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Índice
Notícias do Dasol 8 9 10 3
Editorial
Cinco cidades receberão o workshop Ligado em Energia Solar Dimensionamento de SAS de grande porte é destaque no 9º COBEE Seminário discute tecnologia solar para edifícios sustentáveis
Uma importante conquista para o setor
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Case Solar
Mais qualidade e segurança para o consumidor Analista do Inmetro explica benefícios da certificação compulsória dos sistemas de aquecimento solar
Soletrol desenvolve projeto para indústria de bebidas Energia solar aquece água utilizada no processo produtivo da fábrica da CNBN, em São Manuel (SP)
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Aquecedor da Tuma atende Lei Solar Equipamento garante 10 mil litros diários de água quente em edifício residencial em São Paulo
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Tecnologia Resultados dos testes são muitas vezes mal interpretados Em entrevista à Sun & Wind Energy, especialista mostra por que ensaios técnicos apresentam conclusões aparentemente contraditórias
Especial Saem as novas regras de certificação para o aquecimento solar Fabricantes, importadores e comércio têm prazo para se adequar à exigência de registro no Inmetro
Entrevista
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Mundo Verde Proteção total com coletores vazios Empresas europeias investem em novos conceitos sobre sistemas de drenagem
Empresas Associadas Expediente Revista SOL BRASIL Publicação bimestral do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Conselho Editorial: Edson Pereira, Maria Cecilia Amaral, Marcelo Mesquita, Nathalia P. Moreno e Natália Okabayashi Edição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) Projeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha Simões Foto de capa: Clovis Deangelo
Conselho de Administração do DASOL Presidência - Amaurício Gomes Lúcio VP Relações Institucionais (VPI) - Carlos Artur A. Alencar VP Operações e Finanças (VPOF) - Claudiomar Danilo da Silva VP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) - Luís Augusto Ferrari Mazzon VP Marketing (VPM) - Edson Pereira VP Desenvolvimento Associativo (VPDA) - Luís Cláudio Karpenko Benedetti Past President (PP) - José Ronaldo Kulb Gestora - Maria Cecilia Amaral Consultor - Marcelo Mesquita DASOL/ABRAVA Avenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos – São Paulo – SP – CEP 01206-905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142) Fale conosco: solar@abrava.org.br
Editorial
Uma importante conquista O DASOL (Departamento Nacional de Aquecimento Solar da ABRAVA) empreende há 20 anos uma incansável luta pelo fortalecimento do setor, a busca de competitividade nesse mercado e a promoção da energia solar como solução sustentável para a humanidade. Esta luta passa pela ampliação das possibilidades de aplicação da tecnologia solar e pelo desenvolvimento de produtos cada vez melhores e mais eficientes. A recente publicação das regulamentações do Inmetro para a certificação e etiquetagem compulsórias dos equipamentos solares é mais um passo nessa direção. A certificação e etiquetagem representam um importante marco para o fortalecimento do mercado brasileiro de SAS. O DASOL se compromete, juntamente com os organismos competentes, a trabalhar com determinação e seriedade para que a certificação compulsória se consolide como mais uma conquista do nosso setor. Esta edição da Sol Brasil detalha esse processo e as regras de implantação da certificação abrangendo fabricantes, importadores e comercializadores dos sistemas de aquecimento solar. Adicionalmente, na seção Entrevista, a analista executiva do Inmetro Danielle Assafin fala dos planos do instituto para consolidar o processo de certificação. A revista ainda traz outros temas de interesse do leitor, inclusive dois cases bemsucedidos da aplicação da tecnologia solar em um edifício residencial de grande porte e em uma indústria do setor de bebidas. Desejamos a todos uma boa leitura! Maria Cecilia Amaral
Foto: Tuma
Gestora do DASOL
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Case Solar
Fábrica de bebidas utiliza energia solar no processo produtivo
Divulgação Soletrol
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Projeto inovador da Soletrol em parceria com a fabricante CNBN evitará a queima de 80 toneladas de briquetes por ano
Soletrol Indústria e Comércio Ltda. Associada ao DASOL/ABRAVA desde 30/11/1992 www.soletrol.com.br
A Soletrol desenvolveu projeto inovador em conjunto com a CNBN – Companhia Nacional de Bebidas Nobres para usar energia solar no aquecimento da água utilizada no processo produtivo. A CNBN é uma tradicional indústria do setor de bebidas, localizada em São Manuel, interior de São Paulo, e dona das marcas Belco, Tauber, Kalena, Capivaryana, Fruta Toon e Battery Energy Drink. A primeira fase de implantação do sistema Soletrol já está em operação, com 320 m2 de área coletora solar aquecendo 9.000 litros de água/dia a temperaturas de até 80 ºC, o equivalente a 210 MWh. Com a aplicação da opção solar, deixarão de ser queimadas anualmente cerca de 80 toneladas de briquetes destinados a alimentar as caldeiras. Os briquetes são fonte concentrada e comprimida de material energético a partir de lenha ecológica. O sistema inaugura uma nova fase no uso do aquecimento solar na indústria
brasileira. “A utilização de tecnologias modernas e uma parceria muito próxima entre a Soletrol e a CNBN demonstra a efetiva possibilidade de novas aplicações de energia solar para aquecimento de água, reduzindo custos operacionais e trazendo benefícios ambientais”, aponta Lúcio Mesquita, engenheiro responsável pelo projeto. “É um exemplo do que pode ser feito, pois existem milhares de outras aplicações industriais viáveis do ponto de vista econômico e ambiental”, acrescenta. Para Luís Augusto Ferrari Mazzon, diretor presidente da Soletrol, essa é mais uma demonstração do comprometimento da empresa com o desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações com energia solar que possibilitem o uso racional de energia e a preservação ambiental. “O desenvolvimento do mercado de aquecimento solar é um dos nossos principais objetivos e é uma marca incontestável nesses mais de 30 anos de atividades da Soletrol”, comenta Mazzon.
Case Solar
Aquecedor TUMA atende Lei Solar de São Paulo SAS instalado em edifício residencial garante aquecimento diário de 10 mil litros de água
A Construtora Trisul instalou um sistema de aquecimento solar (SAS) TUMA no Edifício Residencial Imoleve, que tem 20 andares e 80 apartamentos. A instalação atende a Lei Municipal n. 14.459, que exige energia solar no aquecimento de água nas novas edificações da cidade de São Paulo. O sistema conta com área coletora de 176 m² e dois reservatórios térmicos de 5 mil litros. O SAS opera em regime de circulação forçada e foi subdividido em dois sistemas independentes, cada um atendendo uma ala de apartamentos. Ao todo, são 10 mil litros de água aquecidos por dia. Nesta instalação, como peculiaridade, os projetistas optaram pelo uso de trocadores de calor instalados em cada um dos apartamentos. Esta tecnologia facilita a aplicação da medição individualizada de consumo de água por unidade habitacional, procedimento também obrigatório na cidade de São Paulo. O maior desafio da obra foi a solução de engenharia que viabilizasse a instalação do maior número possível de coletores. A fim de maximizar o desempenho do SAS, foi aproveitada toda a área não sombreada disponível na cobertura do edifício. Foi necessária a construção de bases elevadas para os grandes planos inclinados de coletores solares, permitindo assim o aproveitamento máximo de espaço. Para adequar a distribuição de peso na laje da cobertura devido à instalação dos dois reservatórios térmicos, com
Divulgação Tuma
Tuma Industrial Ltda Associada ao DASOL/ABRAVA desde: 23/09/1999 www.tuma.ind.br
pouco mais de cinco toneladas cada, foi indispensável a construção de um reforço para suportar a sobrecarga, ajustando assim um item não previsto no projeto estrutural original. A instalação do SAS foi concluída em junho de 2012 e foi feita pela Velp Mais, empresa parceira da TUMA no Estado de São Paulo desde o ano 2000.
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Especial
Saem as novas regras de certificação para o aquecimento solar
Etiqueta do Inmetro torna-se compulsória para equipamentos solares Há 12 anos, o setor de aquecimento solar participa do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro, dentro dos critérios da “Etiquetagem Voluntária”. A partir de junho deste ano teve início um processo de transição dentro do Programa para novas regras com base na “Certificação Compulsória”. As principais mudanças definem que a fabricação, importação e comercialização de sistemas de aquecimento solar - SAS (coletores e reservatórios térmicos) no mercado nacional deverão ter obrigatoriamente o registro no Inmetro. As novas regras valem para coletores solares aplicação banho e piscina (abertos ou fechados), reservatórios térmicos fechados com capacidade até mil litros e sistemas acoplados, incluindo os equipamentos de tubos de vácuo. Não foram contemplados no regulamento os equipamentos dos tipos concentrador solar parabólico, disco, heliocêntrico e os reservatórios abertos.
Regulamentação As novas determinações para fabricação de coletores e reservatórios térmicos estão consolidadas em três documentos
do Inmetro. O novo regulamento e requisitos foram elaborados com base em sugestões coletadas durante processo de consulta pública realizado no final de 2011 e início de 2012 e são regidos de maneira ampla pelo documento “Requisitos Gerais de Certificação de Produtos – RGCP” de 2011. Este documento reúne as regras comuns a todos os Programas de Avaliação da Conformidade que utilizem o Mecanismo de Certificação de Produtos. Duas novas regulamentações especificam as condições do PBE solar térmico: • RTQ - Regulamento Técnico da Qualidade para Equipamentos de Aquecimento Solar de Água Definido pela Portaria 301 de 14 de junho de 2012, o RTQ estabelece requisitos essenciais que os equipamentos devem atender, com foco na segurança, no meio ambiente e desempenho energético, visando à prevenção de acidentes e à eficiência energética. • RAC - Requisitos de Avaliação da Conformidade para Equipamentos de Aquecimento Solar de Água
Especial
Aprovado pela Portaria 352 de 06 de julho de 2012, estabelece critérios para o Programa de Avaliação da Conformidade (PAC) de Equipamentos de Aquecimento Solar de Água fabricados, importados ou comercializados no mercado nacional.
Cronograma a. A partir de 24 meses da publicação da Portaria 352, ou seja, a partir de julho de 2014, somente poderão ser fabricados e importados SAS que tenham registro no Inmetro e estejam acompanhados da respectiva ENCE. b. A partir de 30 meses da publicação da Portaria 352, ou seja, a partir de janeiro de 2015, fabricantes e importadores poderão comercializar somente SAS que tenham registro no Inmetro. Esse prazo visa esgotar os estoques remanescentes de equipamentos produzidos sem a ENCE. c. A partir de 36 meses da publicação da Portaria 352, ou seja, a partir de julho de 2015, somente poderão ser comercializados produtos em conformidade com o novo regulamento. Esse prazo visa zerar os estoques do comércio de equipamentos eventualmente produzidos sem a ENCE.
O fluxo da certificação Pelas novas regras, estão previstos ensaios adicionais, realizados no início da certificação (ensaios iniciais) e a cada quatro anos nas recertificações. Anualmente, também serão exigidos ensaios para fins de manutenção do equipamento no Programa (ensaios de manutenção). Além dos aspectos técnicos, as novas regras
ENCE que será utilizada nos produtos para atender as novas regras de certificação
também incluem avaliação e aprovação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) do processo produtivo, a ser realizada pelo Organismo Certificador de Avaliação da Conformidade (OAC), conforme requisitos da norma ABNT NBR ISO 9001.
A certificação pelo modelo nº 5 contempla, além dos ensaios do produto, auditorias no sistema de gestão da qualidade do fabricante e/ou importador, de acordo com alguns requisitos da norma ISO 9001, e obedecerá o seguinte fluxo:
Auditoria Inicial
Ensaios Iniciais
Tratamento de não conformidades
Emissão de Certificado
Periodicamente (12 meses)
Auditoria de Manutenção
Ensaios de Manutenção
Tratamento de não conformidades
Confirmação da Manutençaõ
Periodicamente (4 anos)
Recertificação
Solicitação da certificação
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Notícias do Dasol
Seminário discute tecnologia para edificações sustentáveis Palestra destacou aquecimento solar no Brasil e no mundo O aquecimento solar de água foi um dos temas discutidos no 8º Seminário Tecnologia de Sistemas Prediais, promovido dia 19 de junho pelo SindusCon-SP com apoio institucional da ABRAVA. Realizado no Centro Brasileiro Britânico em São Paulo (SP) e dirigido a incorporadoras e construtoras, o evento reuniu palestras sobre qualificação e inspeção de serviços de execução de instalações e tecnologias disponíveis no Brasil para tornar as edificações sustentáveis. Na palestra “Tecnologia e condicionantes do emprego de sistemas de aquecimento solar em edifícios de múltiplos pavimentos”, o engenheiro José Jorge Chaguri Junior apresentou as características de projetos prediais em todo o mundo e o atendimento às Leis Solares no Brasil. O palestrante destacou a cidade de Belo Horizonte e experiências internacionais em localidades onde o aquecimento solar já é realidade, resultado da conscientização da população local.
Para mensurar os resultados dessa aplicação, o engenheiro considerou a necessidade de estudo de casos reais nos próximos meses e o acompanhamento das instalações nos processos de instalação, acionamento, comissionamento e operação. Apresentações do seminário SindusCon-SP: http://www.sindusconsp.com.br/msg2.asp?id=4467
Notícias do Dasol
Vem aí o workshop Ligado em Energia Solar DASOL e Procobre promovem capacitação profissional em cinco capitais De agosto a dezembro, o DASOL e o Procobre irão promover workshops da campanha “Ligado em Energia Solar” para apresentar cases de sucesso de sistemas de aquecimento solar com aplicação do cobre em hoteis, restaurantes, hospitais e outras edificações. Os workshops vão acontecer nas cidades de São Paulo (22 de agosto), Belo Horizonte (20 de setembro), Campo Grande (17 de outubro), Cuiabá (27 de novembro) e Goiânia (5 de dezembro). O objetivo do evento é fomentar a capacitação
de profissionais e divulgar o sistema de aquecimento solar com o uso do cobre. Os workshops são dirigidos aos profissionais do aquecimento solar e da construção civil, ambientalistas, professores universitários, pesquisadores e estudantes, além de funcionários e dirigentes públicos das áreas de habitação, meio ambiente e energia. A inscrição para o workshop pode ser feita pelo site do DASOL (www.dasolabrava.org.br). Mais informações: (11) 3361-7266, ramais 142 e 144. E-mail: cursos@dasolabrava.org.br.
Aquecimento solar presente no 9º COBEE Dimensionamento de SAS de grande porte foi um dos destaques da programação O setor de aquecimento solar esteve presente no 9º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE) e na feira de negócios ExpoEficiência, realizados dias 11 e 12 de julho em São Paulo. Organizados pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação e Energia (Abesco), os dois eventos contaram com o apoio da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). A palestra “Como dimensionar sistemas de aquecimento solar de grande porte”, apresentada por José Ronaldo Kulb, CEO da Heliotek e ex-presidente do DASOL, foi um dos destaques do painel sobre edificações sustentáveis e processos de certificação. Na ExpoEficiência, o setor de aquecimento solar esteve representado nos estandes da Heliotek e da Jelly Fish. Diretores do DASOL prestigiaram o evento, que reuniu concessionárias de energia, Escos, fornecedoras, instaladoras
e fabricantes de produtos, projetos e soluções em eficiência energética. Aos associados da ABRAVA foram oferecidas condições especiais para a compra de ingressos, semelhantes às disponíveis para os filiados da Abesco. A abertura do evento contou com personalidades da Abesco, Fiesp, empresas privadas e de áreas de energia do governo (MME, MMA, EPE, ANEEL). Máximo Luiz Pompermayer, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da ANEEL, destacou a necessidade de revisar a atual vinculação dos programas de eficiência energética para habitações de interesse social com a participação das famílias nos programas sociais do governo. Segundo Pompermayer, a sistemática atual vem se apresentando como um entrave à aplicação de recursos, havendo outras oportunidades com melhor relação custo benefício em prol da economia de energia. Link: http://www.abesco.com.br/9eficienciaenergetica/
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Notícias do Dasol
DASOL mostra mapa mundial da energia térmica no Ecoenergy Feira e congresso apresentam novidades da tecnologia solar A Feira Enersolar + Brasil / Greenergy Brasil, realizada entre 11 e 13 de julho, no Centro de Exposições Imigrantes em São Paulo (SP), apresentou as principais tecnologias no Brasil e no mundo para geração de energia a partir da radiação solar. De acordo com os organizadores, a feira contou com a participação de 150 expositores nacionais e internacionais de países como Itália, Estados Unidos, Alemanha, Portugal e outros. Durante o congresso Ecoenergy, foram apresentadas diversas palestras sobre temas técnicos e estratégicos do setor de energia. O engenheiro Marcelo Mesquita, do DASOL, trouxe dados da última pesquisa da Agência Internacional de Energia (EIA), sobre a utilização da energia solar térmica em vários países do mundo e a forte presença dos coletores solar plano (fechados ou abertos), inclusive em países na Ásia. O DASOL foi responsável pelo envio dos dados brasileiros para a pesquisa da EIA.
Financiamento da Caixa Outro destaque do congresso foi a apresentação de Mara Luisa Alvim Motta, gerente executiva de Meio Ambiente da Caixa Econômica Federal, sobre linhas de financiamento para aquecedores solares e a experiência do Programa Minha Casa Minha Vida.
Mara Luisa salientou que o sistema de aquecimento solar é um item financiável em qualquer programa habitacional operado pela CAIXA. A gerente descreveu as diretrizes para inclusão dos aquecedores solares no Programa Minha Casa Minha Vida e apresentou dados sobre a pesquisa de satisfação dos moradores de empreendimentos habitacionais em Campo Grande (MS), Maringá (PR), Rio de Janeiro (RJ), Sorocaba (SP) e Uberlândia (MG). Segundo a pesquisa, apesar de problemas isolados relacionados à instalação e vazamentos de água, de modo geral a tecnologia solar é bem aceita pelos moradores que percebem os benefícios para o meio ambiente e a economia na conta de energia elétrica. Apresentações disponíveis no site www.feiraecoenergy.com.br
Entrevista
Entrevista: Danielle Assafin
Analista executiva de Metrologia e Qualidade do Inmetro
Certificação compulsória: mais qualidade e segurança para o consumidor A certificação obrigatória dos sistemas de aquecimento solar é garantia de mais qualidade e segurança para o consumidor brasileiro e importante iniciativa de combate aos produtos clandestinos. Danielle Assafin, analista executiva do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade eTecnologia (Inmetro), descreve nesta entrevista como funciona a certificação e os prazos de adequação às novas regras. Ela também explica os novos ensaios laboratoriais e as parcerias para dar às empresas suporte técnico e financeiro nesse processo. SOL BRASIL - Quais os pontos de destaque da nova regulamentação do PBE Solar? Quais são as etapas e prazos envolvidos? Danielle Assafin - O novo marco regulatório para o PBE Solar foi instituído pelas Portarias Inmetro nº 301 e 352/2012, que estabelecem, respectivamente, o Regulamento Técnico da Qualidade (RTQ) e os Requisitos de Avaliação da Conformidade (RAC) para Equipamentos de Aquecimento Solar de Água. A revisão do programa instituiu a compulsoriedade da regulamentação, tornando a certificação obrigatória para a comercialização desses equipamentos no país. Foram dados 24 meses, contatos de 10/07/2012, para a adequação da produção e importação do produto aos novos requisitos. Foram dados mais seis meses para fabricantes e importadores escoarem seus estoques antigos. Já para a adequação da comercialização do produto no mercado nacional, foram dados 36 meses. O que muda com essa nova regulamentação? O primeiro ponto de destaque da revisão do PBE Solar está no estabelecimento da certificação compulsória. Com
esta mudança, o processo de avaliação da conformidade ocorre por terceira parte, sendo gerenciado por um Organismo de Certificação de Produtos (OCP). Para proceder com a certificação do seu produto, o fornecedor deve procurar um Organismo de Certificação (OCP) acreditado pelo Inmetro
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Entrevista
para o escopo do PBE Solar. Por meio do site do Inmetro, o fornecedor pode obter a lista destes organismos. Outro ponto de destaque é a revisão dos requisitos técnicos, feita com base na nova norma ABNT NBR 15747, partes 1 e 2, e no conhecimento e aprendizagem desenvolvidos pelos laboratórios e especialistas nestes últimos anos. Uma novidade, por exemplo, foi exigir a resistência dos materiais poliméricos dos coletores e reservatórios contra radiação ultravioleta. Já para o coletor solar, foram incluídos novos ensaios, como o de carga mecânica, que verifica a capacidade de o coletor resistir à carga de pressão devido ao efeito de vento, e resistência ao congelamento e ao impacto, aplicáveis sempre que o produto for especificado pelo fornecedor como resistente. Além disso, foram resolvidas importantes questões, como os critérios de aceitação do ensaio de choque térmico. Com a nova regulamentação, a infiltração de água no coletor solar devido ao choque térmico será caracterizada somente após o ensaio de penetração de chuva, tornando mais objetivo o processo de avaliação.
o Certificado de Conformidade, com validade de 4 anos. A manutenção do certificado, por sua vez, depende dos resultados dos ensaios e auditorias periódicas, realizados a cada 12 meses. Já o modelo de certificação nº 7 refere-se ao ensaio de lote. Por este modelo, não há auditoria no SGQ, porém devem ser realizados novos ensaios a cada lote de certificação. Importante lembrar sobre a figura do Registro de Objetos, regulamentada pela Portaria Inmetro nº 491/2010. Uma vez obtido o Certificado da Conformidade para determinada família de coletor solar, família de reservatório térmico ou modelo de sistema acoplado, o fornecedor deve solicitar ao Inmetro o Registro de Objeto, sem o qual não poderá comercializar seu produto. Para o caso do modelo de certificação nº 5, a manutenção do Registro de Objeto depende da realização das avaliações anuais de manutenção.
Primeiramente, os fornecedores devem adequar produtos e processos aos requisitos do RTQ e RAC
O que são os modelos de certificação 5 e 7? O processo de certificação pode ser conduzido por meio de dois modelos diferentes, o modelo de certificação nº 5 e o nº 7, cabendo ao fornecedor optar por um deles. O modelo de certificação nº 5 inclui a realização de ensaios iniciais para avaliar a conformidade do produto aos requisitos técnicos. Além disso, o processo produtivo também é submetido a auditorias, com base em alguns requisitos da norma ABNT ISO 9001, para verificar o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Exemplos de aspectos avaliados no SGQ são a aquisição e verificação do produto adquirido, monitoramento e medição de produto, controle de produto não conforme, identificação e rastreabilidade, satisfação e comunicação com o cliente. Após conformidade na Avaliação Inicial, o OCP emite
Quais os ganhos em se ampliar um programa de etiquetagem voluntário para um programa de certificação compulsória? Um programa de certificação ganha em robustez e confiabilidade frente a um programa baseado no mecanismo de declaração do fornecedor (etiquetagem). Isto porque a avaliação da conformidade passa a ser gerenciada por uma terceira parte, no caso, o Organismo de Certificação de Produto (OCP). Percebeu-se que a avaliação da conformidade para equipamentos de aquecimento solar de água deveria contemplar mais do que requisitos relacionados ao desempenho energético, mas também à segurança. Isso vem justificar a mudança de mecanismo de avaliação da conformidade. Por exemplo, o risco de explosão de um coletor solar é diminuído se for verificado com sucesso que o produto de fato suporta a pressão nominal. O reservatório térmico com suporte elétrico, por sua vez, precisa ser avaliado quanto à segurança elétrica. Quanto à compulsoriedade da regulamentação, ela
Entrevista
permite a equiparação do mercado para o atendimento de requisitos mínimos, favorecendo a isonomia das condições de competição. Além disso, possibilita o controle da importação, garantindo que os produtos estrangeiros comercializados no país atendam a padrões mínimos de segurança e desempenho. Há algum case interessante dessa alteração em outro setor? Quais foram os ganhos para o setor e consumidores e as principais lições aprendidas com a compulsoriedade? Grande parte dos Programas Brasileiros de Etiquetagem (PBEs) para os diversos tipos de produtos estão atualmente em processo de revisão para o mecanismo da certificação compulsória, mas somente os programas para Fogões a Gás e para Equipamentos de Aquecimento Solar de Água já finalizaram essa alteração.
adoção do novo regulamento em seus processos? Como pode ser manifestada essa intenção? As empresas já podem proceder com a certificação de seus produtos assim que for formada a infraestrutura de certificação para o PBE Solar, ou seja, assim que forem acreditados Organismos de Certificação de Produto (OCP) e laboratórios de ensaio para o escopo.
Quais serão os agentes envolvidos, seus papeis e como eles interagem? Em um programa de certificação de produtos, são quatro os agentes envolvidos. Primeiramente, o fornecedor, geralmente o fabricante ou importador, responsáveis pela solicitação da certificação. O Organismo de Certificação de Produto (OCP) acreditado é outro agente para o programa e assume o papel de gerenciar as etapas para a certificação. Os laboratórios acreditados, O que as empresas devem fazer para por sua vez, participam da realizase adequar a esse novo processo de cerção dos ensaios para a demonstratificação? ção da conformidade do produto Os fornecedores devem, primeiavaliado frente aos requisitos. ramente, realizar as adequações Finalmente, vem o Inmetro, que necessárias em seus produtos e procoordena a interação entre os decessos produtivos para atender os Danielle: Regulamentação possibilita mais agentes, monitora a criação requisitos do Regulamento Técnico controle da importação da infraestrutura de certificação, da Qualidade (RTQ) e dos Requisirealiza ações de implantação tos de Avaliação da Conformidade assistida, verifica a necessidade de revisão do programa, (RAC) para Equipamentos de Aquecimento Solar de Água, entre outros. respectivamente, Portarias Inmetro nº 301 e 352/2012. Após essa adequação, o fornecedor deve proceder à Como será a preparação da infraestrutura laboratorial para solicitação da certificação ao Organismo de Certificação do atender ao novo regulamento? Produto (OCP), que irá gerenciar as etapas do processo de Os laboratórios que hoje participam do PBE Solar no avaliação da conformidade. âmbito voluntário – Green e IPT – participaram de todo o processo de revisão da regulamentação. As empresas interessadas podem se antecipar aos prazos na
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Entrevista
A atuação conjunta do Inmetro com o corpo técnico-laboratorial permitiu que os gestores e técnicos dos laboratórios conhecessem as mudanças e adaptações que devem ser feitas para dar continuidade à sua participação. Além disso, há indicações de surgimento de outros laboratórios, além da expansão da atuação do IPT para o ensaio de desempenho térmico com uso do simulador. Como se dá o processo de disponibilização e acreditação de OCPs? Quantos serão e em quanto tempo teremos OCPs para o setor? A acreditação é um processo voluntário e, por isso, não é possível definir quantos serão e em quanto tempo Organismos de Certificação de Produtos (OCPs) serão acreditados para o escopo. No entanto, para o caso do PBE Solar, existem fatores de atratividade que facilitam a formação de infraestrutura de certificação. Como exemplo, é possível citar o tamanho do setor, composto por aproximadamente 100 empresas, e, assim, estabelecer-se como um mercado atrativo para os OCPs. Outros fatores facilitadores são a existência de laboratórios com competência técnica reconhecida e a grande aderência ao PBE Solar voluntário, o que indica familiaridade do setor com regras de avaliação da conformidade.
dúvidas sobre o regulamento, o interessado pode enviar a questão para a Ouvidoria do Inmetro, pelo e-mail ouvidoria@inmetro.gov.br . Como será o funcionamento do novo PBE solar na fase de transição, no que diz respeito à convivência de produtos já etiquetados anteriormente com os equipamentos da nova certificação compulsória? Durante os primeiros 24 meses, contatos a partir de 10/07/2012 (data de publicação da Portaria Inmetro nº 352/2012), podem ser fabricados e importados produtos aderentes a ambos os programas, o da Portaria Inmetro nº 395/2008 e o da Portaria Inmetro nº 352/2012, havendo, na expedição, convivência de produtos já etiquetados anteriormente com os equipamentos da nova certificação compulsória. Após esse período, os fabricantes e importadores terão ainda mais 6 meses para escoar sua produção antiga, etiquetada conforme a Portaria Inmetro nº 395/2008. O varejo, por sua vez, terá 36 meses, contatos a partir de 10/07/2012 (data de publicação da Portaria Inmetro nº 352/2012), para começar a comercializar somente produtos conformes à Portaria Inmetro nº 352/2012. Até esse prazo expirar, poderá haver no comércio convivência de produtos já etiquetados anteriormente com os equipamentos da nova certificação compulsória.
Programa de certificação ganha em robustez e confiabilidade frente a um programa de etiquetagem
As empresas do setor poderão contar com algum tipo de apoio técnico e/ou financeiro para implantação de melhorias em seus processos? O Inmetro não provê diretamente apoio técnico ou financeiro para a adequação do produto e processo produtivo do fornecedor. No entanto, o Inmetro possui parceria que viabiliza tal apoio quando voltado para as pequenas empresas. Trata-se da parceria com o Sebrae, que provê consultoria técnica para a preparação da empresa para a certificação e suporte financeiro para a certificação em si. A atuação do Sebrae está direcionada para empresas com faturamento de até R$ 3,6 milhões anuais. A consultoria técnica para preparação pode ser obtida individualmente por empresa por meio do programa Sebraetec (Serviços em Inovação e Tecnologia) espalhado nos estados. Para isso, a empresa deve procurar o atendimento do Sebrae mais próximo. Já o suporte financeiro para a certificação deve ser acessado junto ao Sebrae Nacional, preferencialmente por intermédio da associação que representa o setor. O suporte financeiro é dado para o grupo de pequenas empresas que já estejam preparadas para a certificação. Cumpre lembrar também que o Sebrae, o Inmetro e a Abroc (Associação Brasileira de Organismos de Certificação) estão em processo de finalização de um novo contrato de parceria, que possibilitará que o suporte financeiro para certificação também possa ser obtido individualmente, por empresa, por meio dos Sebraes presentes em cada estado (e não mais apenas pelo Sebrae Nacional). Adicionalmente, cabe lembrar que sempre que houver
Como será garantido o atendimento à demanda de ensaios, diante do elevado número de equipamentos? A Portaria Inmetro nº 352/2012 estabelece que as famílias de coletor solar com avaliação da conformidade válida no âmbito do PBE Solar voluntário poderão ser submetidas, para fins da primeira Avaliação Inicial no modelo de certificação nº 5, somente aos ensaios de Desempenho Térmico, Carga Mecânica, Resistência ao Congelamento, Resistência ao Impacto e Envelhecimento Acelerado. Isso desde que a solicitação de certificação seja realizada nos primeiros 24 meses de adequação. Além disso, esta Portaria também possibilita que os relatórios dos ensaios de Desempenho Térmico, para coletor solar, e de Perda Específica de Energia Mensal, para reservatório térmico, emitidos nos 36 meses anteriores à data de publicação da Portaria, sejam utilizados para a primeira Avaliação Inicial. Essas medidas foram tomadas considerando que hoje já existem produtos etiquetados no âmbito voluntário e, haja vista as similaridades de alguns ensaios, os resultados poderiam ser aproveitados. Ainda assim, cabe ressaltar que, toda a vez que um programa é implementado, os fornecedores são responsáveis por planejar, com a antecedência necessária, a solicitação da certificação de seus produtos, de forma a respeitar os prazos de adequação estabelecidos.
Tecnologia
Os resultados dos testes são muitas vezes mal interpretados Sun & Wind Energy 6/2012
Na SMEThermal 2012, Florian Ruesch, do Instituto Suíço para Tecnologia Solar SPF em Rapperswil, descreveu a aparente contradição quando revestimentos da placa de absorção de um coletor são aprovados no ensaio TASK X em altas temperaturas, apesar dos sinais de envelhecimento, enquanto outra placa é reprovada, apesar de não ter degradação aparente. O teste TASK X simula o efeito de anos de exposição da placa de absorção ao ambiente e suas variações de temperatura. As placas de absorção que passam neste teste têm o indicativo de qualidade de que irão fornecer Florian Ruesch 95% de sua produção de energia original, mesmo depois de 25 anos de exposição. Nesta entrevista, o especialista esclarece a situação.
Fotos: Sun & Wind Energy
Sr. Ruesch, como o ensaio TASK X avalia os revestimentos da placa de absorção de um coletor? Florian Ruesch: A degradação de um coletor numa instalação típica solar não deve reduzir o rendimento em mais de 5% após 25 anos de operação. Esta é a estimativa do laboratório utilizando testes de envelhecimento acelerado.
Como se pode quantificar a eficiência da absorção de uma placa absorvedora em relação à sua durabilidade? Ruesch: Usando altas temperaturas, o processo de degradação pode ser acelerado em laboratório. Se você sabe o comportamento de um revestimento a uma temperatura elevada, e se você sabe por quanto o processo de degradação é acelerado a essa temperatura, é possivel tirar conclusões sobre o comportamento do revestimento da aleta de um coletor em circunstâncias reais. As propriedades ópticas de um revestimento absorvedor, nomeadas de absortância solar alfa e emissividade térmica de epsilon, são também utilizadas para determinar a sua eficiência. Mas alfa e epsilon influenciam a eficiência para diferentes intensidades. Assim é chamado o critério de performance. Esta fórmula influencia as mudanças causadas pelas duas propriedades ópticas diferentes e permite uma estimativa simplificada da eficiência de um revestimento.
Teste de degradação em alta temperatura
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Tecnologia Então, como pode ocorrer o resultado apresentado no SMEThermal 2012? Ruesch: Tal resultado não é realmente uma contradição. É um fenômeno que parece ser frequentemente incompreendido. O processo de teste consiste geralmente de dois ensaios em temperaturas diferentes, durante os quais a velocidade de degradação é observada. Para se chegar às conclusões sobre a expectativa de vida real de um coletor, a razão entre as duas taxas de degradação é decisiva. Esta relação nos diz quão rápido o processo de degradação pode ser acelerado em laboratório. Para passar no teste, o revestimento tem significativa durabilidade mais longa na temperatura mais baixa do que na mais alta. Isto é intuitivamente compreensível. Uma degradação muito rápida na maior das duas temperaturas de ensaio pode, no entanto, levar a uma relação elevada entre a degradação nas duas velocidades de envelhecimento. A rápida e forte degradação pode contudo levar à qualificação do revestimento, mas isso apenas quando é acompanhada de uma degradação lenta, em temperatura mais baixa. Se um revestimento degrada mais rapidamente à temperatura mais elevada, isto não significa que ele não vá durar mais. É significativo ter um indicador de fato de que o processo de degradação pode ser fortemente acelerado por temperaturas mais elevadas.
plexos. Muitas vezes, conclusões incorretas são obtidas: “Se o revestimento “A” dura duas vezes mais que o revestimento “B” no teste com a mesma temperatura, por exemplo, a 300°C, não significa que também irá durar o dobro do tempo no coletor. Dependendo do comportamento no segundo teste de temperatura, o oposto pode ser verdadeiro. A fim de estimar a expectativa de vida nas condições reais, a pessoa tem de saber o quanto as condições do laboratório selecionado aceleram o processo de degradação. Esta aceleração varia de revestimento para revestimento. Apesar das extensas medições, os dados de um teste não são geralmente suficientes para determinar esta aceleração e, portanto, o mesmo também vale para a expectativa de vida de um revestimento com precisão. Mais medições seriam necessárias para isso, mas isso iria fazer o teste ainda mais complicado e mais caro do que já é.
No teste de umidade, as amostras são testadas sob condensações constantes.
Quais os processos químicos que diminuem as propriedades ópticas das placas absorvedoras? Ruesch: Os processos típicos são reações químicas como a oxidação com o oxigênio do ar ou a acumulação de hidróxido de alumínio em superfícies de alumínio através de uma reação com a condensação da água. Particularmente em revestimentos muito finos, processos de difusão e o movimento lento de átomos entre as camadas também podem ser responsáveis pela deterioração das propriedades ópticas. Hidróxido de uma superfície de alumínio, após uma reação com a condensação da água.
O que os fabricantes de coletor devem levar em consideração para que o teste TASK X faça sentido ? Ruesch: É claro que o critério principal é passar no teste. Geralmente não é possível fazer as comparações diretas entre os diferentes revestimentos, pelo menos não em profundidade de conhecimento do procedimento em sua base de ensaio da fórmula “Arrhenius Kinetics”. A estimativa de vida é baseada em cálculos bem com-
Como é que o teste TASK X simula este mecanismo de degradação? Ruesch: No laboratório nós reproduzimos as mesmas condições apresentadas no coletor, além de aumentarmos a temperatura a fim de que ocorra a aceleração do mecanismo de degradação. As amostras são aquecidas em um forno a temperaturas que chegam a 340 °C para simular o stress provocado pela temperatura de estagnação elevada. No teste de umidade ou de condensação, as amostras são testadas sob condensação constante numa cabine de teste climatizada. Em um coletor real, apenas as baixas tempera turas de cerca de 10 °C formam a condensação, de modo que aumentando a temperatura de 30 a 60 °C é suficiente para obter a aceleração desejada.
Tecnologia Por favor, descreva brevemente o procedimento de teste. Ruesch: Como já mencionei, dois testes são aplicados geralmente em temperaturas diferentes. No primeiro teste, a amostra é exposta a temperatura elevada até atingir o critério de desempenho de 5%. Para descobrir o quão fortemente os mecanismos de degradação foram acelerados no primeiro teste, um segundo teste é necessário em outra temperatura. Em seguida, usando a relação entre os dois resultados, se estima o quanto o revestimento pode sobreviver às condições no interior de um coletor verdadeiro por 25 anos. Para finalmente passar no teste, o revestimento também precisa se manter firmemente ligado ao substrato no final do procedimento. Este é testado, por exemplo, por meio de um ensaio de raspagem. Será que o teste fornece informações sobre resistência à corrosão? Ruesch: A nova norma prEN12975-3-1 é baseada no procedimento de ensaio, e considera três fatores de degradação: em primeiro lugar, exposição a temperaturas elevadas; em segundo lugar, a exposição a umidade e condensação e; em terceiro, corrosão atmosférica. A terceira parte é raramente solicitada na Europa Central, porque a poluição do ar através de gases corrosivos, tais como dióxido de enxofre, diminuiu ao longo dos últimos 20 anos. É por isso que eu não mencionei antes. Esta terceira parte poderá ganhar importância no futuro, com os pedidos que estão vindo cada vez mais de países como a Índia e a China, onde o ar em algumas regiões é mais poluído do que na Europa Central. Esta parte do teste não deve ser confundida com o efeito corrosivo do sal, por exemplo, perto do mar. O teste padrão não é para examinar isso. Tem havido muito progresso em termos de revestimentos de absorção nas últimas décadas. Os revestimentos a vácuo levaram a uma eficiência mais elevada devido ao seu valor baixo de emissividade em comparação com revestimentos galvânicos. Qual é a medida a ser considerada no teste de desenvolvimento? Ruesch: Com os revestimentos modernos, um pode atingir temperaturas mais elevadas de estagnação do que se poderia há 20 anos, quando o teste foi desenvolvido. É
As amostras são aquecidas em um forno para simular as temperaturas de estagnação elevadas.
por isso que ele foi modificado em 2004, de modo que a exposição pode ser adaptada para as propriedades ópticas do revestimento a ser testado. Os bons revestimentos levam a uma maior estagnação de temperatura no coletor e, portanto, também precisam suportar uma maior exposição no teste. Você acredita que a eficiência do revestimento de absorção pode ser aumentada no futuro ou os custos excederiam os beneficios? Ruesch: Na verdade, a tendência está em outra direção. Além dos revestimentos de alto desempenho estabelecidos nos últimos anos, muitos dos novos desenvolvimentos geralmente se concentram mais na eficiência de custos do que na eficiência óptica. Uma maior emissividade no valor epsilon é aceita ou mesmo desejada, porque ela conduz a temperaturas mais baixas de estagnação e, portanto, menores requisitos para a estabilidade da temperatura de todos os componentes do coletor. Isto é especialmente verdadeiro para os mercados em crescimento no Sul da Europa.
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Mundo Verde
Proteção total com coletores vazios
Joachim Berner – Sun & Wind Energy 06/2012 Tradução: Paula Miotto de Abreu, do DASOL
Foto: Tecsol
A Tecsol instalou mais de 20 sistemas de aquecimento solar de grande porte com sistemas de proteção por drenagem nos últimos quatro anos
Se um coletor está vazio, então não há nenhum fluido de transferência de calor que poderia congelar ou superaquecer o sistema de aquecimento solar. As empresas oferecem diferentes conceitos sobre sistemas de drenagem. O mercado fornece informações sobre as inovações dos fabricantes de tais sistemas. Os profissionais experientes que possuem uma visão geral do mercado retomaram a ideia. O sueco Daniel Vögelin tem trabalhado com a tecnologia de sistema de drenagem há 25 anos. Para Daniel, a maior vantagem do conceito de sistema de aquecimento solar não é a proteção térmica. “A causa comum que leva ao não funcionamento do sistema solar é a presença de ar no sistema de circulação. Já com o sistema de drenagem, isso será um problema do passado”, explica o especialista em tecnologia solar. Anteriormente seus sistemas ainda eram apresentados sob o nome da empresa alemã, a Conergy GmbH , mas após a Corporação Alemã de Energia Solar ter assumido, sua empresa passou a ser denominada Vögelin Solartechnik. Vogelin então deixou a empresa e desde então reestabeleceu a Vögelin Energie-und Solartechnik GmbH. Mas ele não vende mais diretamente sistemas de drenagens para clientes finais: em vez disso, ele fornece para outras empresas como fabricante OEM. “Nosso foco principal está em fazer consultoria.” Dependendo das necessidades de seus clientes, agora ele concebe sistemas que envolvem diferentes tecnologias de drenagem.
Alguns sistemas protegem os coletores do superaquecimento ou danos de congelamento, deixando o fluido de transferência de calor num tanque especial de retorno de fluxo. Desta forma ele não pode se evaporar no coletor, por exemplo, ainda que o sistema continue a fornecer energia, mesmo que o tanque de armazenamento de energia solar esteja aquecido até o seu máximo. Também não pode congelar se a bomba de circulação falhar no inverno. Outros sistemas de drenagem utilizam o volume incremental de um trocador de calor localizado no tanque de armazenamento solar ou o próprio tanque de armazenamento para esvaziar os coletores solares. A empresa francesa Tecsol SA também não fornece sistemas, no entanto inclui no seu planejamento uma visão geral do mercado, porque monta e projeta os componentes individuais principalmente para os maiores sistemas de seus clientes. “Estamos utilizando componentes já disponíveis no mercado na concepção de um sistema grande de drenagem”, explica o colaborador da Tecsol, Romain Siré. Ele e seus colegas realizaram 40 sistemas drenagem com uma área coletora total de 2.325 m² nos últimos dez anos. Destes sistemas, 23 foram construídos entre 2007 e 2011.
Foto: Solarhot
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leta. O sistema funciona sem pressão e se esvazia de forma autônoma, em caso de excesso de energia solar, usando uma tecnologia chamada “Steamback”. O fluido não flui diretamente através do recipiente, de modo que não tem de ser aquecido, a fim de minimizar perdas. Ao contrário de outros sistemas solares, o sistema de circulação só se esvazia quando há excesso de calor: desta forma, o sistema de circulação de energia solar está frequentemente cheio e pronto para absorver os raios solares, segundo Soltop.
Volume extra
Europen Solar Engineer (ESE) passou por uma transição de proprietários. A empresa belga de energia solar térmica foi adquirida pelo grupo francês Atrya no final de 2011. Fabricantes de janelas e portas, o grupo opera 17 fábricas na Europa e realizou 410 milhões de euros no faturamento no último ano, com seus 1.800 funcionários. “Temos agora uma divisão de energia com a Atrya Energy, da qual a ESE faz parte, além da empresa Soprofen SAS, que é a nossa companhia de distribuição na França. A ESE vai vender sistemas de drenagem na Bélgica e no resto do mundo”, anuncia o CEO da Soprofen Laurent Darous, que explica a nova estrutura da companhia.
Um recipiente para todo o fluido Uma nova entrante no mercado é a Catch Solar Energy AS, da Noruega. O coletor solar plano da empresa opera despressurizado quando a água circula. O dreno retorna ao pequeno tanque que contém aproximadamente 5 litros de água para cada metro quadrado de coletor solar instalado. O tanque de drenagem deve ser colocado o mais alto e próximo possível dos painéis solares, assim a energia necessária para bombear a água aos coletores será mínima. Os tanques de drenagem devem ser colocados em uma área onde estejam protegidos de geada. Os sistemas de drenagem da Magen eco-Energy Ltda., de Israel, são projetados para lidar com instalações em regiões frias. Eles trabalham com coletores feitos de polímeros. Um dos benefícios da eco-FLARE PRO, de acordo com o gerente Sharon Younger, é a sua propriedade de resistir ao congelamento, o que elimina a necessidade de usar o fluido anti-congelante e trocadores de calor, garantindo que o sistema tenha proteção para instalações de até menos 10 °C. A empresa suíça Soltop Schuppisser AG fornece num recipiente de plástico um fluido solar pronto para uso, que é instalado no sistema como expansão e recipiente de co-
Foto: Magen
A Solarhot oferece tanques de aço inoxidável sem pressão e enormes trocadores de calor com sistemas de drenagem.
O sistema de aquecimento turco da empresa BAYMAK A.S., que atua no mercado pela primeira vez, utiliza trocadores de calor superdimensionados. Da mesma forma, o sistema de aquecimento alemão da corporação Vaillant suspendeu as vendas de sistemas de drenagem da marca AWB na Holanda, mas já começou a vender junto com Hermann Saunier Duval, na Itália. O Grupo Vaillant agora fornece consistentemente sistemas de drenagem para coletores com alinhamento vertical e horizontal. Até 2010 eles tinham apenas drenagem de coletores horizontais em sua gama de produtos. A empresa italiana Boilernova oferece reservatórios de expansão de volume para momentos em que os coletores estão ociosos. A jovem empresa, fundada em 2004, planeja, constrói e comercializa uma vasta gama de modelos de reservatórios para a energia solar térmica e a indústria de aquecimento. Por sua vez, a Integrated Solar desenvolveu um pacote de controle mecânico para os sistemas de drenagens. Este módulo de drenagem com trocador de calor (DBHX) é fabricado/montado com uma parede única de troca de calor entre fluidos, envolvendo o reservatório do fluido do coletor, a bomba de circulação de fluido do coletor solar, a bomba de circulação forçada de água quente e um controle diferencial de temperatura, todos combinados em um só módulo.
O sistema de drenagem de retorno dos coletores da Magen Eco-energy, que utiliza coletores plásticos.
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