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Marcus Nakagawa fala sobre sustentabilidade e moda
Criador da plataforma Dias Mais Sustentáveis, Marcus Nakagawa, fala sobre o mercado de moda
Ultimamente grandes redes como a C&A, a Malwee e a Renner e empresas menores como a Oriba têm lançado coleções especiais, produzidas pensando na sustentabilidade. Essa seria uma tendência do mercado?
Essas iniciativas são uma forma deste segmento de mercado tentar se reinventar numa realidade de sustentabilidade, inclusão, ética e integridade. São formas pelas quais esta indústria está tentando buscar mudar milhares de anos de história de vestir as pessoas. Tomara seja um paradigma a ser trabalhado e implementado por todas as empresas deste ramo de negócio. Temos que utilizar toda a tecnologia e inovação que esta indústria trouxe ao longo dos anos, não somente para o lucro a curto prazo e, sim, proposta de valores para todos os envolvidos na cadeia, desde a mão de obra de produção, o meio ambiente, os fornecedores, os distribuidores, os acionistas, consumidores, enfim, todos! A economia circular pode ser um dos caminhos a serem trabalhados, com certeza, porém, de ponta a ponta, não somente na hora da comunicação.
Como o consumidor vê essas questões?
O consumidor começa a entender que estes pontos são importantes para todos. Numa pesquisa da Nielsen, de 2019, chamada Estilos de Vida no Brasil, feita com mais de 21 mil pessoas, mostrou que 42 por cento dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto no meio ambiente. Nela 58 por cento responderam que não compram produtos de empresas que realizam testes em animais e 65 por cento não compram de empresas associadas ao trabalho escravo. Cada dia mais as pessoas estão atentas a estas temáticas e já não dá mais para fazer "greenwashing", ou seja, uma lavagem verde fingindo que é sustentável ou um "social washing".
Geralmente peças desenvolvidas com algodão certificado e processos que minimizam o impacto ambiental costumam ter um preço final mais alto.
Por
que esses produtos são mais caros?
Ainda é necessário que as grandes empresas, os grandes “players”do mercado entrem nesse processo, principalmente as empresas de varejo, pois somente na escala é que esses processos se tornarão padrão de mercado. Pode parecer um pouco sonhador, porém, diziam a mesma coisa para as questões da Internet e do mundo digital ureza e a sociedade como um todo. O modo de produção é cruel com o meio ambientel, como sustentabilidade e uma vida reciclavel. A sustentabilidade é um caminho sem volta? Por quê?
Sim, a sustentabilidade é um caminho sem volta porque cada dia mais as megatendências estão apontando que temos que cuidar das questões do meio ambiente, das questões sociais, de inclusão e de diversidade. Após a pandemia é uma tônica muito forte a questão ligada à emergência climática. Um “termômetro” positivo para a temática é a área financeira de investidores. Grande empresas e bancos estão cada dia mais preocupados com o ESG - sigla em inglês para Ambiental, Social e Econômica – e negando crédito para empresas que vão contra estes temas e só investindo em empresas que tenham este tipo de planejamento, implementação e indicadores. Cada consumidor precisa, também, praticar esta sustentabilidade na sua rotina para ter dias mais sustentáveis. Buscar e cobrar a transparência delas e valorizar aquelas que estão fazendo atividades mais condizentes com a realidade que precisamos para consumirmos de forma responsável e sustentável, respeitando a natureza e a sociedade.