Revista Sol Brasil - 11°edição

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Índice

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Mercado Setor cresceu 6,5% em 2011 Produção de coletores superou 1 milhão m2. Indústria está confiante, apesar da desaceleração verificada no ano passado

Empresas Associadas 12 3

Editorial

Solda para placas absorvedoras Neste momento, a técnica de aderência é o método preferido dos fabricantes de coletores solares que antes utilizavam a solda por ultrassom e a solda a laser

DASOL aguarda com expectativa a Rio+20

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Case Solar Programa da CPFL adota aquecimento solar da Jelly Fish Moradias para população de baixa renda são equipadas com reservatório de 200 litros e coletor de 2 m2

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Amplo sistema da Enalter aquece água em hospital mineiro Projeto instalado no Hospital João Penido faz parte de parceria com a Cemig

Notícias do Dasol Assembleia elege nova diretoria Workshop debate requisitos do PBE Encontro discute uso da energia solar na fruticultura

Expediente Revista SOL BRASIL Publicação bimestral do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condi­cio­nado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Conselho Editorial: Luís Augusto Ferrari Mazzon, Marcelo Mesquita, Nathalia P. Moreno e Anahuany Bernardes Edição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) Projeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha Simões Foto de capa: Banco de Imagens SXC

Tecnologia

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Especial

Rio+20: O futuro que queremos Indústria do aquecimento solar acompanha preparativos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada em junho no Rio de Janeiro

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Mundo Verde Como dimensionar um sistema solar em grande escala Programas de simulação liberam os projetistas da necessidade de realizar cálculos, mas a compreensão dos princípios básicos é de suma importância

Conselho de Administração do DASOL Presidência - Amaurício Gomes Lúcio VP Relações Institucionais (VPI) - Carlos Artur A. Alencar VP Operações e Finanças (VPOF) - Claudiomar Danilo da Silva VP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) - Luis Augusto Ferrari Mazzon VP Marketing (VPM) - Edson Pereira VP Desenvolvimento Associativo (VPDA) - Luís Cláudio Karpenko Benedetti Past President (PP) - José Ronaldo Kulb Gestor - Marcelo Mesquita DASOL/ABRAVA Avenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos – São Paulo – SP – CEP 01206-905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142) Fale conosco: solar@abrava.org.br


Editorial

O futuro que queremos “O futuro que queremos” é o tema central das propostas que países de todo o mundo vêm discutindo desde o ano passado para renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável do planeta nos próximos 20 anos. O consenso em torno dessas propostas, contemplando objetivos sociais, econômicos e ambientais, deverá ser ratificado durante a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável que o Brasil .... sediará de 13 a 22 de junho no Rio de Janeiro. A Rio+20 acontece 20 anos após a Eco92, quando foram dados os primeiros passos na criação de diretrizes políticas para o meio ambiente. Este ano, um dos grandes temas em discussão é a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza. No Brasil, iniciativas do setor público e do setor privado mostram que esse é um caminho possível e a nossa indústria do aquecimento solar participa desse caminho. Os programas habitacionais do governo federal e governos estaduais voltados às famílias de baixa renda promovem o uso da energia renovável e acessível com a instalação de sistemas de aquecimento solar nas habitações populares. Como grandes parceiros dos programas habitacionais e também como empresários que acreditam na sustentabilidade, temos envidado nossos esforços para instituir a etiquetagem compulsória e, por consequência, incentivar a melhoria da qualidade e maior profissionalização do setor. A sustentabilidade está no DNA do nosso negócio. É por isso que aguardamos com grande expectativa os desdobramentos da Rio+20, um dos temas desta edição da Sol Brasil. Temos certeza de que o aquecimento solar faz parte do futuro que todos

Luís Cláudio Karpenko Benedetti Vice-Presidente de Desenvolvimento Associativo

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queremos.

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Case Solar

Programa da CPFL utiliza aquecimento solar da Jelly Fish Moradias para população de baixa renda no Estado de São Paulo são equipadas com reservatório de 200 litros e coletor de 2 m2 Divulgação Jelly Fish

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Jelly Fish Associada do DASOL/ ABRAVA desde 19/11/98 www.jellyfish.com.br/

A Jelly Fish - Soluções Térmicas, empresa das Indústrias Tosi, trouxe benefícios ambientais e econômicos ao programa de eficiência energética implantado pela CPFL em empreendimentos populares. Este projeto contempla a instalação de sistema de aquecimento de água por energia solar Jelly Fish em 2.000 moradias nas cidades de São Carlos, Santa Bárbara d´Oeste, Nova Odessa, Agudos, Pederneiras, Americana, Bauru e Marília. Antes da implantação do projeto de eficiência energética da CPFL, estas comunidades utilizavam somente chuveiros elétricos para o aquecimento da água para banho, o que aumentava ainda mais os gastos da conta de energia dos habitantes considerados de baixa renda. Na busca por novos caminhos de energia que pudessem beneficiar os residentes dessas moradias, a CPFL identi-

ficou que implantar um projeto de aquecimento solar em grande escala nas comunidades de baixa renda seria uma demonstração clara de economia e da possibilidade do uso de energia renovável. A Jelly Fish, então, apresentou uma solução que superou os requisitos estabelecidos pelo programa de eficiência energética: o Kit Solar popular, composto por um reservatório térmico de 200 litros e um coletor solar de 2 m². O equipamento reduziu o uso do chuveiro elétrico e consequentemente o custo de energia elétrica do consumidor. Após a implantação das soluções Jelly Fish, a energia solar passou a ser a principal fonte energética, ficando a energia elétrica como eventual complemento. A implantação dos sistemas solares representa uma redução de 30% nas contas de energia elétrica.


Case Solar

Hospital conta com amplo sistema de aquecimento solar da Enalter Projeto instalado no Hospital João Penido, em Minas Gerais, faz parte de uma parceria com a Cemig O Hospital Regional João Penido, localizado em Juiz de Fora (MG), conta com sistema de aquecimento solar projetado em 2011 pela Enalter. A instalação do sistema é resultado de uma parceria entre o Governo de Minas Gerais e a Cemig, que mantém o Programa Energia Inteligente – Projeto Solar. Atuante na conservação de energia e preservação do meio ambiente, a Enalter é uma empresa mineira que desde 1980 busca inovações e aplicações para a melhoria de seus sistemas de aquecimento de água, em especial o aproveitamento de energia solar. O projeto do Hospital Regional João Penido foi dimensionado para atender 100% da demanda de água quente dos vestiários, cozinha e maternidade. Os três sistemas foram instalados de forma distinta com aproveitamento solar e apoio elétrico. O sistema projetado para atender a demanda diária do Hospital Regional inclui área coletora total de 560 m², composta por 280 placas SimSol de 2 m² vertical e seis reservatórios Ecotherm com diferentes litragens e capacidade para armazenar 30,5 mil litros de água quente.

São 360 m² de área coletora e quatro reservatórios de 5.000 litros nos vestiários, 140 m² e dois reservatórios de 7.000 litros de armazenagem na cozinha e 60 m² e um reservatório de 3.500 litros na maternidade. O principal benefício do sistema da Enalter é a economia de energia elétrica, estimada em 70%. Além de oferecer conforto ao usuário, o sistema permite uma redução estimada de R$ 168 mil nos custos anuais de energia e impostos. O coordenador estadual do Programa Energia Inteligente, Higio Zacarias de Souza, lembra que o Hospital Regional João Penido é o segundo maior do Estado. Com o novo sistema, “o hospital vai racionalizar o consumo de energia elétrica para aquecer a água nos banhos e demais atividades diárias, deslocando a demanda para fora do horário de ponta.”

Divulgação Enalter

Fonte: www.saude.mg.gov.br – 09/04/12

Enalter Associada ao DASOL/ABRAVA desde 05/12/95 www.enalter.com.br

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Notícias do Dasol

(Em pé): Alander Brandão, Carlos Artur Alencar, Amaurício Gomes Lúcio, Luíz Augusto Ferrari Mazzon, Mauro Aisemberg e Luís Cláudio Karpenco Benedetti; (Sentados): Claudiomar Danilo da Silva, Thomas Spadinger, Edson Pereira, José Ronaldo Kulb, Marco Montalvão e Jamil Hussni.

Assembleia elege nova diretoria Assembleia realizada em 21 de março elegeu a nova Diretoria do DASOL com mandato até dezembro deste ano. Amaurício Gomes Lúcio, presidente do Departamento desde janeiro, conta agora com os vicepresidentes Carlos Artur Alencar, Claudiomar Danilo da Silva, Edson Pereira, Luís Augusto Ferrari Mazzon e Luís Cláudio Karpenco Benedetti. A assembleia elegeu também os integrantes dos conselhos consultivos que assessoram a Diretoria do DASOL. Para o Conselho de Ética, foram eleitos Alander Brandão e Thomas Spadinger. Para o Conselho Técnico, Oscar de Mattos e José Gonçalves. E no Conselho Fiscal, Marco Montalvão e Jamil Hussni. José Ronaldo Kulb, presidente do último exercício, passa a ocupar o cargo de “Past-President” no Conselho de Administração do DASOL.

Novo regimento Com a mudança do Regimento do DASOL, aprovada na assembleia de 21 de março, as eleições anuais passam a ocorrer no mês de novembro para o exercício do mandato no ano seguinte. Mas a principal alteração possibilitada pela reforma do Regimento foi a fusão das categorias empresariais “associada fabricante” e “associada mantenedora”, o que dá à grande maioria das empresas a condição de também se candidatarem aos cargos do Conselho de Administração do DASOL. Antes da mudança, somente representantes das empresas mantenedoras eram elegíveis. “Essa reforma visa ampliar a participação dos associados e enriquecer o debate sobre os rumos da indústria do aquecimento solar”, pondera Marcelo Mesquita, gestor do DASOL.

Conselho de Administração Presidente Amaurício Gomes Lúcio – Tuma VP Relações Institucionais (VPI) Carlos Artur Alencar – Enalter VP Operações e Finanças (VPOF) Claudiomar Danilo da Silva – A Atual VP Marketing (VPM) Edson Pereira – Jelly Fish VP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) Luis Augusto Ferrari Mazzon – Soletrol VP Desenvolvimento Associativo (VPDA) Luís Cláudio Karpenco Benedetti – Soltec Past-President José Ronaldo Kulb – Heliotek Gestor Marcelo Mesquita Suplente do Conselho de Administração do DASOL: Mauro Aisemberg – Pro-Sol Conselho Consultivo de Ética Alander Brandão – Komeco Thomas Spadinger – Bosch Conselho Consultivo Técnico Oscar de Mattos – Heliotek José Gonçalves – Tecnosol Conselho Consultivo Fiscal Marco Montalvão – Pro-Sol Jamil Hussni – Jelly Fish


Notícias do Dasol

Workshop debate novos requisitos do PBE A ABRAVA e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPTSP) promoveram no dia 16 de fevereiro workshop sobre os novos requisitos propostos para o Programa Brasileiro de Etiquetagem do setor solar (PBE Solar), que estava em consulta pública. O workshop foi mais uma oportunidade para divulgar a proposta de alterações no PBE rumo à etiquetagem compulsória. O evento foi realizado na sede do IPT e, além do instituto e da ABRAVA, também participaram de sua organização o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Laboratório Green Solar (PUC-MG), Eletrobras e a profa. Elizabeth Duarte Pereira (UNA-MG), coordenadora da Rede Procel Solar. A abertura do evento contou com os pronunciamentos do IPT, ABRAVA e Inmetro. O diretor do Centro Tecnológico do Ambiente Construído do IPT, Fulvio Vittorino, destacou a infraestrutura do instituto para ensaios das mais diversas áreas e a história de parceria com o setor. Vittorino também falou com entusiasmo sobre a inauguração, prevista para maio, do Simulador Solar para ensaios de coletores. No workshop, o presidente do DASOL, Amaurício Gomes Lúcio, discorreu sobre a importância da mobilização do setor em torno da etiquetagem compulsória, cujas discussões com a sociedade foram iniciadas no Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar (CB-SOL), em novembro. As discussões foram retomadas com o processo de consulta pública.

A analista executiva do Inmetro, Danielle Assafin, des­ tacou o trabalho desenvolvido nos últimos meses junto ao setor para reformular os requisitos do PBE. A reformulação visa atender aos normativos e à nova dinâmica de certificação e da compulsoriedade da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). A professora Elizabeth Duarte apresentou de forma didática a mudança nos cálculos de eficiência térmica adotados na classificação dos equipamentos de aquecimento solar (coletor solar e reservatório) no novo RAC. O principal efeito dessa mudança é a eficiência térmica, antes calculada pela temperatura inicial, que passará a ser medida por meio da temperatura média. Durante o workshop, houve ainda apresentações da ABRAVA, Labo­ ratório Green Solar e Eletrobras. Após as apresentações, houve uma seção de perguntas. Dentro do processo de consulta pública do PBE Solar, o DASOL já encaminhou ao Inmetro as sugestões do setor para aperfeiçoar o RAC (Requisitos de Avaliação de Conformidade) e o RTQ (Regulamento Técnico da Qualidade) para sistemas e equipamentos de aquecimento solar de água.

Os arquivos das apresentações estão disponíveis no site do DASOL: http://www.dasolabrava.org.br/eventos/workshop-pbe-solar/.

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Notícias do Dasol

Encontro debate uso do aquecimento solar na fruticultura Workshop em Petrolina discutiu potencial dessa tecnologia no Vale do São Francisco O aquecimento solar de água é uma tecnologia inovadora plenamente dominada no Brasil para aplicações residenciais, mas ainda pouco explorada fora da construção civil. Por essa razão, ganham destaque iniciativas como a fruticultura solar, tema do workshop Aplicações Inovadoras do Aquecimento Solar de Água no Vale do São Francisco, realizado em Petrolina (PE) no dia 22 de março. O sol é uma fonte de energia limpa que pode ser amplamente aproveitada no Vale do São Francisco, onde a incidência abundante de raios solares durante quase todo o ano pode contribuir para a redução dos custos produtivos. A tecnologia pode ser utilizada inicialmente na agricultura irrigada e posteriormente em outros setores da economia local.

Entre outros temas, participantes assistiram a apresentação sobre acesso a financiamento para substituição de energias convencionais pela energia solar

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Coordenado pela professora Elizabeth Marques Duarte Pereira, chefe do Grupo de Projetos e Pesquisas em Energia Solar do Centro Universitário UNA-MG, o evento foi promovido em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Sertão Pernambucano e a Embaixada Britânica no Brasil. A ABRAVA esteve re­ presentada no evento pelo Gestor do DASOL, Marcelo Mesquita. O workshop discutiu as aplicações inovadoras da energia solar na fruticultura, com destaque para o aquecimento solar de água em cumprimento às exigências dos mercados importadores das frutas brasileiras.


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Aplicação

Fontes de crédito Foram debatidas, por exemplo, oportunidades de acesso a fontes de crédito e financiamento que permitam aos produtores substituir energias convencionais como o GLP pela energia solar, além da criação de um centro de capacitação em energia solar na região. Geraldo Smith, assessor da Área Agropecuária e de Inclusão Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, apresentou oportunidades para inclusão do aquecimento solar em linhas de financiamento do BNDES para a infraestrutura rural e equipamentos. Entre as linhas que compõem a operação direta do BNDES, Smith destacou a Agropecuária, Inovação na Produção e Energias Alternativas (inclusive SAS). Entre as linhas da operação indireta, Smith citou a Automática, de Fomento, Projetos de Investimento, Cartão BNDES, Programas Agropecuários, Agricultor Familiar, Médio Produtor Rural e o Programa de Sustentação do Investimento. A professora Elizabeth Pereira explicou as possibilidades de utilizar a energia solar na fruticultura e destacou a necessidade de um projeto de capacitação e financiamento para a utilização da energia solar de forma sustentável.

O evento abordou também outros benefícios como o tratamento térmico de sementes e o de imersão de frutas na água quente para evitar e/ou combater doenças comuns a espécies da região. Para o pesquisador da Embrapa, Joston Simão de Assis, a importação de um produto agrícola em estado fresco é limitada devido à ocorrência de pragas e doenças. “Existem técnicas que vão desde o calor (água e vapor quente) até tratamentos com baixas temperaturas como o frio - cold treatment -, a fumigação e a irradiação que podem ser feitos através da energia solar”, declarou. Em sua explanação, Hamilton Moss de Souza, representante do Ministério de Minas e Energia, citou a Alemanha, país que tem pouca incidência de sol em seu território, mas consegue captar energias renováveis em escala muito maior que o Brasil. Também estiveram presentes ao evento o reitor do IF Sertão Pernambucano Rildo Diniz; a gerente de Projetos de Energia da Embaixada Britânica, Luciana Carrijo; o diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Hamilton Moss de Souza; o diretor do Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Fábio Araújo e o gerente do Fundo Clima, Marcos Del Prette. O workshop contou ainda com a participação de representantes dos fruticultores do Vale do São Francisco, das prefeituras de Petrolina (PE) e de Juazeiro (BA), do Banco do Nordeste, da Embrapa, do SEBRAE, do ITEP - Instituto de Tecnologia de Pernambuco, da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), da SUDENE e da Universidade de Pernambuco. Com informações do IF Sertão Pernambucano e Prefeitura Municipal de Juazeiro As apresentações do evento estão disponíveis em: http://www.fruticulturasolar.com.br/workshop2/apresentacoes/

Solução para o tratamento térmico da manga O workshop discutiu a viabilidade técnica do aquecimento solar em substituição ao GLP para o tratamento térmico da manga brasileira destinada à exportação. O mercado internacional impõe barreiras fitossanitárias à manga brasileira, o que recomenda a imersão da fruta em água quente para a solução de dois problemas típicos: a antracnose e a eliminação da mosca da fruta. A antracnose é uma doença dependente de condições climáticas como alta umidade e seu tratamento térmico consiste na imersão em água quente a 55 ºC por 5 minutos. Para o controle da mosca da fruta, os Estados Unidos, Japão e Chile

seguem o Protocolo Mango Board que determina a imersão das frutas em tanques com água a 46,1ºC. A Bahia e Pernambuco respondem por 61,5% da produção nacional de manga, fruta cultivada em praticamente todo o Nordeste brasileiro. Os municípios de Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e Livramento de Nossa Senhora (BA) se destacam na produção e exportação da fruta. Em todas as empresas da região nordeste, a fonte de energia considerada mais econômica é o gás liquefeito de petróleo (GLP). O consumo por safra varia de 22.000 m3 a 30.000 m3 de GLP por safra.

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Mercado

Indústria do aquecimento solar cresce 6,5% em 2011 Produção superou 1 milhão m2. Setor está confiante na retomada em 2012, apesar da desaceleração verificada no ano passado O setor de aquecimento solar cresceu 6,5% no ano de 2011, em um ritmo bem menor que o registrado em 2010 (21,1%) e 2009 (18,9%). De acordo com a pesquisa realizada pelo DASOL, em 2011 foram produzidos 1,029 milhão m2 de coletores solares, um recorde para o setor. Em 2010, foram produzidos 967 mil m2 , frente aos 798 mil m2 fabricados em 2009.

Área acumulada (m2)

Área nova produzida (m2)

Evolução do Mercado de Aquecimento Solar Brasileiro

Área nova produzida

Área acumulada

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Mercado A produção de coletores vem crescendo ininterrupta­ mente desde 2006, com taxa média anual de 17,6%. O menor ritmo de crescimento em 2011 deveu-se, basicamente, a dois fatores: a transição dos governos Federal e estaduais (e a reformulação de suas políticas públicas) e o clima de expectativa e apreensão dos setores produtivos diante da crise de outras economias mundiais. Ao final de 2011, a área acumulada de aquecedores solares no Brasil chegou a 7,31 milhões m2. Para o DASOL, o crescimento da produção nos últimos anos está relacionado à ampliação da consciência ambiental e sustentabilidade com utilização de fontes limpas de energia e ações de eficiência energética. O levantamento incluiu ainda a produção de reservatórios térmicos, outro componente essencial dos sistemas de aquecimento solar. Em 2011, foram produzidos 128,8 mil unidades de reservatórios, que equivalem a um volume de armazenamento de 50,6 milhões de litros de água.

O setor em 2011 Segundo a pesquisa, apenas 5% das empresas do setor registraram redução de produção em 2011. Outros 32% tiveram aumento de produção de até 5%. Segundo o levantamento, 21% das empresas reportaram crescimento entre 21% e 30% em 2011.

Produção em 2011 32% das empresas tiveram crescimento de até 5% em 2011

Vendas A pesquisa também considerou as vendas de sistemas de aquecimento solar por segmento. Em 2011, do total produzido, 57% foram destinados a aplicações residenciais, 23% para a indústria, comércio e serviços e 20% para programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, e os programas das companhias habitacionais.

Expectativas para 2012 A pesquisa também apontou a confiança do setor para 2012, embora o crescimento da produção em 6,5% em 2011 tenha ficado abaixo das expectativas iniciais dos fabricantes, que projetavam na média um aumento mais significativo. Para 2012, os fabricantes esperam a retomada dos negócios. A pesquisa identificou que 63% das empresas esperam crescimento da produção acima de 15%. A pesquisa identificou ainda a distribuição das vendas nas regiões brasileiras. A Região Sudeste continua sendo o principal mercado consumidor dos sistemas de aquecimento solar, com 76,2% das vendas, seguida pela Região CentroOes­te (10,3%) e Região Sul (8,1% das vendas). Em 2010, a Região Sudeste concentrou 75,7% das vendas, seguida pelas regiões Sul (10,5%) e Centro Oeste (9,3%).

Expectativa de crescimento em 2012 26% das empresas esperam aumentar produção em mais de 50%

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Tecnologia

Com informações da Sun & Wind Energy – abril/2012 Tradução: Marcelo Mesquita, do DASOL

Solda para placas absorvedoras A tecnologia para solda de materiais apresenta grande progresso no campo de fabricação de coletores solares. Neste momento, a técnica de aderência é o método preferido das empresas que antes utilizavam a solda por ultrassom e técnicas de solda a laser. O fabricante Go!nnovate AG desenvolveu um processo que permite que uma vasta gama de materiais possam ser unidos uns aos outros nas placas de absorção. “Se podemos unir aviões inteiros utilizando a aderência, por que não seria possível soldar um simples coletor solar no futuro?” Baseada nesse conceito, a empresa Go!nnovate AG, com sede em Liechtenstein, criou a primeira máquina de solda por aderência para coletores solares. A empresa apresentou a máquina na SMEThermal 2012 (Conferência sobre tecnologia de produção de energia solar térmica) em Berlim, no começo de fevereiro. O diretor Christian Goritschnig e seus colegas vêm traba­ lhando nessa ideia desde 2008. Eles agora planejam oferecer o método aos fabricantes de coletores solares como uma tecnologia alternativa, a “Alternative Absorber Connection Technology (AACT)”. A maioria dos fabricantes ainda continua utilizando sistema de solda por ultrassom ou a laser para a união das placas de absorção aos tubos. Apenas um pequeno número de empresas está preparado para testar tecnologia de ade­ rência. No entanto, de acordo com Goritschnig, a técnica da

aderência oferece diversas vantagens. “É uma ótima relação custo-benefício. E, acima de tudo, a tecnologia de soldagem está orientada para o futuro e permite possibilidades quase que ilimitadas para a combinação de materiais. Graças à automação que é feita sob medida para o processo, esta tecnologia de solda também é um processo seguro.”

Sem taxa de licenciamento A empresa de Goritschnig é fornecedora de plantas de automação para a indústria automotiva, médica e eletrônica. Goritschnig ficou preocupado com processos de soldagem a laser de coletores solares desde 2004. A instalação de produção da Vaillant, em Gelsenkirchen, tem um sistema de solda a laser com base nesse conceito. Goritschnig agora voltou a atenção para a aderência como uma alternativa para a soldagem a laser, uma vez que nos EUA os coletores fabricados com essa técnica devem pagar uma taxa de licenciamento para a Alanod, empresa espe-


Tecnologia cialista em acabamento de superfície. Goritschnig cita como melhoria na produção o menor consumo de energia durante o processo de aderência. Como o método apresenta uma relação positiva de custo-benefício, essa tecnologia é também adequada para fabricantes que desejam migrar para a solda por aderência. As empresas

que já produzem coletores poderiam rapidamente integrá-lo nas linhas de montagem existentes. Goritschnig também gosta do design de coletores fabri­ cados por aderência. “Mesmo nas aletas para coletores de alumínio com 0,3 mm de espessura não há risco de dano ou amassamento.”

Opinião de fabricante de coletor A Schüco International KG, de Bielefeld, Alemanha, utiliza a solda por aderência em seus coletores solares. Dag Wöhrmann, chefe de desenvolvimento de produto e gestão de sistemas de aquecimento regenerativos, explica a história da tecnologia de produção: S&WE - Quais são as vantagens da aderência no processo de produção de coletores? Dag Wöhrmann - Acima de tudo, a aderência fornece segurança ao processo com alta qualidade e repetibilidade, impedindo a fluidização de componentes de fusão e danos durante o processo de solda ou quando for submetido a um estresse térmico. Diferentes materiais não são misturados quando são utilizadas diferentes matérias primas, o que evita a corrosão provocada pela tensão eletroquímica. Uma outra vantagem é que você pode usar qualquer material que desejar na tubulação. S&WE - Sua produção é automatizada?

Adesivo absorvedor em testes Goritschnig teve seus absorvedores testados no Institut für Solartechnik (SPF), na Suíça. Para este propósito, os cientistas compararam os resultados da medição de coletores solares equipados com o Go!nnovate com os coletores com solda a laser que são comumente disponíveis no mercado. Até agora Goritschnig tem sido relutante em fornecer informações mais detalhadas sobre os resultados. “Atualmente, reservamos o direito de fornecer informações do teste apenas para partes interessadas”, diz ele. Sobre os resultados dos testes, ele somente informa que as “folhas de absorvedores com espessura entre 0,2 mm e 0,5 mm foram utilizadas, bem como tubos com diâmetros entre 8 e 28 mm. A força de remoção mínima

A aderência é uma alternativa para a soldagem a laser e poupa os fabricantes de coletores de pagarem taxa de licenciamento nos EUA

Wöhrmann - Nossa produção é semiautomatizada, com alimentação manual das peças. Nós desenvolvemos nossa tecnologia de produção interna e o know-how do sistema foi desenhado externamente. S&WE - Qual foi o principal desafio? Wöhrmann - Foram vários. Por um lado, tivemos que escolher o material correto para a junção assim como a espessura do material. Por outro lado, tivemos que desenvolver as máquinas e ferramentas para atingir resultados reprodutíveis no que diz respeito ao material e produção. E nós tivemos que garantir que todos os materiais poderiam resistir a reações de ordem química, térmica e biológica durante muitos anos.

absoluta em cada caso foi de 900 N / 50 mm. Isso é inacreditável para uma união com adesivo.” Goritschnig diz que já encontrou clientes interessados para o método AACT. Ele analisa quantas pessoas serão realmente capazes de usar o método no futuro. Aparentemente, uma empresa está tentando obter os direitos exclusivos para a licença.

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Tecnologia

A opinião dos fabricantes de adesivos Henkel AG & Co. KGaA oferece adesivos para a produção de absorvedores A gerente de mercado de energia solar para Europa, Kornelia Theissen, explica as vantagens da tecnologia de aderência nesta entrevista: S&WE - O que torna os adesivos Loctite 5399 e Loctite 5612 particularmente adequados para aderir absorvedores solares? Kornelia Theissen - Ambos os produtos podem suportar temperaturas muito elevadas. O Loctite 5399 permanece estável em mais de 300°C, enquanto Loctite 5612 pode suportar mais de 220°C. Para períodos de tempo curto, os produtos podem até suportar temperaturas de 350°C e 300°C, respectivamente. As propriedades elásticas permitem uma compensação muito boa durante a expansão térmica dos substratos. Ambos os produtos têm uma estabilidade extremamente elevada de 2 para 3,3 N/mm². Em geral, eles também se destacam pela sua excelente aderência a diferentes materiais. S&WE - Quais são as diferenças entre os dois adesivos? Theissen - Loctite 5399 é um sistema de componte único e Loctite 5612 é um sistema de componente duplo. O sistema de duplo componente endurece muito mais rápido, permitindo assim reduções significativas nos tempos de processamento. No entanto, o 5399 permanece estável a temperaturas ligeira-

mente superiores. S&WE - Quais são as vantagens da utilização do processo de aderência na produção de placas de absorção? Theissen - A experiência mostra que os custos da aquisição do equipamento totalmente automatizado para solda são significativamente mais elevados do que um adequado sistema de dosagem para os adesivos de silicone Loctite. Processos de solda também consomem um alto nível de energia e exigem especialmente pessoal treinado. Por esta razão, assumimos que os custos de todo o processo são mais baixos para uma solução adesiva do que para um processo de soldagem. S&WE - Até que ponto você pode apoiar os fabricantes com informações técnicas relativas a aplicação dos adesivos? Theissen - Na Henkel, temos especialistas na tecnologia de aplicação para o mercado solar, especialistas para silicones e um grupo inteiro de peritos que manuseiam o equipamento. Esta equipe está pronta para apoiar todos os nossos clientes. A Henkel não apenas fornece os produtos, mas acima de tudo fornece soluções. Isto significa que apoiamos o cliente desde o início da produção e evidentemente estamos disponíveis para fornecer suporte sobre todas as questões relacionadas com a aplicação do adesivo.


Especial

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Rio + 20: o futuro que queremos

Fotos: Banco de Imagens SXC

Setor plenamente identificado com a sustentabilidade e a disseminação das fontes renováveis de energia, a indústria do aquecimento solar aguarda com grande interesse a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que o Brasil sediará de 13 a 22 de junho no Rio de Janeiro. A Rio+20, como é conhecida a conferência, tem como principal objetivo renovar o compromisso político dos países-membros da ONU e construir uma agenda de desenvolvimento sustentável para os próximos 20 anos em torno do tema “O futuro que queremos”.


Especial

O evento também marca os 20 anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92 (ou Eco-92). Diferentemente da Rio-92, que foi resultado de negociações iniciadas décadas antes pelas Nações Unidas, a Rio+20 busca consenso sobre propostas que contemplem não só a questão ambiental como também a melhoria da qualidade de vida a partir da economia verde e a erradicação da pobreza. Além da economia verde, o evento irá discutir a estrutura institucional das Nações Unidas para viabilizar o desenvolvimento sustentável no mundo. A programação da conferência prevê a III Reunião do Comitê Preparatório, entre os dias 13 e 15 de junho, do qual participarão representantes dos países-membros da ONU para negociação dos documentos que serão adotados na Rio+20. De 16 a 19 de junho, estão previstos os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, com a participação da sociedade civil para aprofundar temas como o combate à pobreza, o desenvolvimento sustentável como resposta às crises econômicas e financeiras, desemprego, energia sustentável, água, cidades sustentáveis, florestas, oceanos, nutrição e segurança alimentar.

Nesta segunda parte da Rio+20, está prevista uma plenária com 2 mil pessoas para debater esses temas com especialistas do Brasil e do exterior. Os debates serão transmitidos ao vivo no website das Nações Unidas. Na terceira parte do evento, entre os dias 20 e 22 de junho, acontece o Segmento de Alto Nível da Conferência, quando mandatários e chefes de Estado de países-membros das Nações Unidas discutirão as resoluções finais.

Economia verde inclusiva O Brasil, país sede da conferência, apresentará sua proposta de economia verde inclusiva, com a expectativa de promover a inclusão social, a estabilidade econômica e a sustentabilidade ambiental. “O país espera que a conferência incorpore definitivamente a erradicação da pobreza como elemento indispensável à concretização do desenvolvimento sustentável”, observou o assessor extraordinário do Ministério do Meio Ambiente para a Rio+20, Fernando Lyrio, em entrevistas à imprensa. O assessor lembra que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) define economia verde como “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar

Reunião da Comissão Nacional da Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável Rio + 20, em 2011.

Rio+20

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Especial

Parceiro da sustentabilidade Ao longo dos últimos 20 anos, o DASOL tem atuado em diversas frentes com o objetivo de fortalecer a indústria de aquecimento solar e de promover a temática da sustentabilidade socioambiental no país. O decidido empenho do DASOL e da ABRAVA em torno da qualidade e da eficiência energética tornou o setor um parceiro da sustentabilidade nos programas habitacionais do governo brasileiro e de governos estaduais. Esses programas preveem a instalação de sistemas de aquecimento solar nas moradias destinadas às famílias de baixa renda, promovendo o uso da energia renovável, contribuindo para a redução da conta de luz dessas famílias e demandando menos investimentos na geração de energia elétrica. Atualmente, o Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de geração de energia solar térmica para aquecimento de água, de acordo com dados da IEA – International Energy Agency. O parque instalado de coletores solares para aquecimento supera 7 milhões de m2, área equivalente a 900 campos de futebol. A capacidade instalada chega a 4.700 MWth (megawatts térmicos), que correspondem a um terço da potência da Usina de Itaipu.

da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica”. Segundo Fernando Lyrio, a conferência tratará de inúmeros temas associados à questão de mudança do clima, como energia, água, uso do solo, produção e consumo sustentáveis, segurança alimentar etc. e que afetam especialmente as populações dos países em desenvolvimento, dependentes de atividades econômicas ligadas ao uso dos recursos naturais.

Em busca do consenso Desde o ano passado, quase 200 países-membros da ONU discutem propostas e sugestões para chegar a um consenso na redação do documento “O futuro que queremos” que será ratificado na Rio+20. Segundo o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, secretário executivo da Comissão Nacional para a Rio+20, as sugestões coletadas somaram mais de 6 mil páginas que devem ser condensadas em um documento mais conciso, com 19 páginas, definindo que futuro é esse e quais são os seus temas fundamentais. Os Estados-membros, representantes da sociedade civil e organizações internacionais tiveram prazo até o dia 1º de novembro para enviar por escrito suas propostas ao Secretariado da Conferência. A partir dessas contribuições, o

Secretariado preparou um texto-base para a Rio+20, que vem sendo negociado ao longo do primeiro semestre de 2012. Como país sede e presidente da conferência, o Brasil participa ativamente dessas discussões. Segundo o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, para elaborar suas propostas, o Brasil “promoveu um amplo processo interno de consulta a todas as forças sociais, como governo, sociedade civil, Judiciário, Legislativo, universidades, cientistas, empresários e movimentos sociais.” As propostas do governo brasileiro para a Rio+20 enviadas em novembro focaram o conceito de economia verde inclusiva, contemplando a criação de programas de proteção socioambiental global (inspirados nas experiências brasileiras do Bolsa Família e o Luz para Todos), compras públicas sustentáveis, financiamento de pesquisas para o desenvolvimento sustentável e um protocolo internacional para a sustentabilidade do setor financeiro. A expectativa do Brasil em relação à conferência é de que os compromissos assumidos com o desenvolvimento sustentável levem em conta as responsabilidades diferenciadas dos países. Um país africano, por exemplo, não pode ter as mesmas responsabilidades que um país historicamente mais poluente e com base industrial mais forte. A transferência de tecnologia precisa fazer parte dessas responsabilidades diferenciadas e os países em desenvolvimento também devem ter acesso à tecnologia mais limpa.

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Mundo Verde

Foto: Martin Schnauss

Com informações da Sun & Wind Energy Tradução: Anahuany Santiago Bernardes

Como dimensionar um sistema solar em grande escala? O planejamento individual é imprescindível na construção de um sistema de aquecimento solar em grande escala. Programas de simulação liberam os projetistas da necessidade de realizar cálculos, mas a compreensão dos princípios básicos é de suma importância. Sistemas de aquecimento solar de pequena escala, que fornecem água quente para os lares, estão disponíveis em pacotes completos de diferentes tamanhos e variáveis. Soluções completas para casas com três, quatro e cinco moradores utilizam geralmente coletores padronizados disponíveis no mercado. Esses sistemas são fáceis de projetar com base no número de moradores da residência e possibilitam adicionar um coletor extra, caso o orçamento da construção permita. O projeto também é influenciado pela área do telhado disponível e também por considerações estéticas. Porém, quando se trata de um sistema de aquecimento de água e calefação para um edifício inteiro, a escolha da área necessária de coletores não é uma tarefa simples. Muitas vezes não é possível evitar o excesso de aquecimento

no verão, mesmo se o sistema de back-up for relativamente pequeno em edifícios com isolamento térmico médio. Ainda assim, em caso de dúvida, é possível refazer cálculos padrões e seguir regras práticas ou as recomendações do fabricante. A situação se torna mais complexa quando o sistema deve suprir água quente para um prédio residencial inteiro, pousada ou hotel, que requerem dimensionamento específico. Apesar da disponibilidade atual de programas de dimensionamento e de simulação de sistemas solares, é muito importante entender e ter um bom domínio dos mecanismos utilizados para a concepção do projeto de energia solar, além de analisar criticamente e interpretar os resultados fornecidos pelos cálculos da simulação.


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Os parâmetros utilizados nos cálculos Os principais parâmetros utilizados para projetar a área de coletores solares são: 1) A irradiação solar no local da instalação. 2) O consumo total (demanda de aquecimento, as perdas de circulação, as características do equipamento de aquecimento e outros fatores) e o perfil de consumo. 3) A fração solar desejada.

Onde obter essas informações? Os níveis de irradiação são bem conhecidos e estão disponíveis em bancos de dados meteorológicos. Comparadas com o vento, essas informações estão sujeitas a pequenas flutuações anuais. Em geral, um elevado grau de precisão não é necessário para dados do clima. O consumo é geralmente o maior fator desconhecido na hora de dimensionar a área de coletor. É frequentemente estimado de maneira errada e geralmente superestimado. Isso resulta em um dimensionamento incorreto, baixo grau de utilização, produção de calor em excesso e os frequentes estados de estagnação. As normas usuais para determinar as necessidades de aquecimento de água (por exemplo, a DIN 4708) são aplicáveis no dimensionamento de sistemas convencionais, que podem garantir um completo fornecimento de água e que devem atender os consumos de pico. Um procedimento completamente diferente deve ser usado para a concepção de sistemas solares, porque estes são normalmente operados em paralelo com os sistemas convencionais para economizar combustíveis fósseis. Por exemplo, o consumo mínimo (baixa temporada) em estações do ano de grande irradiação solar é um critério importante. Uma vez que esta informação só pode realmente ser obtida por medição do consumo efetivo, este método deverá ser usado sempre que possível, a fim de proporcionar maior segurança ao planejamento. Para conseguir isso pode-se, por exemplo, instalar um medidor de consumo no fornecimento de água fria do aquecedor e ainda obter leituras regularmente gravadas. Adicionalmente, devem ser tomadas medidas para reduzir o consumo de água quente no edifício existente (por exemplo, com torneiras que economizam água) a fim de reduzir o tamanho da área necessária para os coletores de energia solar. Alterações previsíveis no uso da água também devem ser levadas em consideração no processo de planejamento.

Fração solar A fração solar é obtida em função da área disponível para o conjunto de coletores e da especificação da proporção da energia a ser fornecida pelo sistema solar. Para sistemas de aquecimento de água solar, esse atendimento geralmente é de 30% a 60%. Para valores acima de 70% os custos aumentam desproporcionalmente. Adicionalmente, outros fatores devem ser considera-

dos como a tecnologia e eficiência do coletor, a inclinação, a orientação, eventual incidência de sombreamento da superfície solar e a eficiência do sistema. A eficiência deste último depende da tecnologia utilizada, de problemas de hidráulica, do tanque de armazenamento, perdas, fatores de armazenamento em camadas, sistema de controle e temperatura de trabalho do coletor. Esses fatores devem ser levados em consideração e de forma adequada, aumentando ou diminuindo o tamanho da área exigida de coletores. Sistemas de alta eficiência, bem isolados e com tanques de armazenamento com isolamento multicamadas podem aumentar a eficiência em cerca de 10%. Também devemos analisar a influência das áreas de sombreamento determinadas por meio de tabelas, esquemas ou cálculos de simulação. Além da fração solar, outro critério para avaliar um sistema solar é a produção média mensal de energia específica (kWh/m²). A produção média mensal é a energia transferida para a água quente (kWh). A produção específica é a energia média mensal transferida para a água considerando a área do coletor. A taxa de utilização (%) também é um critério. A taxa de utilização do sistema representa a relação entre a produção de energia e a energia irradiada sobre a superfície do coletor. Os custos de investimento devem ser considerados e incluem todos os custos de construção do sistema, enquanto o custo de investimento específico ($/m²) é obtido dividindo-se este valor pela área da superfície dos coletores. Além disso, o preço de aquecimento ($/kWh) é importante: deve incluir os custos de investimento, financiamento, custos operacionais, o rendimento e a vida útil do sistema.

Em busca do equilíbrio O que caracteriza um “bom projeto” de sistema solar? Um sistema com uma alta fração solar? Uma especificação para elevar a taxa de utilização? Ou um sistema de baixo custo, que fornece a energia solar a um preço econômico?

120 100

exigência/requisito de água quente

excedente

80

aumento líquido de energia

60 40 20 0 Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

O gráfico acima apresenta uma situação natural aos projetistas de sistemas solares. Em azul é apresentada a demanda anual de água quente. A irradiação para três

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Foto: ESTIF/ Áustria Solar

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Uma tarefa, quatro soluções

Com grandes sistemas solares como este na Áustria, é preciso escolher entre uma alta fração solar e um preço baixo para o aquecimento.

áreas diferentes de coletores apresenta as energias geradas nas partes coloridas do gráfico, com os respectivos graus de cobertura (sobreposição). Os excessos de energia produzida resultante das diferentes áreas de coletores podem ser claramente vistos. Estes excessos reduzem a eficiência anual do uso, considerando os rendimentos específicos por metro quadrado de área do coletor. Os parâmetros de projeto, portanto, trabalham em oposição para uma determinada situação, onde a tentativa de otimizar um parâmetro inevitavelmente agrava os outros. Aumentando constantemente a área de superfície do coletor, o atendimento do consumo com a energia solar e os custos de investimento também aumentam, bem como a parcela de aquecimento excedente e o preço do sistema de aquecimento. Isto reduz o grau de uso e, consequentemente, o rendimento específico. Se o consumo aumentasse de forma constante em função da área do coletor, então o grau de utilização e a produção específica aumentariam, o grau de atendimento cresceria e haveria queda de preços de aquecimento. Os efeitos opostos ocorrem quando, por exemplo, o consumo foi superestimado durante o planejamento e é menor na prática do que o valor calculado. Isto pode ter consequências fatais para a viabilidade econômica do projeto. Neste sentido, não há uma "correta" projeção, mas sim um equilíbrio ótimo entre vários fatores dependendo da situação e especificações-alvo. O objetivo do processo de projeto é, portanto, encontrar o equilíbrio correto entre os diferentes parâmetros.

As seguintes possibilidades de projetar são explicadas com base em um modelo de condomínio de apartamentos com 10 unidades residenciais e 30 moradores, localizado na Alemanha. Irradiação solar: Na Alemanha a irradiação solar média é de 0,5 kWh / m² em um dia de dezembro e de 5 kWh / m² em um dia normal de julho. A irradiação solar máxima, atingindo uma inclinação ideal da superfície em um dia ensolarado de verão, atinge um nível de cerca 8 kWh / m², e este valor é relativamente independente do local. A média diária anual é de cerca de 3 kWh / m². Consumo: Um consumo médio de 1.200 litros / dia em uma temperatura de 60°C foi medido na habitação. Durante o período de férias, o consumo foi de apenas 1.000 litros / dia. A temperatura da água fria é de 12°C. Para simplificar, um sistema solar apenas para aquecimento da água é para ser dimensionado. A energia necessária para o aquecimento de água é calculada usando a fórmula: Q = m * c * DT Q = quantidade de calor [Wh]; m = massa [kg] (1 kg = 1 L de água), c = capacidade de calor específico (1,16 [kWh / kg K] para a água) e DT = diferença de temperatura entre água fria e água quente (48 K neste exemplo) Para a média anual, isso resulta em um valor de: Q = 1.200 x 1,16 x 48 = 66.816 Wh = 66,8 kWh por dia. No período de férias, serão necessários 55,6 kWh por dia.

Projeto A - grau mais alto de uso: O rendimento específico pode ser otimizado quando o consumo diário é sempre maior do que o rendimento diário solar - para isto, o sistema deve ser concebido para atender o mínimo nível de consumo ao nível máximo de irradiação solar - neste caso, o período de férias de verão. O aquecimento excedente, por conseguinte, não ocorrerá. Tais sistemas são também chamados sistemas de préaquecimento porque a água apenas consegue ser préaquecida para a maioria dos dias do ano. Baixos níveis de atendimento às necessidades de energia solar são aceitos nesta abordagem. No nosso exemplo, temos um dia ensolarado de verão com o máximo de irradiação de 8 m² kWh disponível e capaz de fornecer uma energia de 55,6 kWh/dia. Com os sistemas eficientes, um grau de utilização de 50% é realista, resultando em um valor de 4 kWh / dia para cada metro quadrado de área do coletor. Para cobrir as necessidades de aquecimento do sistema: 55,6 kWh / 4 kWh / m² = 13,9 m² de área do coletor.


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Se o período de férias for ignorado, o consumo médio será de 66,8 kWh / dia e o cálculo resulta em 66,8 kWh / 4 kWh / m² = 16,7 m² de área de superfície do coletor.

Projeto C – Máxima cobertura no verão: Se o máximo nível de cobertura solar deve ser alcançado no verão, nos meses de junho e julho, com uma média de irradiação 5 kWh /m²dia e grau de utilização de 40%, teremos média de energia fornecida de 2 kWh / m² dia. Neste caso, a fração solar pode cair para um valor de 40%, com base na experiência com as instalações existentes, porque ocorrem temperaturas mais elevadas e superávits em comparação com o exemplo A. Em comparação com o segundo exemplo, a área de superfície do coletor dobraria para um valor de 66,8 kWh/dia / 2 kWh/m² dia = 33,4 m².

Projeto D – fração solar de 60%: Isso quer dizer que 60% da média anual da necessidade de água quente deve ser atendida através da energia solar. Então 66,8 x 0,6 = 40 kWh por dia devem ser fornecidos. Devido a excedentes e perdas, apenas cerca de 30% da irradiação anual média de 3 kWh / mês dia pode ser utilizada pelos coletores (um valor que pode ser verificado através de simulação e cálculos), o que significa que os coletores fornecem 0,9 kWh / m². Isto significa que será necessária uma área de coletor de: 40 kWh / 0.9 kWh/m²dia = 44,4 m². Esses altos níveis de cobertura/fração solar (> 60%) são principalmente destinados para sistemas pequenos, de modo que o sistema de back-up pode ser desligado fora do período de aquecimento. Normalmente, em sistemas maiores, o sistema de back-up não é desligado e um elevado grau de cobertura não gera esse efeito.

Comparando as simulações Para se obter as características dos projetos apresentados foram realizadas simulações em um programa apropriado - neste caso o T * SOL. As seguintes configurações foram utilizadas: coletor plano padrão, irradiação no coletor em Berlim, inclinação de 45° orientado ao sul, com volume de armazenamento do tanque de 60 l / m² de área do coletor. Os resultados ilustrados são agora em comparação com os resultados

O sistema solar em um bloco de apartamentos estagna mais rapidamente no verão, quando a maioria dos moradores estão de férias ao mesmo tempo.

dos cálculos de simulação. Projeto A: Com uma área de superfície de coletores de 14 m², a simulação produz um atendimento de apenas 29%, com uma respeitável fração solar de 46%. O rendimento específico atinge um valor impressionante de 520 kWh e o rendimento total é de 7.300 kWh. Projeto B: Uma área de superfície de coletores de 17 m² (20% mais do que o projeto A) produz uma energia de 8.500 kWh, que é cerca de 16% mais do que o projeto A. O grau de cobertura aumenta de 5% a 34%. Projeto C: Uma área de superfície de coletores de 33 m² oferece atendimento de 50% a 35% do uso. A produção específica cai para 388 kWh (75%). O rendimento total aumenta em 75% a 12.800 kWh, mas isso requer mais do que o dobro da área da superfície de coletores de projeto A. Projeto D: A área do coletor de 44 m² tem como resultado o atendimento a 58%, que é apenas ligeiramente menor do que o valor previsto de 60%. O programa de simulação mostra um grau de 30% do uso com um rendimento específico de 340 kWh / m² por ano. Uma área de coletor um pouco mais de três vezes maior do que projeto A aproximadamente dobra a produção para 15.000 kWh / ano. Estes exemplos mostram um espectro muito amplo de variantes de projeto que podem existir, com áreas de coletor diferindo em um fator de até 3 vezes. Cada abordagem de projeto é válida, dependendo das condições. Os que buscam maiores economias possíveis de combustíveis fósseis e uma redução alta de emissões de CO2, ou que estão planejando mais a longo prazo, devem escolher grandes áreas de coletor e graus de atendimento de 50% ou mais. O tempo de amortização é reduzido em sistemas de baixa fração solar e pouco investimento inicial. Atribuindo preços para as diferentes variantes, segundo as quais o custo específico dependerá do tamanho do sistema, geralmente se obtém uma solução ótima no meio da gama dos sistemas considerados. O aspecto econômico é, portanto, muitas vezes fator decisivo para derrubar as objeções em direção a uma determinada decisão de projeto.

Foto: ESTIF

Projeto B - Consumo médio:

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