Revista Sol Brasil - 10°edição

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Índice

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Tecnologia Como são quentes A importância do isolamento térmico para reduzir perda de temperatura nos SAS

Empresas Associadas

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Editorial Um ano promissor

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Case Solar

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SESC Bertioga aposta na energia solar Sistema da Heliotek tem capacidade para aquecer 10 mil litros de água

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JMS aquece água de condomínio em Brasília Projeto que atende 348 apartamentos gera economia mensal 45.000 kW

Um entusiasta do PBE Aluizio Ribeiro Gonçalves chega à aposentadoria após 35 anos de Inmetro

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Guia Sustentabilidade Água e Energia Publicação da UMAPAZ destaca benefícios do aquecimento solar em instalações domiciliares

Expediente Revista SOL BRASIL Publicação bimestral do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condi­cio­nado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Conselho Editorial: Luís Augusto Ferrari Mazzon, Marcelo Mesquita, Nathalia P. Moreno e Anahuany Bernardes Edição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) Projeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha Simões Foto de capa: GET

Entrevista Fernando Perrone Gerente do Departamento de Projetos de Eficiência Energética da Eletrobras prevê aumento da demanda por sistemas de aquecimento solar de água por causa do Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações.

Notícias do Dasol 20 anos a serviço da energia solar térmica Em 2012, o DASOL comemora 20 anos de organização do setor e defesa da indústria de aquecimento solar

Atualidades

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Mundo Verde Reino Unido lança programa de aquecimento renovável Benefício, que será estendido ao setor doméstico, tem como objetivo reduzir dependência energética do carvão.

Diretoria DASOL Presidência - Amaurício Gomes Lúcio VP Relações Institucionais (VPI) - Amaurício Gomes Lúcio (interino) VP Operações e Finanças (VPOF) - José Ronaldo Kulb (interino) VP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) - Carlos Artur A. Alencar (interino) VP Marketing (VPM) - Luis Augusto Ferrari Mazzon (interino) VP Desenvolvimento Associativo (VPDA) - Amaurício Gomes Lúcio (interino) Gestor - Marcelo Mesquita DASOL/ABRAVA Avenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos – São Paulo – SP – CEP 01206-905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142) Fale conosco: solar@abrava.org.br


Editorial

Um ano promissor 2012, o ano em que o DASOL completa 20 anos a serviço da indústria nacional de aquecimento solar, traz boas pers­ pectivas para o nosso setor. A retomada do programa Minha Casa Minha Vida, dos programas habitacionais das Cohabs e dos programas de eficiência das concessionárias de energia projetam um significativo aumento da demanda. Esperamos voltar ao ritmo de crescimento verificado em 2009 e 2010. Estamos confiantes também no uso cada vez mais difundido da energia solar para aquecimento de água no setor hoteleiro e hospitalar e na adoção de novas possibilidades de aplicação no setor industrial. O avanço do uso de energias renováveis é lento, mas constante: a busca por soluções sus­ tentáveis está na ordem do dia para toda a atividade econômica. E é isso que a energia solar térmica é: renovável e ambientalmente mais eficaz, um investimento que se torna economi­ camente mais atraente com o passar dos anos, na medida em que se elevam os custos das energias tradicionais. Mas esse aumento de demanda exige do setor investimento em desenvolvimento tecnológico, qualidade e capacitação para oferecer produtos cada vez mais eficientes e um atendimento pré e pós-venda cada vez mais responsável aos nossos clientes. Assim, além de projetos adequados à necessidade do cliente e a estrita observância de nor­ mas técnicas para a correta instalação, é preciso fornecer ao consumidor informação correta para que ele possa obter o melhor desempenho do sistema de aquecimento solar. Um importante indicador de qualidade para o mercado é o Programa Brasileiro de Etique­ tagem, do Inmetro/Procel. O DASOL vem dando clara demonstração do seu compromisso com o setor e a qualidade ao defender a voluntária adesão da indústria ao PBE e promover cursos de capacitação com esse objetivo. Agora, a revisão do PBE rumo à compulsoriedade irá trazer outros desafios ao setor, com novas e mais rígidas exigências técnicas. Ao defender o aumento da capacidade produtiva, o investimento na qualidade do nosso produto e na venda consciente, estamos defendendo todo o nosso setor e mais oportunidades para todos pois, mais do que nunca, o sucesso de todos depende do sucesso de cada um. E o sucesso do nosso negócio significa também melhor gestão ambiental para nossos clien­ tes, novo patamar no relacionamento com o nosso consumidor e mais sustentabilidade para o nosso Planeta. Contamos com a participação de todos nesta jornada!

Presidente e Vice-Presidente de Assuntos Institucionais

Divulgação

Amaurício Gomes Lucio

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Case Solar

SESC Bertioga aposta na energia solar Sistema da Heliotek tem capacidade para aquecer 10 mil litros de água Divulgação Heliotek

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Com o objetivo de aliar a preservação ambiental à eco­ nomia de energia, o SESC Bertioga optou pela instalação de um sistema de aquecimento solar da Heliotek para aquecer a água de seus apartamentos privativos. Ao todo, são 48 apartamentos que receberão água aque­ cida pelo sistema solar. Cada apartamento terá dois pontos de consumo de água quente: o chuveiro e a pia do lavatório. Para dimensionar o sistema de aquecimento, foi calcula­ da a demanda diária de água quente com base no número médio de hóspedes por apartamento, vazão de água e tempo de uso. O sistema conta com área coletora de 144 m² (96 coleto­

res solares de 1,5 m²) da linha Quality Line e quatro reser­ vatórios térmicos de 2.500 litros de alta pressão. Ao todo, são 10.000 litros de água quente termo-acumulados que abastecem os pontos de consumo em uma temperatura de 45ºC. Como sistema de “back-up”, cada reservatório térmico possui resistências elétricas que, quando necessário, ajudam a manter a temperatura da água, em períodos nublados e chuvosos. Tendo a energia solar como fonte de aquecimento, o sis­ tema prevê uma economia mensal de até R$ 1.700,00, o que corresponde à redução de custo de 70% quando comparada a energia elétrica, e 59% quando comparada ao sistema a gás. No caso do sistema a gás, além da economia de energia devem ser considerados também os benefícios ambientais do sistema solar, que não emite gases poluentes e não exige investimen­ tos e cuidados permanentes com vazamentos e contaminação. Assim, o sistema solar, que utiliza uma fonte abundante, gratuita e renovável como a energia do sol, acaba proporcionando economia anual total em torno de R$ 20.000,00. Heliotek Associada do DASOL/ABRAVA desde 30/11/92 www.heliotek.com.br/


Case Solar

Projeto da JMS aquece água de condomínio em Brasília Aquecimento solar garante redução da carga elétrica, maior conforto e economia operacional para moradores de 348 apartamentos

Divulgação JMS

O Condomínio Residencial Ilhas do Lago, localizado em Brasília, é um empreendimento que tem características de um resort. Devido à utilização do sistema de aquecimento solar implantado pela JMS, o condomínio economiza cerca de 45.000 kW de energia elétrica por mês. Somente para atender a demanda de água quente para banhos dos moradores dos 348 apartamentos do condomí­ nio (cada um com três banheiros), seriam necessários cerca de 1.044 chuveiros elétricos. Toda essa carga, equivalente a 5.220 kW, está sendo integralmente retirada do horário de ponta, beneficiando imensamente o sistema energético brasileiro. Só para se ter ideia do beneficio, a carga economizada seria suficiente para acender cerca de 261.000 lâmpadas econômicas de 20 Watts. A JMS Sistemas de Aquecimento, especialista no for­ necimento de grandes sistemas de aquecimento de água, dimensionou, projetou e instalou todo o sistema solar do Condomínio Residencial Ilhas do Lago. Para atender a esta enorme demanda de água quente, foi necessário um competente projeto de dimensionamento e minuciosos estudos para chegar num dos maiores sistemas de aquecimento solar já implantados no Brasil. O sistema tem mais de 1.600 m² de coletores solares e um volume de 150.000 litros de água quente acumulada. Para os moradores usufruírem deste conforto sem desperdício de água e energia, o sistema de aquecimento solar do condomínio sofreu a equalização de vazão em to­ dos os pontos de consumo de água quente no interior dos

apartamentos. Assim, o sistema mantém a mesma pressão e vazão em todos os apartamentos independentemente do andar. Além disso, um sistema de recirculação inteligente e automático das prumadas de consumo garante a presença da água quente nos pontos de consumo em menos de 10 segundos, o que evita o desperdício de água e energia. O resultado desta economia está diretamente refletido no custo operacional, trazendo grande economia e reduzin­ do o valor mensal do condomínio pago. O empreendedor também obteve grande economia com a supressão de subes­ tações elétricas e a drástica redução no dimensionamento das redes elétricas do empreendimento.

JMS Termotron Associada ao DASOL/ABRAVA desde 28/10/1998 www.jmsaquecimento.com.br/newsite/

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Notícias do Dasol

Dasol: 20 anos a serviço da energia solar térmica Organizado desde julho de 1992, o setor promove a temática da sustentabilidade socioambiental no país A indústria brasileira de aquecimento solar de água teve início no final da década de 70, com algumas iniciativas ain­ da experimentais. O setor começou a se fortalecer durante a década de 80, com a multiplicação dessas iniciativas. Mas foi somente na década de 90 que a organização ganhou impulso graças à decisão dos fabricantes que se uniram em torno dos mesmos interesses e souberam alinhar divergências para criar o Grupo Setorial de Aquecimento Solar da ABRAVA. O Grupo Setorial foi criado em 07 de julho de 1992. Seis anos depois, em 8 de julho de 1998, sua denominação foi alterada para Departamento Nacional de Aquecimento Solar – DASOL. Desde 1992, o Grupo Setorial e, posteriormente, o DASOL, tem representado os interesses da indústria do aquecimento solar em diversas frentes com o objetivo de fortalecer o setor, difundir os benefícios da energia solar térmica e promover a temática da sustentabilidade socio­ ambiental no país.

Programa Brasileiro de Etiquetagem Uma primeira e importante conquista para o setor ocor­ reu em fevereiro de 1996, quando foi assinado o acordo entre o Grupo Setorial de Aquecimento Solar da ABRAVA e o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Inmetro/ Procel. Foram os primeiros passos rumo à formalização das empresas e reconhecimento da qualidade dos nossos produtos. No final de 1997 foi inaugurado o Laboratório GREEN Solar da PUC-Minas Gerais, que teria importante papel na inovação tecnológica do setor. Em 1998 tiveram início os testes dos aquecedores solares de água para o PBE, de modo que, no ano seguinte, os primeiros coletores solares já apresentavam etiqueta de eficiência energética.

DASOL participou ativamente das discussões para implantação dos SAS em programas habitacionais

Revisão do PBE As iniciativas do DASOL Ao longo desses 20 anos, foram empreendidas muitas batalhas. Dentre as conquistas obtidas, algumas merecem maior destaque face à importância, significado e benefícios proporcionados ao setor, inclusive com a abertura de novas perspectivas de mercado:

Em 16 de dezembro de 2011 e em 13 de janeiro de 2012 foram publicadas no Diário Oficial da União as Portarias Inmetro/MDIC nº 477 de 15/12/2011 e nº 07 de 11/01/2012, referentes à consulta pública para Revisão dos Requisitos de Avaliação da Conformidade (RAC, para sistemas de aquecimento solar de água) e para revisão do Regulamento Técnico da Qualidade (RTQ, para equipamentos). Nos documentos RAC e RTQ são apresentados os


Notícias do Dasol

Em prol da qualidade e da eficiência, DASOL defende a etiquetagem compulsória dos SAS

critérios do PBE Solar, com foco na segurança e no desem­ penho energético dos produtos fabricados, importados ou comercializados no mercado nacional. Dentre as alterações propostas estão a revisão da base normativa e a alteração no mecanismo de avaliação da conformidade, que passa a ser compulsória. Dessa forma, está em curso um processo de extrema re­ sponsabilidade, já aguardado pelo setor, e que representará uma grande mudança e um grande desafio de mercado no médio prazo.

Isenção de tributos Além da difusão da tecnologia solar, o setor se alinhou a outras entidades ligadas à energia renovável. Em dezembro de 1997, por meio do Convênio ICMS nº 101, teve início a isenção de ICMS em todo o território nacional para matériaprima usada na fabricação de aquecedores solares de água. O Decreto Federal 783, de 20 de abril de 1993, já havia es­ tabelecido a isenção da alíquota de IPI, mais um importante incentivo para a disseminação das tecnologias de geração de energia limpa.

ENASOL e EXPOSOLAR O setor investiu também na dis­ seminação do conhecimento sobre essa nova indústria. As edições de 1996, 1998 e 2000 do ENASOL e da EXPOSOLAR reuniram autoridades, profissionais, associações, ONG´s, centros de pesquisas, revendedores e principais fabricantes do setor para discutir os principais temas do aquecimento solar. Entre esses temas estavam a tec­ nologia, programas setoriais, acordos de incentivos, investimentos e per­ spectivas de evolução. A abrangente programação desses eventos incluiu exposições da tecnologia, ciclos de

palestras, minicursos, visitas técnicas e lançamento de publicações. Em 25 de junho de 1996 foi realizado o 1º ENASOL (Encontro Nacional das Empresas de Aquecimento Solar), no auditório do Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo. Na ocasião foram lançados o “Manual Técnico Básico de Aquecimento Solar”, um vídeo institucional e a publi­ cação “O Aquecedor solar de água para o setor elétrico e usuários finais”. Entre 21 e 25 de novembro de 1998, foi realizado o 2º ENASOL, também no auditório do MAM, com o lançamento da cartilha “Aquecedor solar em sua casa: a melhor opção de água quente”. Em 30 de junho e 01 de julho de 2000, aconteceu em Belo Horizonte, no auditório da PUC Minas, o 3º ENASOL, pela primeira vez realizado em uma universidade.

CB – SOL e Exposolar 2011 A crescente relevância econômica, tecnológica e socio­ ambiental do aquecimento solar levou à realização, em novembro de 2011, do 1º Congresso Brasileiro de Aqueci­ mento Solar (CB-SOL), no Royal Palm Plaza Hotel Resort, em Campinas (SP). O Congresso contou com a valiosa contribuição da Uni­ versidade Estadual de Campinas (UNICAMP), por meio da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo e do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE). A Professora Elizabeth Duarte Pereira também prestou importante colaboração na definição do programa técnico científico e na condução dos trabalhos. Juntamente com o CB-SOL, ocorreu a Feira e Exposição de Sistemas de Aquecimento Solar (EXPOSOLAR), dedi­ cada aos profissionais do setor. Para divulgar a tecnologia solar térmica junto ao público em geral, foi organizada uma exposição na Praça José Bonifácio, no centro de Campinas.

CB-Sol reuniu fabricantes, especialistas e profissionais para discutir temas estratégicos para o setor

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Notícias do Dasol

Qualisol Brasil Em maio de 2005 foi lançado o Programa Qualisol Brasil, com o apoio da Eletrobras/Procel e do Inmetro, que tem como finalidade promover a qualificação de fornecedores de sistemas de aquecimento solar. Em 2011 o Programa reunia cerca de 90 empresas cadastradas e que serão convidadas a participar do processo de evolução nas novas fases de qualificação.

Cidades Solares A Iniciativa Cidades Solares nasceu em 2006 da parceria entre ABRAVA e a ONG socioambiental Vitae Civilis, com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira em torno das vantagens ambientais e sociais da geração descentralizada de energia, principalmente do aquecimento solar. Essa mobi­ lização vem sendo feita por meio de seminários e encontros realizados em todo o País, publicações técnicas e o website www.cidadessolares.org.br

Pesquisas Pesquisas de produção e de opinião também fazem parte das atividades de destaque do DASOL na busca da consolidação de informações do setor, estudo de indicadores de crescimento e avaliação de distribuição de vendas no território nacional.

Programa de capacitação O DASOL promove constantemente cursos e seminários para capacitação e informação dos profissionais do setor nos mais diferentes conteúdos: Aquecimento Solar para Banho, Aquecimento Solar para Piscina, Seminários Cidades Solares, Projetos Técnicos Hidráulicos Básicos para SAS em Edifícios, Trocadores de Calor e Ar Condicionado Solar.

Revista Sol Brasil

Profissionais do setor têm aulas práticas e teóricas nos cursos oferecidos pelo DASOL

Associados e entidades ligadas à tecnologia solar tér­ mica recebem a revista bimestral Sol Brasil, produzida pelo DASOL. A revista, que teve seu projeto gráfico e editorial reformulado em 2010, chega em fevereiro de 2012 à sua 10ª edição eletrônica e está disponível no website do DASOL. Os associados também recebem o Solar News, boletim eletrônico semanal com as principais notícias relacionadas à energia solar térmica no Brasil e no mundo. Outra impor­ tante fonte de informação é o website www.dasolabrava. org.br. A tecnologia solar térmica também é divulgada nas entrevistas concedidas pelo DASOL a rádios, TVs e jornais, destacando as atividades e iniciativas do setor.


Notícias do Dasol

DASOL ABRAVA promove curso inédito de Ar Condicionado Solar Térmico Com objetivo de capacitar os participantes nos conceitos e aplicações da energia solar térmica em sistemas de condi­ cionamento de ar, a ABRAVA realizou em 9 de dezembro curso inédito dirigido a profissionais das duas áreas. O aquecimento solar é considerado uma tecnologia inovadora que irá revolucionar os sistemas e promover a eficiência energética do ar condicionado, que é considerado um dos usos finais de maior consumo de eletricidade. O Diretor-Presidente da Thermosol Consulting, Lúcio Mesquita, ministrou o curso a mais de 30 alunos e abordou temas diversos, como a introdução às tecnologias de ar condicionado solar e de coletores solares para média tem­ peratura, novos coletores concentradores e comparações com climas e condições de operação típicas e princípios dos ciclos de absorção e adsorção e equipamentos disponíveis. Mesquita também falou sobre os princípios de sistemas dissecantes sólido e líquido e equipamentos disponíveis, trazendo inclusive a introdução de dimensionamento e en­

genharia de sistemas com exemplos de projetos e de análises de custos. Novas turmas serão formadas em 2012 como parte do Programa de Capacitação da ABRAVA-DASOL. Lúcio Mesquita é engenheiro mecânico pela Universidade Federal de Minas Gerais, com doutorado pela Queen’s University (Canadá) na área de condicionamento de ar solar. Com mais 20 anos de experiência em projetos no Brasil, Estados Unidos e Canadá, Mesquita representa o Canadá como especialista junto à Agência Internacional de Energia.

Curso de Analista de Sistemas de Aquecimento Solar abre o Programa de Capacitação 2012 Em 2011, foram capacitados 157 profissionais em nove cursos O DASOL promoveu nos dias 19 e 20 de janeiro o primeiro curso de capacitação do ano, o Módulo Analista de Aquecimento Solar, abrindo a programação de cursos de 2012. O curso, ministrado por Engenheiro Luciano Torres, reuniu 18 alunos que receberam conteúdo teórico e conceitos sobre geometria solar e da tecnologia de aquecimento solar. Em 2011, nove cursos do DASOL capacitaram 157 profis­ sionais, sendo 55% de empresas associadas que aproveita­ ram a oportunidade para preparar suas equipes para os desafios desse mercado que cresce dia a dia. A avaliação dos cursos 2011 comprovou o nível de sat­ isfação dos alunos na maioria dos 12 itens perguntados. Nessa avaliação, 94% dos atributos tiveram média igual ou superior a 7. Para o Programa de 2012 estão previstos novos temas, Programe-se para os próximos Cursos de Analista de Sistema de Aquecimento Solar: Fevereiro: 28 e 29 Março: 22 e 23

melhorias para adequação do conteúdo à carga horária e apresentação e debate de casos reais, vivenciados pela indústria de energia solar térmica. Luciano Torres é engenheiro mecânico formado pela PUC-MG e especialista em energia solar térmica. Foi tutor do programa de capacitação à distância de 250 engenheiros da CAIXA para instalações de aquecedores solares residenciais, participou do Programa Brasileiro de Etiquetagem de Coletores Solares e Reservatórios Térmicos Inmetro/ABRAVA. É consultor projetista em instalações solares de pequeno e grande porte com 50 mil m² de projetos realizados e implantados.

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Notícias do Dasol

Saem novas regras do FGTS para habitação Resolução nº 680, de 10 de janeiro de 2012 A Presidente Dilma Rousseff anunciou em janeiro as novas regras para utilização do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), considerando as diretrizes e metas da segunda etapa do programa Minha Casa Minha Vida. A Resolução nº 680, de 10 de janeiro, estabelece que as operações de financiamento para habitação popular serão destinadas à população com renda familiar mensal bruta limitada a R$ 3.900. Este valor pode ser elevado até R$ 5.400,00 nos casos de imóveis localizados em regiões metropolitanas ou equivalentes, municípios-sede de capi­ tais estaduais ou com população igual ou superior a 250 mil habitantes. A taxa de juro nas operações de crédito para habitação popular foi fixada em 6%, bem inferior ao praticado pelos bancos e cartões de crédito. Nos casos em que o mutuário final for entidade do setor pú­ blico e nos financiamentos para pessoas com renda familiar mensal até R$ 2.790 ou na faixa entre R$ 2.790 e R$ 3.100, será aplicada a exceção de taxa de 5% ao ano. O texto da Resolução afirma ainda que as famílias com renda até R$ 3.100 poderão ser beneficiadas com descontos. O gover­ no destinará R$ 5,5 bilhões para concessão de descontos aos financiamentos a pessoas

físicas, sendo R$ 4 bilhões voltados à produção ou aquisição de, no mínimo, 150 mil imóveis novos integrantes do Minha Casa Minha Vida. O plano original do Minha Casa Minha Vida 2, anunciado em março de 2010, estima subsídios do governo federal de R$ 71,7 bilhões, sendo R$ 62,2 bilhões do Orçamento e R$ 9,5 bilhões sob a forma de financiamentos. Do total de 2 milhões de novas moradias, três quintos devem ser destinados a famílias com renda de até três sa­ lários mínimos.

Principais pontos da Resolução 680 Agências Responsáveis • Banco do Brasil e CAIXA Econômica Federal; bancos privados podem aderir se tiverem interesse. Exigências • Imóveis residenciais de até R$ 500.000,00 • Ser cotista do FGTS • Comprovar que a área do imóvel é regular • Comprovar propriedade do imóvel • Assegurar a qualidade da operação de crédito Dinheiro • Limite de valor: R$ 20 mil por cotista do FGTS, para imóveis financiáveis nas condições de SFH. • Pagamento em até 120 vezes com juros máximos de 12% a.a. incluindo os encargos • Recursos destinados ao Fimac de R$300 milhões para o exercício de 2012.

• Esse financiamento não terá qualquer desconto do FGTS e será realizado somente para proponentes cotistas do FGTS com vínculo empregatício ativo, independente da renda familiar. • Verificação prévia, pelos agentes financeiros, da regularidade da inscrição previdenciária relativa à mão de obra a ser utilizada, quando o financiamento for superior a R$10 mil. • Permissão de apenas uma operação por proponente. • Além de materiais de construção podem ser financiados hidrômetros e Sistemas de Aquecimento Solar. • Somente poderão ser comercializados materiais cujas especificações técnicas cumpram as normas técnicas fixadas pela ABNT, do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC e as resoluções do Conmetro. Jurídico • A partir de 10 de fevereiro (30 dias da publicação da Resolução 680), entrará em vigor o Financiamento de Material de Construção – Fimac


Notícias do Dasol

Guia Sustentabilidade da UMAPAZ destaca aquecimento solar Os benefícios do aquecimento solar de água são um dos temas do Guia Sustentabilidade para Instalações Domi­ ciliares – Água e Energia, lançado dia 1º de fevereiro pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. A cerimônia de lançamento foi realizada na UMA­ PAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz, vinculada à secretaria. O Guia, de autoria do Engenheiro Civil Eduardo Coelho e Mello Aulicino, reúne uma série de dicas sobre uso sus­ tentável de água e energia e destaca o aquecimento solar, previsto para todas as edificações da cidade de São Paulo conforme a Lei Municipal 14.459, de 03 de julho, regulamen­ tada pelo Decreto 49.148, de 21 de janeiro de 2008. Em linguagem clara e acessível, o Guia ilustrado aborda temas como economia de água em descargas, aproveita­ mento de água de chuva, eficiência energética e uso racional da iluminação, elevadores e bombas hidráulicas. “O objetivo do Guia é ampliar o conhecimento de admi­ nistradores de condomínios e de consumidores para adequar as edificações aos novos padrões de consumo e operação, reduzindo impactos no meio ambiente e sem depreciar seu valor no mercado imobiliário”, observa Eduardo Aulicino.

O lançamento do Guia fez parte das comemorações do sétimo aniversário da UMAPAZ, que incluíram uma semana de atividades culturais. As comemorações foram encerradas dia 5 de fevereiro com um passeio ciclístico pela cidade. Clique aqui e conheça o Guia Sustentabilidade. Participaram da cerimônia de lançamento Volf Steinbaum (assessor técnico da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente); Rose Mary dos Santos Gotardo (chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão); Rose Marie Inojosa (diretora da UMAPAZ) e Eduardo Coelho e Mello Aulicino (autor do Guia)

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Tecnologia

Como são quentes

Da Sun & Wind Energy Tradução e adaptação: Eng. Paulo Bezerra Herebia, do DASOL

O material do isolamento térmico desempenha importante papel para garantir a menor (ou mínima) perda de temperatura em coletores solares e reservatórios térmicos. Outros fatores incluem o comportamento relacionado à emissão de gases e a classe de proteção do material contra fogo. Os fabricantes de coletores e reservatórios estão diante de uma escolha difícil: espumas diversas, lãs e telas a partir de uma gama de materiais estão dispo­ níveis para isolamento térmico. Acrescente-se a isso aspectos de disponibilidade, comportamento durante a vida útil e propriedades. O principal parâmetro na determinação adequada do material de isolamento térmico é sua condutividade térmica, frequentemente descrita como valor de “lambda”, com unidade em Watt por metro Kelvin. Os valores de lambda variam de 0,025W/mK a 0,045W/mK e, nesse caso, apresentam um fator de 1,8 vezes. Especificamente para isolantes térmicos usados em reser­ vatórios, a orientação mais praticada devido às perdas em momentos de não operação (stand by) é a especificação de reservatórios padronizados em 1.000 litros, com a tempera­ tura ambiente de 20°C e a temperatura de armazenamento do fluido a 65°C. Esses valores de condutividade térmica apresentam pe­ quenas diferenças: o valor menor, obtido pela combinação de lã de poliéster e poliestireno expandido (EPS), equivale a 2,16 kWh/d (quilowatt hora por dia), enquanto o maior valor chega a 3,72 kWh/d. O que corresponde a um fator entre elas de 1,72. A transferência de calor por convecção parece ter um efeito de compensação que, de certa forma, equilibra os dois extremos. De acordo com Heinz Rucker, do fabricante

Foto: Associação Industrial Comercial (FMI)

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Figura 1: Modelos de Isolamento Térmico feitos de Vidro e lã de rocha

Austria Email, há, portanto, um “trade off” entre os dois valores: “Baixa condutividade térmica leva a uma maior convecção”. Um parâmetro ainda mais facilmente compreensível é a resistividade térmica dos isolantes, que nas normas é ex­ presso como a “temperatura máxima utilizada”. Enquanto ela não for ultrapassada, possivelmente não há degradação térmica considerável. Um material sensível é o poliéster que, dependendo das especificações do fabricante, não deve ser aquecido acima de 100-120°C – situação que não acontece com a maioria dos reservatórios. Espuma de poliuretano macia ou rígida também possui uma faixa de 110–120°C. Espuma de resina de melanina possui uma tolerância a calor consideravelmente maior – por exemplo, a companhia de processamento austríaca Greiner PURtec especifica o valor de 150°C e a fabricante BASF especifica 220°C. O valor de 150°C é a temperatura limite para lã de vidro, enquanto que a lã de rocha pode resistir a incríveis 500°C. As diferenças na resistividade térmica ajudam a explicar por que a maioria dos reservatórios combina, nos últimos anos, espuma macia para isolamento térmico e a maioria dos coletores com lã de vidro ou lã de rocha, pois as altas temperaturas não provocam nenhum efeito sobre o enve­ lhecimento da lã de vidro e lã de rocha.

(FIGURA 2) Coletor solar plano com isolamento de lã natural


Tecnologia

(FIGURA 3) Amostra de espuma PU antes (esquerda) e depois (direita) de ser exposta em um minicoletor.

O único material que é menos resistente que o poliéster é a espuma de poliestireno, mais conhecido pelo nome Styropor dado pela fabricante BASF e que não deve ser exposto a temperaturas acima de 80°C. Apesar de poder ser usado para isolamento de tanque de armazenamento, ele não deve entrar em contato direto com a parede do tan­ que. Greiner PURtec, por exemplo, resolveu esse problema usando espaçadores. A imagem obtida através do microscópio eletrônico mostra na figura 3 a estrutura porosa próxima à superfície destruída. Um colchão de ar entre o isolamento e a parede do reservatório assegura a diferença de temperatura necessária. Entretanto, os espaçadores precisam fechar comple­ tamente a cavidade horizontal de tal forma que o efeito chaminé não seja criado, o que poderia resultar na fuga de calor. A fim de impedir que isso ocorra, Greiner oferece um isolamento que consiste em duas camadas: uma camada de poliéster Fleece interna e uma camada externa de EPS ou Neodur.

Emissão de gases do material isolante Ainda que o material isolante não apresente mudança como resultado da temperatura ou outras influências, há outro efeito que ocorre principalmente quando o isolamen­ to é usado em coletores: emissão de gases. Esse fenômeno pode evaporar componentes do isolamento térmico que estão no lado interno da tampa do coletor. Este problema afeta principalmente os isolantes a base de poliuretano e poliestireno, mas alguns especialistas não concordam in­ teiramente com isso. Este aspecto não é atualmente levado em conta na veri­ ficação de coletores, de acordo com a Norma de Coletores EN 12975 da Comissão Europeia. “Se, por exemplo, um fa­ bricante de coletor muda o fornecedor de material isolante, nós checamos na folha de dados se o valor de lambda pode ser considerado equivalente”, explica Achim Sadewater, líder no mercado de certificação Solar Keymark, DIN Certco em Berlim. Aspectos como resistência à chuva também estão na lista. “Nós não verificamos a emissão de gases ou outras propriedades.” No entanto, muitos fornecedores de material de isola­ mento testam este aspecto em laboratórios para obterem

certificação. A SPF, em Rapperswil na Suíça, se destacou nesse quesito e usualmente testa os coletores por 150 horas a 220°C. No melhor dos casos, a precipitação de condensação é tão pequena que o desempenho do coletor não é significa­ tivamente prejudicado. Além de tais testes individuais, ainda não se tem muito conhecimento sobre o comportamento de envelhecimento dos materiais isolantes utilizados em sistemas de energia solar. Por esse motivo, o Instituto Austríaco de Tecnologia (AIT), em Viena, recentemente lançou seu projeto de três anos chamado ISOlar que irá examinar novos materiais de isolamento térmico quanto à durabilidade e emissão de gases, tais como os nanoespumas (nanofoams). O grupo de pesquisa de energia solar térmica industrial coordenado por Christoph Zauner usa duas escalas (termo­ gravimetry e FTIR, mass spectroscopy) para medir quanto peso o material de isolamento perde quando submetido a aquecimento controlado. Com isso é possível se determinar o processo de transformação no material.

Melhor encaixe, melhor isolamento No caso de materiais de isolamento usados para tanques de expansão, um aspecto prático e importante é como eles são aplicados mecanicamente. Considerando espumas de PU macio e telas de poliéster, ambos os materiais são flexíveis e, portanto, capazes de um perfeito ajuste em tanques de forma cilíndrica. Já para o poliestireno e painéis de resina de melamina são necessárias dobras para moldá-los em formas arredondadas, sem quebrá-los. Greiner PURtec faz cortes triangulares pré-definidos em distâncias regulares do lado externo. Isso permite que o instalador dobre as placas de isolamento na base do tanque em forma de meia concha, e para os tanques de armazena­ mento muito grandes em quarto de concha, sem quebrá-los. No entanto, essas placas voltam muito facilmente. E não é possível aos instaladores dobrarem as placas em torno dos tanques por si só, enquanto simultaneamente fecham o invó­ lucro exterior. Greiner introduziu versões como a máquina com adesivo spray que realiza sozinha os cortes triangulares em torno do reservatório ao mesmo tempo em que fecha o invólucro pela parte externa. Quando o instalador curva o painel e pressiona-o para baixo, por um curto período de tempo, o adesivo mantém o formato de concha.

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Tecnologia

O completo isolamento do tanque de armazenamento inclui não somente a capa ao redor do corpo do reservató­ rio, mas também anéis de isolamento na base do tanque, discos de isolamento e capa protetora para a parte superior do tanque e flanges. O maior número de cortes leva ao desperdício de material não somente durante a produção do isolamento solar, mas também depois, quando o sistema é descartado. A recicla­ gem é um tema importante em muitas empresas – inclusive na Greiner. Todos os resíduos de plástico são enviados de volta para o fornecedor e reintegrados na produção. A Greiner também recolhe todos os materiais de isola­ mento dos seus reservatórios quando descartados. O adesivo usado para o material de isolamento e o revestimento exter­ no pode ser facilmente removido para separar plástico para reciclagem. Por esta razão, a vedação é feita com o material cortado em tiras, e não em uma peça inteira. No caso do material de isolamento dos coletores, a capa­ cidade de um perfeito ajuste em torno de formas circulares é obviamente irrelevante. Aqui o importante é que o isola­ mento possa ser processado automaticamente e integrado à caixa do coletor. O que pode ser obtido também com placas de espuma de melamina. No entanto, este é o mais caro de todos os materiais de isolamento. Além de todas as propriedades técnicas, em última aná­ lise, é o preço que irá determinar que produto o fabricante de coletores e de reservatórios irá utilizar.

Temperatura O engenheiro Rodrigo Ratão, do Departamento Nacional de Isolamento Térmico da ABRAVA, e diretor de Relações com o Mercado da ABRALISO, lembra que o valor da con­ dutividade térmica varia em função da temperatura. “Como o reservatório necessita manter a temperatura do fluido aquecida, o fabricante deve atentar para este fator, pois a escolha de um produto isolante é feita em função da condutividade térmica.” Ele acrescenta que a lã de vidro e lã de rocha são produtos que, quando especificados cor­ retamente, podem ser aplicados em temperaturas de até 550°C. As normas recomendadas para obter a condutividade térmica são ASTM C 177 ou ASTM C 518. Outro fator importante, segundo o engenheiro, são as propriedades do material de isolamento em função do tem­ po de vida útil. “Ao se comparar materiais plásticos/foans com lãs minerais, observa-se que as lãs minerais absorvem as contrações e dilatações dos equipamentos solares. Além disso, são produtos incombustíveis, agregando segurança no produto e no manuseio durante o processo de fabricação do equipamento.” Obs.: O artigo original, publicado na revista Sun & Wind Energy em dezembro de 2011, apresenta três tabelas com resumos das propriedades dos materiais de isolamento térmico disponíveis no mercado.


Atualidades

Um entusiasta do PBE Coordenador do PBE Solar entre 2002 e 2012, o Engenheiro Aluizio Ribeiro Gonçalves se aposenta este ano no Inmetro com a marca de bons serviços dedicados à eficiência energética do país

Em nome da qualidade Direto, enérgico, crítico e justo. Foi com esse estilo que o Engenheiro do Inmetro Aluizio Ribeiro Gonçalves conquis­ tou respeito e admiração na indústria de aquecimento solar e em outros setores com os quais tratou as mais variadas questões que envolvem o Programa Brasileiro de Etiqueta­ gem (PBE). Piauiense que morou por muitos anos em Minas Gerais e atualmente vive em Brasília, Aluizio se aposenta em 2012 depois de 35 anos como funcionário do Inmetro e um dos criadores do PBE, programa do qual sempre foi um sincero entusiasta. Com sua voz arrastada e de timbre forte, Aluizio sempre destacou os benefícios do programa para o País, principalmente a economia nos últimos 21 anos de mais de R$ 9 bilhões na conta de energia elétrica dos brasileiros. Por sua representativa atuação como coordenador do PBE Solar, Aluizio Gonçalves foi homenageado em 9 de dezembro durante evento de confraternização do grupo de empresas que formam a BH Solar, em Belo Horizonte. “Gonçalves irá se aposentar com a marca de excelentes ser­ viços ao setor”, assinalou Marcos Pimenta, coordenador da BH Solar. Participaram da homenagem representantes do setor de aquecimento solar, do Inmetro e dos laboratórios acreditados. Colega de longa data no Inmetro, Alexandre Novgo­ rodcev também destaca a garra e o desprendimento de Aluizio Gonçalves nos primórdios do PBE, quando juntos lançaram as raízes desse que viria a ser um dos mais emble­ máticos programas do instituto. Do início do programa, em 1983, até 2002, quando a gestão do PBE foi transferida de Brasília para o Rio de Janeiro, foram criadas 11 Comissões Técnicas (CTs) para tratar da implementação da etiquetagem em 41 produtos. Neste mesmo período e especificamente na área de renováveis, foram lançados os programas de eti­ quetagem em equipamentos de aquecimento solar térmico, energia fotovoltaica e energia eólica.

Ao longo desses anos, o Engenheiro Aluizio Gonçalves veio acompanhando os desafios do setor de aquecimento solar, cujo produto representa economia de energia, redução de custo e menor impacto ao meio ambiente. Segundo ele, o aquecimento solar conseguiu efetivamente “um lugar ao sol” em um mercado dominado por sistemas tradicionais de aquecimento de água como o chuveiro elétrico. Em entrevista à ABRAVA em maio de 2010, ele destacava que a cooperação entre a indústria do aquecimento solar e a indústria do chuveiro elétrico resultou no aquecedor solar híbrido, solução presente nas políticas governamentais de habitação dos últimos anos. Sempre crítico em nome da eficiência e qualidade, Alui­ zio previu, naquela entrevista, um excelente cenário para a indústria do aquecimento solar, em razão das legislações municipais, estaduais e federais que estimulam a utilização dos SAS nas edificações. Além disso, o PBE tem sido visto como grande aliado na melhoria das condições de qualida­ de/desempenho dos SAS. Desde o início em 1999, quando foi implantado o PBE para o aquecimento solar, o Inmetro realizou avaliação da conformidade para 303 modelos de coletores e 337 modelos de reservatórios térmicos. Atualmente, cerca de 60% dos equipamentos etiquetados do setor possuem o Selo Procel com a classificação “A”. Aluizio também reconhece o papel de associações da indústria para a certificação de produtos junto ao Inmetro, como a ABRAVA e do DASOL, que participam dos grupos técnicos e estudos de apoio ao desenvolvimento da tecno­ logia. “O PBE é um programa de eficiência energética que congrega diversos programas de etiquetagem, cuja princi­ pal característica é a natureza participativa e, inicialmente, voluntária, dos parceiros. A indústria, nesse caso, ajuda a criar, manter e evoluir os programas. Sem elas, não existi­ riam as etiquetas coloridas que hoje são tão conhecidas pela população”, dizia, na entrevista de 2010.

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Entrevista

Fernando Perrone

“PBE Edificações vai aumentar demanda por sistemas de aquecimento solar” O Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações irá estimular a demanda por sistemas de aquecimento solar de água, que representam 35% da pontuação para que os edifícios sejam classificados como nível A de eficiência energética. Esta é a previsão do gerente do Departamento de Projetos de Eficiência Energética da Eletrobras, Fernando Pinto Dias Perrone. Nesta entrevista exclusiva à SOL BRASIL, Perrone descreve também os benefícios do Selo Procel e a tendência do consumidor de preferir cada vez mais os equipamentos com menor consumo energético. SOL BRASIL - Os limites mínimos para eficiência energética já sofreram ajustes para ampliar a economia pelos equipamentos? Quais? Fernando Perrone - Sim. Os níveis mínimos de eficiência energética são aperfeiçoados periodicamente mediante os “programas de metas”. Os seguintes equipamentos já tive­ ram seus níveis ajustados: motores elétricos (2005); as lâm­ padas fluorescentes compactas/lfc´s (2010); refrigeradores e congeladores (2011); condicionadores de ar, aquecedores de água a gás, fogões e fornos (2011). Produtos ineficientes podem ter comercialização proibida? Isso

já ocorreu com algum setor/equipamento? Sim. Todos os equipamentos que estiverem com seus níveis de eficiência abaixo daqueles regulamentados têm sua fabricação, importação e comercialização proibidas. Como a indústria reage a esses limites mínimos de eficiência determinados pelo Procel, uma vez que esses limites representam ganhos em qualidade mas implicam em investimentos? Na realidade, não é o Procel que determina os níveis mínimos de eficiência energética e sim as portarias intermi­ nisteriais (MME, MCTI e MDIC). Em geral, a indústria tem demonstrado muita cooperação e parceria pois tais ganhos


Entrevista

Qual o peso do Selo Procel na decisão de compra do consumidor? Esse comportamento vem evoluindo ao longo do tempo? De acordo com pesquisas realizadas pela Eletrobras/ Procel, entre 40% e 60% dos consumidores conhecem e são influenciados pelo Selo Procel na hora da compra. A tendência é que mais consumidores sejam informados sobre eficiência energética de produtos e que esta pese na hora da escolha do tipo de um novo eletrodomésti­ co. Equipamentos com Selo Pro­ cel consomem em média 10% menos energia elétrica que os demais. Somente em 2010 mais de 50 milhões de equipamentos com Selo Procel foram vendidos no Brasil.

avaliado, no caso edificações, de acordo com a sua eficiência energética para informar os consumidores e estimulá-los a fazer uma compra consciente e, com isso, fomentar a racio­ nalização do consumo de energia. A médio prazo esta medida serve para desenvolver um panorama do nível de eficiência energética das edificações no País, o que, paralelamente, permite avaliar o quanto ainda pode ser melhorado. Além disso, a etiqueta for­ nece ao consumidor mais um parâmetro para auxiliá-lo na escolha do produto que deseja adquirir, ao mesmo tempo ga­ rantindo seu conforto e redu­ zindo seu consumo de energia. A longo prazo, a tendência é que aumente a exigência por parte do mercado, o que acar­ retaria uma redução de con­ sumo global das edificações brasileiras.

Qual a importância da regulamentação da eficiência energética nos edifícios? O Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações (PBE-Edificações) é uma im­ portante iniciativa do Governo Brasileiro em prol da eficiência energética dos edifícios cons­ truídos no país, realizado pelo Inmetro em parceira com o Ele­ trobras/Procel Edifica. Lançado em 2009, o PBE-Edificações vem regulamentar a Lei de Eficiência Energética (Lei 10.295/2001) que relacionava os edifícios dentre os produ­ tos que deveriam possuir regulamentação específica para definição de índices mínimos de eficiência ou máximos de consumo de energia. A premissa básica do PBE - Edificações é classificar o bem

No cenário mundial, quais são os países de maior destaque e como o Brasil é percebido pela comunidade internacional na área de eficiência energética? Temos, em alguns países do mundo, iniciativas go­ vernamentais análogas às da Eletrobras/Procel, com destaque para os programas norte-americano e mexicano no continente americano, o francês e alemão na Europa e o japonês na Ásia. A Eletrobras/Procel procura manter contato direto e permanente com as iniciativas com alguns desses países e pode-se dizer que a recepção internacional é sempre entu­ siasmada pelo tamanho e importância do Brasil no cenário mundial.

impulsionam o mercado, resultando em um processo de aperfeiçoamento tecnológico contínuo.

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Entrevista

Quais as principais atividades consumidoras de energia que apresentam maior evolução em eficiência energética e quais foram as ações implantadas com esse objetivo? Podemos dizer que os equipamentos elétricos, notada­ mente os de uso residencial, apresentaram grande evolução na eficiência energética nos últimos anos. Só para citar um exemplo, as geladeiras modernas consomem cerca de 30% menos energia que as usadas há 10 anos atrás, desempe­ nhando a mesma atividade. Quais são as áreas que apresentam maior necessidade de mão de obra especializada em eficiência energética? Com certeza a área de edificações é uma delas. Toda a cadeia da construção civil precisa ser capacitada em cons­ truções eficientes. Qual a estimativa de aumento da demanda por Sistemas de Aquecimento Solar com o Selo Procel Edifica? Em primeiro lugar cabe ressaltar que ainda não existe Selo Procel para Edificações. Hoje estamos trabalhando com a etiqueta para edifícios, que classifica o seu nível de eficiência energética, ou seja o desempenho termoenergético da edificação. O Selo, por sua vez, é concedido aos melhores de cada categoria como forma de destaque. Como o PBE-Edificações é novo, ainda não foram definidos os critérios para concessão do Selo Procel. A estimativa de aumento de demanda por SAS é boa, pois habitações com esse sistema instalado de maneira correta são nível A no sistema de aquecimento de água, que representa 35% da pontuação final da etiqueta do apartamento ou da casa. Isso certamente impulsionará o mercado de SAS. Quanto a energia solar térmica colabora para a eficiência energética de um edifício? Não é possível responder a esta pergunta de uma manei­ ra generalizada, pois a determinação da eficiência energética de uma edificação é influenciada por diversos fatores que variam, como fração solar, porte e tipologia da construção, percentual de demanda de energia requerido pelo sistema de aquecimento de água, a zona bioclimática etc. Quais são as exigências no RTQ no que diz respeito à energia solar? No RTQ-C (Regulamento de Eficiência Energética Para Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos), dentro do requisito geral de aquecimento de água, uma das exigên­ cias para atingir o nível A de eficiência energética é que as edificações cujo aquecimento de água seja responsável por mais de 10% da energia consumida, comprovem que 100% da demanda de água quente é atendida por um dos sistemas a seguir ou por combinações entre os mesmos (seguindo as suas respectivas especificações técnicas constantes no RTQC): sistema de aquecimento solar; aquecedores a gás do tipo instantâneo; sistema de aquecimento de água por bomba de calor e caldeiras a gás. No RTQ-R (Regulamento de Eficiência Energética Para Edifícios Residenciais), deve-se proceder aos cálculos para

a obtenção dos equivalentes numéricos que determinam o nível de eficiência do sistema. No caso de sistemas de aquecimento solares, o nível A pode ser obtido quando comprovado o atendimento de pelo menos 70% da demanda de água quente por este sistema com backup elétrico, des­ de que atendidas as especificações técnicas para o sistema (constantes no RTQ-R), em regiões que apresentem fração solar anual mínima de 70%. Quando combinado com ou­ tros sistemas, há que ser feita uma ponderação de acordo com a demanda atendida por cada um para a obtenção do equivalente numérico. Quantos edifícios já receberam a etiqueta? Atualmente existem 28 edifícios comerciais, de serviços e públicos etiquetados, totalizando 48 etiquetas (projeto e edifício construído), e 11 edificações residenciais etiqueta­ das, sendo 4 unifamiliares e 7 multifamiliares, totalizando 605 etiquetas (projeto e edifício construído). Sendo assim, temos hoje um total de 39 edifícios etiquetados e 653 eti­ quetas emitidas. Qual pode ser a economia gerada com a adoção da etiqueta? Infelizmente não possuímos ainda esse número, até porque a redução do consumo é um desdobramento da etiquetagem, além de depender dos próprios usuários das edificações, já que eles também precisam ser eficientes, uti­ lizando a energia e o ambiente construído da forma mais eficiente possível. Estamos em busca deste número desenvolvendo uma metodologia para medição do impacto deste programa e todas as outras ações realizadas pelo Procel Edifica. O que envolve também capacitação profissional, desenvolvimento de tecnologia, publicações, apoio à construção de habitação de interesse social eficiente e apoio e divulgação em eventos setoriais. Contudo, podemos dizer que a observação dos padrões instituídos pela etiquetagem resulta em ganhos de consumo de até 50% no caso de edificações novas e de até 30% para as edificações existentes reformadas.


Mundo Verde

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A partir de outubro, o Renewable Heat Incentive (RHI) será estendido ao setor residencial, acompanhando o programa de reabilitação energética de habitações Com informações das revistas Sun & Wind Energy e Climatização Tradução e adaptação: Eng. Paulo Bezerra Herebia, do DASOL O Reino Unido lançou em novembro de 2011 o Renewable Heat Incentive (RHI), pro­ grama que visa incentivar o uso de energias renováveis para aquecimento e, consequent­ emente, reduzir as emissões de carbono. O programa prevê o pagamento de uma tarifa pelo calor renovável gerado, a ser paga tri­ mestralmente durante 20 anos. A partir de outubro deste ano, o programa será aberto também ao setor residencial. Até lá, serão concedidos incentivos à instalação de tecnologias mais avançadas no setor residencial, em um programa paralelo chamado Renewable Heat Premium Payments. Entre as tecnologias abrangidas pelo RHI estão os siste­ mas solares térmicos, a biomassa, bombas de calor (geoté­ rmicas e a água), biogás, geotérmico, energia resultante da combustão de resíduos, injeção de biometano na rede, redes de aquecimento urbano com base em renováveis e calor gerado a partir de centrais de cogeração renovável. Tendo em conta a atual conjuntura econômica, a destina­ ção de 860 milhões de libras (mais de 991 milhões de euros) do Tesouro ao incentivo obriga o governo a buscar a certeza de que o investimento será usado de forma correta. O objetivo final é aumentar em sete vezes a quota de calor renovável durante a próxima década. Como meta para 2050, o Reino Unido estabeleceu a redução de pelo menos 80% das emissões de carbono.

Residencial Em julho de 2012, o governo pretende lançar os Renew­ able Heat Premium Payments, com orçamento total de 15 milhões de libras (cerca de 17,2 milhões de euros), para subsidiar os custos da instalação de sistemas de aquecimento renovável nas residências. Já a segunda fase do RHI irá incluir uma tarifa de longo prazo para o setor doméstico, prevista para outubro de 2012, de forma a coincidir com o lançamento do programa Green Deal, que visa à reabilitação energética das habitações que

Foto: Sun&Wind Energy - Nov/11

Reino Unido lança programa de aquecimento renovável

hoje possuem instalações em condições precárias. No Reino Unido, 47% do total de consumo de energia final são direcionados para o aquecimento. Dados recentes mostram que aproximadamente 69% do calor é produzido a partir do gás, enquanto o petróleo e eletricidade representam 10% e 14% respectivamente, seguidos pelos combustíveis sólidos (3%) e as energias renováveis (1,5%). O RHI pretende alterar estes números, com o governo empenhado em chegar a 2020 com 12% do aquecimento proveniente de fontes renováveis e estimativas de que o RHI possa contribuir para a poupança de 44 milhões de toneladas de carbono emitidas.

Críticas da STA Apesar da resposta positiva ao lançamento do incentivo, a Solar Trade Association (STA) mostrou-se desapontada com os detalhes da proposta para as tecnologias solares tér­ micas. E, em particular, com o adiamento do incentivo para o setor doméstico para 2012, “que corresponde à maioria das instalações solares no Reino Unido”. A causa desse desapontamento são tarifas definidas inicialmente para o setor comercial, consideradas “signifi­ cativamente mais baixas do que as propostas no documento de consulta e que levantam dúvidas sobre se o programa será viável ou não”. Por outro lado, o anúncio das condições do RHI foi motivo de alegria para a Renewable Energy Association (REA), que considera que este é um modelo a ser replicado.



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