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Black is King
Como Beyoncé mostra uma nova visão da África para o resto do mundo
por Breno Deolindo foto: Reprodução/Instagram
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Pose para ensaio fotográfico da campanha
Dirigido, escrito e produzido por Beyoncé, Black Is King (2020) conta a história do clássico da Disney “O Rei Leão”, de uma maneira reinventada. Servindo como um complemento visual para o álbum “The Lion King: The Gift”, lançado em 2019, o filme traz uma versão humanizada da história infantil, incluindo pautas muito importantes, como por exemplo a exaltação da raça negra, da ancestralidade e dos elementos africanos. Beyoncé quis mostrar outro lado do continente africano e sua cultura, aquele que não é muito mostrado na mídia, quebrando qualquer estereótipo relacionado à pobreza, miséria e aspectos negativos. O que nos é mostrado na obra é uma África alegre, colorida e extremamente orgulhosa de sua cultura. A história aborda lições que os jovens reis e rainhas de hoje em dia devem enfrentar em sua longa jornada em busca de poder e reconhecimento. Tais lições são contadas através de músicas e, vez ou outra, partes narradas. Algumas destas inclusive foram retiradas da obra original.
Black Is King está aberto a várias interpretações e utiliza metáforas como elementos principais que se relacionam ao filme “O Rei Leão”. Ao nosso ver, Beyoncé aparece no filme como guia e mentora espiritual do menino que, nesta versão da obra, interpreta o papel de Simba. Ela o guia e o auxilia em sua trajetória rumo ao reinado, mas, assim como na obra original, diversos percalços surgem pelo caminho, que acabam fazendo com que o protagonista se questione e cometa leves desvios em direção ao seu destino. Os elementos visuais do longa, somados às músicas e suas letras, contam a história de uma maneira bastante dinâmica, contemporânea e interessante, como se cada canção representasse um momento da vida do protagonista e uma lição a ser seguida.
O álbum que deu origem ao filme tem curadoria de Beyoncé e a cantora norte americana aparece como vocalista na maioria das músicas. Entretanto, há canções em que ela não está presente. O interessante aqui é que ela se preocupou em trazer esses outros artistas também para o filme, dando ainda mais visibilidade para os mesmos que, em sua grande maioria, são negros. As músicas, quase que sem exceções, focam no ritmo afrobeat e em elementos que remetem à sonoridade africana. Em algumas delas, até idiomas do continente marcam presença.
Vídeo de divulgação da cantora
O filme, também descrito como um álbum visual, realmente abusou dos visuais, não deixando a desejar em nenhum aspecto nesse quesito. Os cenários, locações e figurinos são bastante surpreendentes e essenciais para a narração. Isso sem contar as coreografias, efeitos especiais e, é claro, a dedicação e esforço que Beyoncé coloca em seus vocais e representações.
No fim, pode-se dizer que a Queen B fez algo bastante arriscado - todos sabemos o quão difícil é reinventar um clássico, tão conhecido e amado por todos - mas, certamente, não decepcionou. Black Is King é um trabalho de qualidade que, mais do que reimaginar a história do queridinho de 1994 da Disney, traz uma nova perspectiva para o enredo, mas ainda assim mantendo-se fiel ao mesmo. Digamos que a obra de Beyoncé foi uma forma atual - e um tanto necessária, devido a todos os acontecimentos relacionados à luta contra o racismo que presenciamos neste ano - de unir o útil ao agradável e adicionar uma causa necessária à uma obra tão famosa que, por carregar o nome “Disney”, certamente teria bastante alcance, sem perder a essência do longa original.
No exato momento em que esse texto foi escrito, “Black Is King” da cantora Beyoncé conta com 95% de aprovação no Rotten Tomatoes, tendo 58 críticas. E aí, vai ter o seu stream?