1 minute read
Black Mirror em São Paulo
Anthony Mackie protagoniza trama sobre o poder de libertação da tecnologia, enquanto explora variados cenários da capital paulista
Para os brasileiros, especialmente os paulistanos, o primeiro episódio da quinta temporada de Black Mirror trouxe um algo em particular. Quem é familiarizado com a metrópole paulistana reconhecerá com grande facilidade cenários turísticos, como a Avenida Paulista, detalhes charmosos como os arabescos do Viaduto Santa Ifigênia e a força opressora do horizonte de arranha-céus, observados a partir do topo do edifício Copan. São Paulo, contudo, não é tratada como se fosse óbvia que estão na capital – a cidade do episódio nomeado de Striking Vipers não é revelada – mas ela tem mostra muitos pontos de forma indireta e paralelamente à história contada no episódio.
Advertisement
A trama começa com três amigos curtindo uma balada (na The Year, uma casa noturna localizada na Vila Leopoldina). Danny (Anthony Mackie), Theo (Nicole Beharie) e Karl (Yahya Abdul-Mateen II) moram juntos em um imóvel de aparência simplória, onde os dois rapazes dividem o gosto por videogames. Um salto no tempo mostra Danny e Theo vivendo em uma ampla residência com quintal onde o filho do casal brinca. Karl se tornou um solteirão dono de um luxuoso apartamento (na Avenida Paulista), que frequenta restaurantes caros com jovens de pouca bagagem cultural. Eles se reencontram no aniversário de Danny, que ganha de Karl um jogo de realidade virtual, o Striking Vipers, o qual dá título para o episódio. Quando entram no aparelho, a relação de ambos se transforma, afetando, aos poucos, a vida fora do mundo virtual.
Black Mirror
por Owen Harris
Classificação 18 anos
Estreou em 05/06/2019
Onde assistir Netflix
Striking Vipers é sensível e melancólico até ganhar dimensões explosivas no revelar de desejos camuflados pelo tempo e por contratos sociais. A tecnologia, tão vilanesca na série, se torna agora espaço de libertação. Enquanto ao fundo, a selva de pedra paulistana e sua vida noturna ressaltam a dureza da realidade. Por isso é tão simbólica a última cena do episódio, quando os cenários irrealistas do jogo de videogame dão lugar ao heliponto do Copan, derrubando assim as barreiras que dividem os acontecimentos do mundo real do que é vivido no mundo virtual.