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VIVENDO E APRENDENDO
O que se come no Metrô de São Paulo?
As pesquisadoras adentraram o interior das estações do Metrô consideradas mais movimentadas de São Paulo e administradas exclusivamente pelo governo estadual. Por um sistema de checklist, foram analisados quiosques, lanchonetes, lojas e vending machines para quantificar, identificar e caracterizar os alimentos disponíveis, segundo seus atributos, como grau de processamento, preço, variedade (de marca, tipo de embalagem, volume, peso), localização, entre outras métricas.
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Assim, foi possível descrever o ambiente alimentar das estações. Vale destacar que a coleta foi feita em 2017, quando a linha Lilás ainda era estritamente de administração pública.
Os dados mostraram um cenário com alta oferta de alimentos não saudáveis em comparação com os saudáveis. Refrigerantes, por exemplo, foram encontrados em todas as estações, em uma média de oito tipos por estabelecimento, chegando a até 24 variedades do produto em um único comércio. A única opção de bebida saudável era água mineral, presente em todas as estações estudadas, exceto na Tucuruvi, e suco natural da fruta, este encontrado apenas na estação Brás. Para além de bebidas, em grande parte das observações, a água era o único produto saudável disponível para compra.
Nas estações de metrô é comum encontrar quiosques para os passageiros, que encontram uma oportunidade de se alimentar
O salgadinho de pacote ou biscoito salgado sem recheio, o bombom e o chocolate em barra e o refrigerante estavam disponíveis em mais da metade dos pontos comerciais (51,5%, 53% e 60,6 %, respectivamente), conforme o estudo. Eles são, na verdade, misturas de produtos industriais e pouco ou nada têm de alimento; são classificados como ultraprocessados, segundo a classificação alimentar denominada nova, que descreve os alimentos por grau de processamento industrial.
“A alta exposição de ultraprocessados nas estações do Metrô não possibilita que os usuários diários desse transporte tenham a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável assegurada e a alta quantidade de propagandas em relação a esses alimentos compromete também a autonomia de escolha”
Enquanto isso, frutas, que são alimentos in natura (com alto valor nutricional), só foram vistas nas estações Brás e Tatuapé e em apenas 10% das lanchonetes e 4,8% das vending machines nessas estações.
As hortaliças, que também fazem parte desse grupo, estavam disponíveis apenas como parte de preparações de sanduíches, que foram considerados alimentos não saudáveis, presentes em 70% das lanchonetes, 66,7% das cafeterias e 9,5% das vending machines das estações Sé, Luz, Tatuapé, Brás e República. O artigo informa que não foram encontradas informações nutricionais em nenhum dos 66 pontos comerciais.