light, produzido pela Moooi, uma bola gigante e leve feita com fios de fibra de vidro enrolados à volta de um balão, que depois se esvaziava, revelando uma pele-estrutura quase transparente. Perdida no emaranhado de fios, difusa, a luz pouco iluminava. E depois? Depois, veio Non Random Light, a resposta, irónica e autocrítica, ao gesto original. Quando passou a ser feita por máquinas, a Random Light tornou-se pouco (ou nada) aleatória. Assumido o “erro”, produziu-se uma alternativa, a Non Random, onde tudo é previsível e a luz ilumina em vez de se perder no espaço.
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design :: guru
PACHORRENTOS
Lazy Bastard “Comecei por fazer uma cadeira, antes do sofá (agora editado pela Montis). A ideia era fazer um bean bag on legs (saco de feijões sobre pés). Agora é um saco de feijões altamente preguiçoso (super lazy bean bag). O projecto começou como um protótipo, depois a Montis pediu-me para fazer uma coisa mais civilizada, mais decadente. Vão produzir poucas peças. É uma empresa holandesa habituada a fazer coisas bastante clássicas e têm a impressão que o Lazy Bastard é para um público muito especial.”
CONTRADIÇÃO DE TERMOS
Anarchistic Chess “Este projecto nasceu de um estágio que fiz no centro europeu de cerâmica. Quando fazes moldes, o processo é muito lento, e sobra sempre muito gesso. Pensei em fazer as coisas de outra maneira, então peguei em vários objectos da minha colecção de brinquedos de plástico (os que gostava menos) e mergulhei-os directamente no gesso. Depois fiz composições, colocando uns em cima dos outros. A primeira peça que fiz foi um power-ranger. O processo é muito mais rápido e o resultado foi este xadrês anárquico. “
Do aleatório ao controlado, onde está Bertjan Pot? Algures no meio. É que no design de Pot, por incrível que pareça, o acaso não surge por acaso. “A ideia da aleatoriedade surge no meu trabalho por uma razão prática. Sou um pouco desastrado, e quando faço alguma coisa sou eu que a construo. Muitas vezes o resultado é um pouco tosco, imperfeito. Gosto de produtos com rugas, imperfeitos. No princípio dos anos 90, quando comecei a estudar, Starck era o homem do momento. Fazia todas aquelas coisas perfeitas. As pessoas começaram a rebelar-se contra isso, e a Droog design é um bom exemplo. Não sou tão anedótico quanto a Droog. A abstracção é a minha maneira de me rebelar.” POT FORMOU-SE na Design Academy de Eindhoven em 1992. Tornou-se conhecido pela maneira como trabalhava a superfície, a pele, dos objectos. Mergulhou em reflexões teóricas sobre a pele estrutural e não estrutural dos objectos (os seus projectos encaixavam invariavelmente numa das duas categorias) mas fartou-se. Hoje, escreve no seu site que quinze minutos de teoria são suficientes (e ainda assim só quando se está “bloqueado, desesperado ou bêbedo”),
artista, pela minha abordagem e a minha maneira de
”DO ALEATÓRIO AO CONTROLADO, ONDE ESTÁ BERTJAN POT?
pensar, que estão mais próximas da atitude do artista
Algures no meio. é que no design de Pot,
(para além da Moooi, desenha para a Arco, Pallucio e Montis, entre outras) deu-lhe confiança e espaço para trabalhar em projectos mais experimentais. “Sou um designer que se sente cada vez mais como um
que da posição pragmática do designer. Mas é como um pêndulo, e aí estou do lado do designer. O design é resolver um problema, responder a uma pergunta. O que fazes é uma resposta. A arte é fazer perguntas: como funciona o mundo, como funciona a pintura, como funcionam as pessoas. Um é uma pergunta, o outro é resposta. Mas o que é interessante é que quando dás uma
por incrível que pareça, o acaso não surge por acaso”
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cabeça”. O sucesso comercial das suas peças
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e conclui, “o melhor design vem do coração, não da
resposta estás imediatamente a fazer uma pergunta.” 75
SELECÇÃO NATURAL
Slim Table / Slim office “Começou por ser uma mesa de refeições em alumínio. Agora é produzida em aço. O projecto começou porque os responsáveis da ARCO perceberam que muitas pessoas estavam a comprar a Slim Table para o escritório. Então, vieram ao meu estúdio e disseram-me que estavam a pensar reformular a mesa, e se eu podia pensar nalguma coisa para o escritório. Depois de um pouco de brainstorm, chegámos à conclusão que podíamos aproveitar o facto de a mesa ser produzida em aço para juntarmos uma série de acessórios através de ímanes. Depois de feita alguma investigação, conseguimos ímanes capazes de suportar até vinte quilos e foi assim que fizemo office. Com compartimentos, prateleiras e caixotes do lixo que se podem acoplar à mesa original. Isto permite que as pessoas que já tinham a mesa e a usavam para o escritório a adaptem.”
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design :: guru
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design :: guru
RANDOM LIGHT: O novelo de luz que catapultou Bertjan Pot para a fama .
Dois dos seus projectos mais recentes — Lazy Bastard e Revolving Chandelier —têm uma raíz experimental. Lazy Bastard nasceu de um projecto, Shared Space (2007), feito em conjunto com Frank Bruggeman. A ideia era ocupar um espaço intersticial entre duas fundações de arte (a Tent e a Witte de With) que partilham um edifício em Roterdão. Bruggeman ocupou-se da área de escritório e Pot da área de living, para a qual fez a primeira versão do Lazy Bastard, um sofá XL com almofadas e um forro feito a partir de um patchwork de vários tecidos. Aos pés do Lazy Bastard, Pot colocou um velho tapete clássico coberto por tiras de fita adesiva colorida. Já Revolving Chandelier, uma luminária cinética que evoca memórias infantis (ou a rodopiante sinalização à porta dos barbeiros americanos), nasceu de uma encomenda para um restaurante que acabou por não ir avante. Transformou-se numa edição limitada de 12 peças, apresentada no Spazio Rossana Orlandi em Milão. São quatro lâminas meio transparentes e meio espelhadas, que se movimentam graças ao calor produzido por três lâmpadas halogéneas no interior
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”DOIS DOS PROJECTOS MAIS RECENTES DE BERTJAN POT—
do candeeiro. O efeito é mágico e inesperado. No futuro, acredita Bertjan, o inesperado terá uma origem mais técnica. “Penso que os designers continuarão a fazer as suas coisas (e a ter ideias) mas os engenheiros terão um papel muito mais
Revolving Chandelier e Lazy Bastard —
importante no design. A exposição Tokyo Fiber,
têm uma raíz experimental ”
em Milão, este ano, é um exemplo disso. É um pouco hi-tech de mais para mim, mas é um sinal de que a responsabilidade está a mudar. Espero que haja uma maior ligação entre designers e engenheiros. Pode ser que no futuro tudo esteja nas mãos de engenheiros técnicos muito espertos, e o input do designer seja muito mais lateral.” e
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LANTERNA MÁGICA
Revolving Chandelier “Este projecto resultou de uma encomenda para um restaurante muito bom (com três estrelas Michelin). Tinha muito pouco tempo para desenvolver o projecto (dois meses), e falhei o prazo. Mas tinha investido muita energia no projecto. A ideia era fazer um candeeiro, que, como a comida molecular que nos servem neste tipo de sítios, fosse mágico. Uma luminária mágica para comida mágica. Por isso, quando falhei o prazo, pensei que continuava a ter muitas razões para concluir o projecto. A ideia inicial era fazer um candeeiro que fosse um castelo de cartas a voar pelos ares. Era impossível. Mas continuei agarrado à ideia de fazer um truque de magia que funcionasse num candeeiro. Assim surgiu Revolving Chandelier. A estrutura (móvel) inspira-se em Calder, é óbvio. Mas o que mais gosto nele é que nos últimos cinquenta anos tudo gira à volta de fazer as coisas o mais claras possível. Logótipos. Este candeeiro é o contrário. Está a esconder-se, camuflado, é como um truque, com os seus reflexos. É hipnótico. Pareceu-me uma boa alternativa aos produtos que são tão claros e evidentes. “
Highlights Highlight MODA
COLECÇÃO ONITSUKA TIGER SS09
O ANO DO TIGRE A Onitsuka Tiger celebra 60 anos. Uma bela idade em qualquer parte do mundo, e sobretudo no Japão, lugar de origem da marca desportiva, onde as seis décadas de vida são assumidas como um marco simbólico, o encerrar de um ciclo que convida à reflexão e à celebração (chamam-lhe Kanreki). E para celebrar a sua entrada no clube dos sexagenários, a irrequieta e sempre jovem Onitsuka Tiger inspira-se no Zodíaco japonês. Como as linhas que se cruzam na parte lateral dos ténis — a imagem de marca da Onitsuka — o Zodíaco cruza os 12 animais carregados de simbologia e os cinco elementos da filosofia Zen (madeira, fogo, terra, metal e água) para definir tipos de personalidade. Os motivos gráficos do Zodíaco são retomados nesta colecção desenvolvida por Erik Kriek e Takeshi, que combina a tradição japonesa com o espírito contemporâneo. A Onitsuka Tiger foi fundada em 1949 por Kiachiru Onitsuka, como precursora da Asics. Os ténis começaram por ser o símbolo da
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juventude saudável e triunfante nos Jogos Olímpicos.
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Mais tarde, foram absorvidos pela cultura popular e convertidos num ícone de moda. Nos estádios ou no asfalto, são ténis que nos fazem voar. Como os maravilhosos saltos acrobáticos de Uma Thurman em “Kill Bill”, a aterrar em segurança calçando uns Onitsuka Tiger. www.onitsukatiger.com
Highlight GADGET TELEMOVEL SAMSUNG JET, DE JACOB LEE PARA A SAMSUNG
VOO EMOCIONAL Brilhante, veloz e poderoso. É assim o novo telemóvel
full touch da Samsung, desenhado pelo head of design da empresa coreana, Jacob Lee, especialista em ergonomia, responsável por anteriores histórias de sucesso do fabricante de telemóveis. Chama-se Jet, em homenagem à sua inspiração areodinâmica, e segundo Lee parte de algo tão universal quanto a emoção. “Quando desenhei o Jet, tentei exprimir ou atrair a emoção humana mais básica, sem interferências de nenhum objecto exterior. Parti da origem mais fundamental da mente humana”. O Jet dirige-se a um público transversal, que atravessa gerações e géneros, mas que é invariavelmente sensível ao design state-of-the-art e que procura algo diferente (como as costas do telemóvel, em vermelho) “É muito elegante e bonito mas não demasiado feminino; é muito compacto mas fácil de pegar” explica Jacob Lee, que destaca o packaging do telemóvel. O designer confessa que não pretendia criar o “telemóvel mais bonito do mundo” mas sim um telemóvel suficientemente atractivo e diferente para atrair um público exigente mas abrangente. O f ull
touch mais popular do mundo. O Jet utiliza o sistema Touch Wiz 2.0, um interface 3D muito intuitivo que também pretende ser “divertido e inteligente”.
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www.samsung.com
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Highlights
Highlight GOURMET
FRUTOS SECOS FEITO À MÃO, DA BOA BOCA GOURMET
AGRIDOCE Doce, doce, é a história de sucesso da Boa Boca, uma empresa portuguesa de produtos gourmet que alia comida e design. Até aqui nada de excepcional, a diferença – que faz toda a diferença – é que a Boa Boca faz ambas as coisas bem. Muito bem. A Boa Boca começou por ser uma loja gourmet em Évora. Criada por designers de comunicação, rapidamente ganhou novos contornos. Através de parcerias com pequenos produtores locais de qualidade, passou a transformar os produtos artesanais em objectos de design. Apetecíveis, atraentes e trendy. Com uma verdadeira identidade. Comunicativos. Habituée das mais prestigiadas revistas de tendências internacionais e
sites de lifestyle de luxo, a Boa Boca acumula prémios: vários “red dots” assinalam o packaging apetitoso das iguarias. O mais recente: o prémio One Show Design, atribuído em Nova Iorque à deliciosa gama de biscoitos alentejanos, embalados em latinhas coloridas. O melhor do Alentejo e arredores com um twist design: há chocolates e café de São Tomé, licores de ginja e outras maravilhas, biscoitos de azeite, e o mais recente lançamento: frutos secos para bocas indecisas ou eternamente insatisfeitas. São combinações de doce e salgado numa embalagem que depois de aberta se divide em duas, através de um picotado. Mistura
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Tropical + Amêndoa Torrada, Figo Torrado + Amêndoa
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Frita com Sal, Sultana Preta + Pistáchio, Amêndoa Caramelizada + Caju Frito com Sal, que mais se pode pedir… De um lado doce, do outro salgado. É ou não é uma maravilha? www.boaboca-gourmet.com
Highlight TECNO
PORTÉGÉ R600, DA TOSHIBA
PRATA FINA Prateado, fino, minimal e sobretudo muito leve (pesa menos de um quilo, uns precisos 779 gramas, garantem-nos) o Portégé R600, da Toshiba, é o “ultraportátil mais leve de sempre”. Ao que parece, os portáteis são história. Agora a batalha trava-se entre os ultraportáteis (computadores portáteis de menos de 1,5kg) e os fabricantes procuram máquinas cada vez mais magras, sem comprometer, claro está, desempenho e funcionalidade. Com um chassis de magnésio, resistente e durável, o Portégé R600 está preparado para os combates diários, na selva de betão ou na tranquilidade do campo. Equipado com uma
solid state drive (SSD) opcional de 128GB tem um ecrã LED retro-iluminado de 12,1''. A segurança (dos ficheiros ou da própria máquina) também é uma prioridade: tem leitor de impressões digitais, teclado resistente a derrame de líquidos, design anti-choque e gestão remota. Com consumo de energia reduzido, o Portégé R600 convenceu os ambientalistas. Foi o ven-
produtos electrónicos do mercado mais amigos do ambiente. Apesar da leveza anunciada, são razões de peso para, pelo menos, lhe darmos o benefício da dúvida e verificarmos se para além de leve é genuinamente “fino”. www.toshiba.com
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Electronics Survey 2008”, um estudo que avalia os
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cedor na categoria de portáteis do “Greenpeace Green
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Highlights
Highlight BELEZA
KENZO AMOUR FLORALE
TRANSPARENTE “Na Ásia, a luz escreve-se com flores.” É assim que a Kenzo apresenta a sua nova eau-de-toilette, para o Verão, Kenzo Amour Florale. Uma espécie de Haiku olfactivo, é uma criação da perfumista Daphné Bugey, da Firmenich, com um “coração floral” (flor de frangipana, botão de rosa e gardénia) e notas de “saída” luminosas (essência de néroli, de cardamomo, toranja e groselha). O voo de um pássaro, a claridade do céu, as sensações de viagem, inspiraram esta eau-
de-toilette fresca e suave, que nos prende e permanece sem no entanto enjoar. A mesma leveza transparente que inspirou o design do frasco, obra do designer de origem egípcia Karim Rashid, que aqui abandona a sua pose de star para se entregar à poesia. Inspirado na “sensualidade das curvas femininas e no impulso de um voo”, Rashid propõe mais uma das suas características formas orgânicas, que interpreta muito bem a identidade da Kenzo. Etéreo.
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www.kenzo.com
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Highlight CASA
COLECÇÃO 09 DA GANDIA BLASCO
LUMINOSA É Verão e apetece ainda mais mergulhar no mundo branco, luminoso e relaxante da Gandía Blasco. Constituída em 1941, a empresa valenciana especializada em mobiliário de exterior e têxteis (foi assim que começou) inspira-se no contexto mais imediato — o Mediterrâneo — para criar um estilo minimal, contemporâneo e cool que se tornou a sua imagem de marca. A recente abertura de um showroom Gandía Blasco em Milão (em Portugal são dois, no Porto e em Lisboa) e um prémio Red Dot aos “vasos” Sahara, desenhados por Pablo Gironés, são mais um sinal da expansão segura da Gandía Blasco. O Verão é a época perfeita para viver com toda a intensidade as colecções da Gandía Blasco: nos exteriores (mas também nos interiores cada vez mais abertos e comunicantes), para conviver (à mesa ou num baloiço) ou relaxar (numa
daybed ou numa chaise longue ) a marca oferece sempre soluções claras. Esteticamente serenas, destilando harmonia visual e táctil, as peças da Gandía Blasco põem-nos automaticamente em modo zen.
branco — e o alumínio são o forte da marca). Tudo boas razões para (re)descobrir as colecções Na Xemena e Saler, os convidativos “alpendres” portáteis Pergola, e os acessórios únicos como Brasero, a versão moderna, assinada por José A. Gandía, da tocha luminosa. www.gandiablasco.com
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não é preciso serem de madeira, porque o plástico —
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Ligam-nos ao nosso íntimo, aos outros e à natureza (e
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Motor
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ASTON MARTIN ONE-77
POR RUI CATALÃO FOTOGRAFIA ASTON MARTIN
SHAKEN NOT STIRRED QUANTOS OBJECTOS
este One-77, recebeu uma forte inspiração
MAREK REICHMAN
FAZEM-NOS SONHAR?
dos irmãos e da herança deixada por Henrik
Quantos objectos oferecem-nos uma sensação.
Fisker. O homem que marcou as linhas Aston
Um cheiro. Um toque especial.
neste passado recente, e que muito ajudou
Quantos objectos são tão inesquecíveis que
a reforçar este irresistível glamour bondiniano.
queremos guardar a sua presença num lugar
Este jogo de linhas que acentuou a cintura
especial da nossa história pessoal?
deste objecto único, baixou a altura do modelo
Há um agente, especial para alguns, que vive
transmitindo um visual agressivo, quase
estas sensações por 2 horas numa homenagem a
cortante. Uma imagem de predador em constante
um estilo de vida inconfundível e que todos, quer
ataque reflectido nas bolsas que nascem na frente
Marek Reichman nasceu em Sheffield, Inglaterra, em 1966. Graduado em Design Industrial pela Teesside Polytechnic, Marek obteve um Master Degree em Design de Veículos pela RCA - Royal College of Art de Londres. Tendo começado a sua carreira no Grupo Rover em 1991, Reichman aproveitou a aquisição da marca inglesa pela BMW e foi convidado em 1995 a trabalhar na Califórnia, mais precisamente na Designworks USA.
aceitemos ou não, gostaríamos de experimentar
tão Aston e fluem nas entradas de ar laterais.
por uma vez. James, esta personagem irreal, vive
Onde alumínio e fibra de carbono fluem em
um encadeamento de acontecimentos que nos
harmonia ligando a mão do artífice
fazem sonhar. Onde esquecemos vilões, pistolas
à tecnologia do futuro.
e gadgets. Onde guardamos ambientes únicos,
Marek Reichman fez um bom trabalho e
de casinos a hotéis, acompanhados por um
entendeu na perfeição o legado de Fisker.
Martini que embriaga o espírito boémio que há em
É desta forma que recebemos um desenho
nós. Este James que nos faz sonhar move-se com
esteticamente puro, com tanto equilíbrio e
estilo, com pequenas traições é certo, ao volante
dinamismo que explora totalmente este lado
de um fiel Aston Martin.
selvagem. Um desenho tão incontornável que se destacou agora no Concorso d´Eleganza Villa
Uma espécie de Rocinante na luta contra os
d´Este em Laco di Como. Um prémio demasiado
moinhos da estrada, que pela sua versatilidade
importante e diferenciador para Concepts e
salva o nosso heroí a cada momento.
Protótipos onde o Aston Martin One -77 se sentiu
Um companheiro de aventuras que conhece agora
em casa. Não só pelo extraordinária imagem
um novo modelo. O Aston Martin One-77.
desta máquina que desperta os sentidos, mas
Uma máquina única, totalmente tailor made,
também por ser este um local onde Bond não
de produção limitada a 77 unidades e pensada
hesitaria em tomar um Martini a seu gosto,
para os agentes secretos mais desconhecidos
e desfrutar de mais um momento único
do mundo. Partindo de uma vontade de Ulrich
com este objecto tão especial. e
É em ambiente norte americano que se assume como Senior Designer definindo as linhas mestres que trarão um novo fôlego à Land Rover. Em 1999 aposta na Ford e mergulha no desenvolvimento de design da Lincoln, uma das marca do super construtor. Aqui assume a função de Chief Designer. É com o seu potencial visual e seguindo as pisadas de Henrik Fisker, o antigo Director of Design da Aston Martin, que Marek Reichman assume a partir de 2005 o cargo de responsável máximo da mítica marca inglesa. O modelo One-77 é a resposta a um exercício de intenções de Marek e que ganham uma nova dimensão em 2009 com o prémio em Lago di Como.
Bez, CEO da Aston Martin, em apresentar aquilo a que chamou de “um novo nível de design
www.one-77.com
nasceu um projecto único na história da marca. Apresentado no Salão de Paris de 2008, com a clara intenção de se tornar o objecto de arte automóvel mais desejável do mundo,
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Reichman designer chefe da marca inglesa, que
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e produção manual”, é com a ajuda de Marek
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HANS WEGNER Classic Model JH 501 (Round Chair) Cadeira de braรงos 1949 Teca e palhinha 76 x 63 x 52 cm
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MUDE.P.0052
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design :: mude
{ O DESIGN EM AGENDA }
HANS WEGNER , O PODER DA IMAGEM POR BÁRBARA COUTINHO* IMAGEM CINTRA&CASTRO CALDAS
EM 26 DE SETEMBRO DE 1960, 70 milhões de
outro acontecimento, o debate Kennedy x Nixon obrigou
telespectadores sintonizavam-se para assistir ao primeiro
a reflectir sobre o papel da televisão
debate televisivo para as presidenciais norte-americanas.
na vida democrática e também sobre o próprio lugar
Protagonistas: John F. Kennedy e Richard Nixon. Este foi
do design na imagem contemporânea.
o primeiro de uma série de quatro debates entre Kennedy e Nixon. Vários foram os temas discutidos, desde as questões
A cadeira de Hans Wegner é uma das peças incluídas na
internas às difíceis relações diplomáticas com Cuba. Mas
primeira exposição do MUDE, Museu do Design e da Moda
outro motivo levou a que estes debates entrassem para a
intitulada Ante-Estreia e pode relacionar-se com a temática da
história – era a primeira vez que todos os eleitores podiam
exposição Ombro a Ombro: Retratos Políticos,
ver, em directo e em confronto, os dois concorrentes.
patente até Setembro.
A imagem (meio) ganhava mais força do que o conteúdo (mensagem) transmitido enquanto o contraste entre os dois
Dezasseis anos depois do debate Kennedy vs Nixon, mais
era gritante. Nixon, recentemente ferido num joelho,
concretamente a 23 de Setembro de 1976, assistia-se em
mostrava-se pálido e debilitado no televisor (recorde-se que
directo ao primeiro de três debates televisivos para as eleições
havia recusado qualquer maquilhagem), perante um
presidenciais americanas, sendo que desta vez os
adversário elegante, jovem, carismático e visivelmente
protagonistas eram Gerald Ford e Jimmy Carter, quando uma
confiante. Nesta encenação e no resultado final do debate
falha técnica na transmissão fez que esta ficasse sem som
contou também uma decisão de Kennedy, a de realizar
durante quase 32 minutos. Durante esse tempo, os dois
grande parte do debate em pé, raramente se sentando nas
políticos, em pé, como animais acossados, controlaram as
cadeiras “Round Chair” de Hans Wegner escolhidas para o
expressões faciais e corporais com medo de cometer o mais
cenário e que vazias, ganharam também um lugar de
pequeno erro que comprometesse a sua imagem e, conse-
protagonistas nesta construção de imagem. Estas cadeiras
quentemente, os levasse a perder as eleições. Este vídeo abre
são emblemáticas do design escandinavo e do seu espírito
a exposição Ombro a Ombro. Retratos Políticos e, tal como
democrático. Construídas em madeira de teca, e com o
o episódio onde a cadeira de Hans Wegner acabou por ser
assento muitas vezes em palhinha, ganharam notoriedade
protagonista, faz-nos reflectir a importância da imagem
pela excelência do trabalho artesanal e pela unidade
na construção do discurso político contemporâneo. e
conseguida entre a beleza e a funcionalidade. A revista norte-americana Interiors considerou-as mesmo como “a mais bela
*Professora universitária e directora do MUDE
indicaram que Kennedy havia sido o grande vencedor entre os telespectadores, enquanto Nixon ganhara na rádio. Este resultado levantou a questão da relação da democracia eleitoral com os novos media (sobretudo com a televisão), e o
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d’A Cadeira. No final do debate, os estudos de audiência
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cadeira do mundo”. Após o debate televisivo Kennedy vs Nixon, a Round Chair passou a ser tão somente designada
significado da construção da imagem. Talvez como nenhum 89
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MUDE
MUSEU DO DESIGN E DA MODA, COLECÇÃO FRANCISCO CAPELO
ANTE ANTE ESTREIA Quem espera sempre alcança.
Mas nós, na blue Design,
já não aguentávamos mais e fomos espreitar a montagem da exposição inaugural do novo MUDE. Por esta altura, acreditamos, já terá visitado o museu, na sua nova casa da Rua Augusta, em Lisboa. Já terá visto como valeu a pena a espera. O que não viu, e que lhe mostramos nesta reportagem fotográfica, foram os momentos que antecederam o levantar da cortina. Cortada a fita, fica o registo da construção de uma exposição, que, como o próprio edifício que a alberga, é um work in progress fascinante. TEXTO MADALENA GALAMBA FOTOS RICARDO POLÓNIO
O MUSEU SEM CASA JÁ TEM CASA. As portas do MUDE — Museu do Design e da Moda abriramse no dia 21 de Maio, com a exposição Ante Estreia — Flashes da Colecção, um passeio dialogante pelo design e a moda dos séculos XX e XXI. Na antiga sede do Banco Nacional Ultramarino, na Rua Augusta, em Lisboa, o MUDE encontrou finalmente a sua morada, depois de um interregno onde esteve desaparecido, mas não perdido, errante, mas não à deriva. O novo MUDE, cujo projecto de reabilitação está a cargo dos arquitectos Joana Vilhena e Ricardo Carvalho, está belissimamente instalado, num edifício com uma fisicalidade imponente e um peso que deslumbra. A reabilitação do edifício está a ser feita por etapas, uma opção inteligente que assume a realidade (a necessidade de obras) mas escolhe suplantá-la. Em vez de esperar, de braços cruzados, que as obras estejam concluídas, adiando por vários meses a (re)abertura do museu, a estratégia
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é “ir abrindo” progressivamente.
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>>>
“CHOQUE VITAMINICO” As novas instalações do MUDE serão um “choque vitamínico” para a cidade de Lisboa, uma peça fundamental na revitalização da Baixa. Quem o diz é o presidente da Câmara, António Costa, que em Setembro de 2007 mostrou o edifício do BNU, nova sede do Museu, a um Francisco Capelo “deslumbrado”.
foco :: design
>>>
Para o amuse-bouche inaugural foi habilitado
o piso térreo, com 1100 metros quadrados de área expositiva, onde o enorme balcão de mármore, memória viva do passado do lugar, foi convertido em passerelle, por onde “desfilaram”, estáticas, peças de vestuário e de mobiliário escolhidas para a exposição de abertura. Menos de um mês depois, atingimos o segundo patamar, no Piso 1, que acolhe a exposição de cartazes políticos Ombro a Ombro, realizada em parceria com o Museu de Design de Zurique, que evidencia a vontade de o Museu ser mais do que o seu núcleo, a Colecção Francisco Capelo. Já está a funcionar a cafetaria (com uma lindíssima mesa de cortiça “corrida” desenhada pelos arquitectos responsáveis pelo projecto) e a livraria. Espera-se que até ao final de 2010 o MUDE esteja completamente instalado, ocupando os restantes pisos e, revelando a cereja no topo do bolo: o terraço, que, diz quem o pisou, oferece uma vista sobre Lisboa de cortar
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a respiração. e
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EXPERIMENTA
DESIGN 09,
IT’S ABOUT TIME Depois de um “warm up” de luxo,
com a primeira grande
exposição sobre Peter Zumthor, começa a contagem decrescente para a Experimenta, sem que tenhamos tido tempo para arrefecer, tal é o hype. De volta a
pécie de aquecimento enquanto o despertador não se põe a tocar. Tic tac.
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dade arranca já em Setembro. Este é um mapa do que nos aguarda. Uma es-
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Lisboa, e sob o tema It’s About Time, a bienal de design, arquitectura e criativi-
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design :: preview
EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO,
EXPOSIÇÕES
a ExperimentaDesign regressa a Lisboa mais radiosa
São a espinha dorsal da EXD 09 e este ano são quatro.
que nunca, envolta numa expectativa sem precedentes
Comissariadas por figuras de relevo do panorama
que rima com o seu tema urgente: o tempo. Com o tema
internacional, debruçam-se sobre o tempo: acelerado,
“It’s About Time”, na sua dupla acepção de ser sobre o
pausado, elástico, global, local.
tempo, e de já ser tempo, a bienal que se tornou um case study internacional e levou a boa fama do design
Quick, Quick, Slow
português além-fronteiras regressa a casa. É já em
(TEXTO, IMAGEM E TEMPO)
Setembro (numa data redondinha como um relógio:
Propõe uma “história alternativa do design gráfico” na
09.09.09) que arranca a Experimenta, no ano em que
sua relação com o tempo, o movimento, a aceleração e
celebra o seu décimo aniversário. Como em edições
a progressão. A exposição, comissariada por Emily King,
anteriores, a Experimenta assume o seu carácter
traça um percurso que reflecte a transformação do
urbano, espalhando-se por toda a cidade, das estações
design gráfico das experiências tipográficas
de metro às esplanadas ensolaradas de um hotel à beira-
modernistas, aos novos suportes digitais e em
-rio. O programa é ambicioso, estimulante e inclusivo.
movimento.
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A equipa liderada por Guta Moura Guedes, ladeada por
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um think tank de notáveis (com nomes como Hans
Pace of Design
Maier-Aichen, João Paulo Feliciano, Pedro Gadanho e
(O RITMO E O TEMPO DO DESIGN)
Renny Ramakers, entre outros) e com direcção criativa
O quotidiano de sete estúdios de design internacionais,
do designer de comunicação Ian Anderson, preparou
baseados em sete cidades diferentes, foi o ponto de
uma programação no excitante, que reafirma o papel
partida de Pace of Design, uma exposição que explora a
da EXD como plataforma aberta e transdisciplinar de
dimensão subjectiva do tempo e os seus impactes no
discussão, reflexão e experimentação. Quatro
processo projectual. Tulga Beyerle, a comissária, viajou
exposições constituem o core da EXD 09, que se
pelos sete cantos do mundo para perceber quais os
desdobra em conferências, workshops e ciclos de
efeitos do contexto cultural na percepção e
cinema, para além dos projectos especiais
representação do tempo. Quanto vale uma hora em São
(alguns dos quais ficarão para a cidade, como veremos)
Francisco, Tóquio ou São Paulo? Qual a influência das
e da disseminação criativa dos projectos tangenciais.
especificidades locais nas práticas criativas? Como se
Experimente.
articula essa especificidade com o mercado global?
Com passagens/paragens pelos estúdios dos irmãos
CONFERÊNCIAS, WORKSHOPS E CICLOS
Campana (São Paulo), Konstantin Grcic (Munique) e
O lado fórum da EXD toma forma nas conferências,
Michael Young (Hong Kong), esta é uma das nossas first
worskhops e ciclos de cinema organizados à volta
picks. Assim, às cegas.
da bienal. Abertos ao grande público (conferências de Lisboa), dirigidos a públicos específicos (open talks),
Lapse in Time
com convidados de peso que funcionam como agents
(DESIGN, ELASTICIDADE E RESPONSABILIDADE)
provocateurs para semear o debate e a troca de ideias
Comissariada por Hans Maier-Hachen esta exposição
lançando questões para a arena, estes encontros
contraria deliberadamente a expressão “tempo é
nascem com o intuito de pôr o design
dinheiro”. Só pelo posicionamento contra a lógica
na boca do mundo.
dominante, já valeria a pena. A partir dos projectos (processos) de 15 criadores emergentes que “mais do
Conferências de Lisboa
que produzir objectos, querem gerar conteúdos”, Lapse
Um clássico da EXD, as Conferências de Lisboa trarão
in Time lança uma perspectiva radical do design de
à cidade especialistas internacionais das áreas do
produto que usa a elasticidade para combater a pressão
design, arquitectura e outras áreas criativas relacionadas
do mercado.
com a bienal para reflectir e debater temas urgentes da cultura contemporânea. Dirigidas a um público
Timeless
alargado, são a vertente mais aberta da EXD, mas
Um showcase experimental lançado pela EXD à procura
atenção, decorrem apenas nas tardes da semana
de novas ideias, conceitos e estratégias que respondam
inaugural, por isso marque na agenda.
ao lema “Menos é melhor”. O mote não podia ser mais
convidados (Brasil, Índia, Reino Unido, China, Portugal e Macau) com artefactos para o século XXI que se querem intemporais, implicando menos recursos, sistemas de produção menos complexos e formas de distribuição mais simples.
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propostas das comunidades criativas dos países
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actual e pertinente, agora é esperar para ver as
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design :: preview
Open Talks
PROJECTOS ESPECIAIS
O espírito crítico reina nas Open Talks, debates abertos
Alguns são para ficar, outros passam, correm como o
e plurais (a plateia é convidada a intervir) que seguem
tempo. Entre o eterno (?) e o efémero, estes projectos
o formato televisivo (com Talk Host e Agents
convidam-nos a fazer uma pausa e pensar. São um
Provocateurs ávidos de lançar mais achas para a
lugar de acção e reflexão sobre problemáticas da
fogueira). As Open Talks dirigem-se a um público mais
actualidade e sobre o papel e impacto do tempo e na
especializado (estudantes, profissionais, e,
configuração da nossa sociedade. Com uma ênfase
naturalmente, críticos e opinion makers que não
especial no design inclusivo, são uma das novidades
quererão perder pitada) e contam com a participação
mais esperadas da EXD.
de figuras internacionais de destaque.
Stop & Think Designmatography V
(PARA UMA NOVA CRÍTICA
Criado em 1999, na primeira edição da bienal,
DE DESIGN E ARQUITECTURA)
Designmatography é um ciclo de cinema que apresenta
Este é para nós. Através de Stop & Think, a EXD
filmes experimentais e vanguardistas que raramente são
lança o desafio às “publicações especializadas” para que
exibidos. Este ano, devido ao tema da bienal, acerta na
(re)pensem a crítica do design e publiquem os seus posts
mouche. Ou não fosse o cinema “imagem tempo”.
nesta bienal virtual (para além de artigos especialmente
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comissionados em páginas reais) dando origem a uma
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Luanda Rise
onda crítica que conta também com a participação do
“Vamos todos para Angola”, ou deixemos que venha
público. A explosão de revistas de design, o frenesim
até nós, como “megalopolis emergente”,
vazio e pouco profundo à volta do último grito,
neste documentário comissariado por Pedro Gadanho
justificam o repto. Estarão os media à altura
com a cooperação da Harvard University Graduate
da provocação? Acreditamos que sim.
School of Design. Luanda Rise capta imagens e interacções em lugares anónimos da cidade,
Jardim de Santos
intercaladas com entrevistas a agentes locais e teóricos
O presente perfumado da Experimenta para a cidade de
internacionais da cultura urbana.
Lisboa será a reabilitação do esquecido Jardim de Santos. O projecto, entregue a uma equipa multidisciplinar que integra Fernando Brízio
e os Pedrita, entre outros, promete retirar o jardim da
Action for Age
soturnidade e devolvê-lo à vida e à cidade. A intervenção
Um projecto de design inclusivo, Action for Age
urbana é total: reúne arquitectura paisagista, design de
é um laboratório criativo que procura novos serviços e
equipamento urbano, design de luz, design de som,
soluções para os idosos. Um projecto original de The
design de comunicação e sinalética. Não sabemos
Royal Society for the Encouragement of Arts, Action
muito, porque tudo está ainda no segredo dos deuses,
For Age põe em movimento duas equipas, uma em
mas sabemos que inclui a materialização de um sonho
Lisboa outra em Londres, a trabalhar em paralelo
de infância de muitos: uma casa na árvore.
na pesquisa e desenvolvimento de projectos de design para a terceira idade.
Efeito D Da responsabilidade da BBDO, Efeito D é um projecto
PROJECTOS TANGENCIAIS
que torna visíveis, e assumidas, as diferenças. O desafio,
Muitos, conhecemo-los das páginas da blue Design.
lançado a designers portugueses e internacionais, era o
Outros, ainda não passaram por aqui, mas esperamo-los
de desenhar objectos que incorporem na sua concepção
ansiosamente. Outros ainda são para nós ilustres
ou código genético uma diferença que os torna únicos.
desconhecidos (e que maravilha, vamos descobri-los!).
Os projectos apresentados destinam-se a contribuir para
Agora a comunidade criativa terá a oportunidade de
a associação Diferenças, um centro de desenvolvimento
mostrar o que vale ocupando vários espaços da cidade
infantil para crianças com síndrome de Down.
de Lisboa (como as lojas das estações de metro sem dono) com projectos tangenciais, que, como o nome indica, tocam de raspão a EXD e alargam a sua órbita. Os projectos foram submetidos à apreciação de um
www.experimentadesign.pt
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Design ao vivo, de autor e experimental, all over.
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board de especialistas, por isso a fasquia está bem alta.
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O telhado invertido trouxe o mar, as dunas e os coqueiros “para dentro” da casa de uma forma avassaladora, sem retirar o conforto de qualquer loft urbano. A “pele” de madeira, que envolve a casa e a ensombra, é permeável
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ao vento e mantém-na fresca.
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CASA TROPICAL, MUNDAÚ, BRASIL, projecto de Camarim Arquitectos
PÁSSARO TROPICAL Mas também pode ser um ninho arejado e permeável, uma “casa nas árvores”, ao abrigo das monções, mas suficientemente porosa para se deixar acariciar pelo vento.
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Para os arquitectos portugueses Patrícia Sousa e Vasco Correia, é simplesmente a “casa tropical”.
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Os locais chamam-lhe a “casa pássaro”, como se estivesse pronta a bater as asas e voar.
FOTOGRAFIA NIC OLSHIATI 103
projecto :: arquitectura
QUANDO OLHAMOS PARA ESTA CASA,
um “laboratório de arquitectura” onde os arquitectos
o que vemos? A natureza a explodir por todos os lados,
procuram “sublinhar os pequenos rituais do quotidiano,
domada, é certo, mas incrivelmente presente.
torná-los significantes” e “engendrar paisagens mentais
Mesmo sem pisar a terra fértil que rodeia a casa, quase
complexas a partir de estímulos visuais, tácteis,
podemos ouvir o sussurrar do vento a pentear as barbas
acústicos e aromáticos, paisagens que se transformem
dos coqueiros inclinados, ou sentir os leves grãos de
ao longo do dia, das estações e da vida,
areia, o sal do mar, que o vento transporta das dunas
como um organismo vivo”.
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até aos caminhos de terra batida da aldeia.
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Patrícia Sousa e Vasco Correia, do atelier Camarim
A Casa Tropical é uma casa de férias para um casal
Arquitectos, procuraram com esta Casa Tropical
luso-brasileiro, que vive há 30 anos em Lisboa mas não
criar um “dispositivo sensorial” que permitisse a fruição
perdeu, como é lógico, a ligação ao Brasil. Nem desistiu
de “uma experiência condensada e sensual da natureza
enquanto não encontrou o seu pedacinho de paraíso
próxima e distante”. Embora muito diferente da sua
terrestre, neste caso Mundaú, “uma aldeia de pescado-
experiência anterior (que inclui, ainda que em trajectos
res autêntica, alheia às dinâmicas do turismo internacio-
separados, a colaboração em projectos residenciais
nal de outras praias do Ceará, rodeada por uma nature-
de gama alta, um hospital, um conservatório e um
za luxuriante e vasta”, conta Patrícia Sousa. “Viram ali a
masterplan), a Casa Tropical inscreve-se no ethos
possibilidade de um estilo de vida ligado à água, à na-
do atelier fundado em 2007,
tureza, às pessoas, a todas as coisas que mais prezam.
design :: encontro
prazeres simples ao máximo, e com o máximo conforto”. Com três quartos, um magnífico telhado invertido e uma galeria que envolve os três pisos da casa, e desvia a circulação do núcleo da casa para o
”QUERIAMOS QUE A NATUREZA INUNDASSE A CASA e os sentidos em todos os seus aspectos
exterior, os arquitectos parecem ter virado o “esperado”
(o mar e os corais, a praia e os pescadores nas
do avesso. A solução encontrada, no entanto,
jangadas, as dunas e a vegetação intensa,
enquadra-se perfeitamente na paisagem local e na tradição da arquitectura vernacular da região.
a vida), e queríamos que a casa permitisse
A Casa Tropical foi construída sobre uma outra
a percepção da transformação da natureza
“de construção débil, mas de estrutura racional”.
ao longo do dia e das estações do ano
Sobre este esqueleto, ergueu-se a nova casa, dividida em três pisos (pódio, ao nível da rua, sobranceiro ao terreno; quartos, acedidos pela galeria perimetral e sala, uma estrutura e de madeira sobre a estrutura de betão, a autêntica “casa na árvore”) paisagens distintas no uso
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‘dispositivo sensorial’ que lhes permitisse gozar estes
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Foi esse o ponto de partida do projecto: criar um
e na abordagem à natureza. 105
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projecto :: arquitectura
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“Abordámos o projecto como uma oportunidade para
drasticamente diferentes: como ler um livro num dia
explorar as possibilidades de a arquitectura intensificar a
escaldante com uma humidade de 90%? Como oferecer
experiência da natureza, o que à partida podia parecer
um jantar a amigos durante as monções do Verão ou os
um contra-senso, mas não é”, explica Patrícia Sousa.
ventos do Inverno? Partimos à procura do que a
“Queríamos que a natureza inundasse a casa e os
arquitectura popular da região nos podia ensinar,
sentidos em todos os seus aspectos (o mar e os corais,
e concluímos que uma combinação adequada de
a praia e os pescadores nas jangadas, as dunas e a
ensombramento e direccionamento do vento resolviam
vegetação intensa, a vida), e queríamos que a casa
quase todos os problemas. Infelizmente, a arquitectura
permitisse a percepção da transformação da natureza
mais recente da região esqueceu estas soluções
ao longo do dia e das estações do ano.”
inteligentes: as casas novas que visitámos são desconfortáveis, demasiado fechadas e dependem
Localizada a 3 10’ 42.51’’ a sul do Equador, onde os
de ar condicionado o ano inteiro! Estas duas intenções
anos se dividem em estação húmida e estação seca, a
básicas levaram a uma casa em que mais
casa vive na pele as oscilações do clima. Daí que outro
de 50% da área é exterior, e percorre todos os pisos.”
princípio orientador do projecto fosse “pensar o conforto
Patrícia Sousa refere-se à galeria, que envolve os três
a que os clientes estavam habituados num clima e lugar
pisos da casa e que, protegida por ripas de madeira,
o
substitui a convencional “circulação interior” dentro de um volume compacto. Este traço tropical, recorrente
Um projecto de sonho, para o quem o pensa e para quem o habita, a construção da casa teve as suas contrariedades, que inteligentemente foram convertidas
COM TRÊS QUARTOS, UM MAGNÍFICO TELHADO INVERTIDO
em oportunidades pelos arquitectos, como relata Patrícia
e uma galeria que envolve os três pisos
Sousa: “A localização é tão paradisíaca quanto remota,
da casa, e desvia a circulação do núcleo
o que dificultou imenso o acesso a meios, materiais e mão-de-obra qualificada. Entendemos que tínhamos
da casa para o exterior, os arquitectos
de partir de soluções artesanais que retirámos do léxico
parecem ter virado o “esperado” do avesso.
construtivo da região e que reinventámos. Foi um processo muito estimulante, em constante diálogo com os pedreiros e carpinteiros, e que não nos
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estar esquecido, mas foi resgatado pelos arquitectos.
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nas casas da América do Sul ou em África, parecia
impediu de alcançar uma forma que achámos mais 107
projecto :: arquitectura
apropriada para o tipo de casa e de clima, e que é radicalmente diferente do habitual na região. A maior vantagem de trabalhar com tanta proximidade com os trabalhadores foi a possibilidade de desenvolver tudo de forma personalizada para este projecto, incluindo portas, camas e candeeiros.” Para os arquitectos, formados na FAUTL e bolseiros no programa Erasmus no Institut Supérieur d’Architecture Saint-Luc de Wallonie, em Liège, na Bélgica, este foi um projecto “muito diferente, num contexto também muito diferente daquele em que temos trabalhado até agora. Requereu um envolvimento pessoal enorme, um acompanhamento diário da construção, como faziam os mestres construtores na Idade Média.” Ambos colaboraram com Stéphane Beel Architecten, em Gent, Bélgica, antes de partirem para Londres, onde Patrícia trabalhou com AHMM e Vasco na Foster + Partners. N’ A Casa Tropical, de asas abertas, estão finalmente prontos para voar, e orgulham-se do conseguido. Referem, especialmente: “A presença da natureza na casa, e a presença da casa através da natureza. O telhado invertido trouxe o mar, as dunas e os coqueiros ‘para dentro’ da casa de uma forma avassaladora, sem retirar o conforto de qualquer loft urbano. A ‘pele’ de madeira que envolve a casa
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pelo perímetro da casa (e não pelo centro como é usual), cria vários graus de
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e a ensombra é permeável ao vento e mantém-na fresca. A circulação,
chamaram-na a ‘casa pássaro’. É de facto uma casa nas árvores.” e
intimidade – sociabilidade que resultaram muito bem do ponto de vista do espaço pessoal e de convívio de cada habitante. Agradou-nos muito a recepção que a população local fez da casa – acharam-na enquadrada, quase natural,
http://www.camarim.pt/ 108
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design :: encontro
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THE LOVELY SITTING BALL: Para ensaiar posições, uma edição limitada, em magenta sexy, da Sitting Ball de Claassen & Partner.
8ÉME CIEL 100% silicone hipoalergénico, este subtil vibrador para usar no dedo funciona como uma extensão do corpo e das fantasias sexuais. Design de Matali Crasset.
LOVE DESIGN: 20 designers about love
OBJECTOS DE DESEJO Desejo e distância, prazer e poder, sedução e sofrimento. O universo do amor serviu de inspiração a vinte designers para pensarem objectos desenhados para amar, em Love Design: 20 Designers About Love. TEXTO MADALENA GALAMBA
UM PIJAMA, UM VIBRADOR, um serviço de mesa, uma bola. Objectos que reflectem sobre o amor (e outros demónios) e que falam da ligação entre o design e os afectos. A exposição Love Design: 20 Designers About Love, apresentada em Milão em Abril, reuniu criações de nomes conceituados como Matali Crasset, Arik Levy, Matteo Cibic e Claassen & Partner, entre outros. Pode ser consultada em versão livro, numa publicação da Daab. O projecto, promovido pelo estúdio multidisciplinar sediado em Paris Exquise Design, nasceu de uma encomenda a três designers (a própria Crasset, Sara Szyber e Andrea Knecht) para repensarem
pensados para mulheres, não explícitos e não mecânicos. Seguiram-se outros objectos libertadores de endorfinas, como um candeeiro que esconde um vibrador na sua base (Bedside Lamp, de Matteo Cibic), um objecto curvilíneo para a mesa coroado por um umbigo (Belly Button, de Romain Gnidzaz e Marie Lambert) e um estetoscópio desenhado para
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O resultado foram três amorosos LoveToys de silicone, objectos de prazer
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os códigos da sexualidade através do design de produto.
ouvir dois corações ao mesmo tempo (Quizas-Quizas, de Pupsam). e 111
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EXPOSIÇÃO DEMOCRATIC DESIGN – IKEA, Museu Internacional do Design de Munique
BOM, BONITO, BARATO Uma exposição
em Munique conta a história do design
democrático através de um exemplo imbatível: a IKEA. TEXTO MADALENA GALAMBA
UMA ENORME BÉTULA ocupa uma das salas do Die Neue Sammlung, o Museu Internacional do Design de Munique, ao lado de alguns dos objectos mais representativos do “design democrático” tornado realidade pela IKEA. A grande árvore é um poderoso símbolo da atitude do maior fabricante de móveis do mundo: remete para a Suécia, cuja tradição e cultura (do respeito pelas crianças ao salmão fumado, passando pelo modernismo escandinavo) são exportadas à escala global pela IKEA, e para a sustentabilidade – ambiental, económica e social –uma das causas da empresa. A natureza a despontar no meio de cadeiras de plástico e estantes fabricadas com restos de carrinhos de supermercado mostrar-se-ia indomável, pregando uma partida à organização. Poucos dias depois da inauguração da exposição Democratic Design – IKEA, uma colónia de bichinhos que viviam na árvore invadiam a sala do museu, obrigando a retirar a bétula e devolvendo-a ao seu habitat natural. Ficou o statement. Como o statement que, logo no início da exposição, enuncia o seu princípio fundador: mostrar como a utopia do design democrático é possível, através de um exemplo indiscutível, a IKEA. Lado a lado, uma estante Billy (um dos bestsellers do do-it-yourself do grupo sueco, desenhada por Gillis Lundgren em 1974) e um exemplar de Bookworm, a estante-minhoca desenhada por Ron Arad em 1993 e produzida pela Kartell. O facto de Billy fazer parte da colecção particular do director do museu demonstra até que ponto o design democrático é uma autor, fica claro que os dois não são incompatíveis. Que os dois existem e podem até coexistir (mesmo em casa de um director de um museu de design), em casa como no museu. Avançamos para o percurso expositivo para descobrir outros móveis IKEA, orgulhosamente apoiados em embalagens planas de cartão, os pedestais que os tornaram campeões do design democrático. Propositadamente, os objectos IKEA foram misturados com as peças da colecção permanente do museu.
A TRILOGIA DA IKEA – forma, função e preço – torna realidade o sonho distante do design democrático.
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realidade transversal. Ao equiparar o design anónimo e acessível ao design de
A beleza para todos ao alcance do mundo. 113
design :: projecto
Esta contextualização permite fazer a ponte entre a história do design e a história da IKEA, criando situações intrigantes, como quando não conseguimos ver as diferenças
”NOS ÚLTIMOS ANOS, NOMEADAMENTE ATRAVÉS DA COLECÇÃO PS, a IKEA retirou o design de autor do anonimato, associando-se a designers consagrados para produzir pequenos sonhos embalados em flatpack, ao alcance de todos. ”
entre o clássico e a sua versão “para todos”, ou revelando os flagrantes delitos, como a cadeira Ogla, que rebaralha o ADN da Thonet substituindo a madeira pelo plástico. Descobrimos a primeira embalagem plana produzida pela marca. Um volume rudimentar e tosco mas que servia perfeitamente o princípio de embalar um objecto desmontável (neste caso a mesa em forma de folha Lövet, de 1956). Ou a inspiração por detrás do aparador encarnado Schrank (1998): um “vulgar” cacifo industrial. Mas mesmo a estratégia de produzir objectos de design anónimos (durante muito tempo, o designer por detrás de um objecto IKEA era um impessoal “nós”), distribuídos em embalagens planas, ou empilháveis (duas maneiras de reduzir emissões e custos) de maneira a tornar realidade o sonho do design para todos, sofre alterações, adaptando-se aos tempos e ao valor diferenciador do design (ou do designer). Em 1995, a IKEA lançava a sua primeira colecção PS (as iniciais de Post Scriptum) sob o lema “Democratic Design”. A colecção atingia o design high end e elitista no seu coração: Milão, onde foi apresentada por primeira vez. Era uma provocação que pretendia mostrar como o design “assinado”, mais experimental e autoral, não precisava de ser o privilégio das minorias. Podia ser, como o slogan dos soukhs marroquinos, “bom, bonito e barato”. A IKEA já se tinha, anteriormente, aproximado das estrelas produzindo uma versão adaptada, low-cost, de um candeeiro de Vico Magistretti (Telegono) ou uma cadeira de Verner Panton (um flop,
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a cadeira foi rapidamente retirada de produção). Mas com PS (uma colecção com novos lançamentos sensivelmente de três em três anos) atinge um novo patamar. É que pela mão das estrelas – como Chris Martin e a sua cadeira de baloiço desmontável Ellan, de 2005, ou as recentes criações de Hella Jongerius ou das suecas Front – e o seu design inteligente, simples, e sim, emocional, sentimos que podemos chegar ao céu, que há um bocadinho para todos. A preços imbatíveis. Mas, fazem questão de nos lembrar, não a qualquer preço. e www.ikea.com/pt 114
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design :: projecto
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LOJA DE LUÍS BUCHINHO, PROJECTO DE ANTÓNIO CABRAL CAMPELLO
SEQUÊNCIA INACABADA Luís Buchinho escolheu a baixa portuense para abrir a sua primeira loja atelier. Um projecto despojado, sequência fluida, da autoria do arquitecto António Cabral Campello que, partindo da verdade da ruína, cria algo de luminosamente novo. FOTOGRAFIA RICARDO POLÓNIO
UM ESPAÇO NU E DESPIDO, para dar voz e corpo ao “vestir”. É assim a nova loja atelier de Luís Buchinho no Porto, na Rua José Falcão, um projecto do arquitecto António Cabral Campello que, sem prescindir de uma identidade forte, voluntariamente se silencia para dar protagonismo ao conteúdo. “Pretendia-se que a roupa fosse protagonista no espaço. Embora o trabalho do Luís Buchinho possua características muito fortes, os temas das colecções variam de uma forma imprevisível, pelo que era um requisito a decoração do espaço ser suficientemente neutra para não eclodir com o tema de cada colecção, ou melhor dito, deixar lugar para que fosse cada colecção a definir o tema do ambiente a criar na loja para cada estação,” explica António Cabral Campelo. “Reduzem-se ao mínimo os elementos decorativos, fica apenas a escala e a proporção do contentor e respectivo tratamento de superfícies, com cores baças e mortas para que a cor de cada colecção sobressaia. Num espaço com um desenvolvimento axial e acentuadamente vertical, vazio e nu, destaca-se a roupa nos varões, intencionalmente colocados a uma altura superior ao habitual (e não exactamente funcional) apenas para que a sua presença domine e preencha todo o espaço.”. O espaço estava em ruínas. Não existia chão, não existiam portas nem janelas, apenas o rasto das paredes, ainda com a pedra à vista, e o travejamento dos tectos, que por opção do arquitecto e do estilista se manteve intacto, na sua beleza imperfeita e inacabada.
parecer inacabada”, recorda Cabral Campello. “Um travejamento de madeira visível é algo a que as pessoas estão habituadas e que tem a conotação de estilo ‘rústico’ - já vi classificarem esta obra de ‘um estilo rústico sofisticado’. Para nós esta opção não tem nada que ver nem com rusticidade, nem com sofisticação. Do que mais gostamos naquele tecto foi de ainda lá se encontrarem os barrotes de suporte do tabique do tecto estucado que em
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das dificuldades que gera na integração de infra-estruturas e de, para muitos, a obra lhes
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“Aquele tecto fascinou-nos desde sempre e fizemos tudo para o manter aparente, apesar
tempos lá existiu e da textura que estes produzem na sua sobreposição ao travejamento”. 117
projecto :: design
A orientação dos barrotes, no sentido longitudinal, reforça a continuidade do espaço, que apesar da segmentação programática (loja, escritório e atelier) se resolve com uma extraordinária fluidez. O tecto funciona também como uma metonímia do espaço, ao encarnar a sua essencial verdade, posta a nu, quase esventrada, e o compromisso entre a velha ruína e a inquestionável
“O TECTO, UMA ESPÉCIE DE ESQUELETO DA CONSTRUÇÃO, é um gosto quase romântico pela ruína, é uma empatia estética pelo tosco e inacabado, intencional e que deixa aparentes aspectos construtivos que a sofisticação se esforça por esconder. Este espírito estendeu-se ao desenho dos novos elementos, de desenho contemporâneo mas onde não se esconde qualquer prego ou parafuso, numa espécie de credo a favor da verdade construtiva.”
contemporaneidade. “É uma espécie de esqueleto da construção, é um gosto quase romântico pela ruína, é uma empatia estética pelo tosco e inacabado, intencional e que deixa aparentes aspectos construtivos que a sofisticação se esforça por esconder. Este espírito estendeu-se ao desenho dos novos elementos, de desenho contemporâneo mas onde não se esconde qualquer prego ou parafuso, numa espécie de credo a favor da verdade construtiva.” O espaço lê-se como um plano sequência, onde alguns elementos – como o maravilhoso espelho de cantos arredondados, desenhado pelo arquitecto, e as portas de correr recolhíveis – funcionam como pausa e elo entre loja e atelier, ocultando e deixando ver, num jogo de mostra e esconde. “Não queríamos perder nem a escala dos espaços existentes, nem a leitura da sua sequência. Era necessário criar uma barreira física e opaca entre a loja e o atelier, entre o público e o privado (ou semiprivado). Optamos por o fazer apenas através do volume dos provadores de tal modo que se conseguisse percepcionar todo o espaço.” . O espelho (também ele cru, sem molduras, e de cantos arredondados), colocado ao fundo da loja, serve de separador entre esta e o atelier, mas fá-lo de uma maneira subtil, que “reduz o impacte da divisão física” e cria uma ilusão de óptica, “por ligeiros momentos gera-se uma pequena confusão, não se identifica como um espelho, anula o volume dos provadores parecendo que a loja se prolonga para além destes,” explica Cabral Campello. Para além da loja, onde se distingue um equilíbrio perfeito entre o que existia e o que se acrescentou – “a modernidade para mim, tem pouco que ver com a adesão a determinadas tendências de desenho, é sobretudo uma atitude e uma postura perante as coisas” clarifica o arquitecto- também o antigo pátio da casa, convertido em atelier, prolonga o diálogo entre o velho e o novo. Um vidro gigante cobre o pátio fazendo de clarabóia e inundando o espaço com
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uma luz fresca, ideal para o trabalho que aí se realiza. Foi de novo uma opção do arquitecto, que mais uma vez procurou a verdade construtiva. ”Relativamente ao pátio tínhamos duas opções, ou mantê-lo exterior ou cobri-lo. Vidros e caixilhos iriam cortar a fluidez existente entre os espaços, completam os vãos contrariando a estética da ruína. No pátio, cobrindo, foi simples encerrar o espaço mantendo intocáveis as cantarias de granito (inclusive nem cortámos as antigas dobradiças de avanço ferrugentas que lá estão – fazem parte da ruína). Posteriormente, para o jardim, uns delgados caixilhos de ferro preenchem o espaço entre as colunas de pedra (anteriormente encerrados com paredes), sem perturbar a sua leitura.”e 118
FLUIDO O grande espelho de cantos arredondados, ao fundo da loja, cria uma ilusão de óptica que prolonga o espaço. Ao mesmo tempo serve de separador entre o showroom e o atelier. No tecto, os barrotes de suporte do tabique foram propositadamente deixados à vista, para um efeito cru.
GARBAGE PIN, de vários autores, conceito e curadoria de Ana Cardim
O LIXO É LINDO Transformar o lixo numa jóia é o repto de Garbage Pin, um projecto com curadoria de Ana Cardim que confronta as noções — muito relativas — de valor e desperdício. Noventa artistas contemporâneos foram convidados a reinterpretar o banal saco de lixo, convertendo-o numa jóia-dispositivo. Uma obra aberta ao alcance de todos: com um Kit Garbage Pin podemos criar a nossa própria jóia. E usá-la, em vez de a deitar fora.
UM PIN DE PRATA e um pequeno saco de plástico transparente é tudo quanto precisamos para glorificar o lixo nosso de cada dia e transformá-lo numa jóia absolutamente subjectiva e até catártica. Garbage Pin, um projecto concebido pela designer Ana Cardim, é uma jóia-dispositivo que pode conter tudo aquilo que quisermos (desde que caiba no saquinho) e que normalmente deitaríamos para o lixo. O desperdício transforma-se assim em valor. A jóia afirma-se como um poderoso comunicador social, que faz a ponte entre a esfera íntima e o espaço público. O Garbage Pin pode ser adquirido por 75 euros (o kit contém um pin de prata, um saco de lixo transparente, e um kit de recargas que permite substituir os sacos de cada vez que a jóia é utilizada) e serve de contentor (e expositor) do nosso lixo pessoal. Porque cabe a cada um seleccionar o que (não) deita fora, e não existem regras para o fazer, o Garbage Pin pode ser aquilo que quisermos: um instrumento de catarse onde nos libertamos do nosso lixo interior, um relicário onde depositamos memórias simbólicas que queremos manter por perto através de pequenas metonímias portáteis, um veículo crítico que denuncia problemas da sociedade actual. O saco é transparente, reproduzindo a transparência que se persegue, ao olharmos para nós e para o mundo, revelando o que normalmente se oculta. O projecto arrancou em Janeiro de 2008, quando Ana Cardim lançou o desafio a 90 artistas, para que reflectissem sobre o binómio “valor vs desperdício” na sociedade urbana actual. A todos foram enviados kits Garbage Pin e foi-lhes pedido que usassem a jóia durante cinco
ONDE COMPRAR?
dias, (pre)enchendo-a à sua maneira, sem outras condicionantes que não fossem as dimensões
Garbage Pin está à venda na Loja de Serralves (Porto),
(reduzidas) do objecto. O resultado foi um corpus considerável de sacos de lixo reunido mais
Galeria Tereza Seabra (Lisboa),
da joalharia de autor contemporânea. “Interessava-me estabelecer pontes frutíferas entre a joalharia contemporânea e as demais expressões artísticas”, explica Cardim, que com esta acção procurava que “a partir de uma jóia se pudessem captar distintas subjectividades e gerar discurso crítico em espaço público” e
Antherea (Barcelona), Touch (Los Angeles), Silke&the Gallery (Antuérpia)
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designers de jóias que participaram no projecto, Garbage Pin não se restringiu ao universo
Galeria Articula (Lisboa) e Omlet Design (Lisboa),
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tarde numa exposição itinerante. Por opção de Ana Cardim, e apesar dos conceituados
www.anacardim.com 121
TOTOTO, DESIGN HANNES WETTSTEIN A primeira cadeira para exteriores da Maxdesign é um modelo empilhável e divertido. Atraente e despretensiosa, Tototo reserva uma surpresa: o interior da cadeira é visível através de uma brecha que a torna parcialmente oca, ficando mais leve mas também com mais graça.
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ironia e anticonformismo no design
home&contract pela primeira vez para o mercado portuguĂŞs.
aposta da Fluxograma, que traz o dinamismo e a frescura destas propostas
made in Italy. A jovem empresa de Udine, criada em 2000, ĂŠ a mais recente
A Maxdesign introduz
M A X D E S HUMOR FINO G N
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perfil :: design
X3, DESIGN MARCO MARAN Uma série de cadeiras fruto da experimentação, pesquisa e inovação. Transparentes e coloridas, as cadeiras são fabricadas com uma tecnologia inovadora, a bi-injecção de dois materiais (policarbonato transparente e Desmopan colorido) que se combinam numa só peça.
I’M DREAMING, DESIGN DOMINIC SYMONS O designer partiu de uma imagem da silhueta de uma pessoa recostada, a dormir, para criar I’m Dreaming, “uma cadeira funcional em toda a sua simplicidade imbuída de sensualidade”. Um objecto versátil, pensado para vários espaços (um jardim, um museu, um quarto, de criança) que atrai pela sua forma orgânica e o seu lado lúdico.
UMA ATITUDE IRÓNICA e divertida marca as propostas da Maxdesign, a empresa criada em 2000 por Massimo Martino, com o propósito de “dotar a paisagem de mobiliário
home & contract de uma nova dinâmica e energia criativa”. Menos de uma década depois, e abordando quase exclusivamente as tipologias tradicionais (cadeiras, bancos e mesas), a aposta está ganha. A Maxdesign aliou as mais recentes tecnologias ao talento de uma mão-cheia de designers com muita qualidade (o mais incontornável talvez seja Hannes Wettstein, que assume a art direction da empresa, mas há outros nomes de peso, como o promissor Marco Acerbis) para criar peças pouco convencionais de um
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modo inteligente e subtil. Quer isto dizer que a colecção
124
“A MAXDESIGN ALIOU AS MAIS RECENTES TECNOLOGIAS ao talento de uma mão-cheia de designers com muita qualidade para criar peças pouco convencionais”
da Maxdesign, agora disponível em Portugal através da Fluxograma, é constituída por objectos aparentemente “comuns”, perfeitamente enquadráveis em espaços preexistentes, que no entanto surpreendem através de finíssimos toques de humor, aspectos lúdicos ou marcadamente emocionais. Uma reinterpretação original do espaço contemporâneo onde podemos esperar o inesperado, sem que seja gritante. e
MOVING, DESIGN GABRIELE PEZZINI Um banco nómada, de polietileno e com uma asa de alumínio, para que se possa mudar de sítio facilmente. Disponível em várias cores, como todos os produtos Maxdesign.
KROSS, DESIGN HANNES WETTSTEIN Redonda ou quadrada, Kross é uma mesa ajustável graças a um mecanismo na base. Flexível, funciona tão bem em exteriores como em interiores.
PHAIDON CONTEMPORARY ART IN CULTURE
Edição em paperback de um livro obrigatório para quem gosta de arte contemporânea.
Se já estávamos todos a pensar em verde, agora ainda mais. Como sempre atenta ao
R. KLANTEN, S. EHMANN
Para a criança que há em nós, para profissionais empenhados ou pais babados, para eles, que um dia hão-de governar o mundo, “Play All Day”
Dez comissários, “escolhidos pelos seus
actualizada e levezinha, das práticas de
é uma colecção dos mais vibrantes e estimulantes
conhecimentos, visão e olhar crítico”,
arquitectura sustentável espalhadas pelo
objectos e conceitos de design para crianças
escolheram cada um dez artistas que
mundo, com obras dos grandes, como Tadao
da actualidade. O mundo em que as crianças
representam a “nata” da arte emergente.
Ando e Renzo Piano, e dos mais alternativos,
crescem mudou, e este livro acompanha
Não é só o nome que é sugestivo e fresco. Este
como os Rural Studio. “Green Architecture,
a mudança através de exemplos de brinquedos,
livro-exposição nasce da colaboração estreita
Now”, da responsabilidade de Philip Jodidio,
ambientes, decorações de parede, mobiliário
entre artistas e comissários, que escolheram
tem muitas imagens e a substância que o
e arquitectura de espaços infantis que fazem
as peças mais representativas para incluir no
formato possibilita, isto é, informação sobre
toda a diferença. Para além dos exemplos
livro, acompanhadas por comentários
os arquitectos e sinopses dos projectos.
profusamente ilustrados, “Play All Day” está cheio
e cronologias. Cada artista (e são cem) tem
Uma espécie de repérage, com informação
de ideias e soluções pensadas para que,
quatro páginas para “mostrar o que vale” e os
sintética, que constitui um excelente guia
mãos na massa, pais e filhos possam produzir
comissários deram-se ao trabalho de registar os
para a arquitectura verde de hoje. Depois,
bom design em conjunto, com criatividade
“artistas influência” por detrás de cada expressão
cabe a cada um aprofundar como entender.
e imaginação. De pequenino se torce o pepino.
da arte emergente. Como os seus antecessores
29,99€
44€
futurologia. 49,95€
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PHILIP JODIDIO
GESTALTEN
momento, a Taschen publica uma “overview” ,
(2003) este livro é uma maneira audaz de fazer
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TASCHEN
PLAY ALL DAY
Ou, melhor ainda, da arte que há-de vir.
Cream (1998), Fresh Cream (2000) e Cream 3
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GREEN ARCHITECTURE, NOW!
WWW.GESTALTEN.COM
ICE CREAM
WWW.TASCHEN.COM
WWW.PHAIDON.COM
livros :: media
Expos ... E PROPOMOS ALGUMAS EXPOSIÇÕES QUE NÃO VAI QUERER PERDER.
N O T S O S I L LY S E A S O N Uma retrospectiva dos irmãos Campana no Vitra Design Museum de Weil am Rhein, na Alemanha, é um dos pratos fortes do Verão. Antibodies: The Works of Fernando & Humberto Campana 1989-2009 mostra a colaboração fraternal e criativa daqueles que são provavelmente os designers mais reconhecidos da América Latina. Para além das peças de mobiliário e iluminação produzidas industrialmente, a exposição dá a ver os one-offs criados pelos Campana a partir do seu estúdio de São Paulo, reciclando materiais esquecidos em combinações idiossincráticas e inesperadas. Inesperadas são as encomendas do Design Museum de Londres a 15 criativos de Londres para a exposição Super Contemporary. A ideia é reflectir sobre o espírito do design londrino (presente, passado e futuro) e perceber o que é que Londres tem para atrair tantas cabeças criadoras. Os designers —Ron Arad, Industrial Facility, El Ultimo Grito, Paul Smith, BarberOsgerby e Paul Cocksedge, entre outros —devolvem à cidade a inspiração que esta lhes deu, reinventando a paisagem londrina através do redesign de alguns dos seus ícones, como a cabine telefónica e a paragem de autocarro. No MoMA de Nova Iorque a pergunta é outra: o que foi o Good Design?.
What Was Good Design? MoMA's Message 1944-1956 investiga o papel do museu na definição e disseminação do chamado “Good Design”. Revisitando peças icónicas de Charles e Ray Eames e de Hans Wegner, ao lado de objectos menos óbvios, a exposição deixa claro que o museu é a mensagem. No MUDE, em Lisboa, a mensagem é política. Ombro a Ombro: Retratos Políticos, mostra a construção e desconstrução da imagem dos protagonistas do século XX através de 250 cartazes na sua maioria provenientes do Museu do Design de Zurique, mas com valiosos exemplos nacionais. De Hitler a Obama, passando por Che Guevara e Angela Merkel a primeira temporária do MUDE mostra-nos como os políticos comunicam, mesmo calados. Sem palavras, ficaram os que estiveram na inauguração do novíssimo Musée Magritte, em Bruxelas, quando uma enorme tela com uma reprodução do quadro “L'Empire des Lumières” cobria o edifício onde agora está instalado o museu que reúne a maior colecção de obras do surrealista belga.
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ANTIBODIES, THE WORKS OF FERNANDO AND HUMBERTO CAMPANA, 1989-2000, Vitra Design Museum,
Alemanha, até 28 de Fevereiro de 2010, www.design-museum.de ■
SUPER CONTEMPORARY, DESIGN MUSEUM, Londres, até 4 de Outubro, www.designmuseum.org
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WHAT WAS GOOD DESIGN? MOMA, Nova Iorque, até 30 de Novembro, www.moma.org
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OMBRO A OMBRO: RETRATOS POLÍTICOS, MUDE, Rua Augusta, 24, Lisboa, até 13 de Setembro,
www.mude.pt
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MUSÉE MAGRITTE, BRUXELAS, Bélgica, www.musee-magritte-museum.be
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ARTE ASSINADA Porta do mar, 3.11.09, loja 2, Tel: 218 948 047
CASA COMIGO Av. da Boavista, 2881, loja 1 Porto. Tel: 226 160 789
AFECTO (representante) Rua Eugénio de Castro, 248, sala 144 Porto. Tel: 226 003 727 afecto@iol.pt | www.afectodesign.com
ARTE CASA Rua Guerra Junqueiro, 472 Porto. Tel: 226 069 973
DIMENSÃO Av. da Igreja, 37A. 1700-233 Lisboa Tel. 217 977 604
BASTIDOR Rua do Passeio Alegre, 694 Porto. Tel: 226 197 620
Rua Gonçalo Cristóvão, 86 4000-264 Porto. Tel. 223 322 502 marketing@dimensao-net.com www.dimensao.pt
AREA Amoreiras Shopping Center, Centro Colombo, Cascais Shopping e Norte Shopping Tel: 217 315 350, 217 112 070, 214 606 290, 229 579 500
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B L U E
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D E S I G N
POR ORDEM ALFABÉTICA, O ELENCO DE DESIGNERS QUE PARTICIPAM NESTE NÚMERO
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SNEAK PREVIEW
Espreitamos pelo buraco da fechadura e mostramos-lhe o design que há-de vir. E que muito pouca gente viu.
It's getting better Bom design a baixo custo. Este foi o desafio lançado por Guta Moura Guedes a três ateliers de design industrial — os portugueses Pedrita e Miguel Vieira Baptista e os espanhóis Lagranja — para desenvolverem projectos de mobiliário em kit para a Movelpartes. O resultado é Make it© Better, uma nova linha que pretende mostrar como é possível fazer mais (e melhor), com basicamente o mesmo, explorando o potencial diferenciador do design. Make it© Better é um upgrade da linha Make it©, lançada em 2005 pela Movelpartes, especialistas em mobiliário em kit de aglomerado de madeira. Mas as mais-valias que aqui se acrescentam não são apenas estéticas, para inglês ver. Trata-se de um projecto integrado (ou não fosse Guta Moura Guedes a art director e responsável pelo design estratégico) onde tudo foi (bem) pensado desde o início. O design de comunicação, que neste universo passa também por algo tão essencial quanto a folha de instruções, está a cargo do imaculado atelier RMAC, e foi uma peça-chave na engrenagem. A linha inclui propostas stylish, como a cómoda-aparador dos Pedrita, subtis, como a sapateira understated de Miguel Vieira Baptista, e sólidas, como a secretária do atelier Lagranja. A versão ibérica do faça-você-mesmo não podia chegar em melhor altura. O low-cost nacional nunca esteve tão em alta.
B L U E
D E S I G N
TO BE CONTINUED… ( NO PRÓXIMO NÚMERO DA BLUE DESIGN )
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