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ISSO NÃO É COISA DA SUA IDADE!

Se aceitar é o primeiro passo para ter boa autoestima. É importante entender que a idade não precisa ser uma limitação para as mulheres.

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por LUDMILLA TORRES fotos AMANDA CRAWFORD

passada passei na casa da minha mãe como de costume, e logo me surpreendi.

Estava ouvindo Justin Bieber e cantando com meu inglês “maravilhoso”, enquanto esperava alguém abrir o portão para mim. Eis que chega o meu irmão e ao ouvir o som me fala de uma forma muito simpática e irônica: “Lud, você não acha que já passou do tempo de você ouvir Justin Bieber?”. Só consegui cair na risada.

Alguém me ajuda e explicar para ele que não existe idade para nada? Que estamos aqui nesta dimensão onde podemos experimentar todas as deliciosas experiências que nos interessa e sermos felizes? Que certo ou errado é questão de ponto de vista e que Deus deu uma vida para cada um e sabe por quê? Para cada um cuidar da sua!

Logicamente, meu irmão falou brincando, porque ele não perderia a oportunidade de dar uma alfinetada. Ele adora, desde sempre, fazer isso. Mas quantas vezes não ouvimos ou até falamos coisas do tipo? Eu mesma falava que aproveitaria meus cabelos compridos até chegar nos 30 e depois cortaria porque já não combinaria mais! E hoje, com 40, ainda “me acho” de “cabelão”.

A pergunta é: como você se sente bem? Pessoas têm uma luz própria tão forte que acabam ficando muito mais bonitas do que já são? Elas estão felizes consigo mesmas e, assim, emanam energia boa por onde passam. Aquele tipo de pessoa que queremos sempre ter por perto e ficar junto.

Uma outra vez meu irmão brincou comigo: “Lud, você vai ser aquela mulher que engana todos. De costa vai ser um arraso com esse cabelo loiro e quando vira, aquele maracujá de gaveta”. Rimos muito e falei: “vou mesmo!”.Ainda existem diversas barreiras.

Se aceitar é o primeiro passo para elevar a sua autoestima. Faça por si mesmo(a), afinal de contas, quem convive com você a maior parte do tempo é você mesmo(a)!

Ser mulher é ouvir, desde cedo, uma lista inacabável do que devemos ou não fazer. Não faltam pessoas (grande parte delas, mulheres), comentários e matérias dizendo, literal ou indiretamente: “você não tem mais idade para isso”, e tudo isso não passa de uma imensa besteira!

70% das mulheres com mais de 60 anos afirmam que o envelhecimento é uma fase de suas vidas em que se sentem menos socialmente e proficionalmente valorizadas

Empoderamento Feminino

Empoderamento feminino é uma forma de pensar e de viver que considera que as mulheres devem ocupar diferentes espaços na sociedade, e que elas são livres para se expressarem como se sentirem à vontade. Uma mulher empoderada, então, é aquela que aplica esse conceito no cotidiano, vivendo de acordo com os próprios desejos e motivando outras mulheres a viverem assim também.

O maior desafio para incorporar o empoderamento feminino é enfrentar a pressão que a sociedade exerce sobre as mulheres. Não é fácil simplesmente agir com autonomia, vestir o que queremos e fazer o que queremos quando temos consciência de que a sociedade irá nos julgar e nos excluir por isso.

Confesso que me assustei quando, sem planejar, percebi que esse poderia se tornar “o meu tema”. O que (ainda) me incomoda não é falar sobre isso, e sim colocar o envelhecimento como minha atividade principal. Ora, faço inúmeras coisas enquanto envelheço – viver é uma delas. Já imaginou perguntar a um adolescente o que ele tem a dizer sobre a puberdade? duvido muito que exista uma resposta.

Ainda me impressiona, por mais corriqueiro que seja, ler uma manchete sobre alguma personalidade onde o envelhecimento está no centro da pauta. Se o entrevistado é homem, o tempo deixa de ser uma questão. Parece que os homens vivem, enquanto as mulheres envelhecem. Não bastassem as transformações pelas quais passa o nosso corpo, a mídia também não nos deixa esquecer: o tempo não para, e eu faço muito bom proveito e sou mais feliz assim.

Tão indigesto quanto fazer da idade o único assunto são manchetes de moda do tipo: “Provocante aos 20, sensual aos 30, clássica aos 40, charmosa aos 50, elegante aos 60”. Já faz tempo que caíram esses muros entre as faixas etárias, sabemos bem que a idade está longe de determinar o nosso jeito de vestir e de ser. Mas a sociedade insiste em tentar nos ditar regras, trazendo à tona o machismo e o idadismo estruturais, além de uma tremenda desatualização sobre a longevidade como ela acontece hoje.

Esse fenômeno pode ser observado em mulheres que estão envelhecendo e não perderam as vontades da juventude, são cheias de vida e donas de si, e merecem validação como qualquer outra pessoa.

A sociedade dissemina a ideia de que a partir dos 50 anos uma mulher não tem mais o que oferecer. Ela não terá a beleza de quando era jovem, não será atraente para os homens e não poderá ter filhos. Todas essas características são entendidas como a essência de uma mulher, mas isso não condiz com a realidade.

Em todas as fases da vida as mulheres têm algo a oferecer, porque elas são muito mais do que os padrões de beleza e de comportamento, são pessoas que merecem validação.assim como qualquer outro.

Luta e Feminismo

Com o empoderamento feminino, as mulheres são capazes de entender que elas não existem para agradar outras pessoas ou para seguir as regras criadas pelo patriarcado, e devemos lutar contra.

Elas são donas de si, sujeitas de suas histórias e livres para fazerem aquilo que tiverem vontade, independentemente dos julgamentos alheios, que sempre irão existir.

Sendo assim, o envelhecimento da mulher pode ser um fator desencadeante para crises de autoestima. “No envelhecimento, a mulher começa a ir na contramão do que se espera socialmente dela, uma tríade cruel de jovialidade, beleza e saúde. Há mudanças corporais e a experimentação dos efeitos da passagem do tempo perante o espelho.”

Acontece que amadurecer tem suas vantagens, e uma delas é aprender a adaptar esses mandamentos ao nosso bel-prazer – com bom-humor e bom português. Uma coisa é alguém me dizer que não tenho mais idade para isso ou aquilo. Outra bem diferente é eu mesma dizer “Não tenho mais idade pra isso”.

Muito provavelmente continuarão existindo os estereótipos, preconceitos e discriminação em relação às pessoas por conta da idade que têm. Continuarão existindo também os próprios preconceitos com relação à idade e o desejo de parecer jovem para ter aprovação social. O ser humano é um ser social, gostamos de ser admirados e bem-vistos aos olhos dos outros.

As rugas, as cicatrizes e as manchas contam histórias, e traduzem o privilégio de envelhecer com saúde e vencer a morte. Além disso, tudo que aprendem ao longo da vida são conhecimentos a serem compartilhados, e a cada ano sabem mais sobre a vida, sobre a sociedade e sobre si.

Por mais que seja difícil ignorar a opinião alheia e as pressões que a sociedade impõe, é importante que as mulheres entendam que elas têm o direito de existir.

Isso inclui envelhecer fisicamente e amadurecer mentalmente, mas não significa que elas devem cumprir aquilo que esperam delas em cada faixa etária. Nunca se deixe influenciar pelo que os outros pensam que você deveria fazer com a sua vida, afinal, ela é só sua! E eu sigo assim, cabelos longos, bem-humorada e ouvindo Justin. E você? Me conta!

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