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Pantys: uma história de força, liberdade e criatividade

Como a Pantys está transformando o mercado de absorventes no Brasil

{São Paulo – Desde quando o absorvente descartável desembarcou no Brasil, em meados de 1930, a indústria não passou por mudanças muito drásticas. Claro, hoje em dia existem opções com abas, sem abas, noturnas, para fluxos mais ou menos intensos. Apesar disso, a essência do produto continua a mesma.

No Brasil, não existe um processo de reciclagem para os absorventes descartáveis quando eles se transformam em lixo. A estimativa é de que cada mulher no mundo descartará cerca de dez a 15 mil absorventes ao longo da vida fértil. Isso, então, se transforma em um grande problema ambiental.

Foi pensando nisso que, em 2017, Emily Ewell, 34 anos, e Duda Camargo, 22 anos, fundaram a Pantys: uma marca de calcinhas absorventes high-tech com uma pegada ecológica. Com um investimento inicial na casa dos 300 mil reais para pesquisa e produção (capital próprio das duas, que são da mesma família), o faturamento da empresa tem um aumento 14% ao mês. Com os 60 mil pedidos realizados desde a criação da marca, todo o valor de investimento inicial já foi recuperado. Outros dados (como lucro anual) não são abertos pelas fundadoras da emprsa.

“Nós desenvolvemos um produto pensando em sustentabilidade, consumo consciente, empoderamento feminino porque a maioria dos cEO de empresas de absorventes são homens e esse é um mercado que ficou parado no tempo. Queríamos trazer uma proposta mais moderna”, conta Emily Ewell .

Antes de abrir o negócio, Emily e Maria Eduarda realizaram uma pesquisa e constataram que 90% das mulheres ouvidas estavam insatisfeitas com as alternativas que tinham para usar durante o ciclo menstrual. Além disso, elas observaram que o impacto financeiro que a quantidade de pacotes de absorventes descartáveis que uma mulher tinha que comprar por ciclo também era um dos motivos para as mulheres quererem algo diferente. Outro ponto apresentado na pesquisa foi a preocupação ambiental. “Foi uma questão de necessidade para pessoas que querem pensar mais no ambiente. Preocupar-se com isso no Brasil vai fazer muita diferença e diminuirá o impacto ambiental”, diz Emily, fundadora.

A ideia de as vendas serem feitas, inicialmente, pela internet surgiu por conta do movimento de mercado que ambas sentiram estar acontecendo. “O Brasil estava pronto para esse produto e o e-commerce estava crescendo. Lançamos a loja em um momento muito bacana”, diz Emily fundadora da marca.

A maioria das compras são online, mas algumas acontecem nas lojas conceito (espaços menores, não fixos) da Pantys, presentes em São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro. A ideia, no entanto, é abrir lojas físicas em um futuro próximo. “Queremos crescer, para consolidar no mercado brasileiro. A gente vê que algo físico é complementar para a loja online. Um dá força para o outro e isso é muito bom para o negócio”, afirma Maria Eduarda, fundadora.

A aposta das meninas para que o produto ganhe conhecimento entre mulheres Brasil afora é o famoso boca-a-boca, além de investir em influenciadoras digitais para divulgarem a marca. “Eu acho que esse é um dos motivos para estarmos sempre preocupadas com a experiência do cliente é exatamente esse: uma menina usa a calcinha, comenta com uma amiga e isso acaba sendo uma grande estratégia e dá uma força para chegarmos em mais mulheres”, explica Maria Eduarda sobre a marca Pantys.

A maioria das clientes tem entre 25 e 35 anos, mas não é o foco da marca. “Nós focamos bem menos no lado demográfico e mais na cabeça aberta. A mulher pode ter 20, 45 anos, mas vai mais da pessoa se preocupar com consumo consciente”, conta Emily Ewell.

Embora existam outras marcas produtoras de calcinhas absorventes (como é o caso da loja de coletores menstruais Korui), a maior concorrência da Pantys.

“Nossos maiores concorrentes são os absorventes descartáveis. Até todas as mulheres usarem as calcinhas, ainda é uma evolução de mudança de hábito do mercado”, diz Emily Ewell, de 34 anos.

Para Maria Augusta Pimentel Miglino, consultora de novos negócios do SEBRAE-SP, a transição das mulheres para o uso mais sustentável de produtos voltados para o ciclo menstrual será lenta. “Não sei se as calcinhas vão dominar o mercado de forma de tirar do mercado os absorventes descartáveis por duas barreiras: a cultural, que faz com que as mulheres achem a segunda opção melhor e mais confiável, e também a financeira. As fundadoras explicam o valor por conta da tecnologia aplicada no tecido. Por fora, o pano é igual o de uma calcinha comum, mas o que as diferencia das demais é o que está dentro. O forro tem duas camadas internas; uma mata 99% das bactérias e a outra é impermeável. E, desde o começo de abril, o tecido utilizado passou a ser biodegradável e antimanchas.

Todas as mudanças foram feitas para agradar as clientes. “Por a gente ser e-commerce e ter esse contato direto com o consumidor, conseguimos pegar os feedbacks sobre o que está dando certo e o que pode ser melhorado muito rápido. Essa coisa de mudança do tecido foi um pedido delas”, conta Maria.

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