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editorial :: blue design
Casting NA ANTECÂMARA DA SEMANA DO DESIGN DE MILÃO, designers, editores e marcas atropelam-se para atrair a atenção e lançar novidades antes dos outros. Como em tudo, umas valem mais a pena que outras. O Salone ainda não começou e já há de tudo: decepções e excitações. Algumas apostas falhadas parecem, à partida, ser erros de casting. Editores que escolhem designers errados para projectos certos e designers que aceitam projectos com os quais não se entendem, nem à partida, nem à chegada. O casting, na sua dupla acepção de molde/moldagem e “escolha certa para um papel” é o tema que emerge deste número. Em relevo: os moldes que Peter Marigold prepara para a série Palindrome, onde gesso e madeira (positivo e negativo) se colam, para escrever uma peça de design que se lê do mesmo modo nos dois sentidos. Mas também o casting acertado de Jaime Hayon para a loja da Fabergé, em Genebra, ou de Philippe Starck para o hotel Pallazina Grassi, em Veneza. Mesmo um olhar retrospectivo não hesita: só eles poderiam ter dado corpo —e alma— a estes projectos. Um casting de luxo, escolhido por Giulio Iacchetti, reinventou o humidificador para acompanhar uma peça de Achille Castiglioni, criada em 1998, e agora reeditada. Neste número mostramos a beleza funcional da Il Coccio Design Edition, que reúne oito designers consagrados (Patricia Urquiola, Alberto Meda, Alfredo Haberli e o português Fernando Brízio, entre outros) para dar um novo estatuto a um objecto corrente: o humidificador. Este elenco de estrelas faz-se acompanhar, nesta edição da blue Design, de dois talentos emergentes que mostram que o design não está em crise, muito pelo contrário: em Nova Iorque, o trio Rich, Brilliant, Willing refresca o panorama norteamericano e em Paris, Constance Guisset põe o design a mexer. São flores que nascem do caos, e parecem ter vindo para ficar. Tanto os americanos como a francesa vestem a pele do “estranho”. Apesar de terem estúdio em Manhattan, nenhum dos rapazes de Rich, Brilliant, Willing, nasceu em Nova Iorque. E Guisset começou bem longe do design, a estudar ciência política.
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O que estas histórias nos dizem é que é possível estar por dentro, sendo (de) fora. Mais do que possível,
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é desejável. Que é uma maneira de entrar nos moldes, saindo.
MADALENA GALAMBA mgalamba@blue.com.pt
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DESIGN
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SUMÁRIO
W W W . R E V I S TA B L U E D E S I G N . B L O G S P O T. C O M D E S I G N B L U E 6
9 BRAND NEW DESIGN As últimas novidades das primeiras marcas.
24 N O E S T Ú D I O de Rich, Brilliant, Willing, os meninos-bonitos do design norte americano, em Manhattan.
34 D E S I G N G U R U : P E T E R M A R I G O L D Man Made Man, o design art sem preconceitos.
46 ENTREVISTA: CONSTANCE GUISSET O ilusionismo de Constance Guisset.
64 P R O J E C T O D E S I G N : A L E S S I Matali Crasset e Martí Guixé assinam projectos para a Alessi.
68 PROJECTO DESIGN: PELE Design de calçado em português.
72 P R O J E C T O D E S I G N : F R O Z E N I N T I M E O (de)gelo de Wieki Somers.
76 PROJECTO DESIGN: IL COCCIO Castiglioni e companhia reinventam o humidificador.
80 P R O J E C T O D E S I G N : M A I S O N M A R T I N MARGIELA Objectos para a casa griffés.
82 PROJECTO DESIGN: EFEITO D Viva o design para a diferença.
56 PROJECTO ARQUITECTURA: VITRAHAUS Herzog & de Meuron fizeram uma casa para a Vitra.
IDEIAS
Espaços privados e públicos que brilham.
106 F E S T I V A L : C A N N E S L I O N S Portugal brilha nos Young Lions.
108 C U L T O : M Ú S I C A O refinamento de Owen Pallett.
84 C A S A C A M P E R B E R L I M
114 S N E A K P R E V I E W
A pegada berlinense da Camper.
Levantamos o véu e descobrimos o design mais fresco.
92 FABERGÉ SALON Uma jóia desenhada por Jaime Hayon.
96 P A L A Z Z I N A G R A S S I
GUIA
110 E X P O S I Ç Õ E S A arte que vem.
111 L I V R O S
A fantasia veneziana de Philippe Starck.
Para folhear o design.
102 HOTEL MANDARIN ORIENTAL
112 M O R A D A S
No Passeig de Gracia, em Barcelona, Patricia Urquiola
Procure e encontre.
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é a rainha.
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ARQUITECTURA & INTERIORES
20 B R A N D N E W A R Q U I T E C T U R A
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OFEREÇA UMA ASSINATURA BLUE DESIGN CONTACTOS PARA ASSINATURAS: Tel.: 214 142 909; Fax: 214 142 951; E-mail: jmtoscano.com@netcabo.pt
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Cheque à ordem de: JMTOSCANO-Comunicação e Marketing Lda Transferência Bancária: N I B 0 0 4 5 4 0 6 0 4 0 1 0 2 9 7 2 0 7 3 1 9 , da Caixa Crédito Agricola
A FORMA SEGUE A EMOÇÃO
BLUE MEDIA Rua Vera Lagoa, n º 12, 1649 - 012 Lisboa, Tel.: 217 203 340 | Fax geral: 217 203 349 | Contribuinte nº 508 420 237 DIRECTOR GERAL Paulo Ferreira | DIRECTORA Madalena Galamba, mgalamba@blue.com.pt DIRECTOR DE ARTE E PROJECTO GRÁFICO BLUE DESIGN Pedro Antunes, pantunes@blue.com.pt | COLABORAM NESTA EDIÇÃO Ricardo Polónio (Fotógrafo) DIRECTOR COMERCIAL Paulo Ferreira, pferreira@blue.com.pt | DEPARTAMENTO DE MARKETING & PUBLICIDADE Maria Reis, mreis@blue.com.pt; Fax publicidade: 217 203 349 MARKETING Designer: Alberto Quintas, aquintas@blue.com.pt | REVISÃO DE TEXTO Elsa Gonçalves | PRÉ-IMPRESSÃO Nuno Barbosa, nbarbosa@blue.com.pt DISTRIBUIÇÃO Logista | IMPRESSÃO União Europeia | DEPÓSITO LEGAL 257664/07; Registado no E.R.C. 125205 | PROPRIEDADE: Paulo dos Reis Ferreira | Tiragem: 20.000 exemplares { INTERDITA A REPRODUÇÃO DE TEXTOS E IMAGENS POR QUAISQUER MEIOS }
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PROJECTO ALMA GÉMEA COR-K / AMORIM CORK COMPOSITES / MATCERAMICA
Amores Perfeitos ALMA GÉMEA RESULTA DA PARCERIA ENTRE a Amorim Cork Composites e a Matcerâmica, empresas que exploram materiais bem portugueses. Quatro designers deram formas e casaram cortiça com faiança, em prol da vida do lar. Cor-k, de Gonçalo Martins, é o serviço de pequeno-almoço ou de lanches volantes, adaptado à vida contemporânea, a refeições fora da mesa. Raquel Castro criou The Whistler, o conjunto de chá inspirado no “Assobiador”, o mais velho sobreiro que se conhece. Se a cortiça envolve a árvore mãe, aqui, abraça a cerâmica num design que lembra a tradicional olaria alentejana. Check-in-out é a expressão de Francisco Vieira Martins, é a viagem dos sabores que pressagia o menu. Potes para ingredientes, tamanhos vários, para usar a nosso bel prazer. O lado romântico da colecção devota-se à arte decorativa, no conjunto Love Affair, peças assinadas por Vera Gomes, o remate que faltava a esta história de amor.
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GRANNY, DE PUDELSKERN PARA A CASAMANIA
Luz de Lã NA SECÇÃO DE ILUMINAÇÃO da italiana Casamania, a novidade de 2010 dá pelo nome de Granny. Cosy, quentinho e apresentado a duas cores e dois tamanhos, o candeiro “avózinha” foi concebido pelo trio maravilha, Pudelskern, os designers da casa especialistas na utilização do espaço. Foi dos cenários alpinos, dos mantos de neve, da paisagem gelada e da necessidade absoluta em manter interiores acolhedores nessas regiões, que a ideia tomou corpo. Das lembranças da infância aparece o tradicional tricot feito à mão, com lã pura proveniente de ovelhas de raça que crescem nos vales tiroleses. Os fios grossos e ásperos, mas que emanam calor, são produzidos artesanalmente por uma empresa familiar no Tirol que lhes aplica um tratamento natural contra a traça e os ácaros. Cheio de vida, Granny carrega na essência a história e a cultura secular das gentes das montanhas, de invernos rigorosos que suportam, do convívio à volta da lareira, de homens que se moldam à natureza e dela retiram as suas infinitas bênçãos. www.casamania.it www.fluxograma.com
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MAKE IT REAL, DE INTERFORMA
Dias Criativos É O PRIMEIRO PORTFOLIODAY organizado em Portugal. Uma iniciativa inédita convocada pela Interforma -cadeia de lojas de mobiliário contemporâneo- que com o programa “Make it Real” lança um desafio aos jovens designers nacionais, convidando-os a apresentarem os seus portfolios (e a aperfeiçoá-los) numa celebração da criatividade. O autor do portfolio vencedor ganhará um estágio na prestigiada marca alemã Hulsta. Organizado em cinco momentos - Portfolioday, Workshop, Conferência, Exposição Itinerante e Estágio- o projecto Make it Real dirige-se a estudantes e recém licenciados. O primeiro passo para fazer do sonho realidade é construir um portfolio e apresentá-lo: no Portfolioday (30 de Junho) as propostas mais criativas serão pré-seleccionadas e passarão à fase seguinte, uma
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entrevista/debate com o júri para “testar” o portfolio. A fase seguinte é um Workshop (2 de Julho), orientado pelo CEO da prestigiada marca alemã Hülsta, onde os 15 melhores portfolios serão analisados e aperfeiçoados. Segue-se uma Conferência (3 de Julho) que integra palestras, debates e apresentação de case-studies, a realizar na loja Interforma de Alfragide, e que reunirá designers e empresas, estando aberta ao público em geral. Os portfolios dos participantes seleccionados para o Workshop participarão numa exposição itinerante pelas lojas Interforma de todo o país que permitirá divulgar o seu trabalho. Para o fim, está reservada a melhor recompensa: um estágio na Alemanha, com a equipa de design da Hulsta, onde durante três meses o vencedor fará da oportunidade uma realidade. Mais informações: www.interformamakeitreal.com.pt. Inscrições até 31 de Maio. 12
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TRE-D, DE CARLO TINTI PARA A CASAMANIA
Boas colheitas VAI SEGURO À SEMANA DO DESIGN DE MILÃO no auge da Primavera, o tempo de cultivo e de
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renovação da terra. É o Tre-D, o mais novo tapete da colecção “Carpet Diem” da Casamania, assinado por Carlo Tinti. De poliéster de alta qualidade, indeformável, e tamanho variável, o Tre-D é uma homenagem às terras agrícolas bem granjeadas, à semente que trará a bonança, à beleza ímpar dos campos cultivados. Para celebrar esse imenso tesouro, Carlo Tinti escolheu cores concordantes, altos e baixos-relevos e a textura dos fios de lã, para evocar a ideia primordial e estimular emoções e memórias. Com Tre-D canta-se um hino à criatividade e lembra-se o respeito pelo ciclos da natureza, tão importantes para regular o nosso ritmo biológico. Porque na sua forma está a geometria da vida, o inevitável sentido da ordem, onde todos somos incluídos e participantes. www.fluxograma.com 14
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COLECÇÃO ESSENCE, DE LUCA NICHETTO PARA A BOSA CERAMICHE / VENINI
Essencial ESSENCE É UMA COLECÇÃO DE JARRAS, recipientes, candelabros e outros pequenos objectos para a casa desenhada por Luca Nichetto, a estrela em ascensão do design italiano. Essence é também uma exposição itinerante que arrancou em Veneza (o berço de Nichetto e das tradições artesanais a que a colecção presta homenagem), passou por Paris e visita, em Abril, a cidade de Londres. Essence é sobretudo a história de um regresso: às origens, aquilo que é irredutível, e à própria infância do designer, marcada pelo fascínio pelo trabalho artesanal do vidro e da cerâmica da região onde nasceu. Feitos à mão, combinando vidro, madeira, cerâmica e metal, estes objectos simbolizam o encontro de duas tradições —a cerâmica da Bosa e o vidro da Venini—num
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ponto incontornavelmente contemporâneo. www.lucanichetto.com
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www.silampos.pt
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SOFA RUCHÉ, DE INGA SEMPÉ PARA A LIGNE ROSET
Acolchoado A DESIGNER INGA SEMPÉ INSPIROU-SE nos bancos de jardim para criar Ruché, o sofá editado no princípio do ano pela Ligne Roset. À rigidez da madeira (na base do sofá), Sempé contrapôs (ou melhor, sobrepôs) a suavidade de uma colcha, espessa e confortável, convidativa, que repousa sobre a estrutura. Apresentado na Feira de Colónia, Ruché foi um hit instantâneo. Existe em diferentes tipologias (dois e três lugares, chaise-longue) e em várias combinações de cores (base neutra, cinzenta, azul ou encarnada e mantas amarelas, cinzentas ou azuis). A nossa preferida: a estrutura encarnada coberta pelo quilt cinzento. www.ingasempe.com
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design :: brand new
VUE, DE YVES BÉHAR/FUSE PROJECT PARA ISSEY MIYAKE
Carpe Diem DA PARCERIA ENTRE Yves Béhar/Fuse Project e a Issey Miyake nasce Vue, um relógio que propõe um novo olhar sobre o tempo. Na realidade, o que esta máquina põe à vista é o mistério —e irrealidade— do tempo, pois o relógio mostra apenas a hora que é, ocultando (através de um círculo) a hora passada e a futura. Clean, exacto, puro e preciso, Vue é um relógio analógico com uma leitura digital, mas parece que não é o primeiro. Na Internet circulam acusações de plágio, e de facto consta que há um objecto muito parecido à venda na loja do MoMA. Ainda assim, será sempre um bom convite para viver o momento.
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www.fuseproject.com
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Conheça-o ao pormenor em www.centrepompidou-metz.fr
CENTRE POMPIDOU, DE SHIGERU BAN
Metz um chapéu chinês ...et voilá! A NOVA CASA DO CENTRE POMPIDOU está em estado de estreia. É só em Maio, na cidade francesa de Metz, mas o edifício já faz parar o trânsito. O arquitecto japonês Shigeru Ban assina o projecto e a inspiração principal tem raiz num típico chapéu chinês que se cruzou com o mestre em Paris. Ban viu a luz e roubou-lhe a alma para dar forma à singular cobertura de madeira, uma malha
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intrincada, que se molda à estrutura hexagonal do edifício em complexas curvas e contracurvas,
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rasgadas aqui e ali para deixar respirar outras secções da construção. Por cima dela, o manto branco de fibra de vidro e teflon, cumpre a impermeabilização e deixa entrar a luz natural de Metz. Pensado para albergar peças de arte com a máxima garantia de preservação, até porque se esperam as melhores colecções artísticas de França, e acarinhado para perpetrar uma filosofia de conforto e bem estar a todos os visitantes, a obra é leve, luminosa e reparte três galerias pelos seus 8000m2 de área coberta, além de terraços, fórum, restaurantes e jardins.
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SERPENTINE GALLERY PAVILION 2010, DE JEAN NOUVEL
Verão Vermelho VERMELHO, COMO UMA CABINE TELEFÓNICA, um autocarro ou um marco de correio da cidade de Londres. É o décimo pavilhão da Serpentine Gallery, a assinalar o 40º aniversário da galeria londrina, e foi oficialmente entregue ao arquitecto francês Jean Nouvel. A partir de cinco de Julho e até 20 de Outubro, uma estrutura de metal, pintada de vermelho, ocupará o parque, contrastando com o verde da paisagem. O projecto de Nouvel é feito de contrastes, entre o vermelho e verde, mas também entre a pesada estrutura de geometria arrojada e os materiais leves, como o vidro, o policarbonato e os tecidos, usados para criar um “sistema versátil de espaços interiores e exteriores”. O pavilhão acolherá, como de costume, parte da programação de Verão da Serpentine, com destaque para a instalação de Christian Boltanski, Heartbeat, onde os visitantes são convidados a gravar os batimentos do coração contribuindo para um arquivo.
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www.serpentinegallery.org
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arquitectura :: brand new
TRIENAL DE ARQUITECTURA DE LISBOA
“Falemos de Casas” VEM AÍ A SEGUNDA TRIENAL de Arquitectura de Lisboa, entre 14 de Outubro de 2010 e 16 de Janeiro de
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2011. A organização está em marcha e as atenções recaem agora sobre um interessante concurso de ideias que, em colaboração com a Trienal de Luanda, enceta a abordagem ao tema central do evento. “A House in Luanda: Patio and Pavillion” desafia arquitectos nacionais e estrangeiros a conceberem uma habitação unifamiliar de construção barata para a capital de Angola. Uma casa que se adapte às condições culturais, económicas e sociais de uma cidade super populada e em intensa transformação, aliás, a caminho de se tornar a grande metrópole africana. Os projectos podem ser entregues até 3 de Maio de 2010 e o regulamento com todos os pormenores e condições está disponível em www.trienaldelisboa.com 22
NEUE MONTE ROSA HUTTE DE STUDIO MONTE ROSA
Reluzente DE MADEIRA E ALUMINIO a nova cabana do Monte Rosa (Neue Monte Rosa Hutte), na Suíça, é um habitante inesperado da paisagem montanhosa. E precisamente por isso, enquadra-se no lugar como se tivesse nascido ali. É um projecto conjunto dos arquitectos Bearth & Deplazes e dos alunos de arquitectura e construção do Instituto Técnico de Zurique (ETH Zurich), que celebra 150 anos. Os interiores de madeira clara, do mais natural e básico que se pode imaginar, contrastam com a pele espelhada, de alumínio, que cobre esta cabana lapidada com um diamante. Mas a cabana, que substitui uma construção do século XIX, entretanto demolida, e que funciona como uma espécie de pousada, não brilha apenas pela arquitectura. A sua faceta ecológica—gera 90% da energia que consome— é igualmente deslumbrante.
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© ETH Zurich - Studio Monte Rosa / Tonatiuh Ambrosetti.
www.neuemonterosahuette.ch
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A SORTE É DOS AUDAZES
RICH BRILLIANT WILLING São do melhor sangue novo do design norte americano. Membros orgulhosos da nova onda, que resistem à crise traçando o seu próprio caminho. São três rapazes de fora, com um estúdio no sul de Manhattan. Chamam-se Rich Brilliant Willing e o seu design impressiona com o brilho —e a nitidez—dos diamantes. ENTREVISTA MADALENA GALAMBA IMAGENS RICH, BRILLIANT, WILLING
TUDO BONS RAPAZES. Ricos, espertos, e cheios de (boa) vontade. Valente vontade se pensarmos que abriram o negócio na antecâmara da crise, e não só resistem, mas prosperam. São Theo Richardson, Charles Brill e Alex Williams, antigos estudantes da prestigiada Rhode Island School of Design (RISD) que decidiram abrir um estúdio em Manhattan. O seu design, marcado pelos materiais, as cores vistosas e as estruturas articuladas, mecânicas, como engenhocas com estilo, é definitivamente deste tempo. Acabam de mudar-se para o renascido sul da ilha, a poucos quarteirões do New Museum. Em boa verdade, basta olhar para a pinta dos meninos para perceber que os objectos que fazem não poderiam ter nascido em mais nenhum lugar do mundo a não ser ali. Desde que apresentaram o candeeiro Excel (o nome é mesmo uma referência a uma folha do conhecido processador de dados) que estão na mira dos media. Pelas melhores razões. Uma das suas criações, a mesa Matrioska, foi um dos objectos seleccionados para a capa do T, o exclusivo suplemento de “estilo e design” do The New York Times. Lá está ela, na capa, reluzente e vibrante, numa pose teatral, ladeando com a naturalidade e a evidência de um clássico, um banco Mezzaadro. Qualquer coisa lhes fica bem. Têm boa imprensa (nenhum jornalista resiste ao appeal do nome, “Rich, Brilliant, Willing” construído a partir dos apelidos dos três sócios) mas mais do que isso: têm boas ideias. Por isso, para além dos projectos experimentais e feitos à medida, vão construindo um interessante portfólio de clientes, que inclui a Areaware, a cadeia Urban Outfitters (para quem desenharam displays para as lojas e também um saco) e a Artecnica.
ANTES
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Conheceram-se na RISD e depois vieram
”O DESIGN DE RICH, BRILLIANT, WILLING, MARCADO PELOS MATERIAIS, AS CORES VISTOSAS
para Nova Iorque para abrir o estúdio.
e as estruturas articuladas, mecânicas,
Quando é que o estúdio RBW foi
Mas como muitos nova-iorquinos, vocês não são de Manhattan, pois não? Onde é que nasceram? O Theo Richardson nasceu em Toronto, Canadá. O Charles Brill em Minneapolis, Minesotta e o Alex Williams em Booth Bay, Maine.
oficialmente criado?
é definitivamente deste tempo ”
Em Janeiro/Feveiro de 2007. E quem é que teve a ideia do nome? (Theo)Fui eu que tive a ideia do nome, logo ao princípio. Sugeri-o e ficava bem, gostámos dele e ficou.
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design :: no estúdio
”TEMOS PERSONALIDADES DIFERENTES E DIFERENTES HABILIDADES. AGORA
Um de nós explicitamente adora os
A que é que se assemelha o vosso estúdio? Vocês chamam-lhe laboratório... Agora tem dois espaços, um é um espaço de projecto, com computadores, etc., e o outro é a zona de construção. Temos imensas ferramentas, livros, e não
materiais, outro tem uma paleta de cor pouco convencional e o terceiro é um inventor. ”
sobra muito espaço. Antes trabalhávamos numa cave: tinhamos mais espaço, mas não tinhamos janelas. Cada novo atelier é muito parecido com o anterior. Os conteúdos limitam-se a ser transportados de um lugar para o outro.
>>>
Li que para vocês o modo artesanal Que tipo de música ouvem
não é suficiente. Muitos dos vossos
enquanto trabalham?
projectos estão a ser produzidos.
Pomos álbuns inteiros no iTunes, também ouvimos
Acreditam que a produção (em massa)
bandas sonoras e às vezes rádio online, como a East
é uma parte essencial do design?
Village Radio.
A produção em massa é muitas vezes um objectivo. E o facto que o nosso trabalho entre em produção
Que livros/revistas estão em cima
é uma maneira muito emocionante de atingir esse
das vossas mesas?
objectivo. Mas isso não quer dizer que todo o nosso
Muitas revistas, sobretudo de design. Uma delas é a
trabalho tenha essa intenção. Algumas coisas
“DEMO", uma pequena publicação de design que
simplesmente não encaixam no modelo da produção
fazemos com alguns amigos, entre os quais o designer
em série por várias razões.
gráfico Alex Lin do Studio Lin. É uma espécie de Na Europa sente-se que alguma coisa
fanzine, fotocopiada, mas bastante bonita.
(boa) está a passar-se no design Americano. O que é que almoçaram hoje?
Sentem-se parte desta “onda”?
Nós trazemos a comida de fora. No típico brown-bag.
Qual é o vosso contributo? Obrigado! Acho que o nosso contributo é traçar o nosso
Como é que Manhattan vos inspira?
próprio caminho, estamos a alargar a nossa maneira de
É uma grande comunidade de pessoas.
pensar, o nosso vocabulário e o nosso trabalho. Estamos contentes.
DESIGN
“uma só voz”. Mas cada um deve dar uma
quanto designers”. O que sentem
coisa diferente ao grupo, não?
em relação ao “design-art”?
Temos personalidades diferentes e diferentes
Realmente nós não participamos na cena design art.
habilidades. Costumamos dizer que um de nós
Alguns designers sentem que é uma ameaça para o seu
explicitamente adora os materiais, outro tem uma paleta
trabalho, ao que parece. Parece-me que a única
de cor pouco convencional e um olho para as formas
diferença é que hoje as pessoas dão valor a experiências
escultóricas, e o terceiro é um inventor, que traz
feitas por ateliers que talvez pudessem acontecer no
espontaneidade e uma energia teatral ao nosso trabalho.
passado, mas que nunca seriam vendáveis no mercado. >>>
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Consideram-se “tão artistas
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Três designers que trabalham como
Preferimos manter o mistério acerca de quem faz o quê. 29
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design :: no estĂşdio
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Materiais, cor, teatralidade. O vosso trabalho parece ser uma combinação excitante e inovadora de coisas familiares. Como é que descreveriam o vosso design? Às vezes acrescentamos em vez de retirar. Há muitos designers que optam pela atitude de reduzir, retirar. Nós preferimos pensar em acrescentar pedaços. Às vezes podem ser apenas dois materiais, o resultado continua a ser “simples”, mas a ideia é que às vezes fazemos as coisas ao contrário, intencionalmente, só para ver o que acontece. Qual é o ponto de partida para um projecto? Normalmente é um esquisso ou um brief. Podemos estar a falar de um candeeiro de mesa com um certo preso, ou um candeeiro de tecto num dado material. Mas normalmente combinamos duas directrizes para manter o ponto de partida “controlado” de alguma maneira. Os constrangimentos são necessários à criatividade? Na minha modesta opinião, os constrangimentos são o que faz que os designers pensem da maneira que pensam. Três qualidades presentes num bom objecto? Acho que só precisa de uma qualidade: precisa de ter um ponto de vista. Um rádio do Dieter Rams e uma jarra do Gaetano Pesce são bons objectos e têm pouco em comum. A não ser o facto de ambos articularem a lógica própria do objecto ou o seu pinto de visto. Qual foi o vosso maior fracasso até agora? É uma pergunta difícil... o tempo o dirá. E o vosso projecto de sonho?
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”ÁS VEZES ACRESCENTAMOS EM VEZ DE RETIRAR.
Sei que nos divertiríamos muito a desenhar um hotel, espaços públicos, interiores, salas de jantar... Onde é que se vêem, daqui a a dez anos? Não tenho bem a certeza...
Há muitos designers que optam pela atitude de reduzir, retirar. Nós preferimos pensar em acrescentar pedaços. ”
Que projectos vos têm ocupado ultimamente? Começámos a trabalhar com a Artecnica num projecto muito especial, e muito ambicioso para nós, estamos a usar um material novo. As coisas estão a ficar excitantes. e www.richbrilliantwilling.com
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design :: guru
PETER MARIGOLD MAN MADE MAN
Começou por fazer escultura mas fartou-se da escultura. Começou por trabalhar com pedaços toscos de madeira mas fartou-se dos pedaços toscos de madeira. Só não se farta de fazer design, em discurso directo e livre. As suas peças são o que são: claras, simples, puras. Mas quando menos esperamos desatam a brincar.
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E por isso é um dos mais originais e respeitados
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nomes do novo Brit Design. ENTREVISTA MADALENA GALAMBA IMAGENS CORTESIA PETER MARIGOLD
TATTARRATTAT Positivo e negativo na série Palindrome. Ao lado, a fotografia de grupo.
PETER MARIGOLD (1975), um dos nomes mais reputados da nova geração do Brit Design, nomeado “Designer of the Future” pela Design Miami, e um dos eleitos do galerista Murray Moss, já vendeu cocos na praia de Ipanema. Teria vinte e poucos anos, partira para o Rio para fugir de um desgosto de amor, e em vez de vender água de coco, coleccionava cocos velhos, tirava-lhes a casca e punha rádios e ventoinhas lá dentro. Depois vendia-os na praia, aos turistas encalorados. Mais adequado ao seu perfil de escultor. Ou engenheiro. Ou designer, que é o que actualmente é (ou sempre foi). Descobri esta história do Rio porque Marigold decidiu responder aos meus e-mails solicitando uma entrevista com vocábulos em português. Achei que sabia algumas palavras, e estava só a ser simpático. Mas insistia. “Oi”, “Obrigado”. Eu, preocupada em marcar a entrevista, não ligava muito. Até que chega o dia e fazemos a entrevista no Skype. Marigold acabava de chegar de uma residência artística na Noruega. A comunicação não está fácil. É entrecortada, aos
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solavancos. A certa altura, Peter Marigold sugere:
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”QUANDO ESTOU NO ESTÚDIO FAÇO EXPERIÊNCIAS,
“Quer que eu faça as perguntas a mim próprio?”.
e se encontro alguma coisa interessante
Por acaso até quero. E então Marigold conta a história
do ponto de vista da física, ou visualmente interessante, é difícil não brincar à volta dela. ”
A conversa segue, exactamente pelos sítios onde Marigold a quer levar, e quando termino as perguntas e agradeço, diz-me “Então não quer saber onde aprendi o meu português?”. Imperdoável desatenção a minha. do Rio e dos cocos. Hoje, de regresso a Londres, vive perto de Hampstead Heath (o mesmo parque que inspirou Keats e outros poetas românticos), onde recolhe pedaços toscos de madeira, com a companheira Orly e um caracol gigante. Não sou eu que o digo. É Marigold.
FLAUNA
”PARA MIM NÃO HÁ DIFERENÇA ENTRE A NATUREZA E O RESTO DO MUNDO TAL COMO o vivencio.
entrevista :: design
Por exemplo, não vejo grande diferença entre ir a um flea market e dar um passeio na floresta. ”
Apesar de ter começado como escultor,
com aquilo que realmente queria ser. Tornei-me escultor
li que já não lhe interessava muito a
basicamente porque um professor me disse que devia
escultura... Não deve ser tão simples quanto
fazer escultura (risos).
isto, mas é de facto assim? Não é tão simples, mas é verdade. Quando entrei para o
É interessante porque apesar de se ter
Royal College of Art ainda estava a fazer escultura. Não é
voltado para o design, há um lado muito
que não me interesse, mas cheguei à conclusão que não
ligado a um certo tipo de escultura no seu
me parece que a escultura tenha um lugar muito
trabalho de design. O lado do escultor como
importante no mundo (fala devagarinho, reticente,
engenheiro, preocupado com o peso, o
como se lhe custasse dizer o que diz). Toda a gente
equilíbrio, as leis da física...
gosta de arte e desfruta com a arte, mas não há muitas
Acabei de dar uma conferência na Suíça sobre o tema
pessoas que paguem pela arte e isso reflecte a
“Arte ou Design”, e dei o exemplo de um poste de
verdadeira importância da arte para a maior parte da
electricidade, que pode parecer-nos muito bonito. O
sociedade. Embora eu gostasse muito de fazer escultura
Homem tem esta atracção por objectos de engenharia.
e embora tenha feito muitas exposições, fiquei um
Aliás, há uma teoria sobre o autismo que o associa a
bocado desiludido com o facto de não ganhar dinheiro
uma forma extrema de masculinidade, como se
com a escultura! Mas por outro lado, a escultura não era
estivessem no fim do espectro da masculinidade.
uma coisa natural em mim. Em criança, queria mesmo
E talvez seja por isso que as crianças autistas se
ser um designer de produto.
relacionam mais com objectos... Creio que há paralelos entre a apreciação do mundo natural e a apreciação de
Já sabia isso?
um mundo construído, engenhado, mecânico. O seu trabalho é muito simples
embalagens de comida, coisas de plástico. Nessa altura,
e puro e natural, mas ao mesmo tempo está
a minha mãe arranjou-me uma alcunha.
cheio destas brincadeiras mecânicas...
Eu era o “posso-ficar-com-isso-quando-estiver-vazio”
Sim, claro. Não estou a tentar ser interessante,
(“can I have it when it's empty?”).
simplesmente acontece. Quando estou no estúdio, faço
Sempre que abordava um grupo de adultos perguntava
experiências, e se encontro alguma coisa interessante
a mesma coisa. Não sabia que queria ser designer de
do ponto de vista da física, ou visualmente interessante,
produto, mas já estava lá. E depois, mais tarde, um
é dificil não brincar à volta dela. Realmente espero que o
pouco mais crescido, passava a vida a fazer construções,
meu trabalho tenha essa leveza. A intenção não é olhar
e colecções de objectos. Naturais, feitos pelo homem.
muito profundamente para as coisas. É sobre a minha
Por isso a transição da escultura para o design é mais
experiência enquanto estou por aqui, por isso deve
uma maneira de voltar às origens, de me reencontrar
ser bastante simples e lúdico.
B L U E
obcecado por embalagens, adorava brincar com
D E S I G N
Desde muito pequenino, com três ou quatro anos, era
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design :: guru
Há outra ideia muito presente no seu
”NÃO TENHO UM CÉREBRO-MONUMENTO. TENHO UMA PERSONALIDADE
trabalho, a ideia de mudança, movimento,
muito flutuante, com ideias e crenças
transição, de coisas que não estão lá sempre, ou sempre da mesma maneira. São uma
em conflito. As peças instáveis
espécie de objectos nómadas, feitos para
que faço vêm daí, provavelmente. ”
espaços nómadas... Sim, sem dúvida. Quando fazia escultura, fazia sobretudo objectos cinéticos, fazia esculturas com movimentos ou usava projecções que mudavam constantemente. De maneira que quando fui para o
estavam fizeram peças muito rústicas, e eu tive um
Royal College queria mesmo afastar-me de tudo isso...
pouco uma reacção a isso. Não queria fazer mobiliário com um aspecto rústico. O que fiz nos últimos dois
Mas não conseguiu, pois não?
meses, apesar de ser em madeira, é um trabalho com
Pois... Tenho esta espécie de visão sobre o meu futuro
um ar muito técnico. São peças leves, mas parecem
onde me vejo a fazer coisas muito monumentais, com
pesadas, com muita engenharia. Tento não ser muito
muita permanência. Basicamente, quanto mais uma
romântico em relação à madeira.
coisa de mexe, mais se deteriora. Mas é lógico que tudo o que fazemos reflecte ou diz algo sobre nós, e o facto de
Já pensou em trabalhar com outros
fazer coisas que mudam diz muito sobre o modo como o
materiais? Há peças em que fez isso,
meu cérebro funciona. Não tenho um cérebro-
como a estante modular Make/Shift.
monumento, tenho uma personalidade muito flutuante,
Quando fazia cenografia, por exemplo, trabalhava com
com ideias e crenças em conflito. As peças instáveis que
vários materiais. Aquilo que me interessa são as formas,
faço vêm daí, provavelmente.
não tanto os materiais. E a madeira é uma maneira muito simples e rápida de chegar às formas.
B L U E
D E S I G N
E o que diz sobre o lado tosco e a presença
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da Natureza no seu trabalho?
A série Palindrome começou por
Para mim não há diferença entre a Natureza e o resto do
ser uma encomenda da Design Miami.
mundo tal como o vivencio. Por exemplo, não vejo
O brief era fazer peças usando gesso
grande diferença entre ir a um flea market e dar um
e espelhos, mas acabou por não usar
passeio na floresta. Seja um material orgânico ou feito
espelhos físicos. O espelho em Palindrome
pelo homem, vejo o mundo como uma série de formas.
é apenas uma ideia, de uma palavra-móvel
Não gosto muito da associação que se faz do meu
que se lê da mesma maneira
trabalho com materiais naturais.
nos dois sentidos...
Para mim isso é problemático porque não me sinto
Sim, o espelho é uma ideia. Comecei por fazer uma série
especificamente interessado em materiais naturais.
com espelhos antigos encontrados em feiras em
Simplesmente, a madeira é um material muito fácil de
Londres, e depois juntava-lhes uma peça de gesso, cujas
trabalhar e muito fácil de conseguir. Estou um bocado
formas, reflectidas simetricamente, se assemelhavam a
farto de trabalhar a madeira mais natural, aqueles
uma criatura viva. Pensava em como nos sentimos
ramos com formas muito orgânicas...
atraídos por estas estranhas simetrias e pensei em fazer mobiliário que servisse de complemento a estes
Então?
espelhos. E comecei a desenvolver esta ideia de objecto
É engraçado porque estive na Noruega nos últimos dois
simétrico e puro. Agora estou a trabalhar numa peça,
meses, numa residência artística, e fica numa floresta,
porque pediram-me uma para uma exposição
cheia de árvores. E quase todas as pessoas que lá
e já não tenho nenhuma comigo.
NEUROTIC BOX LEGS
SPLIT BOX Das galerias para casa.
A pergunta é inevitável, sobretudo para um designer tão à vontade com a arte. Onde é que se situa? Já não penso muito nisso. (longa pausa). Desde pequenino que pensava em ser designer, e mesmo quando comecei a fazer escultura, e a apresentar-me como um “artista”, no fundo acho que me sentia como um designer. Não sei se interessa a quem é que vendes o teu trabalho. Acho que as pessoas que coleccionam, que sempre compraram mobiliário, nem sempre era mobiliário produzido industrialmente. Era o trabalho de designers-makers. Já alguma vez sentiu o apelo da indústria? Muitos designers não se importam com isso... Honestamente, não me preocupo muito com isso. Os dois caminhos parecem-me divertidos. Estou interessado em produzir as minhas ideias, divertirme com elas e ganhar dinheiro! Sobreviver. Como artista, não consegues sobreviver. A ideia que a produção em massa é mais nobre que o resto parece-me muito suspeita. A parte interessante do design industrial são as limitações, os constrangimentos da indústria. A parte aborrecida é não te pagarem pelo trabalho que fazes. O mesmo se passa na arte. Muitos artistas trabalham de graça, e isso tem um efeito na própria obra. Porque o trabalho está subvalorizado. O mesmo
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D E S I G N
acontece no design. Há designers que fazem todo o
”A IDEIA QUE A PRODUÇÃO EM MASSA É MAIS NOBRE QUE O RESTO parece-me suspeita. A parte interessante do design industrial são as limitações, os constrangimentos da indústria ”
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trabalho, dão as ideias, e não são pagos. Quando trabalho com clientes privados, há uma relação muito mais directa, consigo controlar tudo muito mais, o trabalho que faço e o objecto que o comprador recebe. Mas há designers industriais que conseguem controlar todo o processo... Eu não sou um designer industrial. Eu faço as minhas peças. Começo por fazer um desenho. Depois começo a trabalhar com o material, a fazer o objecto. Eu não gosto de maquetes. Gosto de trabalhar directamente.
INDUSTRIAL Make/Shift, um dos raros projectos de Marigold produzidos industrialmente. Estantes modulares para espaços apertados. Na página ao lado, o processo de (des)construção da mesa Ellipse.
design :: guru
Sou uma pessoa desconfiada, e quando vejo um objecto gosto que seja o que é, e não uma representação de uma outra coisa. As minhas peças mais recentes têm muito a ver com o processo, e suas proporções derivam das proporções da madeira que recebo. As proporções nascem à medida que o objecto nasce. Cada bocado de material diz-me que forma quer ser... O que tem muito a ver com a escultura, outra vez... Sim. Há uma confusão muito frustrante em torno do que é a arte. Quando as crianças fazem objectos a partir de “lixo” fazem representações do mundo, dos objectos, das pessoas, das coisas. Mas quando vais para uma escola de arte parece que sentes a pressão de que tens de fazer “arte”. E perde-se a ligação... Parece-me que o que fazemos como designers está muito mais perto do que a arte é para os humanos, do que a própria arte... Comecei a fazer mobiliário porque me interessam as formas, e queria jogar com isso no estúdio. É um instinto artístico. Há muitos objectos no mundo, o que é que o seu trabalho acrescenta? (Começa com uma pausa). Não percebo porque é que os designers industriais de uma forma geral têm esta hostilidade em relação aquilo que chamamos de “design art”, como se o mundo precisasse de mais design (industrial)! Para mim, a produção industrial é altamente questionável. Provavelmente mais do que qualquer outra força de consumo no planeta, a ideia de que o design deve fazer coisas novas é muito questionável. Por alguma razão, um designer industrial que trabalha com a indústria é visto como alguém que tem uma profissão nobre. Mas eu não acho que seja assim, de todo. Não somos médicos! Muitos designers defendem o “design
Em contrapartida, se um designer decide trabalhar só com galerias e vender as suas peças por milhares e milhares de libras, o que é que isso importa? Não representa um problema para o mundo... e http://www.petermarigold.com
Peter Marigold está a trabalhar na série Man Made, com as peças que realizou na Noruega. Serão apresentadas numa exposição conjunta em Milão.
”MUITOS DESIGNERS DEFENDEM O ‘DESIGN DEMOCRÁTICO’. É UMA TRETA. O que eles querem, no fundo, é povoar o mundo com as suas peças ”
B L U E
é povoar o mundo com as suas peças...
D E S I G N
democrático”. É uma treta. O que eles querem, no fundo,
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MEZZANINE
NO TRAPÉZIO DE
Constance Guisset Por detrás desta menina de ar bem comportado está uma das mais sonhadoras e inspiradas designers francesas. Chama-se Constance Guisset e já fez de tudo, embora não o clássico. Estudou ciência política, jogou andebol à séria e trabalhou com os irmãos Bouroullec, mas com os “mestres” não fez design. Agora, é com design —cinético, ilusionista, poético— que preenche os seus dias. E o nosso imaginário cada vez mais real. ENTREVISTA MADALENA GALAMBA FOTOS: FELIPE RIBON, CONSTANCE GUISSET E PHILIPPE LÉVY
FUNAMBULE
LE FUNAMBULE, Vertigo, Duplex, Dancing Chair, Tri3. Os nomes que Constance Guisset escolhe para os seus projectos são ao mesmo tempo evidentes e misteriosos. Transparentes, remetem necessariamente para algo que vemos, que está lá, flagrante, presente. Mas também escondem surpresas, apontam para coisas que não estão à vista, que não são imediatas, segundos sentidos, ou terceiros, coisas que não estão lá, pelo menos completamente. Depois dos nomes, os objectos. Que nos falam de mecânica e ilusionismo. Que se movimentam e rodopiam e giram. Quase hipnóticos, mágicos, e reais. Que nos transportam para outros lugares: o circo? Um sonho? O percurso de Guisset no design não é fulminante. É, como ela própria afirma sem que a expressão tenha nada de negativo, “sinuoso”. Simplesmente, Guisset escolheu um caminho cheio de curvas, pausas, desvios —ou não tanto— e hoje, apenas três anos depois de ter concluído a sua formação nos Ateliers da ENSCI, é uma das mais fortes promessas do design gaulês. Guisset venceu o prémio do público no Design Parade de 2008, o Grand Prix du Design de la Ville de Paris em 2007, na categoria debutantes, e levou projectos seus à Bienal de Design de Saint Etienne e ao Salone, em Milão, com a VIA. Na última edição da Maison & Objet, Guisset foi um dos 10 criadores do ano, escolhidos para representar o futuro, no ano em que a secção now!
Design à vivre celebrava dez anos. “SEMPRE GOSTEI MUITO DE BRICOLER.
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Aliás, enquanto estudava ciência política, um dia por
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”TUDO O QUE TEM QUE VER COM O UNIVERSO DA MECÂNICA, A ILUSÃO, O MOVIMENTO,
semana ia ter aulas numa oficina de marcenaria.” Os
é à partida, interessante para Guisset”
Hoje o design está definitivamente no centro do centro.
primeiros passos no design foram acontecendo, sem grandes preparativos: “Depois de estudar, quando comecei a trabalhar, percebi que já não tinha tempo para fazer aquilo de que gostava. E ao mesmo tempo, sentia que já não estava a aprender nada. Então decidi pôr a criação realmente no centro da minha vida”.
Guisset, com alguns projectos em produção (como o candeeiro-cabana Vertigo, editado pela Petite Friture) muitos projectos ainda à espera de encontrar editor que os produza, diz claramente: “Não faço design pelo
design :: guru
TRIAGEM
Tri 3 Um caixote de lixo com trĂŞs pedais que abrem diferentes compartimentos para fazer a triagem do lixo.
ILIUSIONISTA
Duplex Um aquário sobreposto a uma gaiola provoca um encontro entre um pássaro e um peixe. Ao lado, Fiat Lux, um candeeiro que se acende ao aproximar um interruptor móvel, uma pequena esfera que levita à volta do globo principal.
design. Quero ver as coisas”. E obra feita, já tem. Como os interiores do Instituto Francês de Ankara, na Turquia, um projecto maçiço, onde Constance desenhou 20 objectos diferentes, modulares, em madeira e metal, para a cafetaria/bar/biblioteca do espaço. “Fiz um curso no ENSCI. Normalmente, as pessoas que têm um percurso estranho, fora do habitual, são bem recebidas. Foi o meu caso. Lancei-me”. O “percurso estranho” de Guisset inclui um curso de ciências-políticas (que é um dos cursos mais credenciados e de difícil acesso em França), um passagem pela Índia e outra pelo Japão, onde trabalhou como assistente do ministro dos negócios estrangeiros. EM 2003, COMEÇA A ESTUDAR DESIGN. E é nesse ano que encontra um trabalho no atelier dos irmãos Bouroullec, onde basicamente “tratava da papelada”. Nunca será a pupila dos irmãos. Nunca faz design. Mas mantém os olhos bem abertos, os ouvidos atentos. Com os Bouroullec, conta, aprendeu “uma forma de paciência em relação ao projecto. Aprendi a esperar e a interrogar-me muito. E também aprendi a olhar. A treinar um olhar que perscruta, que vai até ao mais ínfimo detalhe” Sempre inquieta, com uma energia transbordante apesar da aparente fragilidade do seu ar, Constance Guisset faz cenografia (como o trabalho para o bailado Le Funambule, de Angelin Preljocaj a partir de um texto
explora, num suporte particularmente propenso para o efeito —a imagem em movimento— as propriedades cinéticas dos objectos que desenha. “Gosto muito mais de objectos em movimento do que de objectos estáticos” surge como uma confissão óbvia “Tenho medo
”A POESIA VAI MAIS LONGE QUE A NARRAÇÃO. A evocação de uma coisa leva-nos mais longe, para fora daqui. É a evocação,
do aborrecimento”. Tudo o que tem que ver com o universo da mecânica, a ilusão, o movimento, as engrenagens, a fluidez, é, à partida, interessante para Guisset. São esses motivos que emergem no seu trabalho, deliciosamente inquieto, que ao mesmo tempo se mexe e mexe com quem o observa. >>>
não a narração, que me interessa. ”
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ensaios visuais sobre os seus projectos onde Guisset
B L U E
de Jean Genet) design e também filmes. São pequenos
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EQUILIBRISTA
Funambule Este conjunto de talheres em equilĂbrio forma um stabile que se monta em poucos segundos.
SONHADOR
design :: guru
Dancing Chair Uma cadeira de baloiรงo para os dias de hoje,
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apresentada em Milรฃo em 2009.
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design :: guru
>>>
Depois existe a dimensão narrativa do design de Guisset, embora mais do que contar histórias os objectos pareçam dizer poesia. “Em relação à narração, pareceme que a poesia vai mais longe” adianta Guisset “É mais do que contar uma história. A evocação de uma coisa leva-nos mais longe, para fora daqui. É a evocação, e não a narração, que me interessa”. DA POESIA À ARTE, Guisset desliza num passo leve e sorridente. Cita um dos seus artistas preferidos, Robert Filliou, e fala do vaivém entre a arte e a vida. “A vida é mais interessante que a arte? Mas voltamos sempre a uma ou a outra”. Então e onde se situa? “Modestamente, sou designer”, declara sem hesitar. “Tenho a impressão de que é preciso insistir na dimensão artística do design. Não me identifico com a postura séria e ortodoxa de alguns designers que dizem que nesta profissão não somos artistas. Os meus filmes têm a “gratuidade” da arte. Às vezes faço projectos mais abstractos. O design para mim é sempre um campo artístico, só que mais complicado”. Para uma especialista em sonhos, fazedora de peças oníricas (o pássaro que conversa com o peixe, numa gaiola quase aberta, os talheres equilibristas), o projecto de sonho ainda está por chegar. Sem aviso. “O meu projecto de sonho é imprevisto e inesperado. Assim como um presente de que não estamos à espera”. A inspiração: Bruno Munari, que Constance Guisset admira por muitas razões, incluindo a diversidade do seu trabalho. “Adoraria fazer livros para crianças” sorri Guisset. Depois faz uma pausa, pensa “É que eu sou um
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pouco ‘pau para toda a obra’”. E é mesmo. Como a
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figura do trapezista que tantas vezes aparece no seu trabalho, Guisset avança com passinhos pequeninos, tímidos, mas seguros. E faz malabarismo, com o design, a arte, o cinema. É uma equilibrista. Olhos postos no tecto da tenda de circo, cá de baixo, aplaudimos. E esperamos pelo salto final. e www.constanceguisset.com
CINĂ&#x2030;TICO
Vertigo Um candeeiro-cabana que sugere um momento de intimidade. A sua ligeireza fĂĄ-lo movimentar-se ao sabor das correntes de ar.
VITRAHAUS HOME VITRA HOME D E H E R Z O G & D E M E U R O N PA R A A V I T R A , W E I L A M R H E I N
Uma forma típica e simples,
a casa com telhado de duas águas, foi a unidade escolhida pelos
arquitectos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron para a VitraHaus. Empilhadas umas sobre as outras, as casas parecem formar um castelo de cartas. Entre o caos e a ordem, a “casa da Vitra” é o mais recente edifício do famoso complexo Vitra Campus, onde estão reunidas obras de alguns dos mais consagrados arquitectos contemporâneos. E tem tudo para se tornar a referência do lugar. ENTREVISTA MADALENA GALAMBA FOTOS IWAN BAAN, CORTESIA VITRA.
showroom :: projecto
DE VOLTA A CASA. É assim que a Vitra, uma empresa familiar fundada em 1950 e que se tornou
”A ORIENTAÇÃO ‘CAÓTICA’ DAS DIFERENTES CASAS NÃO É FORTUITA:
um dos maiores fabricantes de mobiliário do mundo, descreve a “última aquisição” do seu complexo arquitectónico em Weil am Rhein, no Sul da Alemanha. Trata-se da VitraHaus, um projecto da dupla de arquitectos de Basileia Herzog & de Meuron construído para albergar a colecção de produtos para a casa editada pela Vitra, a Home Collection. Criada em 1989 para complementar o mobiliário de escritório, a Home Collection reúne clássicos do design, reedições e peças de designers contemporâneos. Precisava de um lugar para brilhar, no quartel-
corresponde ao desejo de abertura para
general da empresa, e por isso se construiu este showroom de autor.
diferentes vistas, como o campo,
Baseada numa forma típica (a casa com telhado de duas águas) a VitraHaus tem tudo para se tornar o ex
os outros edifícios e a cidade”
libris do lugar. Não é inocente a ideia dos responsáveis da Vitra de entregarem o projecto a arquitectos próximos, até geograficamente. Depois de uma “volta ao mundo” arquitectónica com obras assinadas por Zaha Hadid, Frank Gehry, Tadao Ando e Siza Vieira a povoarem o campus, é o reputado atelier de Basileia, uma cidade não muito distante de Weil am Rhein, que fica incumbido, em 2006, de projectar a
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D E S I G N
“a casa da Vitra”, a cereja no topo do bolo, onde suspeitamos, se esconde o coração da marca. Situada na parte norte do complexo, a poucos metros de dois edifícios emblemáticos —o Vitra Design Museum de Frank Gehry e o auditório de Tadao Ando—a VitraHaus não se deixa intimidar pelos vizinhos. Nenhum projecto de Herzog & de Meuron o faria, certamente. Ao lado destes dois colossos, é pela proximidade da sua escala doméstica, que a VitraHaus seduz num primeiro contacto. Apesar da verticalidade assumida do projecto, e apesar de em alguns pontos de atingir um pé direito de 15 metros, as diferentes salas que compõem a VitraHaus conservam uma proporção familiar, quotidiana, ideal para mostrar uma colecção para a casa. 58
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showroom :: projecto
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showroom :: projecto
POR FORA, A IDEIA É VER E SER VISTO. Propositadamente vertical, em contraste com a horizontalidade dos edifícios industriais que a rodeiam, a VitraHaus destaca-se sem esforço na paisagem. A orientação “caótica” das diferentes casas não é fortuita: corresponde ao desejo de abertura para diferentes vistas (o campo, os outros edifícios do campus, a cidade) do mesmo modo que, na complexidade do interior em labirinto, se oferecem diferentes ângulos e pontos de vista sobre a colecção. Esta sobreposição constante — de volumes, de escalas, de orientações — espelha o próprio método de composição de interiores que se tornou imagem de marca da Vitra: o “Select and Arrange” onde objectos clássicos convivem com peças contemporâneas, e espaços despidos se alternam com áreas densamente povoadas para criar casas únicas, com alma. Na VitraHaus estão reunidos “dois temas recorrentes na arquitectura de Herzog & de Meuron: a casa original e a sobreposição de espaços”. São doze “casas” sobrepostas em cinco níveis, ligadas entre si por uma escadaria orgânica que fura o espaço como uma lagarta. No centro da casa, uma praça coberta de madeira é o núcleo à volta do qual se articulam cinco espaços diferenciados: uma sala de conferências, uma sala para a colecção de cadeiras da Vitra, a loja do Vitra Design Museum, a recepção e a cafetaria com terraço. É a partir desta praça que se acede ao elevador que nos levará ao quarto andar, o início de uma visita em sentido descendente pelo universo Vitra que nos trará de novo ao ponto de partida. Do exterior, a cobertura antracite confere unidade ao conjunto. Mas mais surpresas nos esperam, por exemplo, nas duas faces —diurna e nocturna— da VitraHaus. Durante o dia, a casa é a origem do ponto de vista:
converte-se no ponto para o qual o nosso olhar converge, uma montra multifacetada onde cada janela é uma moldura para descobrir a colecção da Vitra. “Como uma pequena cidade empilhada na vertical, funciona como um novo prelúdio do campus”. A VitraHaus é um microcosmos dentro de um microcosmos. E www.vitra.com
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exterior, doméstica no interior). À noite, iluminado o interior, o edifício
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o lugar a partir do qual descobrimos a paisagem (campestre ou industrial no
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LES ESSENTIELS,
D E M ATA L I C R A S S E T P A R A A A L E S S I
COZINHA DE AUTOR A Alessi renova os objectos para a cozinha com uma linha POR MADALENA GALAMBA FOTOS B. WINKELMANN, G. GIANNINI
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Matali Crasset e do pasteleiro Pierre Hermé. E lança uma nova colecção de objectos de Martí Guixé.
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de fazer crescer água na boca: Les Essentiels, um projecto conjunto da designer
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projecto :: design
DESIGN DE AUTOR PARA COZINHA DE AUTOR. É desta aliança que surge o mais recente projecto para a cozinha com o selo da Alessi. A conhecida marca italiana de objectos para a casa, responsável pela edição de alguns dos mais memoráveis clássicos do século XX, escolheu a dedo os seus colaboradores para esta aventura. Em Les Essentiels, contou com a inspiração de Matali Crasset, que, em colaboração com um expert na matéria, o pasteleiro Pierre Hermé, desenhou uma série de utensílios para pastelaria. Mas o impulso renovador da Alessi não se esgota aqui. Acaba de editar uma nova versão, em bambu, da fruteira Blow Up dos Irmãos Campana. E também de editar o projecto Collection of Objects uma colecção de fantasias quotidianas, assinada pelo catalão Martí Guixé, um dos gurus do food design —e não só— que aqui evidencia o seu talento para reinventar a normalidade, procurando o lado lúdico e a interacção com os objectos. Com Crasset, os Campana ou Guixé, a Alessi traz propostas de design apurado. LES ESSENTIELS: DESIGN GOURMAND. Uma colecção de utensílios para pastelaria que nasce do encontro e da empatia entre a designer Matali Crasset e o pasteleiro Pierre Hermé. É uma amizade de longa data, baseada no interesse comum pelos “objectos, o design e a gourmandise”. Depois de terem colaborado no design de uma faca, reúnem-se de novo, para criar uma linha de objectos gulosos para a Alessi. Para desenhar a colecção, Matali Crasset observou o trabalho dos pasteleiros que colaboram com Pierre Hermé, seguiu os seus movimentos, registou os seus gestos, deteve-se nos rituais, nas proporções, nos tempos. E simplificou tudo, criando objectos que aliam
”PARA DESENHAR A COLECÇÃO, MATALI CRASSET OBSERVOU
forma e função, ou melhor ainda, objectos cuja forma se desprende da
o trabalho dos pasteleiros que
e um prato— combinam aço inox, plástico e silicone e exploram
função. Com toda a simplicidade, reduzindo tudo ao essencial, desenhou utensílios que são “ao mesmo tempo profissionais e generosos, isto é, acessíveis a não-especialistas” como explica a designer. O objectos —por agora, uma espátula, uma taça, um fouet,
B L U E
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alguns temas recorrentes no trabalho de Crasset, como os conceitos
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colaboram com Pierre Hermé, seguiu os
modulares e os híbridos. Assim, a taça misturadora cul-de-poule
seus movimentos, registou os seus
incorpora uma “extrusão”, ou uma taça dentro da taça, mais pequena,
gestos, deteve-se nos rituais. ”
colher, a batedeira tem uma parte rígida e uma parte flexível e o prato
para misturar pequenas quantidades; a espátula é também uma (“um pedestal para mostrar o bolo”, segundo Crasset) é composto por três partes diferentes que se unem ou desunem consoante a necessidade. e www.alessi.com
COLLECTION OF OBJECTS, DE MARTI GUIXÉ. Na página ao lado e nesta página, a reinvenção do quotidiano pelo designer Martí Guixé.
À flor da pele POR QUINZE DIAS deixou na Fabrica Features Lisboa os seus sete pares de sapatos. Conseguiu provocar os homens e as mulheres. D E S I G N
de experiências, de vida. Nuno Matos é a sua graça. “Pele”, a sua criação.
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É designer de calçado e sabe que o presente se faz de passados,
FOTOS PELE
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POR GUI ABREU DE LIMA
design :: projecto
Uns sapatos que arrastam memórias e a patine dos tempos. Porquê? O gosto pelas coisas velhas ou pela vida de objectos usados ou há uma história que, inequivocamente, lhe apontou esta escolha? Existiam várias histórias, várias possibilidades na gaveta. Na altura de me sentar e decidir, fui influenciado por uma vontade pessoal em desenvolver uma colecção de sapatos de homem que gostaria de usar. Enquanto observador das correntes de moda e design, parecia relevante desenvolver este trabalho neste momento. A paixão por clássicos estereótipos do universo de calçado, quer feminino, quer masculino, representa muitas vezes um ponto de partida para o meu trabalho e o desejo em brincar com esses elementos, subvertendo as suas leituras e interpretações para uma realidade de design contemporânea. São linhas de desenvolvimento que me interessam explorar enquanto designer. A componente clássica permite que a colecção perdure para além de uma tendência sazonal de moda. Oxford, Brogue e Derby, modelos clássicos, sempre
interrompê-las representa custo, mas acredito que existem sempre
bonitos, que encaixam em todos os estilos... e nenhum
possibilidades. As vontades é que muitas vezes são poucas. Vive-se uma
par a moldes do século XXI. Não se prestariam ao conceito
relação pouco cooperativa entre a indústria e os designers, uma relação
explorado em Pele ou há outras razões?
baseada em clichés do passado mas ainda muito presente. Tipo, “lá vêm
Claro que sim. Sem dúvida que os conceitos de Pele poderiam ser
os estilistas com as suas ideias malucas”.
aplicados a abordagens mais futuristas. Para mim, torna-se difícil
Dizendo isto não quero de forma alguma descurar a gratidão que tenho
classificar conceitos como “sim” ou “não” apropriados, as interpretações e
por todos os fabricantes que tornaram possível a materialização destas
desenvolvimentos dos conceitos é que caracterizam, sem dúvida, a
ideias, que abriram as portas dos seus espaços e tiveram vontade de
qualidade do produto. Existem muito bons conceitos mal conseguidos e
colaborar e participar neste projecto, assim como todos os funcionários
conceitos menos interessantes muito bem conseguidos. Grande parte do
que contribuíram com os seus conhecimentos e talentos na produção dos
desenvolvimento de Pele assenta na experimentação e desenvolvimento
sapatos, mas presentemente são poucos os que o fazem.
camurças, o território do clássico surge, neste caso, como uma
Para obter este visual “gasto” e “corroído” utilizou
plataforma ideal para explorar não só os conceitos de pele, mas
uma técnica. Pode dar uma dica?
desconstruir e subverter percepções que se relacionam com os tais
O conceito de “gasto” e “corroído” foi um ponto de partida para a
clássicos estereótipos do calçado masculino. O desenho de modelos mais
concepção e criação de estampagens, e diversos tratamentos de
actuais, a meu ver, requeria uma intervenção ao nível da construção e
superfície em cabedais, telas, camurças, látex, etc.. Diferentes
desenho de solas e de formas de atar e abotoar os sapatos, que
interpretações do tema foram estudadas e várias técnicas de serigrafia
necessitavam de um vasto trabalho de investigação e desenvolvimento.
com tintas, películas metálicas, colas, foram utilizadas. Aplicaram-se
São, normalmente, desenvolvimentos que requerem o acompanhamento
também diversos processos de acabamentos manuais, como lixar a pele
e intervenção de equipas técnicas especializadas e muita
e em seguida pintar, engraxar aleatoriamente a pele e depois fixar a
experimentação. São processos dispendiosos, processos que só mesmo
graxa. Um trabalho, realizado em laboratórios de print, em Londres, que
as grandes empresas podem realizar. Muitas das minhas opções,
esteve a cargo do Ricardo Matos, meu irmão, e mestre nestas artes.
decisões técnicas e criativas foram condicionadas e moldadas pelo que
O processo foi igualmente orgânico e experimental.
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de estampagens, na criação de padrões e texturas em cabedais, peles e
encontrar empresas na indústria de calçado portuguesa que tenham
Qual o objectivo de revelar todo o processo criativo, isto é,
disponibilidade e interesse em colaborar em projectos de autor. Por um
realizar um rigoroso caderno documental com todo o
lado, compreendo, pois as fábricas têm a sua linha de montagem e
método de pesquisa, estudo, análise,>>> interpretação,
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estava ao meu alcance a nível do processo de manufactura. É difícil
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design :: projecto
>>>
desconstrução e experimentação? E pode-se dizer foi um processo em que “baralhou e deu de novo” para criar? Tenho vindo a fazer caderninhos para as minhas colecções, quer trabalhe a título pessoal, quer trabalhe para outros. Os cadernos sempre foram muito apreciados. Fazer um caderno onde apresento quase todos os métodos e processos de trabalho ao longo deste projecto, permitia um envolvimento com as artes gráficas e a comunicação visual, áreas pelas quais me interesso. Acredito que é necessário produzir documentação em áreas carecidas de informação como é a do design de calçado e, em especial, em Portugal, que tem uma longa tradição neste sector e onde a formação académica é pouca. Tratando de um objecto do nosso quotidiano e tão presente na nossas vidas, achei que ilustrar e documentar o processo de criação e confecção de uma colecção de sapatos iria suscitar a curiosidade e o interesse do público em geral. O caderno foi, em si, mais uma plataforma de intervenção criativa, um território que deu para pano para mangas e que beneficiou de uma rica colaboração entre mim e os designers gráficos, como a O HOMEM DESCALÇO
Cláudia Larche, a Marta Teixeira da Silva, entre outros.
Em 1994 iniciou estudos em Londres na vertente design de calçado e acessórios, no Cordwainers College. Realizou projectos industriais para empresas como a Bally e Gina Shoes London, seguiu a Roma a estagiar
A colecção ainda não está no mercado. Qual é a intenção do Nuno? Vê-la produzida em série e acessível a todos, ou são sapatos que
na Valentino e regressa a Portugal para trabalhar
implicam um trabalho artesanal, o que acarreta limites de
na indústria de calçado, já no dobrar do século.
produção? Onde foi feita a colecção que vimos exposta em Lisboa?
Enquanto oportunidades não surgem, faz de assistente de
A colecção ainda não está no mercado. Quanto a ser acessível a todos, não sei...
direcção de arte em filmes publicitários, projectos de
são sapatos que empregam materiais de qualidade, existe um investimento não só
figurinos e cenografia para teatro e colabora na colecção de
criativo, como técnico. Os acabamentos são igualmente de qualidade. Todos estes
sapatos e acessórios de homem e senhora Outono/Inverno
elementos influenciam o preço do produto, mas não é um produto de luxo no
2001, de José António Tenente.
sentido de alta costura, em que o artesanal é a componente primordial e exclusiva Adiante, Nuno Matos torna a Inglaterra por mais algum
da construção do objecto. Eles resultam também de alguns processos artesanais
tempo, onde desenha sapatos de homem para a marca Ted
mas que podem ser casados e traduzidos para processos mais industriais, sem
Baker e, em 2005, fixa-se em Portugal, fiel à sua arte, mas trabalhando ainda e sempre para o mercado inglês.
desvirtuar a história, a estética e o conforto dos sapatos. De qualquer forma, pelo seu próprio estilo, não os vejo como um mass product, têm um mercado específico.
Em 2008, abre-se um concurso na área do Design, promovido pelo Ministério da Cultura, dentro do programa de apoios pontuais da Direcção-Geral das Artes, a que se candidata, com o seu projecto “Pele”. E “Pele” ganha, vê a luz ainda nesse mesmo ano e, em Outubro de 2009, dá-se à estampa, pronto, altamente completo e recomendável, para quem gosta de saber por onde anda uma ideia até ser gente.
nunomatoz@gmail.com www.nunomatospele.blogspot.com A produção de Pele foi feita no Norte, as formas na Industrial Carvalhinhos, em Felgueiras, a modelação no Project Id.,
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em S. João da Madeira, bem como as solas,
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na Soares e Fonseca, e a manufactura na empresa Domingos José Leite Lda., ainda em S. João da Madeira.
O meu fim é o de saber que existem homens por este mundo a usar os sapatos da colecção Pele. Se isto vai acontecer como marca “Nuno” ou como outra marca para uma outra empresa, encontra-se em processo de estudo e de negociação. e
WIEKI SOMERS:
JARDIM DE INVERNO A Primavera finalmente chegou, mas isso não é razão para esquecermos o encantamento do jardim de inverno que Wieki Somers montou na Galerie Kreo, em Paris. Frozen in Time é uma série de objectos familiares cristalizados, e tornados estranhos, pela beleza do gelo. POR MADALENA GALAMBA FOTOS FABRICE GOUSSET, CORTESIA GALERIE KREO
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design :: projecto
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design :: projecto
UMA PELE TRANSPARENTE E GELADA cobre uma série de objectos familiares e funcionais —um banco, uma jarra, um candeeiro—tornando-os estranhamente distantes apesar da proximidade física. A quietude e o silêncio são provisórios, durarão até que o gelo se derreta. Mas retidos nesta eternidade passageira, fixos, cristalizados, estes objectos de todos os dias transformam-se em objectos invulgares. É o que acontece em Frozen in Time, a mais recente exposição da designer holandesa Wieki Somers na Galerie Kreo, em Paris. Apesar da aura de mistério e melancolia que envolve estes objectos, a origem do projecto é bem mais prosaica: um recorte de jornal, encontrado num mercado de rua, com fotografias que documentavam um fenómeno metereológico ocorrido no Nordeste da Holanda em 1987, que cobriu de gelo a paisagem. Somers —que é uma das designers dilectas de Didier Krzentowski, o mentor da Galerie Kreo—ficou absolutamente fascinada com o fenómeno, a beleza semi-transparente da pele de gelo que tudo unia numa superfície renovada e frágil, cobrindo e desvelando ao mesmo tempo. Nestes objectos agora reunidos em exposição, o sentido desdobra-se em várias camadas. Como o gelo que cobria árvores e passeios, carros e postes de luz, a resina utilizada por Somers para cobrir os objectos é espantosamente reveladora. A propósito do trabalho de Somers, Louise Shouwenberg escreveu que produz “um subtil encontro entre funcionalidade e poesia”. Em Frozen in Time compreendemos claramente como longe de se excluírem uma à
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outra, se alimentam. Uma série de objectos congelados num
”O GELO PRESERVA, CONSERVA, PROTEGE, ETERNALIZA. Depois do gelo derreter a vida continua”
processo que mais do que esconder, revela a natureza secreta das coisas. A revelação, aliás, é quase literal, de um modo quase fotográfico. “O gelo preserva, conserva, protege, eternaliza. Depois do gelo derreter a vida continua.” explica Wieki Somers. “Para Frozen in Time, procurámos um material que tivesse o aspecto e o modo do gelo. Usámos uma resina líquida onde mergulhámos os objectos, na escuridão. Quando exposta à luz do sol, a resina 'congela-se' numa camada sólida e dura. O resultado é um mundo
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coberto que descobre os mistérios escondidos nos objectos quotidianos”. e www.wiekisomers.com | www.galeriekreo.com 74
projecto :: design
HUMIDIFICADORES IL COCCIO DESIGN EDITION, DIRECÇÃO ARTISTICA DE GIULIO IACCHETTI PARA A IL COCCIO
EVAPORARTE Fernando Brízio
foi um dos designers convidados
para redesenhar o humidificador de cerâmica. Fischietto, desenhado em 1998 por Achille Castiglioni e agora reeditado pela Il Coccio foi o pretexto para reunir oito estrelas do design à volta do humidificador. Dar-lhe novos usos, produzir novos gestos à sua volta e conseguir um novo protagonismo para esta peça são os objectivos, cumpridos, do projecto. POR MADALENA GALAMBA
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FOTOS IL COCCIO
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Ao lado, Float, de Fernando Brízio. Na outra página, projectos de Iacchetti, Castiglioni, Foster e Haberli.
FLOAT é o nome da peça criada por Fernando Brízio para a Il Coccio Design Edition, uma colecção de humidificadores de cerâmica criados por alguns dos mais conceituados designers internacionais. O português foi um dos eleitos de Giulio Iacchetti, o coordenador do projecto, que reuniu, a propósito da reedição do longilíneo humidificador Fischietto, de Castiglioni, uma série de designers passando-lhes um brief muito simples: repensar o humidificador, descobrir novas tipologias e dar a este objecto um novo protagonismo no contexto doméstico. A acompanhar o mestre Castiglioni, estão os trabalhos de Fernando Brízio, Patricia Urquiola, Alfredo Haberli, Alberto Meda, Monica Forster, Denis Santachiara, Marco Ferreri e o próprio Iacchetti, que também assina uma peça, a humorística e poética La Fabbrica
”A ACOMPANHAR FISCHIETTO, DE ACHILLE CASTIGLIONI,
del Vapore.
estão os humidificadores de Fernando
qualidades: formais, narrativas, emotivas até. Os objectos da colecção
A ideia por detrás do projecto é redesenhar o humidificador em oito objectos de cerâmica que, para além da função – melhorar a qualidade do ar que respiramos, sobretudo em espaços aquecidos, conferindo-lhe o grau certo de humidade – enunciam outras foram “desenhados como verdadeiras peças de mobiliário” o que
Brízio, Patricia Urquiola, Alfredo
significa que estão dispostos a assumir um novo protagonismo
Haberli, Giulio Iacchetti e Alberto Meda,
dentro dodo espaço doméstico. A verdade é que tradicionalmente, este objecto simples e precioso
entre outros. ”
(um pequeno contentor de água que, quando se evapora, nos permite respirar melhor) tende a passar despercebido. Aliás, a ideia é mesmo essa: quando colocado ao lado do radiador, o humidificador deve tornar-se invisível, “evaporando-se” perante os nosso olhos, como a água no seu interior. Neste projecto acontece precisamente o contrário. Apesar da pureza formal e subtileza das peças (divididas em duas tipologias: as que repousam sobre o radiador e as que ficam suspensas nele) o humidificador torna-se extremamente visível, apetece-nos interagir com ele, olhá-lo, tocá-lo e sim, admirá-lo. Pode ser porque uma pequena bola de pingue-pongue negra acompanha a subida e descida do nível da água, num movimento vivo, como em Float, o
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humidificador de Fernando Brízio. Ou porque o perfil industrial de uma fábrica se suaviza no vapor da chaminé como em La Fabbrica del Vapore de Giulio Iacchetti. Ou porque do humidificador nasce uma prateleira improvisada, como
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em Travetta, de Patricia Urquiola, ou um vaso com uma planta, de Alberto Meda. e
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www.martinispa.com
quando está calor e o radiador desligado, como em All Seasons,
COLECÇÃO DE OBJECTOS MAISON MARTIN MARGIELA, PELA ENO.
MARGIELA EM CASA A Maison Martin Margiela
sai do armário para lançar
a sua colecção de objectos para a casa em parceria com a editora francesa ENO. Tudo é misteriosamente claro, branco e cool. POR MADALENA GALAMBA FOTOS CORTESIA ENO
Já não é novidade para ninguém que a indústria da moda, seja em que vertente for, volta-se com especial atenção para o mundo do design (de mobiliário). A performance Craft Punk, organizada pela Design Miami em colaboração com a Fendi, em Milão, no ano passado, convocou uma mão cheia de designers explosivos para fazer objectos com restos de materiais da marca e teve um efeito estrondoso. Outras marcas, como a Diesel, optam pela via mais comercial associando-se a produtores de mobiliário (para o caso, a Moroso e a Foscarini) para vender objectos (sofás, candeeiros, mesas) com o seu selo e exportar o lifestyle do corpo para a casa. E depois há labels inclassificáveis, como a Maison Martin Margiela, que naturalmente deixa a sua genialidade extravasar, escorregando para outras esferas diferentes da roupa e dos sapatos: os objectos para a casa. O perfil mantém-se. Essencialidade descarnada, o luxo das etiquetas sem nome (quem precisa de um nome), provocação, evidência, brilho (e mate). Mat, Satiné, Brillant foi o nome escolhido pela MMM para o seu debute oficial em Milão, no ano passado, numa exposição que ficou para a história: a maison belga recriou, à la lettre, o ambiente do seu atelier Parisiense, cobrindo-o de uma camada espessa (e portadora do ADN da marca) e branca de qualquer coisa parecida com gesso. Pelo meio, desvelava alguns dos seus objectos de eleição, que os clientes viam nas lojas da marca espalhadas pelo mundo, e que imediatamente desejavam levar para casa, juntamente com a t-shirt incógnita ou algum dos clássicos modernos tingidos de cores elementares. Entre esses objectos eleitos pela marca, o lendário candeeiro com base de garrafa (lá está: o óbvio transformado em fashion statement) ou as semi-esferas de vidro onde a neve não pára de cair, e mais nada. Também lá estavam, a assentar que nem uma as entradas dos apartamentos de Haussman. E agora está tudo isto e muito mais (o calendário têxtil, as matrioskas brancas, as penas para escrever que terminam mesmo numa caneta) numa colecção editada pela ENO Édition Nouveaux Objets, outra label
www.enostudio.com
e
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distinta, habituada a produzir objectos com estilo, de designers como Paola Navone.
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luva numa marca que gosta de jogar com as aparências, as portas trompe-l'oeil emulando
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P R OJ E CTO E F E I TO D
SOLIDARIEDADE Deu-se à luz na Experimenta Design 2009, reuniu um rol de designers nacionais e estrangeiros, teve o apoio da BBDO Portugal, da VdA & Associados e da Fundação Calouste Gulbenkian e nasceu para ajudar a Associação Portuguesa dos Portadores de Trissomia 21. É a Efeito D, uma colecção de peças... diferentes. POR GUI ABREU DE LIMA FOTOS EFEITO D
VASOS COM RAIZES DE FORA, uma estante inclinada, clips em forma de “x” e “y”, chávenas com asas insólitas, uma cadeira de pernas para ar em perfeito equilíbro, são algumas das peças criadas sob a batuta da “diferença”, que a genética é infinita, os cromossomas nem sempre surgem em igual número no DNA humano e eis que a diversidade convive serena entre os seres. Esta é a bandeira do projecto Efeito D, que desafiou designers portugueses e estrangeiros a recriarem objectos do quotidiano beliscados pela diferença. O resultado é o que se sente: ao olhar soma-se o sorriso, à criatividade a ternura, à inspiração uma alegria, tão característica de quem nasce com Sindroma de Down. Depois, o desejo surge de imediato: sentidos votos de que a ideia cumpra o objectivo – criar receitas para o Centro de Desenvolvimento Infantil – Diferenças (www.diferencas.net), um órgão vital da APPT21, que opera de norte a sul do país, acompanhando mais de 9.000 crianças e apoiando cerca de 1.200 adultos. Após a apresentação da marca na última Experimenta Design, a Efeito D lançou-se no mercado logista, estando também aberta aos particulares que queiram contribuir, adquirindo peças da colecção. A loja Paris Sete e a Fundação Medeiros e Almeida, em Lisboa, tem-na já disponível para venda, a Fundação de Serralves, no Porto, também, e o solidária, desafiamo-lo a espreitar no site os divertidos objectos e a fazer a sua encomenda. Para guardar com carinho, para oferecer a quem se gosta, para homenagear aqueles que mesmo com algumas diferenças, dão provas de que a vida é aquilo que nos propomos fazer
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Centro Cultural de Belém, idem. Esperando que muitas mais lojas adiram a esta causa
e a sua distinta visão. e
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dela. Obrigada também a todos os designers que deram pro-bono o seu talento
www.efeitod.pt 83
A PEGADA BERLINENSE DA CAMPER
CASA CAMPER
interiores :: projecto
Depois de anos a inovar nos pés de quem pisa conforto e espezinha convenções, surgiu a Casa Camper Barcelona, um conceito de hotelaria pioneiro que ajudou a capital catalã a subir mais alguns degraus em direcção ao “hall of fame” do design mundial. Agora é Berlim, a decadente emergente, a cidade onde tudo acontece, que acolhe a segunda Casa Camper. Volta a estar patente a filosofia da marca, voltam a quebrar-se barreiras. É para isso que servem. Berlim que o diga. Os hóspedes desta Casa Camper que o confirmem.
POR NUNO MIGUEL DIAS
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FOTOS CASA CAMPER
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HÁ MUITOS, MUITOS ANOS, havia uma loja encantada naquele que foi o primeiro grande centro comercial lisboeta. Daqueles centros comerciais de fazer compras. Não dos de passear ao fim
”NO DOS PALILLOS, OS COZINHEIROS TÊM UMA RELAÇÃO DIRECTA com os seus gourmands, preparando tudo à sua vista ”
de semana. Falamos, pois, do Amoreiras e não do primeiríssimo Caleidoscópio, já lá vai o tempo em que meia Lisboa veraneava nas sombras do Campo Grande e a outra metade declarava amores num barco a remos do lago ao centro. Nesse tempo, a Camper ainda não existia. No primeiro andar das Amoreiras, sim, a tal loja exibia, com orgulho, a sua diferença. Fechou. Talvez o insucesso possa ser explicado pelo próprio slogan — Extraordinary Crafts — e filosofia por trás do produto — calçado útil, inovador e cheio de personalidade. Pois. Portugal, campeão de vendas de sapatos de vela e outras coisas que “ficam bem porque há muita gente que usa” não estava preparado para aquilo que considerava ser excêntrico. Volvidos tantos anos, contamos agora com diversas embaixadas Camper para além da “Casa Mãe”, estrategicamente localizada na Rua de Santa Justa. Mas, na marca de Maiorca, nem tudo são
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sapatos. Porque, para além da qualidade (conforto versus robustez), o design arrojado não é coisa que, nesta casa, se preste a estagnações. E, quando foi preciso pensar maior, nasceu a Casa Camper, a reinvenção do conceito de hotel. Onde? Bem no centro de Barcelona, claro, na Raval que pulula de galerias, restaurantes encantadores e toda a espécie de recantos que os prováveis hóspedes deste edifício gótico do Séc. XIX, restaurado por Jordi Tió e com projecto de interiores de Ferran Amat, gostam de ter por perto. Não que seja, sequer, preciso, quando Albert Raurich, que foi chef do El Bulli durante uma década, escolheu a Casa Camper Barcelona para acolher o seu Dos Palillos, onde a cozinha asiática autêntica é servida à laia de tapas, no fuera esto Barça, tio! 86
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interiores :: projecto
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interiores :: projecto
Mas, por Dios, pensar grande não é bastante para a Camper. E Berlim, a cidade onde o modernismo assume outra dimensão, está ainda melhor com Hotel Casa Camper Berlin. Desta vez, Ferran (catalão para Fernando) Amat e Jordi Tió não se ocuparam da recuperação de uma construção histórica, antes projectaram de raiz um edifício com oito andares em Mitte, a curtíssima distância do Hackescher Markt e a poucos minutos a pé da ilha dos museus. Os 51 quartos (e suites) são, na sua totalidade, “à Camper” ou, por outras palavras, tão confortáveis e funcionais como desafiadores das convenções. A ponto de, independentemente da disposição dos mesmos, as camas se situarem sempre mais perto da porta para que, a partir do duche, possamos desfrutar das melhores vistas sobre a cidade. Isto concede, igualmente, um aspecto único ao próprio edifício que, durante o dia, terá a aparência normal de uma construção moderna, metálica e monocromática, mas que à noite muda de figura: as cortinas de banho, que funcionam como estores, têm o número do quarto estampado. O RESTAURANTE DOS PALILLOS também marca presença, podendo (e devendo) ser desfrutado por quem, devido a algum infortúnio do destino, não tenha a sorte de ser hóspede. Tal como em Barça, os cozinheiros têm uma relação directa com seus gourmands, preparando tudo à sua vista e, inclusivamente, servindo as iguarias. Não é isso que fazemos em casa, quando cozinhamos para os amigos? O Tentempié, esse, é um serviço exclusivo para quem aqui pernoita e está sempre disponível no último andar. Ao invés do cliché (e empecilho decorativo) que é um minibar no quarto, os lucky bastards que pernoitem na Casa Camper Berlin usufruem de um espaço onde podem, a qualquer hora e com toda a tranquilidade, tomar uma bebida, comer uma peça de fruta, um iogurte, uma sanduíche ou uma salada, sem custos adicionais ou surpresas desagradáveis na factura final. Continuando a filosofia da marca e, mais propriamente, o projecto hoteleiro
como o luxo que pode residir na simplicidade, autenticidade e até nos hábitos de vida saudável, para que a ascética da cultura possa ser verdadeiramente entendida como fonte de satisfação interior. Porque a melhor forma de nos relacionarmos com o mundo que nos rodeia é, afinal, mais simples, humana e respeitadora. E, aqui, não temos como não. E
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anos— a Casa Camper Berlim tem, intrínsecos, alguns princípios-chave,
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iniciado em Barcelona —um dos mais criativos da Europa dos últimos
www.casacamper.com 91
FA B E R G É S A L O N , GENEBRA, PROJECTO DE JAIME HAYON PARA A FABERGÉ
O OVO DE HAYON Para a lendária Fabergé,
Jaime Hayon concebeu uma boutique contemporânea
desenhada para reinventar a experiência da alta joalharia.
design :: showroom
PETER CARL FABERGÉ nasceu em São Petersburgo em 1846. Foi joalheiro da Coroa, e com os seus ovos imperiais, flores e outras fantasias, condensou uma época, a Belle Époque, em jóias memoráveis. A Revolução Russa de 1917 obrigou-o a refugiar-se na Suíça, onde viria a morrer em 1920. Agora, o legado de Peter Carl Fabergé volta a esse ponto. O novo Fabergé Salon, situado num dos bairros chiques de Genebra (mas será que há bairros não chiques em Genebra?) assinala o “regresso a casa” da marca de luxo relançada em 2007. Jaime Hayon foi o designer escolhido para projectar este espaço definido como “superlativo”. Uma escolha na mouche. Jaime Hayon tem um talento inato para trazer o passado até ao presente conseguindo manter-se sempre muito à frente. E é assim que, no Fabergé Salon, os interiores apresentam “um inovador conceito da experiência da alta joalharia, exprimindo o luxo moderno através da simplicidade e sensualidade”.
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Os projectos de Hayon costumam trazer-nos isso: são sofisticados,
”O NOVO FABERGÉ SALON, SITUADO NUM DOS BAIRROS CHIQUES DE GENEBRA,
mas não pesados. Pomposos, mas sem exagerar. Aliás, é difícil
assinala o ‘regresso a casa’ da marca
pequenos pormenores (como as molduras, vitrines, rebordos).
imaginar espaços modernos onde os dourados assentem tão bem. As formas minimais, arredondadas, orgânicas, enquadram-se às maravilhas num pano de fundo quase neutro, branco e metalizado, e parecem realmente sobressair, num relevo escultórico. O fundo branco é interrompido pelos tradicionais toques de cor visível em No geral, é um espaço típico de Hayon: luminoso, limpo, diáfano,
de luxo relançada em 2007 ”
inundado por uma luz branca mas não fria. Mas também teatral e
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emotivo, pontuado por elementos decorativos/narrativos (aqui, as gemas e outras formas lapidadas que percorrem as portas). e www.faberge.com 94
Num palácio veneziano do século XVI,
Philippe Starck encenou a sua mais recente
comédie. Mesas de sete metros, cabeças de touro, espelhos, vidros, e imagens fantasmagóricas criam um ambiente mágico. O Palazzina Grassi é o primeiro hotel italiano de Starck, e tem o selo da design hotels.
O PALÁCIO
DO PRÍNCIPE
STARCK HOTEL PALAZZINA GRASSI, VENEZA, PROJECTO DE PHILIPPE STARCK FOTOS CORTESIA PALAZZINA GRAZZI, ALDO & CRISTIANA MARTINELLI
projecto :: design
PODE ATE SER APELIDADO DE REI, mas Starck tem o porte de um príncipe. Talvez seja o brilhozinho nos olhos, a irreverência que o caracteriza, a eterna juventude com que parece ter sido abençoado e que partilha com o mundo através do seu design, apesar dos desvios num percurso ainda assim quase sem mácula. O retrato lendário de Starck, peito emproado, barriga levemente encolhida, sorridente, surpreso, ficaria a matar numa destas molduras espelhadas que no Palazzina Grassi enquadram fantasmas e outras figuras misteriosas. Porque Starck é o verdadeiro amo e senhor deste lugar, um palácio aristocrático do século XVI sobre o Canal Grande, recuperado para fazer os seus hóspedes sentirem-se “temporariamente venezianos”. E o que é isto afinal? É colocar a máscara, e deixar-se envolver pela beleza, o luxo e o mistério da cidade. EMANUELE GAROSCI, ex piloto de rallys convertido em hotelier de luxo (é o criador do NHow em Milão), não teve uma dúvida quanto ao designer que escolheria para tornar o seu projecto realidade. Starck era o homem, o único capaz de criar uma versão contemporânea e apaixonada da Veneza sofisticada e decadente que o inspirava. A ideia de Garosci era dotar Veneza de uma experiência nova, fora do esperado e do tradicional, e parece que o conseguiu neste hotel de 16 quartos e 6 suites, que funciona um pouco como um “clube privado” (e há mesmo um clube, chamado The G). Os interiores misturam elementos típicos (como os tijolos venezianos em algumas paredes, o chão de madeira,e as peças de cristal de Murano da autoria de
”OS ROUPEIROS DO PALAZZINA SÃO TRANSPARENTES,
Aristide Najean) com pormenores extravagantes como os corredores
as casas de banho revestidas a
distribuídos pelo hotel). Nos quartos, as camas ladeadas por mesinhas
pintados em cores ácidas e ousadas, os tapetes gigantes, e claro, uma profusão de peças de mobiliário desenhadas por Starck e minuciosamente colocadas (por exemplo, há 300 espelhos de ónix, foram dipsotas, com todo o protagonismo, ao centro.
mármore e a lista de serviços do hotel,
Os roupeiros são transparentes, as casas de banho revestidas
onde se escolhe o que comer ou beber,
a mármore, e a lista de serviços do hotel, onde se pode escolher o que
chama-se ‘lista de vícios’ ”
comer e beber ou ler, chama-se, adequadamente, “lista de vícios”.
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No restaurante, as estrelas são duas mesas de sete metros de comprimento, uma de mármore e outra de vidro espelhado. Outra das extravagâncias: o pequeno-almoço é servido a qualquer hora em qualquer parte do hotel. É assim, sem limites, principesco,
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o Palazzina Grassi, uma “jóia” sobre o canal, como o próprio Starck fez questão de frisar. Há vida em Veneza. E www.palazzinagrassi.com 100
design :: hotel
HOTEL MANDARIN O R I E N TA L B A R C E L O N A , PROJECTO DE OAB OFFICE OF ARCHITECTURE IN BARCELONA E PATRICIA URQUIOLA
ELEGÂNCIA ORIENTAL No Passeig de Gracia barcelonês, Patricia Urquiola oferece a sua versão, contemporânea e chique, do orientalismo. O Hotel Mandarin Oriental Barcelona é o esperadíssimo “projecto total”
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da conhecida designer espanhola radicada em Milão.
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design :: hotel
PATRICIA URQUIOLA, conhecida sobretudo pelos seus projectos de mobiliário para a Moroso e a B&B Italia, teve finalmente a oportunidade de mostrar o seu talento e sensibilidade no design de interiores. Agarrou-a sem hesitar. O projecto, o Hotel Mandarin Oriental Barcelona, é uma espécie de “coroação” da rainha do design espanhol e juntou Urquiola ao conceituado arquitecto Carlos Ferrater, do OAB: Office for Architecture in Barcelona, que recebeu, no início de Março, o Prémio Nacional de Arquitectura de Espanha. Patricia Urquiola afirmou, em entrevista à revista Frame, que o hotel melhorará com o tempo, e terá ainda “melhor aspecto dentro de vinte anos”. O palpite parece acertado, já que o hotel, sendo sumptuoso, é também claro, espaçoso, arejado, o que lhe confere uma elegância à prova do tempo. Elegante dos pés à cabeça (são oito pisos e 98 quartos) o Mandarin Oriental situa-se numa das mais belas artérias de Barcelona: o famoso e luminoso Passeig de Gracia, onde se encontram alguns dos edifícios mais emblemáticos da capital catalã, como a Casa Battló e La Pedrera, de Antoni Gaudí. A vizinhança impunha respeito da melhor maneira, e o arquitecto Carlos Ferrater prestou-lhe homenagem, introduzindo na fachada do edifício uma passarela, rampa ascendente que substitui a escadaria, e que faz a ligação entre exterior e interior, lembrando o percurso umbilical que nos leva da rua ao interior da Pedrera. É uma maneira de introduzir “o espaço público” (burguês, modernista, chique) no interior do hotel, e também um entrada triunfante num espaço luxuoso. O luxo, segundo Patricia Urquiola, é confortável e instintivo. É isso que se vê nos quartos, delineados com extrema simplicidade e delicadeza. Nas áreas públicas o gesto é diferente. É o momento de mostrar a versão particular que a designer tem do “orientalismo”.
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”O LUXO, SEGUNDO PATRICIA URQUIOLA, É CONFORTÁVEL E INSTINTIVO. É isso que se vê nos quartos, delineados
Sofás e cadeiras desenhados por Patricia Urquiola destacam-se sobre fundos texturizados, em paredes com prints 3D. A arquitectura oriental, onde o caminho do exterior para o interior se faz por uma sucessiva progressão das sombras, é aqui interpretada com inteligência e criatividade. Urquiola filtra a luz e suspende a continuidade do espaço através de grelhas de metal, pintadas de branco, que vão subdividindo as àreas e criando zonas privadas, de recato. Em nenhum lugar isso é tão claro como em Blanc
com extrema simplicidade e delicadeza ”
o restaurante-lounge onde palpita a alma do Mandarin,
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dominado por uma “gaiola” suspensa, que cria um maravilhoso espaço dentro do espaço. e www.mandarinoriental.com/barcelona 104
culto :: música
CANNES LIONS
SANGUE NOVO Portugal ocupa a 4ª posição no ranking de prémios alcançados no Young Lions, a secção do Festival Cannes Lions destinada aos jovens profissionais.
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POR MADALENA GALAMBA
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O CANNES LIONS é actualmente reconhecido
participam oradores de renome internacional,
como o maior e mais prestigiado evento de
constituindo-se hoje como o mais importante
comunicação a nível mundial, contando já com
fórum do sector para Formação, Inovação e
56 edições. Até ao ano de 1984, o Festival
Inspiração. Todos anos são avaliados uma média
realizou-se intercaladamente em Veneza e
de 22.500 trabalhos, oriundos de todo o mundo,
Cannes, mas a partir desse ano fixou-se
nas 11 categorias : Filme, Imprensa, Outdoor,
definitivamente na cidade de Cannes.
Internet, Media, Marketing Directo, Titanium,
Todos os anos, reúne mais de 6.000 delegados
Rádio, Promo & Activação, Relações Públicas e
de 90 países, que participam em workshops,
Design. Os vencedores são reconhecidos com o
exposições, projecções e seminários, onde
troféu mais cobiçado da indústria, o Leão.
culto :: festival
Em cada uma das categorias são atribuídos um
impulso por excelência para influenciar consu-
“Grand Prix”, assim como os Leões de Ouro,
midores. Durante a semana em que ocorre o
Durante a semana
de Prata e de Bronze. Portugal inscreve todos os
Festival são avaliados cerca de 2.000 trabalhos
do Festival, são avaliados cerca
anos uma média de 290 trabalhos,
nesta categoria. Em 2009, Portugal concorreu
ocupando a 16ª posição dos países mais
com 21 trabalhos nesta categoria tendo
de 2.000 trabalhos na categoria
premiados. Este ano, o Cannes Lions realiza-se
alcançado 1 Leão de Prata e um Leão de Bronze.
Design. Em 2009, Portugal
entre 20 e 26 de Junho de 2010.
Este ano, Portugal conta com um profissional
concorreu com 21 trabalhos
no júri internacional na categoria Design, YOUNG LIONS. Com objectivo de introduzir
Eugénio Chorão, director da Euro RSCG.
nesta categoria tendo alcançado um Leão de Prata e um Leão
“sangue novo” no Festival, é lançada em 1995 uma nova secção de competição, os “ Young
REPRESENTAÇÃO PORTUGUESA
Lions”, destinada aos jovens profissionais e onde
A Mop, entidade que representa o Festival de
Portugal ocupa a 4º posição, em número
Cannes em Portugal, lançará este ano concurso
de prémios alcançados. Todos os vencedores
para selecção de jovens profissionais nas
na competição Young Lions, representando
categorias de Filme, Imprensa, Internet, Media,
vários países, terão a oportunidade de ir
Marketing , Outdoor e Design. Uma das grandes
a Cannes durante o Festival e privar com
novidades deste ano, que pretende reflectir na
os seus pares internacionais.
competição Young Lions as várias categorias que existem em Cannes. e
DESIGNA categoria Design Lions, lançada em 2008, visa premiar o uso criativo do design, como
www.canneslions.com
suporte à comunicação das marcas, como
www.mop.pt
de Bronze.
culto :: música
Quem ouviu os discos, sabe que Owen Pallett, a Derradeira Fantasia, está para lá de quaisquer géneros,
B L U E
D E S I G N
referências ou fontes inspirativas. Ouve-se e é tudo!
108
culto :: música
O W E N PA L L E T T
DERRADEIRA FANTASIA O tempo também traz coisas boas. Quem diz o Vinho do Porto, diz o gosto por música mais refinada, como a Owen Pallett.
das mais famosas do mundo. Temos, porém,
deixou para a posteridade os dois discos supra
um sem-fim de coisas boas. Não são palavras de
um marketing mais fraquinho. É, pois, o que
citados. Quem os descobriu, sabe que Owen
quem, em plena crise de meia-idade, procura
acontece, no que a música concerne, com o
Pallet, a Derradeira Fantasia, está para lá de
retirar, em vão, algumas mais valias da óbvia
Canadá. Provavelmente, nunca serão uns EUA a
quaisquer géneros, referências ou fontes
deterioração física. Até porque gostaria que me
gerar correntes musicais. Convenhamos, a dupla
inspirativas. Ouve-se e é tudo! E foi imbuído desse
explicassem, com exactidão, esse conceito de
Céline Dion e Bryan Adams foi a cereja no topo do
espírito que o escasso público, assistiu, com a
meia-idade. Creio que, pessoalmente,
bolo que os Monty Python e a sua “Lumber Jack
outra meia-dúzia de gatos pingados, ao concerto
ultrapassarei a barreira dos 70 com uma perna às
Song” começaram, nos anos setenta, a
que deu no Clube Lua, Jardim do Tabaco,
costas. Literalmente. Acredito que o senhor que
confeccionar. Mas ultrapassada que está a
dia 15 de Outubro de 2006. Já em 2010,
escreveu, para a posteridade, que o tempo é
primeira década deste milénio, o tal refinamento
e como Owen Pallet, o próprio, editou Heartland.
relativo, esse sim, digladiava-se com uma crise
que traz o tempo, esse travesso, exige um
Voltou ao mesmo, isto é, a fazer música como
qualquer. O tempo existe, está à vista de todos,
balanço. E para lá dos Arcade Fire, dos The Stills,
todos os que têm, na prática do seu mister,
e o seu inexorável avanço é coisa que preocupa
dos Black Mountain, dos The Dudes,
alguma genialidade, mas apenas a suficiente
muito mais gente que apenas a da indústria
dos Sparrows, dos Broken Social Scene, da Leslie
para distanciar-se de qualquer coisa que ande
relojoeira, sejam arquitectos e engenheiros por via
Feist e até de Rufus Wainwright que, tendo
“na berra” e tirar sobejo prazer em partilhar a sua
da durabilidade dos materiais, sejam, por uma
nascido em Nova Iorque, cresceu à luz da music
arte com o próximo. Em suma, criar por criar e
questão de sustento, desportistas de alta
scene de Toronto, estão dois objectos obrigatórios
venha quem vier. Tornou a Portugal. Quatro anos
competição a braços com uma lesão que,
na discografia de qualquer curioso: Has A Good
volvidos, a sala do Teatro Maria Vitória, pequena,
provavelmente, dará reforma antecipada.
Home e He Poos Clouds são ambos obrados por
limitada para audiências que queiram assistir a
O tempo, esse mariola, faz-se acompanhar,
um virtuoso do violino que, à semelhança de
“next big things”, recebeu dois concertos – dias
também, ao passar por nós, de refinamento.
Andrew Bird, dá concertos sozinho, usando um
10 e 11 de Março – que serviram a poucos
Que é muito mais que uma palavra bonita e cai
pedal de efeitos que lhe permite perpetuar, em
privilegiados, mas unos como uma grande
muitíssimo bem no tema que aqui pretendemos
loop, riffs que vai gravando no momento.
família. A quem o tempo, esse amigalhaço,
desenvolver. Venha a nós, então, esse exemplo
O homem é Owen Pallett, integra os Les Mouches
trouxe refinamento. e
de sabedoria popular que diz que podemos,
e os Picastro, acompanhou, em digressão, os
humanos, ser como o Vinho do Porto.
Hidden Cameras, Patrick Wolf e os Arcade Fire –
Aproveitemos para referir, a propósito, que a
para quem compôs os arranjos de cordas no Neon
vitivinicultura lusa está ao nível – se não acima –
Bible – e, a solo, sob o nome Final Fantasy,
www.owenpalletteternal.com www.myspace.com/owenpallettmusic
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O TEMPO, esse velhaco, traz consigo, afinal,
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TEXTO E FOTOS NUNO MIGUEL DIAS
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Expos ... E PROPOMOS ALGUMAS EXPOSIÇÕES QUE NÃO VAI QUERER PERDER.
C O O R D E N A D A S S O LTA S Auto-Retratos do Mundo, Annemarie Schwarzenbach (1908-1942), instantâneos de outrora, reportagens fotográficas da mítica escritora suíça, pedaços dos quatro continentes, cerca de 200 imagens acompanhadas de textos literários, jornalísticos e documentos que ilustram toda a sua vida e obra, no Museu Coleccção Berardo, e pela primeira vez em Lisboa, uma mostra a não perder. A esta oportunidade, porque no mesmo museu, junta-se a reflexão de um artista-fenómeno sobre o mundo contemporâneo, cujo traço revela técnicas originais, e as temáticas, uma expressiva força. São 50 obras de Robert Longo, reunidas em Uma Retrospectiva. Londres chama-nos à Barbican Art Gallery com tempo e vagar para repousar o olhar no design com que Ron Arad nos tem presenteado nas últimas três décadas. Projectos de arquitectura e respectivas peças, com as atenções a recairem nos processos de experimentação e nos materiais de que se mune para dar corpo e alma à criação. É Ron Arad: Restless. Maio é mês de festa para a localidade francesa de Metz que vai ver inaugurado o seu Centre Pompidou. A par da exuberante e futurista arquitectura do edifício, projecto de Shigeru Ban e Jean de Gastignes, a abertura do Centre Pompidou-Metz soma muitas outras razões para ir nesta época: entre 12 e 16 de Maio, unindo-se à celebração europeia da Noite dos Museus, o público acede gratuitamente às instalações e a programação artística e festiva faz-se em louvor da ocasião. Quanto à exposição de estreia, denomina-se Chefs-d’oeuvre? e reflecte sobre o significado actual do conceito de obra de arte. Corre de 12 de Maio a 25 de Outubro, e revelam-se 800 obras cedidas pelo Pompidou de Paris (pintura, escultura, fotografia, instalação, arte gráfica e sonora, videoarte, cinema e design), que saem pela primeira vez da casa-mãe. Um privilégio, um óptimo pretexto para fazer a mala e rumar à capital da região de Lorena e até visitar Paris. ■ AUTO-RETRATOS DO MUNDO, ANNEMARIE SCHWARZENBACH (1908-1942), Museu Colecção Berardo, Lisboa, até 25 de Abril, www.museuberardo.pt
■ ROBERT LONGO, UMA RETROSPECTIVA, Museu Colecção Berardo, Lisboa, até 25 de Abril, www.museuberardo.pt
■ RON ARAD: RESTLESS, Guggenheim Museum, Londres, até 16 de Maio, www.barbican.org.uk
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D E S I G N
■ INAUGURAÇÃO DO CENTRE POMPIDOU DE METZ, Metz, França, 12 de Maio,www.centrepompidou-metz.fr
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Le Corbusier (1887-1965), pseudónimo por que é conhecido o arquitecto, urbanista e pintor
Bak Gordon/Architecture apresenta o trabalho desenvolvido pelo atelier de arquitectura Bak
IKEA
Nove casas suecas preenchem as páginas deste Casas com Alma!, uma publicação IKEA
Gordon nos últimos cinco anos.
muito bem conseguida. Da fotografia aos
Com texto crítico de Ricardo Carvalho e uma
textos, das ilustrações ao grafismo, o livro
entrevista ao arquitecto Ricardo Bak Gordon,
encanta e arrebata, revelando casas de vários
conduzida por Federico Tranfa,
estilos e tamanhos. Desde um apartamento
o livro dá a conhecer um conjunto de obras
pequeno e funcional até uma enorme casa do
e projectos relevantes, desde a execução
século XVIII onde há pano para mangas, são
de casas unifamiliares a projectos
espaços bem vividos, que nos dão ideias
designado Modulor. Baseado nas dimensões do
de obras públicas, mostrando ainda algumas
interessantes e perfeitamente adaptáveis aos
corpo humano e da matemática, trata-se de uma
arquitecturas efémeras.
nossos próprios ambientes familiares. Textos
fórmula de coerência a partir da qual é possível
Com design gráfico extraordinariamente
de Stina Holmberg, fotografias de Stellan
gerar duas séries de medidas em harmonia com
cuidado, da responsabilidade de Vera Velez,
Herner e ilustrações de Klas Fahlén,
o corpo humano e entre si, estabelecendo uma
a obra conta também com uma selecção de
completam 240 páginas cheias de inspiração.
ponte entre dois sistemas métricos: o sistema
imagens e de fotografias de referência de
28,71€. Para membros IKEA FAMILY
anglo-saxónico e o métrico decimal. Modulor 2
Ricardo Bak Gordon, bem como uma série
custa 9,86.€
(1955) analisa o impacto e as diferentes reacções
de esquissos de trabalho representativos
provocados nos leitores pelo volume anterior.
do processo de projecto do arquitecto. 39€
Charles-Edouard Jeanneret, nascido na Suíça, mas que viveu a maior parte da sua vida em França, pela primeira vez, em língua portuguesa. O Modulor (1.º vol.), publicado em 1950, incide na explicação do sistema de medidas concebido pelo autor entre 1943 e 1950,
Um documento a adquirir, até pela sua universalidade e intemporalidade ímpares. À venda em todas as livrarias. 42€
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Um dos mais importantes textos da autoria de
RICARDO BAK GORDON
CASAS COM ALMA!
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.BAK GORDON
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SNEAK PREVIEW
Espreitamos pelo buraco da fechadura e mostramos-lhe o design que há-de vir. E que muito pouca gente viu.
BOCA DO LOBO, PIXEL CABINET
Caixa de Surpresas A Boca do Lobo (BL) faz as coisas com paixão. A marca portuguesa de mobiliário de luxo é um caso de sucesso lá fora (abriu recentemente uma filial em Washington, para consumar a conquista da América) e o facto de fazer as coisas apaixonadamente, parece ter muito que ver com isso. Mas para além de fazer com paixão, a BL faz bem feito. Directo ao coração do seu público. Por isso, depois de Paris e Nova Iorque, a BL ruma a Milão, onde, em plena Zona Tortona, no espaço da Portugal Brands, apresentará as esperadíssimas novidades durante a Semana do Design. A estrela absoluta: este Pixel, novinho em folha, que a blue Design revela em primeira mão. 1088 triângulos colocados um a um, manualmente, compõem esta peça que aglutina o espírito BL: o encontro entre o design contemporâneo e a manualidade do artesão. O efeito pixelado resulta da “diversidade de acabamentos nunca antes misturados”, como a folha de ouro, a folha de prata e os lacados translúcidos. Com uma base de latão polido, o interior de Pixel esconde mais supresas: a reinterpretação da técnica do espelho envelhecido e o capitoné. Sofisticado? Sem dúvida. Surpreendente? Ainda mais. É esse o objectivo do novo Design Director da BL, Marco Costa, que procura, com cada nova peça, “despertar emoções”.
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D E S I G N
TO BE CONTINUED… ( NO PRÓXIMO NÚMERO DA BLUE DESIGN )
Paixão pelo Pixel: “A responsabilidade aumenta em cada exposição. Os nossos admiradores estão sempre à espera de mais. Carregar a alma portuguesa nos nossos móveis é um grande orgulho” diz Amândio Pereira, CEO Boca do Lobo
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